O documento discute a relação entre a verdade da Bíblia e o testemunho imperfeito dos cristãos, enfatizando a necessidade de equilíbrio entre a doutrina ortodoxa e o poder do Espírito Santo. Também cita Paulo incentivando os cristãos a se alegrarem com a pregação de Cristo, mesmo que por motivações impuras. Conclui pedindo a Deus que nos guarde de erros e nos ajude a viver de acordo com Sua vontade.
Formação da Instrução Básica - Congregação Mariana
A Verdade e a Realidade
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A verdade é Jesus Cristo e a Bíblia que
testemunha esta verdade, mas a realidade dos
que são de Cristo e o testemunho que dão da
verdade neste mundo sempre é variável e
imperfeito, pois se Jesus, sendo Deus é perfeito,
o crente, por mais santo que seja sempre
conhecerá em parte e em consequência disso
terá um testemunho que não corresponde
integralmente à verdade, pois ainda que se
alcance o essencial de tudo que é a salvação da
alma, todavia, a santificação, o conhecimento e
transmissão da verdade, sempre será
imperfeito.
Isto não é algo para ser justificado ou
desconsiderado, mas lamentado, pois é
decorrente da nossa condição real neste
mundo, no que tange à nossa natureza terrena.
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Entretanto, a par de toda limitação e
imperfeição somos exortados ao
arrependimento e à busca da perfeição, a ter as
faculdades exercitadas e amadurecidas para
discernir tanto o bem quanto o mal. Se assim
não fosse, não teríamos tantas admoestações e
ameaças da parte do próprio Senhor Jesus
Cristo, quanto às diversas falhas das igrejas
conforme apontadas por Ele nos capítulos 2 e 3
de Apocalipse.
Não é fácil alcançar o equilíbrio entre a
ortodoxia (pregação e ensino da sã doutrina) e o
poder do Espírito manifestado na vida da igreja.
Quando a balança pende apenas para um dos
lados, o testemunho da verdade fica capenga
com uma perna mais curta do que a outra. Não
se pode ter uma adequação entre a verdade e a
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prática, quando se incorre em um ou ambos dos
erros dos saduceus que não conheciam nem a
verdade revelada e nem o poder de Deus.
Se negarmos o poder é possível que nos
escandalizemos com as próprias
demonstrações sobrenaturais do Espírito Santo,
as quais acompanharam o ministério de Jesus e
dos apóstolos, assim como se escandalizaram os
escribas e fariseus que eram os guardiões da Lei
de Moisés.
Se resistirmos à pregação e ensino da sã
doutrina, sob a alegação de que pode atrapalhar
a livre manifestação do poder, ficamos sujeitos
a um procedimento não santificado na vida
cristã, e acolhendo todo erro e mentira que
forem profetizados como sendo nova verdade
revelada por Deus
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Em razão desta realidade faremos bem em
atentar para as palavras do apóstolo Paulo que já
em seus dias estava convivendo com a mesma, e
entendia que o que importava é que Cristo fosse
pregado, que o evangelho avançasse, ainda que
a motivação daqueles que o faziam não fosse
aprovada por Deus:
“15 Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo
por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de
boa vontade;
16 estes, por amor, sabendo que estou
incumbido da defesa do evangelho;
17 aqueles, contudo, pregam a Cristo, por
discórdia, insinceramente, julgando suscitar
tribulação às minhas cadeias.
18 Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de
qualquer modo, está sendo pregado, quer por
pretexto, quer por verdade, também com isto
me regozijo, sim, sempre me regozijarei.”
(Filipenses 1.15-18).
Paulo escreveu esta epístola aos Filipenses
quando se encontrava aprisionado em Roma.
Enquanto isso muitos estavam pregando com o
simples intuito de superá-lo e vangloriando-se
no fato de estarem prosperando e livres,
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enquanto ele estava preso por cerca de quatro
anos. Por isso ele diz o seguinte: “pregam a
Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando
suscitar tribulação às minhas cadeias.” E como
ele reagiu a isto? Protestou que deveria ser
honrado e obedecido por sua autoridade
apostólica? Não. Ele disse que isto pouco
importava desde que Cristo estivesse sendo
pregado.
E tem sido assim no decorrer dos séculos: há os
que buscam um testemunho santo, baseado em
motivações santas, e para honrarem não a si
mesmos mas exclusivamente a Deus, mas há
também estes aos quais o apóstolo se refere que
estão motivados por muitos outros interesses.
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Mas, o que pesa mesmo nesta questão do
confronto da verdade com a realidade é a falta
de equilíbrio a que nos referimos inicialmente,
entre a ortodoxia e a prática, entre a sã doutrina
e as manifestações de poder do Espírito, pois
uma não é contra a outra, e no propósito de
Deus, sempre deveriam seguir juntas.
Há aqueles que negam a importância da sã
doutrina na vida cristã, e que se deve dar
atenção apenas ao mover que o Espírito Santo
está realizando em nossos dias. Quando isto
acontece, cada crente é estimulado, direta ou
indiretamente, a formar o seu próprio corpo de
doutrina, e sabemos que isto é totalmente
contrário à vontade revelada de Deus. Ele não
mudará um só til de sua Palavra para adequá-la
ao gosto das pessoas.
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Agora, quando se dá muita honra apenas à
Palavra escrita, e se tem grande conhecimento
da mesma, e todavia pouca ou nenhuma prática
do que nela se ordena, na própria vida, também
não há benefício real nisto para o avanço do
reino de Deus e testemunho da verdade, a qual é
eficaz somente quando incorporada à vida.
Melhor seria ter um missionário no campo,
ainda que com pouco conhecimento das
doutrinas fundamentais, mas esforçando-se por
tornar Cristo conhecido, do que guardar toda a
verdade no intelecto sem fazer qualquer uso da
mesma.
Que Deus nos guarde destes erros que são tão
comuns de serem vistos, e nos ajude a achar um
modo de viver que se aproxime cada vez mais da
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Sua aprovação e vontade, para que Ele possa ser
glorificado através das nossas obras.
Por Silvio Dutra