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A sociedade da informação e o novo paradigma de construção
de aprendizagens sociais na escola

Maria Tatiany Azevêdo dos Santos¹

RESUMO

O surgimento das tecnologias da informação, da informática, dentre
outras, provocou uma verdadeira revolução na sociedade, tornando a
comunicação entre as pessoas mais rápida e eficaz, via e-mail e chat,
constituindo redes de pessoas e de grupos, que antes não eram possíveis,
estabelecendo laços em escala mundial e melhorando a capacidade de gerir a
informação.Essa revolução criada no seio da sociedade pelas Tecnologias da
Informação e Comunicação - TIC está centrada no contexto pós-revolução
industrial e mexeu profundamente com as bases culturais das pessoas.
Neste contexto o presente artigo traz uma reflexão sobre o papel social
da escola e de como as TIC podem auxiliar no cumprimento desse papel
social. A priori, discute-se qual é essa função no contexto escola, a partir das
mudanças ocorridas no ensino-aprendizagem, no tocante aos objetivos,
métodos de ensino e avaliações, com base nas teorias atualmente sugeridas
pelos referenciais curriculares nacionais,visualizando ainda a formação do
professor para o alcance desses objetivos de cunho social.Em seguida,
analisa-se como as TIC podem influenciar ou auxiliar nesse processo de
alcance dessas metas sociais pela escola.

Palavras-chave:
aprendizagem.

Escola.

Sociedade.

TIC.

Função

Social.

Ensino-

_______________
¹ Professora graduada em Pedagogia, especialista em Metodologia do Ensino – ISESF/PB, em Língua
Inglesa – UFRN/RN e Mídias na Educação – UFRN/RN. Mestranda do Curso de Docência do Ensino
Brasileiro – FACNORTE/PR.
E-mail: tatiany.azevedo@hotmail.com
1INTRODUÇÃO
A escola não tem mais somente a função de ensinar a ler, escrever e
contar, todas as questões sociais são também conteúdos escolares, por isso,
ela precisa ensinar a pensar, a questionar, a dialogar, a negociar e propor
soluções para o gerenciamento dos conflitos do dia a dia. Para tanto, faz-se
extremamente importante conhecer a fundo a comunidade na qual está
inserida, desde os seus principais problemas até as suas potencialidades, e o
perfil do seu alunado, buscando construir com ele comunicação, diálogo,
aprendizados sociais para a vida. E para essa construção dialógica com o
educando, é preciso penetrar no mundo dele, falando a sua língua e usando os
canais que o leva a se expressar. Dai a importância das Tecnologias da
Informação e Comunicação, as quais hoje são os canais de socialização, de
compartilhamento de ideias de maior expressão dos jovens dessa geração 2.0
- jovens que vivem cercados de ferramentas tecnológicas, que passam em
média três horas por dia na frente do computador e costumam ser usuários
habituais das redes sociais.
O artigo propõe uma reflexão partindo no primeiro tópico da
conceituação de Sociedade da Informação e do Perfil atual dos alunos
(crianças e jovens) das escolas brasileiras, para que se tenha uma visão mais
ampla dessa nova geração, dos seus anseios, necessidades e formas de
encarar os desafios da vida.O tópico 2 trata da função social da escola,
apresentando numa visão sociológica a quem serve a escola (tópico 2.1),
percorrendo as mudanças ocorridas no ensino-aprendizagem, de acordo com
referenciais para o ensino na contemporaneidade (tópico 2.2) e as propostas
de formação para os professores (tópico 2.3) e no tópico 3 Considerações
Finais, é feita uma análise da contribuição das TIC para o alcance dos objetivos
sociais da escola, a partir de todo o apanhado dos tópicos anteriores, os quais
com embasamento teórico, tratam da temática em questão.
2A Sociedade da Informação e o Perfil dos alunos (crianças e jovens) das
escolas brasileiras
O termo Sociedade da Informaçãosurgiu no fim do Século XX, com
origem no termo Globalização. Também chamada de Sociedade do
Conhecimento ou Nova Economia, este tipo de sociedade encontra-se em
processo de formação e expansão.
O caráter não estático e de constante mutação no qual a sociedade
contemporânea está inserida, atribui às tecnologias papel preponderante nesse
novo paradigma de sociedade que se baseia num bem precioso - a informação,
atribuindo-lhe várias designações, entre elas a de Sociedade da Informação.
Neste novo modelo de organização da sociedade o acesso à informação é o
que constrói conhecimento, produz riqueza e contribui para o bem estar social
e a melhoria na qualidade de vida das pessoas.
Essa sociedade tem na sua composição a geração 2.0, ou geração Z,
também chamada de geração do milênio ou da internet, conceito dado pela
sociologia, o qual se refere às crianças e jovens nascidos a partir de 1990,ou
seja, geração que corresponde à idealização e nascimento da World Wide
Web, criada em 1990 por Tim Berners-Leee durante o "boom" na criação de
aparelhos tecnológicos (nascidos entre o fim de 1993 a 2010). A grande
nuance dessa geração é zapear, tendo várias opções, entre canais de
televisão, internet, vídeo game, telefone e MP3 players. As pessoas da
Geração Z são conhecidas por serem nativas digitais, e por isso são totalmente
familiarizadas com a WorldWide Web, não apenas acessando a internet de
suas casas, mas estando conectadas 24 horas por dia à rede, aonde quer que
estejam.
A geração Z surgida numa época de grandes avanços tecnológicos tem
como pontos positivos a grande habilidade e intimidade com os eletrônicos, a
facilidade e rapidez de acesso à informação, ao mesmo passo que produz
conhecimento, além da possibilidade de realizar várias tarefas ao mesmo
tempo (multifuncionalidade). Diferente da geração X, que teve que se adaptar à
chegada das novas tecnologias, e da Y, que cresceu juntamente com o
desenvolvimento da modernidade, este novo grupo de pessoas já cresceu e se
desenvolveu com o advento da tecnologia totalmente ao seu favor.
Com

relação

aos

pontos

negativos,

esses

jovens

estão

se

desenvolvendo em meio a um crescente individualismo, consumismo e
extremada competição. Eles não são jovens que, em geral, têm a mesma
consciência política das gerações da época contra cultural. E também, como as
informações aparecem numa progressão geométrica e circulam a uma
velocidade e tempo jamais vistos antes, o conhecimento tende a ficar cada vez
mais superficial,o que dificulta bastante o trabalho da escola, além disso, na
sua grande maioria, esses jovens usam as redes sociais apenas para
entretenimento.
O perfil dessas crianças e jovens, alunos de nossas escolas precisa ser
levado em consideração para que se possa oferecer uma educação que
realmente atenda às suas especificidades, porque ao compararmos as
transformações ocorridas nas gerações anteriores, que causaram os eternos
conflitos de gerações entre pais e filhos, com as mudanças ocorridas na
geração Z, pode-se afirmar quenunca antes (no mundo) essa transformação foi
tão radical e profunda, a ponto de em uma única geração termos tantas
diferenças, novidades e transformações sociais e culturais.
3 O Papel Social da Escola
O projeto de educação a ser desenvolvido nas nossas escolas precisa
estar pautado na realidade, ou seja,deve considerar os sujeitos históricos, aos
quais busca atender, visando o seu desenvolvimento pleno. A escola é
responsável pela promoção do desenvolvimento do cidadão, no sentido pleno
da palavra. Então, cabe a ela definir-se pelo tipo de cidadão que deseja formar,
de acordo com a sua visão de sociedade. Cabe-lhe também a incumbência de
definir as mudanças que julga necessário fazer nessa sociedade, através das
mãos do cidadão que irá formar. Não se trata, no entanto, de atribuir à escola
nenhuma função salvacionista, mas reconhecer seu incontestável papel social
no desenvolvimento de processos educativos, na sistematização e socialização
da cultura historicamente produzida pelos homens.
Nesse sentido, a escola, enquanto criação humana, apenas tem sua
justificação e legitimação diante da sociedade, ao cumprir a finalidade para a
qual foi criada - formar sujeitos históricos. Para tanto, ela precisa ser um
espaço de sociabilidade que possibilite a construção e a socialização do
conhecimento produzido, pois a educação como prática social, acontece nas
relações entre pessoas.
Pensar sobre a função social da escola é também pensar no seu papel
relevante na construção de uma sociedade mais humanizada, mais consciente
e politizada, pois a Educação numa concepção transformadora pressupõe
tomar o aluno na sua totalidade, não em um momento reduzido como “aluno”, e
isso implica em entendê-lo dentro de uma dinâmica social, onde as ações são
determinadas.
3.1 A quem serve a escola?
Segundo Frigotto (1993, p. 44), “a escola é uma instituição social que,
mediante suas práticas no campo do conhecimento, valores, atitudes e,
mesmo, por sua desqualificação, articula determinados interesses e desarticula
outros”. Essa é a visão da Teoria do Capital Humano (TCH) formalizada por
Shultz (1971), onde a função social da escola está subordinada a responder as
demandas do capital,aumentando o capital humano, formando especificamente
para o trabalho,e reforçando a sociedadeburguesa.
De acordo com a Teoria do Capital Humano a desigualdade social é
colocada como questão de responsabilidade individual, e ela acontece, porque
alguns indivíduos tiveram mais méritos do que outros, o que explica a
estratificação social -os indivíduos que mais merecem por seu esforço e maior
escolaridade devem estarno topo da hierarquia social e ter melhor situação
política e econômica. Sendo assim, há uma relação direta entre a melhor
qualificação profissional e a maior escolarização de um indivíduo com a
diminuição de sua pobreza. A educação nessa ótica é tida como forma de
ascensão social, como a responsável por elevaras pessoas a melhores
posições na sociedade.
Porém, essa forma de interpretar a relação entre a educaçãoe a
sociedade não é a única, existem outras visões. Para elas, a educação pode
servir para propor uma reflexão crítica sobre a sociedade capitalista, visando
àsua superação. Considerando o Materialismo Histórico, ocapitalismo éapenas
uma das etapas da caminhada da humanidade. A Educação transformadora
compromete-se na criação de condições para a realização de novas
revoluçõessociais que substituam a sociedade capitalista por uma organização
social conduzida por relações de cooperação e igualdade. Tal visão de
Educação é de interesse daclasse trabalhadora e dos defensores do
socialismo.
Mas, afinal de contas, a quem serve a escola? Aqui foram apresentadas
duas óticas, a da Teoria do Capital Humano e a visão extremamente contrária
do Materialismo Histórico, observe-se que em cada pensamento ora
apresentado, a Educação no sentido de escola formal,“obedece a um senhor”
tornando esta, uma discussão bastante complexa. Porém, a compreensão
dessa questão pode se tornar mais simples quandosão consideradas as
recomendações dos órgãos multilaterais como a UNESCO (Organização das
Nações Unidas para Educação, Ciência eCultura) quando o mesmo se refereao
modelo educacional a ser seguido através de políticas, programas e
projetos.Nessas recomendações, facilmente é observável a menção à Teoria
do Capital Humano, poisa UNESCO é categórica ao afirmar que os índices de
uma renda mais alta estão associados a um maior nível educacional,
vinculando a escolarização àmelhor qualidade de vida,melhor retorno
financeiro, e, consequentemente,melhor condição social.
Melhor educação contribui para renda mais alta durante toda a vida e
para um crescimento econômico mais robusto para o país, além de
ajudar os indivíduos a fazerem escolhas mais informadas sobre
fertilidade e outras questões importantes para o seu bem-estar.
(UNESCO, 2005, p.02).

Os ideais apresentados pela UNESCO são os mesmos ideais da Teoria
do Capital Humano, ambas relacionam de forma intrínseca qualidade do
ensino, crescimento econômico e renda pessoal.Mesmodepois de oito anos da
citação acima, é possível observar que o modelo de Educação trabalhado
continua direta ou indiretamente servindo ao capital, seja formando a mão de
obra útil para este sistema, ou mascando as desigualdades sociais causadas
por ele.
Diante dessa realidade, se faz necessária uma proposta de educação
escolar que reflita a atual situação e proponha uma ruptura visando atender os
anseios da sociedade e não os do capital. Uma educação que alcance a todos
e queforme realmente o cidadão, no sentido mais pleno da palavra.Saviani
(2000) reafirma esse pensamento quando diz que é preciso pensar numa
educação que busque refletir criticamente as relações sociais e romper com os
mecanismos de adaptação. Para o escritor, “o papel de uma teoria crítica da
educação é dar substância concreta a essa bandeira de luta de modo a evitar
que ela seja apropriada e articulada com os interesses dominantes”.
3.2As TIC e os Referenciais para o ensino na contemporaneidade
Falar do ensino na contemporaneidade é falar de um currículo aberto,
transversal, transdisciplinar e interdisciplinar. No modelo de Educação exigido
pelo novo contexto da Sociedade da Informação, o currículocomo conjunto das
expectativas de aprendizagem que a escola espera em relação a seus alunos
está baseado em competências e habilidades, as quais se configuram em
saberes significativos que transcendem as competências exclusivamente
disciplinares em que, infelizmente, ainda se organizam alguns currículos.
Os saberes valorizados no século 21 são de caráter transversal, ou seja,
agregam conhecimento de inúmeras áreas, e, portanto, para a apropriação
desses saberes pelo aluno, é necessário ter um novo olhar para educação, o
qual inclui uma nova visão do currículo escolar, da metodologia de
aprendizagem e da avaliação. E para que a escola possa reorganizar seu
trabalho em função dessa Sociedade da Informação e dos chamados “nativos
digitais”, ela requer o auxílio das novas tecnologias, pois são poderosos
ambientes não-formais de aprendizagem.
A Educação básica brasileira tem como referenciais o Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCN. Eles estão divididos em PCN de 1ª a 4ª série/ 1º
e 2º ciclo do Ensino Fundamental (1997), PCN de 5ª a 8ª Série/ 3º e 4º ciclo do
Ensino Fundamental (1998), e PCN do Ensino Médio (2000). De forma geral,
todos os Parâmetros enfatizam o uso das TIC como recursos que facilitam a
aprendizagem. Conforme os PCN:
É indiscutível a necessidade crescente do uso de computadores
pelos alunos como instrumento de aprendizagem escolar, para que
possam estar atualizados em relação às novas tecnologias da
informação e se instrumentalizem para as demanda sociais presentes
e futuras. (BRASIL/PCN 1ª a 4ª, 1997, p.67).

Segundo os PCNs (1998), a tecnologia possibilita a aproximaçãode
diferentes culturas, mas por outro lado, devido ao acesso às TIC ser restrito a
uma

parcela

da

população,

acaba

produçãodoconhecimentoedocapital.

Há

gerandouma
uma

real

centralização
distância

na

entreas

pessoasquedominamatecnologia e as que apenas a consome, mas a distância
é ainda maior para aqueles que não têm acesso a essas tecnologias.
Um

outro

aspecto

Parâmetroséadistinçãofeitaentreinformaçãoe

abordado
conhecimento,

PCN“terinformaçãonãosignificaterconhecimento.

Se,

pelos
pois

os

um

por

para
lado,

o

conhecimento depende de informação, por outro, a informação por si só não
produz novas formas de representação e compreensão da realidade.” (PCN
1998, p.136).
Reforçando o parágrafo anterior, de acordo com os PCN:
O maior problema não diz respeito à falta de acesso a informações ou
às próprias tecnologias que permitem o acesso, e sim a pouca
capacidade

crítica

e

procedimental

para

lidar

com

avariedadeequantidadedeinformaçõeserecursostecnológicos.
Conhecer e saber usar as novas tecnologias implica a aprendizagem
de procedimentos para utilizá-las e, principalmente, de habilidades
relacionadas aotratamentoda informação. Ouseja,aprenderalocalizar,
selecionar, julgar a pertinência, procedência, utilidade, assim como
capacidade

para

criar

e

comunicar-seporessesmeios.

Aescolatemimportantepapelacumprirnasociedade,

ensinando

os

alunos a se relacionar de maneira seletiva e crítica com o universo de
informações a que têm acesso no seu cotidiano. (BRASIL/PCN, 1998,
p.139).

Em outras palavras, o ensino escolar precisa instruiros alunos a
conectar-se com o mundo, e ao mesmo tempo orientá-los quanto à análise
crítica da gama de informações que lhes chega através das mídias,
selecionando essas informações e a partir delas construindo o conhecimento.
Com base na análise desses referenciais curriculares é possível afirmar
que a importância de inserir o uso das novas tecnologias na Educação Básica
é explicadatanto do ponto de vista político e econômico, como do social.
Segundo os PCN:
Do ponto de vista econômico e político, basta analisar a história da
humanidade para constatar como o domínio tecnológico e,
consequentemente, o desenvolvimentosempre estiveram associados
ao poder. [...] Do ponto de vista social, as pessoas que não têm
acesso a esses meios ficam sem condições de plena participação no
mundo atual, o que acentua ainda mais as desigualdades já
existentes. (BRASIL/PCN, 1998 p.137).

Contudo, apesar desses documentos serem diretrizes norteadoras para
o ensino-aprendizagem, exercendo enorme influência na ação docente, é do
dia-a-dia com o aluno dessa geração Zque surge a necessidade de
diversificação de recursos, entre os quais, as tecnologias digitais ainda são
comprovadamente a melhor proposta,“a tecnologia coloca à disposição da
escola uma série de recursos potentes como o computador, a televisão, o
videocassete, as filmadoras, além de gravadores e toca-fitas, dos quais os
professores devem fazer o melhor usopossível.”(BRASIL/PCN, 1998,p.96).
Vale salientar, que atualmente a internet é considerada a TIC por excelência,já
que possibilita a análise, a apresentação e o compartilhamento de informações,
além do poder de tomadas de decisões e a soluções de problemas.
3.3 Propostas de formação para os professores
Os programas educacionais existentes no Brasil, na área da tecnologia
educacional são distribuídos e aplicados nas redes de ensino municipal,
estadual e federal. Tais programas tem seu formato baseado nas propostas
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) com o intuito de oferecer
condições de acessibilidade e de conhecimento para todos os estudantes.
No campo das políticas públicas, que estão sendo desenvolvidas e
implementadas, o Proinfo tem um papel relevante. É um programa federal
criado pelo Decreto 6.300, de 12 de dezembro de 2007 do Ministério da
Educação, sendo desenvolvido inicialmente pela Secretaria de Educação a
Distância - SEED, por meio do departamento de Infraestrutura Tecnológica –
DITEC, e atualmente, com a extinção da SEED, o programa está vinculado a
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão –
SECADI, em parcerias com as secretarias de Educação Estaduais e
Municipais. Seu funcionamento é descentralizado, havendo em cada Unidade
da Federação uma Coordenação Estadual, cuja atribuição principal é a de
introduzir o uso das TIC nas escolas da rede pública, além de subsidiar as
ações desenvolvidas sob a jurisdição, em especial as ações dos Núcleos de
tecnologia Educacional - NTEs.
É um programa de cunho educacional que objetivapromover o uso
pedagógico da informática na rede pública de educação básica. O PROINFO
além de oferecer formação continuada para os docentes e gestores,através do
Proinfo Integrado, leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos
educacionais. Em contrapartida, estados e municípios devem garantir a
estrutura adequada para receber os laboratórios e disponibilizar um
professor/formador para capacitar os educadores.Dentre os critérios para ser
formador do Proinfo, o programa exige um profissional com especialização em
Tecnologias na Educação – PUC-RIO; Mídias na Educação – UFRN, ou que já
tenha cursado os 03 (três) cursos do Proinfo Integrado (Introdução a Educação
Digital - 40h, Tecnologias da Educação: ensinando e aprendendo com as TIC –
60h e Elaboração de Projetos – 100h).
Segundo Fiorentini (2008, p. 65):
A concepção de formação do Proinfo Integrado tem como base (i) as
noções de subjetividade, isto é, o protagonismo do professor e dos
alunos na ação pedagógica; e (ii) de Epistemologia da Prática, ou
seja, o conjunto de saberes utilizados pelos profissionais da
educação em seu espaço de trabalho cotidiano, para o desempenho
de todas as suas atividades.

Tais fundamentos são as referências principais do programa, pois
retratam a expectativa de uma postura mais ativa dos sujeitos diante das
transformações exigidas no contexto atual no qual essa política se efetiva.
Apesar dos esforços e investimentos do MEC/SECADI para a
atualização dos professores para uso das TIC como recursos didáticos, ainda
há uma clara resistência por parte de alguns docentes em agregar essas
tecnologias no dia a dia da sala de aula, pois não entendem ainda o papel
destas na educação, o que tem ocasionado um imenso atraso para a efetiva
inclusão digital nas escolas.
(...) os professores são por vezes profissionais muito rígidos, que têm
dificuldades em abandonar certas práticas, nomeadamente quando
elas foram empregues com sucesso em momentos difíceis da sua
carreira profissional. Muitas vezes nos interrogamos sobre as
reformas educativas e o modo como elas mudaram as escolas e os
professores, e, no entanto, esquecemo-nos de referir que foram
quase sempre os professores que mudaram as reformas,
selecionando, alterando ou ignorando as instruções emanadas de
“cima”. (NÓVOA, 1996, p. 26-27).

Balanskat e Blamire(2006, Apud PASSERINO, 2010) apresentam alguns
aspectos que comprometem o processo de apropriação das TIC pelos
professores, são barreiras em nível dos próprios professores, quando estes
apresentam poucas competências tecnológicas e falta de confiança no uso das
novas tecnologias, em nível das escolas, as quais tem um acesso limitado às
TIC, falta de softwares educacionais adequados e ausência de uma dimensão
nas estratégias pedagógicas para a integração das tecnologias no processo
educativo e barreiras em nível de sistema educacional, pois a estrutura rígida
de disciplinas ou currículo acaba impedindo a integração das TIC na sala de
aula, com um ensino enciclopédico cujo objetivo seria o vestibular.
Outro fator que também pode ser apontado como uma dessas barreiras
é a formação inicial dos professores, na qual o espaço para a formação para o
uso das TIC é bastante reduzido, ficando esta formação quase que totalmente
sob a responsabilidade da formação continuada. Apesar deste aspecto não ter
sido apontado pelos docentes durante as entrevistas, há que ser considerado,
pois na era digital, o domínio das TIC são habilidades exigidas para a docência.
Para Delors (1998), o mundo contemporâneo exige que os profissionais
estejam continuamente em processo de formação (longlifelearning), segundo a
ideia de uma educação permanente, para que possam

acompanhar o

acelerado processo de desenvolvimento científico e tecnológico.
Neste particular, Valente (1999, p. 03) registrou que:
O preparo do professor não pode ser uma simples oportunidade para
passar informações, mas deve propiciar a vivência de uma
experiência. É o contexto da escola, a prática dos professores e a
presença dos seus alunos que determinam o que deve ser abordado
nos cursos de formação. Assim, o processo de formação deve
oferecer condições para o professor construir conhecimento sobre as
técnicas computacionais e entender por que e como integrar o
computador na sua prática pedagógica.

Por último, se faz necessário frisar a importância de que o professor
tenha o real desejo de se capacitar, de acompanhar o ritmo e falar a mesma
linguagem dos seus alunos, os quais fazem parte da geração Z, peças-chave
nessa evolução tecnológica. Segundo Freire (2001, p. 19): “Não podemos nos
assumir como sujeitos da procura, da decisão, da ruptura, da opção, como
sujeitos históricos, transformadores, a não ser assumindo-nos como sujeitos
éticos”. É preciso entender e acompanhar as transformações e vivenciar
juntoaos educandos um processo de construção do conhecimento, a partir de
novas possibilidades, deixando-se inserir nesse novo contexto de uma
aprendizagem colaborativa.
4Considerações Finais
Diante da premissa deste trabalho, que se propôs a analisar as
contribuiçõesdas TIC para o alcance dos objetivos sociais da escola,ficou
evidente que ao tratarmos do papel social da escola, é fundamental termos
clareza quantoao perfil do aluno presente nessas instituições de ensino,
crianças e jovens chamados “nativos digitais”, e a partir dai compreendermos o
desafio que está posto diante da Educação Escolar. É função social da escola
incluir as pessoas em todos os aspectos, respeitando as diversidades, construir
aprendizagens para a vida, fazer pensar, refletir, criticar, agir, tomar decisões,
apontar soluções.Também é função social da escola transformar realidades já
postas, possibilitando melhores perspectivas de vida, de crescimento pessoal e
profissional, em resumo, a função social da escola é formar cidadãos, é
melhorar pessoas.
Sob este prisma, as TIC se configuram em fortes aliadas no
cumprimento desta função, pois proporcionam interação, integração com o
mundo, facilitando inquestionavelmente a construção e disseminaçãodo
conhecimento na sua amplitude, e considerandoo perfil do público que atende,
a escola deve utilizar-se das mesmas como recurso metodológico com o intuito
de dinamizar a ação docente e motivaros educandos para o desafio da
descoberta, do conhecimento e da realização pessoal, proporcionando
autonomia e estimulando o aprender a aprender.
Para tanto, se faz necessário criar, inovar e praticar um novo currículo,
com metodologias e estratégias de ação diferenciadas e diversificadas. Mas,
não basta isto. A prática do educador também precisa ser mudada, com novas
ações que levem o educando a ter mais autonomia e cidadania, e isso se faz
possível através do ensino com as novas ferramentas tecnológicas, as quais
podem ser auxílio, meio para isto.
Quanto à formação dos professores, esta como processo sistemático e
organizado, precisa ser realizada de forma crítica e reflexiva, devendo ser
constantemente avaliada, pois implica no ato de aprender a ensinar, o qual
requermetacognição, conhecimento prático, investigação, trabalho colaborativo
e socialização. Assim, é preciso tomar como ponto de partida as
experiênciasdo professor, seus distintossaberes, e, sobretudo, a discussão do
papel da tecnologia para o ensino-aprendizagem na realidade investigada.
A cada educador, cabe discutir e propor caminhos em direção a sua
formação para o uso das tecnologias com vistas educacionais, gerindo e
participando ativamente do seu processo de formação, questionando as
aplicações e as oportunidades que se abrem para uma nova forma de educar
com o uso da TIC, sempre buscando superar suas limitações, a fim de oferecer
um ensino-aprendizagem de excelência. Ao poder público, é valido reforçar,
cabe criar e oferecer políticas públicas, que respeitem a realidade dos sujeitos
envolvidos, teorias que se tornem efetivas práticas, que se configurem sem
exclusão.
Por fim, é mister a contribuição que as Tecnologias de Informação e
Comunicação podem oferecer para o cumprimento da função social da escola,
posto que,essas Tecnologias também cumprem uma função social e exercem
enorme influência perante a sociedade, tornando-a cada vez mais autônoma.
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A sociedade da informação e o novo paradigma de construção de aprendizagens sociais na escola

  • 1. A sociedade da informação e o novo paradigma de construção de aprendizagens sociais na escola Maria Tatiany Azevêdo dos Santos¹ RESUMO O surgimento das tecnologias da informação, da informática, dentre outras, provocou uma verdadeira revolução na sociedade, tornando a comunicação entre as pessoas mais rápida e eficaz, via e-mail e chat, constituindo redes de pessoas e de grupos, que antes não eram possíveis, estabelecendo laços em escala mundial e melhorando a capacidade de gerir a informação.Essa revolução criada no seio da sociedade pelas Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC está centrada no contexto pós-revolução industrial e mexeu profundamente com as bases culturais das pessoas. Neste contexto o presente artigo traz uma reflexão sobre o papel social da escola e de como as TIC podem auxiliar no cumprimento desse papel social. A priori, discute-se qual é essa função no contexto escola, a partir das mudanças ocorridas no ensino-aprendizagem, no tocante aos objetivos, métodos de ensino e avaliações, com base nas teorias atualmente sugeridas pelos referenciais curriculares nacionais,visualizando ainda a formação do professor para o alcance desses objetivos de cunho social.Em seguida, analisa-se como as TIC podem influenciar ou auxiliar nesse processo de alcance dessas metas sociais pela escola. Palavras-chave: aprendizagem. Escola. Sociedade. TIC. Função Social. Ensino- _______________ ¹ Professora graduada em Pedagogia, especialista em Metodologia do Ensino – ISESF/PB, em Língua Inglesa – UFRN/RN e Mídias na Educação – UFRN/RN. Mestranda do Curso de Docência do Ensino Brasileiro – FACNORTE/PR. E-mail: tatiany.azevedo@hotmail.com
  • 2. 1INTRODUÇÃO A escola não tem mais somente a função de ensinar a ler, escrever e contar, todas as questões sociais são também conteúdos escolares, por isso, ela precisa ensinar a pensar, a questionar, a dialogar, a negociar e propor soluções para o gerenciamento dos conflitos do dia a dia. Para tanto, faz-se extremamente importante conhecer a fundo a comunidade na qual está inserida, desde os seus principais problemas até as suas potencialidades, e o perfil do seu alunado, buscando construir com ele comunicação, diálogo, aprendizados sociais para a vida. E para essa construção dialógica com o educando, é preciso penetrar no mundo dele, falando a sua língua e usando os canais que o leva a se expressar. Dai a importância das Tecnologias da Informação e Comunicação, as quais hoje são os canais de socialização, de compartilhamento de ideias de maior expressão dos jovens dessa geração 2.0 - jovens que vivem cercados de ferramentas tecnológicas, que passam em média três horas por dia na frente do computador e costumam ser usuários habituais das redes sociais. O artigo propõe uma reflexão partindo no primeiro tópico da conceituação de Sociedade da Informação e do Perfil atual dos alunos (crianças e jovens) das escolas brasileiras, para que se tenha uma visão mais ampla dessa nova geração, dos seus anseios, necessidades e formas de encarar os desafios da vida.O tópico 2 trata da função social da escola, apresentando numa visão sociológica a quem serve a escola (tópico 2.1), percorrendo as mudanças ocorridas no ensino-aprendizagem, de acordo com referenciais para o ensino na contemporaneidade (tópico 2.2) e as propostas de formação para os professores (tópico 2.3) e no tópico 3 Considerações Finais, é feita uma análise da contribuição das TIC para o alcance dos objetivos sociais da escola, a partir de todo o apanhado dos tópicos anteriores, os quais com embasamento teórico, tratam da temática em questão.
  • 3. 2A Sociedade da Informação e o Perfil dos alunos (crianças e jovens) das escolas brasileiras O termo Sociedade da Informaçãosurgiu no fim do Século XX, com origem no termo Globalização. Também chamada de Sociedade do Conhecimento ou Nova Economia, este tipo de sociedade encontra-se em processo de formação e expansão. O caráter não estático e de constante mutação no qual a sociedade contemporânea está inserida, atribui às tecnologias papel preponderante nesse novo paradigma de sociedade que se baseia num bem precioso - a informação, atribuindo-lhe várias designações, entre elas a de Sociedade da Informação. Neste novo modelo de organização da sociedade o acesso à informação é o que constrói conhecimento, produz riqueza e contribui para o bem estar social e a melhoria na qualidade de vida das pessoas. Essa sociedade tem na sua composição a geração 2.0, ou geração Z, também chamada de geração do milênio ou da internet, conceito dado pela sociologia, o qual se refere às crianças e jovens nascidos a partir de 1990,ou seja, geração que corresponde à idealização e nascimento da World Wide Web, criada em 1990 por Tim Berners-Leee durante o "boom" na criação de aparelhos tecnológicos (nascidos entre o fim de 1993 a 2010). A grande nuance dessa geração é zapear, tendo várias opções, entre canais de televisão, internet, vídeo game, telefone e MP3 players. As pessoas da Geração Z são conhecidas por serem nativas digitais, e por isso são totalmente familiarizadas com a WorldWide Web, não apenas acessando a internet de suas casas, mas estando conectadas 24 horas por dia à rede, aonde quer que estejam. A geração Z surgida numa época de grandes avanços tecnológicos tem como pontos positivos a grande habilidade e intimidade com os eletrônicos, a facilidade e rapidez de acesso à informação, ao mesmo passo que produz conhecimento, além da possibilidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo (multifuncionalidade). Diferente da geração X, que teve que se adaptar à chegada das novas tecnologias, e da Y, que cresceu juntamente com o
  • 4. desenvolvimento da modernidade, este novo grupo de pessoas já cresceu e se desenvolveu com o advento da tecnologia totalmente ao seu favor. Com relação aos pontos negativos, esses jovens estão se desenvolvendo em meio a um crescente individualismo, consumismo e extremada competição. Eles não são jovens que, em geral, têm a mesma consciência política das gerações da época contra cultural. E também, como as informações aparecem numa progressão geométrica e circulam a uma velocidade e tempo jamais vistos antes, o conhecimento tende a ficar cada vez mais superficial,o que dificulta bastante o trabalho da escola, além disso, na sua grande maioria, esses jovens usam as redes sociais apenas para entretenimento. O perfil dessas crianças e jovens, alunos de nossas escolas precisa ser levado em consideração para que se possa oferecer uma educação que realmente atenda às suas especificidades, porque ao compararmos as transformações ocorridas nas gerações anteriores, que causaram os eternos conflitos de gerações entre pais e filhos, com as mudanças ocorridas na geração Z, pode-se afirmar quenunca antes (no mundo) essa transformação foi tão radical e profunda, a ponto de em uma única geração termos tantas diferenças, novidades e transformações sociais e culturais. 3 O Papel Social da Escola O projeto de educação a ser desenvolvido nas nossas escolas precisa estar pautado na realidade, ou seja,deve considerar os sujeitos históricos, aos quais busca atender, visando o seu desenvolvimento pleno. A escola é responsável pela promoção do desenvolvimento do cidadão, no sentido pleno da palavra. Então, cabe a ela definir-se pelo tipo de cidadão que deseja formar, de acordo com a sua visão de sociedade. Cabe-lhe também a incumbência de definir as mudanças que julga necessário fazer nessa sociedade, através das mãos do cidadão que irá formar. Não se trata, no entanto, de atribuir à escola nenhuma função salvacionista, mas reconhecer seu incontestável papel social no desenvolvimento de processos educativos, na sistematização e socialização da cultura historicamente produzida pelos homens.
  • 5. Nesse sentido, a escola, enquanto criação humana, apenas tem sua justificação e legitimação diante da sociedade, ao cumprir a finalidade para a qual foi criada - formar sujeitos históricos. Para tanto, ela precisa ser um espaço de sociabilidade que possibilite a construção e a socialização do conhecimento produzido, pois a educação como prática social, acontece nas relações entre pessoas. Pensar sobre a função social da escola é também pensar no seu papel relevante na construção de uma sociedade mais humanizada, mais consciente e politizada, pois a Educação numa concepção transformadora pressupõe tomar o aluno na sua totalidade, não em um momento reduzido como “aluno”, e isso implica em entendê-lo dentro de uma dinâmica social, onde as ações são determinadas. 3.1 A quem serve a escola? Segundo Frigotto (1993, p. 44), “a escola é uma instituição social que, mediante suas práticas no campo do conhecimento, valores, atitudes e, mesmo, por sua desqualificação, articula determinados interesses e desarticula outros”. Essa é a visão da Teoria do Capital Humano (TCH) formalizada por Shultz (1971), onde a função social da escola está subordinada a responder as demandas do capital,aumentando o capital humano, formando especificamente para o trabalho,e reforçando a sociedadeburguesa. De acordo com a Teoria do Capital Humano a desigualdade social é colocada como questão de responsabilidade individual, e ela acontece, porque alguns indivíduos tiveram mais méritos do que outros, o que explica a estratificação social -os indivíduos que mais merecem por seu esforço e maior escolaridade devem estarno topo da hierarquia social e ter melhor situação política e econômica. Sendo assim, há uma relação direta entre a melhor qualificação profissional e a maior escolarização de um indivíduo com a diminuição de sua pobreza. A educação nessa ótica é tida como forma de ascensão social, como a responsável por elevaras pessoas a melhores posições na sociedade.
  • 6. Porém, essa forma de interpretar a relação entre a educaçãoe a sociedade não é a única, existem outras visões. Para elas, a educação pode servir para propor uma reflexão crítica sobre a sociedade capitalista, visando àsua superação. Considerando o Materialismo Histórico, ocapitalismo éapenas uma das etapas da caminhada da humanidade. A Educação transformadora compromete-se na criação de condições para a realização de novas revoluçõessociais que substituam a sociedade capitalista por uma organização social conduzida por relações de cooperação e igualdade. Tal visão de Educação é de interesse daclasse trabalhadora e dos defensores do socialismo. Mas, afinal de contas, a quem serve a escola? Aqui foram apresentadas duas óticas, a da Teoria do Capital Humano e a visão extremamente contrária do Materialismo Histórico, observe-se que em cada pensamento ora apresentado, a Educação no sentido de escola formal,“obedece a um senhor” tornando esta, uma discussão bastante complexa. Porém, a compreensão dessa questão pode se tornar mais simples quandosão consideradas as recomendações dos órgãos multilaterais como a UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência eCultura) quando o mesmo se refereao modelo educacional a ser seguido através de políticas, programas e projetos.Nessas recomendações, facilmente é observável a menção à Teoria do Capital Humano, poisa UNESCO é categórica ao afirmar que os índices de uma renda mais alta estão associados a um maior nível educacional, vinculando a escolarização àmelhor qualidade de vida,melhor retorno financeiro, e, consequentemente,melhor condição social. Melhor educação contribui para renda mais alta durante toda a vida e para um crescimento econômico mais robusto para o país, além de ajudar os indivíduos a fazerem escolhas mais informadas sobre fertilidade e outras questões importantes para o seu bem-estar. (UNESCO, 2005, p.02). Os ideais apresentados pela UNESCO são os mesmos ideais da Teoria do Capital Humano, ambas relacionam de forma intrínseca qualidade do ensino, crescimento econômico e renda pessoal.Mesmodepois de oito anos da citação acima, é possível observar que o modelo de Educação trabalhado continua direta ou indiretamente servindo ao capital, seja formando a mão de
  • 7. obra útil para este sistema, ou mascando as desigualdades sociais causadas por ele. Diante dessa realidade, se faz necessária uma proposta de educação escolar que reflita a atual situação e proponha uma ruptura visando atender os anseios da sociedade e não os do capital. Uma educação que alcance a todos e queforme realmente o cidadão, no sentido mais pleno da palavra.Saviani (2000) reafirma esse pensamento quando diz que é preciso pensar numa educação que busque refletir criticamente as relações sociais e romper com os mecanismos de adaptação. Para o escritor, “o papel de uma teoria crítica da educação é dar substância concreta a essa bandeira de luta de modo a evitar que ela seja apropriada e articulada com os interesses dominantes”. 3.2As TIC e os Referenciais para o ensino na contemporaneidade Falar do ensino na contemporaneidade é falar de um currículo aberto, transversal, transdisciplinar e interdisciplinar. No modelo de Educação exigido pelo novo contexto da Sociedade da Informação, o currículocomo conjunto das expectativas de aprendizagem que a escola espera em relação a seus alunos está baseado em competências e habilidades, as quais se configuram em saberes significativos que transcendem as competências exclusivamente disciplinares em que, infelizmente, ainda se organizam alguns currículos. Os saberes valorizados no século 21 são de caráter transversal, ou seja, agregam conhecimento de inúmeras áreas, e, portanto, para a apropriação desses saberes pelo aluno, é necessário ter um novo olhar para educação, o qual inclui uma nova visão do currículo escolar, da metodologia de aprendizagem e da avaliação. E para que a escola possa reorganizar seu trabalho em função dessa Sociedade da Informação e dos chamados “nativos digitais”, ela requer o auxílio das novas tecnologias, pois são poderosos ambientes não-formais de aprendizagem. A Educação básica brasileira tem como referenciais o Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN. Eles estão divididos em PCN de 1ª a 4ª série/ 1º e 2º ciclo do Ensino Fundamental (1997), PCN de 5ª a 8ª Série/ 3º e 4º ciclo do Ensino Fundamental (1998), e PCN do Ensino Médio (2000). De forma geral,
  • 8. todos os Parâmetros enfatizam o uso das TIC como recursos que facilitam a aprendizagem. Conforme os PCN: É indiscutível a necessidade crescente do uso de computadores pelos alunos como instrumento de aprendizagem escolar, para que possam estar atualizados em relação às novas tecnologias da informação e se instrumentalizem para as demanda sociais presentes e futuras. (BRASIL/PCN 1ª a 4ª, 1997, p.67). Segundo os PCNs (1998), a tecnologia possibilita a aproximaçãode diferentes culturas, mas por outro lado, devido ao acesso às TIC ser restrito a uma parcela da população, acaba produçãodoconhecimentoedocapital. Há gerandouma uma real centralização distância na entreas pessoasquedominamatecnologia e as que apenas a consome, mas a distância é ainda maior para aqueles que não têm acesso a essas tecnologias. Um outro aspecto Parâmetroséadistinçãofeitaentreinformaçãoe abordado conhecimento, PCN“terinformaçãonãosignificaterconhecimento. Se, pelos pois os um por para lado, o conhecimento depende de informação, por outro, a informação por si só não produz novas formas de representação e compreensão da realidade.” (PCN 1998, p.136). Reforçando o parágrafo anterior, de acordo com os PCN: O maior problema não diz respeito à falta de acesso a informações ou às próprias tecnologias que permitem o acesso, e sim a pouca capacidade crítica e procedimental para lidar com avariedadeequantidadedeinformaçõeserecursostecnológicos. Conhecer e saber usar as novas tecnologias implica a aprendizagem de procedimentos para utilizá-las e, principalmente, de habilidades relacionadas aotratamentoda informação. Ouseja,aprenderalocalizar, selecionar, julgar a pertinência, procedência, utilidade, assim como capacidade para criar e comunicar-seporessesmeios. Aescolatemimportantepapelacumprirnasociedade, ensinando os alunos a se relacionar de maneira seletiva e crítica com o universo de informações a que têm acesso no seu cotidiano. (BRASIL/PCN, 1998, p.139). Em outras palavras, o ensino escolar precisa instruiros alunos a conectar-se com o mundo, e ao mesmo tempo orientá-los quanto à análise
  • 9. crítica da gama de informações que lhes chega através das mídias, selecionando essas informações e a partir delas construindo o conhecimento. Com base na análise desses referenciais curriculares é possível afirmar que a importância de inserir o uso das novas tecnologias na Educação Básica é explicadatanto do ponto de vista político e econômico, como do social. Segundo os PCN: Do ponto de vista econômico e político, basta analisar a história da humanidade para constatar como o domínio tecnológico e, consequentemente, o desenvolvimentosempre estiveram associados ao poder. [...] Do ponto de vista social, as pessoas que não têm acesso a esses meios ficam sem condições de plena participação no mundo atual, o que acentua ainda mais as desigualdades já existentes. (BRASIL/PCN, 1998 p.137). Contudo, apesar desses documentos serem diretrizes norteadoras para o ensino-aprendizagem, exercendo enorme influência na ação docente, é do dia-a-dia com o aluno dessa geração Zque surge a necessidade de diversificação de recursos, entre os quais, as tecnologias digitais ainda são comprovadamente a melhor proposta,“a tecnologia coloca à disposição da escola uma série de recursos potentes como o computador, a televisão, o videocassete, as filmadoras, além de gravadores e toca-fitas, dos quais os professores devem fazer o melhor usopossível.”(BRASIL/PCN, 1998,p.96). Vale salientar, que atualmente a internet é considerada a TIC por excelência,já que possibilita a análise, a apresentação e o compartilhamento de informações, além do poder de tomadas de decisões e a soluções de problemas. 3.3 Propostas de formação para os professores Os programas educacionais existentes no Brasil, na área da tecnologia educacional são distribuídos e aplicados nas redes de ensino municipal, estadual e federal. Tais programas tem seu formato baseado nas propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) com o intuito de oferecer condições de acessibilidade e de conhecimento para todos os estudantes. No campo das políticas públicas, que estão sendo desenvolvidas e implementadas, o Proinfo tem um papel relevante. É um programa federal criado pelo Decreto 6.300, de 12 de dezembro de 2007 do Ministério da Educação, sendo desenvolvido inicialmente pela Secretaria de Educação a
  • 10. Distância - SEED, por meio do departamento de Infraestrutura Tecnológica – DITEC, e atualmente, com a extinção da SEED, o programa está vinculado a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – SECADI, em parcerias com as secretarias de Educação Estaduais e Municipais. Seu funcionamento é descentralizado, havendo em cada Unidade da Federação uma Coordenação Estadual, cuja atribuição principal é a de introduzir o uso das TIC nas escolas da rede pública, além de subsidiar as ações desenvolvidas sob a jurisdição, em especial as ações dos Núcleos de tecnologia Educacional - NTEs. É um programa de cunho educacional que objetivapromover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica. O PROINFO além de oferecer formação continuada para os docentes e gestores,através do Proinfo Integrado, leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Em contrapartida, estados e municípios devem garantir a estrutura adequada para receber os laboratórios e disponibilizar um professor/formador para capacitar os educadores.Dentre os critérios para ser formador do Proinfo, o programa exige um profissional com especialização em Tecnologias na Educação – PUC-RIO; Mídias na Educação – UFRN, ou que já tenha cursado os 03 (três) cursos do Proinfo Integrado (Introdução a Educação Digital - 40h, Tecnologias da Educação: ensinando e aprendendo com as TIC – 60h e Elaboração de Projetos – 100h). Segundo Fiorentini (2008, p. 65): A concepção de formação do Proinfo Integrado tem como base (i) as noções de subjetividade, isto é, o protagonismo do professor e dos alunos na ação pedagógica; e (ii) de Epistemologia da Prática, ou seja, o conjunto de saberes utilizados pelos profissionais da educação em seu espaço de trabalho cotidiano, para o desempenho de todas as suas atividades. Tais fundamentos são as referências principais do programa, pois retratam a expectativa de uma postura mais ativa dos sujeitos diante das transformações exigidas no contexto atual no qual essa política se efetiva. Apesar dos esforços e investimentos do MEC/SECADI para a atualização dos professores para uso das TIC como recursos didáticos, ainda há uma clara resistência por parte de alguns docentes em agregar essas
  • 11. tecnologias no dia a dia da sala de aula, pois não entendem ainda o papel destas na educação, o que tem ocasionado um imenso atraso para a efetiva inclusão digital nas escolas. (...) os professores são por vezes profissionais muito rígidos, que têm dificuldades em abandonar certas práticas, nomeadamente quando elas foram empregues com sucesso em momentos difíceis da sua carreira profissional. Muitas vezes nos interrogamos sobre as reformas educativas e o modo como elas mudaram as escolas e os professores, e, no entanto, esquecemo-nos de referir que foram quase sempre os professores que mudaram as reformas, selecionando, alterando ou ignorando as instruções emanadas de “cima”. (NÓVOA, 1996, p. 26-27). Balanskat e Blamire(2006, Apud PASSERINO, 2010) apresentam alguns aspectos que comprometem o processo de apropriação das TIC pelos professores, são barreiras em nível dos próprios professores, quando estes apresentam poucas competências tecnológicas e falta de confiança no uso das novas tecnologias, em nível das escolas, as quais tem um acesso limitado às TIC, falta de softwares educacionais adequados e ausência de uma dimensão nas estratégias pedagógicas para a integração das tecnologias no processo educativo e barreiras em nível de sistema educacional, pois a estrutura rígida de disciplinas ou currículo acaba impedindo a integração das TIC na sala de aula, com um ensino enciclopédico cujo objetivo seria o vestibular. Outro fator que também pode ser apontado como uma dessas barreiras é a formação inicial dos professores, na qual o espaço para a formação para o uso das TIC é bastante reduzido, ficando esta formação quase que totalmente sob a responsabilidade da formação continuada. Apesar deste aspecto não ter sido apontado pelos docentes durante as entrevistas, há que ser considerado, pois na era digital, o domínio das TIC são habilidades exigidas para a docência. Para Delors (1998), o mundo contemporâneo exige que os profissionais estejam continuamente em processo de formação (longlifelearning), segundo a ideia de uma educação permanente, para que possam acompanhar o acelerado processo de desenvolvimento científico e tecnológico. Neste particular, Valente (1999, p. 03) registrou que: O preparo do professor não pode ser uma simples oportunidade para passar informações, mas deve propiciar a vivência de uma experiência. É o contexto da escola, a prática dos professores e a presença dos seus alunos que determinam o que deve ser abordado
  • 12. nos cursos de formação. Assim, o processo de formação deve oferecer condições para o professor construir conhecimento sobre as técnicas computacionais e entender por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica. Por último, se faz necessário frisar a importância de que o professor tenha o real desejo de se capacitar, de acompanhar o ritmo e falar a mesma linguagem dos seus alunos, os quais fazem parte da geração Z, peças-chave nessa evolução tecnológica. Segundo Freire (2001, p. 19): “Não podemos nos assumir como sujeitos da procura, da decisão, da ruptura, da opção, como sujeitos históricos, transformadores, a não ser assumindo-nos como sujeitos éticos”. É preciso entender e acompanhar as transformações e vivenciar juntoaos educandos um processo de construção do conhecimento, a partir de novas possibilidades, deixando-se inserir nesse novo contexto de uma aprendizagem colaborativa.
  • 13. 4Considerações Finais Diante da premissa deste trabalho, que se propôs a analisar as contribuiçõesdas TIC para o alcance dos objetivos sociais da escola,ficou evidente que ao tratarmos do papel social da escola, é fundamental termos clareza quantoao perfil do aluno presente nessas instituições de ensino, crianças e jovens chamados “nativos digitais”, e a partir dai compreendermos o desafio que está posto diante da Educação Escolar. É função social da escola incluir as pessoas em todos os aspectos, respeitando as diversidades, construir aprendizagens para a vida, fazer pensar, refletir, criticar, agir, tomar decisões, apontar soluções.Também é função social da escola transformar realidades já postas, possibilitando melhores perspectivas de vida, de crescimento pessoal e profissional, em resumo, a função social da escola é formar cidadãos, é melhorar pessoas. Sob este prisma, as TIC se configuram em fortes aliadas no cumprimento desta função, pois proporcionam interação, integração com o mundo, facilitando inquestionavelmente a construção e disseminaçãodo conhecimento na sua amplitude, e considerandoo perfil do público que atende, a escola deve utilizar-se das mesmas como recurso metodológico com o intuito de dinamizar a ação docente e motivaros educandos para o desafio da descoberta, do conhecimento e da realização pessoal, proporcionando autonomia e estimulando o aprender a aprender. Para tanto, se faz necessário criar, inovar e praticar um novo currículo, com metodologias e estratégias de ação diferenciadas e diversificadas. Mas, não basta isto. A prática do educador também precisa ser mudada, com novas ações que levem o educando a ter mais autonomia e cidadania, e isso se faz possível através do ensino com as novas ferramentas tecnológicas, as quais podem ser auxílio, meio para isto. Quanto à formação dos professores, esta como processo sistemático e organizado, precisa ser realizada de forma crítica e reflexiva, devendo ser constantemente avaliada, pois implica no ato de aprender a ensinar, o qual requermetacognição, conhecimento prático, investigação, trabalho colaborativo e socialização. Assim, é preciso tomar como ponto de partida as
  • 14. experiênciasdo professor, seus distintossaberes, e, sobretudo, a discussão do papel da tecnologia para o ensino-aprendizagem na realidade investigada. A cada educador, cabe discutir e propor caminhos em direção a sua formação para o uso das tecnologias com vistas educacionais, gerindo e participando ativamente do seu processo de formação, questionando as aplicações e as oportunidades que se abrem para uma nova forma de educar com o uso da TIC, sempre buscando superar suas limitações, a fim de oferecer um ensino-aprendizagem de excelência. Ao poder público, é valido reforçar, cabe criar e oferecer políticas públicas, que respeitem a realidade dos sujeitos envolvidos, teorias que se tornem efetivas práticas, que se configurem sem exclusão. Por fim, é mister a contribuição que as Tecnologias de Informação e Comunicação podem oferecer para o cumprimento da função social da escola, posto que,essas Tecnologias também cumprem uma função social e exercem enorme influência perante a sociedade, tornando-a cada vez mais autônoma.
  • 15. Referências Bibliográficas BRASIL. Decreto nº 6.300 de 12 de Dezembro de 2007. Dispõe sobre o Programa Nacional de Tecnologia Educacional - Proinfo. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/2007/Decreto/D6300.htm> Acesso em: 06 de junho de 2013. ______. MEC. Proinfo Integrado. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1315 6> Acesso em: 02 de junho de 2013. _______. PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais, 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental: Introdução. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. ______. PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais, 1ª a 4ª: Introdução. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. ______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média etecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999. DELORS, J. (Org.). Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez MEC/UNESCO, 1998. FIORENTINI, L. M. R. (org.) et al. Introdução Brasília: MEC/SEED - Proinfo Integrado, 2008. à Educação Digital. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro. 2001. FRIGOTTO, Gaudêncio.A produtividade da escola improdutiva:um (re) exame das relações entre educação e estrutura econômico-social e capitalista. 4ªed. São Paulo: Cortez, 1993. MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO. 2000.
  • 16. NÓVOA, Antonio. Relação escola e sociedade: “novas respostas para um velho problema”. In: Volpato, R. et al. Formação de professores. São Paulo: Edunesp, 1998.p.19-39. PASSERINO, Liliana M. Apontamentos para uma reflexão sobre a função social das tecnologias no processo educativo. Texto Digital. Vol. 6, Nº1, 2010. Disponível em <http://www.journal.ufsc.br/index.php/textodigital/article/view/14338/13164> Acesso em: 03 de fevereiro de 2013. SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política. 33. ed.Campinas: Autores Associados, 2000. SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Orientações curriculares: proposições de expectativas de aprendizagem- Tecnologias de Informação e Comunicação/Secretaria Municipal de Educação- São Paulo: SME/DOT, 2010. SCHULTZ, Theodore W. O Capital Humano: Investimentos em Educação e Pesquisa. Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1971. UNESCO. Educação para todos: o imperativo da qualidade: relatório conciso. 2005. Disponível em<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001373/137334POR.pdf>Acessad o em: 16 set. 2009. VALENTE, J. A. Criando ambientes de aprendizagem via rede telemática: experiências na formação de professores para o uso da informática na educação. In: _______. (Org.) Formação de educadores para o uso da informática na escola. Campinas/SP: UNICAMP/NIED, 2003. p. 1-20.