1. TEMA: O CORPO DE CRISTO Origem,
Natureza, e Vocação da Igreja no Mundo
2. INTRODUÇÃO
TEXTO ÁUREO
“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do
Espírito Santo.” (At 2.38)
VERDADE PRATICA
A Igreja é a família de Deus, comprada com o sangue de Cristo e selada
com o Espírito Santo.
OBJETIVOS
Descrever a trajetória do povo de Deus na Bíblia e na história;
Apresentar a Igreja como criação divina;
Identificar a Igreja como a comunidade de salvos.
Definição importante: Eclesiologia é o ramo da teologia que estuda a
natureza, a origem, a estrutura e a missão da igreja cristã. Em resumo, a
eclesiologia busca compreender o significado e o propósito da igreja
dentro do plano de Deus para a redenção da humanidade.
3. INTRODUÇÃO
ORIGEM, NATUREZA E VOCAÇÃO DA IGREJA NO
MUNDO
Origem: A origem da igreja está fundamentada na obra
redentora de Jesus Cristo. Ele mesmo disse em Mateus
16.18: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela". A igreja tem sua
origem na morte e ressurreição de Cristo, e foi estabelecida
no dia de Pentecoste.
Natureza: A natureza da Igreja é espiritual, pois ela é
formada por pessoas que nasceram de novo pela fé em
Jesus. A Igreja é santa, pois ela é separada do pecado e
consagrada a Deus. A Igreja é universal, pois ela abrange
todos os salvos em Cristo, de todas as nações, línguas e
culturas. A Igreja é local, pois ela se reúne em comunidades
específicas, para adorar a Deus, edificar uns aos outros e
testemunhar do evangelho.
4. Vocação: A vocação da Igreja é glorificar a Deus em tudo o
que faz. A Igreja é chamada a ser o sal da terra e a luz do
mundo, influenciando positivamente a sociedade com os
valores do Reino de Deus. A Igreja é enviada a pregar o
evangelho a toda criatura, fazendo discípulos de todas as
nações. A Igreja é equipada com dons espirituais, para
servir uns aos outros e ao próximo com amor. A Igreja é
esperançosa, pois ela aguarda a volta de Cristo, que a levará
para a glória eterna.
VERDADE PRÁTICA
A Igreja é a família de Deus, comprada com o sangue de
Cristo e selada com o Espírito Santo.
5. Família de Deus: Portanto, vocês já não são estrangeiros nem
forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família
de Deus (Ef 2.19).
O preço pago pela igreja: Vocês foram comprados por alto
preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo.
(1Co 6.20 ). Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas
perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da
sua maneira vazia de viver, transmitida por seus antepassados,
mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem
mancha e sem defeito (1Pe 1.18).
O selo do Espírito: A mesma coisa aconteceu também com
vocês. Quando ouviram a verdadeira mensagem, a boa notícia
que trouxe para vocês a salvação, vocês creram em Cristo. E
Deus pôs em vocês a sua marca de proprietário quando lhes
deu o Espírito Santo, que ele havia prometido. O Espírito
Santo é a garantia de que receberemos o que Deus prometeu
ao seu povo, e isso nos dá a certeza de que Deus dará liberdade
completa aos que são seus. Portanto, louvemos a sua glória.
(Ef 1.13,14).
6. A LIÇÃO DIZ: Nesta lição, mostraremos o que a
Bíblia, de fato, revela sobre a Igreja de Deus. Veremos
que a ekklesia, a Igreja de Deus, longe de ser
meramente uma associação de pessoas, é uma
instituição divina.
7. I. O POVO DE DEUS NA BÍBLIA E NA HISTÓRIA
1.1 No Antigo Testamento.
A LIÇÃO DIZ: O termo hebraico qahal é usado para se referir a um
ajuntamento do povo de Deus debaixo do Antigo Pacto. Nesse aspecto,
o seu uso é o de “uma convocação para uma assembleia” ou “o ato de
reunir-se em assembleia”. Dessa forma, qahal é descrito como o povo
reunido (Dt 4.10); congregação do povo (Jz 20.2); multidão (1 Sm 17.47
– NAA); congregação (1 Rs 8.22); congregação de Israel (1 Cr 13.2) e
grande ajuntamento (Ne 5.7). O termo qahal, portanto, no contexto do
Antigo Testamento, se refere ao Israel étnico, uma nação que se
juntava ou reunia tanto com fins cúlticos ou não.
O Pastor José Gonçalves está analisando o Antigo
Testamento e destacando que, nesse período, Deus tinha
um povo que não era a igreja. Isso revela sua abordagem
eclesiológica, que é dispensacionalista, pois ele reconhece a
distinção entre Israel e a Igreja.
8. 1.2 No Novo Testamento
A LIÇÃO DIZ: O termo grego ekklesia se refere à igreja cristã.
Contudo, no contexto neotestamentário, o seu sentido diferirá
do que lhe é dado no Antigo Testamento, tanto na forma como
na função. Não é apenas uma raça ou nação, mas todos aqueles,
de diferentes raças e nações, que foram comprados pelo sangue
de Cristo (Ef 3.6; At 20.28; Ap 5.9).
O pastor José Gonçalves, ao definir e comparar os termos
"qahal" e "ekklêsia", chegou à conclusão de que a Igreja não
existia no Antigo Testamento e que a Igreja não substituiu
Israel no Plano de Deus. Portanto, Israel e a Igreja são
entidades distintas, e Deus lidará com cada uma de forma
singular.
9. 1.3 Na história cristã
Há diferença entre a eclesiologia católica romana e a
eclesiologia protestante.
A LIÇÃO DIZ: Há quem creia que a Igreja subsiste
governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em
comunhão com ele. Evidentemente, a tradição
protestante rejeita esse conceito, visto que ele não
reflete o contexto do Novo Testamento onde a figura do
sucessor de Pedro é totalmente estranha e
desconhecida.
10. Eclesiologia Católica
Romana
"A Igreja Santa, Católica,
Apostólica e Romana como a
mãe e mestra de todas as
igrejas [...] o Pontífice
Romano, o sucessor do bem
aventurado Pedro, chefe dos
apóstolos e representante
[vicarius] de Jesus Cristo [...]
Esta verdadeira fé católica
(sem a qual ninguém pode
estar em estado de salvação)“
Observa-se que a igreja
católica é posta como sendo a
Igreja-mãe; o Papa, como
sendo o sucessor do apóstolo
Pedro e vigário de Cristo, e a
fé católica, como garantia de
salvação.
Eclesiologia Protestante
A Declaração de Fé das
Assembleias de Deus diz:
A Igreja foi fundada por
nosso Senhor Jesus Cristo,
pois Ele mesmo disse: "sobre
esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela"
(Mt 16.18). Essa pedra é o
próprio Cristo.
A igreja que persevera e
vence a morte e o inferno,
não poderia está fundamenta
em um homem frágil. O
próprios Pedro reconhece
que Cristo é a Pedra (1 Pe 2.4-
8). Cristo é o fundamento.
11. II. A IGREJA COMO CRIAÇÃO DIVINA
2.1 A Igreja como um ideal de Deus.
A LIÇÃO DIZ: Desde a eternidade, a Igreja estava no coração de
Deus e foi idealizada por Ele. Em sua essência, ela é um projeto
divino: “Como também nos elegeu nele [Cristo] antes da fundação
do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele
em amor” (Ef 1.4).Na sua Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo fala
de um “mistério” que estava oculto (Ef 3.3-6). Esse mistério que
fora revelado era exatamente a Igreja! Na mente de Deus,
portanto, a Igreja já existia.
Quando Deus, na sua presciência, previu a queda do homem que
haveria de criar, por seu grande amor concebeu um plano de
salvação para esse homem, e isso através do sacrifício do seu Filho
amado (cf. Ef 1.4,5; 1 Pe 1.19,20).
Foi então que a Igreja surgiu como um plano embrionário no
coração de Deus. Esse embrião se manteve “oculto em mistério”
(cf. 1 Co 2.7) desde os séculos dos séculos, até que o Pai, na
plenitude dos tempos, o quis revelar pelo Espírito Santo (cf. Ef 3.2-
6; 1 Co 2.10).
12. 2.2 A Igreja como uma realidade concreta.
A LIÇÃO DIZ: Como vimos, a Igreja não ficou apenas na
mente de Deus; ela passou a existir de uma forma
concreta. “Quando a Igreja passou a existir de fato?
Quando ela se estabeleceu na sua forma concreta?” A
maioria dos teólogos defende que foi no Pentecostes. A
Igreja, por exemplo, não é citada nos Evangelhos de
Marcos, Lucas e João. Mateus fala de sua existência, mas
como um evento futuro (Mt 16.18).
O pastor José Gonçalves, como exposta na revista e no
livro de apoio, segue a corrente teológica de que a igreja
nasceu em Pentecostes. Essa posição é defendida por
Pentecostais e Reformados. Tomando por base Efésios
3.1-6, Norman Geisler pontua algumas razões por
que a igreja começou no Pentecostes:
13. Diversos fatos deixam claro que a igreja não começou até depois da
ascensão de Cristo.
Primeiro, ela envolvia um "mistério", o que significa algo antes escondido,
oculto, e agora revelado.
Segundo, o mistério não foi revelado até o período dos "apóstolos e profetas do
Novo Testamento.
Terceiro, este período teve lugar depois do Antigo Testamento, um a vez que não
foi em "outros séculos" antes do período em que Paulo escreveu.
Quarto, gramaticalmente, "apóstolos" e "profetas" estão ambos precedidos por
um artigo ("aos seus santos apóstolos e profetas"), indicando que devem ser
considerados como uma única classe.
Quinto, os "apóstolos e profetas do Novo Testamento" eram a base da igreja, o
que mostra que a igreja se iniciou com eles.
Sexto, Cristo é a "principal pedra da esquina" (Ef 2.20), e o edifício não pode
existir, a menos que a pedra da esquina esteja no lugar.
Sétimo, e finalmente, Efésios 3.4,5 (juntamente com passagens paralelas) revela
que esta igreja do "mistério" não existiu antes do tempo de Cristo: A igreja é o
mistério de Cristo, não revelado em outras gerações "como, agora, tem sido
revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas“.
Os gentios não eram coerdeiros das bênçãos de Deus, mas estavam "separados
da comunidade de Israel" (Ef 2.12); e a parede de separação que estava no meio
não foi derrubada (v. 14) até que a Cruz recebesse o suporte de Romanos
16.25,26: "[Ele] é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a
pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos
eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora".
14. 2.3 A Igreja no Pentecostes.
A LIÇÃO DIZ: Depois do Pentecostes, Lucas destaca que “todos os
dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”
(At 2.47). Dessa forma, a Igreja, que existia apenas no coração e na
mente de Deus, se tornava uma realidade concreta quando o Espírito
Santo é derramado no Pentecostes após a ressurreição de Jesus (At
2.1,2).
O livro de Atos detalha o início da igreja e sua propagação
miraculosa através do poder do Espírito Santo.
Dez dias após a ascensão de Jesus ao céu (At 1.9), o Espírito Santo foi
derramado sobre 120 seguidores de Jesus que estavam reunidos em
oração (At 1.15, 2.1-4). Esses discípulos, que anteriormente haviam
tremido de medo de serem associados a Jesus (Mc 14.30, 50), foram
subitamente capacitados a proclamar corajosamente o evangelho do
Messias ressuscitado, validando sua mensagem com sinais milagrosos
e maravilhas (At 2.4, 41, 3.6-7, 8.7).
Durante a Festa de Pentecostes, milhares de judeus de todas as partes
do mundo estavam em Jerusalém. Eles ouviram o evangelho em suas
próprias línguas (At 2.5-8) e muitos creram (At 2.41; 4.4). Os que
foram salvos foram batizados, contribuindo para o crescimento diário
da igreja. Quando a perseguição começou, os crentes se dispersaram,
levando a mensagem do evangelho consigo, e a igreja se espalhou
rapidamente por todas as partes da terra conhecida (At 8.4; 11.19-21)
15. O início da igreja envolveu judeus em Jerusalém, mas logo se
espalhou para outros grupos de pessoas.
Em Atos 10, Deus deu a Pedro uma visão que o ajudou a compreender
que a mensagem de salvação não se limitava aos judeus, mas estava
aberta a todos que acreditassem (At 10.34-35, 45). As experiências de
salvação do eunuco etíope (At 8.26-39) e do centurião italiano Cornélio
(Atos 10) convenceram os crentes judeus de que a igreja de Deus era
mais ampla do que imaginavam.
O chamado milagroso de Paulo no caminho de Damasco (At 9.1-19)
preparou o terreno para uma difusão ainda maior do evangelho entre os
gentios (Rm 15.16; 1 Tm 2.7).
Se observa vemos que Lucas não emprega ekklêsia no seu evangelho,
mas a palavra aparece 24 vezes em Atos dos Apóstolos.
Este fato sugere que Lucas não tinha nenhum conceito da presença da
Igreja antes do período abrangido em Atos. Imediatamente após aquele
grande dia em que o Espírito Santo foi derramado sobre os crentes
reunidos, a Igreja começou a propagar poderosamente o Evangelho,
conforme fora predito pelo Senhor ressurreto em Atos 1.8. A partir
daquele dia, a Igreja continuou a propagar-se e a aumentar no mundo
inteiro, mediante o poder e orientação daquele mesmo Espírito Santo.
16. III. A IGREJA COMO A COMUNIDADE DOS SALVOS
3.1 Regenerados pelo sangue de Cristo.
A LIÇÃO DIZ: : No Pentecostes, o apóstolo Pedro disse:
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome
de Jesus Cristo para perdão dos pecados” (At 2.38). Com
essas palavras, o apóstolo Pedro estava dizendo como se dá
o ingresso de uma pessoa na Igreja, ou seja, por meio do
arrependimento e do batismo.
A Igreja é uma comunidade cristã formada por pessoas
regeneradas que fizeram uma pública profissão de fé. O
ingresso de alguém à Igreja não se dá por adesão, mas pela
conversão. É exatamente esse o sentido da palavra grega
metanoeo, traduzida aqui por arrependimento. Significa
uma mudança de mente. Assim, a Igreja é formada por
pessoas que estavam no pecado, a caminho da
condenação eterna, mas que, graças ao Evangelho,
tiveram suas vidas transformadas.
17. 3.2 Selados pelo Espírito Santo.
A LIÇÃO DIZ: Já foi dito que a Igreja tem sua origem no dia de
Pentecostes. Por meio do Espírito de Deus, somos batizados no Corpo
de Cristo, a Igreja, então, passamos a fazer parte dela. É exatamente
isso o que o apóstolo Paulo diz aos Coríntios na sua Primeira Carta:
“Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um
corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos
temos bebido de um Espírito” (1 Co 12.13).
Diferença entre bastimos em águas e o batismo do Espírito
Santo:
O batismo do Espírito Santo é a operação divina por meio da qual o
cristão se torna parte do Corpo de Cristo. Não é sinônimo do batismo
com água, como deixam claro Mateus 3.11; João 1.33 e Atos 1.5. Por
exemplo, geralmente, os candidatos ao batismo em águas já são
pessoas convertidas que foram batizadas pelo Espírito no corpo de
Cristo.
O batismo em águas é uma declaração pública de fé e o meio pelo
qual o crente ingressa como membro na igreja local. Assim como
muitos irmãos, antes do batismo nas águas já fazem parte do corpo de
Cristo, ou seja, são membros da igreja invisível, muitos se batizam nas
águas, passam a fazer parte da igreja local, mas não da igreja
espiritual. O batismo nas águas não é sinônimo de salvação.
18. 3.3 O Batismo de Cristo e do Espírito.
Quando recebemos a Cristo como Salvador, é o Espírito
Santo que nos batiza no Corpo de Cristo. Esse é um
batismo de iniciação. Ele faz de nós membros do Corpo de
Cristo. A igreja, isto é, o Corpo de Cristo, é o elemento em
que somos batizados, e o Espírito Santo (1 Co 12.13) é o
agente desse batismo.
Por outro lado, o batismo no Espírito, no qual Cristo é o
agente, é um batismo de capacitação (At 2.1-4; 10.44-46;
19.1-6). São, portanto, duas coisas diferentes.
Em resumo, vimos que:
O desenvolvimento do povo de Deus é mostrado ao longo
da Bíblia e da história cristã.
A Igreja surgiu como o ideal de Deus na eternidade e
tornou-se realidade concreta no Pentecostes.
Como comunidade dos salvos, a Igreja é a reunião dos
regenerados pelo sangue de Cristo e selados pelo Espírito
19. CONCLUSÃO
Três pontos se destacam ganham ênfase na conclusão:
Origem divina da Igreja. A lição nos levou a compreender que
a Igreja não é uma instituição humana, mas sim uma criação de
Deus. Sua fundação está enraizada no plano divino, e sua
manifestação no Novo Testamento é resultado da obra redentora
de Cristo e da atuação do Espírito Santo.
Fundamento em Cristo. A lição enfatizou o fato de que a Igreja
tem Cristo como seu fundamento nos levando a refletir sobre a
importância de manter Jesus como o centro de nossa fé e prática
cristã. Isso nos desafia a buscar uma comunhão mais profunda
com Cristo e a viver de acordo com os princípios que ele
estabeleceu para a sua Igreja.
Privilegio de pertencer à Igreja. A lição ressaltou o privilégio
de fazer parte da Igreja, o Corpo de Cristo. Devemos valorizar a
comunhão e a participação ativa na vida da Igreja.