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A ideologia subjacente aos textos didáticos
Um lar feliz
Pedrinho e Tetê eram dois irmãozinhos amigos [...]
Dona Marina e Seu Joaquim eram alegres e companheiros dos filhos.
Benedita era a cozinheira da casa [...]
Tetê e Pedrinho gostavam muito da vovó Chiquinha. Ela morava pertinho da casa dos netinhos [...]
Nesta família havia paz e alegria.
A família
Aqui está uma família. São seis pessoas: papai, mamãe e quatro filhos [...]. Formam uma família feliz, porque se
estimam muito.
Não pensem que são ricos. Vivem unidos e procuram entender-se sempre.
Os filhossão bons e, mesmo fazendo suas travessuras, agradam aos pais. Eles estudam direito as lições e ajudam em
tudo.
Papai trabalha para sustentar a casa e mamãe trata do lar, do marido e dos filhos.
Vocês todos devem ser assim.
Análise dos dois primeiros textos
Uma família pode ser unida e feliz, mesmo sendo pobre. Isso significa que a necessidade de melhor distribuição de
bens,maiorjustiçasocial,nãoé primordial para a felicidade da família ou a para a ordem e felicidade social. Assim se
justifica a injustiça social.
A ideia de que os pais trabalham, os filhos estudam e os membros da família se cooperam sugere que a felicidade, a
segurança e a tranquilidade dependem única e exclusivamente da própria família, como se ela fosse uma
microestrutura e não estivesse inserida numa macroestrutura, que envolve toda a sociedade.
Minha casa
Moro numa casa grande e branca. As janelas são verdes.
Minha casa fica num pequeno morro. Dali eu avisto o mar.
Na frente dacasa há um jardim cheio de flores e plantas. Quem cuida dele é o jardineiro Tião. No quintal tem muitas
árvores. É ali que eu brinco com minha irmãzinha Odete e meus amiguinhos. Em casa eu tenho o carinho de papai e
mamãe.
Gosto tanto de minha casa!
Aqui é possível perceber, de forma implícita, a desfiguração da realidade. A descrição da casa, com a beleza de um
jardime com o cuidador(o jardineiroTião),porexemplo,é perfeitademais para ser verdadeira. Ou seja, parece que o
ambiente descritoé algofictício.Outrofatoré o estereótipodonome dadoaojardineiro:Tião.Umnome estereotipado
como sendo de pessoa de baixa condição sócio-econômica-cultural.
O trabalho
Tal como a chuva cai / fecunda a terra, no estio, / para fecundar a vida / o trabalho se inventou.
Feliz quem pode orgulhoso / dizer: ‘Nunca fui vadio, / e, se hoje sou venturoso / devo ao trabalho o que sou!
É preciso, desde a infância, / ir preparando o futuro, / para chegar à abundância, / é preciso trabalhar.
O trabalhoé consideradouma dasmaioresvirtudesque oserhumanopode ter,porque ele traza abundânciae eleva o
homem, não sendo assim um “vadio”. Mas se esse trabalho não for ofertado a todos? E se a oportunidade não chega
para todos,principalmente emumpaísque é considerado a 4ª sociedade com mais injustiça social na América Latina?
Fica implícito, então, que quem não trabalha, mesmo que seja por falta de oportunidades, é vagabundo.
A festa de Luciana
A sala estava toda enfeitada de bexigas coloridas.
A meninadatomoulugarà mesa. Estava linda! Havia sanduíches, doces guaranás e um bonito bolo com oito velinhas.
Antes de as férias terminarem, o papai de Carlinhos passou uns dias na praia com a família. Afinal, os meninos
estudaram muito durante as aulas e mereciam o passeio.
Essesdoispequenostextospassa-nosaideia(o1º) de que toca criança nessafaixa-etáriade idade tem a oportunidade
de ter um aniversáriocomtodaessaharmoniaentre a famíliae os coleguinhas,oque foge àrealidade de boaparte das
famíliasbrasileiras.O2º textotraz o estereótipo de que ter uma casa de veraneio é algo extremamente normal entre
as famíliasbrasileiras;outroengodo.Essarealidade,ou ficção, é uma verdade fora dos padrões da grande maioria das
famílias em nossa sociedade.
A casa da vovó
A casa da vovó é grande e bonita.
Fica situada em um sítio.
VovóLica ofereceu um grande almoço. Na mesa havia tudo de que eles gostavam: arroz de forno, peru, leitão. Como
sobremesa, fios de ovos, manjar branco e frutas.
Férias no sítio da vovó
Gosto tanto das férias na casa de campo da vovó que eu queria que não acabassem mais.
Renato está na fazenda dos avós.
A observação para o textoanteriorserve perfeitamente para este; assim como é frequente ter uma casa de praia para
passar as férias, também é frequente toda família ter uma avó com condição socioeconômica elevada, permitindo,
assim, aos netinhos sempre desfrutar de um local bucólico aconchegante nas férias.

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  • 1. A ideologia subjacente aos textos didáticos Um lar feliz Pedrinho e Tetê eram dois irmãozinhos amigos [...] Dona Marina e Seu Joaquim eram alegres e companheiros dos filhos. Benedita era a cozinheira da casa [...] Tetê e Pedrinho gostavam muito da vovó Chiquinha. Ela morava pertinho da casa dos netinhos [...] Nesta família havia paz e alegria. A família Aqui está uma família. São seis pessoas: papai, mamãe e quatro filhos [...]. Formam uma família feliz, porque se estimam muito. Não pensem que são ricos. Vivem unidos e procuram entender-se sempre. Os filhossão bons e, mesmo fazendo suas travessuras, agradam aos pais. Eles estudam direito as lições e ajudam em tudo. Papai trabalha para sustentar a casa e mamãe trata do lar, do marido e dos filhos. Vocês todos devem ser assim. Análise dos dois primeiros textos Uma família pode ser unida e feliz, mesmo sendo pobre. Isso significa que a necessidade de melhor distribuição de bens,maiorjustiçasocial,nãoé primordial para a felicidade da família ou a para a ordem e felicidade social. Assim se justifica a injustiça social. A ideia de que os pais trabalham, os filhos estudam e os membros da família se cooperam sugere que a felicidade, a segurança e a tranquilidade dependem única e exclusivamente da própria família, como se ela fosse uma microestrutura e não estivesse inserida numa macroestrutura, que envolve toda a sociedade. Minha casa Moro numa casa grande e branca. As janelas são verdes. Minha casa fica num pequeno morro. Dali eu avisto o mar. Na frente dacasa há um jardim cheio de flores e plantas. Quem cuida dele é o jardineiro Tião. No quintal tem muitas árvores. É ali que eu brinco com minha irmãzinha Odete e meus amiguinhos. Em casa eu tenho o carinho de papai e mamãe. Gosto tanto de minha casa! Aqui é possível perceber, de forma implícita, a desfiguração da realidade. A descrição da casa, com a beleza de um jardime com o cuidador(o jardineiroTião),porexemplo,é perfeitademais para ser verdadeira. Ou seja, parece que o ambiente descritoé algofictício.Outrofatoré o estereótipodonome dadoaojardineiro:Tião.Umnome estereotipado como sendo de pessoa de baixa condição sócio-econômica-cultural. O trabalho Tal como a chuva cai / fecunda a terra, no estio, / para fecundar a vida / o trabalho se inventou. Feliz quem pode orgulhoso / dizer: ‘Nunca fui vadio, / e, se hoje sou venturoso / devo ao trabalho o que sou! É preciso, desde a infância, / ir preparando o futuro, / para chegar à abundância, / é preciso trabalhar. O trabalhoé consideradouma dasmaioresvirtudesque oserhumanopode ter,porque ele traza abundânciae eleva o homem, não sendo assim um “vadio”. Mas se esse trabalho não for ofertado a todos? E se a oportunidade não chega para todos,principalmente emumpaísque é considerado a 4ª sociedade com mais injustiça social na América Latina? Fica implícito, então, que quem não trabalha, mesmo que seja por falta de oportunidades, é vagabundo. A festa de Luciana
  • 2. A sala estava toda enfeitada de bexigas coloridas. A meninadatomoulugarà mesa. Estava linda! Havia sanduíches, doces guaranás e um bonito bolo com oito velinhas. Antes de as férias terminarem, o papai de Carlinhos passou uns dias na praia com a família. Afinal, os meninos estudaram muito durante as aulas e mereciam o passeio. Essesdoispequenostextospassa-nosaideia(o1º) de que toca criança nessafaixa-etáriade idade tem a oportunidade de ter um aniversáriocomtodaessaharmoniaentre a famíliae os coleguinhas,oque foge àrealidade de boaparte das famíliasbrasileiras.O2º textotraz o estereótipo de que ter uma casa de veraneio é algo extremamente normal entre as famíliasbrasileiras;outroengodo.Essarealidade,ou ficção, é uma verdade fora dos padrões da grande maioria das famílias em nossa sociedade. A casa da vovó A casa da vovó é grande e bonita. Fica situada em um sítio. VovóLica ofereceu um grande almoço. Na mesa havia tudo de que eles gostavam: arroz de forno, peru, leitão. Como sobremesa, fios de ovos, manjar branco e frutas. Férias no sítio da vovó Gosto tanto das férias na casa de campo da vovó que eu queria que não acabassem mais. Renato está na fazenda dos avós. A observação para o textoanteriorserve perfeitamente para este; assim como é frequente ter uma casa de praia para passar as férias, também é frequente toda família ter uma avó com condição socioeconômica elevada, permitindo, assim, aos netinhos sempre desfrutar de um local bucólico aconchegante nas férias.