O documento analisa as causas de óbito no Estado de São Paulo de 1999 a 2001 segundo a raça/cor. Foi encontrada associação significativa entre causas de óbito e raça/cor, com perfis de morte diferentes para brancos, pretos e pardos. Pretos e pardos apresentam maior mortalidade por causas externas, complicações na gravidez/parto e causas mal definidas, enquanto brancos apresentam maior mortalidade por doenças.
MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E S...pesquisaracaesaude
O documento analisa as desigualdades raciais e de gênero na mortalidade evitável na região Sul do Brasil em 2000, mostrando maiores taxas entre homens e mulheres negros em comparação aos brancos. O estudo examinou 152.426 óbitos por causas, cor, sexo e faixa etária, revelando maiores taxas de mortalidade geral e evitável entre negros. As principais causas de morte variaram entre grupos. A ausência de registro de cor em certos grupos também distorceu os dados de mortalidade de minorias raciais
Discriminação racial e de gênero em discursos de mulheres negras com anemia f...Priscila Silva
Este estudo teve como objetivo identificar e descrever práticas de discriminação racial e de gênero nos serviços de saúde referidas por mulheres negras com anemia falciforme. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas com 10 mulheres negras em Salvador e analisadas usando a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Os resultados mostraram tratamentos injustos, descortês e humilhantes nos serviços de saúde, revelando discriminação racial e de gênero de forma indireta.
0647 - L - Coleção Ábia - Saúde sexual e reprodutiva - nº 3bibliotecasaude
1. A epidemia de AIDS no Brasil inicialmente afetou mais homens, mas agora está se tornando mais feminina com um aumento na proporção de mulheres entre os novos casos.
2. Isso ocorre devido às desigualdades sociais e de gênero, com a transmissão heterossexual agora sendo o principal motor da epidemia.
3. Diferentemente de países europeus, a proporção de mortes por AIDS entre mulheres brasileiras continua a crescer.
O artigo descreve a organização do movimento negro brasileiro para a III Conferência contra o Racismo das Nações Unidas. Destaca a importante participação da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras, que garantiu conquistas nos documentos finais da Conferência em defesa das mulheres negras. A autora analisa os conflitos na Conferência que evidenciam as relações entre racismo, colonialismo e interesses econômicos ocidentais.
This document is an event poster advertising a poetry slam featuring Adriana E. Ramirez to take place on Wednesday, October 22nd at 8:00pm in the Waterfront Room of the Hunt College Union at SUNY Oneonta. The slam is free and open to the first 10 SUNY Oneonta students who sign up. It is the last slam to qualify for the Grand Slam on November 12th to determine the 2014-15 SUNY Oneonta Poetry Slam Team. The featured poet, Adriana E. Ramirez, is a nonfiction writer and performance poet from Pittsburgh.
Linux Platform Engineer job in London, see @Rowan_abrsMark Long
This role involves ensuring stable and standardized Linux environments for running broadcast applications. The Linux Platform Engineer will develop installation and testing mechanisms, perform platform tuning, support security standards, qualify OS and clustering versions, and provide support to delivery and support teams when issues arise. Candidates should have experience troubleshooting Linux platforms and a strong understanding of Linux. Desired skills include advanced platform tuning, experience with Linux clustering and Oracle/SQL. The role offers benefits such as 25 days of holiday, private healthcare, and a pension scheme.
O documento discute a importância de considerar a raça/cor na saúde da população negra no Brasil. Aponta que negros enfrentam maiores dificuldades de acesso a serviços de saúde e que apresentam piores indicadores de saúde em comparação com brancos, como maior risco de mortalidade infantil e materna. Também relata que a coleta de dados desagregados por raça/cor é essencial para identificar as desigualdades raciais e desenvolver políticas públicas que promovam a equidade no sistema de
Este documento describe diferentes periféricos mixtos que pueden funcionar como entrada o salida, incluyendo pantallas táctiles, cámaras digitales, adaptadores Bluetooth y WiFi, placas de sonido y capturadoras de video. También explica brevemente los módems, placas de red y capturadoras de video, destacando que los módems convierten señales digitales a analógicas, las placas de red permiten la comunicación y compartición de recursos en una red, y las capturadoras de video permiten importar video de otras
MORTALIDADE EVITÁVEL NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2000: DESIGUALDADES RACIAIS E S...pesquisaracaesaude
O documento analisa as desigualdades raciais e de gênero na mortalidade evitável na região Sul do Brasil em 2000, mostrando maiores taxas entre homens e mulheres negros em comparação aos brancos. O estudo examinou 152.426 óbitos por causas, cor, sexo e faixa etária, revelando maiores taxas de mortalidade geral e evitável entre negros. As principais causas de morte variaram entre grupos. A ausência de registro de cor em certos grupos também distorceu os dados de mortalidade de minorias raciais
Discriminação racial e de gênero em discursos de mulheres negras com anemia f...Priscila Silva
Este estudo teve como objetivo identificar e descrever práticas de discriminação racial e de gênero nos serviços de saúde referidas por mulheres negras com anemia falciforme. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas com 10 mulheres negras em Salvador e analisadas usando a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Os resultados mostraram tratamentos injustos, descortês e humilhantes nos serviços de saúde, revelando discriminação racial e de gênero de forma indireta.
0647 - L - Coleção Ábia - Saúde sexual e reprodutiva - nº 3bibliotecasaude
1. A epidemia de AIDS no Brasil inicialmente afetou mais homens, mas agora está se tornando mais feminina com um aumento na proporção de mulheres entre os novos casos.
2. Isso ocorre devido às desigualdades sociais e de gênero, com a transmissão heterossexual agora sendo o principal motor da epidemia.
3. Diferentemente de países europeus, a proporção de mortes por AIDS entre mulheres brasileiras continua a crescer.
O artigo descreve a organização do movimento negro brasileiro para a III Conferência contra o Racismo das Nações Unidas. Destaca a importante participação da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras, que garantiu conquistas nos documentos finais da Conferência em defesa das mulheres negras. A autora analisa os conflitos na Conferência que evidenciam as relações entre racismo, colonialismo e interesses econômicos ocidentais.
This document is an event poster advertising a poetry slam featuring Adriana E. Ramirez to take place on Wednesday, October 22nd at 8:00pm in the Waterfront Room of the Hunt College Union at SUNY Oneonta. The slam is free and open to the first 10 SUNY Oneonta students who sign up. It is the last slam to qualify for the Grand Slam on November 12th to determine the 2014-15 SUNY Oneonta Poetry Slam Team. The featured poet, Adriana E. Ramirez, is a nonfiction writer and performance poet from Pittsburgh.
Linux Platform Engineer job in London, see @Rowan_abrsMark Long
This role involves ensuring stable and standardized Linux environments for running broadcast applications. The Linux Platform Engineer will develop installation and testing mechanisms, perform platform tuning, support security standards, qualify OS and clustering versions, and provide support to delivery and support teams when issues arise. Candidates should have experience troubleshooting Linux platforms and a strong understanding of Linux. Desired skills include advanced platform tuning, experience with Linux clustering and Oracle/SQL. The role offers benefits such as 25 days of holiday, private healthcare, and a pension scheme.
O documento discute a importância de considerar a raça/cor na saúde da população negra no Brasil. Aponta que negros enfrentam maiores dificuldades de acesso a serviços de saúde e que apresentam piores indicadores de saúde em comparação com brancos, como maior risco de mortalidade infantil e materna. Também relata que a coleta de dados desagregados por raça/cor é essencial para identificar as desigualdades raciais e desenvolver políticas públicas que promovam a equidade no sistema de
Este documento describe diferentes periféricos mixtos que pueden funcionar como entrada o salida, incluyendo pantallas táctiles, cámaras digitales, adaptadores Bluetooth y WiFi, placas de sonido y capturadoras de video. También explica brevemente los módems, placas de red y capturadoras de video, destacando que los módems convierten señales digitales a analógicas, las placas de red permiten la comunicación y compartición de recursos en una red, y las capturadoras de video permiten importar video de otras
1. O estudo analisa os desafios no estudo da mortalidade materna no Brasil, incluindo questões de gênero, raça e acesso aos serviços de saúde.
2. Os resultados encontram maiores taxas de mortalidade materna entre mulheres negras, especialmente as pretas, com maiores riscos relativos variando de 2,3 a 8,2 vezes em comparação com mulheres brancas.
3. Conclui-se que raça está relacionada a fatores socioeconômicos e culturais que afetam o acesso
Este artigo analisa a mortalidade por homicídios no Brasil em 2003, examinando características das vítimas como sexo, raça, idade e local de residência. A arma de fogo foi responsável por cerca de 70% dos homicídios. O risco de homicídio foi 12 vezes maior para homens do que para mulheres e 1,8 vezes maior para negros do que para brancos. A faixa etária de 20 a 29 anos apresentou o maior risco de homicídio independentemente de sexo ou raça.
1) O documento discute as desigualdades raciais na saúde no Brasil, mostrando que negros e indígenas têm piores indicadores de mortalidade e acesso a cuidados de saúde.
2) Dados sobre mortalidade mostram que negros e indígenas têm taxas mais altas de mortalidade infantil e materna, bem como taxas mais altas de morte por causas evitáveis.
3) Entre jovens negros e pardos, as taxas de mortalidade por agressões são quase o dobro das taxas entre brancos,
1. O documento discute como o racismo no Brasil se manifesta de forma sutil através do "racismo cordial", permitindo que desigualdades raciais sejam justificadas como problemas individuais dos negros.
2. É destacado que a vulnerabilidade social e de saúde da população negra está relacionada às condições de exclusão e negação do pertencimento, colocando-os em risco para doenças físicas e mentais.
3. Dados epidemiológicos sobre HIV/AIDS indicam maior impacto entre a
MULHER NEGRA E MIOMAS: UMA INCURSÃO NA ÀREA DA SAÚDE, RAÇA/ETNIA.pesquisaracaesaude
1. O documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre miomas uterinos e saúde reprodutiva da mulher negra no Brasil. 2. A autora realizou pesquisas de campo com mulheres negras e brancas para caracterizar os miomas e sua relação com a saúde reprodutiva. 3. Os resultados das pesquisas são analisados em quatro capítulos que abordam a saúde da população negra, doenças raciais/étnicas, os achados sobre miomas e opiniões médicas sobre o tema.
O documento apresenta os resultados de um estudo epidemiológico realizado com mulheres no sul do Brasil que investigou as desigualdades socioeconômicas entre as mulheres de acordo com a raça. Os principais achados foram: (1) Mulheres negras e pardas tiveram menos anos de escolaridade e menor renda familiar do que as mulheres brancas; (2) Elas também tiveram mais filhos, usaram menos métodos contraceptivos e tiveram mais abortos espontâneos do que as mulheres brancas. (3) Praticamente todos os
O documento apresenta os resultados de um estudo epidemiológico realizado com mulheres no sul do Brasil que investigou as desigualdades socioeconômicas entre as mulheres de acordo com a raça. Os principais achados foram: (1) Mulheres negras e pardas tiveram menos anos de escolaridade e menor renda familiar do que as mulheres brancas; (2) Elas também tiveram mais filhos, usaram menos métodos contraceptivos e tiveram mais abortos espontâneos do que as mulheres brancas. (3) Praticamente todos os
1) O documento discute as desigualdades raciais no acesso à saúde reprodutiva no Brasil, com base nos dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 1996.
2) Mostra que mulheres negras têm piores indicadores socioeconômicos, maior risco reprodutivo, e pior acesso a serviços de planejamento familiar e pré-natal do que mulheres brancas.
3) Sugere que as desigualdades no acesso aos serviços de saúde estão associadas à discriminação racial e não apenas aos
Este documento analisa as taxas de homicídio por raça na Região Metropolitana de São Paulo em 2000, controlando variáveis como escolaridade, sexo e idade. A taxa de homicídio foi maior para negros do que para não-negros. No entanto, quando controladas as outras variáveis, a raça não foi estatisticamente significativa. A maior taxa entre negros ocorre devido à sua sobre-representação entre pessoas com pouca escolaridade e homens jovens, principais grupos de risco para homicídio.
O artigo discute a mestiçagem no Brasil, a classificação racial do IBGE e os conceitos de raça e etnia. Também aborda a identidade racial, as limitações das classificações raciais e a importância de políticas de ação afirmativa considerando sexo/gênero e raça/etnia.
O documento discute a importância da coleta do quesito cor/raça/etnia nos serviços de saúde para identificar e combater desigualdades raciais. Apresenta dados que mostram diferenças significativas nos indicadores de saúde e socioeconômicos entre brancos e negros, demonstrando maior vulnerabilidade entre a população negra. Defende que a coleta deste quesito é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas que promovam equidade racial.
Um estudo genético de brasileiros das cinco regiões do país indica que a herança genética média é de quase 80% europeia. A variação entre regiões é pequena, exceto possivelmente no Sul, onde a contribuição europeia chega a quase 90%. O objetivo principal do estudo é mapear a composição genética brasileira para entender melhor as correlações entre DNA e doenças.
Objetivo: Apresentar os principais hábitos e disfunções sexuais da população brasileira. As principais disfunções relatadas pelos homens foram disfunção erétil e ejaculação precoce, enquanto as mulheres relataram principalmente disfunção orgásmica e dor durante a relação sexual. A insatisfação sexual aumenta com a idade para ambos os sexos.
Objetivo: Apresentar os principais hábitos e disfunções sexuais da população brasileira. Principais resultados: Disfunção erétil é a disfunção mais comum entre homens e disfunção orgásmica e falta de desejo sexual são mais prevalentes entre mulheres. Insatisfação sexual aumenta com a idade para ambos os sexos. Nas últimas décadas, as mulheres iniciaram vida sexual mais cedo, enquanto para homens a idade se manteve semelhante.
Mortalidade por causas externas e raça/cor da pele: uma das expressões das de...pesquisaracaesaude
1. O documento apresenta uma tese de doutorado sobre mortalidade por causas externas e raça/cor da pele em Salvador, Bahia entre 1998-2003.
2. A tese é dividida em três artigos que abordam: a revisão da literatura sobre desigualdades raciais em saúde no Brasil e EUA, os anos potenciais de vida perdidos devido a mortes violentas segundo raça/cor, e a contribuição da raça/cor na distribuição espacial da mortalidade por causas externas na cidade.
3. O objetivo
1. O estudo analisa os desafios no estudo da mortalidade materna no Brasil, incluindo questões de gênero, raça e acesso aos serviços de saúde.
2. Os resultados encontram maiores taxas de mortalidade materna entre mulheres negras, especialmente as pretas, com maiores riscos relativos variando de 2,3 a 8,2 vezes em comparação com mulheres brancas.
3. Conclui-se que raça está relacionada a fatores socioeconômicos e culturais que afetam o acesso
Este artigo analisa a mortalidade por homicídios no Brasil em 2003, examinando características das vítimas como sexo, raça, idade e local de residência. A arma de fogo foi responsável por cerca de 70% dos homicídios. O risco de homicídio foi 12 vezes maior para homens do que para mulheres e 1,8 vezes maior para negros do que para brancos. A faixa etária de 20 a 29 anos apresentou o maior risco de homicídio independentemente de sexo ou raça.
1) O documento discute as desigualdades raciais na saúde no Brasil, mostrando que negros e indígenas têm piores indicadores de mortalidade e acesso a cuidados de saúde.
2) Dados sobre mortalidade mostram que negros e indígenas têm taxas mais altas de mortalidade infantil e materna, bem como taxas mais altas de morte por causas evitáveis.
3) Entre jovens negros e pardos, as taxas de mortalidade por agressões são quase o dobro das taxas entre brancos,
1. O documento discute como o racismo no Brasil se manifesta de forma sutil através do "racismo cordial", permitindo que desigualdades raciais sejam justificadas como problemas individuais dos negros.
2. É destacado que a vulnerabilidade social e de saúde da população negra está relacionada às condições de exclusão e negação do pertencimento, colocando-os em risco para doenças físicas e mentais.
3. Dados epidemiológicos sobre HIV/AIDS indicam maior impacto entre a
MULHER NEGRA E MIOMAS: UMA INCURSÃO NA ÀREA DA SAÚDE, RAÇA/ETNIA.pesquisaracaesaude
1. O documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre miomas uterinos e saúde reprodutiva da mulher negra no Brasil. 2. A autora realizou pesquisas de campo com mulheres negras e brancas para caracterizar os miomas e sua relação com a saúde reprodutiva. 3. Os resultados das pesquisas são analisados em quatro capítulos que abordam a saúde da população negra, doenças raciais/étnicas, os achados sobre miomas e opiniões médicas sobre o tema.
O documento apresenta os resultados de um estudo epidemiológico realizado com mulheres no sul do Brasil que investigou as desigualdades socioeconômicas entre as mulheres de acordo com a raça. Os principais achados foram: (1) Mulheres negras e pardas tiveram menos anos de escolaridade e menor renda familiar do que as mulheres brancas; (2) Elas também tiveram mais filhos, usaram menos métodos contraceptivos e tiveram mais abortos espontâneos do que as mulheres brancas. (3) Praticamente todos os
O documento apresenta os resultados de um estudo epidemiológico realizado com mulheres no sul do Brasil que investigou as desigualdades socioeconômicas entre as mulheres de acordo com a raça. Os principais achados foram: (1) Mulheres negras e pardas tiveram menos anos de escolaridade e menor renda familiar do que as mulheres brancas; (2) Elas também tiveram mais filhos, usaram menos métodos contraceptivos e tiveram mais abortos espontâneos do que as mulheres brancas. (3) Praticamente todos os
1) O documento discute as desigualdades raciais no acesso à saúde reprodutiva no Brasil, com base nos dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 1996.
2) Mostra que mulheres negras têm piores indicadores socioeconômicos, maior risco reprodutivo, e pior acesso a serviços de planejamento familiar e pré-natal do que mulheres brancas.
3) Sugere que as desigualdades no acesso aos serviços de saúde estão associadas à discriminação racial e não apenas aos
Este documento analisa as taxas de homicídio por raça na Região Metropolitana de São Paulo em 2000, controlando variáveis como escolaridade, sexo e idade. A taxa de homicídio foi maior para negros do que para não-negros. No entanto, quando controladas as outras variáveis, a raça não foi estatisticamente significativa. A maior taxa entre negros ocorre devido à sua sobre-representação entre pessoas com pouca escolaridade e homens jovens, principais grupos de risco para homicídio.
O artigo discute a mestiçagem no Brasil, a classificação racial do IBGE e os conceitos de raça e etnia. Também aborda a identidade racial, as limitações das classificações raciais e a importância de políticas de ação afirmativa considerando sexo/gênero e raça/etnia.
O documento discute a importância da coleta do quesito cor/raça/etnia nos serviços de saúde para identificar e combater desigualdades raciais. Apresenta dados que mostram diferenças significativas nos indicadores de saúde e socioeconômicos entre brancos e negros, demonstrando maior vulnerabilidade entre a população negra. Defende que a coleta deste quesito é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas que promovam equidade racial.
Um estudo genético de brasileiros das cinco regiões do país indica que a herança genética média é de quase 80% europeia. A variação entre regiões é pequena, exceto possivelmente no Sul, onde a contribuição europeia chega a quase 90%. O objetivo principal do estudo é mapear a composição genética brasileira para entender melhor as correlações entre DNA e doenças.
Objetivo: Apresentar os principais hábitos e disfunções sexuais da população brasileira. As principais disfunções relatadas pelos homens foram disfunção erétil e ejaculação precoce, enquanto as mulheres relataram principalmente disfunção orgásmica e dor durante a relação sexual. A insatisfação sexual aumenta com a idade para ambos os sexos.
Objetivo: Apresentar os principais hábitos e disfunções sexuais da população brasileira. Principais resultados: Disfunção erétil é a disfunção mais comum entre homens e disfunção orgásmica e falta de desejo sexual são mais prevalentes entre mulheres. Insatisfação sexual aumenta com a idade para ambos os sexos. Nas últimas décadas, as mulheres iniciaram vida sexual mais cedo, enquanto para homens a idade se manteve semelhante.
Mortalidade por causas externas e raça/cor da pele: uma das expressões das de...pesquisaracaesaude
1. O documento apresenta uma tese de doutorado sobre mortalidade por causas externas e raça/cor da pele em Salvador, Bahia entre 1998-2003.
2. A tese é dividida em três artigos que abordam: a revisão da literatura sobre desigualdades raciais em saúde no Brasil e EUA, os anos potenciais de vida perdidos devido a mortes violentas segundo raça/cor, e a contribuição da raça/cor na distribuição espacial da mortalidade por causas externas na cidade.
3. O objetivo
O documento discute as desigualdades raciais no Brasil, especialmente no sistema de saúde pública SUS. Aponta que negros e mulheres negras enfrentam maior vulnerabilidade social, programática e individual, com piores indicadores de saúde como mortalidade infantil e materna. Além disso, o racismo no Brasil é frequentemente invisível, mas os negros enfrentam maior pobreza e barreiras de acesso a serviços de saúde e oportunidades.
O documento discute o aumento de casos de AIDS entre as mulheres no estado de São Paulo. Aponta que as taxas de incidência são maiores entre mulheres negras do que brancas. O plano estratégico propõe realizar seminários regionais e capacitar serviços de saúde sobre as vulnerabilidades das mulheres negras à AIDS.
Mapa da Violência 2012 - A Cor dos Homicídios no BrasilRafael Silva
de Informações de Mortalidade do Ministério da
1. O documento apresenta um relatório sobre homicídios no Brasil com foco na raça/cor das vítimas.
Saúde só passou a registrar a raça/cor das vítimas
2. A fonte de dados sobre homicídios é o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, que passou a registrar a raça/cor das vítimas a partir de 1996, embora com alta subnotificação inicialmente.
de homicídio a partir de
Este documento discute a introdução do quesito cor nos sistemas de informação em saúde no Brasil a partir da década de 1990. Aponta como esta questão vem sendo colocada na agenda de pesquisa e políticas públicas para desvelar desigualdades raciais e permitir o monitoramento da discriminação. Também destaca debates em torno da classificação racial no Brasil e a relevância de investigar as interfaces entre raça, etnia e saúde pública.
O documento discute as desigualdades raciais no Brasil através de indicadores socioeconômicos, educacionais, de saúde e acesso à justiça. A população negra tem piores indicadores em todos esses aspectos quando comparada à população branca, o que viola os direitos humanos e a legislação brasileira. O conselheiro tutelar deve estar ciente dessas desigualdades para melhor atender casos de discriminação racial.
Biografias Femininas, racismo e subjetividade ativista: Um olhar sobre a saúd...População Negra e Saúde
Este documento apresenta uma pesquisa sobre a militância de mulheres negras e seu reflexo na saúde psicossocial. A pesquisa utiliza a narrativa biográfica de 3 mulheres negras ativistas para compreender como o ativismo interfere em suas vidas. Primeiro, faz um breve resgate histórico do ativismo negro no Brasil desde o período da escravidão. Em seguida, apresenta a metodologia qualitativa utilizando a narrativa biográfica. Por fim, relata as histórias das 3 mulheres,
O documento discute os problemas de saúde que afetam a população negra no Brasil, identificando o racismo institucional como a principal barreira ao cuidado de saúde. O racismo institucional pode levar a resultados terapêuticos ruins e afetar negativamente a saúde mental dos profissionais de saúde. A implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra é apontada como uma estratégia para enfrentar o racismo institucional e melhorar o acesso e a qualidade do cuidado de
O documento discute a importância de realizar consultas clínicas que estejam alinhadas com a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, visando a eliminação do racismo institucional no sistema de saúde. Ele enfatiza que o encontro entre profissional de saúde e paciente deve ser centrado na pessoa, livre de viés étnico-racial e inclusivo das práticas de saúde afro-brasileiras. Além disso, destaca fatores como etnocentrismo e estereótipos que podem comp
Este documento discute a importância do reconhecimento da cultura negra brasileira no contexto do cuidado de saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra tem como objetivo desconstruir o racismo institucional no SUS e incluir práticas de cura de origem africana. Para tanto, é necessário que profissionais de saúde examinem seus próprios preconceitos e entendam como a cultura, história e ancestralidade influenciam a identidade e necessidades de
Racismo e saúde estudo etnográfico com mulheres negras de baixa rendaPopulação Negra e Saúde
Este estudo investigou como mulheres negras de baixa renda percebem o racismo no sistema de saúde brasileiro. Os resultados indicam que as mulheres acreditam que precisam se cuidar bem e se vestir adequadamente para evitar o preconceito racial dos profissionais de saúde. Elas relatam autocuidados como depilação e banho antes de ir ao médico. O estudo sugere que o racismo ainda influencia negativamente o atendimento de saúde e que é necessário incluir o tema da raça na formação dos profissionais.
O documento descreve um estudo etnográfico sobre as crenças, valores e práticas de cuidado e cura de mulheres negras em uma comunidade de baixa renda em São Paulo. Vinte mulheres foram entrevistadas e três subtemas e um tema cultural foram identificados: 1) A fé em Deus ajuda a superar dificuldades; 2) A fé e remédios caseiros são usados para cuidar da saúde; 3) Algumas se sentem discriminadas por sua religião. O tema cultural é que a fé e remé
O documento apresenta a equipe responsável pela elaboração do Prêmio Mulheres Negras Contam Sua História, incluindo a presidenta Dilma Rousseff e as ministras Eleonora Menicucci e Luiza Bairros. Contém também informações sobre a organização, julgamento e premiação do prêmio, que teve como objetivo dar visibilidade às mulheres negras e suas histórias.
Mary Seacole e Maria Soldado: enfermeiras negras que fizeram históriaPopulação Negra e Saúde
1. O documento descreve as vidas e contribuições de duas enfermeiras negras históricas, Mary Seacole e Maria Soldado, que enfrentaram racismo, mas melhoraram os cuidados de saúde.
2. Ele também discute como o racismo afeta negativamente a assistência de enfermagem e como a história de enfermeiras negras foi negligenciada.
3. O objetivo é dar visibilidade às experiências de Seacole e Soldado e posicioná-las como pioneiras da enfermagem moderna.
Este documento discute a saúde da população negra no Brasil e as desigualdades raciais persistentes no sistema de saúde. Apresenta pesquisas sobre o acesso desigual a serviços de saúde por negros e brancos e a percepção de racismo no setor. Defende que a equidade racial é um princípio fundamental do SUS e que as demandas do movimento negro por políticas de ação afirmativa devem ser levadas em conta.
O documento discute as ações do Programa de Combate ao Racismo Institucional na área da saúde (PCRI-Saúde) no Brasil, incluindo a elaboração de um kit de combate ao racismo na saúde, o apoio à criação de uma rede de promoção da equidade racial na saúde e a inclusão de temas raciais no treinamento de agentes comunitários de saúde. Também aborda o componente municipal do PCRI e iniciativas para promover a equidade racial no sistema de saúde brasileiro.
O documento resume as atividades de um seminário sobre iniciativas de promoção da equidade racial em saúde no Brasil. Foram apresentados e discutidos seis projetos selecionados para receber prêmios, incluindo um projeto do Instituto Koinonia para capacitar mulheres negras líderes comunitárias sobre saúde e direitos reprodutivos. Os participantes trocaram experiências e discutiram desafios como envolver homens e trabalhar questões de sexualidade em diferentes faixas etárias.
1) A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro realizou oficinas para sensibilizar profissionais de saúde sobre a importância de coletar informações sobre raça/cor.
2) O PCRI-Saúde realizou um treinamento de mídia para capacitar gestores e ativistas sobre como se comunicar com a imprensa.
3) A Secretaria Municipal de Saúde de Recife concluiu um ciclo de capacitação sobre coleta de dados de raça/cor e planeja novas ações sobre o tema.
O documento relata sobre seminários e reuniões realizados em diferentes cidades brasileiras para discutir questões relacionadas à saúde da população negra e combate ao racismo institucional na área da saúde, como seminário sobre hipertensão arterial e população negra em Salvador, reunião em Recife para discutir coleta de dados sobre raça/cor, seminário em João Pessoa sobre saúde da população de terreiros e criação de comitê técnico sobre saúde da população negra em São Paulo.
O documento descreve um prêmio para iniciativas que promovam a equidade racial na saúde no Brasil. O prêmio no valor de R$35.000 será dado para 5 propostas de organizações da sociedade civil que visem melhorar a saúde da população negra e apoiar a implementação de metas do Plano Nacional de Saúde para essa população. O documento lista as 5 propostas selecionadas, incluindo seus títulos, proponentes e abrangência geográfica.
O documento resume as ações do Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI) na área da saúde, incluindo vídeos lançados sobre saúde da população negra e publicações sobre o tema. Também discute as ações do PCRI em Salvador para promover políticas de saúde eqüitativas e o trabalho da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial para a saúde da população negra.
O Grupo Hospitalar Conceição realizou uma série de atividades em Porto Alegre para comemorar o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, incluindo um seminário sobre combate ao racismo institucional e o lançamento de um curso para gestores sobre raça e saúde da população negra, além de assinar um termo de cooperação com outro instituto de saúde. Representantes do hospital também se reuniram com autoridades estaduais de saúde e trabalho para discutir a promoção da igualdade racial.
Este documento discute a importância de incorporar perspectivas de gênero e raça nas políticas públicas brasileiras. Aponta que a maioria da população brasileira é composta por mulheres e negros, que enfrentam sistemáticas desvantagens em áreas como educação e emprego. Argumenta que a discriminação de gênero e raça se intersectam, potencializando a vulnerabilidade de grupos como as mulheres negras. Finalmente, propõe desafios para políticas públicas que incorporem adequadamente essas dimensões, como
Este documento discute os riscos do avanço da biotecnologia e da eugenia moderna. A autora argumenta que a ciência não é neutra e está sujeita a fatores ideológicos, econômicos e políticos. A biotecnologia vermelha pode ser usada para manipular características humanas de acordo com desejos de mercado ou para hierarquizar raças. A eugenia historicamente promoveu a esterilização forçada e o genocídio em nome da pureza racial.
1. $!
Rev Saúde Pública 2004;38(5):630-6
www.fsp.usp.br/rsp
A cor da morte: causas de óbito segundo
características de raça no Estado de São
Paulo, 1999 a 2001
The color of death: causes of death according
to race in the State of Sao Paulo, 1999 to 2001
Luís Eduardo Batistaa, Maria Mercedes Loureiro Escuderb e Julio Cesar Rodrigues Pereirac
a
Núcleo de Investigação em Saúde da Mulher e da Criança. Instituto de Saúde. São Paulo, SP, Brasil.
Núcleo de Investigação em Epidemiologia. Instituto de Saúde. São Paulo, SP, Brasil. cDepartamento
de Epidemiologia. Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil
b
Descritores
Mortalidade. Iniqüidade social. Raça/
cor. Análise de correspondência.
Resumo
Objetivo
Sob a premissa de que há diferenças sociais segundo a etnia e que essas diferenças se
constituem vulnerabilidade para doença, realizou-se estudo para averiguar se a raça/
cor condiciona padrões característicos de óbito.
Métodos
Pelos registros de óbitos do Estado de São Paulo dos anos de 1999 a 2001, analisouse a mortalidade proporcional por causa básica, segundo os capítulos da CID-10,
entre as categorias de raça ou cor: branca, preta, parda e outras. A tabela de contingência
permitiu, além do teste de χ2, a análise de resíduo, que aponta o excesso de óbitos
estatisticamente significante, em cada categoria de causa básica e cor. Usou-se a
análise de correspondência para a representação gráfica das relações multidimensionais
das distâncias χ2 entre as categorias das variáveis estudadas.
Resultados
Foram analisados 647.321 registros válidos, sendo 77,7% de brancos, 5,4% de pretos,
14,3% de pardos e 2,6% de outros. Foi encontrada associação significante entre
causas de óbito e raça/cor. Observou-se no mapa multidimensional apresentado que
pretos e pardos aparecem distantes, ainda que apresentem um perfil de óbito semelhante,
ao contrário de brancos e outros que poderiam ser agrupados numa única categoria. À
parte as causas mal definidas que caracterizam apenas os óbitos de pretos, as outras
causas de óbito desse grupo são comuns a pretos e pardos, variando, no entanto, em
ordem de relação e intensidade.
Conclusões
Foi encontrado na análise da mortalidade segundo a raça/cor, que a morte tem cor. Há
uma morte branca que tem como causa as doenças, as quais, embora de diferentes
tipos, não são mais que doenças. Há uma morte negra que não tem causa em doenças:
são as causas externas, complicações da gravidez e parto, os transtornos mentais e as
causas mal definidas.
Keywords
Mortality. Social inequity. Race/color.
Correspondence analysis.
Abstract
Correspondência para/ Correspondence to:
Luís Eduardo Batista
Instituto de Saúde - Núcleo de Investigação em
Saúde da Mulher e da Criança
Rua Santo Antonio, 590 2º andar
01314-000 São Paulo, SP, Brasil
Email: ledu@isaude.sp.gov.br
Recebido em 28/8/2003. Reapresentado em 3/3/2004. Aprovado em 10/5/2004.
Objective
Assuming that ethnicity might be a basis for social differentiation and that such
differences might represent vulnerability to sickness, this study attempts to verify
whether race or ethnic origin have an effect on mortality patterns.
2. Rev Saúde Pública 2004;38(5):630-6
A cor da morte
Batista LE et al
www.fsp.usp.br/rsp
Methods
The Sao Paulo State death register was examined from 1999 to 2001 in a contingence
table of causes according to the 10th ICD and race or skin-color categories (White,
Black, Mulatto and others). Chi-square test was used to check the association between
skin-color and cause of death; residual analysis was used to elicit statistically significant
excessive occurrences when each category of cause of death and skin color was
combined; and correspondence analysis was used to examine overall relations among
all categories considered.
Results
A total of 647,321 valid death registers were analyzed, among which 77.7% were of
Whites, 5.4% of Blacks, 14.3% of Mulattoes and 2.6% of others. A significant
association between skin color or race and cause of death was found. It may be
observed that, although Blacks and Mulattoes present a similar death profile, on the
contrary of Whites and others, which could be aggregated into a single category, the
former appear in distinct positions on the multidimensional map presented. Except
for mal defined causes, which characterize only the deaths of Blacks, the other causes
of death within this group are common to both Blacks and Mulattoes, varying however,
in intensity and as to the order in which they appear death.
Conclusions
Analysis of mortality according to race or color revealed that death has a color. There
is a White death, which has, among its causes, sicknesses, which, although variable,
are nothing more than sicknesses. There’s a Black death, which is not caused by
sicknesses but by external causes, complications in labor and delivery, mental disorders
and ill- defined causes.
INTRODUÇÃO
Embora um grupo social não se defina por relações
de raça ou cor, diferenças étnicas associam-se a desigualdades sociais e condicionam a forma de viver de
grupos de pessoas.
Batista,3 em 2002, analisando os resultados da pesquisa de condições de vida (PCV-98) conduzida pela
Fundação SEADE (Fundação Sistema Estadual de
Análise de Dados) em 1998, revela diferenças entre
famílias brancas e negras no Estado de São Paulo. As
primeiras têm em média dois filhos sob a chefia de
um homem, enquanto que as últimas caracterizam-se
por maior número de filhos e com maior freqüência
são chefiadas por mulheres. Famílias negras têm menor escolaridade e menor renda familiar.
Esta adversidade, revelada pela PCV-98, para as
condições de vida dos negros no Estado de São Paulo, apenas confirma o que já havia sido encontrado
em estudos de abrangência nacional. De fato, Soares,8 em análise das PNADs (Pesquisa Nacional por
Amostras de Domicílios) 1987-98, realizada em 2000,
para o Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas
(IPEA), mostra diferenças de salário e inserção no
mercado de trabalho entre homens brancos e negros,
a estes sendo reservados os piores salários, as piores
funções e as atividades menos qualificadas. De forma análoga, Henriques,5 que estudou a evolução das
condições de vida na década de 90, verificou que
63% da população pobre é de negros e que 61,2% da
população negra é de pobres ou indigentes, concluindo: “A constatação incontornável que se apresenta
é que nascer de cor parda ou cor negra aumenta de
forma significativa a probabilidade de um brasileiro
ser pobre”.
Para dar conta da situação adversa de vida como
componente social do processo saúde-doença, Ayres1
recupera o conceito de vulnerabilidade que, à semelhança do conceito epidemiológico de risco, busca
aferir objetivamente como as características individuais ou de grupo podem implicar chances aumentadas de doença ou oportunidades diminuídas de proteção contra a doença. Turner et al9 definem vulnerabilidade como o grau ao qual um sistema está inclinado a experimentar dano por exposição a uma agressão, seja esta uma perturbação ou um fator de stress.
De acordo com estes autores, a utilidade de uma análise de vulnerabilidade aumenta, entre outros fatores,
quando ela facilita a identificação de interações críticas no sistema humano – meio ambiente (social)
que sugiram oportunidades de resposta para tomadores de decisão e quando ela esteja aberta à combinação de dados quantitativos e qualitativos em seus
métodos de análise. Estes dois aspectos particulares
do conceito de vulnerabilidade aconselharam as definições de análise no presente estudo.
Considerando que nos últimos anos os registros de
óbitos vêm agregando informações sobre a raça/cor
$!
3. $!
A cor da morte
Batista LE et al
(preto, pardo, branco, amarelo, indígena), sob o referencial teórico discutido acima, ou seja, sob a premissa de que há diferenças sociais segundo a raça/cor e
que estas diferenças se constituem em vulnerabilidade
para doença, o presente estudo foi concebido para averiguar se a raça/cor condiciona padrões característicos
de óbito. Ou por outra, se a morte tem cor.
MÉTODOS
Os registros de óbitos da população residente no
Estado de São Paulo para os anos de 1999, 2000 e
2001 foram fornecidos pelo Centro de Informações
de Saúde da Secretaria de Saúde do Estado de São
Paulo (CIS-SES). Os dados relativos à causa básica
foram processados como mortalidade proporcional
segundo capítulos da CID-10 e organizados em categorias de raça/cor de pessoas numa tabela de contingência. A análise de mortalidade proporcional foi
preferida em relação à análise de coeficientes de
mortalidade tanto para se limitar o universo de discurso aos registros de óbitos sem emprestar denominadores de outras fontes para o cálculo de coeficientes, como também com vistas a enfocar prioritariamente as relações entre categorias de cor e causa de
óbito, uma abordagem qualitativa que se considerou
talvez mais apta para um esforço descritivo do que
seriam testes quantitativos de diferenças de coeficientes de mortalidade.
Foram desprezados registros cuja informação sobre a raça/cor estava ausente, bem como aqueles cuja
causa básica de óbito pertencesse ao capítulo VII
(Doenças do olho e anexos – H00 a H59) ou ao capítulo VIII (Doenças do ouvido e da apófise mastóide
– H60 a H95) da CID-10. Os primeiros porque a contingência causa/cor resultava nula e os últimos porque a contingência, embora possível, era praticamente nula dada a baixa ocorrência de óbitos com
tais causas básicas – 0,013% do total de óbitos analisados. As categorias de raça/cor ‘amarela’ e ‘indígena’ foram reunidas numa única categoria ‘outros’,
que ainda assim representou apenas 2,6% do total
de óbitos analisados.
A análise da tabela de contingência seguiu as sugestões de Pereira.7 Primeiro avaliou-se a associação
entre as variáveis ‘causa básica’ e ‘raça/cor’ pelo teste
do χ2, em seguida examinou-se a associação entre
pares de categorias dessas variáveis pela análise de
resíduos e finalmente estudaram-se as relações entre
todas as categorias de ambas as variáveis em uma
análise de correspondência.
O teste do χ2 esclarece se a distribuição dos óbitos
segundo a causa e a raça/cor é aleatória ou se há um
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padrão determinado por dependência entre essas variáveis. A análise de resíduos revela os padrões característicos de cada categoria de cada variável segundo
o excesso ou falta de ocorrências de sua combinação
com cada categoria da outra variável. No presente
estudo buscou-se caracterizar as categorias de raça/
cor segundo o excesso de ocorrências em combinações com categorias de causa básica de óbito: de quê,
de forma estatisticamente significante, mais morrem
pessoas de uma dada raça/cor. Tanto para a associação entre as variáveis no teste do χ2 quanto para a
associação entre categorias de variáveis na análise
de resíduos, adotou-se o nível de significância de
5%. Este nível de significância para o excesso de
ocorrências corresponde a resíduo com valor positivo superior a 1,96.
A análise de correspondência é uma técnica de representação gráfica em projeção plana das relações
multidimensionais das distâncias χ2 entre as categorias das variáveis estudadas. Utilizou-se a projeção
simétrica, que permite examinar simultaneamente as
relações entre linhas e colunas da tabela de contingência, ou seja, as relações entre todas as categorias
de ambas as variáveis. Categorias com localização
próxima na projeção plana têm relação mais forte do
que categorias separadas por distâncias maiores. Qualquer categoria, representada como um ponto na projeção plana, pode ser analisada em separado e caracterizada segundo a proximidade das projeções de todas as outras categorias sobre uma reta que ligue seu
ponto característico à origem dos eixos do plano de
projeção. Quando categorias de uma mesma variável
encontram-se em posições próximas no mapa da análise de correspondência, isto sugere que, independentemente de seus conteúdos semânticos, elas podem ser consideradas iguais no que tange a distribuição de massas do total das observações realizadas.
No presente estudo, as categorias cor amarela e indígena, a despeito de seus significados étnicos distintos, foram reunidas numa única categoria ‘outras’ com
base numa análise preliminar que mostrava projeções
congruentes no mapa da análise de correspondência.
Quando categorias das duas variáveis contingenciadas são projetadas próximas, isto sugere associação
entre os eventos que representam, embora nada se
cogite sobre significância estatística. Esta pode ser
analisada para pares de categorias na análise de resíduos, como já descrito.
Para boa interpretação dos resultados, deve-se ter
em mente que este plano de análise tem natureza essencialmente descritiva, não comportando inferências
de causa e efeito e como corolário interpretações de
risco. O teste do qui-quadrado e a análise de resíduos
aferem o distanciamento entre as observações reali-
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Tabela 1 - Número de óbitos segundo categorias de causa básica e cor no Estado de São Paulo, de 1999 a 2001.
Causa básica
Branca
Preta
Infecciosas
Neoplasias
Doenças do sangue
Endócrinas e nutricionais
Transtornos mentais
Sistema Nervoso
Aparelho circulatório
Aparelho respiratório
Aparelho digestivo
Pele
Ossos
Aparelho geniturinário
Gravidez, parto
Perinatal
Congênitas
Mal definidas
Causas externas
21.728
79.681
1.961
23.548
3.499
7.552
157.227
55.196
27.968
909
1.367
8.362
526
13.833
5.184
31.692
62.895
Total
χ2: 18296,5
503.128
Cor
Total
Outras
2.259
4.074
125
1.759
437
370
10.637
2.785
1.710
63
88
515
75
314
126
2.728
6.754
GL: 48
Parda
5.541
9.771
314
3.601
917
1.028
23.510
7.550
4.822
125
186
1.115
194
2.625
800
5.418
25.223
689
3.143
71
903
103
207
5.475
1.945
832
32
47
352
8
379
132
931
1.385
30.217
96.669
2.471
29.811
4.956
9.157
196.849
67.476
35.332
1.129
1.688
10.344
803
17.151
6.242
40.769
96.257
34.819
92.740
16.634
647.321
p: 0,000
GL: Graus de liberdade
p: Significância estatística
zadas e esperadas por simples aleatoriedade. A análise de correspondência oferece informações de contraste entre relações de categorias de variáveis
contingenciadas, de modo que uma relação mais forte entre duas categorias em comparação com outras
relações não pressupõe efeitos de uma sobre a outra.
RESULTADOS
Para o período estudado (1999 a 2001), obteve-se
647.321 registros válidos, sendo 77,7% de brancos,
5,4% de pretos, 14,3% de pardos e 2,6% de outros. A
proporção de registros sem anotação para raça/cor
diminuiu progressivamente no período, tendo sido
de 13,6% em 1999, 6,8% em 2000 e 5,1% em 2001.
O contingenciamento entre causa básica de óbito e
raça/cor (Tabela 1), testado pelo χ2, revela que essas
variáveis não são independentes (p=0,000), ou seja, raça/
cor e causa não se combinam aleatoriamente. A Tabela 2
apresenta a análise de resíduos que permite caracterizar
os óbitos de cada raça/cor segundo a causa básica:
• Brancos, óbitos cujas causas características são
em ordem decrescente de importância, neoplasias,
aparelho circulatório, aparelho respiratório, sistema nervoso, congênitas, perinatal, aparelho
geniturinário, aparelho digestivo, endócrinas e
nutricionais, ossos, pele, doenças do sangue;
• Pretos, óbitos cujas causas características são em
ordem decrescente de importância, causas externas, infecciosas, mal definidas, transtornos mentais, gravidez e parto, endócrinas e nutricionais;
• Pardos, óbitos cujas causas características são em
ordem decrescente de importância, causas externas, infecciosas, transtornos mentais, gravidez e
parto, perinatal;
• Outros, óbitos cujas causas características são em
ordem decrescente de importância, neoplasias,
aparelho circulatório, aparelho geniturinário, aparelho respiratório, endócrinas e nutricionais.
Tabela 2 - Resíduos padronizados das ocorrências de óbitos segundo causa básica e cor no Estado de São Paulo, de 1999 a 2001.
Causa básica
Branca
Preta
Cor
Parda
Outras
Infecciosas
-24,9
16,5
20,4
-3,3
Neoplasias
38,1
-17,4
-40,6
14,5
Doenças do sangue
2,0
-0,7
-2,3
1,0
Endócrinas e nutricionais
5,4
4,1
-11,3
5,1
Transtornos mentais
-12,1
10,8
8,4
-2,2
Sistema Nervoso
11,0
-5,7
-8,5
-1,9
Aparelho circulatório
27,4
0,6
-36,2
7,1
Aparelho respiratório
26,9
-15,2
-24,6
5,4
Aparelho digestivo
6,7
-4,6
-3,7
-2,6
Pele
2,3
0,3
-3,1
0,6
Ossos
3,2
-0,3
-3,9
0,6
Aparelho geniturinário
7,7
-1,8
-10,4
5,4
Gravidez, parto
-8,3
5,0
8,0
-2,8
Perinatal
9,3
-20,9
3,7
-3,0
Congênitas
10,2
-11,8
-3,4
-2,3
Mal definidas
0,1
12,1
-6,2
-3,8
Causas externas
-100,1
24,4
114,0
-24,0
Em negrito estão os resíduos com valor positivo superior a 1,96, que corresponde ao nível de significância para o excesso de
ocorrências.
$!!
5. $!
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Batista LE et al
A análise de correspondência derivou duas
dimensões para a projeção plana das categorias das variáveis, sendo que juntas essas dimensões conseguiram representar 99,4% das
variações das distâncias χ2 originais. A maior
parte das categorias de causas básicas de óbito guardam pequenas distâncias entre si, como
que se fossem mais ou menos equivalentes,
sugerindo que talvez pudessem ser reunidas
para uma categoria comum genérica, como
óbito por doença. Essas causas formam uma
nuvem no espaço intermediário direito do
mapa (Figura), onde também se localizam as
categorias de raça/cor ‘branca’ e ‘outras’, também elas com uma proximidade que pode sugerir ao invés de duas, uma única categoria de
pessoas: não negros (Figura).
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1,0
PRETA
,5 Gravidez, parto
Transtornos mentais
Infecciosas
0,0
Causas externas
PARDA
Mal definidas
Endócrinas e nutricionais
Ap.circulatório
D. sangue
Pele
Ossos
OUTRAS
Geniturinário
BRANCA
Ap.digestivo
Ap.respiratório
Neoplasias
Sist. nervoso
-,5
Congênitas
Fora da nuvem de doenças em geral, destaPerinatal
cam-se como causas básicas de óbito algumas causas de especificidade própria (localização isolada), causas como gravidez e parto, transtornos mentais, infecciosas, mal de- -1,0
-1,0
-,8
-,6
-,4
-,2
,0
,2
,4
,6
finidas, endócrinas e nutricionais, causas
externas, congênitas e perinatais. Essas se- Figura - Mapa das relações entre categorias de causa básica de óbito e
riam as causas não banais, que não podem cor entre os óbitos registrados para o Estado de São Paulo no período de
ser reunidas numa única categoria de óbito. 1999 e 2001.
Talvez, em oposição à classe anterior sugerida
pela nuvem de causas no leste do mapa, essas causas
das categorias de raça/cor. Para auxiliar a interpretapossam ser interpretadas pela negação da classe anteção do mapa, a linha de projeção para a caracterização
rior. Se aquela é a classe dos óbitos por doença, talda cor preta é desenhada (da origem do mapa em direvez esta seja a classe dos óbitos não por doença. De
ção à cor preta), nela se projetando como primeira cafato, gravidez e parto, transtornos mentais, doenças
tegoria de causa básica a gravidez e parto. Pode-se reinfecciosas, doenças mal definidas, doenças nutripetir o exercício imaginando linhas de projeção para
cionais e causas externas, embora causas de doenças,
quaisquer categorias de causa básica ou raça/cor. As
elas não deveriam ser causa de óbito são doenças
diferenças de ordem entre as projeções sobre linhas
para as quais o desfecho em óbito é estranho, senão
para categorias específicas e as informações da análise
repugnante. À exceção das congênitas, que melhor
de resíduos devem ser debitadas à distorção da projese associam com a raça/cor branca, este grupo de caução de um espaço tetradimensional original (as quatro
sas de óbitos vai associar-se mais fortemente com as
categorias de raça/cor) para o espaço plano das dimencategorias preta e parda.
sões derivadas pela análise de correspondência. Nessa
análise as categorias de cor preta e parda são separadas
Sobre as categorias de raça/cor preta e parda, a análipor um espaço preenchido pelas categorias de causa
se de correspondência agrega informação importante,
básica que lhe são comuns.
não aparente na análise de resíduos que examina relações par a par. Pretos e pardos são distintos e, ao conDISCUSSÃO
trário de brancos e outros que poderiam ser agrupados
numa única categoria, devem permanecer separados
Estudos sobre a influência da condição racial na
ainda que dividam um perfil de óbito semelhante. À
organização da sociedade devem muito aos moviparte as causas mal definidas que caracterizam apenas
mentos sociais. De fato, raça e cor tornam-se objeto
os óbitos de pretos, as outras causas de óbito desse
de investigação na medida em que são reificados pelo
grupo são comuns a pretos e pardos, variando, no enmovimento negro.
tanto, em ordem de relação e intensidade. Isso, que
Paradoxalmente, no entanto, as categorias de raça/
fica claramente dimensionado nos valores dos resícor, que para esse movimento são apenas uma expresduos padronizados, na análise de correspondência apasão da coisa definida ontologicamente na etnia, na
rece como projeções distintas nas linhas de projeção
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herança de uma cultura africana, no presente estudo
assumem identidades distintas entre pretos e pardos.
A contradição, entretanto, talvez inexista. Como
sugerem os estudos comentados na introdução do presente artigo, a etnia em si não é um fator de risco, mas
a inserção social adversa de um grupo racial/étnico é
que se constitui em característica de vulnerabilidade.
Nas categorias de raça/cor, enquanto preto e branco
são classificações indisputáveis, pardo é uma categoria que se define socialmente. Meio branco, meio preto, o pardo se reconhece ora como um ora como outro
na dependência de como sua imagem é construída socialmente. A identidade do pardo depende mais do
ambiente social onde vive do que de qualquer atavismo
cultural. A distinção entre preto e pardo é de natureza
social, a vulnerabilidade de pretos e pardos é igualmente de natureza social. Dessa forma, se o processo
saúde-doença, e por via de conseqüência a morte, é
também fenômeno de natureza social, não deve restar
surpresa quando as relações entre raça/cor e morte se
expressam em categorias socialmente definidas, ou
seja, morte se relaciona com a raça/cor por via de suas
categorias de expressão social; a morte dos negros se
expressa nas cores preta e parda.
A inclusão de informação sobre raça/cor nos registros de óbitos respondeu a antigas reivindicações do
movimento negro e criou uma oportunidade efetiva
de caracterização empírica do conceito teórico de
vulnerabilidade aplicado a esse grupo racial/étnico.
É surpreendente como a aplicação de estratégias
metodológicas adequadas a simples tabela de contingência permite deslindar o que seja a morte segundo a raça/cor no Estado de São Paulo. Brancos morrem de tudo, como que aleatoriamente visitados por
qualquer doença fatal. Que a leitura rápida não iluda
o desavisado: o polimorfismo da morte entre brancos
não pode ser atribuído à superioridade numérica dos
óbitos entre brancos porque os resíduos padronizados são uma distância entre o número observado e o
número esperado segundo as freqüências marginais
de causa básica e raça/cor.
Pretos e pardos têm um padrão semelhante de morte, mas distinguem-se entre si pela ordem e, principalmente, pela intensidade de como essas causas de
morte se organizam. A especificidade da morte entre
negros tem reunido evidências sucessivas em vários
estudos sobre a mortalidade nos últimos anos. Martins
Tanaka,6 em 2000, identificaram taxas de mortali-
A cor da morte
Batista LE et al
dade materna mais elevadas entre negras. Em 2001,
Barbosa2 mostrou que os coeficientes de mortalidade geral são mais altos entre negros, Cunha4 encontrou maior mortalidade infantil e Werneck10 maior
mortalidade por HIV-Aids.
A principal conclusão do presente trabalho é a de
que há diferenças entre óbitos de pessoas de diferentes origens étnicas e que essas diferenças podem ser
caracterizadas. No Estado de São Paulo, para o período estudado, os negros – pretos e pardos – concentram as ocorrências de óbito mais ignominiosas. Constata-se que nesse Estado ocorreram 803 óbitos por
gravidez, parto e puerpério. Ainda que sejam apenas
803 em três anos (0,12% do total, Tabela 1). Além
disso, constata-se que o grupo de pessoas que concentram essas ocorrências é o de negras (Zres=5 e 8
para pretos e pardos, Tabela 2). De fato, embora em
números absolutos o óbito por gravidez e parto seja
duas vezes maior entre os brancos (526 contra 269
dos negros), os brancos são quatro vezes maiores que
os negros em óbitos totais (503.128 contra 127.559).
No presente estudo, escapou ao controle da análise
das relações entre cor e causa de óbito a caracterização da condição socioeconômica das pessoas. Há que
se considerar que uma não improvável relação entre
inserção social e cor e inserção social e óbito faça
desta variável um fator de confusão nas relações encontradas. Talvez a característica da morte não seja a
cor, mas a condição socioeconômica. No entanto,
dentro do escopo deste estudo, o que foi encontrado
na análise da mortalidade no Estado de São Paulo
segundo a raça/cor, é que a morte tem cor. Há uma
morte branca que tem como causa as doenças, as
quais, embora de diferentes tipos, não são mais que
doenças, essas coisas que se opõem à saúde até um
dia sobrepujá-la num fim inexorável: a morte que
encerra a vida. A morte branca é uma “morte morrida”.
Há uma morte negra que não tem causa em doenças; decorre de infortúnio. É uma morte insensata,
que bule com as coisas da vida, como a gravidez e o
parto. É uma morte insana, que aliena a existência
em transtornos mentais. É uma morte de vítima, em
agressões de doenças infecciosas ou de violência de
causas externas. É uma morte que não é morte, é mal
definida. A morte negra não é um fim de vida, é uma
vida desfeita, é uma Átropos ensandecida que corta
o fio da vida sem que Cloto o teça ou que Láquesis o
meça. A morte negra é uma morte desgraçada.
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7. $!$
A cor da morte
Batista LE et al
Rev Saúde Pública 2004;38(5):630-6
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