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Com o tempo melhora

Raphael Vaz

Dar início a um novo veículo jornalístico que não esteja previamente atrelado há uma grande companhia de co-
municação é sempre um passo no escuro. No escuro porque é impossível prever se o novo empreendimento terá
capacidade por si só de cativar um público e criar uma credibilidade diante de seus leitores. Se será capaz de
resistir através dos ideais jornalísticos numa sociedade sedimentada pela falcatrua política e pela desconfiança do
povo em relação ao seu próprio País.

O Canal da Imprensa começou. E ainda é muito cedo para dizer se foi um veículo capaz de atingir estes conceitos
em sua plenitude. A caminhada de uma revista eletrônica não pode ser condensada e pré-julgada em sua pleni-
tude com apenas seis anos de idade. Muito pelo contrário, é essa ainda uma fase de introspecção.

No entanto, não se pode deixar ignorado fatos que apontam para alguma luz. Fatos estes que podem ser chama-
dos de “precoces”, mas que mesmo sob este adjetivo, não tiram o brilho do mérito de, sem intenção previamente
formada, ter sido alcançada. Figura como fruto desta situação a Editoria Acadêmica, que surgiu com o crescimento
do veículo e com o interesse de profissionais de outras instituições em publicar seus estudos ou partes deles no
Canal. Exemplo desta situação é a do professor Luiz Martins da Silva, da Faculdade de Comunicação (FAC) da
Universidade de Brasília (UnB), e do professor Fernando O. Paulino, do Instituto de Educação Superior de Brasília,
que publicaram nas páginas da revista o ensaio “Em nome da responsabilidade social na mídia”, trecho extraído
de um texto apresentado em uma das mesas temáticas na Intercom.

Terra de sacis

Espera-se que grandes nomes produzam grandes textos. E não faltou qualidade aos textos apresentado pela
Editoria Acadêmica. Mas eles pecam e muito no tamanho. É no mínimo cansativo, quando não extenuante para a
mente, acompanhar os textos da seção. Ou se aprecia muito o assunto em questão ou então existe muita paciên-
cia por parte do leitor. Não é segredo que a segunda opção não costuma sobressair-se.

No tocante aos temas, presenciam-se, é claro, assuntos voltados para a comunicação e seus processos. Mas o
Canal é chato e peca pela insistência. Compreende-se que para que exista uma receptividade do leitor por deter-
minado assunto, é necessária insistência. Mas em demasia, esta mesma insistência satura o consumidor do texto.

Dos cinco primeiros textos publicados na seção, nas edições 49 e 53, quatro tratavam de temas semelhantes. To-
dos mensuravam a idéia da pesquisa no jornalismo e a criação dos observatórios, a qual o Canal faz parte. O que
para leitores mais críticos, também pode ser mais uma brecha, se apoiada no estigma da autopromoção, conceito
puramente antijornalístico.

Quem insiste em uma única tecla, acaba se tornando manco. E no mundo real, que o Canal visa oferecer aos alu-
nos de seu centro universitário, espinha dorsal do veículo, não há espaço para o folclore. Nem toda água que bate
na pedra, vem de fato a furá-la. Por vezes a fortalece.

Questão de tempo

O processo natural do passar dos anos é a obtenção da maturidade. E isso vale para pessoas e veículos jornalísti-
cos, entre outras coisas. Após seis anos de vida é possível observar progresso da coluna em relação aos primeiros
anos. Os textos voltados para o umbigo jornalístico foram abandonados e a diversidade dos temas passou a surgir.
Ditadura, Amazônia, a questão da miséria brasileira ou reflexões sobre o processo comunicativo.

Esta diversidade de temas auxilia a envolver de forma mais abrangente uma maior parcela de leitores. E na nova
tendência do jornalismo, quanto mais segmentado o produto, melhor. No entanto, as mostras de um progresso
não devem ser tomadas como suficiente para acomodação. Pelo contrário, é necessário sempre buscar mais. A
maturidade por si é utópica, e jamais alcançada em sua totalidade. É necessário sempre se atualizar e buscar
novas formas de transmitir todos os conteúdos possíveis.

Ao longo dos seis anos cabe um destaque especial para o texto Jornalismo Cultural e crítica anêmica do ensaísta
e doutor em Teoria Literária Ivo Lucchesi, que expõe de forma crua a forma baixa com a qual são dirigidos os
cadernos de cultura na imprensa brasileira e de como os setores da informação perderam sua identidade, ao se
deixar dominar pela “mente publicitária”. “Sem rodeios, impera, no Brasil, uma prática de estelionato intelectual,
em nome do qual se oferta ao público ‘caderno cultural’ cuja adjetivação é negada pela substância inconsistente
e fraudulenta das matérias. Tudo não passa de ‘guia de eventos’, com fins promocionais. Em síntese, a publici-
dade se apoderou de todos os campos geradores de notícia e informação”.

Vai na direção contrária o texto A verdade sobre o debate de 1989, de Juca Kfouri. Publicado em 2002, quando
a editoria respondia pelo nome Opinião, o artigo faz apologia a mais uma teoria sobre o debate entre Lula e Col-
lor, na corrida presidencial de 1989. Aquele debate que foi editado em prol de favorecer determinado candidato.
Quanto ao texto, chato. Muitas aspas e buscas intermitentes por estabelecer essa tal verdade, voltando a um
passado que já deixou suas rusgas. Há situações em que o passado só precisa ser fomentado uma vez, com-
preendido os erros e relevado o demais.

O artigo de Kfouri é um exemplo de que algumas vezes o peso do nome não é capaz de fazer jus a si mesmo,
através de seus textos ou publicações. Uma lição que o Canal precisa apenas fomentar, compreender e relevar
o que não for contribuir em sua caminhada.

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Com o tempo melhora: análise de publicações do Canal da Imprensa

  • 1. Com o tempo melhora Raphael Vaz Dar início a um novo veículo jornalístico que não esteja previamente atrelado há uma grande companhia de co- municação é sempre um passo no escuro. No escuro porque é impossível prever se o novo empreendimento terá capacidade por si só de cativar um público e criar uma credibilidade diante de seus leitores. Se será capaz de resistir através dos ideais jornalísticos numa sociedade sedimentada pela falcatrua política e pela desconfiança do povo em relação ao seu próprio País. O Canal da Imprensa começou. E ainda é muito cedo para dizer se foi um veículo capaz de atingir estes conceitos em sua plenitude. A caminhada de uma revista eletrônica não pode ser condensada e pré-julgada em sua pleni- tude com apenas seis anos de idade. Muito pelo contrário, é essa ainda uma fase de introspecção. No entanto, não se pode deixar ignorado fatos que apontam para alguma luz. Fatos estes que podem ser chama- dos de “precoces”, mas que mesmo sob este adjetivo, não tiram o brilho do mérito de, sem intenção previamente formada, ter sido alcançada. Figura como fruto desta situação a Editoria Acadêmica, que surgiu com o crescimento do veículo e com o interesse de profissionais de outras instituições em publicar seus estudos ou partes deles no Canal. Exemplo desta situação é a do professor Luiz Martins da Silva, da Faculdade de Comunicação (FAC) da Universidade de Brasília (UnB), e do professor Fernando O. Paulino, do Instituto de Educação Superior de Brasília, que publicaram nas páginas da revista o ensaio “Em nome da responsabilidade social na mídia”, trecho extraído de um texto apresentado em uma das mesas temáticas na Intercom. Terra de sacis Espera-se que grandes nomes produzam grandes textos. E não faltou qualidade aos textos apresentado pela Editoria Acadêmica. Mas eles pecam e muito no tamanho. É no mínimo cansativo, quando não extenuante para a mente, acompanhar os textos da seção. Ou se aprecia muito o assunto em questão ou então existe muita paciên- cia por parte do leitor. Não é segredo que a segunda opção não costuma sobressair-se. No tocante aos temas, presenciam-se, é claro, assuntos voltados para a comunicação e seus processos. Mas o Canal é chato e peca pela insistência. Compreende-se que para que exista uma receptividade do leitor por deter- minado assunto, é necessária insistência. Mas em demasia, esta mesma insistência satura o consumidor do texto. Dos cinco primeiros textos publicados na seção, nas edições 49 e 53, quatro tratavam de temas semelhantes. To- dos mensuravam a idéia da pesquisa no jornalismo e a criação dos observatórios, a qual o Canal faz parte. O que para leitores mais críticos, também pode ser mais uma brecha, se apoiada no estigma da autopromoção, conceito puramente antijornalístico. Quem insiste em uma única tecla, acaba se tornando manco. E no mundo real, que o Canal visa oferecer aos alu- nos de seu centro universitário, espinha dorsal do veículo, não há espaço para o folclore. Nem toda água que bate na pedra, vem de fato a furá-la. Por vezes a fortalece. Questão de tempo O processo natural do passar dos anos é a obtenção da maturidade. E isso vale para pessoas e veículos jornalísti- cos, entre outras coisas. Após seis anos de vida é possível observar progresso da coluna em relação aos primeiros anos. Os textos voltados para o umbigo jornalístico foram abandonados e a diversidade dos temas passou a surgir. Ditadura, Amazônia, a questão da miséria brasileira ou reflexões sobre o processo comunicativo. Esta diversidade de temas auxilia a envolver de forma mais abrangente uma maior parcela de leitores. E na nova tendência do jornalismo, quanto mais segmentado o produto, melhor. No entanto, as mostras de um progresso não devem ser tomadas como suficiente para acomodação. Pelo contrário, é necessário sempre buscar mais. A
  • 2. maturidade por si é utópica, e jamais alcançada em sua totalidade. É necessário sempre se atualizar e buscar novas formas de transmitir todos os conteúdos possíveis. Ao longo dos seis anos cabe um destaque especial para o texto Jornalismo Cultural e crítica anêmica do ensaísta e doutor em Teoria Literária Ivo Lucchesi, que expõe de forma crua a forma baixa com a qual são dirigidos os cadernos de cultura na imprensa brasileira e de como os setores da informação perderam sua identidade, ao se deixar dominar pela “mente publicitária”. “Sem rodeios, impera, no Brasil, uma prática de estelionato intelectual, em nome do qual se oferta ao público ‘caderno cultural’ cuja adjetivação é negada pela substância inconsistente e fraudulenta das matérias. Tudo não passa de ‘guia de eventos’, com fins promocionais. Em síntese, a publici- dade se apoderou de todos os campos geradores de notícia e informação”. Vai na direção contrária o texto A verdade sobre o debate de 1989, de Juca Kfouri. Publicado em 2002, quando a editoria respondia pelo nome Opinião, o artigo faz apologia a mais uma teoria sobre o debate entre Lula e Col- lor, na corrida presidencial de 1989. Aquele debate que foi editado em prol de favorecer determinado candidato. Quanto ao texto, chato. Muitas aspas e buscas intermitentes por estabelecer essa tal verdade, voltando a um passado que já deixou suas rusgas. Há situações em que o passado só precisa ser fomentado uma vez, com- preendido os erros e relevado o demais. O artigo de Kfouri é um exemplo de que algumas vezes o peso do nome não é capaz de fazer jus a si mesmo, através de seus textos ou publicações. Uma lição que o Canal precisa apenas fomentar, compreender e relevar o que não for contribuir em sua caminhada.