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A Serviço do Reino"
Rua Maria Olinda, 22 ~ Caixa Postal 22
CEP 36970-000 - Manhumirim/MG
Telefax: (033) 341-1572
E-mail: didaque@soft-hard.com.br
Capa
Expressão Exata
(São Paulo -SP)
Editoração Eletrônica
William Buchacra
(Belo Horizonte - MG}
Impressão
Editora Betânia
(Belo Horizonte -MG)
[E> É proibida a reprodução parcial ou total
(inclusive através de fotocópias),
sem a autorização expressa da DIDAQUE.
[E> A DIDAQUE não possuí representantes ou distribuidores.
Os pedidos devem ser feitos diretamente à Entidade.
JJfc
Caminhando
com Jesus
H
á séculos o Evangelho de Lucas encanta, comove e desafia quem o lê. É um
dos mais belos e comunicativos livros da Bíblia. Quem o lê com atenção,
percebe uma interessante mudança de assunto, a partir de 9.51: "Estava
chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme
decisão departir para Jerusalém" (Bíblia SagradaEdição Pastoral). A partir deste
ponto, o evangelista passa a descrever a última viagem da vida de Jesus, da
Gaiíléia até Jerusalém. Este trecho, que alguns estudiosos chamam de "Narrativa
da Viagem", vai de 9.51 a 19.48. Nesta seção, encontramos passagens muito
conhecidas, que só aparecem no terceiro Evangelho, como, por exemplo, as pará-
bolas do samaritano e do filho pródigo.
O tema central deste bloco do Evangelho é o reino de Deus.
Ao preparar esta série de estudos, a DIDAQUÊ convida você para embarcar
nesta viagem. Durante a viagem, estaremos descobrindo e/ou recordando gran-
des ensinamentos de Jesus a respeito do reino de Deus.
Esta série de estudos, que compõe o volume 50 dos Estudos Bíblicos
DIDAQUÊ, propiciará a oportunidade para se conhecer melhor o ensino bíblico
sobre o reino de Deus. Com certeza,você se sentirá desafiado(a) a um engajamento
mais efetivo nesse reino.
Vamos, pois, "Caminhando com Jesus".
BIBLIOTECA DIDAQUÉ
Prof, Antonfo áe
"A Serviço do Reino"
Manhumirim, abril de 2000.
In »rmaçóes e Sugestões
E
ste volume contém 13 Estudos Bíblicos
baseados no Evangelho de Lucas, focali-
zando a narrativa da viagem de Jesus da
Galiléia atéJerusalém (Lc 9.51 a 19.48). A abor-
dagem de cada estudo é feita em relação à reali-
dade do reino de Deus.
Estes estudos são adequados para classes
de Escola Dominical e outros grupos dereflexão,
sendo recomendados para jovens e adultos.
Os estudos obedecem à seguinte estrutura:
• Alimento diário para a caminhada - São
textos bíblicos selecionados e relacionados ao
tema abordado no estudo. Há um texto indicado
para cada dia da semanã.
• Luzes sobre otexto - Éumabreve análise
do texto tomado por base para o estudo, conten-
do explicações para as passagens mais obscu-
ras, bem como opções de interpretação.
• Lições dotexto - Éumaapresentação or-
ganizada das ideias principais, com lições apli-
cáveis ao cotidiano do povo de Deus. É um es-
forço no sentido de tornar ciara a mensagem do
texto, com lições e desafios para o dia adia.
• Ampliando a discussão - Éumatentativa
de deixar em aberto a discussão, ou aprofundá-
la, uma vez que o estudo não é a última palavra
sobre o assunto.
.
Por estarem desvinculados dos rígidos,
repetitivos e cansativos currículos de Escola Do-
minical tradicionalmente estabelecidos, podem
ser adotados em qualquer épocae adaptados se-
gundo o programa de EducaçãoCristãelaborado
pela própria igreja, a partir de suas necessidades
contextuais. Esse material é fortemente caracte-
rizado por sua linguagem de fácil compreensão,
o enfoque de temas da atualidade e, acima de
tudo, o cuidado e o equilíbrio na utilização e in-
terpretação do texto bíblico, sempre numa pers-
pectiva teológica Reformada.
O texto é uma contribuição ao debate e à re-
flexão e, em nenhum momento, tem-se a preten-
são de sefazer do mesmo a última palavra sobre
as questões abordadas, dogmaíizando-as; é, na
verdade, o ponto de partida.
Para tornar o aprendizado mais eficaz, suge-
rimos aos professores ou coordenadores de gru-
pos, os seguintes procedimentos:
• Utilizar a Bíblia como principal e indispen-
sável fonte de pesquisa;
• Examinar, rotineiramente, obras de cunho
didático-pedagógico, afim de aperfeiçoar-se na
tarefa de ensinar, dominando princípios e técni-
cas de aprendizagem;
• Ir além dotexto apresentado na revista,bus-
cando, noutras fontes, dados einformações com-
plementares;
• Valer-se de ferramentas como Dicionário
de Língua Portuguesa, Chave Bíblica, Dicionário
Bíblico, Comentários Bíblicos etc., a fim de faci-
litar o preparo etornar mais eficaza minisíração;
• Buscarsempre ailuminação do EspíritoSan-
to durante o período prévio de preparação, e de-
pender da mesma iluminação para conduzira aula,
fazendo tudo isso com esmero ededicação;
• Valorizara totalidade do estudo, evitando o
distanciamento do assunto em foco, e adminis-
trar bem o tempo para não se deter em determi-
nadas partes do estudo, em detrimento de ou-
tras;
• Assumir a função de mediador do grupo,
evitando monopolizar a palavra, oferecer respos-
tas prontas e impor o seu ponto de vista como
única e absoluta expressão da verdade;
• Relacionaras mensagens e os desafios ao
cotidiano dos integrantes do grupo, incentivan-
do-os a colocar em prática as lições aprendidas
e despertando-os para a ação, no sentido de con-
cretizar os objetivos do estudo.
r
.ndicê
01. A Caminhada Missionária da Igreja 04
02. Exigências do Discipulado 07
03. Missão Cristã no Mundo 10
04. Amor na Caminhada 13
05. A Oração na Caminhada 16
06. Quem é o Senhor do Reino? 19
07. Bens Materiais 22
08. O Reino (Uá Agora" e "Ainda Não" 25
09. Arrependimento e Frutos 28
10. A Natureza do Reino 31
11. O Reino e os Perdidos 34
12. A Vinda do Reino de Deus 37
13. A Chegada de Jesus a Jerusalém 40
A Caminhada
Missionária da Igreja
Lucas 9.51-56
Q
uando viajamos, geralmente gosta-
mos de conversar com os compa-
nheiros da viagem. Nestas "conver-
sas", pode-se aprender e ensinar muito.
Quem não se lembra de uma boa viagem,
de uma boa conversa durante a jornada?
Uma viagem é uma caminhada e, no ca-
minho, muita coisa podeacontecer.
Os críticos literários são unânimes em
afirmar que os livros que narram viagens
tornaram-se grandes clássicos da literatu-
ra.
Este estudo mostra o início daquela que
seria a última viagem de Jesus para Jeru-
salém. Nesta caminhada rumo aJerusalém,
nosso Mestre muito nos ensina. Eleé o via-
jante que é educador. Mostra "pela palavra
e pela ação, pela sua morte, ressurreição e
ascensão, o caminho que leva à salvaçãoe
comunhão corn o Pai, fonte efim de toda a
vida" (Bíblia Sagrada Edição Pastoral].
O presente estudo tem corno objetivo
despertar a igreja cristã para os seguintes
aspectos de sua caminhadamissionária;
• a importância da determinação no
cumprimento de sua missão;
• a tolerância e o amor como acompa-
nhantes inseparáveis da missão;
• o alvo da missão cristã.
Luzes
texto
Lucas 9.51
marca o início da
narrativa davia-
gem de Jesus a Je-
rusalém (9.51-
19.48). Segundo
Werner Georg
Kumel, trata-se de uma "criação de Lucas
que inseriu material de várias origens na
trama de uma jornada até Jerusalém". Se-
gundo Kumel, estudos mais recentes têm
procurado encontrar o ponto de vista que
constituiria a chave da composição desta
narrativa, qual seja: ensinamento para os
discípulos, contendo normas de vida e de
ativídadc; e a futura ativídade missionária
da comunidade.
Para muitos, Lucas 9.51-56 representa
a primeira etapa da ascensão de Jesus, já
que a referência para a decisão de ir para
Jerusalém não é a crucificação, mas a as-
censão de nosso Senhor. O texto registra a
não-hospcdagem por parte de urna aldeia
desamaritanos que rejeitam o Salvador por
causa de seii aspecto de viajante para Jeru-
salém. Neste prelúdio da caminhada, há
muita coisa, ensinada e muita coisa a ser
aprendida. Vale a pena despir-se de pre-
conceitos e aprender de Jesus nessa longa
viagem. Lucas 9.51-56 é apenas o início.
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
Lucas
4.16-30
Terça
Lucas
5.1-11
Quarta
Lucas
5.27-32
Quinta
Lucas
7.18-23
Sexta
Lucas
9.1-6
Sábado
Lucas
10.21-24
Domingo
Lucas
19.1-10
/coes do
Texto
Vejamos, pois, o que se requer de uma
comunidade que deseja caminhar com Je-
sus e fazer missão.
1. A DETERMINAÇÃO NO
CUMPRIMENTO DA MISSÃO
Jesus, em seu ministério, sempre de-
monstrou consciência de sua missão. Ja-
mais deixou de falar dela. Nunca fugiu de
sua responsabilidade. Ele sempre teve o
firme propósito de cumprir o seu destino,
a despeito dos terríveis sofrimentos que o
envolveria. A morte sempre foi uma som-
bra na vida de Jesus. O profeta (saías re-
gistra isto com detalhes (Is 53). Quando
Jesus vê a aproximação do cumprimento
de sua missão, elevai ao encontroda mes-
ma, fazendo isto com uma determinação
evidenciada em sua própria aparência, pois
"manifestou no semblante a intrépida re-
solução de ir para Jerusalém" (9.51). Os
samaritanos se negaram a recebê-lo, por-
que o seu "aspecto era de quem decisi-
vamente ia para Jerusalém" (9.53). Usan-
do uma linguagem popular, poderíamos
dizer que Jesus "não fugiu da raia", mas
partiu com determinação rumo ã missão.
Assim como Jesus, a igreja também
tem uma missão (Jo 20.21). Não pode-
mos ser igreja sem a consciência desía
missão. Não podemos cumprir esta mis-
são sem a determinação demonstrada e
vivida pelo próprio Senhor Jesus Cristo.
Muitas igrejas cristãs perderam esta cons-
ciência e a própria determinação no cum-
primento da missão. Na verdade, perde-
ram a razão de ser da própria igreja. Igreja
sem consciênciade sua missão não é igre-
ja. A missão da igreja pode ser entendida
como toda a ação empreendida pela mes-
ma, com o objetivo d.e proporcionar vida
em abundância. A igreja existe para salvar
a vida dos homens, e não para destruí-la
(Lc 9.56; 19.10; Jo 10.10). Ela é como
pulmão, tão necessário para a respiração
e para a vida. Ela é, em certo sentido, o
pulmão do mundo.
É preciso rever_a forma de ser igreja
nos dias de hoje. É importante repensar
sua missão. Énecessário reavaliar sua de-
terminação no desempenho da missão. A
caminhada de Jesus rumo a Jerusalém é
feita a passos largos e determinados para
o cumprimento da missão. Damesma ma-
neira, a igreja cristã deve caminhar com
uma determinação visível em seu "sem-
blante". Sua comunidade tern demonstra-
do isto? É hora de refietir e tomar uma de-
cisão.
2. A TOLERÂNCIA PERMEANDO A
MISSÃO
É importante caminhar sem perder de
vista as características da missão. Tiago
e João, por algum momento, perderam o
sentido e o espírito da missão. Revelaram
intolerância e ignorância, invertendo o ob-
jetivo da missão: em vez de salvar, queri-
am destruir (9.54,55).
Anteriormente, já haviam demonstra-
do a mesma intolerância, proibindo um ho-
mem que expelia demónios em nome de
Jesus, de fazer tal coisa, porque não se-
guia com eles (9.49,50). Nas duas ocasi-
ões, Jesus repreendeos discípulos. Toda
ação que promova a vida do homem pode
ser parte integrante da missão de Jesus e
da igreja. Diz Jesus:"... quem não é con-
tra vós é por vós".
Geralmente, somos tentados e levados
a esquecer a missão, revelando toda a nos-
sa intolerância ante a postura das pesso-
as. Jesus ensina a tolerância, visando à
essência da própria missão. Em Jericó, a
intolerância foi contra o publicanoZaqueu.
E Jesus, mais uma vez, mostra a essên-
cia de sua nobre missão (Lc 19.10).
Hoje, infelizmente, muitas pessoasque
deveriam ser o alvo da missão da igreja,
também são alvos da intolerância e da ig-
norância da mesma. Pessoas como os de-
pendentes químicos, portadores do vírus
da AIDS, prostitutas, meninos de rua, ex-
presidiários, são vistas etratadas com cer-
ta intolerância por parte de setores da igre-
ja cristã. É a completa inversão da mis-
são. Será que ainda existe em nosso meio
pontos de vista como os de Tiago eJoão?
Esperamos, sinceramente, que não.
3. O OBJETIVO DA MISSÃO
O versículo 56 deixa bem claro o obje-
tivo da missão de Jesus Cristo: "pois o
Filho do homem não veio para destruir as
almas dos homens, mas para salvá-las"
(9.56a). A caminhada de Jesus rumo a Je-
rusalém é para cumprir cabalmente este
objetivo. O objetivo da missão de Jesus
está presente neste trecho do Evangelho,
com uma ênfase impressionante (12.20;
13.3,5,16, 22-30; 15; 16.19-31; 17.19;
18.18-30; 42; 19.10). O reformador John
Knox comenta dizendo que "esta passa-
gem nos faz lembrar a admirável paciên-
cia de Deus. Nós é que, em nosso peca-
do, queremos fazer descerfogo do céu, a
fim de destruir os malfeitores; mas Deus,
não a despeito de sua santidade, mas por
causa dela, mostra-se paciente".
A comunidade cristã não pode trocar o
objetivo de sua missão. Sempre que ela
perdeu este objetivo, ou dele se distanciou,
ou destruiu, matou, provocou confusão,
cometeu atos de violência, tudo em nome
da justiça. O Senhor da igreja sempre re-
jeitou quaíquertipo de violência. Todos os
seus milagres foram atos de misericórdia
e símbolos da salvação que ele veio trazer
aos homens. Na missão de Jesus, encon-
tramos o cerne da missão da igreja. So-
mos chamados também para "não esma-
gara cana quebrada, não apagar o pavio
que ainda fumega" (Mt 12.19,20). A igre-
ja existe por causa daqueles que estão per-
didos. "Os sãos não precisam de médico
e, sim, os doentes" (Mt 9.12; Mc 2.17;
Lc 9.31). Esquecer esta realidade é rene-
gar o objetivo da missão de Jesus e da
sua igreja. :
Ampliando
discussão
Em que consiste a missão da igreja,
hoje? Qual a sua abrangência?
O que mostra que sua
comunidade tem desenvolvido uma
caminhada missionária?
Autor: Rev. Ailion Gonçalves Dias Filho
(Americana - SP)
E-maÍI: agdf@uol.com.br
Exigências do
Discipulado
Lucas 9.57-62
D
urante o ministério de nosso SenhorJesus Cristo, inúmeras pessoas tiveram um
encontro com ele.Essas pessoas demonstravam, nesses encontros, as mais
variadas reações diante do Senhor. Citando alguns exemplos, observamos aati-
tude de Pôncio Pilatos que,covardemente, "lavou as mãos", tentando ficar neutro
diante do julgamento de Jesus Cristo (Mt 27.24). Judas, numa postura mais radical,
chegou a trair nosso Senhor por 30 moedas de prata (Mt 27.3-5). A mulher pecadora,
num gesto de humildade e reconhecimento da pessoa de Jesus, chora e enxuga os pés
de Jesus com seus cabelos (Lc 7.36-38). Os gerasenos queriam distância de Jesus.
Pediram que ele saísse de suas terras (Lc 8.26-39). São situações diferentes com as
mais variadas atitudes.
O objetivo deste estudo é mostrar as exigências do discipulado, colocadas por
nosso Senhoretão bem registradas por Lucas na caminhada rumo a Jerusalém (9.57-
62; 14.25-35).
Luzes No início da
caminhada de
Jesus rumo a Je-
rusalém, Lucas
informa de três
candidatos ao
d i s c i p u l a d o
(9.57-62). Nessa caminhada, nosso Se-
nhor vaí colocando as normas e as exi-
gências para o discipulado, pondo apro-
va os que queriam segui-lo. Para o Se-
nhor Jesus Cristo, o discípulo precisa ter
disponibilidade permanente, condições
de renunciar a própria família e não vol-
tar atras, uma vez iniciadoo discipulado.
Diante destas exigências,notam-se as pre-
tensões dos candidatos ao discipulado.
Lucas não informa a reação desses discí-
pulos diante das palavras de Jesus (w.
58,60,62). E você, como tem se compor-
tado diante das exigências do
discipulado?
O texto em apreço mostra as intenções
dos candidatos ao discipulado. Muitos,
ainda hoje, são precipitadosnas decisões,
outros priorizam os interesses afetívos
etc... Da mesma forma, outros,ainda, pre-
ferem a velha vida e olham para trás.
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
! Reis
19.19-21
Terça
. Marcos
10.17-22 .
Quarta
Lucas
5.1-11
Quinta
Lucas
9.23-27
Sexta
Lucas
14.25-33
Sábado
l Coríntios
1.18-31
Dominga
II Timóteo •
2.1-13 -
De acordo com o texto, o discípulo
de Jesus precisa assumir as seguintes
atitudes:
1. DISPOSIÇÃO COM VISÃO
O candidato ao discipulado que se apre-
senta no versículo 57 apresentauma pos-
tura devoluntariedade fantástica: "Seguir-
te-ei para onde quer que fores". Jesus
Cristo não aplaude a atitude deste candi-
dato. Ele dá uma resposta que, indireta-
mente, mostra a visão inadequada deste
candidato. Em seu pronunciamento, nos-
so Senhor mostra a sua real condição: "...
o filho do homem não tem onde reclinara
cabeça". O texto paralelo, Mateus 8.18-
22, informa que este candidato era, pro-
vavelmente, um escriba e, como tal, era
conhecedor das profecias. Erapossívelque
ele conhecessea profecia de Daniel, que
fala da vinda do "filho do homem" com
domínio, riqueza e glória (Dn 7.13,14). Por
isso, a proposta de seguir a Jesus incon-
dicionalmente. Pode ser que eletivesse em
mente outros interesses.
Lucas também informa da existênciade
Simão, o mágico, que "abraçou afé", mas
com interesses escusos,por dinheiroe por
interesse de benefício próprio (At 8.9-25).
Muitos "discípulos", ainda hoje, de-
monstram disposição para o seguimento
de nosso Senhor por causa de uma visão
inadequada. Estão atrás de dinheiro. Es-
tão atrás de prosperidade,de segurançae
conforto. Não querem saber de pagar o
preço do discipulado. Não querem saber
de negar a si 'mesmo, tomar a cruz e dei-
xar tudo para; seguir a Cristo (Lc 14.25-
27). ;
Muitos, hoje, não querem saber do
ensinamento apostólico de que nos foicon-
cedida a graç> de padecer por Cristo (Fp
1.29). Édisposição para o discipulado di-
vorciada de u|ma visão do preço do mes-
mo. Édisposição sem visão. É preciso re-
ver esta postura e analisar bem o que sig-
nifica seguir aiJesus Cristo, aquele que não
tem onde reclinar acabeça. Você está dis-
posto a seguir o Senhor desta forma?
2. PRONTIDÃO DIANTEDA
CONVOCAÇÃO
i
O outro candidato não é um voluntário
(v.59). É convocado pelo próprio Senhor:
"Segue-me". É convocado,
mas hesita e responde: "Permite-me ir pri-
meiro sepultar meu pai". Segundo o co-
mentário da Bíblia de Estudo de Genebra,
"o pai ainda podia estar vivo. Estas pala-
vras, então, indicariam que o discípulo que-
ria continuar á cuidar de seu pai até à mor-
te deste. No entanto, se o pai estavamor-
to, as palavrasdeJesus seriam ainda mais
chocantes, urna vez que a piedade filial
exigia que um filho providenciasse o se-
pultamento de seu pai".De qualquer modo,
conclui o comentário, Jesus está dizendo
que as exigências do reino suplantam to-
das as lealdades terrenas.
Ainda hoje', muitos são chamados, mas
hesitam por causa do apego à família ou
às coisas da vida. São chamados, mas não
querem assumiras exigências do compro-
misso com Cristo.
O Evangelho registra o encontro de um
homem com Jesus, o qual desejava pos-
suir a vida eterna. Era observador da reli-
gião e guardava os mandamentos. Mas
não foi capaz de abrir mão de suas propri-
edades para abraçar o discipulado. Eleera
muito rico. Foidesafiado, mas hesitou (Mc
10.17-22).
No final de sua vida, Paulo menciona o
abandono de um colaborador, Demas, que
"tendo amado o presente século", aban-
donou-o (II Tm 4.10). O mesmo apóstolo
ensina que "nenhum soldado em serviço
se envolve em negócios desta vida,por-
que o seu objetivo é satisfazer àquele que
o arregimentou" (II Tm 2.4). Seguira Je-
sus é sinónimo de ir e pregar o reino de
Deus (v. 60). Qualquer coisa que impeça
isto é hesitação diante da convocaçãofei-
ta por nosso SenhorJesus Cristo. Você tem
hesitado ante à convocação do Senhor?
3. ACEITAÇÃO SEM CONDIÇÃO
Na caminhada rumo aJerusalém, apa-
rece um outro voluntário (v. 61).A exem-
plo do anterior,também hesitae impõe uma
condição: "deixa-meprimeiro despedir-me
dos de casa" (v. 61). Nosso Senhorres-
ponde, fazendo uma relação entre o
discipulado e a ação de arar. Aqueles que
estão acostumados a arar a terra sabem
que tal ação requer uma atenção
ininterrupta, e assim exige também o
discipulado (v. 62).
Muitos, ainda hoje, querem seguiraJe-
sus Cristo, impondo condições. Querem
seguir a Jesus, mas não querem amar o
semelhante, não querem carregara cruz,
não querem negar a si mesmo. Enfim,que-
rem seguir a Jesus Crsito, mas não que-
rem colocá-lo em primeiro lugar em suas
vidas (M16.33). É importante dizer que Je-
sus não está mendigando discípulos, nem
seus favores. Pelo contrário, ele é o Se-
nhor e é quem estabelece as exigências
para o discipulado, embora muitos quei-
ram inverter os papéis, impondo condi-
ções. O discípulo é servo e, como tal,não
impõe, mas aceita as condições do Se-
nhor.
É preciso redescobrir o real significado
do discipulado. É preciso estar consciente
do que éser discípulo de Jesus Cristo, sa-
bendo que ele, como Senhor, não oferece
um "marde rosas", mas garante a vitória
àquele que forfiel (Ap2.10).
Ampliando
Quais são alguns dos empecilhos
apresentados pelas pessoas hoje,
para seguir a Jesus?
O que significa negar a si
mesmo, tomar a sua cruz e
seguir a Jesus?
Autor: Rev. Ailfon Gonçalves Dias Filho
(Americana - SP)
E-mail: agdf@uol.com.br
Missão Cris í
no Mundo
Lucas i o. i-12
O
ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, recebeu; desde o início,
uma missão para cumprir, que é a de guardar e cultivar aterra (Gn 1.26,27; 2.15).
De lá para cá, o que se percebe é que sempre existe tarefa a ser cumprida. Algu-
mas são mais fáceis, e outras mais difíceis. Mas o fato é que ninguém está isento de uma
missão para exercernesta vida. Ninguém vive sem uma atividade, e isso é que confere
razão e beleza para se viver. ;
A palavra "missão" pode ser compreendida como função, ou poder que se confere a
alguém para fazer algo; encargo ou incumbência.
É importante observar nesse relato algumas recomendações feitas por Jesus. O
objetivo deste estudo é ressaltar essas orientações, a fim de contribuir para o pleno
cumprimento da missão cristã nos dias atuais. i
o
texto
Luzes O texto em
análise, que é ex-
clusivo de Lucas,
trata de uma mis-
são que Jesus deu
a 70 pessoas, en-
viando-as de duas em duas. Ele enviou
em pares, para que existisse mútuo apoio
e o testemunho fosse reforçado. Ele tem
profundas semelhanças com o relato do
envio dos doze apóstolos, masé bem mais
detalhado (Mt 10.1-15). Conforme o co-
mentarista William Barclay, essa passa-
gem descreve urna missão maior do que
a primeira dada por Jesus aos doze. Quan-
to ao número 70, que era simbólico para
osjudeus, existem várias interpretações,
dentre as quais pode-se mencionar:
a) Segundo o Teólogo Leon R. Morris,
esse número parece ser um símbolo das
nações do mundo,conceito esse que osju-
deus baseavam em Génesis 10, onde há
70 nomes no texto hebraico.
b) Outros associam o número com
aquele dos anciãos nomeados por Moisés
(Nm 11.16,1,7).
c) Outros pensam nos 70 membros do
Sinédrio.
d) Esse número tão grande demonstra
que Jesus tinha uma grande missão a ser
realizada. :
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
1 Samuel
3.1-14
Terça
Isaías
6.1-8
Quarta
Jeremias
• 1
Quinta
Mateus
20.1-15
Sexfa
Mateus
28.18-20
Sábado
Lucas
10.13-20
Domingo
Ato s
9.1-25
10
rcoes do
Texto
A realização da missão cristã no mundo exige:
1. CONSCIÊNCIA DO CHAMADO DIVINO
O texto emfoco começa, já noversículo l,
citando o seguinte: "Depois disto o Senhor de-
signou outros setenta; e os enviou de dois em
dois....". Aqui está evidente que a iniciativa é
de Jesus, o qual convocapara uma grandemis-
são. Ossetenta demonstraram consciênciades-
se chamado por parte de Jesus e atenderam
prontamente. Já no versículo 2, há uma
constatação de que a seara é grande e os tra-
balhadores são poucos, e, por isso, elesdeve-
riam rogar a Deus que enviasse trabalhadores
para a seara. Realmente é Deus quem chama,
envia e capacita.
Essa consciência do chamado divino para
a importante missão foi percebidapelo profeta
Isaías (Is 6.1 -8). Esse chamado ou separação
para a obra é iniciativa do Espírito Santo de
Deus, conforme ocorreu por ocasião da primeira
viagem missionária de Paulo (At 13.1-3).
Quando Deus chama, não quer dizer que o
enviado terá uma vida isenta de inúmeras ad-
versidades, mas a possibilidade de êxito émui-
to grande, pois o Senhor sempre conduz em
triunfo os seus escolhidos (II Co 2.14).
2. DESAPEGO MATERIAL
No versículo 4, Jesus recomendaparanin-
guém levar sandálias, bolsa e alforje. Isso quer
dizer que o enviado, para realizar a missão, não
deve carregar peso algum, ou seja, não deve
estar envolvido demasiadamente com aquilo
que é terreno. Jesus quer mostrar que o
vocacionado deve ir como está, demonstrando
prontidão, pois o chamado é urgente e hámui-
tos perecendosem Cristo.
Nos versículos 7 e8, Jesus recomendauma
atitude contrária à ganância, orientando que se
deve comer o que for servido, e não ficar de
casa em casa em busca de algo melhor, pois
há urgência na missão. O enviado deveria estar
satisfeito com aquilo que fosse servido, rece-
bendo como sendo o básico para suasobrevi-
vência. O livro Didaquê, escrito por volta do
ano 100 d.C.,que é o primeiro livro dediscipli-
na da igreja, mostra algo interessante sobre
esse assunto: "naquele tempo existiam profe-
tas que iam de cidade em cidade, mas se al-
gum permanecessemais de três dias sem tra-
balhar, era um falso profeta; e se algum pedis-
se dinheiro e comida, era falso. Ele diz rnais,
que aquele que trabalha merece o seu salário,
mas como servo do Mestre não pode buscar o
luxo". Esta ideia está declarada em l Coríntios
9.14 e l Timóteo 5.18.
O apóstolo Paulo, falando ao seu filho na fé,
Timóteo, demonstrou essedesprendimento,afir-
mando que, tendo com que vestir e o sustento
básico, devemos estar contentes (ITm 6.7-10).
Paulo, ainda, denunciou aqueles que viviam
mercadejando a Palavra de Deus (II Co 2.17).
Sabe-se, porém, que o obreiro necessita
possuir recursos materiais para asua digna so-
brevivência e a de sua família. Mas, infelizmen-
te, muitos estão se envolvendo mais com o ma-
terial do que com aquilo que é eterno, levando
assim ao fracasso espiritual e à própria
desqualificação para a missão.
3. CONCENTRAÇÃO NA TAREFA
Ainda no versículo 4, Jesus recomenda para
ninguém saudar pelo caminho. Isso não é uma
ordem para ser descortez ou sem educação,
mas significa que aquele que tem uma missão
sublime e urgente para realizar, não deve se
deter com o que é de menor importância. As
saudações orientais eram detalhadas e
delongadas, porisso não se podia demorarcorn
saudações. Isso ocorreu lá no passado, quan-
do o profeta Eliseu falou a Geazi para que este
não saudasse a ninguém pelo caminho (II Rs
4.29). Essa parada para cumprimentar as pes-
soas, com certezadesviaria a atenção para algo
11
que não era o mais importante. A missão que
Jesus ordena precisa ser cumprida com muita
concentração e muita dedicação.
A falta de concentração prejudica odesem-
penho da missão. Quantos estão olhando mais
para o inimigo do que para o Deus que conce-
de vitórias! Neemias e os seus companheiros
demonstraram forte concentração na missão
divina que desempenhavam, e não cederam às
fortes pressões {Nm 6.1-4).
As Escrituras recomendam concentração na
tarefa cristã (Fp 3.14; Hb 12.1,2).
4. POSSIBILIDADE DE OPOSIÇÕES
Nos versículos 10 a 12, Jesus mostra area-
lidade da rejeição à mensagem proclamada atra-
vés dos comissionados. Jesus diz que, quando
nãoforem recebidos numa cidade, deve-se deixá-
la, sacudindo até o pó; mas, para a cidade que
rejeita, haverá dura condenação e destruição.
Essa triste e dolorosa condenaçãodas cidades
impenitentes está descrita nos versículos 13 a
16. Isso implica dizer que Jesus está apresen-
tando a possibilidade das oposições à mensa-
gem profética. Otexto diz, ainda, que Jesus en-
viou esses indivíduos como "cordeiros para o
meio de lobos" (v.3), mostrando, assim, o peri-
go e a dificuldade da tarefa.
No início do sermão do monte, Jesus dis-
se que não se deve ignorar e nem se abater
'diante das perseguições (Mt5.10-12).
Realmente, todos os comissionados enfren-
tam oposições, perseguições e rejeições, as
quais, quando encaradas com perseverança e
como desafios para se buscar mais a Deus,
redundam em benefíciosevitórias. A Bíblia afir-
ma que tudo coopera para o bem daqueles que
amam a Deus (Rm 8.28). Desse forma é que
se deve cumprir a missão cristã hoje.
5. PROCLAMAÇÃO DE PAZ E LIBERTAÇÃO
Nessa missão proclarnadora, os discípulos
deveriam levaruma mensagem do próprio Cris-
to, a qual possui três ênfases básicas:
• Paz - No versículo 5, Jesus recomenda a
declaração de uma mensagem de paz ao seche-
gar nas casas: "Paz se/a nesta casa". Essa não
era apenas uma saudação judaica, mas uma
mensagem que Jesus queria que fosse real na
vida da cada indivíduo, não apenas no sentido
de reconciliação do pecadorcom Deus, mas nos
relacionamentos interpessoais. O próprio Jesus
é o Príncipe da P:az, e a sua igreja deve viver em
paz e proclamai] essa paz. Como é gratificante
verificar que, no.início do Cristianismo, a igreja
verdadeiramente tinha paz! (At 9.31).
• Libertação - Noversículo 9a,Jesusor-
dena para se curar os enfermos, pois estavam
oprimidos pelas enfermidades e careciam de
libertação. Eles receberam autoridade para isso
(Lc 10.19-20; Mc 16.18). Essa mensagem é
uma prova de amor e misericórdia de Jesus em
favor do ser humano. Só em Jesus há plena
libertação (Jo 8.32).
• Iminência do reino de Deus - No
versículo 9b, Jesus diz para que se publique
que "está próximo o reino de Deus". A com-
preensão cristã: deve ser essa - saber queo
reino de Deus está sempre próximo, pois Je-
sus está presente e voltará a qualquer momen-
to. Hoje é o tempo da oportunidade para que
muitos aceitem a Jesus e façam parte do reino
de Deus. A missão cristã é proclamar essa men-
sagem.
Ampliando^
discussão
A quem é dirigido o chamado divino
para o exercício da missão crista no
mundo? .
Quais são as evidências de que a sua
comunidade tem cooperado com a
missão cristã no mundo?
Autor: Rev. Anderson Saíhler
(Manhuaçu - MG)
E-mail: csathler@soit-hard.com.br
12
Amor na
Caminhada
Lucas 10.25-42
Á
vida é uma caminhada por este mundo, na qual a palavra central é o amor. A Bíblia
apresenta o amor como sendo o dom supremo, e recomenda uma convivência de
amor entre as pessoas.
Em seu livro Igreja Ensinadora, a Dra. Sherron K. George declara o seguinte sobre o
livro de Lucas: "No texto de 9.51 a 19.28, Jesus, o Mestre, manifestou no semblante a
intrépida resolução de ir para Jerusalém (9.51). Durante dez capítulos, o evangelista
registra a caminhada para Jerusalém. Os assuntos abordados são profundos, e o ambi-
ente está carregado com tensão e antecipação da oposição e consequente morte em
Jerusalém. No caminho havia muito diálogo, comunhão de mesa, interrupções e pergun-
tas. As parábolas constituem 50% do Evangelho de Lucas, e que há, pelo menos, 20
delas nesse texto mencionado, que é a jornada de Jesus para Jerusalém. Através das
parábolas, levava os discípulos a pensarem, a refletirem, a se posicionarem. Elas não
traziam respostas prontas, e cada ouvinte tinha de fazer sua própria identificação e apli-
cação. A parábola forçava algum posicionamento; o discípulo é que definia seu compro-
misso em perfeita harmonia com o reino de Deus".
Para apresentar essa responsabilidade cristã, Jesus contou a parábola do samaritano,
na qual resumiu os valores do reino de Deus em: "Amarás o Senhor teu Deus... Amarás
o teu próximo como a ti mesmo"(Ml 22.37-39J.
Luzes
A cena onde
se passa essa pa-
rábola é o cami-
nho perigoso de
Jerusalém a
Jericó, com cerca
de 30 km. Jeru-
salém esta a 750 m acima do nível do mar,
e Jericó a 400 m abaixo, sendo, então,
cerca de 1.150 rn de descida, com desfi-
ladeiros, penhascos e curvas
perigosíssirnas. Era lugar ideal para os as-
saltos e demais investidas de inimigos.
Esse desfiladeiro tinha péssima reputa-
ção, chegando a receber o nome de "Via
sangrenta", pelo grande número de assal-
tos e assassinatos que ali se cometiam.
Os personagens envolvidos são: o viajan-
te, os salteadores, o sacerdote, o levita e
o samaritano.
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
Génesis
29.1-30
Terça
Rute
1
Quarta
João
13.31-35
Quinta
Romanos
12.9-21
Sexta
Romanos
13.8-10
Sábado
l Coríntios
13
Domingo
l João
4.7-21
13
Lições do
Texto
Esía parábola nos permite entender o que
significa a prática do amor na caminhada.
1. AMOR NA CAMINHADA: UMA
ATITUDE OPOSTA AO LEGALISMO
Jesus foi abordado por um intérprete da
Lei, cujo objetívo era colocá-lo em provas. Sua
pergunta foi feita, não à procura de informa-
ções, mas, sim, para verse Jesus não conse-
guiria responder à altura, aproveitando a opor-
tunidade para desmascará-lo. Ele diz: "Que
farei para herdara vida eterna?" Pensavanal-
guma forma de salvação pelas obras. Jesus
respondeu com uma combinação de passa-
gens que resume as exigências da Lei (Lv
19.18; Dt 6.4-9; 11.13; Mt 22.37; Mc
12.30,31). Todas estas passagens mostram
que é necessário amar a Deus e ao próximo
em todo o tempo e com tudo o que se pode,
indo, assim, além da Lei. Está claro que a
vida eterna não pode ser adquirida pelo esfor-
ço próprio, e nem por uma tentativa de auto-
justificação. Segundo o teólogo Joachim
Jeremias, "todo conhecimento teológico de
nada serve, se o amor para com Deus e para
com o próximo não determinar a direção da
vida".
O sacerdote e o levita são exemplos de
legalismo, A Lei que eles seguiam ao pé da
letra e à risca, falava em socorro aos animais
do próximo (Èx23.5; Nm 18.20; Dt22.4,), mas
ali estava o dono do animal e eles passaram
de largo. A Lei exigia mais, pois o sacerdote
não devia tocar num cadáver. O sacerdote eo
levita se esqueceram do mais importante da
Lei: "Misericórdia quem enão sacrifício" (Os
6.6). Assim, o que se percebe é que o
legalismo triunfou sobre a misericórdia.
Mas, quem socorreu a vítima foi um
samariíano que era estrangeiro na raça e he-
rege na religião, mas soube suplantar todo o
legalismo reinante e agiu mostrando amor de
modo concreto. Jesus está, aqui, colocando
um ponto final no legalismo ensinando que a
vida eterna nãoié questão de observar regras.
Viver no amor éviver a vida do reino de Deus.
Se realmente aniamos a Jesus, amemos ao
próximo também (l Jo 4.20). Para Jesus, o
amor é algo que a pessoasente e faz.
John A. Mackay, em sua obra Eu porém,
vos digo..., declara: "Hoje, como então, um
interesse religioso puramente formalista con-
tinua insensibilizando o coração humano no
que diz respeito às suas obrigações para com
o próximo. O legalismo reduz a caridade a um
rito, a simples derivado de um credo, ao con-
trário de ser a expressão constante de uma
vida". :
Hoje, mais tío que nunca, na caminhada
da igreja, o legalismo não pode estar presen-
te, mas sim o .verdadeiro arnor ao próximo,
como demonstrou o bom samarítano.
2. AMOR NA CAMINHADA: UMA
ATITUDE QUE SUPERA BARREIRAS
Na parábola, verifica-se que dois líderes
religiosos não socorreram a vítima. Mas, qual
a razão? Algumas barreiras existiam para não
se revelar amor naquela caminhada:
a) O perigo de ser também agredido pe-
los malfeitores;
b) Oviajante era Judeu, e não samaritano.
No livro já citado, deJohn A. Mackay, está re-
gistrado: "A ortodoxia judaica havia dito que o
próximo deviajentender ser o indivíduo da
mesma raça e religião. Era preciso fazer dis-
tinção entre próximo e estrangeiro, de sorte
que, para todo judeu piedoso, a palavra 'pró-
ximo' equivalía.a 'patrocínio'. Os cidadãos da
nação santa não reconheciam a obrigação de
amar aos seus vizinhos geográficos, do outro
lado das fronteiras".
c) A justificativa de que o viajante era o
14
culpado de tudo ou imprudente, pois deveria
estar acompanhado naquele caminho tão pe-
rigoso.
Esse amor na caminhada não tem barrei-
ras . Essa lição básica encontra-se resumida
por William Barclay, em seu comentário
exegéíico, assim: "Qualquer pessoa de qual-
quer nação que está em necessidadeé nosso
próximo. Nossa ajuda deve ser tão ampla
como o amor de Deus". Ainda mais, confor-
me o teólogo Leon L Morris em seu comen-
tário de Lucas, "é a necessidadedo nosso pró-
ximo, e não a sua nacionalidade, que impor-
ta". A Bíblia condena qualquer atitude
discriminatória, pois todos são iguais em Cristo
(Gl 3.28).
Portanto, a lição que o bom samaritano
passa para a igreja, hoje, é que os sentimen-
tos humanos precisam ser superiores aos pre-
conceitos de raça, ou quaisquer outros.
Quantos estão caídos e rejeitados por aí pre-
cisando de ajuda! É hora de derrubar as bar-
reiras e exercer o verdadeiro amor na cami-
nhada. Oditado popular diz: "Fazer o bem sem
olhar a quem".
3. AMOR NA CAMINHADA: UMA
ATITUDE SACRIFICIAL
Quando se fala em amor, logo vem à men-
te algo do sentimento ou das emoções. Mas
é justamente o contrário, pois a demonstra-
ção de amor é algo prático, e não pode con-
sistir em apenas em "ter dó de uma pessoa".
O sacerdote e o levita, provavelmente, senti-
ram pena do ferido, mas não fizeram nada.
Sabe-se que a compaixão, para ser verdadei-
ra, deve gerar atos sacrificiais.
Em qualquer lugar é preciso mostrar amor
sacrificial. Se o sacerdote e o levita tivessem
encontrado um homem ferido dentro de uma
templo sagrado, talvez mostrassem compai-
xão. Mas, como se encontravam num cami-
nho deserto e perigoso, onde ninguém pode-
ria ser testemunha da caridade, onde não es-
tavam exercendo funções religiosas e tinham
que desenvolveruma ação sacrificial, não sen-
tiram obrigação alguma desocorrer aquele ne-
cessitado.
Hoje é possível perceber muitos necessi-
tados desse amor sacrificial: delinquentes, en-
fermos, oprimidos, viciados, injustiçados, de-
samparados, pobres eíc.Esses e tantos ou-
tros estão gemendo e pedem a presença de
alguém quetenha "azeite evinho" para suas
feridas. Cabe à igreja ir e levar o alívio e a cura
para os feridos. Êpreciso refletir que esse amor
sacrificial pelos necessitados emerge da des-
crição do anúncio da sentença do juízo final
(Mt 25.31-46).
É importante enfatizar que não basta uma
demonstração de amor esporádica ou, até
mesmo, sistemática, para o alívio do sofrimen-
to. É necessário que os cristãos demonstrem
a sua compaixão no sentido decontribuir para
o desaparecimento das causas do sofrimen-
to, ou seja, indo à raiz do problema. Isso é
mais complexo, difícil e sacrificial, mas é o
grande desafio aos cristãos. A igreja precisa
discutir as causas que geram tanta dor, po-
breza e injustiças, e procurar corrigi-las com
medidas cristãs e urgentes.
Ampliando^
discussão
Quem são, hoje, os Feridos que
jazem à beira do caminho?
Existem hoje preconceitos que
dificultam a prática do amor na
caminhada? Explique.
Auio
E-mail:
r: Rev. Anderson Sathler '
(Manhuaçu - MG) ;
csathler@soft-hord.com.br 5
A Oração na
Caminhada
Lucas 11.1-13
O
Evangelho de Jesus, segundo Lucas, é considerado o Evangelho da oração.
Jesus, a caminho de Jerusalém, atendeu ao pedido de um dos seus
discípulos que lhe pediu o seguinte: "Ensina-nos à orar como também João
ensinou aos seus discípulos" (v. 1).
Aqui a oração é apresentada como resposta a um pedido, e não como sefosse
um sermão, conforme o registro de Mateus 6.9-13.
Esse pedido foi motivado pelo exemplo de Jesus que sempre levou a sério a
sua vida de oração. Aquele que faz parte do reino de Deus, precisa orar à
semelhança de Jesus, em toda a sua peregrinação neste mundo.
Neste estudo, o objetivo centrai é extrair dos ensinos de Jesus algumas
díreírizes para se conseguir urna autêntica vida de oração durante a caminha-
da cristã. i
Luzes Jesus apre-
senta nesse
texto várias
orientações
com referência
à prática da
"^ oração. Nos
versículos 2-4, ele apresenta a oração-mo-
delo, também conhecida como Oração Do-
minical, ou Oração do Pai Nosso. Esta
oração contém o essencial da oração cris-
tã.Essa oração comunitária possui três par-
tes: l) Invocação,ouadoração;2)Petições;
3) Conclusão, ou seja, declaração de re-
conhecimento^ da majestade do Senhor.
Nos versículos 5-8 Jesus conta uma pará-
bola na qual ele ensina que orar é apre-
sentar pedidos a Deus'^ que são reflexos
das necessidades humanas.Nos versículos
9-13, o Mestre deixa claro que a oração é
algo dinâmico,utilizando os três verbos:
pedir, buscar e bater. Ele ensina que, se os
pais terrenos (ião boas dádivas aos seus
filhos, quanto mais o pai celestial.
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
Génesis
18.22-33
Terça
l Samuel
1.1-18
Quarta
Mateus
6.5-15
Quinta
Lucas
18.1-8
Sexta
João
17
Sábado
Atos
4.23-31
Domingo
I Tessalonicenses
5.12-28
16
Lições do
Texto
1. A ORAÇÃO VERDADEIRA PRESSUPÕE
COMUNHÃO COM DEUS E COM O
SEMELHANTE
Nessas orientações que Jesus transmite
aos seus discípulos e também aos cristãos
hoje, a respeito da prática da oração, é pos-
sível encontrar princípios que caracterizam a
verdadeira oração. Ele ensina que orar é ter
comunhão com Deus e com o semelhante.
Martinho Lutero, escrevendo a respeito do
Pai Nosso, disse: "Estas palavras de Cristo
nos ensinam como devemos orar e o que de-
vemos suplicar; e o saber ambas as coisas
nos é necessário". A Oração do Pai Nosso
inicia-se com a busca de Deus e o seu reino,
mas prossegue apresentando um relaciona-
mento com o próximo. Isso porque a oração
cobre toda a vida do cristão. Não é uma ati-
tude de contemplação, mas de comunhão
cristã dentro da família da fé.
Na Oração Dominical, Jesus ensina que
o cristão, perdoado pelo Senhor,precisa per-
doar. Isso pressupõe comunhão com Deus e
com o próximo.
É bom lembrar que, certa vez,Jesus ensi-
nou a respeito da importância de um relacio-
namento saudávelcom o próximo, como sen-
do um requisito para a prática da
espiritualidade cristã (Mt 5.21-26). Nesta li-
nha de pensamento, vale a pena refletir na
consideração do teólogo Karl Barth, o qual
afirmou que esse "nosso" significa a comu-
nhão da pessoa que ora com todos aqueles
que se encontram com ele e com aqueles que
estão convidados a orar, sendo que oramos
"Pai Nosso" na comunhão na igreja, ou seja,
na congregação. Ele disse mais: "toda a hu-
manidade é objeto da intercessão da igreja e
assim nós entramos na comunhão com a hu-
manidade inteira". Tudo isso conduz a pensar
na oração como sendo não só comunhão com
Deus, mas também comunhão com o próxi-
mo.
É interessante observar que,quando Deus
entregou os Dez Mandamentos, ele apresen-
tou esse princípio, pois os quatro primeiros
mandamentos apontam para o relacionamen-
to com Deus, e os seis restantes, com o se-
melhante (Êx 20.1-17).
É possível que alguns cristãos, ao orar,
ignorem que é necessário não só falar com
Deus, mas também, viver em comunhão com
o próximo. Quando não se cultiva um bom
relacionamento com o semelhante, a vida de
oração torna-se ineficaz.
Assim sendo, a oração une as pessoas
que se encontram perto, ou distantes, pois
ela liga a Deus e identifica a pessoa que ora,
com o povo de Deus. Através da oração, o
cristão se torna um com os outros, revelan-
do, assim, solidariedade cristã.
2. A ORAÇÃO VERDADEIRA PRESSUPÕE
DEPENDÊNCIA DE DEUS
No texto de Lucas 11, Jesus conta uma
parábola cujo ensino principal é o pedido de
uma pessoa amiga, feito a um amigo, a favor
de outro amigo. Pensando bem, é a "Parábola
dos três amigos". Jesus diz que esse pedido,
mesmo sendo feito em hora inoportuna, pre-
cisava ser atendido. Ofato é que alguém pos-
suía uma necessidade básica: pão para outro
amigo. Realmente, a dependência motiva a
prática da oração, pois orar consiste,também,
em apresentar a Deus as carências que se
possui. No versículo 8, o Mestre declara: "...
E lhe dará tudo o de que tiver necessidade".
No capítulo 18 do Evangelho segundo
Lucas, Jesus conta outra parábola: da viúva
que clamou insistentemente a um juiz iníquo
para que lhe atendesse em sua necessidade
(vv. 1-8). Percebe-se, claramente, a sua per-
17
severança no pedido. Aprende-se com eia a
importância da persistência em clamar aoSe-
nhor. Na sequência do texto, o Mestre apro-
va a oração do publicano, a qual está de-
monstrando a sua total carência de perdão:
"... Ó Deus, sê propício a mim,pecador!"
Ele revelou dependência da misericórdia do
Senhor.
Na caminhada cristã, hoje, é possível en-
contrar pessoas que se consideram auto-su-
íicientes, até mesmo ao orar, pois deixam de
depender'inteiramente de Deus. Alguns te-
mem essa abertura de coração napresença
do Senhor, pois acham que isso é sinal de
fraqueza e que poderão até ser criticados.
Porém, isso não é sinal de fraqueza ou fra-
casso, mas de humildade e sinceridade. É
preciso reconhecer que são diversas as ne-
cessidades do cristão, pois todo ser huma-
no é limitado. Deus conhece o coração do
seu povo. Este precisa ser autêntico na ora-
ção.
3. A ORAÇÃO VERDADEIRA PRESSUPÕE
A CERTEZA DA RESPOSTA DE DEUS
Jesus, em sua caminhada rumo a Jeru-
salém, compartilha com os seus discípulos
a respeito da oração, prometendo aos súdi-
tos do reino, respostas a ela: "Pedi e dar-se-
vos-á; buscai, e achareis; batel, e abrir-se-
vos-á" (Lc 11.9,10). Essa certeza é que pro-
porciona tranquilidade e segurança, bem
como, é eia que motiva a busca constante
da orientação divina. Otexto apresenta o se-
guinte: Se um pai biológico atende ao pedido
de seu filho, dando-lhe o melhor, quanto mais
o pai celestial (w. 11-13).
O atendimento às orações está condicio-
nado à soberania de Deus, pois é ele quem
sabe a que, como, por que, e quando aten-
der. A Bíblia mostra que até mesmo pessoas
aparentemente indignas, foram atendidas em
suas petições, como o malfeitor crucificado
(Lc 23.42,43).
A oração é uma prática que possui dois
lados, ou doisiaspectos, a saber: a parte hu-
mana, que consiste em pedir e agradecer; e
a parte divina,, que é ouvir, e responder con-
forme a sua vontade. Mas, o que o texto ga-
rante é que Jesus atende aos rogos das pes-
soas, concedendo,em cada caso, a respos-
ta apropriada.. Cabe a nós o discernimento
para entendera resposta do Senhor.
Conforme o teólogo Leon L. Morris, "a
repetição no versículo 10 sublinha a certeza
da resposta de1 Deus. Os homens não devem
pensar que Deus está indisposto paradar;
sempre está pronto para dar boas dádivas.
Mas é importante que eles façam a sua par-
te, pedindo. Jesus não diz, e não quer dizer
que, se orarmos, sempre obteremos aquilo
que pedimos. Ao final das contas, 'não' é uma
resposta tão específicaquanto o 'sim'. Otexto
ensina que a verdadeira oração não dejxa de
ser ouvida, nem deixa de ser atendida. É sem-
pre respondida na maneira que Deus consi-
dera melhor". :
De modo conclusivo, Jesus, a caminho
para Jerusalém, abre espaço em sua convi-
vência com os apóstolos, demonstrando que
aqueles que fazem parte do reino de Deus
precisam ter vida de oração.
Ampliando at
discussãoQuais são algumas das evidências
da oração autêntica?
Como discernir a resposta de Deus
às nossas orações?
Auiorj Rev. Dionel Faria
(Alio:Jequitibá-MG)
18
Quem é o Senhor
do Reino?
Lucas 11.14-32
Luzes O texto que
está sendo estu-
dado descreve a
libertaçãopro-
porcionada por
Jesus a umjovem
mudo, cuja enfer-
midade era resultado de uma possessão
maligna. O evangelista Mateus declara
que além de mudo ele era também cego
(Mt 12.22). O que está em evidênciano
texto não é a mudez ou a cegueira, mas a
controvérsia sobre a fonte do poder de
Jesus.
Algumas pessoas, fariseus e escribas
(ML 12.24; Mc 3.22), atribuíram a cura do
endemoninhado a Satanás. Eles não nega-
ram a realidade da cura, mas a atribuíram
a Belzebu, príncipeou maioral dos demó-
nios (Mt 12.24). O nome Belzebu, prova-
velmente é derivado de Baal-zebud, o
deus-mosca de Ecrom (II Rs 1.2,3,6,16).
Jesus sabia que esta era uma referência ao
próprio Satanás. Para mostrar que a fonte
de seu poder era o próprio Deus, e não
Belzebu, Jesus afirma que "se opríncipe
dos demónios expulsava os seus súditos,
que estavam fazendo a sua obra, expulsa-
va-se a si rnesmo", observa o professor
John A. Broadus. As forças do mal estão
constituídas para lutar contra as forças do
bem, e não para destruírem-se a si própri-
as.
O mais valente (Deus) é quem amarra
e vence o valente(Satanás). Assim, é pelo
poder de Deus que a libertação acontece.
Porém, "quando alguém se vê livrede um
espírito maligno mas põe nada no seu lu-
gar, está passando grave perigo moral.
Ninguém pode viverpor muitotempo um
vácuo moral na sua vida. O reino de Deus
não provocasernelhante vácuo moral num
homem. Significa uma vitória tão grande
sobre o mal que é substituído pelo bem e
por Deus", declara Leon L. Morris, em
seu comentário de Lucas.
A cura do endemoninhado não se
constituiu em um sinal para aquelas pes-
soas. Eles pediram um sinal do céu. Je-
sus afirma que o único sinal seria o si-
nal de Jonas. Para os ninivitas, o sinal
foi o reaparecimento de um homem que
aparentemente estivera morto durante
três dias. Para a geração nos dias de Je-
sus, o sinal seria a sua ressurreição, três
dias após sua morte.
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
Josué
1.1-9
Terça
Isaias
61.1-11
Quarta
Mateus
12.22-32
Quinta
Marcos
3.22-30
Sexta
João
11.33-46
Sábado
Atos
1.6-10
Domingo
Romanos
8.31-39
19
oes do
Texto
Pelo texto bíblico queestá sendo conside-
rado, pode-se dizer que o Senhor do reino é:
1. AQUELE EM QUEM RESIDE TODO
PODER E AUTORIDADE
Na construção de urna nova sociedade,
Jesus é aquele em quem reside toda a auto-
ridade de Deus. No cumprimento de sua mis-
são, ele encontra aqueles que estão escravi-
zados peio diabo e que necessitam de liber-
tação para uma caminhada feliz e construti-
va.
No texto que está sendo estudado, per-
cebe-se que Jesus encontra-se corri um ho-
mem, mudo, em consequência de uma pos-
sessão maligna. Ao livrar aquele homem des-
se espírito mal, Jesus manifesta seu podere
autoridade. Revela a sua força e evidencia
sua missão. Alguns que estavam por perto,
não podendo negar o milagre, atribuem-no a
um poder satânico, dizendo que o que Jesus
fizera tinha sido obra de Belzebu,um dos no-
mes dados a Satanás. No entanto, Jesus de-
clara que Satanás não pode lutar contra si
próprio. Se assim fosse, o seu reino estaria
dividido e o diabo seria inimigo de si mes-
mo. Este episódio confirma o que se encon-
tra em Isaías: "O Espírito do Senhor Deus
está sobre mím, porque o Senhor me ungiu,
para pregar boas-novas aos quebrantados,
enviou-me a curar os quebrantados de co-
ração, a proclamar libertação aos cativos, e
aporem liberdade os algemados" (Is 61.1).
A igreja, em sua trajetória, é revestida
desse poder e dessa autoridade para o de-
sempenho de sua missão. O próprio Jesus
declarou isto (At 1.8). Portanto, através do
Espírito Santo, que age na vida da igreja, re-
vestindo-a de. poder e autoridade, ela está
capacitada para vencer as forças do mal e
revelar que Crjsío é maior do que tudo e to-
dos. Lamenta-se que em muitos cultos e reu-
niões fala-se mais na força do diabo do que
na força e superioridade de Cristo.
. O professor Leon Morris, comentando
esse texto, declara: 'Uesus aplica firmemen-
te a Sua Iição'com um pequeno quadro do
valente guardando as suas posses, isto é, o
homem sob o'poder dele. Satanás está em
controle e ern paz. Quando um mais valente
o vence, conforme Jesus acabara de fazer
ao expulsar o demónio, a situação inteira é
alterada. A armadura de Satanás lhe é tira-
da. Seus despojos (provavelmente o que ti-
rara dos seus cativos) são divididos. Os dois
termos são pitorescos, e representam a com-
pleta incapacidade de Satanás de ficar firme
diante de Deus. O mal agarra-se firmemente
nos homens, [ylas esse aperto forte é que-
brado, de modo decisivo, quando chega o
reino de Deus. reino não consiste em be-
las palavras; é a derrota do mal".
Assim, impulsionada por esse poder do
alto e pela capacitação divina, a igreja se co-
loca neste mundo para combater todo tipo
de ação satânica, seja nos indivíduos, ou nas
estruturas sociais, porque maior é o que está
em nós do que o que está no mundo (Jo 4.4).
Paulo, o apóstolo, declara: "Que diremos,
pois, à vista deitas cousas? Se Deus é por
nós, quem será contra nós?" (Rrn 8.31).
A construção de uma sociedade nova,
com pessoas novas, só é possível por parte
da igreja, na autoridade e no poder de Jesus.
2. AQUELE QUÊ EXIGE OBEDIÊNCIA
E COMPROMETIMENTO COM O REINO
A autoridade e o poder de Jesus levaram
uma mulher adeclarar uma bem-aventurança
20
à sua rnãe. Ela disse: "Bem-aventurada
aquela que te concebeu, e os seios que te
amamentaram" (11.27). Talvez, com esta
afirmação, ela estivesse declarando que gos-
taria deter um filho como Jesus. Porém, Je-
sus diz a elaque bem-aventurados são aque-
les que ouvem a Palavra de Deus e a guar-
dam. Guardares ensinamentos deJesus sig-
nifica colocá-los em prática durante a cami-
nhada. Aquele que pratica o evangelho está
revelando comprometimento com o reino de
Deus.
A igreja, para sustentar o seu compro-
misso com Cristo, necessita viver uma vida
de obediência a ele e à sua Palavra. O êxito é
resultado da observância dessa Palavra. As
palavras que Jesus dirigiu àquela mulher são
encontradas, também, em Apocalipse 1.3:
"Bem-aventurados aqueles que lêem e aque-
les que ouvem as palavras da profecia e
guardam as cousas nela escritas..."
O êxito de Josué no cumprimento de sua
missão dependia de obediência à Palavrade
Deus (Js 1.7,8). Da mesma forma, a igreja
tem a sua vitória, mas isto só é possível com
base na obediência.
Em sua difícil, porém gloriosa trajetória,
a igreja há de se deparar com aqueles que
se opõem a Cristo e ao seu reino. Não deixa-
rão de existir aqueles que negarão o podere
a autoridade de Jesus. No entanto, na medi-
da em que a igreja permanecer fiel, revelan-
do comprometimento com esse reino, ela há
de ver o projeío de Deus para este mundo,
sendo concretizado a cada dia.
3. AQUELEQUEEXIGEARREPENDIMENTO
PARA UMA NOVA CAMINHADA
Muitos daqueles que estavam vendo e ou-
vindo Jesus, pediram a ele um sinal do céu
para que pudessem crer nele. Estavam ávi-
dos por algo mais extraordinário ainda. Eles
dependiam de mais provas sobrenaturais
para aceitarem que Jesus era o Filho de Deus.
Conhecendo a dureza de coração e a per-
versidade deles, Jesus declara que o único
sinal que receberiam era o sinal de Jonas.
Que sinal seria esse? Alguns afirmam, to-
mando o texto de Mateus 12.38-42 por base,
que era a ressurreição. Assim como Jonas
ficou três dias no ventre do peixe e depois
reapareceu, Jesus ficaria na sepultura e, ao
terceiro dia, ressuscitaria. Outros dizem que
o sinal é o arrependimento. Por meio da pre-
gação de Jonas, os ninivitas se arrepende-
ram. Jesus também exige arrependimento
para que uma nova vida se estabeleça. Seja
qual for a interpretação dada ao texto, a ver-
dade é que Jesus morreu e ressuscitou para
que uma nova vida possa ser experimentada
por aqueles que se arrependem de seus pe-
cados. O arrependimento é a condição para
o novo nascimento. A conversão é, portan-
to, uma marca imprescindível navida do cris-
tão, pois "se alguém não nascer de novo,
não pode vero reino de Deus" {Jo 3.3).
Ampliando
discussão
Por que há, hoje, uma constante
busca de sinais por parte de
determinados grupos cristãos?
O que é possessão demoníaca?
Auíor: Rev. Sérgio Pereira Tavares
{Manhumirim -MG)
E-mail: didaque@sofí-hard.com.br
21
Bens
Materiais
Lucas 12.13-34
E
m meados de 1999, o Brasil quase parou para acompanhar o sorteio da Mega Sena,
acumulado, naquela ocasião, há um bom tempo. A esperança de ganhar algumas
dezenas de milhões de reais fez com que em todo o país se formassem filas imensas
em casas loíéricas. Pois, em toda parte, o sonho de muitos é ganhar muito dinheiro. Sempre
íoi assim. Para ganhar muito dinheiro, pessoas fazem o mal e,o bem.
Na busca desesperada por dinheiro, pessoas atropelam princípios básicos do reino de
Deus, como gratidão ao Senhor pelo que se consegue obteri solidariedade para com os
pobres, honestidade nos relacionamentos profissionais e justiça na sociedade. O Brasil so-
fre com problemas sérios na distribuição de renda. Parece que a maioria da população não
se importa com isso. Alguns programas deTV,veiculados há décadas, anunciam a "felicida-
de" a quem for fiel no pagamento de seus carnes. Entre alguns; evangélicos, a situaçãonão
é muito diferente. Alguns grupos promovem campanhas especiais, com promessas de enri-
quecimento sobrenatural e rápido. Emissoras de rádio veiculam testemunhos de pessoas
que prosperaram e se enriqueceram com sua participação em tais coisas. Mas não se ouve
nestes programas, sejam os "seculares" ou os "religiosos", uma palavra profética de crítica
ao sistema que promove injustiça social, Nem de orientação ao! povo quanto ao que a Bíblia
ensina sobre nossa relação com o dinheiro. i
Luzes Quem lê o
capítulo 12 de
Lucas, observa
que o versículo
13 (que inicia o
texto básico do
presente estudo) apresenta uma mudan-
ça no assunto da passagem. Com a perí-
cia de um escritor habilidoso, que domi-
na a arte da narrativa, Lucas diz: "Nesse
ponto, um homem que estava no melo da
multidão lhefalou: Mestre, ordena a meu
irmão que reparta comigo a herança".
Leon Morris afirma: "uma interrupção
que surgiu entre a multidão dá uma opor-
tunidade para alguns ensinos sobre o uso
correio das posses materiais". A passa-
gem é por demais importante,pois apre-
senta o ponto de vista de Jesus com rela-
ção ao modo como seus seguidores de-
vem lidar com p dinheiro e com os bens
materiais. Jesus ensina a prioridade que
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
Provérbios
30.7-9
Ter^a
Jeremias
22.13-23
Quarta
Lucas
6.20-26
Quinta
Lucas
11.37-44
22
Sexta
Lucas
16.19-31
Sábado
l Timóteo
6.3-19
Domingo
Tiago
4.13-5.6
o reino de Deus deve ter para quem se
compromete com o projeto de vida que
ele apresenta. O tema da passagem é a
riqueza na perspectiva do reino de Deus.
O texto não condena as riquezas em si,
mas condena colocá-las corno a coisa
mais importante da vida. No trecho em
apreço, há uma parábola (16-21) e uma
•seção didática, na qual Jesus fala sobre
as riquezas (22-34). Esta é uma de várias
passagens no terceiro Evangelho, em que
há forte crítica ao mau uso que se pode
fazer do dinheiro. Uma característica de
Lucas é enfatizar o ensino de Jesus que a
riqueza é potencialmente perigosa para
quem quer servir a Deus (6.20-26;
16.13,14, 19-31; 18.18-30; 21.1-4).
Como todos os textos em Lucas,
12.13-34 oferece muito material para re-
flexão profunda.
rcoes do
Texto
1. POSSUIR MUITOS BENS
MATERIAIS NÃO É TUDO NA VIDA
O texto em estudo só aparece no Evan-
gelho de Lucas. Quando alguém pede a Je-
sus que interfira em uma questãorelaciona-
da a uma herança familiar, o Senhor não
atende ao pedido que recebeu (12.13,14).
Mas aproveita para ensinar que, na vida, o
mais importante não éo dinheiro ou os bens
materiais: "porque a vida de um homem não
consiste na abundância dos bens que ele
possui" (v. 15).
Jesus se posiciona na contramão da so-
ciedade, tanto naqueles dias, como hoje: as
pessoas em geral pensam que, para que a
vida tenha valor, há de se ter muito dinheiro.
A sociedade valoriza o consumismo e quem
tem dinheiro, desprezando quem não tem; o
que torna mais oportuno o ensino de Jesus
para urna sociedade como a brasileira, na
quai hátanta preocupação com a "fachada".
Muita gente tem a obtenção de riquezas
como alvo central em sua vida. Para alcan-
çar seu objeíivo, corre atrás de muita coisa,
sacrifica a família, pisa o seu semelhante,
esquecendo-se que há um Deus no céu pe-
rante quem um dia todos prestaremos con-
tas.
Quem pensa que dinheiro é tudo, preci-
sa ouvir as palavras de Jesus: "Não
acumuleis para vós outros tesouros sobre
a terra, onde a traça e a ferrugem corroem
e onde ladrões escavam e roubam; mas
ajuntai para vós outros tesouros no céu,
onde traça nem ferrugem corrói, e onde la-
drões não escavam, nem roubam; porque,
onde está o teu tesouro, aí estará também
o teu coração" (Mt 6.19-21).
O ideal da ética bíblica quanto ao uso do
dinheiro éadignidade - nemapobreza, nem
a riqueza (Pv 30.7-9). Esta dignidade tern a
ver com sustento, educação, saúde, vestu-
ário, lazer; enfim, o que possibilita uma vida
com tranquilidade.
2. OS BENS MATERIAIS DEVEM SER
USADOS EM SOLIDARIEDADE, NÃO
EM EGOÍSMO
Para ilustrar seu ensino, Jesus conta a
parábola do homem que teve uma colheita
abundante, e resolveu reconstruir seus ce-
leiros. Em perspectiva humana, foi uma ati-
tude correia. Mas na perspectiva do remo,
sua atitude foi considerada errada,pois Deus
mesmo o chamou de louco.
Qual é o pecado que Jesus condena na
23
parábola? O egoísmo. Já se observou que o
homem da ilustração de Jesus só fala napri-
meira pessoa do singular, jamais na primei-
ra pessoal do plural: ele não fala de paren-
tes ou amigos. Só pensa em si. Viveapenas
para si. Não é solidário. Por isso, é solitário.
A ética económica da Bíblia é solidária.
Quem tem de sobra, deve ajudar quem não
tem (Lv 19.9,10; Dt 24.17-22; Lc 3.11; At
4.32, etc.). Não se pode esquecerofatoque,
nas Escrituras, Deus tem interesse especial
nos pobres. O ponto talvez mais importante
do ensino bíblico quanto ao uso do dinheiro,
é a lei do Jubileu, que prevê correção para
problemas sociais gravíssimos, como for-
mação de latifúndios e aumento depobreza
(Lv 25).A lei do Jubileu, inclusive, tornou-
se a base de toda a missão de Jesus (Lc
4.16-19).
Conforme a Bíblia, o dinheiro não deve
ser usado de modo egoísta.Antes, deve ser
usado de maneira solidária. Biblicamente fa-
lando, o uso responsáveldo dinheiro inclui
ajuda aos desfavorecidos. Quem usa seu di-
nheiro de maneira egoísta, revelater a mar-
ca do inferno. Em dias de insegurançaeco-
nómica, em que a sociedade incentiva ga-
nância e futilidade, e várias igrejas promo-
vem ateologia da prosperidade,éimportante
resgatar a ética social e económica da Bí-
blia, centralizada na justiça e na solidarieda-
de. João Caivino,em seusescritos,enfatizou
a importância da solidariedade económica.
3. BENS MATERIAIS NÃO PODEM
SER PRIORIDADE PARA OS
SEGUIDORES DE JESUS
A passagem em apreçotermina com uma
conhecida palavra de Jesus (v. 34).O Se-
nhor ensina a respeito do que é prioridade
na vida dos seus discípulos. "Quem tem o
coração no dinheiro, e o dinheiro no cora-
ção, nãopode servir o Deus Eterno: ninguém
pode servira dois senhores. Com efeito, ou
odiará um e amará o outro, ou se apegará
ao primeiro e desprezará o segundo. Não
podeis servira Deus eao dinheiro" {Mt 6.24,
Bíblia de Jerusalém].
Jesus ensina que o reino de Deus deve
ocupar aprioridade na escalade valores dos
seus seguidores. A nota de rodapé da Bíblia
Sagrada Edição Pastora! diz: "a aquisição de
bens necessários para viver setorna ansie-
dade contínua e pesada,se não é precedida
pela busca do reino".
Quem seguea Jesus não deve se deixar
dominar pelaansiedadeem conseguir o ne-
cessário para uma vida digna. Deus mesmo
garante o sustento digno de seus filhos (w.
22-30). O mandamento de Jesus é claro:
"buscai antes de tudo o seu reino, e estas
cousas vos serão acrescentadas". Correr
atrás de dinheiro o tempo todo e se esque-
cer do reino de Deus, é mundanismo. A so-
ciedade precisaver homens e mulheres que
dão prioridade aos valores de justiça, soli-
dariedade e humildade, as marcas do reino
dos céus em suas vidas.
Ampliando a
É possível compatibilizar riqueza e
fé cristã?
Diante da ditadura do
neo-liberalismo económico, qual
deve ser a postura da igreja?
Autor: Rev. Carlos Ribeiro Caldas Filho
(Viçosa -MG)
E-mail: revcaldas@uol.com.br
24
O Reino "Já Agora
e "Ainda Não"
ti
Lucas 12.35-39
A
vivência no reino impõeuma tensão constante entre o que já veio e o que está por
vir. Muitos cristãos, influenciados por diversos tipos de teologia, entram em crise
quando percebem o mal no mundo cada vez mais presente. Diante da crescente
violência, das injustiças de todo tipo, corrupção, inclusive de instituições devotadas à
pregação do próprio reino, passam a indagar: "Porque tais coisas acontecem, se o reino
já veio? Como é possível tanta maldade, se o reino de Deus já está implantado? Por que
isto acontece?"
É exatameníesobre este assuntoque nosso estudo trata. Uma abordagem da ten-
são no reino, entre o que já veio, já se manifesta agora, como realidade; e o que ainda
não chegou, está por vir em plenitude. Confundir estas duas realidades bem destaca-
das na Palavra, produz enfermidade na vida cristã.
Luzes
O evange-
lista Lucas
inicia o as-
sunto a partir
de uma pará-
bola. No caso,
""" a parábola de
Lucas 12.35ss tem similaridade com
uma outra parábola, a das dez virgens
(Mt 25.1-13). Otexto também tem um
forte paralelismo com Lucas 16.1-8,16
que, de igual modo, trabalha a ques-
tão da tensão e espera do reino. "Em
ambos os textos, a promessa do Se-
nhor é desafiada pela sua aparentede-
mora e as ofertas tentadoras das situa-
ções contrárias que querem corromper o ser-
vo. E diante desta tensão que Lucas retrata a
luta de cada um de nós, entre a ânsia do reino
instalado, e a difícil militância diantedas ofer-
tas do mundo. A Bíblia Sagrada Edição Pas-
toral, em nota do texto, afirma: "Esperando
continuamente a chegada imprevisíveldo Se-
nhor que serve, a comunidade cristã permane-
ce atenta,concretizando a buscado reino atra-
vés da prontidãopara o serviço fraterno".
Lucas ensina que o reino já é chegado,
como disse o Senhor Jesus (Lc 11.20). Esta
também é a mesma ideia de Paulo quanto à
salvação. Elajá foi decretada na morte e res-
surreição de Cristo Jesus; todavia, ainda não
está em plenitude (Rrn 13.11).
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
Mateus
3
Terça
Mateus
4.1-17
Quarta
Mateus
11
Quinta
Mateus
13.1-23
Sexta
Mateus
13,24-43
Sábado
Mateus
13.44-58
Domingo
Lucas
11.9-13
l25
Lições do
Texto
De acordo com o texto que está sendo
considerado, como o cristão deve adminis-
trar a tensão entre o "já agora" e o "ainda
não" do reino?
1. MANTER A ESPERANÇA E O
DESAFIO DA TENSÃO ENTRE O
"JÁ" E O "AINDANÃO"
Lucas faz uso de um exemplo corriquei-
ro em seus dias, para ilustrar o ensino so-
bre atensão do "já agora"e do "ainda não"
do reino. Lucas 12.35-38 retraía o desen-
volver de um casamento. O noivo está vin-
do. A noiva deve estar preparadae com sua
lâmpada acesa. Não imporia se ele demo-
rará: "Quer ele venha na segunda vigília,
quer na terceira..." (v. 38).Manter aespe-
rança é o desafio diante da tensão entre o
"já" e o "ainda não".
Todavia, nem sempre é romântico es-
perar. Osalmista Davi, em um primeiro mo-
mento, afirmou: "Estou cansado de clamar,
secou-se-me a garganta; os meus olhos
desfalecem de tanto esperar por meu
Deus" (SI 69.2). Posteriormente,o mesmo
Davi, vitorioso, declara: "Esperei confian-
temente pelo Senhor, ele se inclinou para
mím e me ouviu quando clamei por socor-
ro" (SI 40.1). Paulo, escrevendosobre a
esperança, afirma: "Porque na esperança
fomos salvos. Ora, esperança que se vê
não é esperança; pois o que alguém vê,
como o espera ?Mas, se esperamos o que
não vemos, coni paciência o aguardamos"
(Rm 8.24,25).'
A aparente demora não deve gerar aba-
timento. Tem muita gente confundindo a
aparente demora como uma não-vinda. O
apóstolo Pedro, contradizendo esta ideia,
afirma: "Não retarda o Senhora suapro-
messa, como alguns ajulgam demorada"
(II Pé 3.9). Em meio a estatensão e à apa-
rente demora, o cristão é chamado a man-
ter sua lâmpada acesa; é chamado ao de-
safio de uma vivaesperança: "Deus segun-
do a sua muita misericórdia, nos regene-
rou para uma viva esperança" (é 1.3). E
uma viva esperançaprecisa estar prepara-
da para atitudes concretas e para dar razão
de sua motivação em face à tensão dorei-
no. É Pedro quem ainda afirma: "Antes,
santificai a Cristo, como Senhor, emvos-
sos corações, estando sempre preparados
para responder a todo aquele que vos pe-
dir razão da esperança que há em vós"(i
Pé 3.15).
2. UMA TENSÃO QUE REQUER
VIGILÂNCIA CONSTANTE
"Bem-aventurados aqueles servos a
quem o Senhor{ quando vier os encontre
vigilantes..."(v.137}. Se a esperança é a
mola propulsora da motivação em face à
tensão, a vigilância é a postura resultante
de quem desenvolve uma viva esperança.
É exatamentea isto que Lucas se refere em
16.1-8,16. Nestetexto, o servofoi infiel no
cumprimento das ordensde seu senhor.Em
Mateus 24.45-5(1, encontramos aparábola
do servo bom e'do servo mau. Um perdeu
a esperançado retorno do Senhor (24.48),
e passou a maltratar seus conservos
(24.49); o outro, não perdeude vista ofato
de que o Senhor retornaria e requereriaseu
26
trabalho bem feito.
Lucas enfatiza, ainda, que o dono da
casa não sabe a que horas vem o ladrão.
Para tanto, ele se prepara e persevera em
vigilância, a fim de não ser apanhado des-
percebido. Paulo, escrevendo aos
tessalonícenses, afirma: "Assim, pois, não
durmamos como os demais; pelo contrá-
rio, vigiemos e sejamos sóbrios".
Muitas igrejas sofrem porque seus
membros vivem dissoiutamente, em peca-
dos, insensíveis, sem uma busca saudável
de santificação. São pessoas que perde-
ram a esperançae não conseguem vigiar.
"Vigiai e orai, para que não entreis em ten-
tação; o espírito na verdade está pronto,
mas a carne é fraca" (Mt 26.41).
3. UMA TENSÃO QUE EXIGE
DECISÃO
Os valoresdo reino não comungam com
os valores dominantes na sociedade.Os
cidadãos do reino são chamados a viver
uma contracultura de valores no mundo
(Rm 12.1,2). Jesus, em Mateus 5.1-12,
caracterizou estes valores pelas bem-
aventuranças: os humildes entre os arro-
gantes; os limpos de coração entre os su-
jos e maculados até à aima; os que têm
forne e sede de justiça entre os patrocina-
dores da injustiça. A Bíblia Sagrada Edição
Pastoral, em nota ao texto de Lucas 12.49-
53, afirma: "A missão de Jesus, desde o
batismo até a cruz, é anunciar etornar pre-
sente o reino, entrando em choque com as
concepções dominantes na sociedade.Por
isso, é preciso tomar uma decisão diante
de Jesus, e isso provoca ruptura, de-ci-
sões".
O teólogo e filósofo Leonardo Boff, no
iivro Vida Segundo o Espírito, afirma: "Di-
ante de uma necessidade de decisão, o
homem entra em crise, pois sabe que qual-
quer que seja a decisão, implicará em rup-
turas, por isso de-cisão."
Em Cristo Jesus somos chamados a re-
alizar neste mundo algo novo. E o realizar
algo novo, passa por rejeitar e romper com
as velhas e arcaicas estruturas^dominan-
tes na sociedade e na religião. É devido a
esta realidadeque o Senhor,nos versículos
49 a 53, afirma: "Supondes que vim trazer
paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes,
divisão. Porque, daqui em diante, estarão
cinco divididos numa casa: três contra dois,
e dois contra três..."
O evangelhodo reino requer renúncia e
uma decisão certa em prol da salvação,
ainda quetais decisões impliquem em rup-
turas, até mesmo familiares!
Ampliando^
discussão
No contexto onde você vive, quais
são alguns sinais que comprovam
já a presença do reino?
Como você entende esta expressão
do Pai Nosso: "venha o leu remo,
faça-se a fuá vontade,
assim na terra como
no céu
Autor: Rev. Carlos de Oliveira Orlandi Júnior
(São Paulo -SP)
E-mail: corlandi@zaz.com.br
27
Ai spendimento e
Frutos
Lucas 13.1-9
D
urante toda a sua história, a igreja cristã recebe membros que, pelo poder e mise-
ricórdia de Deus, são verdadeiramente convertidos. Pessoas que experimenta-
ram uma transformação interior, por meio de Cristo Jesus, tornam-se engajadas
no serviço do reino, produzindo frutos que permanecem. Porém, a igreja recebe também
pessoas que não são convertidas a Cristo. São aqueles que continuam nas práticas da
velha vida, mas se sentem "seguros", pelo fato de pertencerem a uma igreja.
O presente estudo pretende mostrar, a partir do texto básico, que a vida cristã vai
muito além do batismo e da filiação a uma igreja. Arrependimento e frutos são caracterís-
ticas básicas da nova vida em Cristo.
Prosseguindo a
caminhada para Je-
rusalém, Jesus dc-
para-se com alguns
indivíduos que vão
a ele com o ohjcti-
vo de anunciar uma
tragédia provocada
pela força política de Pilalos, governador da
Judéia {Lc 13.1). Assim, a notícia levada a
Jesus está intimamcnle relacionada aos ma-
les provocados por um poder político injusto
e tirano.
Além do que está registrado no texlo de
Lucas, nadamais se sabe a respeito desse mas-
sacre provocado pelas tropas romanas. O fato
é que alguns galileus foram mortos enquanto
ofereciam os seus sacrifícios religiosos. Não
se sahe a razão pela qual eles foram assassi-
nados.
Com que intenção aqueles homens foram
narrar este acontecimento a Jesus? Seria para
que Jesus censurasse a atitude do governador
romano c fosse acusado de desrespeito a au-
toridade? Ou será que eles estavam tentando
relacionar o sofrimento humano ao pecado?
É difícil responder a esta pergunta. No en-
tanto, Jesus ofereceu a cies uma resposta
conclamando-os ao arrependimento, compa-
rando esta tragédia à queda de uma torre em
Siloé, que levou à morte dezoito homens.
Jesus deixa claro que essas e outras tra-
gédias não estão necessariamente relacio-
nadas ao grau de pecaminosidade das pes-
soas. Mesmo aqueles que não são vítimas
de acontecimentos trágicos, necessitam pas-
sar pela experiência do arrependimento,
pois, se isso não acontecer, sofrerão tam-
hém a destruição.
Jesus declara que o arrependimento ver-
dadeiro se manifesta cm frutos. A parábola
da figueira ilustra isso. O fato de uma fiquei-
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
Isaías
5.1-7
Terça
Lamentações
3.22-66
Quarta
Oséias
11
Quinta
Lucas
3.1-14
Sexta
João
15
Sábado
Romanos
3.9-20
Domingo
Romanos
10.16-21
28
rã estar plantada numa vinha sugere, como
afirma Kenneth Bailey, em seu livro A Poe-
sia e. o Camponês - Uma análise literária-
cultural das parábolas cm Lucas, que Jesus
estava se dirigindo aos líderes religiosos de
Israel, c não à nação propriamente dita. Uma
árvore infrutífera (a figueira) no meio de uma
vinha suga as forças da vinha se ali continu-
ar. Assim, ela é ameaçada de ser cortada. O
vinhateiro roga para que a figueira tenha mais
uma chance, depois de adubada. Caso per-
manecesse estéril, então seria cortada.
Lições do
Texto
1. A AUSÊNCIA DE TRAGÉDIAS NÃO
DISPENSA A NECESSIDADE DE
ARREPENDIMENTO
Jesus aproveita a notícia que receberada
morte dos galileus, relata o acidente na torre
de Siloé, e apresenta um ensinamento claro
sobre a necessidadedo arrependimento para
todos, não apenas para aqueles que são víti-
mas de atrocidades políticas ou de outras ca-
lamidades naturais.
O pensamento popular nos dias de Je-
sus, como acontece ainda hoje, era o de re-
lacionar os acontecimentos trágicos a algum
tipo de pecado. Ou seja, doenças e catástro-
fes eram atribuídas aos pecados. O relato do
cego de nascençaem João 9.1-3 é um exem-
plo disso. Ao verem o cego, perguntaram a
Jesus: Quem pecou? Ele, ou seus pais? Je-
sus responde que nem ele e nem seus pais
haviam pecado, Assim, fica claro que Jesus
nega essa mentalidade popular.
Há, sim, sofrimentos que podem ser re-
sultado de pecados cometidos. Tiago deixa
isso bem claro e relaciona enfermidades a
pecados que precisam ser confessados (Tg
5.14-16). Porém, não se pode dizer que toda
enfermidade é provocada por causa de pe-
cados cometidos.
Jesus revela que os galileus que foram
mortos por Pilatos, bem como aqueles ho-
mens que morreram por ocasião da cons-
trução da torre, não eram mais pecadores
do que a liderança religiosa de Israel e tantas
outras pessoas que não haviam enfrentado
calamidades. A ausência de tragédias não é
garantia de segurança eterna. Não são ape-
nas os que sofrem que precisam se arrepen-
der de seus pecados. Sem o novo nascimen-
to, que é resultado de arrependimento, nin-
guém pode ver o reino de Deus. Essasforam
as palavras de Jesus a um líder em Israel (Jo
3.3). Ninguém pode se considerar superior
aos outros, moral ou espiritualmente, pelo
fato de não passar por dificuldades. Em vez
de julgar os outros, é preciso fazer uma
introspeção earrepender-se.
Na vida cristã, tanto os deveres não cum-
pridos, quanto os aios malignos provocados
pelos crentes, devem levar ao arrependimen-
to. Ninguém pode se sentir seguro pelo fato
de não enfrentar dificuldades e sofrimentos
na caminhada. Arrependimento para a salva-
ção e arrependimento dos pecados cometi-
dos na vida cristã é algo que precisa ser evi-
denciado por todos. O apóstolo Paulo apre-
senta essaverdade em Romanos 3.9-20.
2. O ARREPENDIMENTO É EVIDENCIADO
ATRAVÉS DA PRODUÇÃO DE FRUTOS
Embora Jesus estivessefalando da lide-
rança religiosa (figueira), torna-se evidente
que os seus ensinamentos se aplicam a to-
dos os que estão no reino, isto é, liderança e
comunidade. Assim, na parábola, o que está
em questão é a necessidade da produção de
frutos. A figueira estéril no meio da vinha
poderia prejudicar a produção de uvas. Tan-
to afigueira quanto a vinha precisam produ-
29
zir. Afirma o professor KennethBailey:"Quan-
do esses líderes são infrutíferos, nãofalham
apenas em sua obediência como indivíduos,
mas também tornam estéril comunidadeque
está ao seu redor. Deus tem muito cuidado
com a comunidade, e não tolerará indefini-
damente esta situação".
A pregação de João Batista era caracteri-
zada pelo convite ao arrependimento e à pro-
dução de frutos. Aqueles que se apresenta-
vam para receber o batismo eram desafia-
dos a demonstrar que de fato haviam muda-
do de vida, tendo atitudes compatíveis com
a fé cristã. Era preciso que o arrependimento
fosse traduzido em frutos (Lc 3.8-14).
A falta de frutos colocaafigueirasob ame-
aça. Era de se esperar que ela produzisse
frutos, pois já havia tempo suficiente para
isto. Porém, como nada eraencontrado nela,
além defolhas, o dono da vinhadecidiu cortá-
la. Aqueies que não produzem os frutos do
arrependimento estão sob constante amea-
ça de serem cortados.
3. A MISERICÓRDIA DE DEUS OFERECE
OPORTUNIDADES PARA O
ARREPENDIMENTO E A PRODUÇÃO DE
FRUTOS
A decisão de cortar a figueira infrutífera,
que estava prejudicando toda avinha, foi adi-
ada, num ato de misericórdia para com ela.
Mais uma chance seriadada. Uma novaopor-
tunidade. A figueira seria adubada,receberia
os cuidados necessários. Se mesmo assim
ela continuasse estéril, então seria cortada.
Detalhes na parábola, como por exemplo,
os períodos de três e um ano, são apenas
para completar a história. Não se pode
alegorizar o texto. O que Jesus estáensinan-
do, com esse ano de tolerância, é a miseri-
córdia de Deus oferecida a uma liderança in-
frutífera e a todos que necessitam de arre-
pendimento. Porém, se isío não acontecer,a
justiça será aplicada. Misericórdia e justiça
andam juntas. Pela justiça, Israel pereceria,
mas Deus oferece a oportunidade para o ar-
rependimento, mediante a sua misericórdia.
A misericórdia de Deus, que ofereceopor-
tunidades para o arrependimento e a produ-
ção de frutos, exige, por outro lado, que os
recursos de adubação sejam aplicados. O
vinhateiro declara que, por mais um ano, es-
taria cuidando da árvore, cavando ao seu re-
dor e colocando o esterco necessário. Desta
forma, Jesus ensina que a misericórdia é
estendida com o objetivo de produzir perdão
e renovação, mas isso só é possível com
cuidados especiais.
É preciso entenderque Deusofereceopor-
tunidades à igreja e à sua liderançapara que
se arrependam e experimentem o perdão e a
renovação, curando a esterilidade que mui-
tas vezes se observa na vida da comunida-
de. Ébom lembrar que: 'Xis misericórdias do
Senhor são a causa de não sermos consu-
midos, porque as suas misericórdias não têm
fim" (Lm 3.1).
Ampliando ÍL tl ,• ^l59vJr£"*S
í ÍY
A tolerância do vinhateiro da
parábola pode ensinar sobre a
disciplina eclesiástica na igreja?
Explique.
A sua comunidade tem produzido
frutos? O que comprova isto?
Autor: Rev. Sérgio Pereira Tavares
(Manhumirim - MG)
E-mail: didaque@soft-hard.com.br
30
A Natureza do
Reino
Lucas 13.10-21
P
or diversas vezes, encontramos nos Evangelhosa expressão "reino".
A palavra "reino" tem,como significado: "o domínio real ou a esfera onde se
exerce tal domínio". Contudo, o sentido de esfera do domínio não é o significado
mais fundamental do reino. Como afirma o professorWillian Smith, "o reino não é, em
primeira instância, um lugar ou uma localidadegeográficae espacial que vem. O reino é,
acima de tudo, o agir de Deus na sua função de rei e soberano".
Os pronunciamentos acercado reino de Deus nos Evangelhosnão enfatizam o "onde"
ele pode estar, e sim, "quem" nele se engajará. Em outras palavras, não somos chama-
dos a adquirir um imóvel na localidade do reino de Deus. Somos chamados a adquirir os
seus valores, e a sermos, em todos os lugares, cidadãosdeste reino de Deus.
Lucas é o
evangelista que
mais faz referencias
à questão do reino,
podendo ser chama-
do de "o evangelista
do reino". E tam-
bém significativo notarmos que o evangelista
Mateus, quanto à realidade do reino, escreve
"reino dos céus", pois dirigia-se aosjudeus,
que evitavam iodo tipo de uso do nome de
Deus. Já os evangelistas Marcos e Lucas, fa-
zem uso de "reino de Deus". Assim sendo, é
importante lembrar que o uso de "dos céus",
ou "de Deus" pelos evangelistas, não altera a
conceiluação e conscienlização da realidade
do reino. Todos se reportam a uma mesma
questão.
Há um paralelismo entre Lucas 13.10-21
e 14.1-11, onde se desenvolve o tema do rei-
no. Tanto em Lucas 13,como em Lucas 14,o
autor, antes de abordar explicitamente o tema
cm questão, faz um preâmbulo ilustrativo,
narrando milagres realizados por Jesus. Os
dois milagres trazem confrontação com os
ditames da religião dominante, pois foram
realizados em dia de sábado. E a partir de
então que o autor introduz o tema do reino.
Em contraste com a religião arcaica, obsole-
ta e opressora, manifesta-se o reino.
O Dr. Champlin, em seu comentário de
Lucas, afirma: "A cura foi apenas um edito-
rial para introduzir as parábolas, cujo cerne é
a inauguração e desenvolvimento do reino".
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
Lucas
12.22-34
Terça
Lucas
12.35-39
Quarta
Lucas
14.1-11
Quinta
Lucas
17.20-37
Sexta
Atos
28.23-31
Sábado
Romanos
14.13-23
Domingo
I Coríntios
1.26-29
31
Lições do
Texto
Vejamos, então, algumas consideraçõessobre
a natureza deste reino.
1. A NATUREZA DIVINA E TRANSCENDENTAL
DO REINO
Muito mais do que uma nomenclatura, o reino
que se estabelecia não era fruto de uma ideologia
humana. O reino é de Deus, pois origina-se em
Deus, estabelece-sepela vinda do Filho de Deuse
se manifesta a partir do poder deDeus - "Se, po-
rém, eu expulso os demónios pelo dedo de Deus,
certamente, échegado o reino de Deus sobre vós"
(Lc 11.20).
O professorWilliam Smith assim afirma: "Ana-
tureza do reino é teocênírica, ou seja, Deus é cen-
tra! na pregação do reino. Mesmo o evangelista
Mateus, quando afirmava sobre o reino dos céus,
não divergia do fato de que Deus é o centro". O
reino não está fundamentado debaixo da
centralidade humana; pelo contrário, como
teocêntrico que é, ele vem de Deus ao homem, as-
sim como o Senhor Jesus ensinou a orar: "venha
o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra
como no céu" (Mt 6.10). E este "vir o teu reino"
está associada com a chegada da salvação que
em Jesus se executaria a favor do homem. Eesta
chegada pode ser vista emtucas como umacres-
cente: Em 4.43 - o Senhor afirma que "énecessá-
rio que eu anuncie o evangelho do reino...". Em
10.11- este evangelho seaproximava dohomem:
"...sabei que está próximo o reino de Deus". Eem
11.20 é declarado: "...certamente, é chegado o
reino de Deus sobrevós".
O reino é a manifestação desse agir poderoso
de Deus - um agir saivífico; por isso, ele é absolu-
tamente transcendental na sua origem, sendo are-
velação da glória de Deus (Mt 16.27; 24.30; Mc
8.28;13.26). O teólogo Leonardo Boff, no livro O
Pai Nosso, afirma: "sjí por causa.do agjresmaga-
dor.de Deusvem,g.reino que.as antigas estruturas
não podem conter".
Já Gottfried Brakemeier, no lívro Reino de Deus
e Esperança Apocalíptica, afirma: "Falar no reino
de Deus como fenómeno transcendente é dificul-
tado em nossos!dias por 3 fatores principais: a)
Somos determinados pela cosmovisão científica,
na qual um mundo transcendente não é previsto,
b) Soma-se a isso que a orientação num mundo
futuro etranscendental exerceum efeito paralisador
e alienante sobre a disposição de se construir um
mundo melhor, c) CLterceiroJator é a relevância.
Existem necessjdadss primárias, secundárias e
agjjejgs.qu.ejiavêrdade nlo.sao relevantes,. Aspri-
oridades do nosso mundo são bem mais materiais
que espirituais; razão pela qual, assim se conclui
que a igreja deve reorientar sua pregação e servi-
ço", i
2. A NATUREZA DO REINO SE MANIFESTA
EM HUMILDADE
Um outro traço claro nos textos de Lucas so-
bre o reino, é que a sua manifestação se dá pela
humildade. A parábolado grão de mostarda revela
claramente isto: a menor das sementes. O reino
não impressiona por suaostentação,ou gigantismo,
ou luxo, ou qualquer outraquestão. Oreino, a des-
peito de ser de Deus (Senhor de todas as coisas),
manifesta-se na percepção do que é pequeno, ou
insignificante e humilde.
Israel, no Antigo Testamento, é protótipo disso.
Não .BB uma grande n_acào. Era, na verdade,jjm
"RQVJDÍJO" (S1105.12), que poderia passar até por
despercebido. Mas, a despeito dessa realidade pe-
quena, em Deuteronômio 7.6-8assim lemos: "O
Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses
o seu próprio povo, de todos os povos que há so-
bre a terra. Não vosteve o Senhor afeição nem vos
escolheu, porquelfósseis mais numerosos do que
qualquer povo, pois éreis o menor... mas porque
'vos amava". m Lucas, o SenhorJesus, ministrando s
as bem-aventuranças, afirma: "Bem-aventurados
os pobres, pois dos tais é o reino de Deus" (Lc
6.20). Opróprio milagre do texto básico revelaque
o reino se manifestou a uma mulher {desprezível
socialmente naqueles dias), enferma há 18 anos.
Em Lucas 14.1-1^1, o texto paralelo reafirma que
todo o que se humilha será exaltado e que o maior
no reino é o que serve.
32
O reino, que é de Deus, manifesta-se em
meio à simplicidade e aos humildes (l Co 1.26-
29).
3. A NATUREZA LIBERTÁRIA DO AMOR
NO REINO
O preâmbulo apresentado em Lucas 13 refere-
se a um milagre realizado por Jesus em uma mu-
lher enferma há 18 anos. Por isso ter acontecido
em dia de sábado, os religiosos se alvoroçaram e
até condenaram a mulher. Jesus, então, afirma;
"hipócritas, cadaum de vósnão desprende da man-
jedoura no sábado, o seu boi ou o seu jumento,
para levá-lo a beber? Por que motivo não se devia
libertar deste cativeiro em dia de sábado esta filha
cfe/lòraão..."{w.15,16).
No texto, Jesus destaca que a mulher estava
cativa de uma enfermidade associada a Satanás.
Todavia, o que é impressionante é que Jesus colo-
ca no mesmo "pé de igualdade" o diabo, que
enfermava a mulher e a religião, que algemava a
vida. Não foi apenas necessário libertar a mulher
da enfermidade do corpo produzida por Satanás;
também, foi necessário libertá-la das algemas de
uma religião que escravizava o homem, que igno-
rava a graça de Deus, e só tinha olhos para os gri-
lhões da Lei.
Naoração do Pai-Nosso que Leonardo Boff cha-
ma de Oração de Libertação Integral, percebemos
que a súplica "não nos deixes cair em tentação"
encerra a angústia; e apetição final revelaa consu-
mação da ação do reino: "livra-nos do mal". As-
sim, Boff caracteriza esta natureza libertária do rei-
no, afirmando: "libertados do mal e do maligno,
estamos prontos para gozar da liberdade dos fi-
lhos de Deus no reino do Pai. Aonde não se efe-
íuou a libertação, ainda não chegou o reino".
Paulo, escrevendoaos colossenses,usa desta
metáfora de guerra entre dois reinos para explicar
o que acontece com o cristão: "Ele nos libertou do
império das trevas e nos transportou para o reino
do Filho, do seu amor" (Cl 1.13).
Uma igreja que celebra apenas os números de
adeptos, mas fechaos olhos para os humildes, cala
sua voz frente à exploração, à opressão e à escra-
vidão, é apenas porta-voz de uma religião, como
outras tantas que necessitam ainda conhecer ana-
tureza amorosa, alegre e libertadora do reino, que
é de Deus.
4. A NATUREZA INTERIOR DO REINO
No texto de Lucas, encontramos duas parábo-
las- oreino como semente ecomo fermento. Javier
Pikaza afirma: "Porque o reino é o grão de mostar-
da que está oculto em nossa terra; é um fermento
que já se acha maturando a massa. É porque o
reino está dentro, como um dom que se ofereceu.
Não se vê, nem se distingue, mas existe e é a força
decisiva que concede seu sentido ao mundo. Oreino
está dentro..." Jesus alerta para o perigo de
identificá-lo com forças e instituições visíveis. Ou
mesmo codificá-lo com a totalidade de algo terre-
no. Assim ele declara: "Não vem o reino de Deus
com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou:
Lã está! Porque o reino de Deus está dentro em
vós" (Lc 17.20,21).
A BLQU&ia semente ej. pouca quaníidade_de
fermento.e_stão relacionadas corn o crescimento e_
a influência. A pej}uejiaj;eji£jitj^^
pouco fermento leveda toda a massa.
Todavia, a semente está naterra para ser germina-
da; e o fermento só influencia se estiver inserido
na massa. O reino se estabelece em nós pela pre-
sença do Espírito Santo, que está dentro de cada
cristão. Paulo afirma esta realidade dizendo: "Aca-
so não sabeis que o vosso corpo é santuário do
Espírito Santo, que está em vós...?" (l Co 6.19).
Assim o reino, que é de Deus, manifesta-se a
partir de uma relação humilde, traz libertação pa-
trocinada pela força do amor e explode na vida in-
terior de uma pessoa.
Ampliando^
discussão
Qual a relação entre a igreja e o
reino de Deus?
Qual é a extensão do reino de Deus?
33
O Reino e os
Perdidos
Lucas 13.10-21
S
ão muitos os esforços em favor da vida. Se, de um lado, há atos bárbaros contra a
vida, felizmente, há surpreendentes iniciativasem favor'.da salvação de vidas. Em-
bora alguns estejam por demais feridos, ou deficientes, aparentemente irrecuperáveis,
graças a Deus, cientistas, paramédicos e bombeiros, dentre'outros, empenham-se em
salvar vidas. O Filho do Homem veio buscar e
do reino de Deus. Nada se compara a esta missão.
Lucas 15 pos-
sui bastante uni-
dade literária e
pedagógica. Co-
menta a Bíblia
Sagrada Edição
Pastoral que "o
capitulo 15 de Lucas é o coração de todo
o Evangelho (= Boa Notícia). (...) Com
esta parábola, Jesus fax apelo supremo
para que os doutores da Lei c os fariseus
aceitem partilhar da alegria de Deus pela
volta dos pecadores à dignidade de vida".
O contexto indicaque se aproximaram
de Jesus "coletores de Impostos" e "pe-
cadores" que atraem e provocam o mur-
múrio dos "fariseus" e dos "doutores da
lei".Eles O acusam de acolher pecadores
e comer com eles (Compare com Lc 5.30).
Segundo o Dr.Joachim Jeremias, a desig-
nação "pecadores" era utilizada para pes-
soas que levavam vida imoral (adúlteros,
falsifícadorcs) oíi que exerciam profissão
desonrosa (cobradores de impostos, pasto-
res, tropeiros, vendedores, ambulantes,
curtidorcs). A estes eram negados até mes-
mo os direitos civis.
A pergunta dos escribas c fariseus não
revela admiração,'mas é uma acusação a Je-
sus. Em resposta aos que se consideram "jus-
tos" ou "santos", Jesus contou 3 parábolas
a respeito da grandiosidade do amor de
Deus. Ainda que bastante conhecidas e ad-
miradas, estas parábolas não pretendem
enfocar a dracma, a ovelha ou os filhos, mas
sim, a mulher, o'pastor c o pai, pessoas
inconformadas com a perda e queprocuram
incansavelmente até encontrar os perdidos.
TEXTO
15.3-7
15.8-10
15.11-32
PERSONAGEM
PRINCIPAL
O pastor i
A mulher, pobre
O pai
OS
PERDIDOS
A ovelha
A dracma
Os filhos
ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA
Segunda
Ezequiel
34.1-10
Terça
Ezequiel
34.11-31
Quarta
Ezeqtiíel
36.16-38
Quinta
Oséias
14
Sexta
Romanos
11.25-32
Sábado
Romanos
(14.1-12
Domingo
II Coríntios
2.5-11
34
ícoes do
Texto
A partir das parábolas apresentadas no tex-
to, destacamos:
1. OSPERDIDOS-
ALVO PRINCIPAL DO
REINO
O enredo das parábolas dá fortes evidências
de que Deus deseja e atrai para si os que se en-
contram perdidos, abandonados, afastados ou
excluídos. As parábolas contemplam:
(1) um pastor que abandona o rebanho (99
ovelhas) para buscar urna ovelhaperdida. Jesus
traz uma ilustração da mensagem do profeta
Ezequlel: "procurai a ovelha perdida" (Ez34.16).
Este pastor tem um rebanho de tamanho médio,
mas não pode pagar um ajudante e assume o
encargo sozinho. Ao contar o seu rebanho, como
acontece ao fina! das tardes, sente falta daquela
que mais gostava. Deixa tudo e busca até
enconírá-la.
(2) uma mulher quevasculhaa casa para en-
contrar uma moeda perdida. Informa o Dr. Leon
Morris que as dez moedas podem representar a
poupança deuma pobre mulher ou um ornamen-
to, e que uma dracma "era o salário pago a um
trabalhador por um dia de trabalho". O certo é
que a mulher recorre à luz e busca incessante-
mente até encontrar o que considera um tesou-
ro;
(3) um pai que aguarda ansiosamente o re-
torno de um filho que saiu e "esbanjou suas ri-
quezas nos desperdícios mais desenfreados",
como traduziu Phillips. Após dar conta do erro
que cometeu, o filho retorna à casa paterna e é
acolhido carinhosamente pelo pai amoroso.
Os personagens principais das parábolas
cumprem uma missão: reencontrar os perdidos.
Através das parábolas, Jesus defende a sua mis-
são redentora e refuta a acusação dos religio-
sos. Elefoi criticado por comer e bebercom "pe-
cadores". ObservaJoachim Jeremias que "para
avaliar o que Jesus fez ao comer com 'pecado-
res', é preciso saber que, no Oriente, receber al-
guém em comunhão de mesasignifica até os dias
de hoje, uma honra, que quer dizer oferta de paz,
confiança, fraternidade e perdão; em breve: co-
munhão de mesa é comunhão de vida. (...) As-
sim sendo, as refeiçõesdeJesus com publicanos
e pecadores não são acontecimentos só de or-
dem social; não são só expressões de incomum
cordialidade humana e de generosidade social,
bem como de sua simpatia para com os despre-
zados; mas o seu sentido é mais profundo. (...)
A inclusão de pecadores na comunidade da sal-
vação, realizada na comunhão de mesa, é a ex-
pressão mais patente da mensagem do amor re-
dentor de Deus". Ao comungar da mesa de pe-
cadores, Jesus demonstra que o reino não pos-
sui os limites definidos pelos homens. Não é com-
petência nem de religiosos, ou dos que se consi-
deram mais santos ou melhores que outros. Po-
rém, ao defender a sua missão, ressalta Jesus
que "os sãos nãoprecisam de médicos e sim os
doentes" (Lc 5.31). E, mesmo pessoas excluí-
das, como publicanos e meretrizes, precederão
muitos no reino (Mt 21.31). Afinal, "o Filho do
homem veio buscar e salvar o perdido" (Lc
19.10).
2. A RESTAURAÇÃO-MANIFESTAÇÃO
DA GRAÇA DO SENHOR DO REINO
Nas parábolas, o pastor busca a ovelha que
se encontra enfraquecida e desamparada, sem
conseguir retornar por si só. Ela dependedo pas-
tor para erguê-la e curá-la. Só resta ao pastor
tomá-Ia em seus braços, colocando-a sobre os
ombros, tratando de seus ferimentos e levando-
a ao convívio das demais. Semelhantemente, o
pai corre ao encontro do pródigo, recebendo-o
afetuosameníe e devoivendo-Ihe a dignidade de
filho: a melhor roupa - um sinal de posição; o
anel (talvez de sinete: Gn 41.20); sandálias, que
distinguem o filho dos escravos que andavam
descalços; o novilho cevado,guardado para oca-
siões importantes; a celebração festiva, corn
músicas e danças etc. -sinais vivos dagenero-
sidade e amor que restaura vidas.
Tanto o pastor quanto o pai, não impõem
condições para o retorno dos perdidos. Primei-
ramente, eles retornam; depois, são restaurados.
35
Caminhando com determinação
Caminhando com determinação
Caminhando com determinação
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  • 2. A Serviço do Reino" Rua Maria Olinda, 22 ~ Caixa Postal 22 CEP 36970-000 - Manhumirim/MG Telefax: (033) 341-1572 E-mail: didaque@soft-hard.com.br Capa Expressão Exata (São Paulo -SP) Editoração Eletrônica William Buchacra (Belo Horizonte - MG} Impressão Editora Betânia (Belo Horizonte -MG) [E> É proibida a reprodução parcial ou total (inclusive através de fotocópias), sem a autorização expressa da DIDAQUE. [E> A DIDAQUE não possuí representantes ou distribuidores. Os pedidos devem ser feitos diretamente à Entidade.
  • 3. JJfc Caminhando com Jesus H á séculos o Evangelho de Lucas encanta, comove e desafia quem o lê. É um dos mais belos e comunicativos livros da Bíblia. Quem o lê com atenção, percebe uma interessante mudança de assunto, a partir de 9.51: "Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão departir para Jerusalém" (Bíblia SagradaEdição Pastoral). A partir deste ponto, o evangelista passa a descrever a última viagem da vida de Jesus, da Gaiíléia até Jerusalém. Este trecho, que alguns estudiosos chamam de "Narrativa da Viagem", vai de 9.51 a 19.48. Nesta seção, encontramos passagens muito conhecidas, que só aparecem no terceiro Evangelho, como, por exemplo, as pará- bolas do samaritano e do filho pródigo. O tema central deste bloco do Evangelho é o reino de Deus. Ao preparar esta série de estudos, a DIDAQUÊ convida você para embarcar nesta viagem. Durante a viagem, estaremos descobrindo e/ou recordando gran- des ensinamentos de Jesus a respeito do reino de Deus. Esta série de estudos, que compõe o volume 50 dos Estudos Bíblicos DIDAQUÊ, propiciará a oportunidade para se conhecer melhor o ensino bíblico sobre o reino de Deus. Com certeza,você se sentirá desafiado(a) a um engajamento mais efetivo nesse reino. Vamos, pois, "Caminhando com Jesus". BIBLIOTECA DIDAQUÉ Prof, Antonfo áe "A Serviço do Reino" Manhumirim, abril de 2000.
  • 4. In »rmaçóes e Sugestões E ste volume contém 13 Estudos Bíblicos baseados no Evangelho de Lucas, focali- zando a narrativa da viagem de Jesus da Galiléia atéJerusalém (Lc 9.51 a 19.48). A abor- dagem de cada estudo é feita em relação à reali- dade do reino de Deus. Estes estudos são adequados para classes de Escola Dominical e outros grupos dereflexão, sendo recomendados para jovens e adultos. Os estudos obedecem à seguinte estrutura: • Alimento diário para a caminhada - São textos bíblicos selecionados e relacionados ao tema abordado no estudo. Há um texto indicado para cada dia da semanã. • Luzes sobre otexto - Éumabreve análise do texto tomado por base para o estudo, conten- do explicações para as passagens mais obscu- ras, bem como opções de interpretação. • Lições dotexto - Éumaapresentação or- ganizada das ideias principais, com lições apli- cáveis ao cotidiano do povo de Deus. É um es- forço no sentido de tornar ciara a mensagem do texto, com lições e desafios para o dia adia. • Ampliando a discussão - Éumatentativa de deixar em aberto a discussão, ou aprofundá- la, uma vez que o estudo não é a última palavra sobre o assunto. . Por estarem desvinculados dos rígidos, repetitivos e cansativos currículos de Escola Do- minical tradicionalmente estabelecidos, podem ser adotados em qualquer épocae adaptados se- gundo o programa de EducaçãoCristãelaborado pela própria igreja, a partir de suas necessidades contextuais. Esse material é fortemente caracte- rizado por sua linguagem de fácil compreensão, o enfoque de temas da atualidade e, acima de tudo, o cuidado e o equilíbrio na utilização e in- terpretação do texto bíblico, sempre numa pers- pectiva teológica Reformada. O texto é uma contribuição ao debate e à re- flexão e, em nenhum momento, tem-se a preten- são de sefazer do mesmo a última palavra sobre as questões abordadas, dogmaíizando-as; é, na verdade, o ponto de partida. Para tornar o aprendizado mais eficaz, suge- rimos aos professores ou coordenadores de gru- pos, os seguintes procedimentos: • Utilizar a Bíblia como principal e indispen- sável fonte de pesquisa; • Examinar, rotineiramente, obras de cunho didático-pedagógico, afim de aperfeiçoar-se na tarefa de ensinar, dominando princípios e técni- cas de aprendizagem; • Ir além dotexto apresentado na revista,bus- cando, noutras fontes, dados einformações com- plementares; • Valer-se de ferramentas como Dicionário de Língua Portuguesa, Chave Bíblica, Dicionário Bíblico, Comentários Bíblicos etc., a fim de faci- litar o preparo etornar mais eficaza minisíração; • Buscarsempre ailuminação do EspíritoSan- to durante o período prévio de preparação, e de- pender da mesma iluminação para conduzira aula, fazendo tudo isso com esmero ededicação; • Valorizara totalidade do estudo, evitando o distanciamento do assunto em foco, e adminis- trar bem o tempo para não se deter em determi- nadas partes do estudo, em detrimento de ou- tras; • Assumir a função de mediador do grupo, evitando monopolizar a palavra, oferecer respos- tas prontas e impor o seu ponto de vista como única e absoluta expressão da verdade; • Relacionaras mensagens e os desafios ao cotidiano dos integrantes do grupo, incentivan- do-os a colocar em prática as lições aprendidas e despertando-os para a ação, no sentido de con- cretizar os objetivos do estudo.
  • 5. r .ndicê 01. A Caminhada Missionária da Igreja 04 02. Exigências do Discipulado 07 03. Missão Cristã no Mundo 10 04. Amor na Caminhada 13 05. A Oração na Caminhada 16 06. Quem é o Senhor do Reino? 19 07. Bens Materiais 22 08. O Reino (Uá Agora" e "Ainda Não" 25 09. Arrependimento e Frutos 28 10. A Natureza do Reino 31 11. O Reino e os Perdidos 34 12. A Vinda do Reino de Deus 37 13. A Chegada de Jesus a Jerusalém 40
  • 6. A Caminhada Missionária da Igreja Lucas 9.51-56 Q uando viajamos, geralmente gosta- mos de conversar com os compa- nheiros da viagem. Nestas "conver- sas", pode-se aprender e ensinar muito. Quem não se lembra de uma boa viagem, de uma boa conversa durante a jornada? Uma viagem é uma caminhada e, no ca- minho, muita coisa podeacontecer. Os críticos literários são unânimes em afirmar que os livros que narram viagens tornaram-se grandes clássicos da literatu- ra. Este estudo mostra o início daquela que seria a última viagem de Jesus para Jeru- salém. Nesta caminhada rumo aJerusalém, nosso Mestre muito nos ensina. Eleé o via- jante que é educador. Mostra "pela palavra e pela ação, pela sua morte, ressurreição e ascensão, o caminho que leva à salvaçãoe comunhão corn o Pai, fonte efim de toda a vida" (Bíblia Sagrada Edição Pastoral]. O presente estudo tem corno objetivo despertar a igreja cristã para os seguintes aspectos de sua caminhadamissionária; • a importância da determinação no cumprimento de sua missão; • a tolerância e o amor como acompa- nhantes inseparáveis da missão; • o alvo da missão cristã. Luzes texto Lucas 9.51 marca o início da narrativa davia- gem de Jesus a Je- rusalém (9.51- 19.48). Segundo Werner Georg Kumel, trata-se de uma "criação de Lucas que inseriu material de várias origens na trama de uma jornada até Jerusalém". Se- gundo Kumel, estudos mais recentes têm procurado encontrar o ponto de vista que constituiria a chave da composição desta narrativa, qual seja: ensinamento para os discípulos, contendo normas de vida e de ativídadc; e a futura ativídade missionária da comunidade. Para muitos, Lucas 9.51-56 representa a primeira etapa da ascensão de Jesus, já que a referência para a decisão de ir para Jerusalém não é a crucificação, mas a as- censão de nosso Senhor. O texto registra a não-hospcdagem por parte de urna aldeia desamaritanos que rejeitam o Salvador por causa de seii aspecto de viajante para Jeru- salém. Neste prelúdio da caminhada, há muita coisa, ensinada e muita coisa a ser aprendida. Vale a pena despir-se de pre- conceitos e aprender de Jesus nessa longa viagem. Lucas 9.51-56 é apenas o início. ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda Lucas 4.16-30 Terça Lucas 5.1-11 Quarta Lucas 5.27-32 Quinta Lucas 7.18-23 Sexta Lucas 9.1-6 Sábado Lucas 10.21-24 Domingo Lucas 19.1-10
  • 7. /coes do Texto Vejamos, pois, o que se requer de uma comunidade que deseja caminhar com Je- sus e fazer missão. 1. A DETERMINAÇÃO NO CUMPRIMENTO DA MISSÃO Jesus, em seu ministério, sempre de- monstrou consciência de sua missão. Ja- mais deixou de falar dela. Nunca fugiu de sua responsabilidade. Ele sempre teve o firme propósito de cumprir o seu destino, a despeito dos terríveis sofrimentos que o envolveria. A morte sempre foi uma som- bra na vida de Jesus. O profeta (saías re- gistra isto com detalhes (Is 53). Quando Jesus vê a aproximação do cumprimento de sua missão, elevai ao encontroda mes- ma, fazendo isto com uma determinação evidenciada em sua própria aparência, pois "manifestou no semblante a intrépida re- solução de ir para Jerusalém" (9.51). Os samaritanos se negaram a recebê-lo, por- que o seu "aspecto era de quem decisi- vamente ia para Jerusalém" (9.53). Usan- do uma linguagem popular, poderíamos dizer que Jesus "não fugiu da raia", mas partiu com determinação rumo ã missão. Assim como Jesus, a igreja também tem uma missão (Jo 20.21). Não pode- mos ser igreja sem a consciência desía missão. Não podemos cumprir esta mis- são sem a determinação demonstrada e vivida pelo próprio Senhor Jesus Cristo. Muitas igrejas cristãs perderam esta cons- ciência e a própria determinação no cum- primento da missão. Na verdade, perde- ram a razão de ser da própria igreja. Igreja sem consciênciade sua missão não é igre- ja. A missão da igreja pode ser entendida como toda a ação empreendida pela mes- ma, com o objetivo d.e proporcionar vida em abundância. A igreja existe para salvar a vida dos homens, e não para destruí-la (Lc 9.56; 19.10; Jo 10.10). Ela é como pulmão, tão necessário para a respiração e para a vida. Ela é, em certo sentido, o pulmão do mundo. É preciso rever_a forma de ser igreja nos dias de hoje. É importante repensar sua missão. Énecessário reavaliar sua de- terminação no desempenho da missão. A caminhada de Jesus rumo a Jerusalém é feita a passos largos e determinados para o cumprimento da missão. Damesma ma- neira, a igreja cristã deve caminhar com uma determinação visível em seu "sem- blante". Sua comunidade tern demonstra- do isto? É hora de refietir e tomar uma de- cisão. 2. A TOLERÂNCIA PERMEANDO A MISSÃO É importante caminhar sem perder de vista as características da missão. Tiago e João, por algum momento, perderam o sentido e o espírito da missão. Revelaram intolerância e ignorância, invertendo o ob- jetivo da missão: em vez de salvar, queri- am destruir (9.54,55). Anteriormente, já haviam demonstra- do a mesma intolerância, proibindo um ho- mem que expelia demónios em nome de Jesus, de fazer tal coisa, porque não se- guia com eles (9.49,50). Nas duas ocasi- ões, Jesus repreendeos discípulos. Toda ação que promova a vida do homem pode
  • 8. ser parte integrante da missão de Jesus e da igreja. Diz Jesus:"... quem não é con- tra vós é por vós". Geralmente, somos tentados e levados a esquecer a missão, revelando toda a nos- sa intolerância ante a postura das pesso- as. Jesus ensina a tolerância, visando à essência da própria missão. Em Jericó, a intolerância foi contra o publicanoZaqueu. E Jesus, mais uma vez, mostra a essên- cia de sua nobre missão (Lc 19.10). Hoje, infelizmente, muitas pessoasque deveriam ser o alvo da missão da igreja, também são alvos da intolerância e da ig- norância da mesma. Pessoas como os de- pendentes químicos, portadores do vírus da AIDS, prostitutas, meninos de rua, ex- presidiários, são vistas etratadas com cer- ta intolerância por parte de setores da igre- ja cristã. É a completa inversão da mis- são. Será que ainda existe em nosso meio pontos de vista como os de Tiago eJoão? Esperamos, sinceramente, que não. 3. O OBJETIVO DA MISSÃO O versículo 56 deixa bem claro o obje- tivo da missão de Jesus Cristo: "pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las" (9.56a). A caminhada de Jesus rumo a Je- rusalém é para cumprir cabalmente este objetivo. O objetivo da missão de Jesus está presente neste trecho do Evangelho, com uma ênfase impressionante (12.20; 13.3,5,16, 22-30; 15; 16.19-31; 17.19; 18.18-30; 42; 19.10). O reformador John Knox comenta dizendo que "esta passa- gem nos faz lembrar a admirável paciên- cia de Deus. Nós é que, em nosso peca- do, queremos fazer descerfogo do céu, a fim de destruir os malfeitores; mas Deus, não a despeito de sua santidade, mas por causa dela, mostra-se paciente". A comunidade cristã não pode trocar o objetivo de sua missão. Sempre que ela perdeu este objetivo, ou dele se distanciou, ou destruiu, matou, provocou confusão, cometeu atos de violência, tudo em nome da justiça. O Senhor da igreja sempre re- jeitou quaíquertipo de violência. Todos os seus milagres foram atos de misericórdia e símbolos da salvação que ele veio trazer aos homens. Na missão de Jesus, encon- tramos o cerne da missão da igreja. So- mos chamados também para "não esma- gara cana quebrada, não apagar o pavio que ainda fumega" (Mt 12.19,20). A igre- ja existe por causa daqueles que estão per- didos. "Os sãos não precisam de médico e, sim, os doentes" (Mt 9.12; Mc 2.17; Lc 9.31). Esquecer esta realidade é rene- gar o objetivo da missão de Jesus e da sua igreja. : Ampliando discussão Em que consiste a missão da igreja, hoje? Qual a sua abrangência? O que mostra que sua comunidade tem desenvolvido uma caminhada missionária? Autor: Rev. Ailion Gonçalves Dias Filho (Americana - SP) E-maÍI: agdf@uol.com.br
  • 9. Exigências do Discipulado Lucas 9.57-62 D urante o ministério de nosso SenhorJesus Cristo, inúmeras pessoas tiveram um encontro com ele.Essas pessoas demonstravam, nesses encontros, as mais variadas reações diante do Senhor. Citando alguns exemplos, observamos aati- tude de Pôncio Pilatos que,covardemente, "lavou as mãos", tentando ficar neutro diante do julgamento de Jesus Cristo (Mt 27.24). Judas, numa postura mais radical, chegou a trair nosso Senhor por 30 moedas de prata (Mt 27.3-5). A mulher pecadora, num gesto de humildade e reconhecimento da pessoa de Jesus, chora e enxuga os pés de Jesus com seus cabelos (Lc 7.36-38). Os gerasenos queriam distância de Jesus. Pediram que ele saísse de suas terras (Lc 8.26-39). São situações diferentes com as mais variadas atitudes. O objetivo deste estudo é mostrar as exigências do discipulado, colocadas por nosso Senhoretão bem registradas por Lucas na caminhada rumo a Jerusalém (9.57- 62; 14.25-35). Luzes No início da caminhada de Jesus rumo a Je- rusalém, Lucas informa de três candidatos ao d i s c i p u l a d o (9.57-62). Nessa caminhada, nosso Se- nhor vaí colocando as normas e as exi- gências para o discipulado, pondo apro- va os que queriam segui-lo. Para o Se- nhor Jesus Cristo, o discípulo precisa ter disponibilidade permanente, condições de renunciar a própria família e não vol- tar atras, uma vez iniciadoo discipulado. Diante destas exigências,notam-se as pre- tensões dos candidatos ao discipulado. Lucas não informa a reação desses discí- pulos diante das palavras de Jesus (w. 58,60,62). E você, como tem se compor- tado diante das exigências do discipulado? O texto em apreço mostra as intenções dos candidatos ao discipulado. Muitos, ainda hoje, são precipitadosnas decisões, outros priorizam os interesses afetívos etc... Da mesma forma, outros,ainda, pre- ferem a velha vida e olham para trás. ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda ! Reis 19.19-21 Terça . Marcos 10.17-22 . Quarta Lucas 5.1-11 Quinta Lucas 9.23-27 Sexta Lucas 14.25-33 Sábado l Coríntios 1.18-31 Dominga II Timóteo • 2.1-13 -
  • 10. De acordo com o texto, o discípulo de Jesus precisa assumir as seguintes atitudes: 1. DISPOSIÇÃO COM VISÃO O candidato ao discipulado que se apre- senta no versículo 57 apresentauma pos- tura devoluntariedade fantástica: "Seguir- te-ei para onde quer que fores". Jesus Cristo não aplaude a atitude deste candi- dato. Ele dá uma resposta que, indireta- mente, mostra a visão inadequada deste candidato. Em seu pronunciamento, nos- so Senhor mostra a sua real condição: "... o filho do homem não tem onde reclinara cabeça". O texto paralelo, Mateus 8.18- 22, informa que este candidato era, pro- vavelmente, um escriba e, como tal, era conhecedor das profecias. Erapossívelque ele conhecessea profecia de Daniel, que fala da vinda do "filho do homem" com domínio, riqueza e glória (Dn 7.13,14). Por isso, a proposta de seguir a Jesus incon- dicionalmente. Pode ser que eletivesse em mente outros interesses. Lucas também informa da existênciade Simão, o mágico, que "abraçou afé", mas com interesses escusos,por dinheiroe por interesse de benefício próprio (At 8.9-25). Muitos "discípulos", ainda hoje, de- monstram disposição para o seguimento de nosso Senhor por causa de uma visão inadequada. Estão atrás de dinheiro. Es- tão atrás de prosperidade,de segurançae conforto. Não querem saber de pagar o preço do discipulado. Não querem saber de negar a si 'mesmo, tomar a cruz e dei- xar tudo para; seguir a Cristo (Lc 14.25- 27). ; Muitos, hoje, não querem saber do ensinamento apostólico de que nos foicon- cedida a graç> de padecer por Cristo (Fp 1.29). Édisposição para o discipulado di- vorciada de u|ma visão do preço do mes- mo. Édisposição sem visão. É preciso re- ver esta postura e analisar bem o que sig- nifica seguir aiJesus Cristo, aquele que não tem onde reclinar acabeça. Você está dis- posto a seguir o Senhor desta forma? 2. PRONTIDÃO DIANTEDA CONVOCAÇÃO i O outro candidato não é um voluntário (v.59). É convocado pelo próprio Senhor: "Segue-me". É convocado, mas hesita e responde: "Permite-me ir pri- meiro sepultar meu pai". Segundo o co- mentário da Bíblia de Estudo de Genebra, "o pai ainda podia estar vivo. Estas pala- vras, então, indicariam que o discípulo que- ria continuar á cuidar de seu pai até à mor- te deste. No entanto, se o pai estavamor- to, as palavrasdeJesus seriam ainda mais chocantes, urna vez que a piedade filial exigia que um filho providenciasse o se- pultamento de seu pai".De qualquer modo, conclui o comentário, Jesus está dizendo que as exigências do reino suplantam to- das as lealdades terrenas. Ainda hoje', muitos são chamados, mas hesitam por causa do apego à família ou às coisas da vida. São chamados, mas não
  • 11. querem assumiras exigências do compro- misso com Cristo. O Evangelho registra o encontro de um homem com Jesus, o qual desejava pos- suir a vida eterna. Era observador da reli- gião e guardava os mandamentos. Mas não foi capaz de abrir mão de suas propri- edades para abraçar o discipulado. Eleera muito rico. Foidesafiado, mas hesitou (Mc 10.17-22). No final de sua vida, Paulo menciona o abandono de um colaborador, Demas, que "tendo amado o presente século", aban- donou-o (II Tm 4.10). O mesmo apóstolo ensina que "nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida,por- que o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou" (II Tm 2.4). Seguira Je- sus é sinónimo de ir e pregar o reino de Deus (v. 60). Qualquer coisa que impeça isto é hesitação diante da convocaçãofei- ta por nosso SenhorJesus Cristo. Você tem hesitado ante à convocação do Senhor? 3. ACEITAÇÃO SEM CONDIÇÃO Na caminhada rumo aJerusalém, apa- rece um outro voluntário (v. 61).A exem- plo do anterior,também hesitae impõe uma condição: "deixa-meprimeiro despedir-me dos de casa" (v. 61). Nosso Senhorres- ponde, fazendo uma relação entre o discipulado e a ação de arar. Aqueles que estão acostumados a arar a terra sabem que tal ação requer uma atenção ininterrupta, e assim exige também o discipulado (v. 62). Muitos, ainda hoje, querem seguiraJe- sus Cristo, impondo condições. Querem seguir a Jesus, mas não querem amar o semelhante, não querem carregara cruz, não querem negar a si mesmo. Enfim,que- rem seguir a Jesus Crsito, mas não que- rem colocá-lo em primeiro lugar em suas vidas (M16.33). É importante dizer que Je- sus não está mendigando discípulos, nem seus favores. Pelo contrário, ele é o Se- nhor e é quem estabelece as exigências para o discipulado, embora muitos quei- ram inverter os papéis, impondo condi- ções. O discípulo é servo e, como tal,não impõe, mas aceita as condições do Se- nhor. É preciso redescobrir o real significado do discipulado. É preciso estar consciente do que éser discípulo de Jesus Cristo, sa- bendo que ele, como Senhor, não oferece um "marde rosas", mas garante a vitória àquele que forfiel (Ap2.10). Ampliando Quais são alguns dos empecilhos apresentados pelas pessoas hoje, para seguir a Jesus? O que significa negar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus? Autor: Rev. Ailfon Gonçalves Dias Filho (Americana - SP) E-mail: agdf@uol.com.br
  • 12. Missão Cris í no Mundo Lucas i o. i-12 O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, recebeu; desde o início, uma missão para cumprir, que é a de guardar e cultivar aterra (Gn 1.26,27; 2.15). De lá para cá, o que se percebe é que sempre existe tarefa a ser cumprida. Algu- mas são mais fáceis, e outras mais difíceis. Mas o fato é que ninguém está isento de uma missão para exercernesta vida. Ninguém vive sem uma atividade, e isso é que confere razão e beleza para se viver. ; A palavra "missão" pode ser compreendida como função, ou poder que se confere a alguém para fazer algo; encargo ou incumbência. É importante observar nesse relato algumas recomendações feitas por Jesus. O objetivo deste estudo é ressaltar essas orientações, a fim de contribuir para o pleno cumprimento da missão cristã nos dias atuais. i o texto Luzes O texto em análise, que é ex- clusivo de Lucas, trata de uma mis- são que Jesus deu a 70 pessoas, en- viando-as de duas em duas. Ele enviou em pares, para que existisse mútuo apoio e o testemunho fosse reforçado. Ele tem profundas semelhanças com o relato do envio dos doze apóstolos, masé bem mais detalhado (Mt 10.1-15). Conforme o co- mentarista William Barclay, essa passa- gem descreve urna missão maior do que a primeira dada por Jesus aos doze. Quan- to ao número 70, que era simbólico para osjudeus, existem várias interpretações, dentre as quais pode-se mencionar: a) Segundo o Teólogo Leon R. Morris, esse número parece ser um símbolo das nações do mundo,conceito esse que osju- deus baseavam em Génesis 10, onde há 70 nomes no texto hebraico. b) Outros associam o número com aquele dos anciãos nomeados por Moisés (Nm 11.16,1,7). c) Outros pensam nos 70 membros do Sinédrio. d) Esse número tão grande demonstra que Jesus tinha uma grande missão a ser realizada. : ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda 1 Samuel 3.1-14 Terça Isaías 6.1-8 Quarta Jeremias • 1 Quinta Mateus 20.1-15 Sexfa Mateus 28.18-20 Sábado Lucas 10.13-20 Domingo Ato s 9.1-25 10
  • 13. rcoes do Texto A realização da missão cristã no mundo exige: 1. CONSCIÊNCIA DO CHAMADO DIVINO O texto emfoco começa, já noversículo l, citando o seguinte: "Depois disto o Senhor de- signou outros setenta; e os enviou de dois em dois....". Aqui está evidente que a iniciativa é de Jesus, o qual convocapara uma grandemis- são. Ossetenta demonstraram consciênciades- se chamado por parte de Jesus e atenderam prontamente. Já no versículo 2, há uma constatação de que a seara é grande e os tra- balhadores são poucos, e, por isso, elesdeve- riam rogar a Deus que enviasse trabalhadores para a seara. Realmente é Deus quem chama, envia e capacita. Essa consciência do chamado divino para a importante missão foi percebidapelo profeta Isaías (Is 6.1 -8). Esse chamado ou separação para a obra é iniciativa do Espírito Santo de Deus, conforme ocorreu por ocasião da primeira viagem missionária de Paulo (At 13.1-3). Quando Deus chama, não quer dizer que o enviado terá uma vida isenta de inúmeras ad- versidades, mas a possibilidade de êxito émui- to grande, pois o Senhor sempre conduz em triunfo os seus escolhidos (II Co 2.14). 2. DESAPEGO MATERIAL No versículo 4, Jesus recomendaparanin- guém levar sandálias, bolsa e alforje. Isso quer dizer que o enviado, para realizar a missão, não deve carregar peso algum, ou seja, não deve estar envolvido demasiadamente com aquilo que é terreno. Jesus quer mostrar que o vocacionado deve ir como está, demonstrando prontidão, pois o chamado é urgente e hámui- tos perecendosem Cristo. Nos versículos 7 e8, Jesus recomendauma atitude contrária à ganância, orientando que se deve comer o que for servido, e não ficar de casa em casa em busca de algo melhor, pois há urgência na missão. O enviado deveria estar satisfeito com aquilo que fosse servido, rece- bendo como sendo o básico para suasobrevi- vência. O livro Didaquê, escrito por volta do ano 100 d.C.,que é o primeiro livro dediscipli- na da igreja, mostra algo interessante sobre esse assunto: "naquele tempo existiam profe- tas que iam de cidade em cidade, mas se al- gum permanecessemais de três dias sem tra- balhar, era um falso profeta; e se algum pedis- se dinheiro e comida, era falso. Ele diz rnais, que aquele que trabalha merece o seu salário, mas como servo do Mestre não pode buscar o luxo". Esta ideia está declarada em l Coríntios 9.14 e l Timóteo 5.18. O apóstolo Paulo, falando ao seu filho na fé, Timóteo, demonstrou essedesprendimento,afir- mando que, tendo com que vestir e o sustento básico, devemos estar contentes (ITm 6.7-10). Paulo, ainda, denunciou aqueles que viviam mercadejando a Palavra de Deus (II Co 2.17). Sabe-se, porém, que o obreiro necessita possuir recursos materiais para asua digna so- brevivência e a de sua família. Mas, infelizmen- te, muitos estão se envolvendo mais com o ma- terial do que com aquilo que é eterno, levando assim ao fracasso espiritual e à própria desqualificação para a missão. 3. CONCENTRAÇÃO NA TAREFA Ainda no versículo 4, Jesus recomenda para ninguém saudar pelo caminho. Isso não é uma ordem para ser descortez ou sem educação, mas significa que aquele que tem uma missão sublime e urgente para realizar, não deve se deter com o que é de menor importância. As saudações orientais eram detalhadas e delongadas, porisso não se podia demorarcorn saudações. Isso ocorreu lá no passado, quan- do o profeta Eliseu falou a Geazi para que este não saudasse a ninguém pelo caminho (II Rs 4.29). Essa parada para cumprimentar as pes- soas, com certezadesviaria a atenção para algo 11
  • 14. que não era o mais importante. A missão que Jesus ordena precisa ser cumprida com muita concentração e muita dedicação. A falta de concentração prejudica odesem- penho da missão. Quantos estão olhando mais para o inimigo do que para o Deus que conce- de vitórias! Neemias e os seus companheiros demonstraram forte concentração na missão divina que desempenhavam, e não cederam às fortes pressões {Nm 6.1-4). As Escrituras recomendam concentração na tarefa cristã (Fp 3.14; Hb 12.1,2). 4. POSSIBILIDADE DE OPOSIÇÕES Nos versículos 10 a 12, Jesus mostra area- lidade da rejeição à mensagem proclamada atra- vés dos comissionados. Jesus diz que, quando nãoforem recebidos numa cidade, deve-se deixá- la, sacudindo até o pó; mas, para a cidade que rejeita, haverá dura condenação e destruição. Essa triste e dolorosa condenaçãodas cidades impenitentes está descrita nos versículos 13 a 16. Isso implica dizer que Jesus está apresen- tando a possibilidade das oposições à mensa- gem profética. Otexto diz, ainda, que Jesus en- viou esses indivíduos como "cordeiros para o meio de lobos" (v.3), mostrando, assim, o peri- go e a dificuldade da tarefa. No início do sermão do monte, Jesus dis- se que não se deve ignorar e nem se abater 'diante das perseguições (Mt5.10-12). Realmente, todos os comissionados enfren- tam oposições, perseguições e rejeições, as quais, quando encaradas com perseverança e como desafios para se buscar mais a Deus, redundam em benefíciosevitórias. A Bíblia afir- ma que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28). Desse forma é que se deve cumprir a missão cristã hoje. 5. PROCLAMAÇÃO DE PAZ E LIBERTAÇÃO Nessa missão proclarnadora, os discípulos deveriam levaruma mensagem do próprio Cris- to, a qual possui três ênfases básicas: • Paz - No versículo 5, Jesus recomenda a declaração de uma mensagem de paz ao seche- gar nas casas: "Paz se/a nesta casa". Essa não era apenas uma saudação judaica, mas uma mensagem que Jesus queria que fosse real na vida da cada indivíduo, não apenas no sentido de reconciliação do pecadorcom Deus, mas nos relacionamentos interpessoais. O próprio Jesus é o Príncipe da P:az, e a sua igreja deve viver em paz e proclamai] essa paz. Como é gratificante verificar que, no.início do Cristianismo, a igreja verdadeiramente tinha paz! (At 9.31). • Libertação - Noversículo 9a,Jesusor- dena para se curar os enfermos, pois estavam oprimidos pelas enfermidades e careciam de libertação. Eles receberam autoridade para isso (Lc 10.19-20; Mc 16.18). Essa mensagem é uma prova de amor e misericórdia de Jesus em favor do ser humano. Só em Jesus há plena libertação (Jo 8.32). • Iminência do reino de Deus - No versículo 9b, Jesus diz para que se publique que "está próximo o reino de Deus". A com- preensão cristã: deve ser essa - saber queo reino de Deus está sempre próximo, pois Je- sus está presente e voltará a qualquer momen- to. Hoje é o tempo da oportunidade para que muitos aceitem a Jesus e façam parte do reino de Deus. A missão cristã é proclamar essa men- sagem. Ampliando^ discussão A quem é dirigido o chamado divino para o exercício da missão crista no mundo? . Quais são as evidências de que a sua comunidade tem cooperado com a missão cristã no mundo? Autor: Rev. Anderson Saíhler (Manhuaçu - MG) E-mail: csathler@soit-hard.com.br 12
  • 15. Amor na Caminhada Lucas 10.25-42 Á vida é uma caminhada por este mundo, na qual a palavra central é o amor. A Bíblia apresenta o amor como sendo o dom supremo, e recomenda uma convivência de amor entre as pessoas. Em seu livro Igreja Ensinadora, a Dra. Sherron K. George declara o seguinte sobre o livro de Lucas: "No texto de 9.51 a 19.28, Jesus, o Mestre, manifestou no semblante a intrépida resolução de ir para Jerusalém (9.51). Durante dez capítulos, o evangelista registra a caminhada para Jerusalém. Os assuntos abordados são profundos, e o ambi- ente está carregado com tensão e antecipação da oposição e consequente morte em Jerusalém. No caminho havia muito diálogo, comunhão de mesa, interrupções e pergun- tas. As parábolas constituem 50% do Evangelho de Lucas, e que há, pelo menos, 20 delas nesse texto mencionado, que é a jornada de Jesus para Jerusalém. Através das parábolas, levava os discípulos a pensarem, a refletirem, a se posicionarem. Elas não traziam respostas prontas, e cada ouvinte tinha de fazer sua própria identificação e apli- cação. A parábola forçava algum posicionamento; o discípulo é que definia seu compro- misso em perfeita harmonia com o reino de Deus". Para apresentar essa responsabilidade cristã, Jesus contou a parábola do samaritano, na qual resumiu os valores do reino de Deus em: "Amarás o Senhor teu Deus... Amarás o teu próximo como a ti mesmo"(Ml 22.37-39J. Luzes A cena onde se passa essa pa- rábola é o cami- nho perigoso de Jerusalém a Jericó, com cerca de 30 km. Jeru- salém esta a 750 m acima do nível do mar, e Jericó a 400 m abaixo, sendo, então, cerca de 1.150 rn de descida, com desfi- ladeiros, penhascos e curvas perigosíssirnas. Era lugar ideal para os as- saltos e demais investidas de inimigos. Esse desfiladeiro tinha péssima reputa- ção, chegando a receber o nome de "Via sangrenta", pelo grande número de assal- tos e assassinatos que ali se cometiam. Os personagens envolvidos são: o viajan- te, os salteadores, o sacerdote, o levita e o samaritano. ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda Génesis 29.1-30 Terça Rute 1 Quarta João 13.31-35 Quinta Romanos 12.9-21 Sexta Romanos 13.8-10 Sábado l Coríntios 13 Domingo l João 4.7-21 13
  • 16. Lições do Texto Esía parábola nos permite entender o que significa a prática do amor na caminhada. 1. AMOR NA CAMINHADA: UMA ATITUDE OPOSTA AO LEGALISMO Jesus foi abordado por um intérprete da Lei, cujo objetívo era colocá-lo em provas. Sua pergunta foi feita, não à procura de informa- ções, mas, sim, para verse Jesus não conse- guiria responder à altura, aproveitando a opor- tunidade para desmascará-lo. Ele diz: "Que farei para herdara vida eterna?" Pensavanal- guma forma de salvação pelas obras. Jesus respondeu com uma combinação de passa- gens que resume as exigências da Lei (Lv 19.18; Dt 6.4-9; 11.13; Mt 22.37; Mc 12.30,31). Todas estas passagens mostram que é necessário amar a Deus e ao próximo em todo o tempo e com tudo o que se pode, indo, assim, além da Lei. Está claro que a vida eterna não pode ser adquirida pelo esfor- ço próprio, e nem por uma tentativa de auto- justificação. Segundo o teólogo Joachim Jeremias, "todo conhecimento teológico de nada serve, se o amor para com Deus e para com o próximo não determinar a direção da vida". O sacerdote e o levita são exemplos de legalismo, A Lei que eles seguiam ao pé da letra e à risca, falava em socorro aos animais do próximo (Èx23.5; Nm 18.20; Dt22.4,), mas ali estava o dono do animal e eles passaram de largo. A Lei exigia mais, pois o sacerdote não devia tocar num cadáver. O sacerdote eo levita se esqueceram do mais importante da Lei: "Misericórdia quem enão sacrifício" (Os 6.6). Assim, o que se percebe é que o legalismo triunfou sobre a misericórdia. Mas, quem socorreu a vítima foi um samariíano que era estrangeiro na raça e he- rege na religião, mas soube suplantar todo o legalismo reinante e agiu mostrando amor de modo concreto. Jesus está, aqui, colocando um ponto final no legalismo ensinando que a vida eterna nãoié questão de observar regras. Viver no amor éviver a vida do reino de Deus. Se realmente aniamos a Jesus, amemos ao próximo também (l Jo 4.20). Para Jesus, o amor é algo que a pessoasente e faz. John A. Mackay, em sua obra Eu porém, vos digo..., declara: "Hoje, como então, um interesse religioso puramente formalista con- tinua insensibilizando o coração humano no que diz respeito às suas obrigações para com o próximo. O legalismo reduz a caridade a um rito, a simples derivado de um credo, ao con- trário de ser a expressão constante de uma vida". : Hoje, mais tío que nunca, na caminhada da igreja, o legalismo não pode estar presen- te, mas sim o .verdadeiro arnor ao próximo, como demonstrou o bom samarítano. 2. AMOR NA CAMINHADA: UMA ATITUDE QUE SUPERA BARREIRAS Na parábola, verifica-se que dois líderes religiosos não socorreram a vítima. Mas, qual a razão? Algumas barreiras existiam para não se revelar amor naquela caminhada: a) O perigo de ser também agredido pe- los malfeitores; b) Oviajante era Judeu, e não samaritano. No livro já citado, deJohn A. Mackay, está re- gistrado: "A ortodoxia judaica havia dito que o próximo deviajentender ser o indivíduo da mesma raça e religião. Era preciso fazer dis- tinção entre próximo e estrangeiro, de sorte que, para todo judeu piedoso, a palavra 'pró- ximo' equivalía.a 'patrocínio'. Os cidadãos da nação santa não reconheciam a obrigação de amar aos seus vizinhos geográficos, do outro lado das fronteiras". c) A justificativa de que o viajante era o 14
  • 17. culpado de tudo ou imprudente, pois deveria estar acompanhado naquele caminho tão pe- rigoso. Esse amor na caminhada não tem barrei- ras . Essa lição básica encontra-se resumida por William Barclay, em seu comentário exegéíico, assim: "Qualquer pessoa de qual- quer nação que está em necessidadeé nosso próximo. Nossa ajuda deve ser tão ampla como o amor de Deus". Ainda mais, confor- me o teólogo Leon L Morris em seu comen- tário de Lucas, "é a necessidadedo nosso pró- ximo, e não a sua nacionalidade, que impor- ta". A Bíblia condena qualquer atitude discriminatória, pois todos são iguais em Cristo (Gl 3.28). Portanto, a lição que o bom samaritano passa para a igreja, hoje, é que os sentimen- tos humanos precisam ser superiores aos pre- conceitos de raça, ou quaisquer outros. Quantos estão caídos e rejeitados por aí pre- cisando de ajuda! É hora de derrubar as bar- reiras e exercer o verdadeiro amor na cami- nhada. Oditado popular diz: "Fazer o bem sem olhar a quem". 3. AMOR NA CAMINHADA: UMA ATITUDE SACRIFICIAL Quando se fala em amor, logo vem à men- te algo do sentimento ou das emoções. Mas é justamente o contrário, pois a demonstra- ção de amor é algo prático, e não pode con- sistir em apenas em "ter dó de uma pessoa". O sacerdote e o levita, provavelmente, senti- ram pena do ferido, mas não fizeram nada. Sabe-se que a compaixão, para ser verdadei- ra, deve gerar atos sacrificiais. Em qualquer lugar é preciso mostrar amor sacrificial. Se o sacerdote e o levita tivessem encontrado um homem ferido dentro de uma templo sagrado, talvez mostrassem compai- xão. Mas, como se encontravam num cami- nho deserto e perigoso, onde ninguém pode- ria ser testemunha da caridade, onde não es- tavam exercendo funções religiosas e tinham que desenvolveruma ação sacrificial, não sen- tiram obrigação alguma desocorrer aquele ne- cessitado. Hoje é possível perceber muitos necessi- tados desse amor sacrificial: delinquentes, en- fermos, oprimidos, viciados, injustiçados, de- samparados, pobres eíc.Esses e tantos ou- tros estão gemendo e pedem a presença de alguém quetenha "azeite evinho" para suas feridas. Cabe à igreja ir e levar o alívio e a cura para os feridos. Êpreciso refletir que esse amor sacrificial pelos necessitados emerge da des- crição do anúncio da sentença do juízo final (Mt 25.31-46). É importante enfatizar que não basta uma demonstração de amor esporádica ou, até mesmo, sistemática, para o alívio do sofrimen- to. É necessário que os cristãos demonstrem a sua compaixão no sentido decontribuir para o desaparecimento das causas do sofrimen- to, ou seja, indo à raiz do problema. Isso é mais complexo, difícil e sacrificial, mas é o grande desafio aos cristãos. A igreja precisa discutir as causas que geram tanta dor, po- breza e injustiças, e procurar corrigi-las com medidas cristãs e urgentes. Ampliando^ discussão Quem são, hoje, os Feridos que jazem à beira do caminho? Existem hoje preconceitos que dificultam a prática do amor na caminhada? Explique. Auio E-mail: r: Rev. Anderson Sathler ' (Manhuaçu - MG) ; csathler@soft-hord.com.br 5
  • 18. A Oração na Caminhada Lucas 11.1-13 O Evangelho de Jesus, segundo Lucas, é considerado o Evangelho da oração. Jesus, a caminho de Jerusalém, atendeu ao pedido de um dos seus discípulos que lhe pediu o seguinte: "Ensina-nos à orar como também João ensinou aos seus discípulos" (v. 1). Aqui a oração é apresentada como resposta a um pedido, e não como sefosse um sermão, conforme o registro de Mateus 6.9-13. Esse pedido foi motivado pelo exemplo de Jesus que sempre levou a sério a sua vida de oração. Aquele que faz parte do reino de Deus, precisa orar à semelhança de Jesus, em toda a sua peregrinação neste mundo. Neste estudo, o objetivo centrai é extrair dos ensinos de Jesus algumas díreírizes para se conseguir urna autêntica vida de oração durante a caminha- da cristã. i Luzes Jesus apre- senta nesse texto várias orientações com referência à prática da "^ oração. Nos versículos 2-4, ele apresenta a oração-mo- delo, também conhecida como Oração Do- minical, ou Oração do Pai Nosso. Esta oração contém o essencial da oração cris- tã.Essa oração comunitária possui três par- tes: l) Invocação,ouadoração;2)Petições; 3) Conclusão, ou seja, declaração de re- conhecimento^ da majestade do Senhor. Nos versículos 5-8 Jesus conta uma pará- bola na qual ele ensina que orar é apre- sentar pedidos a Deus'^ que são reflexos das necessidades humanas.Nos versículos 9-13, o Mestre deixa claro que a oração é algo dinâmico,utilizando os três verbos: pedir, buscar e bater. Ele ensina que, se os pais terrenos (ião boas dádivas aos seus filhos, quanto mais o pai celestial. ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda Génesis 18.22-33 Terça l Samuel 1.1-18 Quarta Mateus 6.5-15 Quinta Lucas 18.1-8 Sexta João 17 Sábado Atos 4.23-31 Domingo I Tessalonicenses 5.12-28 16
  • 19. Lições do Texto 1. A ORAÇÃO VERDADEIRA PRESSUPÕE COMUNHÃO COM DEUS E COM O SEMELHANTE Nessas orientações que Jesus transmite aos seus discípulos e também aos cristãos hoje, a respeito da prática da oração, é pos- sível encontrar princípios que caracterizam a verdadeira oração. Ele ensina que orar é ter comunhão com Deus e com o semelhante. Martinho Lutero, escrevendo a respeito do Pai Nosso, disse: "Estas palavras de Cristo nos ensinam como devemos orar e o que de- vemos suplicar; e o saber ambas as coisas nos é necessário". A Oração do Pai Nosso inicia-se com a busca de Deus e o seu reino, mas prossegue apresentando um relaciona- mento com o próximo. Isso porque a oração cobre toda a vida do cristão. Não é uma ati- tude de contemplação, mas de comunhão cristã dentro da família da fé. Na Oração Dominical, Jesus ensina que o cristão, perdoado pelo Senhor,precisa per- doar. Isso pressupõe comunhão com Deus e com o próximo. É bom lembrar que, certa vez,Jesus ensi- nou a respeito da importância de um relacio- namento saudávelcom o próximo, como sen- do um requisito para a prática da espiritualidade cristã (Mt 5.21-26). Nesta li- nha de pensamento, vale a pena refletir na consideração do teólogo Karl Barth, o qual afirmou que esse "nosso" significa a comu- nhão da pessoa que ora com todos aqueles que se encontram com ele e com aqueles que estão convidados a orar, sendo que oramos "Pai Nosso" na comunhão na igreja, ou seja, na congregação. Ele disse mais: "toda a hu- manidade é objeto da intercessão da igreja e assim nós entramos na comunhão com a hu- manidade inteira". Tudo isso conduz a pensar na oração como sendo não só comunhão com Deus, mas também comunhão com o próxi- mo. É interessante observar que,quando Deus entregou os Dez Mandamentos, ele apresen- tou esse princípio, pois os quatro primeiros mandamentos apontam para o relacionamen- to com Deus, e os seis restantes, com o se- melhante (Êx 20.1-17). É possível que alguns cristãos, ao orar, ignorem que é necessário não só falar com Deus, mas também, viver em comunhão com o próximo. Quando não se cultiva um bom relacionamento com o semelhante, a vida de oração torna-se ineficaz. Assim sendo, a oração une as pessoas que se encontram perto, ou distantes, pois ela liga a Deus e identifica a pessoa que ora, com o povo de Deus. Através da oração, o cristão se torna um com os outros, revelan- do, assim, solidariedade cristã. 2. A ORAÇÃO VERDADEIRA PRESSUPÕE DEPENDÊNCIA DE DEUS No texto de Lucas 11, Jesus conta uma parábola cujo ensino principal é o pedido de uma pessoa amiga, feito a um amigo, a favor de outro amigo. Pensando bem, é a "Parábola dos três amigos". Jesus diz que esse pedido, mesmo sendo feito em hora inoportuna, pre- cisava ser atendido. Ofato é que alguém pos- suía uma necessidade básica: pão para outro amigo. Realmente, a dependência motiva a prática da oração, pois orar consiste,também, em apresentar a Deus as carências que se possui. No versículo 8, o Mestre declara: "... E lhe dará tudo o de que tiver necessidade". No capítulo 18 do Evangelho segundo Lucas, Jesus conta outra parábola: da viúva que clamou insistentemente a um juiz iníquo para que lhe atendesse em sua necessidade (vv. 1-8). Percebe-se, claramente, a sua per- 17
  • 20. severança no pedido. Aprende-se com eia a importância da persistência em clamar aoSe- nhor. Na sequência do texto, o Mestre apro- va a oração do publicano, a qual está de- monstrando a sua total carência de perdão: "... Ó Deus, sê propício a mim,pecador!" Ele revelou dependência da misericórdia do Senhor. Na caminhada cristã, hoje, é possível en- contrar pessoas que se consideram auto-su- íicientes, até mesmo ao orar, pois deixam de depender'inteiramente de Deus. Alguns te- mem essa abertura de coração napresença do Senhor, pois acham que isso é sinal de fraqueza e que poderão até ser criticados. Porém, isso não é sinal de fraqueza ou fra- casso, mas de humildade e sinceridade. É preciso reconhecer que são diversas as ne- cessidades do cristão, pois todo ser huma- no é limitado. Deus conhece o coração do seu povo. Este precisa ser autêntico na ora- ção. 3. A ORAÇÃO VERDADEIRA PRESSUPÕE A CERTEZA DA RESPOSTA DE DEUS Jesus, em sua caminhada rumo a Jeru- salém, compartilha com os seus discípulos a respeito da oração, prometendo aos súdi- tos do reino, respostas a ela: "Pedi e dar-se- vos-á; buscai, e achareis; batel, e abrir-se- vos-á" (Lc 11.9,10). Essa certeza é que pro- porciona tranquilidade e segurança, bem como, é eia que motiva a busca constante da orientação divina. Otexto apresenta o se- guinte: Se um pai biológico atende ao pedido de seu filho, dando-lhe o melhor, quanto mais o pai celestial (w. 11-13). O atendimento às orações está condicio- nado à soberania de Deus, pois é ele quem sabe a que, como, por que, e quando aten- der. A Bíblia mostra que até mesmo pessoas aparentemente indignas, foram atendidas em suas petições, como o malfeitor crucificado (Lc 23.42,43). A oração é uma prática que possui dois lados, ou doisiaspectos, a saber: a parte hu- mana, que consiste em pedir e agradecer; e a parte divina,, que é ouvir, e responder con- forme a sua vontade. Mas, o que o texto ga- rante é que Jesus atende aos rogos das pes- soas, concedendo,em cada caso, a respos- ta apropriada.. Cabe a nós o discernimento para entendera resposta do Senhor. Conforme o teólogo Leon L. Morris, "a repetição no versículo 10 sublinha a certeza da resposta de1 Deus. Os homens não devem pensar que Deus está indisposto paradar; sempre está pronto para dar boas dádivas. Mas é importante que eles façam a sua par- te, pedindo. Jesus não diz, e não quer dizer que, se orarmos, sempre obteremos aquilo que pedimos. Ao final das contas, 'não' é uma resposta tão específicaquanto o 'sim'. Otexto ensina que a verdadeira oração não dejxa de ser ouvida, nem deixa de ser atendida. É sem- pre respondida na maneira que Deus consi- dera melhor". : De modo conclusivo, Jesus, a caminho para Jerusalém, abre espaço em sua convi- vência com os apóstolos, demonstrando que aqueles que fazem parte do reino de Deus precisam ter vida de oração. Ampliando at discussãoQuais são algumas das evidências da oração autêntica? Como discernir a resposta de Deus às nossas orações? Auiorj Rev. Dionel Faria (Alio:Jequitibá-MG) 18
  • 21. Quem é o Senhor do Reino? Lucas 11.14-32 Luzes O texto que está sendo estu- dado descreve a libertaçãopro- porcionada por Jesus a umjovem mudo, cuja enfer- midade era resultado de uma possessão maligna. O evangelista Mateus declara que além de mudo ele era também cego (Mt 12.22). O que está em evidênciano texto não é a mudez ou a cegueira, mas a controvérsia sobre a fonte do poder de Jesus. Algumas pessoas, fariseus e escribas (ML 12.24; Mc 3.22), atribuíram a cura do endemoninhado a Satanás. Eles não nega- ram a realidade da cura, mas a atribuíram a Belzebu, príncipeou maioral dos demó- nios (Mt 12.24). O nome Belzebu, prova- velmente é derivado de Baal-zebud, o deus-mosca de Ecrom (II Rs 1.2,3,6,16). Jesus sabia que esta era uma referência ao próprio Satanás. Para mostrar que a fonte de seu poder era o próprio Deus, e não Belzebu, Jesus afirma que "se opríncipe dos demónios expulsava os seus súditos, que estavam fazendo a sua obra, expulsa- va-se a si rnesmo", observa o professor John A. Broadus. As forças do mal estão constituídas para lutar contra as forças do bem, e não para destruírem-se a si própri- as. O mais valente (Deus) é quem amarra e vence o valente(Satanás). Assim, é pelo poder de Deus que a libertação acontece. Porém, "quando alguém se vê livrede um espírito maligno mas põe nada no seu lu- gar, está passando grave perigo moral. Ninguém pode viverpor muitotempo um vácuo moral na sua vida. O reino de Deus não provocasernelhante vácuo moral num homem. Significa uma vitória tão grande sobre o mal que é substituído pelo bem e por Deus", declara Leon L. Morris, em seu comentário de Lucas. A cura do endemoninhado não se constituiu em um sinal para aquelas pes- soas. Eles pediram um sinal do céu. Je- sus afirma que o único sinal seria o si- nal de Jonas. Para os ninivitas, o sinal foi o reaparecimento de um homem que aparentemente estivera morto durante três dias. Para a geração nos dias de Je- sus, o sinal seria a sua ressurreição, três dias após sua morte. ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda Josué 1.1-9 Terça Isaias 61.1-11 Quarta Mateus 12.22-32 Quinta Marcos 3.22-30 Sexta João 11.33-46 Sábado Atos 1.6-10 Domingo Romanos 8.31-39 19
  • 22. oes do Texto Pelo texto bíblico queestá sendo conside- rado, pode-se dizer que o Senhor do reino é: 1. AQUELE EM QUEM RESIDE TODO PODER E AUTORIDADE Na construção de urna nova sociedade, Jesus é aquele em quem reside toda a auto- ridade de Deus. No cumprimento de sua mis- são, ele encontra aqueles que estão escravi- zados peio diabo e que necessitam de liber- tação para uma caminhada feliz e construti- va. No texto que está sendo estudado, per- cebe-se que Jesus encontra-se corri um ho- mem, mudo, em consequência de uma pos- sessão maligna. Ao livrar aquele homem des- se espírito mal, Jesus manifesta seu podere autoridade. Revela a sua força e evidencia sua missão. Alguns que estavam por perto, não podendo negar o milagre, atribuem-no a um poder satânico, dizendo que o que Jesus fizera tinha sido obra de Belzebu,um dos no- mes dados a Satanás. No entanto, Jesus de- clara que Satanás não pode lutar contra si próprio. Se assim fosse, o seu reino estaria dividido e o diabo seria inimigo de si mes- mo. Este episódio confirma o que se encon- tra em Isaías: "O Espírito do Senhor Deus está sobre mím, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de co- ração, a proclamar libertação aos cativos, e aporem liberdade os algemados" (Is 61.1). A igreja, em sua trajetória, é revestida desse poder e dessa autoridade para o de- sempenho de sua missão. O próprio Jesus declarou isto (At 1.8). Portanto, através do Espírito Santo, que age na vida da igreja, re- vestindo-a de. poder e autoridade, ela está capacitada para vencer as forças do mal e revelar que Crjsío é maior do que tudo e to- dos. Lamenta-se que em muitos cultos e reu- niões fala-se mais na força do diabo do que na força e superioridade de Cristo. . O professor Leon Morris, comentando esse texto, declara: 'Uesus aplica firmemen- te a Sua Iição'com um pequeno quadro do valente guardando as suas posses, isto é, o homem sob o'poder dele. Satanás está em controle e ern paz. Quando um mais valente o vence, conforme Jesus acabara de fazer ao expulsar o demónio, a situação inteira é alterada. A armadura de Satanás lhe é tira- da. Seus despojos (provavelmente o que ti- rara dos seus cativos) são divididos. Os dois termos são pitorescos, e representam a com- pleta incapacidade de Satanás de ficar firme diante de Deus. O mal agarra-se firmemente nos homens, [ylas esse aperto forte é que- brado, de modo decisivo, quando chega o reino de Deus. reino não consiste em be- las palavras; é a derrota do mal". Assim, impulsionada por esse poder do alto e pela capacitação divina, a igreja se co- loca neste mundo para combater todo tipo de ação satânica, seja nos indivíduos, ou nas estruturas sociais, porque maior é o que está em nós do que o que está no mundo (Jo 4.4). Paulo, o apóstolo, declara: "Que diremos, pois, à vista deitas cousas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rrn 8.31). A construção de uma sociedade nova, com pessoas novas, só é possível por parte da igreja, na autoridade e no poder de Jesus. 2. AQUELE QUÊ EXIGE OBEDIÊNCIA E COMPROMETIMENTO COM O REINO A autoridade e o poder de Jesus levaram uma mulher adeclarar uma bem-aventurança 20
  • 23. à sua rnãe. Ela disse: "Bem-aventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram" (11.27). Talvez, com esta afirmação, ela estivesse declarando que gos- taria deter um filho como Jesus. Porém, Je- sus diz a elaque bem-aventurados são aque- les que ouvem a Palavra de Deus e a guar- dam. Guardares ensinamentos deJesus sig- nifica colocá-los em prática durante a cami- nhada. Aquele que pratica o evangelho está revelando comprometimento com o reino de Deus. A igreja, para sustentar o seu compro- misso com Cristo, necessita viver uma vida de obediência a ele e à sua Palavra. O êxito é resultado da observância dessa Palavra. As palavras que Jesus dirigiu àquela mulher são encontradas, também, em Apocalipse 1.3: "Bem-aventurados aqueles que lêem e aque- les que ouvem as palavras da profecia e guardam as cousas nela escritas..." O êxito de Josué no cumprimento de sua missão dependia de obediência à Palavrade Deus (Js 1.7,8). Da mesma forma, a igreja tem a sua vitória, mas isto só é possível com base na obediência. Em sua difícil, porém gloriosa trajetória, a igreja há de se deparar com aqueles que se opõem a Cristo e ao seu reino. Não deixa- rão de existir aqueles que negarão o podere a autoridade de Jesus. No entanto, na medi- da em que a igreja permanecer fiel, revelan- do comprometimento com esse reino, ela há de ver o projeío de Deus para este mundo, sendo concretizado a cada dia. 3. AQUELEQUEEXIGEARREPENDIMENTO PARA UMA NOVA CAMINHADA Muitos daqueles que estavam vendo e ou- vindo Jesus, pediram a ele um sinal do céu para que pudessem crer nele. Estavam ávi- dos por algo mais extraordinário ainda. Eles dependiam de mais provas sobrenaturais para aceitarem que Jesus era o Filho de Deus. Conhecendo a dureza de coração e a per- versidade deles, Jesus declara que o único sinal que receberiam era o sinal de Jonas. Que sinal seria esse? Alguns afirmam, to- mando o texto de Mateus 12.38-42 por base, que era a ressurreição. Assim como Jonas ficou três dias no ventre do peixe e depois reapareceu, Jesus ficaria na sepultura e, ao terceiro dia, ressuscitaria. Outros dizem que o sinal é o arrependimento. Por meio da pre- gação de Jonas, os ninivitas se arrepende- ram. Jesus também exige arrependimento para que uma nova vida se estabeleça. Seja qual for a interpretação dada ao texto, a ver- dade é que Jesus morreu e ressuscitou para que uma nova vida possa ser experimentada por aqueles que se arrependem de seus pe- cados. O arrependimento é a condição para o novo nascimento. A conversão é, portan- to, uma marca imprescindível navida do cris- tão, pois "se alguém não nascer de novo, não pode vero reino de Deus" {Jo 3.3). Ampliando discussão Por que há, hoje, uma constante busca de sinais por parte de determinados grupos cristãos? O que é possessão demoníaca? Auíor: Rev. Sérgio Pereira Tavares {Manhumirim -MG) E-mail: didaque@sofí-hard.com.br 21
  • 24. Bens Materiais Lucas 12.13-34 E m meados de 1999, o Brasil quase parou para acompanhar o sorteio da Mega Sena, acumulado, naquela ocasião, há um bom tempo. A esperança de ganhar algumas dezenas de milhões de reais fez com que em todo o país se formassem filas imensas em casas loíéricas. Pois, em toda parte, o sonho de muitos é ganhar muito dinheiro. Sempre íoi assim. Para ganhar muito dinheiro, pessoas fazem o mal e,o bem. Na busca desesperada por dinheiro, pessoas atropelam princípios básicos do reino de Deus, como gratidão ao Senhor pelo que se consegue obteri solidariedade para com os pobres, honestidade nos relacionamentos profissionais e justiça na sociedade. O Brasil so- fre com problemas sérios na distribuição de renda. Parece que a maioria da população não se importa com isso. Alguns programas deTV,veiculados há décadas, anunciam a "felicida- de" a quem for fiel no pagamento de seus carnes. Entre alguns; evangélicos, a situaçãonão é muito diferente. Alguns grupos promovem campanhas especiais, com promessas de enri- quecimento sobrenatural e rápido. Emissoras de rádio veiculam testemunhos de pessoas que prosperaram e se enriqueceram com sua participação em tais coisas. Mas não se ouve nestes programas, sejam os "seculares" ou os "religiosos", uma palavra profética de crítica ao sistema que promove injustiça social, Nem de orientação ao! povo quanto ao que a Bíblia ensina sobre nossa relação com o dinheiro. i Luzes Quem lê o capítulo 12 de Lucas, observa que o versículo 13 (que inicia o texto básico do presente estudo) apresenta uma mudan- ça no assunto da passagem. Com a perí- cia de um escritor habilidoso, que domi- na a arte da narrativa, Lucas diz: "Nesse ponto, um homem que estava no melo da multidão lhefalou: Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança". Leon Morris afirma: "uma interrupção que surgiu entre a multidão dá uma opor- tunidade para alguns ensinos sobre o uso correio das posses materiais". A passa- gem é por demais importante,pois apre- senta o ponto de vista de Jesus com rela- ção ao modo como seus seguidores de- vem lidar com p dinheiro e com os bens materiais. Jesus ensina a prioridade que ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda Provérbios 30.7-9 Ter^a Jeremias 22.13-23 Quarta Lucas 6.20-26 Quinta Lucas 11.37-44 22 Sexta Lucas 16.19-31 Sábado l Timóteo 6.3-19 Domingo Tiago 4.13-5.6
  • 25. o reino de Deus deve ter para quem se compromete com o projeto de vida que ele apresenta. O tema da passagem é a riqueza na perspectiva do reino de Deus. O texto não condena as riquezas em si, mas condena colocá-las corno a coisa mais importante da vida. No trecho em apreço, há uma parábola (16-21) e uma •seção didática, na qual Jesus fala sobre as riquezas (22-34). Esta é uma de várias passagens no terceiro Evangelho, em que há forte crítica ao mau uso que se pode fazer do dinheiro. Uma característica de Lucas é enfatizar o ensino de Jesus que a riqueza é potencialmente perigosa para quem quer servir a Deus (6.20-26; 16.13,14, 19-31; 18.18-30; 21.1-4). Como todos os textos em Lucas, 12.13-34 oferece muito material para re- flexão profunda. rcoes do Texto 1. POSSUIR MUITOS BENS MATERIAIS NÃO É TUDO NA VIDA O texto em estudo só aparece no Evan- gelho de Lucas. Quando alguém pede a Je- sus que interfira em uma questãorelaciona- da a uma herança familiar, o Senhor não atende ao pedido que recebeu (12.13,14). Mas aproveita para ensinar que, na vida, o mais importante não éo dinheiro ou os bens materiais: "porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui" (v. 15). Jesus se posiciona na contramão da so- ciedade, tanto naqueles dias, como hoje: as pessoas em geral pensam que, para que a vida tenha valor, há de se ter muito dinheiro. A sociedade valoriza o consumismo e quem tem dinheiro, desprezando quem não tem; o que torna mais oportuno o ensino de Jesus para urna sociedade como a brasileira, na quai hátanta preocupação com a "fachada". Muita gente tem a obtenção de riquezas como alvo central em sua vida. Para alcan- çar seu objeíivo, corre atrás de muita coisa, sacrifica a família, pisa o seu semelhante, esquecendo-se que há um Deus no céu pe- rante quem um dia todos prestaremos con- tas. Quem pensa que dinheiro é tudo, preci- sa ouvir as palavras de Jesus: "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde la- drões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt 6.19-21). O ideal da ética bíblica quanto ao uso do dinheiro éadignidade - nemapobreza, nem a riqueza (Pv 30.7-9). Esta dignidade tern a ver com sustento, educação, saúde, vestu- ário, lazer; enfim, o que possibilita uma vida com tranquilidade. 2. OS BENS MATERIAIS DEVEM SER USADOS EM SOLIDARIEDADE, NÃO EM EGOÍSMO Para ilustrar seu ensino, Jesus conta a parábola do homem que teve uma colheita abundante, e resolveu reconstruir seus ce- leiros. Em perspectiva humana, foi uma ati- tude correia. Mas na perspectiva do remo, sua atitude foi considerada errada,pois Deus mesmo o chamou de louco. Qual é o pecado que Jesus condena na 23
  • 26. parábola? O egoísmo. Já se observou que o homem da ilustração de Jesus só fala napri- meira pessoa do singular, jamais na primei- ra pessoal do plural: ele não fala de paren- tes ou amigos. Só pensa em si. Viveapenas para si. Não é solidário. Por isso, é solitário. A ética económica da Bíblia é solidária. Quem tem de sobra, deve ajudar quem não tem (Lv 19.9,10; Dt 24.17-22; Lc 3.11; At 4.32, etc.). Não se pode esquecerofatoque, nas Escrituras, Deus tem interesse especial nos pobres. O ponto talvez mais importante do ensino bíblico quanto ao uso do dinheiro, é a lei do Jubileu, que prevê correção para problemas sociais gravíssimos, como for- mação de latifúndios e aumento depobreza (Lv 25).A lei do Jubileu, inclusive, tornou- se a base de toda a missão de Jesus (Lc 4.16-19). Conforme a Bíblia, o dinheiro não deve ser usado de modo egoísta.Antes, deve ser usado de maneira solidária. Biblicamente fa- lando, o uso responsáveldo dinheiro inclui ajuda aos desfavorecidos. Quem usa seu di- nheiro de maneira egoísta, revelater a mar- ca do inferno. Em dias de insegurançaeco- nómica, em que a sociedade incentiva ga- nância e futilidade, e várias igrejas promo- vem ateologia da prosperidade,éimportante resgatar a ética social e económica da Bí- blia, centralizada na justiça e na solidarieda- de. João Caivino,em seusescritos,enfatizou a importância da solidariedade económica. 3. BENS MATERIAIS NÃO PODEM SER PRIORIDADE PARA OS SEGUIDORES DE JESUS A passagem em apreçotermina com uma conhecida palavra de Jesus (v. 34).O Se- nhor ensina a respeito do que é prioridade na vida dos seus discípulos. "Quem tem o coração no dinheiro, e o dinheiro no cora- ção, nãopode servir o Deus Eterno: ninguém pode servira dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servira Deus eao dinheiro" {Mt 6.24, Bíblia de Jerusalém]. Jesus ensina que o reino de Deus deve ocupar aprioridade na escalade valores dos seus seguidores. A nota de rodapé da Bíblia Sagrada Edição Pastora! diz: "a aquisição de bens necessários para viver setorna ansie- dade contínua e pesada,se não é precedida pela busca do reino". Quem seguea Jesus não deve se deixar dominar pelaansiedadeem conseguir o ne- cessário para uma vida digna. Deus mesmo garante o sustento digno de seus filhos (w. 22-30). O mandamento de Jesus é claro: "buscai antes de tudo o seu reino, e estas cousas vos serão acrescentadas". Correr atrás de dinheiro o tempo todo e se esque- cer do reino de Deus, é mundanismo. A so- ciedade precisaver homens e mulheres que dão prioridade aos valores de justiça, soli- dariedade e humildade, as marcas do reino dos céus em suas vidas. Ampliando a É possível compatibilizar riqueza e fé cristã? Diante da ditadura do neo-liberalismo económico, qual deve ser a postura da igreja? Autor: Rev. Carlos Ribeiro Caldas Filho (Viçosa -MG) E-mail: revcaldas@uol.com.br 24
  • 27. O Reino "Já Agora e "Ainda Não" ti Lucas 12.35-39 A vivência no reino impõeuma tensão constante entre o que já veio e o que está por vir. Muitos cristãos, influenciados por diversos tipos de teologia, entram em crise quando percebem o mal no mundo cada vez mais presente. Diante da crescente violência, das injustiças de todo tipo, corrupção, inclusive de instituições devotadas à pregação do próprio reino, passam a indagar: "Porque tais coisas acontecem, se o reino já veio? Como é possível tanta maldade, se o reino de Deus já está implantado? Por que isto acontece?" É exatameníesobre este assuntoque nosso estudo trata. Uma abordagem da ten- são no reino, entre o que já veio, já se manifesta agora, como realidade; e o que ainda não chegou, está por vir em plenitude. Confundir estas duas realidades bem destaca- das na Palavra, produz enfermidade na vida cristã. Luzes O evange- lista Lucas inicia o as- sunto a partir de uma pará- bola. No caso, """ a parábola de Lucas 12.35ss tem similaridade com uma outra parábola, a das dez virgens (Mt 25.1-13). Otexto também tem um forte paralelismo com Lucas 16.1-8,16 que, de igual modo, trabalha a ques- tão da tensão e espera do reino. "Em ambos os textos, a promessa do Se- nhor é desafiada pela sua aparentede- mora e as ofertas tentadoras das situa- ções contrárias que querem corromper o ser- vo. E diante desta tensão que Lucas retrata a luta de cada um de nós, entre a ânsia do reino instalado, e a difícil militância diantedas ofer- tas do mundo. A Bíblia Sagrada Edição Pas- toral, em nota do texto, afirma: "Esperando continuamente a chegada imprevisíveldo Se- nhor que serve, a comunidade cristã permane- ce atenta,concretizando a buscado reino atra- vés da prontidãopara o serviço fraterno". Lucas ensina que o reino já é chegado, como disse o Senhor Jesus (Lc 11.20). Esta também é a mesma ideia de Paulo quanto à salvação. Elajá foi decretada na morte e res- surreição de Cristo Jesus; todavia, ainda não está em plenitude (Rrn 13.11). ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda Mateus 3 Terça Mateus 4.1-17 Quarta Mateus 11 Quinta Mateus 13.1-23 Sexta Mateus 13,24-43 Sábado Mateus 13.44-58 Domingo Lucas 11.9-13 l25
  • 28. Lições do Texto De acordo com o texto que está sendo considerado, como o cristão deve adminis- trar a tensão entre o "já agora" e o "ainda não" do reino? 1. MANTER A ESPERANÇA E O DESAFIO DA TENSÃO ENTRE O "JÁ" E O "AINDANÃO" Lucas faz uso de um exemplo corriquei- ro em seus dias, para ilustrar o ensino so- bre atensão do "já agora"e do "ainda não" do reino. Lucas 12.35-38 retraía o desen- volver de um casamento. O noivo está vin- do. A noiva deve estar preparadae com sua lâmpada acesa. Não imporia se ele demo- rará: "Quer ele venha na segunda vigília, quer na terceira..." (v. 38).Manter aespe- rança é o desafio diante da tensão entre o "já" e o "ainda não". Todavia, nem sempre é romântico es- perar. Osalmista Davi, em um primeiro mo- mento, afirmou: "Estou cansado de clamar, secou-se-me a garganta; os meus olhos desfalecem de tanto esperar por meu Deus" (SI 69.2). Posteriormente,o mesmo Davi, vitorioso, declara: "Esperei confian- temente pelo Senhor, ele se inclinou para mím e me ouviu quando clamei por socor- ro" (SI 40.1). Paulo, escrevendosobre a esperança, afirma: "Porque na esperança fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera ?Mas, se esperamos o que não vemos, coni paciência o aguardamos" (Rm 8.24,25).' A aparente demora não deve gerar aba- timento. Tem muita gente confundindo a aparente demora como uma não-vinda. O apóstolo Pedro, contradizendo esta ideia, afirma: "Não retarda o Senhora suapro- messa, como alguns ajulgam demorada" (II Pé 3.9). Em meio a estatensão e à apa- rente demora, o cristão é chamado a man- ter sua lâmpada acesa; é chamado ao de- safio de uma vivaesperança: "Deus segun- do a sua muita misericórdia, nos regene- rou para uma viva esperança" (é 1.3). E uma viva esperançaprecisa estar prepara- da para atitudes concretas e para dar razão de sua motivação em face à tensão dorei- no. É Pedro quem ainda afirma: "Antes, santificai a Cristo, como Senhor, emvos- sos corações, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pe- dir razão da esperança que há em vós"(i Pé 3.15). 2. UMA TENSÃO QUE REQUER VIGILÂNCIA CONSTANTE "Bem-aventurados aqueles servos a quem o Senhor{ quando vier os encontre vigilantes..."(v.137}. Se a esperança é a mola propulsora da motivação em face à tensão, a vigilância é a postura resultante de quem desenvolve uma viva esperança. É exatamentea isto que Lucas se refere em 16.1-8,16. Nestetexto, o servofoi infiel no cumprimento das ordensde seu senhor.Em Mateus 24.45-5(1, encontramos aparábola do servo bom e'do servo mau. Um perdeu a esperançado retorno do Senhor (24.48), e passou a maltratar seus conservos (24.49); o outro, não perdeude vista ofato de que o Senhor retornaria e requereriaseu 26
  • 29. trabalho bem feito. Lucas enfatiza, ainda, que o dono da casa não sabe a que horas vem o ladrão. Para tanto, ele se prepara e persevera em vigilância, a fim de não ser apanhado des- percebido. Paulo, escrevendo aos tessalonícenses, afirma: "Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrá- rio, vigiemos e sejamos sóbrios". Muitas igrejas sofrem porque seus membros vivem dissoiutamente, em peca- dos, insensíveis, sem uma busca saudável de santificação. São pessoas que perde- ram a esperançae não conseguem vigiar. "Vigiai e orai, para que não entreis em ten- tação; o espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca" (Mt 26.41). 3. UMA TENSÃO QUE EXIGE DECISÃO Os valoresdo reino não comungam com os valores dominantes na sociedade.Os cidadãos do reino são chamados a viver uma contracultura de valores no mundo (Rm 12.1,2). Jesus, em Mateus 5.1-12, caracterizou estes valores pelas bem- aventuranças: os humildes entre os arro- gantes; os limpos de coração entre os su- jos e maculados até à aima; os que têm forne e sede de justiça entre os patrocina- dores da injustiça. A Bíblia Sagrada Edição Pastoral, em nota ao texto de Lucas 12.49- 53, afirma: "A missão de Jesus, desde o batismo até a cruz, é anunciar etornar pre- sente o reino, entrando em choque com as concepções dominantes na sociedade.Por isso, é preciso tomar uma decisão diante de Jesus, e isso provoca ruptura, de-ci- sões". O teólogo e filósofo Leonardo Boff, no iivro Vida Segundo o Espírito, afirma: "Di- ante de uma necessidade de decisão, o homem entra em crise, pois sabe que qual- quer que seja a decisão, implicará em rup- turas, por isso de-cisão." Em Cristo Jesus somos chamados a re- alizar neste mundo algo novo. E o realizar algo novo, passa por rejeitar e romper com as velhas e arcaicas estruturas^dominan- tes na sociedade e na religião. É devido a esta realidadeque o Senhor,nos versículos 49 a 53, afirma: "Supondes que vim trazer paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes, divisão. Porque, daqui em diante, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três..." O evangelhodo reino requer renúncia e uma decisão certa em prol da salvação, ainda quetais decisões impliquem em rup- turas, até mesmo familiares! Ampliando^ discussão No contexto onde você vive, quais são alguns sinais que comprovam já a presença do reino? Como você entende esta expressão do Pai Nosso: "venha o leu remo, faça-se a fuá vontade, assim na terra como no céu Autor: Rev. Carlos de Oliveira Orlandi Júnior (São Paulo -SP) E-mail: corlandi@zaz.com.br 27
  • 30. Ai spendimento e Frutos Lucas 13.1-9 D urante toda a sua história, a igreja cristã recebe membros que, pelo poder e mise- ricórdia de Deus, são verdadeiramente convertidos. Pessoas que experimenta- ram uma transformação interior, por meio de Cristo Jesus, tornam-se engajadas no serviço do reino, produzindo frutos que permanecem. Porém, a igreja recebe também pessoas que não são convertidas a Cristo. São aqueles que continuam nas práticas da velha vida, mas se sentem "seguros", pelo fato de pertencerem a uma igreja. O presente estudo pretende mostrar, a partir do texto básico, que a vida cristã vai muito além do batismo e da filiação a uma igreja. Arrependimento e frutos são caracterís- ticas básicas da nova vida em Cristo. Prosseguindo a caminhada para Je- rusalém, Jesus dc- para-se com alguns indivíduos que vão a ele com o ohjcti- vo de anunciar uma tragédia provocada pela força política de Pilalos, governador da Judéia {Lc 13.1). Assim, a notícia levada a Jesus está intimamcnle relacionada aos ma- les provocados por um poder político injusto e tirano. Além do que está registrado no texlo de Lucas, nadamais se sabe a respeito desse mas- sacre provocado pelas tropas romanas. O fato é que alguns galileus foram mortos enquanto ofereciam os seus sacrifícios religiosos. Não se sahe a razão pela qual eles foram assassi- nados. Com que intenção aqueles homens foram narrar este acontecimento a Jesus? Seria para que Jesus censurasse a atitude do governador romano c fosse acusado de desrespeito a au- toridade? Ou será que eles estavam tentando relacionar o sofrimento humano ao pecado? É difícil responder a esta pergunta. No en- tanto, Jesus ofereceu a cies uma resposta conclamando-os ao arrependimento, compa- rando esta tragédia à queda de uma torre em Siloé, que levou à morte dezoito homens. Jesus deixa claro que essas e outras tra- gédias não estão necessariamente relacio- nadas ao grau de pecaminosidade das pes- soas. Mesmo aqueles que não são vítimas de acontecimentos trágicos, necessitam pas- sar pela experiência do arrependimento, pois, se isso não acontecer, sofrerão tam- hém a destruição. Jesus declara que o arrependimento ver- dadeiro se manifesta cm frutos. A parábola da figueira ilustra isso. O fato de uma fiquei- ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda Isaías 5.1-7 Terça Lamentações 3.22-66 Quarta Oséias 11 Quinta Lucas 3.1-14 Sexta João 15 Sábado Romanos 3.9-20 Domingo Romanos 10.16-21 28
  • 31. rã estar plantada numa vinha sugere, como afirma Kenneth Bailey, em seu livro A Poe- sia e. o Camponês - Uma análise literária- cultural das parábolas cm Lucas, que Jesus estava se dirigindo aos líderes religiosos de Israel, c não à nação propriamente dita. Uma árvore infrutífera (a figueira) no meio de uma vinha suga as forças da vinha se ali continu- ar. Assim, ela é ameaçada de ser cortada. O vinhateiro roga para que a figueira tenha mais uma chance, depois de adubada. Caso per- manecesse estéril, então seria cortada. Lições do Texto 1. A AUSÊNCIA DE TRAGÉDIAS NÃO DISPENSA A NECESSIDADE DE ARREPENDIMENTO Jesus aproveita a notícia que receberada morte dos galileus, relata o acidente na torre de Siloé, e apresenta um ensinamento claro sobre a necessidadedo arrependimento para todos, não apenas para aqueles que são víti- mas de atrocidades políticas ou de outras ca- lamidades naturais. O pensamento popular nos dias de Je- sus, como acontece ainda hoje, era o de re- lacionar os acontecimentos trágicos a algum tipo de pecado. Ou seja, doenças e catástro- fes eram atribuídas aos pecados. O relato do cego de nascençaem João 9.1-3 é um exem- plo disso. Ao verem o cego, perguntaram a Jesus: Quem pecou? Ele, ou seus pais? Je- sus responde que nem ele e nem seus pais haviam pecado, Assim, fica claro que Jesus nega essa mentalidade popular. Há, sim, sofrimentos que podem ser re- sultado de pecados cometidos. Tiago deixa isso bem claro e relaciona enfermidades a pecados que precisam ser confessados (Tg 5.14-16). Porém, não se pode dizer que toda enfermidade é provocada por causa de pe- cados cometidos. Jesus revela que os galileus que foram mortos por Pilatos, bem como aqueles ho- mens que morreram por ocasião da cons- trução da torre, não eram mais pecadores do que a liderança religiosa de Israel e tantas outras pessoas que não haviam enfrentado calamidades. A ausência de tragédias não é garantia de segurança eterna. Não são ape- nas os que sofrem que precisam se arrepen- der de seus pecados. Sem o novo nascimen- to, que é resultado de arrependimento, nin- guém pode ver o reino de Deus. Essasforam as palavras de Jesus a um líder em Israel (Jo 3.3). Ninguém pode se considerar superior aos outros, moral ou espiritualmente, pelo fato de não passar por dificuldades. Em vez de julgar os outros, é preciso fazer uma introspeção earrepender-se. Na vida cristã, tanto os deveres não cum- pridos, quanto os aios malignos provocados pelos crentes, devem levar ao arrependimen- to. Ninguém pode se sentir seguro pelo fato de não enfrentar dificuldades e sofrimentos na caminhada. Arrependimento para a salva- ção e arrependimento dos pecados cometi- dos na vida cristã é algo que precisa ser evi- denciado por todos. O apóstolo Paulo apre- senta essaverdade em Romanos 3.9-20. 2. O ARREPENDIMENTO É EVIDENCIADO ATRAVÉS DA PRODUÇÃO DE FRUTOS Embora Jesus estivessefalando da lide- rança religiosa (figueira), torna-se evidente que os seus ensinamentos se aplicam a to- dos os que estão no reino, isto é, liderança e comunidade. Assim, na parábola, o que está em questão é a necessidade da produção de frutos. A figueira estéril no meio da vinha poderia prejudicar a produção de uvas. Tan- to afigueira quanto a vinha precisam produ- 29
  • 32. zir. Afirma o professor KennethBailey:"Quan- do esses líderes são infrutíferos, nãofalham apenas em sua obediência como indivíduos, mas também tornam estéril comunidadeque está ao seu redor. Deus tem muito cuidado com a comunidade, e não tolerará indefini- damente esta situação". A pregação de João Batista era caracteri- zada pelo convite ao arrependimento e à pro- dução de frutos. Aqueles que se apresenta- vam para receber o batismo eram desafia- dos a demonstrar que de fato haviam muda- do de vida, tendo atitudes compatíveis com a fé cristã. Era preciso que o arrependimento fosse traduzido em frutos (Lc 3.8-14). A falta de frutos colocaafigueirasob ame- aça. Era de se esperar que ela produzisse frutos, pois já havia tempo suficiente para isto. Porém, como nada eraencontrado nela, além defolhas, o dono da vinhadecidiu cortá- la. Aqueies que não produzem os frutos do arrependimento estão sob constante amea- ça de serem cortados. 3. A MISERICÓRDIA DE DEUS OFERECE OPORTUNIDADES PARA O ARREPENDIMENTO E A PRODUÇÃO DE FRUTOS A decisão de cortar a figueira infrutífera, que estava prejudicando toda avinha, foi adi- ada, num ato de misericórdia para com ela. Mais uma chance seriadada. Uma novaopor- tunidade. A figueira seria adubada,receberia os cuidados necessários. Se mesmo assim ela continuasse estéril, então seria cortada. Detalhes na parábola, como por exemplo, os períodos de três e um ano, são apenas para completar a história. Não se pode alegorizar o texto. O que Jesus estáensinan- do, com esse ano de tolerância, é a miseri- córdia de Deus oferecida a uma liderança in- frutífera e a todos que necessitam de arre- pendimento. Porém, se isío não acontecer,a justiça será aplicada. Misericórdia e justiça andam juntas. Pela justiça, Israel pereceria, mas Deus oferece a oportunidade para o ar- rependimento, mediante a sua misericórdia. A misericórdia de Deus, que ofereceopor- tunidades para o arrependimento e a produ- ção de frutos, exige, por outro lado, que os recursos de adubação sejam aplicados. O vinhateiro declara que, por mais um ano, es- taria cuidando da árvore, cavando ao seu re- dor e colocando o esterco necessário. Desta forma, Jesus ensina que a misericórdia é estendida com o objetivo de produzir perdão e renovação, mas isso só é possível com cuidados especiais. É preciso entenderque Deusofereceopor- tunidades à igreja e à sua liderançapara que se arrependam e experimentem o perdão e a renovação, curando a esterilidade que mui- tas vezes se observa na vida da comunida- de. Ébom lembrar que: 'Xis misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consu- midos, porque as suas misericórdias não têm fim" (Lm 3.1). Ampliando ÍL tl ,• ^l59vJr£"*S í ÍY A tolerância do vinhateiro da parábola pode ensinar sobre a disciplina eclesiástica na igreja? Explique. A sua comunidade tem produzido frutos? O que comprova isto? Autor: Rev. Sérgio Pereira Tavares (Manhumirim - MG) E-mail: didaque@soft-hard.com.br 30
  • 33. A Natureza do Reino Lucas 13.10-21 P or diversas vezes, encontramos nos Evangelhosa expressão "reino". A palavra "reino" tem,como significado: "o domínio real ou a esfera onde se exerce tal domínio". Contudo, o sentido de esfera do domínio não é o significado mais fundamental do reino. Como afirma o professorWillian Smith, "o reino não é, em primeira instância, um lugar ou uma localidadegeográficae espacial que vem. O reino é, acima de tudo, o agir de Deus na sua função de rei e soberano". Os pronunciamentos acercado reino de Deus nos Evangelhosnão enfatizam o "onde" ele pode estar, e sim, "quem" nele se engajará. Em outras palavras, não somos chama- dos a adquirir um imóvel na localidade do reino de Deus. Somos chamados a adquirir os seus valores, e a sermos, em todos os lugares, cidadãosdeste reino de Deus. Lucas é o evangelista que mais faz referencias à questão do reino, podendo ser chama- do de "o evangelista do reino". E tam- bém significativo notarmos que o evangelista Mateus, quanto à realidade do reino, escreve "reino dos céus", pois dirigia-se aosjudeus, que evitavam iodo tipo de uso do nome de Deus. Já os evangelistas Marcos e Lucas, fa- zem uso de "reino de Deus". Assim sendo, é importante lembrar que o uso de "dos céus", ou "de Deus" pelos evangelistas, não altera a conceiluação e conscienlização da realidade do reino. Todos se reportam a uma mesma questão. Há um paralelismo entre Lucas 13.10-21 e 14.1-11, onde se desenvolve o tema do rei- no. Tanto em Lucas 13,como em Lucas 14,o autor, antes de abordar explicitamente o tema cm questão, faz um preâmbulo ilustrativo, narrando milagres realizados por Jesus. Os dois milagres trazem confrontação com os ditames da religião dominante, pois foram realizados em dia de sábado. E a partir de então que o autor introduz o tema do reino. Em contraste com a religião arcaica, obsole- ta e opressora, manifesta-se o reino. O Dr. Champlin, em seu comentário de Lucas, afirma: "A cura foi apenas um edito- rial para introduzir as parábolas, cujo cerne é a inauguração e desenvolvimento do reino". ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda Lucas 12.22-34 Terça Lucas 12.35-39 Quarta Lucas 14.1-11 Quinta Lucas 17.20-37 Sexta Atos 28.23-31 Sábado Romanos 14.13-23 Domingo I Coríntios 1.26-29 31
  • 34. Lições do Texto Vejamos, então, algumas consideraçõessobre a natureza deste reino. 1. A NATUREZA DIVINA E TRANSCENDENTAL DO REINO Muito mais do que uma nomenclatura, o reino que se estabelecia não era fruto de uma ideologia humana. O reino é de Deus, pois origina-se em Deus, estabelece-sepela vinda do Filho de Deuse se manifesta a partir do poder deDeus - "Se, po- rém, eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, certamente, échegado o reino de Deus sobre vós" (Lc 11.20). O professorWilliam Smith assim afirma: "Ana- tureza do reino é teocênírica, ou seja, Deus é cen- tra! na pregação do reino. Mesmo o evangelista Mateus, quando afirmava sobre o reino dos céus, não divergia do fato de que Deus é o centro". O reino não está fundamentado debaixo da centralidade humana; pelo contrário, como teocêntrico que é, ele vem de Deus ao homem, as- sim como o Senhor Jesus ensinou a orar: "venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu" (Mt 6.10). E este "vir o teu reino" está associada com a chegada da salvação que em Jesus se executaria a favor do homem. Eesta chegada pode ser vista emtucas como umacres- cente: Em 4.43 - o Senhor afirma que "énecessá- rio que eu anuncie o evangelho do reino...". Em 10.11- este evangelho seaproximava dohomem: "...sabei que está próximo o reino de Deus". Eem 11.20 é declarado: "...certamente, é chegado o reino de Deus sobrevós". O reino é a manifestação desse agir poderoso de Deus - um agir saivífico; por isso, ele é absolu- tamente transcendental na sua origem, sendo are- velação da glória de Deus (Mt 16.27; 24.30; Mc 8.28;13.26). O teólogo Leonardo Boff, no livro O Pai Nosso, afirma: "sjí por causa.do agjresmaga- dor.de Deusvem,g.reino que.as antigas estruturas não podem conter". Já Gottfried Brakemeier, no lívro Reino de Deus e Esperança Apocalíptica, afirma: "Falar no reino de Deus como fenómeno transcendente é dificul- tado em nossos!dias por 3 fatores principais: a) Somos determinados pela cosmovisão científica, na qual um mundo transcendente não é previsto, b) Soma-se a isso que a orientação num mundo futuro etranscendental exerceum efeito paralisador e alienante sobre a disposição de se construir um mundo melhor, c) CLterceiroJator é a relevância. Existem necessjdadss primárias, secundárias e agjjejgs.qu.ejiavêrdade nlo.sao relevantes,. Aspri- oridades do nosso mundo são bem mais materiais que espirituais; razão pela qual, assim se conclui que a igreja deve reorientar sua pregação e servi- ço", i 2. A NATUREZA DO REINO SE MANIFESTA EM HUMILDADE Um outro traço claro nos textos de Lucas so- bre o reino, é que a sua manifestação se dá pela humildade. A parábolado grão de mostarda revela claramente isto: a menor das sementes. O reino não impressiona por suaostentação,ou gigantismo, ou luxo, ou qualquer outraquestão. Oreino, a des- peito de ser de Deus (Senhor de todas as coisas), manifesta-se na percepção do que é pequeno, ou insignificante e humilde. Israel, no Antigo Testamento, é protótipo disso. Não .BB uma grande n_acào. Era, na verdade,jjm "RQVJDÍJO" (S1105.12), que poderia passar até por despercebido. Mas, a despeito dessa realidade pe- quena, em Deuteronômio 7.6-8assim lemos: "O Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu próprio povo, de todos os povos que há so- bre a terra. Não vosteve o Senhor afeição nem vos escolheu, porquelfósseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor... mas porque 'vos amava". m Lucas, o SenhorJesus, ministrando s as bem-aventuranças, afirma: "Bem-aventurados os pobres, pois dos tais é o reino de Deus" (Lc 6.20). Opróprio milagre do texto básico revelaque o reino se manifestou a uma mulher {desprezível socialmente naqueles dias), enferma há 18 anos. Em Lucas 14.1-1^1, o texto paralelo reafirma que todo o que se humilha será exaltado e que o maior no reino é o que serve. 32
  • 35. O reino, que é de Deus, manifesta-se em meio à simplicidade e aos humildes (l Co 1.26- 29). 3. A NATUREZA LIBERTÁRIA DO AMOR NO REINO O preâmbulo apresentado em Lucas 13 refere- se a um milagre realizado por Jesus em uma mu- lher enferma há 18 anos. Por isso ter acontecido em dia de sábado, os religiosos se alvoroçaram e até condenaram a mulher. Jesus, então, afirma; "hipócritas, cadaum de vósnão desprende da man- jedoura no sábado, o seu boi ou o seu jumento, para levá-lo a beber? Por que motivo não se devia libertar deste cativeiro em dia de sábado esta filha cfe/lòraão..."{w.15,16). No texto, Jesus destaca que a mulher estava cativa de uma enfermidade associada a Satanás. Todavia, o que é impressionante é que Jesus colo- ca no mesmo "pé de igualdade" o diabo, que enfermava a mulher e a religião, que algemava a vida. Não foi apenas necessário libertar a mulher da enfermidade do corpo produzida por Satanás; também, foi necessário libertá-la das algemas de uma religião que escravizava o homem, que igno- rava a graça de Deus, e só tinha olhos para os gri- lhões da Lei. Naoração do Pai-Nosso que Leonardo Boff cha- ma de Oração de Libertação Integral, percebemos que a súplica "não nos deixes cair em tentação" encerra a angústia; e apetição final revelaa consu- mação da ação do reino: "livra-nos do mal". As- sim, Boff caracteriza esta natureza libertária do rei- no, afirmando: "libertados do mal e do maligno, estamos prontos para gozar da liberdade dos fi- lhos de Deus no reino do Pai. Aonde não se efe- íuou a libertação, ainda não chegou o reino". Paulo, escrevendoaos colossenses,usa desta metáfora de guerra entre dois reinos para explicar o que acontece com o cristão: "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho, do seu amor" (Cl 1.13). Uma igreja que celebra apenas os números de adeptos, mas fechaos olhos para os humildes, cala sua voz frente à exploração, à opressão e à escra- vidão, é apenas porta-voz de uma religião, como outras tantas que necessitam ainda conhecer ana- tureza amorosa, alegre e libertadora do reino, que é de Deus. 4. A NATUREZA INTERIOR DO REINO No texto de Lucas, encontramos duas parábo- las- oreino como semente ecomo fermento. Javier Pikaza afirma: "Porque o reino é o grão de mostar- da que está oculto em nossa terra; é um fermento que já se acha maturando a massa. É porque o reino está dentro, como um dom que se ofereceu. Não se vê, nem se distingue, mas existe e é a força decisiva que concede seu sentido ao mundo. Oreino está dentro..." Jesus alerta para o perigo de identificá-lo com forças e instituições visíveis. Ou mesmo codificá-lo com a totalidade de algo terre- no. Assim ele declara: "Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lã está! Porque o reino de Deus está dentro em vós" (Lc 17.20,21). A BLQU&ia semente ej. pouca quaníidade_de fermento.e_stão relacionadas corn o crescimento e_ a influência. A pej}uejiaj;eji£jitj^^ pouco fermento leveda toda a massa. Todavia, a semente está naterra para ser germina- da; e o fermento só influencia se estiver inserido na massa. O reino se estabelece em nós pela pre- sença do Espírito Santo, que está dentro de cada cristão. Paulo afirma esta realidade dizendo: "Aca- so não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós...?" (l Co 6.19). Assim o reino, que é de Deus, manifesta-se a partir de uma relação humilde, traz libertação pa- trocinada pela força do amor e explode na vida in- terior de uma pessoa. Ampliando^ discussão Qual a relação entre a igreja e o reino de Deus? Qual é a extensão do reino de Deus? 33
  • 36. O Reino e os Perdidos Lucas 13.10-21 S ão muitos os esforços em favor da vida. Se, de um lado, há atos bárbaros contra a vida, felizmente, há surpreendentes iniciativasem favor'.da salvação de vidas. Em- bora alguns estejam por demais feridos, ou deficientes, aparentemente irrecuperáveis, graças a Deus, cientistas, paramédicos e bombeiros, dentre'outros, empenham-se em salvar vidas. O Filho do Homem veio buscar e do reino de Deus. Nada se compara a esta missão. Lucas 15 pos- sui bastante uni- dade literária e pedagógica. Co- menta a Bíblia Sagrada Edição Pastoral que "o capitulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (= Boa Notícia). (...) Com esta parábola, Jesus fax apelo supremo para que os doutores da Lei c os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade de vida". O contexto indicaque se aproximaram de Jesus "coletores de Impostos" e "pe- cadores" que atraem e provocam o mur- múrio dos "fariseus" e dos "doutores da lei".Eles O acusam de acolher pecadores e comer com eles (Compare com Lc 5.30). Segundo o Dr.Joachim Jeremias, a desig- nação "pecadores" era utilizada para pes- soas que levavam vida imoral (adúlteros, falsifícadorcs) oíi que exerciam profissão desonrosa (cobradores de impostos, pasto- res, tropeiros, vendedores, ambulantes, curtidorcs). A estes eram negados até mes- mo os direitos civis. A pergunta dos escribas c fariseus não revela admiração,'mas é uma acusação a Je- sus. Em resposta aos que se consideram "jus- tos" ou "santos", Jesus contou 3 parábolas a respeito da grandiosidade do amor de Deus. Ainda que bastante conhecidas e ad- miradas, estas parábolas não pretendem enfocar a dracma, a ovelha ou os filhos, mas sim, a mulher, o'pastor c o pai, pessoas inconformadas com a perda e queprocuram incansavelmente até encontrar os perdidos. TEXTO 15.3-7 15.8-10 15.11-32 PERSONAGEM PRINCIPAL O pastor i A mulher, pobre O pai OS PERDIDOS A ovelha A dracma Os filhos ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADA Segunda Ezequiel 34.1-10 Terça Ezequiel 34.11-31 Quarta Ezeqtiíel 36.16-38 Quinta Oséias 14 Sexta Romanos 11.25-32 Sábado Romanos (14.1-12 Domingo II Coríntios 2.5-11 34
  • 37. ícoes do Texto A partir das parábolas apresentadas no tex- to, destacamos: 1. OSPERDIDOS- ALVO PRINCIPAL DO REINO O enredo das parábolas dá fortes evidências de que Deus deseja e atrai para si os que se en- contram perdidos, abandonados, afastados ou excluídos. As parábolas contemplam: (1) um pastor que abandona o rebanho (99 ovelhas) para buscar urna ovelhaperdida. Jesus traz uma ilustração da mensagem do profeta Ezequlel: "procurai a ovelha perdida" (Ez34.16). Este pastor tem um rebanho de tamanho médio, mas não pode pagar um ajudante e assume o encargo sozinho. Ao contar o seu rebanho, como acontece ao fina! das tardes, sente falta daquela que mais gostava. Deixa tudo e busca até enconírá-la. (2) uma mulher quevasculhaa casa para en- contrar uma moeda perdida. Informa o Dr. Leon Morris que as dez moedas podem representar a poupança deuma pobre mulher ou um ornamen- to, e que uma dracma "era o salário pago a um trabalhador por um dia de trabalho". O certo é que a mulher recorre à luz e busca incessante- mente até encontrar o que considera um tesou- ro; (3) um pai que aguarda ansiosamente o re- torno de um filho que saiu e "esbanjou suas ri- quezas nos desperdícios mais desenfreados", como traduziu Phillips. Após dar conta do erro que cometeu, o filho retorna à casa paterna e é acolhido carinhosamente pelo pai amoroso. Os personagens principais das parábolas cumprem uma missão: reencontrar os perdidos. Através das parábolas, Jesus defende a sua mis- são redentora e refuta a acusação dos religio- sos. Elefoi criticado por comer e bebercom "pe- cadores". ObservaJoachim Jeremias que "para avaliar o que Jesus fez ao comer com 'pecado- res', é preciso saber que, no Oriente, receber al- guém em comunhão de mesasignifica até os dias de hoje, uma honra, que quer dizer oferta de paz, confiança, fraternidade e perdão; em breve: co- munhão de mesa é comunhão de vida. (...) As- sim sendo, as refeiçõesdeJesus com publicanos e pecadores não são acontecimentos só de or- dem social; não são só expressões de incomum cordialidade humana e de generosidade social, bem como de sua simpatia para com os despre- zados; mas o seu sentido é mais profundo. (...) A inclusão de pecadores na comunidade da sal- vação, realizada na comunhão de mesa, é a ex- pressão mais patente da mensagem do amor re- dentor de Deus". Ao comungar da mesa de pe- cadores, Jesus demonstra que o reino não pos- sui os limites definidos pelos homens. Não é com- petência nem de religiosos, ou dos que se consi- deram mais santos ou melhores que outros. Po- rém, ao defender a sua missão, ressalta Jesus que "os sãos nãoprecisam de médicos e sim os doentes" (Lc 5.31). E, mesmo pessoas excluí- das, como publicanos e meretrizes, precederão muitos no reino (Mt 21.31). Afinal, "o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido" (Lc 19.10). 2. A RESTAURAÇÃO-MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DO SENHOR DO REINO Nas parábolas, o pastor busca a ovelha que se encontra enfraquecida e desamparada, sem conseguir retornar por si só. Ela dependedo pas- tor para erguê-la e curá-la. Só resta ao pastor tomá-Ia em seus braços, colocando-a sobre os ombros, tratando de seus ferimentos e levando- a ao convívio das demais. Semelhantemente, o pai corre ao encontro do pródigo, recebendo-o afetuosameníe e devoivendo-Ihe a dignidade de filho: a melhor roupa - um sinal de posição; o anel (talvez de sinete: Gn 41.20); sandálias, que distinguem o filho dos escravos que andavam descalços; o novilho cevado,guardado para oca- siões importantes; a celebração festiva, corn músicas e danças etc. -sinais vivos dagenero- sidade e amor que restaura vidas. Tanto o pastor quanto o pai, não impõem condições para o retorno dos perdidos. Primei- ramente, eles retornam; depois, são restaurados. 35