1) O documento analisa o romance As naus de Antonio Lobo Antunes, que reinterpreta a história de Portugal a partir da perspectiva de conquistadores que retornam ao país.
2) O romance usa várias técnicas narrativas como misturar o tempo presente com o passado e usar múltiplos narradores para criticar a visão heroica do passado português.
3) A análise sugere que o romance constrói novos discursos históricos que desmistificam as conquistas portuguesas dos séculos 15 e 16.
Intertextualidade um dialogo entre a ficcão e a históriaEdilson A. Souza
Este documento compara como Alexandre Herculano e Fernão Lopes abordam o episódio do Castelo de Faria em suas obras. Fernão Lopes relata o episódio de forma objetiva em sua crônica histórica, enquanto Herculano recria o episódio de forma subjetiva em seu conto, aliando ficção e história. Ambos os autores buscam retratar eventos do passado de Portugal de forma fiel, porém com estilos diferentes.
Correção do teste de avaliação poesia trovadoresca10º13proffatimamendonca64
O documento descreve os primeiros textos literários em português, que datam do século XII e eram composições poéticas. A prosa medieval portuguesa era hesitante e confusa, enquanto a poesia era mais madura. A partir do século XIII, a prosa literária tratava de temas de cavalaria e aventura.
O documento resume as características de obras literárias brasileiras de diferentes movimentos. Apresenta informações sobre os gêneros, temas, personagens e contextos históricos de obras como Os Lusíadas, O Juiz de Paz da Roça Martins Pena, A Moreninha e Macunaíma.
O documento resume o Movimento Literário Humanismo em Portugal no século XV-XVI. Apresenta Fernão Lopes como um dos principais cronistas da época, conhecido por introduzir a historiografia portuguesa e fazer críticas à sociedade. Também discute o teatro de Gil Vicente e a poesia palaciana, que refletiam as mudanças sociais e valorizavam a capacidade humana.
O documento resume o Movimento Literário Humanismo em Portugal, destacando: 1) Sua origem no século XV e influência no desenvolvimento da literatura; 2) O trabalho do cronista Fernão Lopes que usou a crítica para analisar a sociedade portuguesa; 3) O teatro de Gil Vicente que fazia sátiras sociais.
O documento apresenta um resumo de um trabalho sobre o Movimento Literário Humanismo em Portugal no século XV-XVI. O texto descreve as origens e características desse movimento, incluindo suas influências na literatura e sociedade portuguesa da época, especialmente por meio das obras de Fernão Lopes e Gil Vicente.
No início do século XX, Portugal passa por mudanças políticas com o fim da monarquia e surgimento da república. Um grupo de jovens artistas se reunia em cafés de Lisboa buscando modernizar a cultura portuguesa, publicando a revista Orpheu. Fernando Pessoa e seus heterônimos como Alberto Caeiro e Álvaro de Campos foram figuras centrais nesse movimento de renovação.
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 160-161luisprista
1) O documento discute como as duas primeiras notas à margem de um texto permitem associar uma peça de teatro ao "teatro épico".
2) Essas notas fornecem informações sobre o efeito de distanciamento que deve ser adotado na receção da peça.
3) Isso inclui manter uma postura imparcial para compreender corretamente a mensagem transmitida pela peça.
Intertextualidade um dialogo entre a ficcão e a históriaEdilson A. Souza
Este documento compara como Alexandre Herculano e Fernão Lopes abordam o episódio do Castelo de Faria em suas obras. Fernão Lopes relata o episódio de forma objetiva em sua crônica histórica, enquanto Herculano recria o episódio de forma subjetiva em seu conto, aliando ficção e história. Ambos os autores buscam retratar eventos do passado de Portugal de forma fiel, porém com estilos diferentes.
Correção do teste de avaliação poesia trovadoresca10º13proffatimamendonca64
O documento descreve os primeiros textos literários em português, que datam do século XII e eram composições poéticas. A prosa medieval portuguesa era hesitante e confusa, enquanto a poesia era mais madura. A partir do século XIII, a prosa literária tratava de temas de cavalaria e aventura.
O documento resume as características de obras literárias brasileiras de diferentes movimentos. Apresenta informações sobre os gêneros, temas, personagens e contextos históricos de obras como Os Lusíadas, O Juiz de Paz da Roça Martins Pena, A Moreninha e Macunaíma.
O documento resume o Movimento Literário Humanismo em Portugal no século XV-XVI. Apresenta Fernão Lopes como um dos principais cronistas da época, conhecido por introduzir a historiografia portuguesa e fazer críticas à sociedade. Também discute o teatro de Gil Vicente e a poesia palaciana, que refletiam as mudanças sociais e valorizavam a capacidade humana.
O documento resume o Movimento Literário Humanismo em Portugal, destacando: 1) Sua origem no século XV e influência no desenvolvimento da literatura; 2) O trabalho do cronista Fernão Lopes que usou a crítica para analisar a sociedade portuguesa; 3) O teatro de Gil Vicente que fazia sátiras sociais.
O documento apresenta um resumo de um trabalho sobre o Movimento Literário Humanismo em Portugal no século XV-XVI. O texto descreve as origens e características desse movimento, incluindo suas influências na literatura e sociedade portuguesa da época, especialmente por meio das obras de Fernão Lopes e Gil Vicente.
No início do século XX, Portugal passa por mudanças políticas com o fim da monarquia e surgimento da república. Um grupo de jovens artistas se reunia em cafés de Lisboa buscando modernizar a cultura portuguesa, publicando a revista Orpheu. Fernando Pessoa e seus heterônimos como Alberto Caeiro e Álvaro de Campos foram figuras centrais nesse movimento de renovação.
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 160-161luisprista
1) O documento discute como as duas primeiras notas à margem de um texto permitem associar uma peça de teatro ao "teatro épico".
2) Essas notas fornecem informações sobre o efeito de distanciamento que deve ser adotado na receção da peça.
3) Isso inclui manter uma postura imparcial para compreender corretamente a mensagem transmitida pela peça.
O romance Mayombe, publicado em 1980 pelo escritor angolano Pepetela, retrata a experiência dos guerrilheiros na luta pela independência de Angola no período de 1961 a 1975. A narrativa é dividida em sete partes e apresenta de forma polifônica os pensamentos e dilemas de diferentes personagens que participaram do movimento de libertação. A floresta densa de Mayombe é retratada como berço onde nasce o ideal revolucionário e a nova nação angolana.
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 17luisprista
1. O poema Mensagem é descrito como uma versão moderna e espiritual de Os Lusíadas que oscila entre o épico e o lírico.
2. O poema está dividido em três partes que representam o nascimento, apogeu e queda do Império Português, embora a terceira parte sugira um ressurgimento.
3. A figura do Encoberto simboliza a esperança de um novo império para Portugal.
As crônicas de Rubem Braga exploram a memória e a metalinguagem ao transformar o cotidiano em fantasia através de um olhar poético e trabalho de linguagem. Ele ridiculariza o leitor de forma carnavalesca para questionar a relação entre autor e leitor e alçar a crônica a um patamar mais literário.
1) O documento apresenta uma introdução e análise detalhada da obra "Mensagem", de Fernando Pessoa. 2) Aborda o contexto de publicação da obra, os significados por trás do título "Mensagem" e a influência de António Ferro no prêmio recebido por Pessoa. 3) Discutem-se os significados ocultos da frase em latim que abre a obra e seu possível vínculo com o ocultismo, importante para compreender a visão de mundo de Pessoa.
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 22luisprista
O documento discute a figura de Infante D. Henrique como iniciador da segunda parte de Mensagem, "Mar Português". Também aborda o sonho como ato visionário necessário para desvendar o mar, e o prêmio recebido pelos portugueses por sua ousadia nos descobrimentos.
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, segunda aula de cábulasluisprista
O documento discute as características do estilo oratório de Padre António Vieira no "Sermão de Santo António aos Peixes", notando a exuberância do período barroco refletida no estilo. Também analisa o contexto do sermão, que trata da exploração dos índios no Maranhão pelos europeus. Por fim, debate se a obra "Frei Luís de Sousa" de Almeida Garrett é um drama romântico ou uma tragédia clássica.
Este documento discute os principais gêneros literários. Apresenta o gênero épico como narrativas de fatos grandiosos centrados em um herói, com um narrador. Também aborda o gênero dramático, com diálogos entre personagens, e o gênero lírico, focado na subjetividade dos sentimentos do "eu lírico". Explora elementos como métrica, rima e tipos de narrativa como romance e conto.
Este documento apresenta um roteiro para discutir os elementos e tipos de novela. Apresenta definições de novela, sua estrutura e elementos como ação, tempo, espaço, linguagem e personagens. Detalha os tipos de novela como de cavalaria, picaresca, histórica e policial/mistério. Fornece exemplos como Lazarillo de Tormes e Os Assassinatos da Rua Morgue.
Este documento resume o contexto histórico e cultural do Humanismo em Portugal, destacando seus principais marcos, ideias, gêneros literários e mudanças de visão de mundo em relação ao período medieval, com foco no antropocentrismo renascentista.
Modernismo geração de 45: Clarice Lispector e Guimarães RosaTamara Amaral
O documento descreve a prosa brasileira do Modernismo após 1922 e como explorou temas sociais e políticos nas décadas seguintes. Também resume o romance "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector, que aborda temas como criação literária e existência através da história de Macabéa. Por fim, resume o conto "A Terceira Margem do Rio" de Guimarães Rosa, que trata da decisão de um pai viver isolado em um rio, deixando a família perplexos.
O documento descreve os principais gêneros literários - lírico, dramático e épico. O gênero lírico enfatiza os aspectos subjetivos do autor e predominam emoções. O gênero dramático inclui peças de teatro como tragédia e comédia. O gênero épico envolve narrativas épicas centradas em heróis. O gênero narrativo inclui romances, novelas e contos.
1. O documento descreve a evolução da literatura portuguesa dos séculos XII ao XX, dividida em vários períodos que refletem estilos e movimentos literários como a poesia medieval, o Renascimento, o Barroco, o Romantismo e o Modernismo.
2. São apresentados os principais autores e obras de cada período, como as Cantigas de Amigo, a Épica de Camões, a prosa quinhentista e a poesia de Fernando Pessoa.
3. A literatura portuguesa evoluiu de forma dinâm
Memórias de um_sargento_de_milícias_-_materialrafabebum
1. O documento analisa o romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, descrevendo seu contexto, estrutura, estilo e linguagem.
2. A narrativa se passa no Rio de Janeiro do início do século XIX e foca a vida do personagem Leonardo, desde a infância até a vida adulta, retratando a sociedade carioca da época de forma realista e irônica.
3. O romance apresenta características do Romantismo e do Realismo, utilizando
1) O documento apresenta uma linha do tempo da literatura portuguesa e brasileira, desde a Idade Média até a era moderna, dividindo-as por períodos literários como Renascimento, Barroco, Romantismo etc.
2) No Brasil, o período do Quinhentismo abrange a literatura produzida no século XVI, paralelo ao Classicismo português, com temas relacionados ao Renascimento e às navegações.
3) O Barroco no Brasil vai de 1601 a 1768, tendo como marco inicial a obra
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaHadassa Castro
O documento descreve o período modernista português entre 1922 e 1930. Foi um período de rebeldia em que os modernistas romperam com a tradição acadêmica e divulgaram ideais anárquicos, marcado por um nacionalismo exagerado. Destacaram-se nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira.
O documento discute a estrutura e características da epopeia, com foco no poema épico de Camões "Os Lusíadas". Apresenta a definição de epopeia, suas características narrativas e estrutura interna e externa. Também analisa a substância lírica, épica e trágica presente na obra, bem como a ideologia por trás da mesma, que celebra os feitos heroicos dos portugueses e a viagem de Vasco da Gama à Índia.
Este documento discute a história da literatura como um conceito moderno e como os antigos não organizavam panoramas históricos de suas literaturas. Também descreve Quintiliano como um professor romano que observou a decadência estilística e moral entre os estudantes. Por fim, analisa a obra de Thackeray como pertencendo à "literatura da desilusão" do século XIX e como um realista que via apenas misérias morais no panorama da sociedade vitoriana da época.
Este documento resume um estudo sobre a obra "O Labirinto da Saudade" de Eduardo Lourenço. Apresenta brevemente o autor e a obra, analisa alguns dos capítulos principais como "Psicanálise mítica do destino português" e "Da literatura como interpretação de Portugal", e discute os objetivos de Lourenço de refletir sobre a identidade portuguesa e repensar Portugal.
O documento descreve os principais momentos da literatura portuguesa, desde a Idade Média até o Classicismo. A poesia do trovadorismo é destacada, especialmente as cantigas de amigo e amor. A prosa inclui novelas de cavalaria e crônicas. No Renascimento, surgem a poesia palaciana e o teatro de Gil Vicente. O Classicismo inspira-se na cultura greco-latina e coloca o homem no centro.
1) O documento apresenta comentários e informações sobre vários livros e poemas brasileiros, incluindo obras de Adélia Prado, Aluísio Azevedo, Ariano Suassuna, Bernardo Élis, Bernardo Guimarães, Caio Fernando Abreu e Castro Alves.
2) Os comentários fornecem análises sobre temas, estilos e características das obras, como o naturalismo em "O Cortiço" e a representação da sociedade patriarcal em "Bagagem".
3) As informações complementam com detalhes sobre
O romance As Naus, de Antonio Lobo Antunes, promove um diálogo entre o passado glorioso dos descobrimentos portugueses no século XVI e o período contemporâneo da descolonização em Angola no século XX, mesclando personagens históricas como Camões e Vasco da Gama com colonos portugueses retornando de Angola de forma desiludida. A obra critica a visão idealizada do passado épico português por meio dessa contaminação entre épocas distintas.
O documento resume:
1) O Humanismo em Portugal no século XV, marcado pela historiografia de Fernão Lopes, prosa didática e poesia palaciana.
2) As principais características da historiografia de Fernão Lopes, considerado o pai da história portuguesa.
3) Os tipos de produção literária do período, incluindo a prosa didática para educar a nobreza.
O romance Mayombe, publicado em 1980 pelo escritor angolano Pepetela, retrata a experiência dos guerrilheiros na luta pela independência de Angola no período de 1961 a 1975. A narrativa é dividida em sete partes e apresenta de forma polifônica os pensamentos e dilemas de diferentes personagens que participaram do movimento de libertação. A floresta densa de Mayombe é retratada como berço onde nasce o ideal revolucionário e a nova nação angolana.
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 17luisprista
1. O poema Mensagem é descrito como uma versão moderna e espiritual de Os Lusíadas que oscila entre o épico e o lírico.
2. O poema está dividido em três partes que representam o nascimento, apogeu e queda do Império Português, embora a terceira parte sugira um ressurgimento.
3. A figura do Encoberto simboliza a esperança de um novo império para Portugal.
As crônicas de Rubem Braga exploram a memória e a metalinguagem ao transformar o cotidiano em fantasia através de um olhar poético e trabalho de linguagem. Ele ridiculariza o leitor de forma carnavalesca para questionar a relação entre autor e leitor e alçar a crônica a um patamar mais literário.
1) O documento apresenta uma introdução e análise detalhada da obra "Mensagem", de Fernando Pessoa. 2) Aborda o contexto de publicação da obra, os significados por trás do título "Mensagem" e a influência de António Ferro no prêmio recebido por Pessoa. 3) Discutem-se os significados ocultos da frase em latim que abre a obra e seu possível vínculo com o ocultismo, importante para compreender a visão de mundo de Pessoa.
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 22luisprista
O documento discute a figura de Infante D. Henrique como iniciador da segunda parte de Mensagem, "Mar Português". Também aborda o sonho como ato visionário necessário para desvendar o mar, e o prêmio recebido pelos portugueses por sua ousadia nos descobrimentos.
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, segunda aula de cábulasluisprista
O documento discute as características do estilo oratório de Padre António Vieira no "Sermão de Santo António aos Peixes", notando a exuberância do período barroco refletida no estilo. Também analisa o contexto do sermão, que trata da exploração dos índios no Maranhão pelos europeus. Por fim, debate se a obra "Frei Luís de Sousa" de Almeida Garrett é um drama romântico ou uma tragédia clássica.
Este documento discute os principais gêneros literários. Apresenta o gênero épico como narrativas de fatos grandiosos centrados em um herói, com um narrador. Também aborda o gênero dramático, com diálogos entre personagens, e o gênero lírico, focado na subjetividade dos sentimentos do "eu lírico". Explora elementos como métrica, rima e tipos de narrativa como romance e conto.
Este documento apresenta um roteiro para discutir os elementos e tipos de novela. Apresenta definições de novela, sua estrutura e elementos como ação, tempo, espaço, linguagem e personagens. Detalha os tipos de novela como de cavalaria, picaresca, histórica e policial/mistério. Fornece exemplos como Lazarillo de Tormes e Os Assassinatos da Rua Morgue.
Este documento resume o contexto histórico e cultural do Humanismo em Portugal, destacando seus principais marcos, ideias, gêneros literários e mudanças de visão de mundo em relação ao período medieval, com foco no antropocentrismo renascentista.
Modernismo geração de 45: Clarice Lispector e Guimarães RosaTamara Amaral
O documento descreve a prosa brasileira do Modernismo após 1922 e como explorou temas sociais e políticos nas décadas seguintes. Também resume o romance "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector, que aborda temas como criação literária e existência através da história de Macabéa. Por fim, resume o conto "A Terceira Margem do Rio" de Guimarães Rosa, que trata da decisão de um pai viver isolado em um rio, deixando a família perplexos.
O documento descreve os principais gêneros literários - lírico, dramático e épico. O gênero lírico enfatiza os aspectos subjetivos do autor e predominam emoções. O gênero dramático inclui peças de teatro como tragédia e comédia. O gênero épico envolve narrativas épicas centradas em heróis. O gênero narrativo inclui romances, novelas e contos.
1. O documento descreve a evolução da literatura portuguesa dos séculos XII ao XX, dividida em vários períodos que refletem estilos e movimentos literários como a poesia medieval, o Renascimento, o Barroco, o Romantismo e o Modernismo.
2. São apresentados os principais autores e obras de cada período, como as Cantigas de Amigo, a Épica de Camões, a prosa quinhentista e a poesia de Fernando Pessoa.
3. A literatura portuguesa evoluiu de forma dinâm
Memórias de um_sargento_de_milícias_-_materialrafabebum
1. O documento analisa o romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, descrevendo seu contexto, estrutura, estilo e linguagem.
2. A narrativa se passa no Rio de Janeiro do início do século XIX e foca a vida do personagem Leonardo, desde a infância até a vida adulta, retratando a sociedade carioca da época de forma realista e irônica.
3. O romance apresenta características do Romantismo e do Realismo, utilizando
1) O documento apresenta uma linha do tempo da literatura portuguesa e brasileira, desde a Idade Média até a era moderna, dividindo-as por períodos literários como Renascimento, Barroco, Romantismo etc.
2) No Brasil, o período do Quinhentismo abrange a literatura produzida no século XVI, paralelo ao Classicismo português, com temas relacionados ao Renascimento e às navegações.
3) O Barroco no Brasil vai de 1601 a 1768, tendo como marco inicial a obra
A Geração De 22 - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaHadassa Castro
O documento descreve o período modernista português entre 1922 e 1930. Foi um período de rebeldia em que os modernistas romperam com a tradição acadêmica e divulgaram ideais anárquicos, marcado por um nacionalismo exagerado. Destacaram-se nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira.
O documento discute a estrutura e características da epopeia, com foco no poema épico de Camões "Os Lusíadas". Apresenta a definição de epopeia, suas características narrativas e estrutura interna e externa. Também analisa a substância lírica, épica e trágica presente na obra, bem como a ideologia por trás da mesma, que celebra os feitos heroicos dos portugueses e a viagem de Vasco da Gama à Índia.
Este documento discute a história da literatura como um conceito moderno e como os antigos não organizavam panoramas históricos de suas literaturas. Também descreve Quintiliano como um professor romano que observou a decadência estilística e moral entre os estudantes. Por fim, analisa a obra de Thackeray como pertencendo à "literatura da desilusão" do século XIX e como um realista que via apenas misérias morais no panorama da sociedade vitoriana da época.
Este documento resume um estudo sobre a obra "O Labirinto da Saudade" de Eduardo Lourenço. Apresenta brevemente o autor e a obra, analisa alguns dos capítulos principais como "Psicanálise mítica do destino português" e "Da literatura como interpretação de Portugal", e discute os objetivos de Lourenço de refletir sobre a identidade portuguesa e repensar Portugal.
O documento descreve os principais momentos da literatura portuguesa, desde a Idade Média até o Classicismo. A poesia do trovadorismo é destacada, especialmente as cantigas de amigo e amor. A prosa inclui novelas de cavalaria e crônicas. No Renascimento, surgem a poesia palaciana e o teatro de Gil Vicente. O Classicismo inspira-se na cultura greco-latina e coloca o homem no centro.
1) O documento apresenta comentários e informações sobre vários livros e poemas brasileiros, incluindo obras de Adélia Prado, Aluísio Azevedo, Ariano Suassuna, Bernardo Élis, Bernardo Guimarães, Caio Fernando Abreu e Castro Alves.
2) Os comentários fornecem análises sobre temas, estilos e características das obras, como o naturalismo em "O Cortiço" e a representação da sociedade patriarcal em "Bagagem".
3) As informações complementam com detalhes sobre
O romance As Naus, de Antonio Lobo Antunes, promove um diálogo entre o passado glorioso dos descobrimentos portugueses no século XVI e o período contemporâneo da descolonização em Angola no século XX, mesclando personagens históricas como Camões e Vasco da Gama com colonos portugueses retornando de Angola de forma desiludida. A obra critica a visão idealizada do passado épico português por meio dessa contaminação entre épocas distintas.
O documento resume:
1) O Humanismo em Portugal no século XV, marcado pela historiografia de Fernão Lopes, prosa didática e poesia palaciana.
2) As principais características da historiografia de Fernão Lopes, considerado o pai da história portuguesa.
3) Os tipos de produção literária do período, incluindo a prosa didática para educar a nobreza.
Este documento resume as principais características da obra épica Os Lusíadas de Luís de Camões. Aborda as fontes históricas e literárias que influenciaram a obra, sua estrutura interna dividida em cantos e estâncias, os planos temáticos e os episódios que compõem a narrativa, além de apresentar um breve quadro sobre a mitologia presente na obra.
O documento discute a literatura brasileira no século XVI, conhecida como Quinhentismo. Apresenta a Carta de Caminha como o marco inicial da literatura brasileira e descreve as primeiras manifestações literárias no Brasil, focadas na literatura informativa e na literatura dos jesuítas, com ênfase na obra de José de Anchieta.
O documento discute o novo romance histórico na América Latina, Angola e Portugal. Apresenta o surgimento do gênero com o livro O Reino Deste Mundo de Alejo Carpentier e como se espalhou para outros países, incluindo Angola. Também compara os romances Nzinga Mbandi de Manuel Pedro Pacavira e Memorial do Convento de José Saramago.
O fragmento descreve a criação da terra e da vegetação no terceiro dia da criação do mundo segundo o livro do Gênesis da Bíblia. As narrativas fundadoras da literatura, como o Gênesis bíblico, compartilham características formais e temáticas, como a descrição da criação do mundo em dias sucessivos.
O documento descreve o período Pré-Modernismo na literatura brasileira entre 1902-1922. Este período foi uma fase de transição entre os estilos literários anteriores como o Realismo e o Romantismo para a ruptura modernista. Os principais traços foram o nacionalismo temático, com obras descrevendo a realidade social e regional do Brasil, muitas vezes de forma crítica, e a inovação estilística rompendo com padrões literários anteriores.
Este documento fornece um resumo da obra épica "Os Lusíadas", de Luís de Camões. Apresenta o contexto histórico e literário da obra, seu projeto como uma epopeia nacional portuguesa, os temas dominantes, estrutura e planos narrativos. Discutem-se também os modelos clássicos que inspiram a obra e a linguagem e estilo de Camões.
Este documento fornece um resumo da obra épica "Os Lusíadas", de Luís de Camões. Discutem-se os seguintes pontos: o contexto histórico e literário da obra, o projeto da epopeia portuguesa, os temas dominantes, a estrutura da obra, os planos narrativos e a linguagem e estilo empregues. A obra glorifica os feitos dos portugueses nos Descobrimentos e usa a mitologia clássica para enaltecer o heroísmo dos navegadores.
Este documento fornece um resumo da obra épica "Os Lusíadas", de Luís de Camões. Discutem-se os seguintes pontos: o contexto histórico e literário da obra, o projeto da epopeia portuguesa, os temas dominantes, a estrutura da obra, os planos narrativos e a linguagem e estilo empregues. A obra glorifica os feitos dos portugueses nos Descobrimentos e estabelece Vasco da Gama como herói épico.
O Classicismo foi um movimento literário do século XVI que recuperou temas e formas da antiguidade greco-romana. Valorizou o homem como centro do universo e inspirou obras como "Os Lusíadas" de Camões. Luís Vaz de Camões foi o maior expoente do Classicismo português com sua epopeia nacional e poemas líricos que abordavam temas como o amor e a natureza.
O documento discute a organização da literatura brasileira em períodos literários e escolas, facilitando o estudo e ensino da disciplina. Apresenta os principais períodos da literatura colonial brasileira (Quinhentismo, Barroco, Arcadismo) e do século XIX (Romantismo, Realismo, Parnasianismo, Simbolismo), além de resumir brevemente as características de cada um.
O documento resume o Movimento Literário Humanismo em Portugal, destacando: 1) Sua origem no século XV e influência no desenvolvimento da literatura; 2) O papel fundamental de Fernão Lopes como primeiro cronista português e crítico da sociedade; 3) A contribuição de Gil Vicente para o teatro através do teatro vicentino.
O documento descreve a formação da literatura angolana entre 1851-1950. Resume três eventos literários importantes de 1901: 1) A publicação do primeiro órgão literário crioulo "Almanach Ensaios Literários", editado por Francisco Castelbranco; 2) A publicação do volume "Voz de Angola Clamando no Deserto", protesto coletivo da sociedade crioula contra um artigo europeu; 3) A chegada do missionário Manuel Alves da Cunha, que desempenharia um papel importante na Igreja Católica em Angola.
historia da litteratura Portuguesa - Teófilo Braga -Volume I Laurinda Ferreira
1) A História da Literatura Portuguesa só pode ser feita cientificamente através do método comparativo e colocando-a no contexto das literaturas românicas.
2) A literatura portuguesa, assim como as demais literaturas românicas, acompanhou a longa crise social e mental da Idade Média, em que o sentimento ficou sem disciplina, influenciada pelas literaturas estrangeiras.
3) A criação da História Literária como ciência é recente, surgindo apenas no século XIX, quando passou
Literaturas africanas de expressão portuguesaAna Eunice
O documento discute a literatura colonial portuguesa na África e sua diferença em relação às literaturas africanas. A literatura colonial centrava-se no homem europeu como herói e via o homem africano de forma paternalista ou como animal. Também aborda a guerra colonial e de libertação nacional, mostrando perspectivas diferentes nas literaturas portuguesa e africana.
O documento descreve o Trovadorismo, o primeiro movimento literário em língua portuguesa durante a Idade Média. As cantigas eram poesias cantadas que misturavam texto e música e tratavam principalmente de amor cavaleiresco. A cantiga mais antiga conhecida data de 1200 e expressa uma relação de vassalagem entre o eu lírico e sua amada.
O documento resume a obra épica "Os Lusíadas", de Luís de Camões. [1] É considerado o maior poema épico da língua portuguesa e narra as viagens marítimas portuguesas e a descoberta do mundo. [2] Além disso, exalta o heroísmo dos navegadores portugueses e mistura elementos históricos com mitológicos. [3] A obra apresenta diversos ideais renascentistas e contrapontos que refletem a habilidade literária de Camões.
O documento resume a história da literatura mundial desde a Grécia Antiga até os dias atuais, destacando os principais autores e movimentos literários de cada período, como a literatura clássica grega e romana, o humanismo renascentista, o romantismo e o realismo dos séculos XIX, e as vanguardas modernas do século XX.
O documento descreve o Movimento Literário Humanismo em Portugal, incluindo suas origens e características principais. O Humanismo surgiu no século XV e se estendeu até o XVI, substituindo a visão medieval pela autonomia da razão humana. Fernão Lopes foi um importante cronista do período, criticando a sociedade portuguesa em suas obras. Gil Vicente foi um pioneiro do teatro no Humanismo, satirizando costumes através de peças como "Auto da Barca do Inferno".
Movimento Literário Humanismo em Portugal 1º ano A 2013
11176 42038-1-pb
1. O desencanto histórico e religioso no romance As naus, de Antonio Lobo Antunes 1
Revista eletrônica de crítica e teoria de literaturas
Dossiê: o romance português e o mundo contemporâneo
PPG-LET-UFRGS – Porto Alegre – Vol. 05 N. 02 – jul/dez 2009
O desencanto histórico e religioso
no romance As naus, de Antonio
Lobo Antunes
Enéias Farias Tavares*
Resumo: No romance As naus (1988), António Lobo
Antunes reescreve a história de um grupo de homens
que saíram de sua terra como conquistadores e
catequizadores e que, no seu retorno, observaram uma
nação que desconhecem. Nesse artigo, trabalharemos
inicialmente a releitura histórica que Lobo Antunes
fez de algumas personalidades da história e da cultura
portuguesa. Posteriormente, planejamos centrar nossa
análise no nono capítulo do romance, no qual a
relação entre Francisco Xavier e Fernão Mendes Pino
é ilustrativa ao demonstrar o falso discurso
catequizador dos navegadores portugueses. Essa
análise visa uma leitura crítica de As naus, tentando
ver no romance uma nova construção imaginária do
discurso histórico sobre as conquistas portuguesas do
século XV e XVI.
Palavras-Chave: discurso histórico; releitura
contemporânea, António Lobo Antunes; As naus
Abstract: In the novel As Naus (1988), António Lobo
Antunes rewrites the story of a group of men who left
their land as conquerors and catechists and in their
return found a nation that they didn’t know. In this
paper, we will work initially with the historical
rereading that Lobo Antunes made of some
personalities of the Portuguese history and culture.
Later, we will focus our analysis on the ninth chapter
of the novel, in which the relationship between
Francis Xavier and Fernão Mendes Pino is illustrative,
showing the fake evangelistic speech of the
Portuguese navigators. This analysis aims at
presenting a critical reading of As naus, trying to
observe in the novel a new imaginary construction of
the historical discourse about the Portuguese
conquests of the fifteenth and sixteenth centuries.
Keywords: historical discourse; contemporary
rereading; António Lobo Antunes; As naus
Descobri o que os escritores sempre souberam, (e nos disseram muitas e muitas vezes): os
livros sempre falam sobre outros livros, e toda história conta uma história que já foi contada.
Umberto Eco, O Nome da Rosa
Como nunca logrou reconstituir a sua numerosa colecção de conchas de rio onde as
sereias cantavam baixinho saudades indistintas, substituiu-as por fotografias de
cavalheiros de patilhas e de damas de sobrolhos terríveis, compradas em feiras de
província no desejo de inventar para si mesmo o passado que perdera.
António Lobo Antunes, As naus
Em 1572, o português Luís de Camões terminou a escrita do épico Os Lusíadas, pelo
qual recebeu uma pensão de quinze mil reis anuais do rei Dom Sebastião. Essa bonificação foi
prova de que a obra, dedicada ao próprio rei, foi reconhecida em seu momento de criação por
ilustrar um período de Portugal cujas glórias, conquistas e vitórias ficariam, por meio do
discurso épico, gravadas no imaginário de toda nação. Ironicamente, o poeta morreu em
*
Formado em Letras e Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente,
doutorando pela mesma instituição e bolsista Capes.
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desgraça, sendo enrolado num lençol e sepultado em terreno não consagrado, sem os serviços
fúnebres católicos vigentes. A morte de Camões, fim pouco diferente de muitos de seus
contemporâneos, nobres ou não, ilustra que as glórias portuguesas cantadas nos Lusíadas
eram ilusórias, sobretudo para o poeta que as cantou.
Quatro séculos depois, outro português publica um romance que reinterpreta a
memória dos grandes portugueses do passado, fazendo ficcionalmente retornar à pátria nos
dias atuais. Falamos de As naus, de António Lobo Antunes. Nele, o narrador reconta a história
de um grupo de homens que saíram de sua terra como viajantes que objetivaram conquistas e
glórias para o povo português. Aventura e intento narrado no poema de Camões. Nesse
retorno hipotético, o narrador de Lobo Antunes apresenta um grupo de homens que
fracassaram em seu anterior objetivo e que, doentes, esgotados e mentalmente confusos,
voltam para uma pátria que desconhecem, uma nação que não mais se recorda deles enquanto
pretensos heróis e conquistadores.
Nesse artigo, trabalharemos inicialmente com a nova caracterização ficcional e
histórica que Lobo Antunes faz de algumas personalidades da história e da cultura portuguesa.
Posteriormente, centraremos nossa análise no nono capítulo do romance, no qual a relação
entre Francisco Xavier e Fernão Mendes Pino é ilustrativa ao demonstrar na
contemporaneidade das personagens o falso discurso catequizador dos navegadores
portugueses dos séculos dezesseis e dezessete. Essa análise visa uma leitura crítica de As
naus, tentando ver no romance uma nova construção imaginária do discurso histórico sobre as
conquistas portuguesas do século XV e XVI.
Em 25 de Abril de 1974, Portugal se liberta da ditadura do Estado Novo, que tinha na
figura de Antônio Oliveira Salazar seu principal líder. No poder, Salazar fez uso do poema de
Camões, Os Lusíadas, como suporte ideológico e demagógico com o objetivo de elevar o
sentimento de superioridade do povo português. Além disso, Salazar lia o poema como uma
comprovação de que pertencia ao homem português conquistar, dominar e explorar, como fez
a nação portuguesa nos séculos catorze e quinze. Adma Fadul Muhana, professora de
literatura portuguesa da USP, comentando a reviravolta que essa revolução causou, afirma:
Depois da Revolução dos Cravos, evidentemente, aboliu-se o conceito de raça como hipérbole
para o ‘ilustre peito lusitano’. À imagem do português colonizador sucedeu-se aquela do
português emigrante, espalhado pelas diversas comunidades no mundo, muito por conta do
fracasso das políticas sociais do Estado Novo. (...) O poeta Camões, de nauta e soldado na
Índia, conquistador a serviço da pátria, converte-se, então, em símbolo do português
desterrado, expatriado, emigrado, em suma. (2006, p. 73)
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O desencanto histórico e religioso no romance As naus, de Antonio Lobo Antunes 3
É exatamente nessa releitura da obra do poeta português, como também de todos os
ideais sociais e políticos lusitanos, que se encontra a obra de António Lobo Antunes.
Pertencente a uma geração de romancistas pós Revolução dos Cravos, Antunes marca suas
narrativas com uma temática desmistificadora que relê o passado de forma irônica. No caso de
As naus, o fio condutor do romance é o retorno dos grandes navegadores, cronistas e
catequizadores do passado. Vindos da antiga colônia em África, especialmente de uma
Angola agora independente, as personagens do romance reentram no mundo moderno e num
estranho território português com estranheza similar ao que encontraram ao adentrar terras
desconhecidas. Fazendo menção aos conflitos libertadores coloniais e à crise durante a
revolução que pôs fim ao período ditatorial português, Antunes aborda o re-patriamento da
sua terra por parte daqueles que um dia a deixaram para conquistar terras longínquas.
Tal visão, longe de ser uniforme, como no discurso épico camoniano, por exemplo,
apresenta grande número de experimentação narrativa e temporal. No caso dessa última,
experimentação totalmente anacrônica, pelo modo como o narrador e Lobo Antunes apresenta
uma completa fusão entre o tempo presente de sua narrativa e o passado histórico de suas
personagens. Nesse sentido, se Lobo Antunes constrói em seu romance múltiplos discursos
criados a partir de múltiplos pontos de vista, vejamos como as idéias de Gérard Genette, em
Discurso da Narrativa, pode ajudar a estudá-los.
Primeiramente, Genette define por anacronia, dentro do discurso literário, as
“diferentes formas de discordância entre a ordem da história e a da narrativa” (1995, p. 35).
Embora as reflexões de Genette estejam centrados na forma literária de Marcel Proust, usando
o termo história como sinônimo de trama ou fábula, identificamos em seu conceito o
desregramento entre o tempo da enunciação e o tempo ao qual se faz referência. Genette
exemplifica isso mencionando que Proust levou mais de dez anos para escrever seu livro
enquanto que boa parte da trama se passa em poucos dias. Nesse sentido, essa anacronia
romanesca diz respeito a um tempo organizado, não do ponto de vista histórico temporal do
autor, e sim do ponto de vista ficcional do narrador. No caso de Antunes, todos os seus
narradores são senhores de seus respectivos tempos de enunciação e de referenciação. Meses,
anos, décadas – séculos do ponto de vista do discurso histórico – são rapidamente perpassados
pelos relatos das vivências e impressões das personagens. Para o autor, em sua noção de
anacronia textual, que pode ser associada à técnica narrativa escolhida por Lobo Antunes,
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Tudo se passa, com efeito, como se a narrativa, apanhada entre aquilo que conta (a história) e o
que a conta (a narração, guiada aqui pela memória), não tivesse escolha senão entre a
dominação da primeira (é a narrativa clássica) e a segunda (é a narrativa moderna, que com
Proust se inaugura). (1995, p. 154)
A preocupação de Genette em diferenciar narrativa clássica e moderna diz respeito à
diferença entre o aspecto temporal nos épicos homéricos e no discurso proustiano. No
primeiro teríamos marcações temporais bem definidas. Sabe-se que a guerra de Tróia dura dez
anos e que dez anos é o tempo que Ulisses leva para retornar à Ítaca. Não que não se possa ter
essa mesma medida no romance de Proust, mas nele o narrador é guiado pela subjetividade
memorial que foge da exatidão temporal exatamente por narrar as intermináveis variações
existenciais do personagem. É um tempo mais psicológico do que cronológico, como se
compreende a noção de tempo no épico de Homérico.
Em As naus, tais impressões existenciais são de ordem mnemônica. Evidência disso é
que nenhuma das personagens define objetivamente a passagem do tempo. O discurso
histórico – pertencente tanto ao período de expansão português do século XVI quanto aos
acontecimentos políticos do século XX, como a Revolta dos Cravos – se mescla ao discurso
subjetivo dos personagens. Estes, ao ignorarem quatro séculos de transformações sociais e
políticas, reforçam unicamente suas impressões memorialistas sobre o deixar a pátria e o
voltar a ela. Séculos viram anos na narrativa múltipla do narrador múltiplo e temporalmente
cambiante de Antunes.
Tendo em vista essa variação de vozes narrativas presentes no romance, o que se nota
é uma dificuldade em se conceituar ou definir um determinado tipo de narrador. Genette
continua problematizando o estudo da narrativa literária ao comentar o papel do próprio
narrador, no quinto capítulo de Discurso da Narrativa. Genette menciona que o papel do
narrador pode ser apreendido por se estudar a relação desse narrador com a diegese – conjunto
de ações que organizam e constituem uma narrativa do ponto de vista cronológico.
A partir dessa relação, Genette formula a possibilidade de encontrarmos três diferentes
narradores: o narrador autodiegético, que corresponderia à ideia que temos de narrador
personagem protagonista, escrito em primeira pessoa; o do narrador homodiegético, sendo o
que narra o que testemunhou, não protagonizando as principais ações do romance; e o
narrador heterodiegético, que corresponderia a um narrador onisciente que narra de fora da
história (1995, p. 245-249). Qual deles é usado por Lobo Antunes em As naus? Num romance
tradicional, esperar-se-ia que o autor escolhe-se um deles para construir sua narrativa. Em
Antunes, o autor, ao construir seu narrador romanesco, faz uso de todos eles.
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O desencanto histórico e religioso no romance As naus, de Antonio Lobo Antunes 5
O autor de As naus apresenta seus narradores como um interminável jogo discursivo
no qual vozes em primeira e terceira pessoa, ações vividas ou meramente testemunhadas e
relatos do passado e do presente, se misturam ao passo que as diferentes personagens vão se
[des]encontrando no decorrer da narrativa. Essa dificuldade em conceituar o narrador de Lobo
Antunes apresenta ao leitor inicialmente um desafio interpretativo. Porém, tal dificuldade
resulta numa leitura sempre rica desses múltiplos narradores. Romance alheio às rotulações de
ordem conceitual, As naus apresenta uma problematização na construção de suas personagens,
construídos pelo narrador múltiplo de Antunes com incrível riqueza estilística, narrativa e
histórica.
Tendo isso em mente, conclui-se que o autor de As naus não está interessado em
expressar um único ponto de vista em sua história, algo que podemos perceber quando lemos
um romance cujo narrador é onisciente, personagem ou testemunha, ou, nos termos de
Genette, heterodiegetico, auodiegético ou homodiegético. Longe dessas possibilidades
romanescas, em As naus o que testemunhamos são as vozes envolvidas no processo histórico
de conquista, exploração e catequização, ações infligidas pelos próprios colonizadores
portugueses. Embora as vozes dos conquistados, explorados ou catequizados se façam
perceber em alguns momentos do texto, é no discurso desiludido dos grandes homens do
sonho português que Lobo Antunes decide concentrar seu foco narrativo. Dessa coleção de
personagens, concentraremos nosso comentário na recriação ficcional proposto em As naus.
Pedro Álvares Cabral, descobridor da maior colônia portuguesa, Brasil, reaparece
casado com uma mulata e com um filho. Vai morar no Residencial Apóstolo das Índias,
dirigido por Francisco Xavier, que acaba lhe prostituindo a esposa. Também envolvido na
exploração de mulheres africanas e até portuguesas estão Manuel de Sousa Sepúlveda e
Fernão Mendes Pinto. O primeiro, nobre português morto em naufrágio, o segundo, grande
cronista do período de expansão mercantil lusitano. Cabral vai à Paris, aconselhado por seu
amigo, Diogo Cão, outrora grande navegador, agora um velho senil que contempla o mar em
busca das lembranças de velhas aventuras.
O rei Dom Manuel é retratado como um infeliz qualquer que vê em sua coroa e cetro
de latão marcas do passado idealizado em seu antigo império. Quando o rei encontra seu
grande navegador, Vasco da Gama, agora um jogador compulsivo de cartas, o narrador
descreve o encontro sob as vaias e troças dos que estão perto nos seguintes termos:
O rei e o navegador, alheios ao cortejo de desocupados que os troçava, rindo-se do cetro e da
coroa de lata, caminharam ao comprido do Tejo no sentido de Cabo Ruibo e do hidroavião
roubado às ondas e mantido no seu promontório de calcário com pedaços de pano traçado pelos
pássaros e as múmias dos passageiros atrás dos caixilhos das vigias. Sentiram-se finalmente
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iguais, na sua decrepitude e no seu cansaço, ao cabo de tantas separações, equívocos, amuos e
intrigas de escudeiros. (ANTUNES, 1988, p. 119-120)
Rei e súdito, em igual situação: menosprezados, ultrajados, ridicularizados. Em As
naus, as personagens Manuel e Gama, ambos cansados e decrépitos, caminham deixando as
vozes para trás. Deixam também as lembranças varonis no distante reino de suas mentes cujas
ilusões e esperanças já inexistem. Sendo possível visualizar no rei e no navegador de Antunes
um símbolo do que resta da antiga Portugal, podemos notar no relato ficcional de seu maior
poeta a profundidade do desencanto, perceptível igualmente nos narradores de Lobo Antunes.
Considerado o maior poeta português e um autor ao lado de Homero, Virgílio e Dante
pelo gênero épico que o consagrou, Luís de Camões surge em As naus cego de um olho,
sozinho e na miséria, tendo por única preocupação ter de enterrar o pai. Nessa recriação
romanesca do poeta épico, tratar-se-ia apenas de uma revisão crítica do narrador de As naus
do discurso histórico? Ou estaria ele reescrevendo a própria história portuguesa, ironizando-a,
parodiando-a, carnavalizando-a? Por mais que tais leituras sejam possíveis, o mais
surpreendente no romance é o modo essa releitura, embora crítica e ficcional, aproxima-se
também do discurso tradicional histórico dedicado a essas personagens.
Num romance construído por irônicas releituras de personagens históricas, é curioso
que a descrição que o narrador de Antunes faz de Camões é muito próxima da própria
realidade vivida pelo poeta. Camões perdeu o olho direito ao enfrentar os mouros no estreito
de Gibaltar em 1549 a serviço do rei D. João III. Mesmo tendo alcançado reconhecimento e
certa notoriedade em vida, morreu pedindo ajuda aos amigos mais próximos. De seu
nascimento e morte, não se tem data certa, embora se saiba que o túmulo no Mosteiro dos
Jerônimos seja apenas homenagem póstuma. Camões foi enterrado numa vala comum, junto
com outras vítimas da peste, perto do vilarejo de Santa Ana. Após tais dados, a idéia de que o
romance de Antunes seja apenas uma desmistificação do passado perde sua base.
Parece-nos que antes de falar do presente degradado e depreciativo da Lisboa
portuguesa de seu tempo, Antunes reflete em primeira instância sobre uma época que
prometeu muito e que cumpriu pouco em todos os sentidos. Embora trabalhada pelo autor, tal
temática não é nova, já sendo possível perceber esse desencanto ainda na obra de Camões.
Sobre seus escritos, Saraiva e Lopes afirmam que para “Camões o problema central não é o de
injustiças sociais (...), mas o da não correspondência entre os anseios, os valores, as razões e a
realidade da vida social e material” (1996, p. 323). Quando escrevem sobre a composição de
Os Lusíadas, os autores mencionam que tal dicotomia entre idealização da mãe pátria e de sua
não tão ideal realidade já é evidente quando Camões escreve sua obra. O épico camoniano
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O desencanto histórico e religioso no romance As naus, de Antonio Lobo Antunes 7
canta uma navegação gloriosa e vitoriosa que não se faz sentir de forma tão profunda e
coletiva em Portugal. Contrariamente, as poucas riquezas resultantes – se comparadas com os
gastos exorbitantes exigidos por elas – apenas sustentavam a família imperial e seu séquito. O
povo em si, os idealizadores de uma ilustre nação portuguesa sendo Camões um deles,
amargavam os resultados de uma realeza frágil e de um pseudo-império em franca expansão,
porém de fraca dominação. Do ponto de vista religioso, político e social, Portugal foi uma
falsa promessa para todos os seus súditos do século XVI, culminando com a fuga da família
real para o Brasil dois séculos mais tarde e entregando a terra lusitana na mão do então novo
império francês de Napoleão.
Em ensaio publicado na internet, Alvez faz um curioso comentário sobre a grafia de
algumas palavras do romance. Escreve:
Significativa é ainda a recorrência de determinados termos, como Lixboa e Reyno, na grafia
quinhentista, estendendo, ao plano lingüístico, a denúncia de uma atitude passadista na
mentalidade portuguesa. De um lado, representantes de um modelo ideológico do passado, e
uma grafia arcaica; de outro, o Presente que irrompe, nas referências à Revolução dos Cravos
ou à perda das colônias africanas, tempo marcado pela decadência dos sonhos e mitos. (2009,
digital)
A impressão que temos é que a cronologia temporal, coerente e progressiva na maioria
dos romances, se esvai no texto de caráter narrativo múltiplo de As naus. Nele, passado e
presente se mesclam não apenas na grafia de algumas palavras, mas também nas formulações
e nas imagens a eles referido. Como exemplo, temos a descrição do antigo continente
africano, que ainda guarda caracteres de selvageria e mistério, como os relatos dos
descobridores dos séculos quinze e dezesseis. Por outro lado, na descrição multi-focal e multi-
temporal do narrador de Antunes, África é igualmente um continente com traços modernos,
revolucionários e industriais. Sobre isso, Saraiva e Lopes afirmam que o romance de Antunes
é o “cruzamento parodisticamente anacrônico de figuras da Expansão e de retornados da
descolonização” (1996, p. 1110).
Ao final da narrativa, percebemos como esse passado anterior, utópico e idealizado,
tanto do desbravador quanto do colonizado, é exorcizado no cenário do manicômio, espaço
que acolhe todas as personagens do romance. Como o nosso Policarpo Quaresma, figura que
poderia estar ao lado das personagens de Antunes em As naus, Camões, Xavier e Gama, entre
outros tantas, encontram na clínica psiquiátrica um lar no qual possam analisar – e igualmente
reviver – suas ilusões e decepções. Não há mais lugar para eles na terra lusitana. Agora sua
casa é a memória dos sonhos, lar também dos grandes e antigos sonhos com a pátria gloriosa.
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No nono capítulo do romance As naus, encontramos um curioso discurso no qual essa
reconfiguração de elementos históricos fica evidente, capítulo no qual centraremos nossa
análise a partir de agora. Tendo por narrador Francisco Xavier, padre catequizador das Índias
dominadas por Portugal, perceber-se-á o modo como o discurso colonizador dos
descobridores transforma-se em desilusão e decepção na narrativa pós revolucionaria de
Antunes. Sobre a obra apostólica de Francisco Xavir, Cidade afirma:
Muitos outros poderíamos ter citado, visto que, acompanhando o autor em espírito, o
apostolado, no Oriente, de São Francisco Xavier, não há aspecto de vida oriental que não tenha
ensejo de tratar, porque é vasta e multiforme a actividade do missionário – (...) Não importa: a
toda a parte o leva o seu fervor apostólico. (1963, p. 229)
A descrição que Cidade faz de Xavier concentra-se em sua postura missionária, em
seu rigor de caráter de fé que o impulsionou a lugares desconhecidos com o intuito de salvar
almas e em sua completa abnegação ao privilegiar a sorte do outro em detrimento da sua.
Reconstrução irônica e farsesca do santo é a caracterização que Antunes faz de seu Francisco
Xavier. Percebendo esse nítido contraste entre o santo catequizador e a personagem de As
naus fica a pergunta: haveria então alguma similaridade entre a personagem histórica e a
fictícia? O narrador de Antunes aproxima-os no discurso carregado de forte sentido religioso.
Se no primeiro temos um discurso coerente com a fé católica, no segundo percebemos uma
completa confiança e certeza de que o divino está ao seu lado. Se o primeiro escrevia para
catequizados, ou para pessoas a serem catequizadas, o segundo também assume tal referência
discursiva. Ao ler o nono capítulo, o leitor do romance é nomeado pelo narrador,
supostamente a versão romanesca de Francisco Xavier, por “ó servos do senhor”, “caríssimos
irmãos” e “ó povo de Deus”, não apenas aproximando o leitor atual do texto romanesco,
como também o colocando no lugar dos anteriores povos colonizados.
Todavia, o discurso de Xavier não é apenas direcionado para cristãos tementes a Deus
como ele. Antes, é também prova de que toda a narrativa é permeada por uma confiança
irresoluta na divindade, ou senão, na instituição religiosa que julga representa-La na terra.
Deus sabe que eu não queria. Deus conhece o intimo da minha carne, a razão dos meus
pecados e o labirinto das minhas intenções. Deus acompanhava-me desde a Índia, onde o meu
pai, de biavaque, trabalhava de estafeta na alfândega do porto... (ANTUNES, 1988, p. 99)
... de que Deus há muito me designara seu eleito, os quais descendentes dormiam com a minha
doce e compreensiva mãe sob o aqueduto de D. João V que trazia a água a Lixboa, eternamente
constipados pelos pingos que se soltavam da pedra para lhes deslizarem com perfídia ao longo
do rego franzido da nuca. (ANTUNES, 1988, p. 104)
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O desencanto histórico e religioso no romance As naus, de Antonio Lobo Antunes 9
Se fossem necessárias provas, a certeza acabada de que Deus está comigo é que mandei
segunda-feira, embelezadas de lantejoulas e de sailes, trinta e oito africanas para as discotecas
da Avenida Almirante Reis... (ANTUNES, 1988, p. 106)
Como o Deus anterior das cruzadas medievais e também das grandes navegações, esse
é o Deus responsável pela proteção e pela vitória dos fieis defensores da fé católica. A ironia é
bastante contundente. Na primeira citação, a personagem Francisco Xavier é consciente de
que sua divindade o acompanha desde a tenra infância, conhecendo o seu íntimo, lendo suas
intenções e estando junto dele por onde for. No segundo excerto, Deus não apenas o
acompanha como também o elege qual escolhido. A confiança de que seu percurso de vida
tem a proteção e a destinação divina é o motivo de Xavier acreditar que até mesmo seus mais
baixos atos – como o cumprimento da exigência de Fernão Mendes Pinto de conseguir pelo
menos vinte e cinco mulheres para a prostituição no Residencial Apóstolo das Índias descrito
na terceira citação – tem a aprovação do Criador.
Voltando a Moçambique para reaver a esposa – que havia trocado por uma passagem
de retorno a Lisboa – Xavier encontra “um rei mago transviado no seu camelo e que buscava
em vão, no céu de cintilações incontáveis, a estrela de Belém, com baús dados à costa, cheia
de bolinhas de naftalina e sobretudos...” (ANTUNES, 1988, p. 108). A presença desse rei
mago é importante, pois demonstra que, no decorrer do romance, não apenas o rei mago está a
procura de uma resposta ou de uma presença divina nos céus. Todos estão. Ainda no mesmo
capítulo, após a contratação das trinta e oito prostitutas, Xavier persiste em glorificar a Deus
pelas bênçãos de seu bem sucedido negócio. “Em pouco tempo, e graças à benção do Pai, um
desmesurado rebanho de convertidas à Fé ocupava os bairros de Lixboa até às docas de
Alcântara onde o ar era de celofane em julho(...).” (Ibidem, p. 106)
Sobre o caráter catequizador descrito ironicamente no romance, Rodrigues comenta
que do romance
destaca-se, claramente, o caráter absolutamente profanador, a severa denúncia de toda a
hipocrisia de grande parte do discurso catequizador da Igreja. Em nome dos mais santos
princípios, essa instituição permitiu a escravização e mesmo a prostituição "espiritual" de
muitos de seus súditos brancos e civilizados em nome da conquista, do lucro e do poder. Isso
sem se levar em conta a própria situação de exploração das mulheres, tanto patrícias quanto
nativas nesse processo de ambição colonialista. Além disso, é bastante elementar o que daí se
pode concluir como crítica do posicionamento da Igreja frente à própria guerra colonial. (2005,
digital)
Embora acreditemos que o discurso de Antunes seja profanador apenas se relacionado
com o discurso ideológico religioso, concordamos com Rodrigues ao mencionar que ao lado
do discurso histórico o romance As naus representa uma exemplificação de todos os aspectos
10. Nau Literária
10 Enéias Farias Tavares
irracionais e bárbaros dos quais fizeram uso os colonos portugueses. É notável o contraste
quando emparelhamos a narrativa de Antunes com os discursos catequizadores e
conquistadores do século XV e XVI. Percebendo a ironia entre a realidade do que aconteceu,
realidade demonstrada no romance em forma de paródia, e a realidade vivenciada pelos povos
conquistados, Hernani Cidade escreve que “Quando os nautas do Gama desembarcaram em
Calecut, foi um deles interrogado sobre os motivos da viagem, e consta que respondeu:
“Vimos buscar cristãos e especiaria”. (1963, p. 19) Percebemos pela ordem das palavras de
Gama que o bem material é objeto secundário diante do objetivo maior de sua navegação:
salvar almas, converter gentios, levar ao arrependimento de pecados e a fé irresoluta em
Cristo. Cidade continua:
Dava o marinheiro, na singeleza da resposta, a completa finalidade dos objetivos: a mistura,
bem humana, da ganância comercial com o proselitismo religioso. (...) Poderíamos traduzi-la (a
frase de Gama) aproximadamente: Vimos combater o Maometano e procurar para a nossa terra
base territorial que lhe garanta a autonomia política, e recursos e víveres que lhe permitam a
independência econômicas. (ibidem)
Apreendemos das palavras acima que o discurso catequizador não fazia parte dos
critérios adotados por Portugal na corrida imperialista do século XIX. Segundo Burns, essa
dominação – em concorrência com França, Alemanha e Inglaterra – por parte de Portugal “era
acompanhada pela exploração dos trabalhadores nativos. Os acordos feitos com os chefes
locais, adulados pelos europeus, autorizavam o emprego de homens e mulheres em condições
pouco melhores que a escravidão” (1986, p. 617). No entanto, Lobo Antunes apresenta em
seu romance, logicamente de forma irônica, aspectos discursivos que recriam aspectos
textuais das grandes navegações, como a promessa da salvação de almas não cristãs. Além do
ouro, do trabalho escravo e da prostituição, os grandes também desejavam almas.
Como visto, o romance de Lobo Antunes é uma reescrita de um passado glorioso e
decadente. Sobre os personagens Cabral, Sepúlveda, Diogo Cão, Vasco da Gama e Camões,
os sentimentos que dominam tais personagens são a decepção e o abandono. É uma coleção
de personagens desiludida e alquebrada, afligida por uma terra num determinado sentido igual
à outra que deixaram, porém destituída de promessas, ideais e ensejos de um futuro vitorioso.
Abandonados por um rei desaparecido, por uma terra que não mais os recebe e por familiares
e amigos inexistentes, o que lhes resta é um hospital de tuberculosos, mais tarde uma casa de
repouso para loucos. Mas que tipo de loucura aflige seus pacientes, antigos heróis da história
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O desencanto histórico e religioso no romance As naus, de Antonio Lobo Antunes 11
e criadores da tradição literária portuguesa? A loucura utópica de acreditar numa união
coletiva em busca de um bem maior: o bem na nação portuguesa.
Concluindo, tentamos organizar nesse artigo uma série de dados e informações que
objetivaram apresentar novos pontos interpretativos para o romance As naus. Temos, na
readaptação das personagens históricas do romance, uma possibilidade de rever o passado de
suas ações como também o presente da produção de Antunes. Num segundo instante,
intentamos aprofundar alguns aspectos da personagem e do narrador de Antonio Xavier, num
capítulo em que se evidencia uma crítica contundente ao pensamento católico, pretensamente
humanitário, que justificava a escravidão e a exploração de povos mais fracos. Pensamento
baseado na crença cristã cuja igualdade e fraternidade apenas pareciam ser preponderantes.
Apenas uma, das muitas desilusões dos navegadores, padres e exploradores que retornaram à
antiga nação lusitana no romance de Lobo Antunes.
Referências
ALVES, Tatiana. Agosto de 2006. As naus: as amargas impressões da viagem de volta.
Endereço: http://www.desfolhar.com/ensaios.html. Acesso em: julho de 2009.
ANTUNES, António Lobo. As naus. Lisboa: Edições Dom Quixote, 1988.
BURNS, Edward McNall. LERNER, Robert E. MEACHAN, Standish. História da
Civilização Ocidental volume 1. Porto Alegre: Globo, 1986
CIDADE, Hemani. A Literatura Portuguesa e a Expansão Ultramarina. Coimbra: Armênio
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MUHANA, Adna Fadul. Passado restaurado. In: Entre Clássicos volume 04, Luís de
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RODRIGUES, Inara de Oliveira. Julho de 2005. As naus, de António Lobo Antunes, e o
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http://coralx.ufsm.br/grpesqla/revista/num4/ass01/pag01.html. Acesso em dezembro de
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