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Os 2.300 dias proféticos de Daniel 8:14
Existe base bíblica para a interpretação das 2.300 “tardes e manhãs” (Dn 8:14) como 2.300
anos?


Por Alberto R. Timm

Estudos históricos bem abalizados demonstram que, até meados do século 19, a grande maioria dos
comentaristas bíblicos protestantes interpretava as 2.300 “tardes e manhãs” como 2.300 anos (veja os citados por
LeRoy E. Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers, pp. 204-268; ou Alberto
R. Timm, O Santuário e as Três Mensagens Angélicas [Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Universitária Adventista,
2000], pp. 21-25). Essa mesma interpretação continuou sendo aceita nos círculos protestantes pelo menos até o
final do século 19.

Existem várias razões que nos levam a aplicar o princípio “dia-ano” de interpretação profética às
2.300 tardes e manhãs. Uma delas é o relacionamento entre as 2.300 tardes e manhãs e as 70 semanas de Daniel
9:24-27. A visão sobre as 70 semanas foi dada a Daniel como explicação adicional à visão das 2.300 tardes e
manhãs (ver Dn 8:14, 26 e 27; 9:20-27). Nessa explicação, o único ponto de partida mencionado, que deve ser
comum a ambos os períodos proféticos, é a expressão “desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém” (Dn 9:25). Essa ordem entrou em vigor em 457 a.C. (ver Ed 7:13). E não há como fazer com que as 70
semanas se estendam “até ao Ungido, ao Príncipe” (Dn 7:25), entre 27 e 34 d.C., sem que este período seja
considerado como 70 semanas de anos, ou seja 490 anos. Agora, se aplicamos o princípio dia-ano às 70
semanas, como grande parte dos comentaristas o fazem, também devemos aplicá-lo as
2.300 tardes e manhãs.

Outra razão é o próprio contexto histórico. A visão das 2.300 tardes e manhãs foi dada “no terceiro ano do reinado
do rei Belsazar” (Dn 8:1), rei de Babilônia. O cumprimento deveria ocorrer, segundo a própria visão, em “dias ainda
mui distantes” (Dn 8:26), estendendo-se “desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém” (Dn
9:25), ou seja de 457 a.C., até o “tempo do fim”, o “último tempo da ira” e o “tempo determinado do fim” (Dn 8:17 e
19). Se interpretarmos as 2.300 tardes e manhãs como 1.150 dias literais (3 anos e meio) ou mesmo como 2.300
dias literais (7 anos), esse período não chegaria ao final do domínio persa, e muito menos ao tempo do fim.

Uma terceira razão é o princípio da “simbolização em miniatura”, assim denominado em 1843 por George Bush,
professor de Hebraico e Literatura Oriental da New York City University. De acordo com esse princípio, sempre que
a entidade envolvida em uma profecia bíblica aparece simbolicamente miniaturizada, o tempo profético envolvido
foi igualmente miniaturizado, e deve ser interpretado com base no princípio dia-ano. Por exemplo, em Números 14,
assim como os doze espias simbolizavam doze tribos, os 40 dias representavam 40 anos (verso 34). De modo
semelhante, em Daniel 8, assim como o carneiro e o bode simbolizam dois reinos (Medo-Pérsia e Grécia), as 2.300
tardes e manhãs representam 2.300 anos.

Portanto, devemos interpretar as 2.300 tardes e manhãs como 2.300 anos.

Fonte: Sinais dos Tempos, setembro/outubro de 2000. p. 21 (usado com permissão)

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