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          ESTUDO DE IMPACTO FARMACOECONÔMICO SOBRE OS
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                            GIAMBERARDINO, Heloisa Ihle Garcia

Instituição: Hospital Pequeno Príncipe

RESUMO

No serviço hospitalar pediátrico o uso de medicamentos de alto custo, amplo
espectro e/ou off label é uma necessidade cada vez mais presente. Isso pode
incorrer em vultosos gastos com medicamentos, aumento do perfil de
resistência bacteriana e de riscos de eventos adversos a medicamentos,
levando a internamentos mais prolongados e dispendiosos. A Farmácia Clínica
é um serviço com impacto significativo sobre a qualidade da farmacoterapia
dos pacientes hospitalizados e os custos com medicamentos. OBJETIVO:
quantificar economicamente as intervenções sobre o uso de antimicrobianos,
realizada pelo farmacêutico clínico e Serviço de Controle de Infecção
Hospitalar (SCIH). METODOLOGIA: estudo quali-quantitativo descritivo
prospectivo, baseado em análise documental, realizado no período de 14
meses (julho/08 a setembro/09). Foi utilizado um formulário de pesquisa para
registro dos indicadores farmacoeconômicos. RESULTADOS: a partir das
solicitações de medicamentos pelos prescritores, a indicação e o tempo de uso
dos antimicrobianos foram analisados pelo farmacêutico clínico e o SCIH.
Quando necessário, foi proposta uma sugestão/intervenção, entre elas:
redução ou ajuste de dose do medicamento; mudança de esquema terapêutico
ou forma farmacêutica; suspensão de medicamento sem efetividade. Estas
intervenções foram quantificadas a partir da avaliação apenas dos custos
diretos, ou seja, calculou-se o valor de custo do medicamento comprado pelo
hospital, multiplicado pelo número de dias ou número de frascos que foram
reduzidos após a intervenção. Foram realizadas 23 intervenções
farmacoeconômicas, as quais totalizaram uma economia de R$ 121.864,19
para o hospital. Deste total, R$ 105.987,68 (87,8%) correspondeu à redução de
custos com antimicrobianos. CONCLUSÃO: A classe farmacológica com maior
impacto farmacoeconômico de redução de custos foi o antimicrobiano. Os
resultados obtidos foram devido à presença do farmacêutico clínico nas
unidades de internação hospitalar, articulando-se com os serviços, equipes e,
principalmente, com o SCIH na promoção do uso racional do antimicrobiano.

Palavras-chaves: farmacoeconomia, farmácia clínica, antimicrobianos.

Declaração de conflito de interesses: Declaro não ter conflitos de interesses
com empresas e laboratórios farmacêuticos, financiadores ou patrocinadores.

1
 Farmacêutica, Responsável pelo Serviço de Farmácia Clínica
2
 Médico, Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH)
3
 Enfermeira, Gerente de Risco e SCIH
2
 Médica, Coordenadora do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar
2


INTRODUÇÃO



      A Farmácia Clínica (FC) é uma atividade com impacto significativo sobre
a qualidade da farmacoterapia dos pacientes hospitalizados e os custos com
medicamentos.
      Na FC hospitalar, o farmacêutico avança além das habilidades técnicas
de preparo e dispensação de medicamentos, e passa a relacionar-se de forma
direta e ativa com o paciente e os demais profissionais de saúde, assumindo
uma postura clínico-assistencial, do ponto de vista medicamentoso (WITZEL,
2008; HEPLER; STRAND, 1990).
      No Brasil esta prática, realizada pelo farmacêutico clínico, está se
estabelecendo aos poucos. A experiência que trazemos é de um hospital
pediátrico de referência, considerado um serviço de alta complexidade,
localizado em Curitiba/PR. Possui 390 leitos e atende aproximadamente 70%
dos pacientes do Sistema Único de Saúde e 30% pacientes de convênios.
      A política de qualidade deste hospital entende que, de acordo com a
Política Nacional de Medicamentos, se faz necessário assegurar o acesso da
população a medicamentos seguros, eficazes e de qualidade, ao menor custo
possível (BRASIL, 2001).
      Devido a isto, foi implantado neste hospital, em 2007, o serviço de
Farmácia Clínica, que conta com um farmacêutico clínico exclusivo destinado a
cumprir os seguintes objetivos: a) disponibilizar informações técnicas sobre o
uso adequado do medicamento, assessorando a tomada de decisão clínica; b)
reduzir custos com a farmacoterapia, a partir de estudos farmacoeconômicos;
c) atuar de forma preventiva e resolutiva nos eventos adversos a medicamento,
principalmente reações adversas; d) integrar o farmacêutico à equipe de saúde.
      Em uma atenção à saúde de alta complexidade como é um hospital,
associado à especificidade da pediatria, o uso de medicamentos de alto custo,
amplo espectro e/ou off label é uma necessidade cada vez mais atual. E isso
pode incorrer em conseqüências para o paciente e a instituição, como vultosos
gastos com medicamentos, aumento do perfil de resistência bacteriana,
aumento dos riscos de eventos adversos a medicamentos e, por conseguinte,
internamentos mais prolongados e dispendiosos.
3


       Os gastos com medicamentos em relação ao orçamento do Ministério da
Saúde vêm aumentando gradualmente a cada ano.
       No cenário hospitalar, citando o hospital em estudo como exemplo,
45,7% dos itens da curva ABC de consumo são medicamentos. Desse total,
quase um quarto correspondem aos antimicrobianos, representando 17,4% dos
custos totais com medicamentos (SFH, 2009).
       Atualmente, o campo de conhecimento da Economia da Saúde vem se
estabelecendo para trabalhar melhor os dados financeiros e estatísticos
relacionados a medicamentos (RASCATI, 2010).
       Neste contexto hospitalar, o estudo traz uma análise quantitativa do
desempenho articulado e estratégico do Serviço de Farmácia Clínica, com
potencial de impacto na saúde tanto do ponto vista clínico quanto financeiro.



OBJETIVOS



   •   Quantificar o impacto financeiro das intervenções do farmacêutico clínico
       em conjunto com o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH).
   •   Quantificar econonomicamente as intervenções sobre o uso de
       antimicrobianos.
   •   Demonstrar que o Serviço de Farmácia Clínica reduz custos com a
       farmacoterapia.



METODOLOGIA



       Este estudo baseou-se na metodologia quali-quantitativa de pesquisa
descritiva prospectiva, baseada em análise documental. Os dados obtidos
compreenderam o período de julho de 2008 a setembro de 2009 e referem-se a
uma amostra de 23 intervenções realizadas.
       Esta amostra foi selecionada a partir de pacientes que foram
acompanhados pelo serviço de Farmácia Clínica, onde se observou que as
sugestões/intervenções realizadas pelo farmacêutico clínico geraram redução
4


de gastos com medicamentos, recebendo, portanto, a classificação de
intervenção farmacoeconômica.
      Estas sugestões/intervenções se iniciaram a partir da análise da ficha de
controle de uso de antimicrobianos, da ficha de solicitação de medicamento
não padronizado ou da prescrição médica.
      A partir destes documentos, quando observado alguma inconsistência
do ponto de vista da indicação, efetividade e segurança do medicamento, eram
sugeridas propostas de intervenção, sejam dirigidas ao prescritor ou junto ao
SCIH, sempre com prévia discussão entre os profissionais envolvidos e com o
aceite destes.
      Quando se tratava de antimicrobianos, especialmente de alto custo e
amplo espectro, era realizada uma discussão prévia do caso com o SCIH, para
fundamentar e assessorar os aspectos técnicos e epidemiológicos. Quando se
tratava de outros fármacos, o farmacêutico clínico apoiava-se no seu
conhecimento técnico sobre medicamento, analisando-os sob um enfoque
clínico, para posterior discussão com equipe médica.
      Para a quantificação de dados foi utilizado um instrumento de pesquisa
(anexo 1) para registro padronizado das informações. Neste instrumento
constam os seguintes dados: data da aboradegem/intervenção, iniciais do
paciente, medicamento prescrito, dose prescrita/tempo de uso, quantidade
necessária (nº de frascos), justificativa médica de solicitação do medicamento,
descrição   da   proposta   de   intervenção,   redução    (medicamento    em
dias/unidades), redução de gastos com medicamento (em valor monetário).
      Seguindo este roteiro conseguiu-se quantificar, em valor monetário,
quanto que uma intervenção farmacêutica, sendo ela, por exemplo, um ajuste
de dose, gerou de redução de custos com medicamento, obviamente sem
comprometer a efetividade clínica e farmacoterapêutica do tratamento.




RESULTADOS



      Um estudo farmacoeconômico trata-se de um estudo complexo, onde se
analisam vários tipos de custos, como diretos, indiretos e intangíveis
5


(RASCATI, 2010). Na experiência hospital em estudo, avaliou-se isoladamente
um item dos custos diretos, que foi o custo com medicamentos, baseado nas
sugestões/intervenções realizadas.
        Os resultados foram obtidos sob uma vertente qualitativa e quantitativa.
A   análise     qualitativa    foi   realizada    à    medida       em   foram     propostas
sugestões/intervenções sobre as solicitações médicas, conforme constam nas
tabelas 2 e 3 de indicador farmacoeconômico.
        A análise quantitativa deu-se a partir do cálculo do custo do
medicamento multiplicado pelo número de dias reduzidos ou quantidade de
medicamento reduzido.
        Os resultados demonstram que as intervenções realizadas pelo
farmacêutico clínico em conjunto com o SCIH geraram redução de custos com
medicamentos e evitaram problemas relacionados a eles.
        No     período        estudado,       foram    analisadas        23     intervenções
farmacoeconômicas, as quais totalizaram uma economia de R$ 121.864,19
(tabela 1). Estas intervenções foram do tipo:
    •     Redução ou ajuste de dose do medicamento;
    •     Mudança de esquema terapêutico;
    •     Mudança da forma farmacêutica;
    •     Medicamento sem efetividade terapêutica;



Tabela 1 – Resultado quantitativo das intervenções farmacoeconômicas
realizadas no período de jul/08 a set/09, hospital pediátrico, Curitiba/PR.
               Nº de             Total de redução de    Total de redução      Percentual de
               intervenções      custos com             de custos com         redução de
Período
               farmacêuticas     medicamentos           antimicrobianos       custos com
               /SCIH             (R$)*                  (R$)*                 antimicrobianos
Jul-Dez/08     10                15.876,51              12.091,86             76,2%
Fev-Set/09     15                105.987,68             105.234,40            99,3%
Total
14 meses       23                121.864,19             117.326,26            87,8%
Fonte: registros do serviço de Farmácia Clínica.
Nota: *Valores calculados a partir do valor de custo do medicamento comprado pelo hospital.
6


       Considerando o tempo total de 14 meses, pode-se observar que a
classe de antimicrobianos correspondeu a um expressivo percentual de 87,8%,
ou seja, R$ 117.326,26 de redução de custos. Quando comparado às outras
classes farmacológicas, o antimicrobiano além de corresponder ao uso
quantitativamente elevado em ambiente hospitalar, tem um impacto financeiro
significativo entre os gastos hospitalares.
       Nas tabelas 2 e 3 estão descritos os casos e as etapas de análise das
quais se chegou ao resultado monetário final. A sugestão/intervenção sobre
uma situação clínica do paciente aconteceu devido ao acompanhamento
farmacoterapêutico do farmacêutico clínico, desenvolvido nas unidades de
internação, farmácia e outros setores.
       Todas as intervenções sobre os antimicrobianos, e a maioria deles de
uso restrito e amplo espectro, foram discutidas caso a caso com o SCIH, no
sentido de ter um rigor quanto à indicação, dose e posologia ideal, segurança e
efetividade do fármaco, de acordo com a idade, peso e condição clínica do
paciente. Todos estes aspectos que asseguram o uso racional do
antimicrobiano.
       As 23 intervenções farmacoeconômicas realizadas incorreram em
prevenção ou resolução de problemas relacionados a medicamentos do tipo:
   •   paciente em uso de medicamento que não necessita;
   •   medicamento com inefetividade terapêutica para a condição clínica;
   •   medicamento com risco de segurança, ou seja, risco de reação adversa.
       Esta avaliação demonstra a estreita relação entre a farmacoeconomia e
a promoção do uso racional do medicamento, ou seja, ao mesmo tempo em
que se previne o uso inadequado do medicamento, reduz-se custo com a
farmacoterapia.
7


CONCLUSÃO



      Este estudo demonstrou que os resultados quantitativos obtidos foram
devido à presença do farmacêutico clínico nas unidades de internação
hospitalar, articulando-se com os serviços, equipes e, principalmente, com o
SCIH na promoção do uso racional do medicamento.
      A Farmácia Clínica assegurou a racionalização dos medicamentos dos
pacientes acompanhados por este serviço, e desenvolveu uma sistematização
de avaliação econômica da farmacoterapia, que embora simples, se adequa a
realidade de um hospital essencialmente público.
      Nesta perspectiva farmacoeconômica e interdisciplinar pontua-se como
resultados expressivos o rigor do uso do antimicrobiano, principalmente de
amplo espectro e alto custo, e a afirmação de que este grupo corresponde ao
de maior impacto quantitativo (significativo consumo de acordo com a análise
ABC de controle de estoque), qualitativo (minimização do potencial de
resistência antimicrobiana) e financeiro (classe com maior valor de consumo na
curva ABC e com maior redução de gastos, de acordo com as intervenções
farmacoeconômicas).
      Entende-se que um estudo de avaliação econômica de interesse para
um serviço público de saúde, no que tange ao uso do medicamento, terá maior
potencial se o farmacêutico - numa perspectiva clínica - estiver envolvido. E o
investimento neste serviço certamente superará a economia de gastos
vislumbrada, uma vez que este estudo demonstrou que o investimento no
serviço de Farmácia Clínica, em termos financeiros, foi bem menor do que a
economia de gastos com medicamentos que foi promovida pelo trabalho do
farmacêutico clínico em parceria com o SCIH, principalmente no tocante a
antimicrobianos.
8




REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Política nacional de medicamentos 2001.
Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

HEPLER, C.D.; STRAND, L.M. Opportunities and responsibilities in
pharmaceutical care. Am. J. Hosp. Pharm., Washington, v.47. n.3, p. 533-543,
1990.

SFH – Serviço de Farmácia Hospitalar, Hospital Pequeno Príncipe, 2009.

RASCATI, K. L. Introdução a Farmacoeconomia. Porto Alegre: Artmed, 2010.

WITZEL, M.D.R.F. Aspectos conceituais e filosóficos da assistência
farmacêutica, farmácia clínica e atenção farmacêutica. In: STORPIRTIS et al.
Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2008. p. 336-348.

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Impacto econômico da Farmácia Clínica em antimicrobianos

  • 1. 1 ESTUDO DE IMPACTO FARMACOECONÔMICO SOBRE OS ANTIMICROBIANOS ATRAVÉS DO SERVIÇO DE FARMÁCIA CLÍNICA E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR 1 2 3 RICIERI, Marinei Campos ; MOTTA, Fabio de Araújo ; BOZE, Patrícia Françoise de Andrade ; 4 GIAMBERARDINO, Heloisa Ihle Garcia Instituição: Hospital Pequeno Príncipe RESUMO No serviço hospitalar pediátrico o uso de medicamentos de alto custo, amplo espectro e/ou off label é uma necessidade cada vez mais presente. Isso pode incorrer em vultosos gastos com medicamentos, aumento do perfil de resistência bacteriana e de riscos de eventos adversos a medicamentos, levando a internamentos mais prolongados e dispendiosos. A Farmácia Clínica é um serviço com impacto significativo sobre a qualidade da farmacoterapia dos pacientes hospitalizados e os custos com medicamentos. OBJETIVO: quantificar economicamente as intervenções sobre o uso de antimicrobianos, realizada pelo farmacêutico clínico e Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). METODOLOGIA: estudo quali-quantitativo descritivo prospectivo, baseado em análise documental, realizado no período de 14 meses (julho/08 a setembro/09). Foi utilizado um formulário de pesquisa para registro dos indicadores farmacoeconômicos. RESULTADOS: a partir das solicitações de medicamentos pelos prescritores, a indicação e o tempo de uso dos antimicrobianos foram analisados pelo farmacêutico clínico e o SCIH. Quando necessário, foi proposta uma sugestão/intervenção, entre elas: redução ou ajuste de dose do medicamento; mudança de esquema terapêutico ou forma farmacêutica; suspensão de medicamento sem efetividade. Estas intervenções foram quantificadas a partir da avaliação apenas dos custos diretos, ou seja, calculou-se o valor de custo do medicamento comprado pelo hospital, multiplicado pelo número de dias ou número de frascos que foram reduzidos após a intervenção. Foram realizadas 23 intervenções farmacoeconômicas, as quais totalizaram uma economia de R$ 121.864,19 para o hospital. Deste total, R$ 105.987,68 (87,8%) correspondeu à redução de custos com antimicrobianos. CONCLUSÃO: A classe farmacológica com maior impacto farmacoeconômico de redução de custos foi o antimicrobiano. Os resultados obtidos foram devido à presença do farmacêutico clínico nas unidades de internação hospitalar, articulando-se com os serviços, equipes e, principalmente, com o SCIH na promoção do uso racional do antimicrobiano. Palavras-chaves: farmacoeconomia, farmácia clínica, antimicrobianos. Declaração de conflito de interesses: Declaro não ter conflitos de interesses com empresas e laboratórios farmacêuticos, financiadores ou patrocinadores. 1 Farmacêutica, Responsável pelo Serviço de Farmácia Clínica 2 Médico, Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) 3 Enfermeira, Gerente de Risco e SCIH 2 Médica, Coordenadora do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar
  • 2. 2 INTRODUÇÃO A Farmácia Clínica (FC) é uma atividade com impacto significativo sobre a qualidade da farmacoterapia dos pacientes hospitalizados e os custos com medicamentos. Na FC hospitalar, o farmacêutico avança além das habilidades técnicas de preparo e dispensação de medicamentos, e passa a relacionar-se de forma direta e ativa com o paciente e os demais profissionais de saúde, assumindo uma postura clínico-assistencial, do ponto de vista medicamentoso (WITZEL, 2008; HEPLER; STRAND, 1990). No Brasil esta prática, realizada pelo farmacêutico clínico, está se estabelecendo aos poucos. A experiência que trazemos é de um hospital pediátrico de referência, considerado um serviço de alta complexidade, localizado em Curitiba/PR. Possui 390 leitos e atende aproximadamente 70% dos pacientes do Sistema Único de Saúde e 30% pacientes de convênios. A política de qualidade deste hospital entende que, de acordo com a Política Nacional de Medicamentos, se faz necessário assegurar o acesso da população a medicamentos seguros, eficazes e de qualidade, ao menor custo possível (BRASIL, 2001). Devido a isto, foi implantado neste hospital, em 2007, o serviço de Farmácia Clínica, que conta com um farmacêutico clínico exclusivo destinado a cumprir os seguintes objetivos: a) disponibilizar informações técnicas sobre o uso adequado do medicamento, assessorando a tomada de decisão clínica; b) reduzir custos com a farmacoterapia, a partir de estudos farmacoeconômicos; c) atuar de forma preventiva e resolutiva nos eventos adversos a medicamento, principalmente reações adversas; d) integrar o farmacêutico à equipe de saúde. Em uma atenção à saúde de alta complexidade como é um hospital, associado à especificidade da pediatria, o uso de medicamentos de alto custo, amplo espectro e/ou off label é uma necessidade cada vez mais atual. E isso pode incorrer em conseqüências para o paciente e a instituição, como vultosos gastos com medicamentos, aumento do perfil de resistência bacteriana, aumento dos riscos de eventos adversos a medicamentos e, por conseguinte, internamentos mais prolongados e dispendiosos.
  • 3. 3 Os gastos com medicamentos em relação ao orçamento do Ministério da Saúde vêm aumentando gradualmente a cada ano. No cenário hospitalar, citando o hospital em estudo como exemplo, 45,7% dos itens da curva ABC de consumo são medicamentos. Desse total, quase um quarto correspondem aos antimicrobianos, representando 17,4% dos custos totais com medicamentos (SFH, 2009). Atualmente, o campo de conhecimento da Economia da Saúde vem se estabelecendo para trabalhar melhor os dados financeiros e estatísticos relacionados a medicamentos (RASCATI, 2010). Neste contexto hospitalar, o estudo traz uma análise quantitativa do desempenho articulado e estratégico do Serviço de Farmácia Clínica, com potencial de impacto na saúde tanto do ponto vista clínico quanto financeiro. OBJETIVOS • Quantificar o impacto financeiro das intervenções do farmacêutico clínico em conjunto com o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). • Quantificar econonomicamente as intervenções sobre o uso de antimicrobianos. • Demonstrar que o Serviço de Farmácia Clínica reduz custos com a farmacoterapia. METODOLOGIA Este estudo baseou-se na metodologia quali-quantitativa de pesquisa descritiva prospectiva, baseada em análise documental. Os dados obtidos compreenderam o período de julho de 2008 a setembro de 2009 e referem-se a uma amostra de 23 intervenções realizadas. Esta amostra foi selecionada a partir de pacientes que foram acompanhados pelo serviço de Farmácia Clínica, onde se observou que as sugestões/intervenções realizadas pelo farmacêutico clínico geraram redução
  • 4. 4 de gastos com medicamentos, recebendo, portanto, a classificação de intervenção farmacoeconômica. Estas sugestões/intervenções se iniciaram a partir da análise da ficha de controle de uso de antimicrobianos, da ficha de solicitação de medicamento não padronizado ou da prescrição médica. A partir destes documentos, quando observado alguma inconsistência do ponto de vista da indicação, efetividade e segurança do medicamento, eram sugeridas propostas de intervenção, sejam dirigidas ao prescritor ou junto ao SCIH, sempre com prévia discussão entre os profissionais envolvidos e com o aceite destes. Quando se tratava de antimicrobianos, especialmente de alto custo e amplo espectro, era realizada uma discussão prévia do caso com o SCIH, para fundamentar e assessorar os aspectos técnicos e epidemiológicos. Quando se tratava de outros fármacos, o farmacêutico clínico apoiava-se no seu conhecimento técnico sobre medicamento, analisando-os sob um enfoque clínico, para posterior discussão com equipe médica. Para a quantificação de dados foi utilizado um instrumento de pesquisa (anexo 1) para registro padronizado das informações. Neste instrumento constam os seguintes dados: data da aboradegem/intervenção, iniciais do paciente, medicamento prescrito, dose prescrita/tempo de uso, quantidade necessária (nº de frascos), justificativa médica de solicitação do medicamento, descrição da proposta de intervenção, redução (medicamento em dias/unidades), redução de gastos com medicamento (em valor monetário). Seguindo este roteiro conseguiu-se quantificar, em valor monetário, quanto que uma intervenção farmacêutica, sendo ela, por exemplo, um ajuste de dose, gerou de redução de custos com medicamento, obviamente sem comprometer a efetividade clínica e farmacoterapêutica do tratamento. RESULTADOS Um estudo farmacoeconômico trata-se de um estudo complexo, onde se analisam vários tipos de custos, como diretos, indiretos e intangíveis
  • 5. 5 (RASCATI, 2010). Na experiência hospital em estudo, avaliou-se isoladamente um item dos custos diretos, que foi o custo com medicamentos, baseado nas sugestões/intervenções realizadas. Os resultados foram obtidos sob uma vertente qualitativa e quantitativa. A análise qualitativa foi realizada à medida em foram propostas sugestões/intervenções sobre as solicitações médicas, conforme constam nas tabelas 2 e 3 de indicador farmacoeconômico. A análise quantitativa deu-se a partir do cálculo do custo do medicamento multiplicado pelo número de dias reduzidos ou quantidade de medicamento reduzido. Os resultados demonstram que as intervenções realizadas pelo farmacêutico clínico em conjunto com o SCIH geraram redução de custos com medicamentos e evitaram problemas relacionados a eles. No período estudado, foram analisadas 23 intervenções farmacoeconômicas, as quais totalizaram uma economia de R$ 121.864,19 (tabela 1). Estas intervenções foram do tipo: • Redução ou ajuste de dose do medicamento; • Mudança de esquema terapêutico; • Mudança da forma farmacêutica; • Medicamento sem efetividade terapêutica; Tabela 1 – Resultado quantitativo das intervenções farmacoeconômicas realizadas no período de jul/08 a set/09, hospital pediátrico, Curitiba/PR. Nº de Total de redução de Total de redução Percentual de intervenções custos com de custos com redução de Período farmacêuticas medicamentos antimicrobianos custos com /SCIH (R$)* (R$)* antimicrobianos Jul-Dez/08 10 15.876,51 12.091,86 76,2% Fev-Set/09 15 105.987,68 105.234,40 99,3% Total 14 meses 23 121.864,19 117.326,26 87,8% Fonte: registros do serviço de Farmácia Clínica. Nota: *Valores calculados a partir do valor de custo do medicamento comprado pelo hospital.
  • 6. 6 Considerando o tempo total de 14 meses, pode-se observar que a classe de antimicrobianos correspondeu a um expressivo percentual de 87,8%, ou seja, R$ 117.326,26 de redução de custos. Quando comparado às outras classes farmacológicas, o antimicrobiano além de corresponder ao uso quantitativamente elevado em ambiente hospitalar, tem um impacto financeiro significativo entre os gastos hospitalares. Nas tabelas 2 e 3 estão descritos os casos e as etapas de análise das quais se chegou ao resultado monetário final. A sugestão/intervenção sobre uma situação clínica do paciente aconteceu devido ao acompanhamento farmacoterapêutico do farmacêutico clínico, desenvolvido nas unidades de internação, farmácia e outros setores. Todas as intervenções sobre os antimicrobianos, e a maioria deles de uso restrito e amplo espectro, foram discutidas caso a caso com o SCIH, no sentido de ter um rigor quanto à indicação, dose e posologia ideal, segurança e efetividade do fármaco, de acordo com a idade, peso e condição clínica do paciente. Todos estes aspectos que asseguram o uso racional do antimicrobiano. As 23 intervenções farmacoeconômicas realizadas incorreram em prevenção ou resolução de problemas relacionados a medicamentos do tipo: • paciente em uso de medicamento que não necessita; • medicamento com inefetividade terapêutica para a condição clínica; • medicamento com risco de segurança, ou seja, risco de reação adversa. Esta avaliação demonstra a estreita relação entre a farmacoeconomia e a promoção do uso racional do medicamento, ou seja, ao mesmo tempo em que se previne o uso inadequado do medicamento, reduz-se custo com a farmacoterapia.
  • 7. 7 CONCLUSÃO Este estudo demonstrou que os resultados quantitativos obtidos foram devido à presença do farmacêutico clínico nas unidades de internação hospitalar, articulando-se com os serviços, equipes e, principalmente, com o SCIH na promoção do uso racional do medicamento. A Farmácia Clínica assegurou a racionalização dos medicamentos dos pacientes acompanhados por este serviço, e desenvolveu uma sistematização de avaliação econômica da farmacoterapia, que embora simples, se adequa a realidade de um hospital essencialmente público. Nesta perspectiva farmacoeconômica e interdisciplinar pontua-se como resultados expressivos o rigor do uso do antimicrobiano, principalmente de amplo espectro e alto custo, e a afirmação de que este grupo corresponde ao de maior impacto quantitativo (significativo consumo de acordo com a análise ABC de controle de estoque), qualitativo (minimização do potencial de resistência antimicrobiana) e financeiro (classe com maior valor de consumo na curva ABC e com maior redução de gastos, de acordo com as intervenções farmacoeconômicas). Entende-se que um estudo de avaliação econômica de interesse para um serviço público de saúde, no que tange ao uso do medicamento, terá maior potencial se o farmacêutico - numa perspectiva clínica - estiver envolvido. E o investimento neste serviço certamente superará a economia de gastos vislumbrada, uma vez que este estudo demonstrou que o investimento no serviço de Farmácia Clínica, em termos financeiros, foi bem menor do que a economia de gastos com medicamentos que foi promovida pelo trabalho do farmacêutico clínico em parceria com o SCIH, principalmente no tocante a antimicrobianos.
  • 8. 8 REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. Política nacional de medicamentos 2001. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. HEPLER, C.D.; STRAND, L.M. Opportunities and responsibilities in pharmaceutical care. Am. J. Hosp. Pharm., Washington, v.47. n.3, p. 533-543, 1990. SFH – Serviço de Farmácia Hospitalar, Hospital Pequeno Príncipe, 2009. RASCATI, K. L. Introdução a Farmacoeconomia. Porto Alegre: Artmed, 2010. WITZEL, M.D.R.F. Aspectos conceituais e filosóficos da assistência farmacêutica, farmácia clínica e atenção farmacêutica. In: STORPIRTIS et al. Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p. 336-348.