O número de fusões entre empresas de educação cresceu 20% entre 2012 e 2013. Especialistas preveem que as fusões continuarão crescendo nos próximos anos devido à demanda reprimida por educação e à oportunidade de investimento no setor. A fusão entre Kroton e Anhanguera, se aprovada, formará o maior grupo educacional do Brasil com faturamento anual de R$13 bilhões.
1. http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/fusoes-de-empresas-de-
educacao-vao-seguir-em-alta-dizem-especialistas
Mercado
Fusões no setor de educação vão seguir em alta,
dizem especialistas
Desde 2008, foram realizadas em média 26 operações por ano entre
empresas
Bianca Bibiano
O número de fusões entre empresas do setor de educação cresceu 20% entre 2012 e 2013 (Antonio
Milena/VEJA)
O número de fusões de empresas de educação cresceu 20% entre 2012 e 2013, de
acordo com um levantamento feito pela consultoria KPMG a pedido do site de VEJA. No
ano passado, foram 24 transações na área, contra 19 registradas no ano anterior. A
maioria – 13 das operações – envolveram instituições que atuam no ensino superior.
Desde 2008, a média é de 26 operações por ano (confira no quadro).
Uma das fusões mais esperadas deve ser confirmada na próxima semana, quando o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgará parecer sobre a transação
entre a Kroton e a Ananhanguera. Há dez meses, as duas instituições assinaram um
contrato para formar o maior conglomerado educacional do país. A expectativa do setor é
que o Cade aprove a fusão, o que permitirá a formação de um grupo com faturamento
anual de 13 bilhões de reais.
Para Luiz Motta, sócio da KPMG, a tendência é que as fusões prossigam nos próximos
anos, e não apenas no ensino superior. Colégios, escolas de idiomas e programas de
ensino a distância devem protagonizar essas operações. "O sucesso das transações no
ensino superior privado começou a se replicar em outros segmentos e está abrindo um
leque para investidores. O cenário é promissor: à medida que a população tem mais
renda, procura melhor formação e, portanto, educação."
A demanda se concentra nas classes C e D, acrescenta Alexandre Pierantoni, sócio da
consultoria Pwc Brasil, que divulga anualmente um relatório de fusões no país. "O governo
2. não vai conseguir suprir toda a procura por ensino nos próximos anos. A rede particular
tem condições de chegar antes, oferecendo o serviço mais rápido e com mais qualidade",
diz Pierantoni. "Uma vez que existe uma demanda represada, o setor de educação
apresenta baixo risco, favorável ao investimento, portanto."
O segmento de escolas de idiomas, por exemplo, não registrou fusões entre 2008 e 2009,
mas desde 2010 acumula uma média de três operações anuais, segundo o levantamento
da KPMG. Uma delas envolveu a empresa Pearson, que no ano passado adquiriu por 1,95
bilhão de reais o controle do grupo Grupo Multi, especializado em cursos de idiomas e
profissionalizantes.
Do ponto de vista educacional, as fusões trazem pontos positivos e negativos, na opinião
de Rodrigo Capelato, diretor-executivo do (Semesp) Sindicato das Entidades
Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo. “Essas
operações evitam que instituições com dificuldades financeiras fechem as portas, além de
elevar a capacidade delas de investir. As uniões também reduzem gastos, o que pode
possibilitar queda no preço da mensalidades para os estudantes.”
Por outro lado, as fusões podem, segundo Capelato, forçar uma padronização excessiva
nas grades curriculares de diferentes instituições. "Se antes existiam cursos com focos
específicos oferecidos por diferentes instituições, a tendência é que, após a fusão, esses
mesmos cursos adotem uma única linha pedagócia, já que estão agora sob controle de
uma única instiutição."
Capelato acredita que, apesar do grande número de fusões dos últimos anos, ainda há
espaço para novas operações no futuro. “No Brasil, o ensino privado é muito pulverizado,
principalmente nas cidades menores. Com a fusão da Kroton com a Anhanguera, por
exemplo, 15% do mercado ficará nas mãos do novo grupo controlador. É uma cifra
bastante relevante, mas que mostra ao mesmo tempo que ainda há oportunidade para
novas transações.”
Número de fusões no setor de educação nos últimos seis anos
2008 2009 2010 2011 2012 2013
Educação corporativa
0 3 4 1 1 2
Faculdades e universidades
44 5 7 22 12 13
Colégios
6 4 1 2 2 3
Escolas de idomas
0 0 3 1 3 3
Outros
3 1 5 1 1 3
Total
53 13 20 27 19 24
Fonte: KPMG