SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e
Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14)
3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.
Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral
ANAPLASMOSE BOVINA – RELATO DE CASO
TERUEL, Geicielle Menezes
SANTOS, Mariana Soares Pereira
GOMES, Ivy Tasso
ASTRAUSKAS, Jefferson Pereira
NAGASHIMA, Júlio César
Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária da FAMED/ACEG – Garça – SP
e-mail: geicielle_mt@hotmail.com
SACCO, Soraya Regina
AVANZA, Marcel F. B.
BATISTA, José Carlos
Docente do Curso de Medicina Veterinária da FAMED/ACEG – Garça - SP
e-mail: soraya_sacco@rocketmail.com
RESUMO
A anaplasmose é uma doença parasitária infecciosa que acomete bovinos, ovinos e caprinos,
causada pela bactéria Anaplasma marginale, que parasita os glóbulos vermelhos destas espécies.
Em ovinos e caprinos, sua manifestação é subclínica. No entanto, sua ocorrência na forma clínica em
bovinos possui grande importância econômica por atraso no desenvolvimento e, não raramente,
morte dos animais, tanto em rebanhos puros quanto em mestiços europeus. Sua transmissão pode
ser feita por carrapatos, moscas hemotófagas e agulhas contaminadas. Os principais sinais clínicos
da anaplasmose em bovinos são: debilidade, febre, anemia e icterícia. Esta doença, que
normalmente caracteriza a segunda etapa da Tristeza Parasitária Bovina, não raro pode se
manifestar independentemente da babesiose. O objetivo deste trabalho foi realizar um relato de caso
de Anaplasmose em uma vaca, Jersey, de dois anos e meio, com intuito de esclarecer a respeito da
importância do diagnóstico laboratorial e do acompanhamento do animal com seguidos exames de
sangue, visando um correto tratamento e um bom prognóstico.
Palavras-chave: Anaplasma, bovinos, diagnóstico, Jersey.
Tema Central: Medicina Veterinária
ABSTRACT
The anaplasmosis is an infectious parasitic disease that affects cattle, sheep and goats, caused by the
bacterium Anaplasma marginale, which the cells of these parasite species. In sheep and goats, their
expression is subclinical. However, their occurrence in clinical form in cattle has great economic
importance for delay in development and, not infrequently, death of animals, both in pure and in
crossbred herds Europeans. Its transmission can be done by ticks, haematophagy flies and
contaminated needles. The main clinical signs of anaplasmosis in cattle are: weakness, fever, anemia
and jaundice. This disease, which typically characterizes the second stage of Bovine Parasitic
Sadness, often can manisfestar is independent of babesiosis. The objective of this study was a case
report of anaplasmosis in a cow, Jersey, 2 years and six month in order to clarify about the importance
of laboratory diagnosis and monitoring of animal blood tests followed, to a correct treatment and a
good prognosis.
Keywords: Anaplasma, cattle, diagnosis, Jersey.
1. INTRODUÇÃO
Anaplasmose bovina é uma infecção causada por Anaplasma marginale
(THEILER, 1910) e Anaplasma centrale (THEILER, 1911), bactérias da família
Anaplasmataceae, a espécie mais patogênica e de maior importância para bovinos é
REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e
Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14)
3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.
Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral
o Anaplasma marginale, que está amplamente distribuída nas regiões tropicais,
subtropicais e temperada do mundo (PALMER, 1989).
A transmissão biológica de A. marginale já foi demonstrada
experimentalmente em mais de 20 espécies de carrapatos ixodídeos (KOCAN et al.
1992; STILLER E COAN, 1995; KOCAN et al., 2004), mas a relevância de cada uma
dessas espécies na transmissão, sob condições naturais, ainda não está bem
definida (GONÇALVES-RUIZ et al., 2002). No Brasil, onde o carrapato
Rhipicephalus (Boophilus) microplus ocorre de forma endêmica, as evidências
epidemiológicas sugerem ser ele o principal vetor de A. marginale (GUGLIELMONE,
1995, KESSLER, 2001).
Os carrapatos podem transmitir agentes patogênicos pelas vias
transovariana, transestadial ou intraestadial, apesar de o carrapato R. (B.) microplus
ser um parasita monoxeno e realizar as ecdises sobre o hospedeiro, admite-se que
a transmissão transestadial (de larvas para ninfas e de ninfas para adultos) possa
ocorrer, pois os carrapatos mudam freqüentemente de hospedeiro ao se deslocarem
do local de fixação do instar anterior para fixar-se e reiniciar a alimentação do novo
instar (KESSLER, 2001).
Outro tipo é a transmissão mecânica, essa pode ser efetuada por insetos
hematófagos e por materiais como agulhas e, bisturis, contaminados por sangue
(KOCAN et al., 2005).
Além de tantas essas formas de transmissão, existe ainda, a via
transplacentária, que é outra forma referida de transmissão de A. marginale, cuja
importância epidemiológica carece de melhor definição. A maioria dos relatos de
transmissão congênita refere-se a casos em que bezerros recém-nascidos
desenvolveram doença hemolítica grave (PAINE e MILLER, 1977; NORTON et al.
1983; PASSOS e LIMA, 1984).
A infecção pelo microorganismo pode causar anemia hemolítica
extravascular, o mecanismo fisiopatogênico da anemia pode ser imunomediado com
formação de anticorpos contra os microorganismos, complexos imunes que se ligam
às hemácias, resultando em fagocitose por macrófagos (RIBEIRO et al., 1995).
REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e
Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14)
3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.
Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral
Na fase aguda da doença, quando a parasitemia é alta, Anaplasma spp. é
facilmente detectados nos eritrócitos de bovinos, através de esfregaços sangüíneos
delgados corados pelo método de Giemsa (FAO, 1993; FARIAS 1995).
O diagnóstico anátomo-patológico é efetuado através de necropsia, para
observação das alterações presentes no animal. As alterações macroscópicas mais
observadas são: sangue fino e aquoso, mucosas e serosas anêmicas ou ictéricas,
hepatoesplenomegalia, rins aumentados e escuros, vesícula biliar distendida com
bile densa, grumosa e congestão cerebral. Os sinais são bastante variáveis,
dependendo da cepa do agente e susceptibilidade do hospedeiro, necessitando de
um diagnóstico laboratorial mais detalhado, para identificação da bactéria e pesquisa
de anticorpos contra A. marginale (RIBEIRO et al., 1995).
Para se estabelecer um programa de controle da anaplasmose, faz-se
necessário o conhecimento epidemiológico dessa enfermidade. A situação
epidemiológica de determinada área pode ser caracterizada, principalmente, de três
formas: áreas de estabilidade enzoótica, instabilidade enzoótica e situação de área
marginal (MAHONEY, 1975; KESSLER et al., 1992).
No tratamento, utilizam-se tetraciclinas e imidocarb. Os bovinos podem ficar
esterilizados com esse tratamento e permanecem subsequentemente imunes à
Anaplasmose grave por volta de oito meses. A imunidade de longa duração contra
A. Marginale é conferida por pré-imunização com o parasita vivo, combinada com o
uso de quimioterapia para controlar reações severas (GALE, 2001).
2. CONTEÚDO
Em março de 2009, foi atendida no hospital veterinário, na Clínica de
animais de porte grande uma fêmea, bovina, pelagem parda, raça Jersey de dois
anos e seis meses, apresentando queda na produção leiteira, emagrecimento, fezes
de coloração alaranjada e anorexia. A alimentação do animal é composta por
silagem de milho, ração e pasto (Cynodon dactylon), havia sido vermifugado
(ivermectina), vacinado contra aftosa e clostridioses e apresentava ectoparasitas. Ao
exame físico apresentava taquipnéia (frequência respiratória de 80 mpm) e cansaço
fácil. A temperatura estava 40.7 °C, mucosas pálidas e ictéricas. A auscutação
REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e
Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14)
3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.
Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral
cardíaca apresentava freqüência aumentada (120 bpm), sopro sistólico grau dois em
foco tricúspide (sopro anêmico).
No dia 26/03/09, foram solicitados os seguintes exames complementares ao
animal: hemograma completo, fibrinogênio, uréia, creatina, proteína total, albumina,
aspartato aminotrasferase (AST), gama glutamiltransferase (GGT), sendo os
resultados dispostos nas tabelas 1 e 2 abaixo.
Animal apresentava anemia acentuada com anisocitose e policromasia,
hipoproteinemia e plasma ictérico. No leucograma constatou-se leucocitose com
desvio a esquerda, linfocitose e monocitose. Além disso, foi encontrado Anaplasma
marginale em sangue periférico, com isso fechou-se o diagnóstico.
Tabela 1. Valores dos resultados do hemograma do dia 26/03/09.
ERITOGRAMA LEUCOGRAMA
Hemácias 2.390.000/uL Leucócitos 24.400/uL
Hemoglobina 3,2 g/dL % Absoluto/uL
Hematócrito 10 % Bastonetes 02 448
VCM 41fl Segmentados 13 3.172
CHCM 32% Linfócitos 67 16.348
Proteína plasmática 5,6 g/dL Monócitos 12 2.928
Fribrinogênio 400 mg/dL Eosinófilos 06 1.464
Plaquetas 165.000/uL
Pesquisa de Hematozoários: Presença de Anaplasma marginale.
Observação: Plasma ictérico (+++). Acentuada anisocitose e policromasia.
Tabela 2. Valores dos resultados dos bioquímicos do dia 26/03/09.
EXAME RESULTADO
Uréia (mmol/L) 32,87 mg/dL
Cretinina (mol/L) 1,02 mg/dL
Proteína total (g/L) 4,63 g/dL
Albumina (g/L) 2,52 g/dL
AST (U/L) 40,62 UI/L
Gama GT (U/L) 40,29 IL/L
REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e
Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14)
3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.
Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral
A uréia e a creatina apresentavam-se normais. A proteína estava baixa por
diminuição da albumina. Havia aumento das enzimas hepáticas (AST e GGT)
indicando hepatopatia com concomitante.
O tratamento instituído foi oxitetraciclina 20 mg/kg/IM/de 48/48h por quatro
aplicações; Ganaseg® 3,5 mg/kg/IM em dose única; transfusão sanguínea (2L de
sangue com hematócrito 26%); dexametazona 0,05 mg/kg/IV em dose única; e
complementos vitamínicos: Mercepton® (Bravet LTDA., Rio de Janeiro - RJ),
Stimosoro® (JP Indústria farmacêutica SA., Ribeirão Preto-SP) e vitamina B12.
O animal retornou no dia 29/03/09, com hiporexia, não acompanhava os
outros animais do rebanho, e não ruminava.
As mucosas permaneciam pálidas e ictéricas, por isso repetiu-se o
hemograma, disposto na tabela 3.
Tabela 3. Valores dos resultados do hemograma do dia 31/03/09.
ERITOGRAMA LEUCOGRAMA
Hemácias 1.200.000/uL Leucócitos 20.890/uL
Hemoglobina 3,0 g/dL % Absoluto/uL
Hematócrito 10% Bastonetes 01 209
VCM 83 fl Segmentados 30 6.267
CHCM 30% Linfócitos 55 11.490
Proteína plasmática 5,8 g/dL Monócitos 12 2.507
Fibrinogênio 600 mg/dL Eosinófilos 02 408
Metarrubrícitos: 23 em 100 leucócitos
Observação: Acentuada anisocitose e policromasia. Presença de corpúsculos de Howell-Jolly.
Sem melhora evidente no hematócrito (VG), mas apresentando boa
resposta da medula óssea com metarrubrícitos, acentuada anisocitose e
policromase e presença de corpúsculo de Howell-Jolly, repetiu-se o VG no dia
01/04/09, estando este a 13%.
No dia 06/04/09, fez-se o último hemograma apresentado na tabela 4
abaixo:
Tabela 4. Valores dos resultados do hemograma do dia 06/04/09.
ERITOGRAMA LEUCOGRAMA
Hemácias 2.190.000/uL Leucócitos 10.925 uL
Hemoglobina 5,3 g/dL % Absoluto /uL
REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e
Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14)
3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.
Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral
Hematócrito 17 % Segmentados 17 1.878
VCM 77 fl Linfócitos 70 7.648
CHCM 31 % Monócitos 11 1.202
Proteína plasmática 5,8 g/dL Eosinófilos 02 219
Fribrinogênio 400 mg/dL
Pesquisa de hematozoários: Não foram encontrados.
Observação: Acentuada anisocitose e policromasia.
Observou-se então, que o animal apresentava significativa melhora após
aproximadamente dez dias da instituição do tratamento.
3. CONCLUSÃO
Após a contaminação do animal pela Anaplasmose, que ocorre
principalmente, através da picada do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus,
segue-se uma série de alterações relevantes no que se diz respeito à saúde do
animal, contatando-se anemia, icterícia, emagrecimento, entre outros; que sugerem
a realização imediata do tratamento, devido à velocidade com que está doença pode
levar o animal a óbito.
Mas com um diagnóstico clínico e laboratorial precoce e uma correta
intervenção feita pelo Médico Veterinário, como ocorreu no caso descrito, o
resultado obtido foi de significativa melhora, podendo proporcionar o rápido retorno
do animal ao pasto.
4. REFERÊNCIAS
ERIKS, I.S., STILLER, D., PALMER, G.H., et al. Impact of persistent Anaplasma
marginale Rickettsemia on Tick infection and Transmiss. J Clin Microbiol v.31, n.8,
p.2091-2096, 1993.
FAO. Ticks and tick-borne diseases control. A practical field manual. v.II, Rome,
p. 301- 621, 1984.
GUGLIELMONE, A. Epidemiologia y prevencion de los Hemoparasitos (Babesia y
Anaplasma) en la Argentina. In: NARI, A., FIEL, C. Enfermidades parasitarias de
importância econômica en bovinos. Montevideo, Uruguay :Hemisferio Sur, 1994.
cap.23, p.460-479.
REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e
Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14)
3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.
Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral
JAMES, M.A., CORONADO, A., LOPEZ, W., et al. Seroepidemiology of bovine
anaplasmosis and babesiosis in Venezuela. Trop Anim Hlth Prod, v.17, p.9-18,
1985.
KESSLER, R.H.; SCHENK, M.A.M. Diagnóstico parasitológico da tristeza parasitária
bovina. In: Carrapato, Tristeza Parasitária e Tripanossomose dos Bovinos.
EMBRAPA Gado de Corte. p.81-90, 1998b.
KLAUS, G.G.B., JONES, E.W. The immunoglobulin response in intact and
splenectomized calves infected with Anaplasma marginale. J. Immunol, v.100, n.5,
p.991- 999, 1968.
KOCAN KM, YOSHIOKA J, SONENSHINE DE, DE LA FUENTE J, CERAUL SM,
BLOUIN EF, ALMAZAN C. Capillary tube feeding system for studying tick-pathogen
interactions of Dermacentor variabilis (Acari: Ixodidae) and Anaplasma marginale
(Rickettsiales: Anaplasmataceae). J Med Entomol. v.42, n.5, p.864-74, 2005
PALMER, G.H. Anaplasma vaccines. In: WRIGHT, I.G. Veterinary protozoan and
hemoparasite vacines. Boca Raton, Flórida : CR, 1989. cap.1, p.1-29.
RIBEIRO, M. F. B. ; LIMA, J. D. ; GUIMARAES, A. M. ; SCATAMBURLO, M. A. ;
MARTINS, N. E. . Transmissão congênita da anaplasmose bovina. Arq. Bras. de
Med. Vet. e Zootec., v. 47, n. 3, p. 297-304, 1995.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Introdução a Equinocultura
Introdução a EquinoculturaIntrodução a Equinocultura
Introdução a EquinoculturaKiller Max
 
Cinomose
CinomoseCinomose
Cinomosekennel
 
Introdução a patologia veterinária
Introdução a patologia veterináriaIntrodução a patologia veterinária
Introdução a patologia veterináriaMarília Gomes
 
Exercício sobre parasitologia veterinária- Filo Artropoda
Exercício sobre parasitologia veterinária- Filo ArtropodaExercício sobre parasitologia veterinária- Filo Artropoda
Exercício sobre parasitologia veterinária- Filo ArtropodaInacio Mateus Assane
 
Anatomia dos animais de produção ii
Anatomia dos animais de produção iiAnatomia dos animais de produção ii
Anatomia dos animais de produção iiFrancismara Carreira
 
Medicina de aves selvagens
Medicina de aves selvagensMedicina de aves selvagens
Medicina de aves selvagensMarília Gomes
 
Aula 1 Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
Aula 1   Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e MensuraçõesAula 1   Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
Aula 1 Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e MensuraçõesElaine
 
Planos anatômicos veterinária
Planos anatômicos veterináriaPlanos anatômicos veterinária
Planos anatômicos veterináriaMarília Gomes
 
Diferenças entre ovinos e caprinos
Diferenças entre ovinos e caprinosDiferenças entre ovinos e caprinos
Diferenças entre ovinos e caprinosKiller Max
 
Manual Veterinário de Colheita e Envio de Amostras.
Manual Veterinário de Colheita e Envio de Amostras.Manual Veterinário de Colheita e Envio de Amostras.
Manual Veterinário de Colheita e Envio de Amostras.Agricultura Sao Paulo
 
Relatório sobre o mormo no Brasil - 2015
Relatório sobre o mormo no Brasil - 2015Relatório sobre o mormo no Brasil - 2015
Relatório sobre o mormo no Brasil - 2015Mário Bittencourt
 
Mastite vacas
Mastite vacasMastite vacas
Mastite vacasFmodri3
 
AULA 2 - BEM-ESTAR ANIMAL.pdf
AULA 2 - BEM-ESTAR ANIMAL.pdfAULA 2 - BEM-ESTAR ANIMAL.pdf
AULA 2 - BEM-ESTAR ANIMAL.pdfAldrin83
 
Reticuloperitonite traumática em bovino: relato de caso
Reticuloperitonite traumática em bovino: relato de casoReticuloperitonite traumática em bovino: relato de caso
Reticuloperitonite traumática em bovino: relato de casoLilian De Rezende Jordão
 

Mais procurados (20)

Introdução a Equinocultura
Introdução a EquinoculturaIntrodução a Equinocultura
Introdução a Equinocultura
 
Exame fisico geral
Exame fisico geralExame fisico geral
Exame fisico geral
 
Cinomose
CinomoseCinomose
Cinomose
 
Introdução a patologia veterinária
Introdução a patologia veterináriaIntrodução a patologia veterinária
Introdução a patologia veterinária
 
Exercício sobre parasitologia veterinária- Filo Artropoda
Exercício sobre parasitologia veterinária- Filo ArtropodaExercício sobre parasitologia veterinária- Filo Artropoda
Exercício sobre parasitologia veterinária- Filo Artropoda
 
Anatomia dos animais de produção ii
Anatomia dos animais de produção iiAnatomia dos animais de produção ii
Anatomia dos animais de produção ii
 
Medicina de aves selvagens
Medicina de aves selvagensMedicina de aves selvagens
Medicina de aves selvagens
 
Aula 1 Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
Aula 1   Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e MensuraçõesAula 1   Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
Aula 1 Ezoognósia Equina - Nomenclatura do Exterior e Mensurações
 
Planos anatômicos veterinária
Planos anatômicos veterináriaPlanos anatômicos veterinária
Planos anatômicos veterinária
 
Diferenças entre ovinos e caprinos
Diferenças entre ovinos e caprinosDiferenças entre ovinos e caprinos
Diferenças entre ovinos e caprinos
 
Mormo.
Mormo.Mormo.
Mormo.
 
Caso clínico
Caso clínicoCaso clínico
Caso clínico
 
Medicina Veterinária - UNIFRAN
Medicina Veterinária - UNIFRANMedicina Veterinária - UNIFRAN
Medicina Veterinária - UNIFRAN
 
Manual Veterinário de Colheita e Envio de Amostras.
Manual Veterinário de Colheita e Envio de Amostras.Manual Veterinário de Colheita e Envio de Amostras.
Manual Veterinário de Colheita e Envio de Amostras.
 
Iv doencas das aves
Iv doencas das avesIv doencas das aves
Iv doencas das aves
 
Relatório sobre o mormo no Brasil - 2015
Relatório sobre o mormo no Brasil - 2015Relatório sobre o mormo no Brasil - 2015
Relatório sobre o mormo no Brasil - 2015
 
Raiva e EEB
Raiva e EEBRaiva e EEB
Raiva e EEB
 
Mastite vacas
Mastite vacasMastite vacas
Mastite vacas
 
AULA 2 - BEM-ESTAR ANIMAL.pdf
AULA 2 - BEM-ESTAR ANIMAL.pdfAULA 2 - BEM-ESTAR ANIMAL.pdf
AULA 2 - BEM-ESTAR ANIMAL.pdf
 
Reticuloperitonite traumática em bovino: relato de caso
Reticuloperitonite traumática em bovino: relato de casoReticuloperitonite traumática em bovino: relato de caso
Reticuloperitonite traumática em bovino: relato de caso
 

Semelhante a Anaplasmose

Semelhante a Anaplasmose (20)

Síndrome cólica equina
Síndrome cólica equinaSíndrome cólica equina
Síndrome cólica equina
 
Pitiose
PitiosePitiose
Pitiose
 
Febre maculosa jun 2013 ses rj
Febre maculosa jun 2013 ses rjFebre maculosa jun 2013 ses rj
Febre maculosa jun 2013 ses rj
 
leptospirose
leptospiroseleptospirose
leptospirose
 
Acidentes ofídicos 2008
Acidentes ofídicos 2008Acidentes ofídicos 2008
Acidentes ofídicos 2008
 
Documentos65+sanidade+nutricao+reproducao+falta+catalogar 000g4o78ppy02wx5ok0...
Documentos65+sanidade+nutricao+reproducao+falta+catalogar 000g4o78ppy02wx5ok0...Documentos65+sanidade+nutricao+reproducao+falta+catalogar 000g4o78ppy02wx5ok0...
Documentos65+sanidade+nutricao+reproducao+falta+catalogar 000g4o78ppy02wx5ok0...
 
Malaria.
Malaria. Malaria.
Malaria.
 
Plasmodium,malaria
Plasmodium,malaria Plasmodium,malaria
Plasmodium,malaria
 
Leptospirose
LeptospiroseLeptospirose
Leptospirose
 
Microsoft word tese valíria duarte cerqueira.doc
Microsoft word   tese valíria duarte cerqueira.docMicrosoft word   tese valíria duarte cerqueira.doc
Microsoft word tese valíria duarte cerqueira.doc
 
Prevalencia De Enteroparasitas
Prevalencia De EnteroparasitasPrevalencia De Enteroparasitas
Prevalencia De Enteroparasitas
 
Leptospirose
LeptospiroseLeptospirose
Leptospirose
 
Neosporose em rebanhos bovinos leiteiros
Neosporose em rebanhos bovinos leiteirosNeosporose em rebanhos bovinos leiteiros
Neosporose em rebanhos bovinos leiteiros
 
Artigo identificação bovicola caprae
Artigo identificação bovicola capraeArtigo identificação bovicola caprae
Artigo identificação bovicola caprae
 
Ancylostomidae2
Ancylostomidae2Ancylostomidae2
Ancylostomidae2
 
01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld
01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld
01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld
 
Documento2
Documento2Documento2
Documento2
 
Endoparasitoses caes monte negro 2006
Endoparasitoses caes monte negro 2006Endoparasitoses caes monte negro 2006
Endoparasitoses caes monte negro 2006
 
[Aguiar,2007]773 3024-2-pb
[Aguiar,2007]773 3024-2-pb[Aguiar,2007]773 3024-2-pb
[Aguiar,2007]773 3024-2-pb
 
Resumo para mesa redonda - Oropouche
Resumo para mesa redonda - OropoucheResumo para mesa redonda - Oropouche
Resumo para mesa redonda - Oropouche
 

Anaplasmose

  • 1. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14) 3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral ANAPLASMOSE BOVINA – RELATO DE CASO TERUEL, Geicielle Menezes SANTOS, Mariana Soares Pereira GOMES, Ivy Tasso ASTRAUSKAS, Jefferson Pereira NAGASHIMA, Júlio César Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária da FAMED/ACEG – Garça – SP e-mail: geicielle_mt@hotmail.com SACCO, Soraya Regina AVANZA, Marcel F. B. BATISTA, José Carlos Docente do Curso de Medicina Veterinária da FAMED/ACEG – Garça - SP e-mail: soraya_sacco@rocketmail.com RESUMO A anaplasmose é uma doença parasitária infecciosa que acomete bovinos, ovinos e caprinos, causada pela bactéria Anaplasma marginale, que parasita os glóbulos vermelhos destas espécies. Em ovinos e caprinos, sua manifestação é subclínica. No entanto, sua ocorrência na forma clínica em bovinos possui grande importância econômica por atraso no desenvolvimento e, não raramente, morte dos animais, tanto em rebanhos puros quanto em mestiços europeus. Sua transmissão pode ser feita por carrapatos, moscas hemotófagas e agulhas contaminadas. Os principais sinais clínicos da anaplasmose em bovinos são: debilidade, febre, anemia e icterícia. Esta doença, que normalmente caracteriza a segunda etapa da Tristeza Parasitária Bovina, não raro pode se manifestar independentemente da babesiose. O objetivo deste trabalho foi realizar um relato de caso de Anaplasmose em uma vaca, Jersey, de dois anos e meio, com intuito de esclarecer a respeito da importância do diagnóstico laboratorial e do acompanhamento do animal com seguidos exames de sangue, visando um correto tratamento e um bom prognóstico. Palavras-chave: Anaplasma, bovinos, diagnóstico, Jersey. Tema Central: Medicina Veterinária ABSTRACT The anaplasmosis is an infectious parasitic disease that affects cattle, sheep and goats, caused by the bacterium Anaplasma marginale, which the cells of these parasite species. In sheep and goats, their expression is subclinical. However, their occurrence in clinical form in cattle has great economic importance for delay in development and, not infrequently, death of animals, both in pure and in crossbred herds Europeans. Its transmission can be done by ticks, haematophagy flies and contaminated needles. The main clinical signs of anaplasmosis in cattle are: weakness, fever, anemia and jaundice. This disease, which typically characterizes the second stage of Bovine Parasitic Sadness, often can manisfestar is independent of babesiosis. The objective of this study was a case report of anaplasmosis in a cow, Jersey, 2 years and six month in order to clarify about the importance of laboratory diagnosis and monitoring of animal blood tests followed, to a correct treatment and a good prognosis. Keywords: Anaplasma, cattle, diagnosis, Jersey. 1. INTRODUÇÃO Anaplasmose bovina é uma infecção causada por Anaplasma marginale (THEILER, 1910) e Anaplasma centrale (THEILER, 1911), bactérias da família Anaplasmataceae, a espécie mais patogênica e de maior importância para bovinos é
  • 2. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14) 3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral o Anaplasma marginale, que está amplamente distribuída nas regiões tropicais, subtropicais e temperada do mundo (PALMER, 1989). A transmissão biológica de A. marginale já foi demonstrada experimentalmente em mais de 20 espécies de carrapatos ixodídeos (KOCAN et al. 1992; STILLER E COAN, 1995; KOCAN et al., 2004), mas a relevância de cada uma dessas espécies na transmissão, sob condições naturais, ainda não está bem definida (GONÇALVES-RUIZ et al., 2002). No Brasil, onde o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus ocorre de forma endêmica, as evidências epidemiológicas sugerem ser ele o principal vetor de A. marginale (GUGLIELMONE, 1995, KESSLER, 2001). Os carrapatos podem transmitir agentes patogênicos pelas vias transovariana, transestadial ou intraestadial, apesar de o carrapato R. (B.) microplus ser um parasita monoxeno e realizar as ecdises sobre o hospedeiro, admite-se que a transmissão transestadial (de larvas para ninfas e de ninfas para adultos) possa ocorrer, pois os carrapatos mudam freqüentemente de hospedeiro ao se deslocarem do local de fixação do instar anterior para fixar-se e reiniciar a alimentação do novo instar (KESSLER, 2001). Outro tipo é a transmissão mecânica, essa pode ser efetuada por insetos hematófagos e por materiais como agulhas e, bisturis, contaminados por sangue (KOCAN et al., 2005). Além de tantas essas formas de transmissão, existe ainda, a via transplacentária, que é outra forma referida de transmissão de A. marginale, cuja importância epidemiológica carece de melhor definição. A maioria dos relatos de transmissão congênita refere-se a casos em que bezerros recém-nascidos desenvolveram doença hemolítica grave (PAINE e MILLER, 1977; NORTON et al. 1983; PASSOS e LIMA, 1984). A infecção pelo microorganismo pode causar anemia hemolítica extravascular, o mecanismo fisiopatogênico da anemia pode ser imunomediado com formação de anticorpos contra os microorganismos, complexos imunes que se ligam às hemácias, resultando em fagocitose por macrófagos (RIBEIRO et al., 1995).
  • 3. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14) 3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral Na fase aguda da doença, quando a parasitemia é alta, Anaplasma spp. é facilmente detectados nos eritrócitos de bovinos, através de esfregaços sangüíneos delgados corados pelo método de Giemsa (FAO, 1993; FARIAS 1995). O diagnóstico anátomo-patológico é efetuado através de necropsia, para observação das alterações presentes no animal. As alterações macroscópicas mais observadas são: sangue fino e aquoso, mucosas e serosas anêmicas ou ictéricas, hepatoesplenomegalia, rins aumentados e escuros, vesícula biliar distendida com bile densa, grumosa e congestão cerebral. Os sinais são bastante variáveis, dependendo da cepa do agente e susceptibilidade do hospedeiro, necessitando de um diagnóstico laboratorial mais detalhado, para identificação da bactéria e pesquisa de anticorpos contra A. marginale (RIBEIRO et al., 1995). Para se estabelecer um programa de controle da anaplasmose, faz-se necessário o conhecimento epidemiológico dessa enfermidade. A situação epidemiológica de determinada área pode ser caracterizada, principalmente, de três formas: áreas de estabilidade enzoótica, instabilidade enzoótica e situação de área marginal (MAHONEY, 1975; KESSLER et al., 1992). No tratamento, utilizam-se tetraciclinas e imidocarb. Os bovinos podem ficar esterilizados com esse tratamento e permanecem subsequentemente imunes à Anaplasmose grave por volta de oito meses. A imunidade de longa duração contra A. Marginale é conferida por pré-imunização com o parasita vivo, combinada com o uso de quimioterapia para controlar reações severas (GALE, 2001). 2. CONTEÚDO Em março de 2009, foi atendida no hospital veterinário, na Clínica de animais de porte grande uma fêmea, bovina, pelagem parda, raça Jersey de dois anos e seis meses, apresentando queda na produção leiteira, emagrecimento, fezes de coloração alaranjada e anorexia. A alimentação do animal é composta por silagem de milho, ração e pasto (Cynodon dactylon), havia sido vermifugado (ivermectina), vacinado contra aftosa e clostridioses e apresentava ectoparasitas. Ao exame físico apresentava taquipnéia (frequência respiratória de 80 mpm) e cansaço fácil. A temperatura estava 40.7 °C, mucosas pálidas e ictéricas. A auscutação
  • 4. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14) 3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral cardíaca apresentava freqüência aumentada (120 bpm), sopro sistólico grau dois em foco tricúspide (sopro anêmico). No dia 26/03/09, foram solicitados os seguintes exames complementares ao animal: hemograma completo, fibrinogênio, uréia, creatina, proteína total, albumina, aspartato aminotrasferase (AST), gama glutamiltransferase (GGT), sendo os resultados dispostos nas tabelas 1 e 2 abaixo. Animal apresentava anemia acentuada com anisocitose e policromasia, hipoproteinemia e plasma ictérico. No leucograma constatou-se leucocitose com desvio a esquerda, linfocitose e monocitose. Além disso, foi encontrado Anaplasma marginale em sangue periférico, com isso fechou-se o diagnóstico. Tabela 1. Valores dos resultados do hemograma do dia 26/03/09. ERITOGRAMA LEUCOGRAMA Hemácias 2.390.000/uL Leucócitos 24.400/uL Hemoglobina 3,2 g/dL % Absoluto/uL Hematócrito 10 % Bastonetes 02 448 VCM 41fl Segmentados 13 3.172 CHCM 32% Linfócitos 67 16.348 Proteína plasmática 5,6 g/dL Monócitos 12 2.928 Fribrinogênio 400 mg/dL Eosinófilos 06 1.464 Plaquetas 165.000/uL Pesquisa de Hematozoários: Presença de Anaplasma marginale. Observação: Plasma ictérico (+++). Acentuada anisocitose e policromasia. Tabela 2. Valores dos resultados dos bioquímicos do dia 26/03/09. EXAME RESULTADO Uréia (mmol/L) 32,87 mg/dL Cretinina (mol/L) 1,02 mg/dL Proteína total (g/L) 4,63 g/dL Albumina (g/L) 2,52 g/dL AST (U/L) 40,62 UI/L Gama GT (U/L) 40,29 IL/L
  • 5. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14) 3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral A uréia e a creatina apresentavam-se normais. A proteína estava baixa por diminuição da albumina. Havia aumento das enzimas hepáticas (AST e GGT) indicando hepatopatia com concomitante. O tratamento instituído foi oxitetraciclina 20 mg/kg/IM/de 48/48h por quatro aplicações; Ganaseg® 3,5 mg/kg/IM em dose única; transfusão sanguínea (2L de sangue com hematócrito 26%); dexametazona 0,05 mg/kg/IV em dose única; e complementos vitamínicos: Mercepton® (Bravet LTDA., Rio de Janeiro - RJ), Stimosoro® (JP Indústria farmacêutica SA., Ribeirão Preto-SP) e vitamina B12. O animal retornou no dia 29/03/09, com hiporexia, não acompanhava os outros animais do rebanho, e não ruminava. As mucosas permaneciam pálidas e ictéricas, por isso repetiu-se o hemograma, disposto na tabela 3. Tabela 3. Valores dos resultados do hemograma do dia 31/03/09. ERITOGRAMA LEUCOGRAMA Hemácias 1.200.000/uL Leucócitos 20.890/uL Hemoglobina 3,0 g/dL % Absoluto/uL Hematócrito 10% Bastonetes 01 209 VCM 83 fl Segmentados 30 6.267 CHCM 30% Linfócitos 55 11.490 Proteína plasmática 5,8 g/dL Monócitos 12 2.507 Fibrinogênio 600 mg/dL Eosinófilos 02 408 Metarrubrícitos: 23 em 100 leucócitos Observação: Acentuada anisocitose e policromasia. Presença de corpúsculos de Howell-Jolly. Sem melhora evidente no hematócrito (VG), mas apresentando boa resposta da medula óssea com metarrubrícitos, acentuada anisocitose e policromase e presença de corpúsculo de Howell-Jolly, repetiu-se o VG no dia 01/04/09, estando este a 13%. No dia 06/04/09, fez-se o último hemograma apresentado na tabela 4 abaixo: Tabela 4. Valores dos resultados do hemograma do dia 06/04/09. ERITOGRAMA LEUCOGRAMA Hemácias 2.190.000/uL Leucócitos 10.925 uL Hemoglobina 5,3 g/dL % Absoluto /uL
  • 6. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14) 3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral Hematócrito 17 % Segmentados 17 1.878 VCM 77 fl Linfócitos 70 7.648 CHCM 31 % Monócitos 11 1.202 Proteína plasmática 5,8 g/dL Eosinófilos 02 219 Fribrinogênio 400 mg/dL Pesquisa de hematozoários: Não foram encontrados. Observação: Acentuada anisocitose e policromasia. Observou-se então, que o animal apresentava significativa melhora após aproximadamente dez dias da instituição do tratamento. 3. CONCLUSÃO Após a contaminação do animal pela Anaplasmose, que ocorre principalmente, através da picada do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus, segue-se uma série de alterações relevantes no que se diz respeito à saúde do animal, contatando-se anemia, icterícia, emagrecimento, entre outros; que sugerem a realização imediata do tratamento, devido à velocidade com que está doença pode levar o animal a óbito. Mas com um diagnóstico clínico e laboratorial precoce e uma correta intervenção feita pelo Médico Veterinário, como ocorreu no caso descrito, o resultado obtido foi de significativa melhora, podendo proporcionar o rápido retorno do animal ao pasto. 4. REFERÊNCIAS ERIKS, I.S., STILLER, D., PALMER, G.H., et al. Impact of persistent Anaplasma marginale Rickettsemia on Tick infection and Transmiss. J Clin Microbiol v.31, n.8, p.2091-2096, 1993. FAO. Ticks and tick-borne diseases control. A practical field manual. v.II, Rome, p. 301- 621, 1984. GUGLIELMONE, A. Epidemiologia y prevencion de los Hemoparasitos (Babesia y Anaplasma) en la Argentina. In: NARI, A., FIEL, C. Enfermidades parasitarias de importância econômica en bovinos. Montevideo, Uruguay :Hemisferio Sur, 1994. cap.23, p.460-479.
  • 7. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14) 3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano VII – Número 13 – Julho de 2009 – Periódicos Semestral JAMES, M.A., CORONADO, A., LOPEZ, W., et al. Seroepidemiology of bovine anaplasmosis and babesiosis in Venezuela. Trop Anim Hlth Prod, v.17, p.9-18, 1985. KESSLER, R.H.; SCHENK, M.A.M. Diagnóstico parasitológico da tristeza parasitária bovina. In: Carrapato, Tristeza Parasitária e Tripanossomose dos Bovinos. EMBRAPA Gado de Corte. p.81-90, 1998b. KLAUS, G.G.B., JONES, E.W. The immunoglobulin response in intact and splenectomized calves infected with Anaplasma marginale. J. Immunol, v.100, n.5, p.991- 999, 1968. KOCAN KM, YOSHIOKA J, SONENSHINE DE, DE LA FUENTE J, CERAUL SM, BLOUIN EF, ALMAZAN C. Capillary tube feeding system for studying tick-pathogen interactions of Dermacentor variabilis (Acari: Ixodidae) and Anaplasma marginale (Rickettsiales: Anaplasmataceae). J Med Entomol. v.42, n.5, p.864-74, 2005 PALMER, G.H. Anaplasma vaccines. In: WRIGHT, I.G. Veterinary protozoan and hemoparasite vacines. Boca Raton, Flórida : CR, 1989. cap.1, p.1-29. RIBEIRO, M. F. B. ; LIMA, J. D. ; GUIMARAES, A. M. ; SCATAMBURLO, M. A. ; MARTINS, N. E. . Transmissão congênita da anaplasmose bovina. Arq. Bras. de Med. Vet. e Zootec., v. 47, n. 3, p. 297-304, 1995.