SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 12
Baixar para ler offline
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007                   http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940



     Quadro clínico de cães infectados naturalmente por Leishmania chagasi em uma área
                             endêmica do estado da Bahia, Brasil


     Clinical profile of naturally infected dogs from an endemic area for “Leishmania chagasi”
                                    (infantum) in Bahia State, Brazil


   AGUIAR, Paulo Henrique Palis 1; SANTOS, Silvana Ornelas 2; PINHEIRO, Alisson
   Azevedo 2; BITTENCOURT, Diana Velloso Vianna 2; COSTA, Rafael Lyra Gaspar 2;
JULIÃO, Fred da Silva 2; SANTOS, Washington Luis Conrado 3; BARROUIN-MELO, Stella
                                      Maria 1

1-
   Departamento de Patologia e Clínicas, Escola de Medicina Veterinária, UFBA, Brasil.
2-
   Laboratório de Infectologia Veterinária, Escola de Medicina Veterinária, UFBA, Brasil.
3-
   Laboratório de Engenharia Tecidual e Imunofarmacologia, FIOCRUZ, Brasil.
*
  Endereço para correspondência: sicavet@yahoo.com.br



RESUMO                                                      SUMMARY

A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma                  The purpose of this study was to report a
zoonose de importância em Saúde Pública, causada            description of the clinical profile of naturally
no Novo Mundo pela Leishmania chagasi e é                   infected dogs from an endemic area for Leishmania
associada a uma doença sistêmica crônica à qual se          chagasi (infantum)-caused visceral leishmaniosis in
atribui uma gama variada de sinais clínicos. Foram          Brazil, where a wide range of clinical signs are
examinados 61 cães, identificados como                      attributed to the infection in dogs. Sixty one dogs,
soropositivos pelo teste ELISA indireto para                seropositives for anti-L. chagasi antibodies by
anticorpos anti-Leishmania, provenientes do                 ELISA, from the urban and peri urban areas of
município de Jequié, área endêmica para LVC na              Jequie, in Bahia State were studied. Each clinical
Bahia, tendo-se como o objetivo delinear o perfil           sign of disease was recorded. Parasitological
clínico dos animais infectados. Os caninos foram            diagnosis of Leishmania infection was positive by
submetidos ao exame físico e estudo parasitológico          culture of spleen aspirated samples in 21.3 %
por cultivo do parasito em amostras de aspirado             (13/61) seropositive dogs, although all of them
esplênico. Todos os cães foram classificados como           (100%) were defined as symptomatic by physical
sintomáticos, sendo 13 positivos ao exame                   examination. A positive statistical correlation was
parasitológico. Foi encontrada correlação entre os          found between seropositivity with high levels of
resultados positivos de cultura esplênica e a               optical density (above 1.0) in ELISA and presence
densidade óptica obtida no ELISA dos cães                   of parasites in culture of spleen aspirates (r=0.8555;
estudados (r=0,8555; p=0,00327) e entre os                  p=0.00327), cutaneous disease (p=0.0402),
resultados de ELISA e a presença de alterações              conjunctivitis (p=0.050), enlargement of spleen
cutâneas (p=0,0402), conjuntivite (p=0,050),                (p=0.0272) and lameness (p=0.0256). A tendency
esplenomegalia (p=0,0272) e dificuldade de                  of lowered red blood cell counts was also found
locomoção (p=0,0256), além de tendência à                   among animals with higher seropositivity. The
redução no número de hemácias nos animais.                  group of animals with positive parasitological tests
Observaram-se positividade na cultura e alterações          presented more mucosal lesions (p=0.0106), apathy
das mucosas (p=0,0106), apatia (p=0,0469),                  (p=0.0469), and leucocytosis with left deviation
aumento de bastonetes (p=0,0224) e leucocitose              (p=0.0224). The conjunct of clinical alterations
com desvio à esquerda. O conjunto de sinais                 associated to positive serological or parasitological
clínicos encontrados mostrou-se equivalente aos             diagnosis for Leishmania chagasi infection were
sinais descritos na literatura em cães infectados por       similar to the reported signs of disease caused by L
L. infantum e L. donovani nos países do velho               infantum and L. donovani in Old World countries.
mundo.
                                                            Key words: dog, clinical profile, Leishmania
Palavras-chave: cão, Leishmania chagasi, perfil             infantum/chaga,
clínico

                                                                                                              283
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007             http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940



INTRODUÇÃO                                                A LVC é considerada uma doença
                                                          imunomediada, devido à capacidade do
                                                          parasito de modificar o sistema
Atualmente, a leishmaniose encontra-se                    imunológico do hospedeiro (PINELLI et
entre as seis endemias consideradas                       al., 1994). O parasito multiplica-se dentro
prioritárias no mundo (BRASIL, 2003). No                  dos macrófagos, causando uma inflamação
Brasil, onde ocorrem cerca de 90% dos                     crônica associada à intensa resposta
casos de leishmaniose visceral (LV)                       policlonal     de      células      B.     A
humana relatados nas Américas Central e                   hipergamaglobulinemia resultante leva á
do Sul, cães domésticos e raposas                         deposição de imunocomplexos e á ativação
(Cerdocyon thous e Dusycion vetulus) são                  do sistema complemento nos tecidos, que
considerados os principais reservatórios                  culmina com vasculite, uveíte, artrite,
naturais do parasito (DEANE et al., 1955;                 dermatite          e,          especialmente
COURTENAY et al., 1996). A doença é                       glomerulonefrite e falha renal (LOPEZ et
causada pela Leishmania infantum, na                      al., 1993; IKEDA et al., 2003).
Europa, e pela Leishmania chagasi, nas                    O quadro clínico que se segue é grave,
Américas, sendo ambas pertencentes ao                     comprometendo a sobrevida do cão e o
complexo Leishmania donovani (WHO,                        tratamento com antimoniais e outros
1990). Alguns estudos indicam que a                       fármacos freqüentemente resulta em falha
introdução do parasito nas Américas                       (AMUSATEGUI et al., 1998). O período
deveu-se à colonização européia, uma vez                  de incubação da infecção até o
que há evidências de que L. chagasi e L.                  aparecimento dos sinais pode levar de
infantum pertençam à mesma espécie                        poucos meses a anos (PARANHOS-
(MAURÍCIO et al., 2001). O parasito é                     SILVA et al., 1996). Os cães infectados
transmitido para o homem e para os                        pela Leishmania chagasi apresentam um
animais através da picada de mosquitos do                 espectro de características clínicas, que
gênero Lutzomyia no Novo Mundo e                          varia do aparente estado sadio à caquexia
Phlebotomus        no     Velho     Mundo                 no estágio final. A infecção evolui para os
(CIARAMELLA et al., 1997).                                estados latente ou patente que, por sua vez,
A infecção canina no Brasil coexiste com a                em períodos variáveis de semanas, meses
doença humana em todos os focos                           ou anos, podem evoluir para a forma
conhecidos.      Do    ponto    de     vista              aguda, subaguda, crônica ou regressiva
epidemiológico, a doença canina é                         (MARZOCHI et al., 1985).
considerada de grande importância, pois há                Os estudos clínicos reportados em vários
um grande contingente de animais                          países na Europa e nas Américas não
assintomáticos albergando parasitos na                    identificam predisposição racial, apesar de
derme (MARZOCHI et al., 1985). Casos                      haver aparente predominância de raças de
de LV humana e LV canina já foram                         grande porte, utilizadas com certa
notificados em 19 estados brasileiros,                    freqüência em atividades realizadas no
sendo as principais áreas endêmicas                       ambiente externo, como caça ou guarda,
localizadas no Nordeste (MOURA et al.,                    estando esses animais naturalmente mais
2002). Medidas profiláticas de controle                   expostos aos vetores da infecção. Nesse
vêm sendo aplicadas nas áreas de risco,                   contexto, não foi verificada predisposição
observando-se o declínio da LVC em                        associada     à     idade      ou      gênero
alguns anos, porém, desde 1988, a doença                  (ABRANCHES et al., 1991; KOUTINAS
encontra-se      em    franca    expansão,                et al., 1995; FRANÇA-SILVA et al.,
principalmente em áreas suburbanas dos                    2003).
municípios localizados nas regiões                        O diagnóstico clínico da leishmaniose
sudoeste, centro-oeste e norte do estado da               canina pode ser difícil devido à grande
Bahia (BRASIL, 2003).                                     variedade de sintomas clínicos. Alguns

                                                                                                  284
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007             http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940


sinais podem ocorrer de forma semelhante                  imunohistoquímica ou a reação em cadeia
ou concomitante com outras doenças                        da polimerase (PCR).
infecciosas       ou      linfoproliferativas             Não há sinais clínicos marcadores de risco
(SLAPPENDEL & GREENE, 1990;                               que permitam determinar se um indivíduo
ABRANCHES et al., 1991; KONTOS e                          infectado poderá evolução da doença,
KOUTINAS, 1993). De modo geral, os                        permitindo assim uma intervenção. Neste
animais desenvolvem um processo                           estudo, foram classificados uma série de
debilitante,          crônico,           com              achados clínicos em cães de uma área
linfoadenomegalia generalizada, anemia,                   endêmica no estado da Bahia, segundo
lesões       cutâneas     ulcerativas      ou             parasitismo esplênico e soropositividade
descamativas e glomerulonefrite com                       para anticorpos anti-Leishmania, sendo
proteinúria. Blefarite, úlcera e edema de                 traçados perfis clínicos equivalentes a
córnea, conjuntivite e uveíte são comuns.                 marcadores     clínicos,  utilizados    no
Sinais inespecíficos como perda de peso                   diagnóstico precoce da doença.
progressiva, apesar de apetite normal, e
distúrbios locomotores associados à
fraqueza muscular são também comumente                    MATERIAL E MÉTODOS
relatados. A suspeita clínica da infecção é
mais facilmente levantada e confirmada
quando         o      animal       apresenta              O município de Jequié apresenta uma série
simultaneamente vários sinais, mas quando                 de aspectos que caracterizam o caráter
há envolvimento de apenas um sistema ou                   endêmo-epidêmico da LVC na região. São
quando ocorrem lesões atípicas ou                         observados: crescente número de casos da
incomuns, o diagnóstico torna-se bastante                 doença em áreas de ocupação recente pelo
difícil. A presença de proteinúria e                      estabelecimento        de      aglomerados
alterações nas proporções de proteínas                    habitacionais, a interferência no equilíbrio
plasmáticas pela eletroforese, como a                     ecológico pelo deslocamento e/ou extinção
hiperproteinemia com hipoalbuminemia e                    da fauna pela destruição dos habitats
elevação das frações alfa-2, beta e                       naturais. A área localiza-se no sudoeste do
gamaglobulinas são dados que orientam,                    Estado da Bahia, sendo seu principal
mas não definem o diagnóstico.                            município Jequié, que dista 189 km da
Testes sorológicos têm sido utilizados para               capital situada a 13º 52’ S e 40º 04’ W.
detecção de anticorpos específicos, entre                 Com população total de 147.115 habitantes
eles, a imunofluorescência indireta (IFI)                 em 2000, sendo que 130.207 (88,51%)
(ABRANCHES et al., 1991; PARANHOS-                        vivem em áreas urbanas e 16.908 (11,49%)
SILVA et al., 1996), o ensaio                             em áreas rurais. A região é entremeada por
imunoenzimático (ELISA) (DYE et al.,                      pequenas serras e morros, recobertos de
1993; BADARÓ et al., 1996) e a                            vegetação do tipo higrófilo-megatérmico,
aglutinação direta (DAT) (DYE et al.,                     representada por caatingas e capoeiras,
1993; FERRER et al., 1995). A experiência                 com poucas áreas cobertas por floresta
clínica, em países onde a doença é                        tropical ou mata. A região apresenta clima
endêmica, demonstra que alguns animais                    tropical semi-árido, com temperatura
infectados apresentam respostas negativas                 média anual de 24 ºC e pluviosidade anual
à sorologia (FERRER et al., 1995;                         de 500 mm. Além da precipitação de chuva
Paranhos-Silva et al., 1996). Reações                     ser muito baixa, a zona é periodicamente
cruzadas com outras infecções nos testes                  assolada pelas secas. Este estudo foi
sorológicos,       comumente,         tornam              realizado em parceria com o Centro de
necessária a confirmação da infecção com                  Referência em Doenças Endêmicas Pirajá
outros métodos, como o cultivo, a                         da Silva, o CERDEPS/PIEJ – SESAB
                                                          (Secretaria da Saúde do Estado da Bahia)
                                                          onde desenvolvem-se atividades de
                                                                                                   285
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007             http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940


prevenção e controle da leishmaniose                      linfonodos e do baço, além de histórico e
tegumentar e visceral. A partir do estudo                 evidências clínicas de outras infecções
epidemiológico realizado por Paranhos-                    foram      detalhadamente      pesquisados.
Silva et al. (1996), na cidade de Jequié, a               Amostras de sangue com EDTA foram
prevalência estimada da doença situa-se                   obtidas para realização de hemograma de
em torno de 20%. O município foi                          todos os animais estudados por punção na
subdividido em áreas urbanas e                            veia cefálica (5,0 mL de cada animal).
periurbanas habitadas em 140 clusters de                  Amostras foram também coletadas sem
0,25 km2. Neste trabalho foi estudado o                   anti-coagulante para separação de soro
bairro de Vera Cruz, sendo realizadas duas                para teste sorológico.
intervenções com intervalo de um ano, em                  O sorodiagnóstico da infecção para
que os cães foram selecionados                            pesquisa de anticorpos anti-Leishmania por
aleatoriamente,     incluindo-se   animais                meio de ELISA indireto, utilizando-se
domiciliados e errantes.                                  antígenos solúveis de L. chagasi, em
Foi realizado um censo completo na área                   método descrito previamente (Paranhos-
escolhida, em um estudo de coorte                         Silva et al., 1996) foi realizado no
transversal pelo método ELISA indireto                    Laboratório de Infectologia Veterinária
para anticorpos anti-Leishmania voltado à                 (LIVE – Escola de Medicina Veterinária –
identificação dos grupos soropositivos e                  UFBA). Para obtenção do antígeno, foi
soronegativos provenientes do município                   utilizado um cultivo obtido a partir de
de Jequié (PARANHOS-SILVA et al.,                         isolado local de Leishmania, caracterizado
1996). Os animais soropositivos foram                     como L. chagasi por técnica de
submetidos à punção esplênica para                        identificação isoenzimática e comparação
realização do diagnóstico parasitológico e                com uma cepa de referência (LTCC -
subdivididos em dois novos grupos:                        Leishmania Typing Culture Collection -
animais parasitologicamente positivos e                   WDCM731). O antígeno se consistiu na
negativos em cultura. Os animais de cada                  fração solúvel (sobrenadante resultante de
grupo foram avaliados e os achados                        centrifugação a 10.000 g durante 30
clínicos catalogados em fichas clínicas                   minutos) de um lisado total de formas
individuais. De acordo com as normas da                   promastigotas do parasito. Todos os testes
Vigilância Sanitária do município, os cães                foram feitos em triplicata e os valores
soropositivos foram sacrificados e os                     médios de densidade óptica (DO) acima do
soronegativos mantidos em domicílios e                    ponto de corte foram considerados
acompanhados por um período de um ano,                    resultados positivos. A determinação dos
sendo realizada posteriormente uma nova                   valores de DO para ponto de corte foi feita
triagem sorológica e parasitológica. Todos                utilizando-se a curva ROC (Receiver
os procedimentos descritos, envolvendo                    Operating Characteristics), desenhada com
animais, estão de acordo com as normas                    os valores de absorvância obtidos com os
definidas pelo comitê de Ética em                         soros de 30 cães comprovadamente
Experimentação Animal da Fundação                         positivos para infecção por L. chagasi, em
Oswaldo Cruz, Bahia, Brasil.                              testes sorológico e parasitológico, e de 71
Todos os cães foram examinados para                       cães sadios, não infectados provenientes de
verificação e catalogação quantitativa e                  áreas não-endêmicas segundo Griner et
qualitativa    de     alterações   clínicas.              al.(1981).
Alterações cutâneas, na cor e integridade                 Os animais foram tranqüilizados por meio
das mucosas, crescimento anormal das                      de uma injeção intravenosa com 0,5 mg/kg
unhas, alterações oculares e palpebrais,                  de acepromazina e posicionados em
presença de secreções anormais, perda de                  decúbito lateral direito. A epilação foi
peso, alterações comportamentais e do                     realizada no local da punção e a anti-sepsia
estado geral, alteração no tamanho dos                    com solução a 0,5 % álcool-iodado. A

                                                                                                   286
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007             http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940


punção esplênica foi realizada no flanco                  positivos de cultura esplênica e a
esquerdo dos animais, um pouco abaixo da                  densidade óptica obtida no ELISA dos cães
última costela, utilizando-se agulha 40 x 12              estudados (r=0,8555; p=0,00327).
mm e seringa de 10 mL (Barrouin-Melo et                   Os animais foram divididos em dois
al., 2006). As amostras (100 a 200 µL)                    grupos, de acordo com os resultados do
foram colocadas, em cultivo, em um meio                   teste sorológico e parasitológico em: grupo
bifásico contendo 1,5 mL de meio sólido                   1 (13 cães ELISA positivo e parasitológico
(ágar-sangue) acrescido com 2 mL de meio                  positivo) e grupo 2 (48 cães ELISA
Schneider’s (Sigma, USA) e suplementado                   positivo e parasitológico negativo).
com 20 % de soro bovino fetal (Sigma,                     Todos os animais estudados foram
USA). As amostras foram mantidas em                       classificados como sintomáticos por meio
cultivo a 23°C e examinadas semanalmente                  da avaliação clínico-patológica para
sob microscopia óptica durante um mês.                    estabelecimento dos padrões de resposta
 Foi analisada a correlação entre os sinais               orgânica à infecção e alterações clínicas.
clínicos apresentados e a técnica ELISA e                 Os animais estudados apresentaram
cultura de parasitos, sendo os dados                      condições clínicas que variaram de
obtidos avaliados estatisticamente pelo                   oligossintomático (39/61, 65% cães -
método      Qui-quadrado,      através    do              aqueles com três sinais clínicos no
programa SPSS (versão 10), considerando-                  máximo, incluindo pêlos opacos e/ou
se um intervalo de confiança de 95% (p<                   alopecia localizada e/ou perda de peso
0,05).                                                    moderada) a polissintomáticos (21/61, 35%
                                                          cães - aqueles com sinais clínicos
                                                          característicos da leishmaniose visceral,
RESULTADOS E DISCUSSÃO                                    tais como pêlos opacos, perda de peso
                                                          severa, onicogrifose, lesões cutâneas,
                                                          apatia e ceratoconjuntivite).
Um total de 61 cães identificados como                    O conjunto de sinais clínicos encontrados
soropositivos pelo teste ELISA, indireto                  mostrou-se equivalente aos sinais descritos
para anticorpos anti-Leishmania, foram                    na literatura relativa a cães infectados por
examinados clínica e parasitologicamente,                 L. infantum e L. donovani em países do
sendo 24 cães selecionados no primeiro                    velho mundo. A distribuição de cães com
inquérito sorológico e 37 no segundo. O                   parasitismo comprovado entre os grupos de
teste ELISA indireto identificou cães que                 cães     soropositivos     com     diferentes
apresentaram resposta humoral específica                  condições clínicas está demonstrada na
contra os antígenos de Leishmania                         Tabela 1.
presentes na fração solúvel, estando de                   Os principais sinais clínicos observados
acordo com a prevalência estimada de                      nos animais com positividade aos
23,5% para a área estudada, como citado                   resultados de ELISA foram alterações
anteriormente por Paranhos-Silva et al.                   cutâneas       (p=0,0402),       conjuntivite
(1996).                                                   (p=0,050), esplenomegalia (p=0,0272) e
Os exames parasitológicos por cultivo de                  dificuldade      locomoção       (p=0,0256).
aspirados     esplênicos     dos    animais               Observou-se também uma tendência à
soropositivos identificaram parasitos em                  redução no número de hemácias nos
13 cães (13/61, 21,3%). Observou-se uma                   animais.
correlação significativa entre os resultados




                                                                                                   287
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007             http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940



  Tabela 1. Achados clínicos observados em animais soropositivos para anticorpos anti-L.
            chagasi em relação a positividade no teste parasitológico

                                       Grupo 1 (13 cães) ELISA       Grupo 2 (48 cães) ELISA
  Sinais clínicos observados           positivo /Cultura positiva    positivo/Cultura negativa
                                                               % Animais
  Emaciação                                       61,6                         27,1
  Febre                                           69,2                         39,6
  Apatia                                          46,2                         16,7
  Anemia                                          46,2                         20,8
  Linfoadenomegalia                               38,5                         62,5
  Esplenomegalia                                  23,1                         14,6
  Alterações Cutâneas                            100,0                         100,0
  Alterações Oculares                             53,9                         41,7
  Alterações Locomotoras                          23,1                           8,3
  Alterações Neurológicas                         30,8                           8,3
  Alterações Digestivas                           38,5                          45,8


Nos animais positivos para o exame                        pelo estímulo da matriz ungueal pelo
parasitológico, constatou-se a ocorrência                 parasito, ou pela apatia do cão, que leva a
dos seguintes sinais clínicos: alterações de              uma diminuição do desgaste natural das
mucosas (anemia) (p=0,0106), apatia                       unhas (SILVA et al., 2001).
(p=0,0469) e aumento de bastonetes                        De fato, o perfil dos cães examinados no
(p=0,0224). Com base nos resultados de                    presente estudo caracteriza uma população
hemograma, foi observada uma correlação                   de área endêmica para leishmaniose
entre leucocitose (r=0,4873, p< 0,0362) e                 visceral canina. Os achados clínicos
os achados de cultura positiva.                           obtidos assemelham-se aos achados
Nos animais com sorologia e parasitologia                 reportados por outros autores em outras
positivas, observaram-se anemia (46,2%                    áreas endêmicas (ABRANCHES et al.,
dos animais), linfoadenomegalia (38,5%),                  1991; BLAVIER et al., 2001; FRANÇA-
esplenomegalia       (23,1%),      alterações             SILVA et al., 2003; BORJA-CABRERA et
oculares (caracterizadas por conjuntivite,                al., 2004). A maior parte dos animais
ceratite, ceratoconjuntivite seca, blefarite e            infectados apresentou sinais clínicos
uveíte em 53,9%), alterações locomotoras                  cutâneos, em mucosas, oculares e
(23,1%) e alterações cutâneas (100%)                      perioculares, assim como evidências de
(Tabela 1). A presença de uma ou mais                     anemia que os animais soropositivos sem
alterações cutâneas caracterizadas por                    achados positivos em cultivos.
alopecia, despigmentação, descamação,                     Alguns sinais clínicos observados como
lesões ulcerativas, formação de nódulos ou                problemas locomotores caracterizados por
pústulas particularmente no focinho e                     dificuldade de locomoção, claudicação,
lábios foram observadas em todos os                       atrofia muscular e intolerância ao
animais dos dois grupos estudados.                        exercício, assim como as alterações
Um percentual de 30,8% dos cães                           oculares, conjuntivite, edema de córnea e
apresentou onicogrifose, no presente                      opacidade da córnea, além das alterações
estudo. A maioria dos animais (50,1%) que                 cutâneas foram comuns nos animais
apresentaram crescimento exagerado das                    examinados no presente estudo, descritos
unhas demonstraram também emaciação,                      também por outros autores (KONTOS e
apatia e problemas locomotores. O                         KOUTINAS, 1993; LOPEZ et al., 1993).
crescimento anormal das unhas é explicado
                                                                                                   288
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007             http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940


No presente estudo, os linfonodos mais                    1994) e pneumonite intersticial (DUARTE
comumente afetados foram os poplíteos e                   et al., 1986).
mandibulares. Outros autores citaram                      Na literatura, as alterações clínicas mais
predominância de linfoadenomegalia pré-                   comuns são: a diminuição da atividade
escapular (GÓMEZ NIETO et al., 1992).                     física, lesões de pele, perda de peso
Provavelmente esses sinais decorrem de                    progressiva apesar de apetite normal, sinais
um maior número de lesões cutâneas na                     de falha renal, epistaxe intermitente ou
região cranial dos animais.                               severa, lesões oculares e distúrbios
Palidez de mucosas e redução nas                          locomotores (SLAPPENDEL e GREENE,
contagens de eritrócitos no hemograma,                    1990; ABRANCHES et al., 1991;
consistentemente encontrados nos animais                  KONTOS         e    KOUTINAS,         1993).
infectados no nosso estudo podem refletir                 Entretanto, nossos resultados indicam a
o comprometimento da capacidade de                        ausência de sinais clínicos característicos
reposição celular da medula óssea, já                     para a leishmaniose canina que possam ser
demonstrada na infecção canina por                        usados como um marcador clínico
Leishmania pela maioria dos autores                       específico para infecção, útil na elaboração
(KONTOS e KOUTINAS, 1993; LOPEZ                           do diagnóstico clínico. A enorme
et al., 1993; FONT, 1996). Achados                        variedade de sinais clínicos não específicos
hematológicos quantitativos, obtidos pelo                 torna       as    técnicas      laboratoriais
hemograma           fornecem        subsídios             indispensáveis para a obtenção de um
importantes quanto à resposta orgânica do                 diagnóstico preciso. Os sinais clínicos
cão portador de leishmaniose (IKEDA et                    podem ser influenciados por inúmeros
al., 2003).                                               fatores tais como, raça dos animais, estado
Um problema significativo para o                          nutricional e doenças concomitantes que
diagnóstico clínico de leishmaniose canina                podem afetar o curso da infecção nos
é o fato de que alguns sinais clínicos                    animais (SOLANO-GALLEGO et al.,
podem surgir em inúmeras outras doenças                   2000; MORENO &ALVAR et al 1997).
infecciosas e em casos de desordens                       Os resultados de soropositividade sem
linfoproliferativas.     Clinicamente       a             confirmação parasitológica em animais
leishmaniose canina se confunde com                       sintomáticos no presente estudo são
distúrbios auto-imunes sistêmicos e                       equivalentes aos achados de outras áreas
dermatológicos        (lúpus     eritematoso              geográficas (DYE et al., 1993; PINELLI,
sistêmico) e com doenças como a                           et al., 1994; INIESTA et al, 2002;
cinomose,      babesiose,    hepatozoonose,               REITHINGER et al., 2003 e RIERAA et
dirofilariose, trichuríase e ancilostomoses               al, 2004). De fato os testes sorológicos
(KONTOS & KOUTINAS, 1993),                                utilizados para diagnóstico da infecção
leptospirose e brucelose (LOPEZ et al.,                   podem apresentar tanto resultados falso-
1993) e erlichiose (FONT, 1996). Existem                  positivos, como em cães sadios que
relatos de casos demonstrando o                           entraram em contato com o parasito quanto
envolvimento da leishmania em quadros                     falso-negativos, como em cães afetados
patológicos como poliartrite (SPRENG,                     que       não    produziram       anticorpos
1993; WOLSCHRIJN et al., 1996),                           (BONATES, 2003). Reações cruzadas
trombose vascular da aorta, artérias ilíacas,             podem dever-se à existência de
veia cava e veias femurais (FONT et al.,                  determinantes antigênicos e de proteínas
1993), pênfigo foliáceo (GINEL et al.,                    comuns a parasitos como Tripanossoma
1993),        coagulação        intravascular             cruzi, Leishmania chagasi e Leishmania
disseminada (FONT et al., 1994), colite                   brasiliensis (ALVES et al., 1998).
crônica (FERRER et al., 1991),                            A partir de dados fornecidos pelo Centro
hemangiosarcoma (MARGARITO et al.,                        de Referência em Doenças Endêmicas
                                                          Pirajá da Silva (PIEJ), no município de

                                                                                                   289
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007               http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940


Jequié-BA, foi possível observar que as                   transmissão de homem para homem
ocorrências do número de casos de                         (ALVES et al., 1998; SILVA et al., 2001).
leishmaniose      caninas     e     humanas               Vários estudos clínicos, descrevendo
apresentaram oscilações durante o período                 aspectos clínicos de cães portadores de
de 1998 a 2005. Essas oscilações podem                    infecção natural por leishmania foram
ser atribuídas a mudanças nos fatores                     produzidos na Europa, onde a L. infantum
ecológicos, como o desmatamento da                        é o agente etiológico da doença (MATHIS
cobertura vegetal original, interferência no              & DEPLAZES, 1995; REALE et al.,
equilíbrio       ecológico         causando               1999). Há evidências de que L. chagasi e
deslocamento e/ou extinção da fauna pela                  L. infantum sejam a mesma espécie de
destruição dos habitats naturais, as                      Leishmania (MAURICIO et al., 2001),
transformações do ambiente provocadas                     provavelmente introduzida no Continente
pelo processo migratório, à urbanização                   Americano durante a colonização por
crescente e o esvaziamento rural. Além de                 países da Europa. De fato, a maioria dos
mudanças nos fatores climáticos como, as                  achados clínicos reportados em estudos
secas periódicas e o efeito do El Niño, o                 clínicos realizados com cães em países da
qual comprovadamente tem efeito sobre o                   América se sobrepõem aos achados em
ciclo de incidência anual da LVC no                       estudos europeus. Entretanto, pode haver
Brasil, promovendo a redução da mesma.                    variações na patogenicidade de isolados de
O El Niño provoca impactos sobre a                        Leishmania, associados à LVC, em
dinâmica das populações humana, animal                    diferentes áreas geográficas, como
(canídeos, roedores, entre outros) e dos                  sugerem       alguns      trabalhos,     que
vetores. Para diminuir o impacto                          demonstraram       que      potenciais     de
provocado medidas preventivas são                         disseminação e lesão em diferentes áreas
tomadas, como melhoria da infra-estrutura,                corporais podem ser devidos a diferentes
controle de doenças e de vetores,                         zymodemas expressos por isolados de L.
reduzindo dessa forma ainda mais o risco                  infantum (ALVAR et al., 1997;
epidêmico (FRANKE et al., 2002). A                        SULAHIAN et al., 1997). Da mesma
disseminação e a manutenção da                            forma,     algumas      diferenças     foram
leishmaniose humana têm sido atribuídas                   verificadas na distribuição de parasitos em
ao reservatório canino, e o controle da                   infecções por isolados variados de L.
LVC no Brasil enfatiza a eliminação de                    chagasi (NOYES et al., 1997).
cães soropositivos. Segundo Ribeiro e
Michalick (2001), em estudos controlados,
a propagação da leishmaniose não foi                      AGRADECIMENTOS
significativamente afetada pela eliminação
dos cães soropositivos, o que foi                         Agradecemos ao suporte do Conselho Nacional de
confirmado no nosso trabalho.                             Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq);
Em outras áreas endêmicas do estado da                    FAPESB ao Programa de Iniciação Científica
Bahia, casos humanos de LV nunca foram                    (PIBIC)-UFBA; ao CPqGM - FIOCRUZ
                                                          (Fundação Oswaldo Cruz) e a Eliane Góes
observados     em     locais     com     alta             Nascimento do Centro de Referência em Doenças
soroprevalência canina (PARANHOS-                         Endêmicas Pirajá da Silva, CERDEPS / PIEJ,
SILVA et al., 1996). No Ceará,                            SESAB – Jequié-BA.
evidenciaram parasitismo na pele de 40%
dos pacientes infectados, provando que o
dermato-tropismo ocorre em L. chagasi e                   REFERÊNCIAS
pode ser freqüente na LV humana tropical,
pois os parasitos na pele podem agir como
fonte de infecção,          permitindo a                  ABRANCHES, P.; SILVA-PEREIRA, M.
                                                          C.; CONCEICAO-SILVA, F. M.;

                                                                                                      290
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007             http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940


SANTOS-GOMES, G. M.; JANZ, J. G..                         polysymptomatic animals. The Veterinary
Canine leishmaniasis: pathological and                    Journal, n.171, p..331-339, 2006.
ecological factors influencing transmission
of infection. The Journal of Parasitology,                BLAVIER, A.; KEROACK, S.;
n.77, p.557-561, 1991.                                    DENEROLLE, P.; GOY-THOLLOT, I.;
                                                          CHABANNE, L.; CADORE, J. L.;
ALVAR, J.; CANAVATE, C.;                                  BOURDOISEAU, G. Atypical forms of
GUTIERREZ-SOLAR, B.; JIMENEZ, M.;                         canine leishmaniosis. The Veterinary
LAGUNA, F.; LOPEZ-VELEZ, R.;                              Journal, n. 62, p.108-20, 2001.
MOLINA, R.; MORENO, J. Leishmania
and human immunodeficiency virus                          BONATES, A. Leishmaniose visceral
coinfection: the first 10 years. Clinical                 (calazar). Vet News, v. 61, p. 4 -5, 2003.
microbiology reviews, n.10, p.298-319,
1997.                                                     BORJA-CABRERA, G. P.; MENDES A.
                                                          C.; SOUZA, E. P.; OKADA L. Y. H.;
ALVES, A. L.; BEVILAQUA, C. M. L.;                        TRIVELLATO F. A. A.; KAWASAKI, J.
MORAES, N. B.; FRANCO, S. O.                              K.; COSTA, A. C.; REIS, A. B.;
Levantamento epidemiológico da                            GENARO, O.; BATISTA, L. M.;
leishmaniose visceral em cães vadios da                   PALATNIK, M.; PALATNIK-DE-
cidade de Fortaleza, Ceará. Ciência                       SOUSA, C. B. Effective immunotherapy
Animal, v.8, n.2, p.63-68, 1998.                          against canine visceral leishmaniasis with
                                                          the FML-vaccine. Vaccine, n.2, p.2234-43,
AMUSATEGUI, I.; SAINZ, A.;                                2004.
TESOURO, M. A. Effects of antimonial
therapy for canine leishmaniasis on                       BRASIL. Ministério da Saúde.
antibody titer. Annals of the New York                    Departamento de Vigilância
Academy of Sciences, n.29, p.44-46,                       Epidemiológica. Manual de vigilância e
1998.                                                     controle da leishmaniose visceral,
                                                          Brasília: Ministério da Saúde, 2003.
BADARÓ, R.; BENSON D.; EULALIO,
M.C.; FREIRE, M.; CUNHA, S.;                              CIARAMELLA, P.; OLIVA, G.; LUNA,
MARTINS NETTO, E. M.; PEDRAL-                             R. D.; GRADONI, L.; AMBROSIO, R.;
SAMPAIO, D.; MADUREIRA, C.;                               CORTESE, L.; SCALONE, A.;
BURNS, J. M.; HOUGHTON, R. L.;                            PERSECHINO, A. A retrospective clinical
DAVID, J. R.; REED, S. G. rK39: A                         study of canine leishmaniais in 150 dogs
cloned antigen of leishmania chagasi that                 naturally infected by Leishmania infantum.
preticts ative visceral leishmaniasis. The                The Veterinary record, n.41, p..539-543,
Journal of Infectious Diseases, n.173,                    1997.
p.758-761, 1996.
                                                          COURTENAY, O.; SANTANA, E. W.;
BARROUIN-MELO, S. M.;                                     JOHNSON, P. J.; VASCONCELOS, I. A.;
LARANJEIRA, D. F.; ANDRADE                                VASCONCELOS, A. W. Visceral
FILHO, F. A.; TRIGO, J.; JULIAO, F. S.;                   leishmaniasis in the hoary zorro Dusicyon
FRANKE, C. R.; AGUIAR, P. H. P.;                          vetulus: a case of mistaken identity.
DOS-SANTOS, W. L. C.; PONTES-DE-                          Transactions of the Royal Society of
CARVALHO, L. Can spleen aspirations be                    Tropical Medicine and Hygiene, n.90,
safely used for the parasitological                       p.498-502, 1996.
diagnosis of canine visceral leishmaniosis?
A stydy on assymptomatic and                              DEANE, L. M.; DEANE, M. P.;
                                                          ALENCAR, J. E. Control of Phlebotomus

                                                                                                   291
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007             http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940


longipalpis by DDT house spraying                         FRANÇA-SILVA, J. C.; COSTA, R. T.;
endemic foci of kala-azar in Ceara.                       SIQUEIRA, A. M.; MACHADO-
Revista brasileira de malariologia e                      COELHO, G. L.; COSTA, C. A.;
doenças tropicais, n.7, p.131-41, 1955.                   MAYRINK, W. VIEIRA, E. P.; COSTA,
                                                          J. S.; GENARO, O.; NASCIMENTO, E.
DUARTE, M. I.; LAURENTI, M. D.;                           Epidemiology of canine visceral
NUNES, V. L. B.; REGO JUNIOR, A. F.;                      leishmaniosis in the endemic area of
OSHIRO, E. T.; CORBETT, C. E.                             Montes Claros Municipality, Minas Gerais
Intersticial pneumonitis in canine visceral               State, Brazil. Veterinary Parasitology,
leishmaniasis. Revista do Instituto de                     n.13, p.161-73, 2003.
Medicina Tropical de São Paulo, v.28,
n.6, p.431-436, 1986.                                     FRANKE, C. R.; ZILLER, M.;
                                                          STAUBACH, C.; LATIF, M. Impacto of
DYE, C., VIDOR, E.; DEREURE, J.                           the El Niño/Southern Oscillation on
Serological diagnosis of leishmaniasis: on                Visceral Leishmaniasis, Brazil. Emerging
detecting as well as disease. Epidemiology                infectious diseases, n.8, p.914-917, 2002.
and infection, n.103, p.647–656, 1993.
                                                          GINEL, P. J.; MOZOS, E.; FERNANDEZ,
FERRER, L.; AISA, M. J.; ROURA, X.;                       A.; MARTINEZ, A.; MOLLEDA, J. M.
PORTUS, M. Serological diagnosis and                      Canine pemphigus foliaceus associated
treatment of canine leishmaniasis. The                    with leishmaniasis. The Veterinary
Veterinary Record, n.136, p.514-516,                      Record, n.133, p.526-527, 1993.
1995.
                                                          GÓMEZ NIETO, C.; NAVARRETE, I.;
FERRER, L.; JUANOLA, B.; RAMOS, J.                        HABELA, M. A. Phatological changes in
A.; RAMIS, A. Chronic colitis due to                      Kidneys of dogs whit natural Leishmania
leishmania infection in two dogs.                         infection. Veterinary Parasitology, n.5,
Veterinary Pathology, v.28, p.342-343,                    p.33-47, 1992.
1991.
                                                          GRINER, P. F.; MAYEWSKI, R. J.;
FONT, A. Consider leishmaniasis in                        MUSHLIN, A. I. Selection and
diferential for monoclonal gammopathies                   interpretation of diagnostic tests and
in dogs. Journal of the American                          procedures: principles and applications.
Veterinary Medical Association, n.208,                    Annals of Internal Medicine, n.94, p.557-
p.184, 1996.                                              92, 1981.

FONT, A.; GINES, C.; CLOSA, J. M.;                        IKEDA, F. A.; CIARLINI, P. C;
MASCORT, J. Visceral leishmaniasis and                    FEITOSA, M. M. Perfil hematológico de
disseminated intravascular coagulation in a               cães naturalmente infectados por
dog. Journal of the American Veterinary                   Leishmania chagasi no município de
Medical Association, v.204, n.7, p.1043-                  Araçatuba- SP: um estudo retrospectivo de
1044, 1994.                                               191 casos. Revista clinica veterinária,
                                                          n.8, p.42-48, 2003.
FONT, A.; CLOSA, J. M.; MOLINA, A.;
MASCORT, J. Trombosis and nephotic                        INIESTA, L.; FERNANDEZ-BARREDO,
syndrome in a dog with visceral                           S.; BULLE, B.; GOMEZ, M. T.;
leishmaniasis. The Journal of Small                       PIARROUX, R.; GALLEGO, M.;
Animal practice, v.34, p.446-470, 1993.                   ALUNDA, J. M.; PORTUS, M. Diagnostic
                                                          techniques to detect cryptic leishmaniasis
                                                          in dogs. Clinical and Diagnostic

                                                                                                   292
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007             http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940


Laboratory Iimmunology, n.9, p.1137–                      typing and phylogeny of the Leishmania
1141, 2002.                                               donovani complex by restriction analysis
                                                          of PCR amplified gp63 intergenic regions.
KONTOS, V. J.; KOUTINAS, A. F. Old                        Parasitology, n.122, p.393-403, 2001.
world canine leishmaniasis. Continuing
Education Articles, n.15, p.949-959,                      MORENO, J.; ALVAR, J. Canine
1993.                                                     leishmaniasis: epidemiological risk and the
                                                          experimental model. Trends in
KOUTINAS, A. F.; KONTOS, V.;                              Parasitology, n.18, p.399-405, 2002.
KALDRIMIDOU, H. Canine
leishmaniasis- associeted nephropathy: a                  MOURA, R. O. D.; PAULA, V. V.;
clinical, clinicopathologic and pathologic                SOARES, M. J. V. Alterações renais em
study in 14 spontaneous cases with                        cães (Canis familiaris) sorapositivos para
proteinuria. European Journal of                          leishmaniose: aspectos clínicos,
Companion Animal Practice, n.5, p.31-                     laboratoriais e histopatológicos. Revista
38, 1995.                                                 Brasileira de Medicina Veteterinária,
                                                          n.4, p.61-64, 2002.
LOPEZ, M.; INGA, R.; CANGALAYA,
M.; ECHEVARRIA, J.; LLANOS-                               NOYES, H.; CHANCE, M.; PONCE, C.;
CUENTAS, A.; ORREGO, C.;                                  PONCE, E.; MAINGON, R. Leishmania
AREVALO, J. Diagnosis of leishmania                       chagasi: genotypically similar parasites
using the polimerase chain reaction; a                    from Honduras cause both visceral and
simplified procedure for field. The                       cutaneous leishmaniasis in humans.
American journal of tropical medicine                     Experimental Parasitology, n.85, p.264-
and hygiene, n.49, p.348-356, 1993.                       73, 1997.

MARGARITO, J. M.; GINEL, P. J.;                           PARANHOS-SILVA, M.; FREITAS, L.
MOLLEDA, J. M.; MORENO, P.;                               A.; SANTOS, W. C.; G. JUNIOR, G.;
NOVALES, M.; LOPEZ, R.                                    PONTES-DE-CARVALHO, L. C.;
Haemangiosarcoma associated with                          OLIVEIRA-DOS-SANTOS, A. J. A cross-
leishmaniasis in three dogs. The                          sectional serodiagnostic survey of canine
Veterinary record, n.134, p.66-67, 1994.                  leishmaniasis due to L. Chagasi. The
                                                          American Journal of Tropical Medicine
MARZOCHI, M. C.; COUTINHO, S. G.;                         and Hygiene, n.55, p.39-44, 1996.
SOUZA, W. J.; TOLEDO, L. M.;
GRIMALDI JUNIOR, G.; MOMEN, H.;                           PINELLI, E.; KILLICK-KENDRICK, R.;
PACHECO, R. D. A. S.; SABROZA, P.                         WAGENAAR, J.; BERNADINA, W.;
C.; SOUZA, M. A.; RANGEL JUNIOR, F.                       REAL, G.; RUITENBERG, J. Cellular
B. Leishmaniose visceral canina no Rio de                 and humoral immune responses in dogs
Janeiro- Brasil. Caderno de Saúde                         experimentally and naturally infected with
Pública, n.1, p.432-446, 1985.                            Leishmania infantum. Infection and
                                                          Immunity, n.62, p.229-35, 1994.
MATHIS, A.; DEPLAZES, P. PCR and in
vitro cultivation for detection of                        REALE, S.; MAXIA, L.; VITALE, F.;
Leishmania spp. in diagnostic samples                     GLORIOSO, N. S.; CARACAPPA, S.;
from humans and dogs. Journal of clinical                 VESCO, G. Detection of Leishmania
microbiology, n.33, p.1145-9, 1995.                       infantum in dogs by PCR with lymph node
                                                          aspirates and blood. Journal of Clinical
MAURICIO, I. L.; GAUNT, M. W.;                            Microbiology, n.37, p.2931-5, 1999.
STOTHARD, J. R.; MILES, M. A. Genetic

                                                                                                   293
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007            http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940


REITHINGER, R.; ESPINOZA, J. C.;                          of viscerotropic and dermotropic isolates
COURTENAY, O.; DAVIES, C. R.                              of Leishmania infantum from
Evaluation of PCR as a Diagnostic Mass-                   immunocompromised and
Screening Tool to Detect Leishmania                       immunocompetent patients in a murine
(Viannia) spp. in Domestic Dogs (Canis                    model. FEMS Immunology and medical
Familiaris). Journal of Clinical                          Microbiology, n.17, p.131-8, 1997.
Microbiology, p.1486–1493, 2003.
                                                          WHO. World Health Organization:
RIBEIRO, V. M.; MICHALICK, M. S. M..                      Control of the Leishmaniasis. Geneva:,
Protocolos terapêuticos e controle da                     World Health Organization, 1990.
leishmaniose visceral canina. Revista
Nosso Clínico, n.4, p.10-20, 2001.                        WOLSCHRIJN, C. F.; MEYER, H. P.;
                                                          HAZEWINKEL, H. A.; WOLVEKAMP,
RIERA, C.; FISA, R.; UDINA, M.;                           W. T. Destructive polyarthritis in a dog
GALLEGO, M.; PORTUS, M.. Detection                        with leishmaniasis . The Journal of small
of Leishmania infantum cryptic infection                  animal practice, n.37, p.601-603, 1996.
in asymptomatic blood donors living in an
endemic area (Eivissa, Balearic Islands,                  Data de recebimento: 25/05/2007
Spain) by different diagnostic methods.                   Data de aprovação: 09/07/2007
Transactions of the Royal Society of
Tropical Medicine and Hygiene, n.98,
p.102-110, 2004.

SILVA, E. S.; ROSCOE, E. H.; ARRUDA,
L. Q. Leishmaniose visceral canina: estudo
clínico-epidemiológico e diagnóstico.
Revista Brasileira de Medicina
Veteterinária, n.23, p.111-116, 2001.

SLAPPENDEL, R. J.; GREENE, C. E.
Leishmaniasis. In: GREENE, C.E.:
Infectious diseases of the dog and cat,
Philadelphia: WB Saunders, 1990. p.769-
777, 1990.

SOLANO-GALLEGO, L.; LLULL, J.;
RAMOS, G.; RIERA, C.; ARBOIX, M.;
ALBEROLA, J.; FERRER, L. The Ibizian
hound presents a predominantly cellular
immune response against natural
Leishmania infection. Veterinary
parasitology, n.90, p.37–45, 2000.

SPRENG, D. Leishmanial polyarthritis in
two dogs. The Journal of small animal
practice, n.4, p.559-563, 1993.

SULAHIAN, A.; GARIN, Y. J.;
PRATLONG, F.; DEDET, J. P.;
DEROUIN, F. Experimental pathogenicity

                                                                                                  294

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Esporotricose Humana A culpa não é do gato
Esporotricose Humana A culpa não é do gatoEsporotricose Humana A culpa não é do gato
Esporotricose Humana A culpa não é do gatoAlexandre Naime Barbosa
 
Leishmaniose Visceral
Leishmaniose VisceralLeishmaniose Visceral
Leishmaniose VisceralMari Sousa
 
Principais Zoonoses fiocruz
Principais Zoonoses  fiocruzPrincipais Zoonoses  fiocruz
Principais Zoonoses fiocruzSocorro Carneiro
 
Raiva e a Importância da Campanha da Vacinação
Raiva e a Importância da Campanha da VacinaçãoRaiva e a Importância da Campanha da Vacinação
Raiva e a Importância da Campanha da Vacinaçãoferaps
 
FlueducaçãO080709 Final Revisado 06 07 2009 Completo
FlueducaçãO080709 Final Revisado 06 07 2009 CompletoFlueducaçãO080709 Final Revisado 06 07 2009 Completo
FlueducaçãO080709 Final Revisado 06 07 2009 Completoescola
 
Apresentação Febre amarela
Apresentação Febre amarelaApresentação Febre amarela
Apresentação Febre amarelaMariana Freire
 
Raiva: aspectos gerais e protocolo de atendimento.
Raiva: aspectos gerais e protocolo de atendimento.Raiva: aspectos gerais e protocolo de atendimento.
Raiva: aspectos gerais e protocolo de atendimento.Juracir Bezerra
 
Tarefa1.modificada.carolina paixão.
Tarefa1.modificada.carolina paixão.Tarefa1.modificada.carolina paixão.
Tarefa1.modificada.carolina paixão.Carolina Paixão
 
Guia PráTico Sobre Leishmaniose
Guia PráTico Sobre LeishmanioseGuia PráTico Sobre Leishmaniose
Guia PráTico Sobre LeishmanioseLeishmaniose Canina
 
Febre Amarela - Saúde Coletiva II
Febre Amarela - Saúde Coletiva IIFebre Amarela - Saúde Coletiva II
Febre Amarela - Saúde Coletiva IIEnfº Ícaro Araújo
 

Mais procurados (20)

Esporotricose Humana A culpa não é do gato
Esporotricose Humana A culpa não é do gatoEsporotricose Humana A culpa não é do gato
Esporotricose Humana A culpa não é do gato
 
Leishmaniose Visceral
Leishmaniose VisceralLeishmaniose Visceral
Leishmaniose Visceral
 
Chagas
ChagasChagas
Chagas
 
Principais Zoonoses fiocruz
Principais Zoonoses  fiocruzPrincipais Zoonoses  fiocruz
Principais Zoonoses fiocruz
 
Arboviroses
ArbovirosesArboviroses
Arboviroses
 
Iii doenca dos suinos
Iii doenca dos suinosIii doenca dos suinos
Iii doenca dos suinos
 
Raiva e a Importância da Campanha da Vacinação
Raiva e a Importância da Campanha da VacinaçãoRaiva e a Importância da Campanha da Vacinação
Raiva e a Importância da Campanha da Vacinação
 
Iii doenca dos suinos
Iii doenca dos suinosIii doenca dos suinos
Iii doenca dos suinos
 
FlueducaçãO080709 Final Revisado 06 07 2009 Completo
FlueducaçãO080709 Final Revisado 06 07 2009 CompletoFlueducaçãO080709 Final Revisado 06 07 2009 Completo
FlueducaçãO080709 Final Revisado 06 07 2009 Completo
 
Apresentação Febre amarela
Apresentação Febre amarelaApresentação Febre amarela
Apresentação Febre amarela
 
Raiva: aspectos gerais e protocolo de atendimento.
Raiva: aspectos gerais e protocolo de atendimento.Raiva: aspectos gerais e protocolo de atendimento.
Raiva: aspectos gerais e protocolo de atendimento.
 
Resumo para mesa redonda - Oropouche
Resumo para mesa redonda - OropoucheResumo para mesa redonda - Oropouche
Resumo para mesa redonda - Oropouche
 
Tarefa1.modificada.carolina paixão.
Tarefa1.modificada.carolina paixão.Tarefa1.modificada.carolina paixão.
Tarefa1.modificada.carolina paixão.
 
Guia PráTico Sobre Leishmaniose
Guia PráTico Sobre LeishmanioseGuia PráTico Sobre Leishmaniose
Guia PráTico Sobre Leishmaniose
 
Febre amarela no Brasil
Febre amarela no BrasilFebre amarela no Brasil
Febre amarela no Brasil
 
Raiva - Humano Rede de Laboratório
Raiva - Humano Rede de LaboratórioRaiva - Humano Rede de Laboratório
Raiva - Humano Rede de Laboratório
 
Resumo Febre Amarela
Resumo Febre AmarelaResumo Febre Amarela
Resumo Febre Amarela
 
Febre Amarela - Saúde Coletiva II
Febre Amarela - Saúde Coletiva IIFebre Amarela - Saúde Coletiva II
Febre Amarela - Saúde Coletiva II
 
Culicideos
CulicideosCulicideos
Culicideos
 
Boletim zika svs (1)
Boletim zika   svs (1)Boletim zika   svs (1)
Boletim zika svs (1)
 

Destaque

O papel educacional do museu de ciências
O papel educacional do museu de ciênciasO papel educacional do museu de ciências
O papel educacional do museu de ciênciasBeto Souza
 
1 como nace un paradigma
1 como nace un paradigma1 como nace un paradigma
1 como nace un paradigma44812840
 
Isabel se pone a pensar
Isabel se pone a pensarIsabel se pone a pensar
Isabel se pone a pensarcolexarblanca
 
Magazine Contents page planning
Magazine Contents page planningMagazine Contents page planning
Magazine Contents page planningLStacy95
 
冬之印象(Winter images)
冬之印象(Winter images)冬之印象(Winter images)
冬之印象(Winter images)myqx
 
Glauco Rogerio sobre Tutoria On-Line
Glauco Rogerio sobre Tutoria On-LineGlauco Rogerio sobre Tutoria On-Line
Glauco Rogerio sobre Tutoria On-LineGlauco Rogério
 
Tratamento Estatístico
Tratamento EstatísticoTratamento Estatístico
Tratamento Estatísticomarleneves
 
Visual Questionnaire Feedback
Visual Questionnaire FeedbackVisual Questionnaire Feedback
Visual Questionnaire Feedbackhnnhd
 
La plaça del diamant 1 perelli
La plaça del diamant 1 perelliLa plaça del diamant 1 perelli
La plaça del diamant 1 perellirespine2
 
Hóra a Pháid - Ceacht 39
Hóra a Pháid - Ceacht 39Hóra a Pháid - Ceacht 39
Hóra a Pháid - Ceacht 39Seomra Ranga
 
Mexico city, mexico project
Mexico city, mexico projectMexico city, mexico project
Mexico city, mexico projectpimenteljhhs
 
Le revolucion francesa, por marcela
Le revolucion francesa, por marcelaLe revolucion francesa, por marcela
Le revolucion francesa, por marcelaMARCELA4444
 

Destaque (20)

O papel educacional do museu de ciências
O papel educacional do museu de ciênciasO papel educacional do museu de ciências
O papel educacional do museu de ciências
 
1 como nace un paradigma
1 como nace un paradigma1 como nace un paradigma
1 como nace un paradigma
 
Isabel se pone a pensar
Isabel se pone a pensarIsabel se pone a pensar
Isabel se pone a pensar
 
Dibujo de Figura Humana II
Dibujo de Figura Humana IIDibujo de Figura Humana II
Dibujo de Figura Humana II
 
Gioconda
GiocondaGioconda
Gioconda
 
Magazine Contents page planning
Magazine Contents page planningMagazine Contents page planning
Magazine Contents page planning
 
冬之印象(Winter images)
冬之印象(Winter images)冬之印象(Winter images)
冬之印象(Winter images)
 
Glauco Rogerio sobre Tutoria On-Line
Glauco Rogerio sobre Tutoria On-LineGlauco Rogerio sobre Tutoria On-Line
Glauco Rogerio sobre Tutoria On-Line
 
Podcastkm
PodcastkmPodcastkm
Podcastkm
 
Tratamento Estatístico
Tratamento EstatísticoTratamento Estatístico
Tratamento Estatístico
 
Tarea..2
Tarea..2Tarea..2
Tarea..2
 
Presentation1
Presentation1Presentation1
Presentation1
 
Visual Questionnaire Feedback
Visual Questionnaire FeedbackVisual Questionnaire Feedback
Visual Questionnaire Feedback
 
Genesis
GenesisGenesis
Genesis
 
Parte2
Parte2Parte2
Parte2
 
La plaça del diamant 1 perelli
La plaça del diamant 1 perelliLa plaça del diamant 1 perelli
La plaça del diamant 1 perelli
 
Hóra a Pháid - Ceacht 39
Hóra a Pháid - Ceacht 39Hóra a Pháid - Ceacht 39
Hóra a Pháid - Ceacht 39
 
Mexico city, mexico project
Mexico city, mexico projectMexico city, mexico project
Mexico city, mexico project
 
Tinys food
Tinys foodTinys food
Tinys food
 
Le revolucion francesa, por marcela
Le revolucion francesa, por marcelaLe revolucion francesa, por marcela
Le revolucion francesa, por marcela
 

Semelhante a Perfil clínico de cães infectados por Leishmania chagasi

Neosporose Em Rebanhos Bovinos Leiteiros
Neosporose Em Rebanhos Bovinos LeiteirosNeosporose Em Rebanhos Bovinos Leiteiros
Neosporose Em Rebanhos Bovinos LeiteirosRural Pecuária
 
Avaliacao do-perfil-energetico
Avaliacao do-perfil-energeticoAvaliacao do-perfil-energetico
Avaliacao do-perfil-energeticobelaicc
 
Febre Aftosa
Febre AftosaFebre Aftosa
Febre AftosaUFPEL
 
peritonite-infecciosa-felina-revisatil.pdf
peritonite-infecciosa-felina-revisatil.pdfperitonite-infecciosa-felina-revisatil.pdf
peritonite-infecciosa-felina-revisatil.pdfLetciaOliveira69166
 
Neosporose em rebanhos bovinos leiteiros
Neosporose em rebanhos bovinos leiteirosNeosporose em rebanhos bovinos leiteiros
Neosporose em rebanhos bovinos leiteirosRural Pecuária
 
Colecao atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
Colecao   atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011Colecao   atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
Colecao atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011König Brasil
 
Peste Suína Classica - Doenças Infecciosas.pptx
Peste Suína Classica -  Doenças Infecciosas.pptxPeste Suína Classica -  Doenças Infecciosas.pptx
Peste Suína Classica - Doenças Infecciosas.pptxLarissiFial
 
Arboviroses e Influenza Desmistificando e Esclarecendo
Arboviroses e Influenza  Desmistificando e EsclarecendoArboviroses e Influenza  Desmistificando e Esclarecendo
Arboviroses e Influenza Desmistificando e EsclarecendoAlexandre Naime Barbosa
 
Leishiimania arruda, c & leite, b.c.
Leishiimania arruda, c & leite, b.c.Leishiimania arruda, c & leite, b.c.
Leishiimania arruda, c & leite, b.c.Claudenice Arruda
 
Raiva - Fisiopatologia, Diagnostico e Manejo
Raiva - Fisiopatologia, Diagnostico e ManejoRaiva - Fisiopatologia, Diagnostico e Manejo
Raiva - Fisiopatologia, Diagnostico e ManejoAlexandre Naime Barbosa
 
Leishmania infantum
Leishmania infantum Leishmania infantum
Leishmania infantum Tânia Faria
 
Cinomose canina revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
Cinomose canina   revisao de literatura - brunno medeiros dos santosCinomose canina   revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
Cinomose canina revisao de literatura - brunno medeiros dos santosPoliana Melo
 
Febre maculosa jun 2013 ses rj
Febre maculosa jun 2013 ses rjFebre maculosa jun 2013 ses rj
Febre maculosa jun 2013 ses rjHosana maniero
 
01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld
01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld
01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ldJanairasa007
 

Semelhante a Perfil clínico de cães infectados por Leishmania chagasi (20)

Neosporose Em Rebanhos Bovinos Leiteiros
Neosporose Em Rebanhos Bovinos LeiteirosNeosporose Em Rebanhos Bovinos Leiteiros
Neosporose Em Rebanhos Bovinos Leiteiros
 
Epidemiologia
EpidemiologiaEpidemiologia
Epidemiologia
 
Avaliacao do-perfil-energetico
Avaliacao do-perfil-energeticoAvaliacao do-perfil-energetico
Avaliacao do-perfil-energetico
 
Febre Aftosa
Febre AftosaFebre Aftosa
Febre Aftosa
 
peritonite-infecciosa-felina-revisatil.pdf
peritonite-infecciosa-felina-revisatil.pdfperitonite-infecciosa-felina-revisatil.pdf
peritonite-infecciosa-felina-revisatil.pdf
 
Neosporose em rebanhos bovinos leiteiros
Neosporose em rebanhos bovinos leiteirosNeosporose em rebanhos bovinos leiteiros
Neosporose em rebanhos bovinos leiteiros
 
Colecao atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
Colecao   atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011Colecao   atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
Colecao atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
 
Peste Suína Classica - Doenças Infecciosas.pptx
Peste Suína Classica -  Doenças Infecciosas.pptxPeste Suína Classica -  Doenças Infecciosas.pptx
Peste Suína Classica - Doenças Infecciosas.pptx
 
Arboviroses e Influenza Desmistificando e Esclarecendo
Arboviroses e Influenza  Desmistificando e EsclarecendoArboviroses e Influenza  Desmistificando e Esclarecendo
Arboviroses e Influenza Desmistificando e Esclarecendo
 
Leishiimania arruda, c & leite, b.c.
Leishiimania arruda, c & leite, b.c.Leishiimania arruda, c & leite, b.c.
Leishiimania arruda, c & leite, b.c.
 
Raiva - Fisiopatologia, Diagnostico e Manejo
Raiva - Fisiopatologia, Diagnostico e ManejoRaiva - Fisiopatologia, Diagnostico e Manejo
Raiva - Fisiopatologia, Diagnostico e Manejo
 
Leishmania infantum
Leishmania infantum Leishmania infantum
Leishmania infantum
 
Protozooses
ProtozoosesProtozooses
Protozooses
 
AIDS PANDEMIA
AIDS PANDEMIA AIDS PANDEMIA
AIDS PANDEMIA
 
leishmaniose
leishmanioseleishmaniose
leishmaniose
 
viroses
virosesviroses
viroses
 
Hanseniase.pdf
Hanseniase.pdfHanseniase.pdf
Hanseniase.pdf
 
Cinomose canina revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
Cinomose canina   revisao de literatura - brunno medeiros dos santosCinomose canina   revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
Cinomose canina revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
 
Febre maculosa jun 2013 ses rj
Febre maculosa jun 2013 ses rjFebre maculosa jun 2013 ses rj
Febre maculosa jun 2013 ses rj
 
01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld
01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld
01 05-2013 11-56-vet 1442_3077 ld
 

Perfil clínico de cães infectados por Leishmania chagasi

  • 1. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 Quadro clínico de cães infectados naturalmente por Leishmania chagasi em uma área endêmica do estado da Bahia, Brasil Clinical profile of naturally infected dogs from an endemic area for “Leishmania chagasi” (infantum) in Bahia State, Brazil AGUIAR, Paulo Henrique Palis 1; SANTOS, Silvana Ornelas 2; PINHEIRO, Alisson Azevedo 2; BITTENCOURT, Diana Velloso Vianna 2; COSTA, Rafael Lyra Gaspar 2; JULIÃO, Fred da Silva 2; SANTOS, Washington Luis Conrado 3; BARROUIN-MELO, Stella Maria 1 1- Departamento de Patologia e Clínicas, Escola de Medicina Veterinária, UFBA, Brasil. 2- Laboratório de Infectologia Veterinária, Escola de Medicina Veterinária, UFBA, Brasil. 3- Laboratório de Engenharia Tecidual e Imunofarmacologia, FIOCRUZ, Brasil. * Endereço para correspondência: sicavet@yahoo.com.br RESUMO SUMMARY A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma The purpose of this study was to report a zoonose de importância em Saúde Pública, causada description of the clinical profile of naturally no Novo Mundo pela Leishmania chagasi e é infected dogs from an endemic area for Leishmania associada a uma doença sistêmica crônica à qual se chagasi (infantum)-caused visceral leishmaniosis in atribui uma gama variada de sinais clínicos. Foram Brazil, where a wide range of clinical signs are examinados 61 cães, identificados como attributed to the infection in dogs. Sixty one dogs, soropositivos pelo teste ELISA indireto para seropositives for anti-L. chagasi antibodies by anticorpos anti-Leishmania, provenientes do ELISA, from the urban and peri urban areas of município de Jequié, área endêmica para LVC na Jequie, in Bahia State were studied. Each clinical Bahia, tendo-se como o objetivo delinear o perfil sign of disease was recorded. Parasitological clínico dos animais infectados. Os caninos foram diagnosis of Leishmania infection was positive by submetidos ao exame físico e estudo parasitológico culture of spleen aspirated samples in 21.3 % por cultivo do parasito em amostras de aspirado (13/61) seropositive dogs, although all of them esplênico. Todos os cães foram classificados como (100%) were defined as symptomatic by physical sintomáticos, sendo 13 positivos ao exame examination. A positive statistical correlation was parasitológico. Foi encontrada correlação entre os found between seropositivity with high levels of resultados positivos de cultura esplênica e a optical density (above 1.0) in ELISA and presence densidade óptica obtida no ELISA dos cães of parasites in culture of spleen aspirates (r=0.8555; estudados (r=0,8555; p=0,00327) e entre os p=0.00327), cutaneous disease (p=0.0402), resultados de ELISA e a presença de alterações conjunctivitis (p=0.050), enlargement of spleen cutâneas (p=0,0402), conjuntivite (p=0,050), (p=0.0272) and lameness (p=0.0256). A tendency esplenomegalia (p=0,0272) e dificuldade de of lowered red blood cell counts was also found locomoção (p=0,0256), além de tendência à among animals with higher seropositivity. The redução no número de hemácias nos animais. group of animals with positive parasitological tests Observaram-se positividade na cultura e alterações presented more mucosal lesions (p=0.0106), apathy das mucosas (p=0,0106), apatia (p=0,0469), (p=0.0469), and leucocytosis with left deviation aumento de bastonetes (p=0,0224) e leucocitose (p=0.0224). The conjunct of clinical alterations com desvio à esquerda. O conjunto de sinais associated to positive serological or parasitological clínicos encontrados mostrou-se equivalente aos diagnosis for Leishmania chagasi infection were sinais descritos na literatura em cães infectados por similar to the reported signs of disease caused by L L. infantum e L. donovani nos países do velho infantum and L. donovani in Old World countries. mundo. Key words: dog, clinical profile, Leishmania Palavras-chave: cão, Leishmania chagasi, perfil infantum/chaga, clínico 283
  • 2. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 INTRODUÇÃO A LVC é considerada uma doença imunomediada, devido à capacidade do parasito de modificar o sistema Atualmente, a leishmaniose encontra-se imunológico do hospedeiro (PINELLI et entre as seis endemias consideradas al., 1994). O parasito multiplica-se dentro prioritárias no mundo (BRASIL, 2003). No dos macrófagos, causando uma inflamação Brasil, onde ocorrem cerca de 90% dos crônica associada à intensa resposta casos de leishmaniose visceral (LV) policlonal de células B. A humana relatados nas Américas Central e hipergamaglobulinemia resultante leva á do Sul, cães domésticos e raposas deposição de imunocomplexos e á ativação (Cerdocyon thous e Dusycion vetulus) são do sistema complemento nos tecidos, que considerados os principais reservatórios culmina com vasculite, uveíte, artrite, naturais do parasito (DEANE et al., 1955; dermatite e, especialmente COURTENAY et al., 1996). A doença é glomerulonefrite e falha renal (LOPEZ et causada pela Leishmania infantum, na al., 1993; IKEDA et al., 2003). Europa, e pela Leishmania chagasi, nas O quadro clínico que se segue é grave, Américas, sendo ambas pertencentes ao comprometendo a sobrevida do cão e o complexo Leishmania donovani (WHO, tratamento com antimoniais e outros 1990). Alguns estudos indicam que a fármacos freqüentemente resulta em falha introdução do parasito nas Américas (AMUSATEGUI et al., 1998). O período deveu-se à colonização européia, uma vez de incubação da infecção até o que há evidências de que L. chagasi e L. aparecimento dos sinais pode levar de infantum pertençam à mesma espécie poucos meses a anos (PARANHOS- (MAURÍCIO et al., 2001). O parasito é SILVA et al., 1996). Os cães infectados transmitido para o homem e para os pela Leishmania chagasi apresentam um animais através da picada de mosquitos do espectro de características clínicas, que gênero Lutzomyia no Novo Mundo e varia do aparente estado sadio à caquexia Phlebotomus no Velho Mundo no estágio final. A infecção evolui para os (CIARAMELLA et al., 1997). estados latente ou patente que, por sua vez, A infecção canina no Brasil coexiste com a em períodos variáveis de semanas, meses doença humana em todos os focos ou anos, podem evoluir para a forma conhecidos. Do ponto de vista aguda, subaguda, crônica ou regressiva epidemiológico, a doença canina é (MARZOCHI et al., 1985). considerada de grande importância, pois há Os estudos clínicos reportados em vários um grande contingente de animais países na Europa e nas Américas não assintomáticos albergando parasitos na identificam predisposição racial, apesar de derme (MARZOCHI et al., 1985). Casos haver aparente predominância de raças de de LV humana e LV canina já foram grande porte, utilizadas com certa notificados em 19 estados brasileiros, freqüência em atividades realizadas no sendo as principais áreas endêmicas ambiente externo, como caça ou guarda, localizadas no Nordeste (MOURA et al., estando esses animais naturalmente mais 2002). Medidas profiláticas de controle expostos aos vetores da infecção. Nesse vêm sendo aplicadas nas áreas de risco, contexto, não foi verificada predisposição observando-se o declínio da LVC em associada à idade ou gênero alguns anos, porém, desde 1988, a doença (ABRANCHES et al., 1991; KOUTINAS encontra-se em franca expansão, et al., 1995; FRANÇA-SILVA et al., principalmente em áreas suburbanas dos 2003). municípios localizados nas regiões O diagnóstico clínico da leishmaniose sudoeste, centro-oeste e norte do estado da canina pode ser difícil devido à grande Bahia (BRASIL, 2003). variedade de sintomas clínicos. Alguns 284
  • 3. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 sinais podem ocorrer de forma semelhante imunohistoquímica ou a reação em cadeia ou concomitante com outras doenças da polimerase (PCR). infecciosas ou linfoproliferativas Não há sinais clínicos marcadores de risco (SLAPPENDEL & GREENE, 1990; que permitam determinar se um indivíduo ABRANCHES et al., 1991; KONTOS e infectado poderá evolução da doença, KOUTINAS, 1993). De modo geral, os permitindo assim uma intervenção. Neste animais desenvolvem um processo estudo, foram classificados uma série de debilitante, crônico, com achados clínicos em cães de uma área linfoadenomegalia generalizada, anemia, endêmica no estado da Bahia, segundo lesões cutâneas ulcerativas ou parasitismo esplênico e soropositividade descamativas e glomerulonefrite com para anticorpos anti-Leishmania, sendo proteinúria. Blefarite, úlcera e edema de traçados perfis clínicos equivalentes a córnea, conjuntivite e uveíte são comuns. marcadores clínicos, utilizados no Sinais inespecíficos como perda de peso diagnóstico precoce da doença. progressiva, apesar de apetite normal, e distúrbios locomotores associados à fraqueza muscular são também comumente MATERIAL E MÉTODOS relatados. A suspeita clínica da infecção é mais facilmente levantada e confirmada quando o animal apresenta O município de Jequié apresenta uma série simultaneamente vários sinais, mas quando de aspectos que caracterizam o caráter há envolvimento de apenas um sistema ou endêmo-epidêmico da LVC na região. São quando ocorrem lesões atípicas ou observados: crescente número de casos da incomuns, o diagnóstico torna-se bastante doença em áreas de ocupação recente pelo difícil. A presença de proteinúria e estabelecimento de aglomerados alterações nas proporções de proteínas habitacionais, a interferência no equilíbrio plasmáticas pela eletroforese, como a ecológico pelo deslocamento e/ou extinção hiperproteinemia com hipoalbuminemia e da fauna pela destruição dos habitats elevação das frações alfa-2, beta e naturais. A área localiza-se no sudoeste do gamaglobulinas são dados que orientam, Estado da Bahia, sendo seu principal mas não definem o diagnóstico. município Jequié, que dista 189 km da Testes sorológicos têm sido utilizados para capital situada a 13º 52’ S e 40º 04’ W. detecção de anticorpos específicos, entre Com população total de 147.115 habitantes eles, a imunofluorescência indireta (IFI) em 2000, sendo que 130.207 (88,51%) (ABRANCHES et al., 1991; PARANHOS- vivem em áreas urbanas e 16.908 (11,49%) SILVA et al., 1996), o ensaio em áreas rurais. A região é entremeada por imunoenzimático (ELISA) (DYE et al., pequenas serras e morros, recobertos de 1993; BADARÓ et al., 1996) e a vegetação do tipo higrófilo-megatérmico, aglutinação direta (DAT) (DYE et al., representada por caatingas e capoeiras, 1993; FERRER et al., 1995). A experiência com poucas áreas cobertas por floresta clínica, em países onde a doença é tropical ou mata. A região apresenta clima endêmica, demonstra que alguns animais tropical semi-árido, com temperatura infectados apresentam respostas negativas média anual de 24 ºC e pluviosidade anual à sorologia (FERRER et al., 1995; de 500 mm. Além da precipitação de chuva Paranhos-Silva et al., 1996). Reações ser muito baixa, a zona é periodicamente cruzadas com outras infecções nos testes assolada pelas secas. Este estudo foi sorológicos, comumente, tornam realizado em parceria com o Centro de necessária a confirmação da infecção com Referência em Doenças Endêmicas Pirajá outros métodos, como o cultivo, a da Silva, o CERDEPS/PIEJ – SESAB (Secretaria da Saúde do Estado da Bahia) onde desenvolvem-se atividades de 285
  • 4. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 prevenção e controle da leishmaniose linfonodos e do baço, além de histórico e tegumentar e visceral. A partir do estudo evidências clínicas de outras infecções epidemiológico realizado por Paranhos- foram detalhadamente pesquisados. Silva et al. (1996), na cidade de Jequié, a Amostras de sangue com EDTA foram prevalência estimada da doença situa-se obtidas para realização de hemograma de em torno de 20%. O município foi todos os animais estudados por punção na subdividido em áreas urbanas e veia cefálica (5,0 mL de cada animal). periurbanas habitadas em 140 clusters de Amostras foram também coletadas sem 0,25 km2. Neste trabalho foi estudado o anti-coagulante para separação de soro bairro de Vera Cruz, sendo realizadas duas para teste sorológico. intervenções com intervalo de um ano, em O sorodiagnóstico da infecção para que os cães foram selecionados pesquisa de anticorpos anti-Leishmania por aleatoriamente, incluindo-se animais meio de ELISA indireto, utilizando-se domiciliados e errantes. antígenos solúveis de L. chagasi, em Foi realizado um censo completo na área método descrito previamente (Paranhos- escolhida, em um estudo de coorte Silva et al., 1996) foi realizado no transversal pelo método ELISA indireto Laboratório de Infectologia Veterinária para anticorpos anti-Leishmania voltado à (LIVE – Escola de Medicina Veterinária – identificação dos grupos soropositivos e UFBA). Para obtenção do antígeno, foi soronegativos provenientes do município utilizado um cultivo obtido a partir de de Jequié (PARANHOS-SILVA et al., isolado local de Leishmania, caracterizado 1996). Os animais soropositivos foram como L. chagasi por técnica de submetidos à punção esplênica para identificação isoenzimática e comparação realização do diagnóstico parasitológico e com uma cepa de referência (LTCC - subdivididos em dois novos grupos: Leishmania Typing Culture Collection - animais parasitologicamente positivos e WDCM731). O antígeno se consistiu na negativos em cultura. Os animais de cada fração solúvel (sobrenadante resultante de grupo foram avaliados e os achados centrifugação a 10.000 g durante 30 clínicos catalogados em fichas clínicas minutos) de um lisado total de formas individuais. De acordo com as normas da promastigotas do parasito. Todos os testes Vigilância Sanitária do município, os cães foram feitos em triplicata e os valores soropositivos foram sacrificados e os médios de densidade óptica (DO) acima do soronegativos mantidos em domicílios e ponto de corte foram considerados acompanhados por um período de um ano, resultados positivos. A determinação dos sendo realizada posteriormente uma nova valores de DO para ponto de corte foi feita triagem sorológica e parasitológica. Todos utilizando-se a curva ROC (Receiver os procedimentos descritos, envolvendo Operating Characteristics), desenhada com animais, estão de acordo com as normas os valores de absorvância obtidos com os definidas pelo comitê de Ética em soros de 30 cães comprovadamente Experimentação Animal da Fundação positivos para infecção por L. chagasi, em Oswaldo Cruz, Bahia, Brasil. testes sorológico e parasitológico, e de 71 Todos os cães foram examinados para cães sadios, não infectados provenientes de verificação e catalogação quantitativa e áreas não-endêmicas segundo Griner et qualitativa de alterações clínicas. al.(1981). Alterações cutâneas, na cor e integridade Os animais foram tranqüilizados por meio das mucosas, crescimento anormal das de uma injeção intravenosa com 0,5 mg/kg unhas, alterações oculares e palpebrais, de acepromazina e posicionados em presença de secreções anormais, perda de decúbito lateral direito. A epilação foi peso, alterações comportamentais e do realizada no local da punção e a anti-sepsia estado geral, alteração no tamanho dos com solução a 0,5 % álcool-iodado. A 286
  • 5. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 punção esplênica foi realizada no flanco positivos de cultura esplênica e a esquerdo dos animais, um pouco abaixo da densidade óptica obtida no ELISA dos cães última costela, utilizando-se agulha 40 x 12 estudados (r=0,8555; p=0,00327). mm e seringa de 10 mL (Barrouin-Melo et Os animais foram divididos em dois al., 2006). As amostras (100 a 200 µL) grupos, de acordo com os resultados do foram colocadas, em cultivo, em um meio teste sorológico e parasitológico em: grupo bifásico contendo 1,5 mL de meio sólido 1 (13 cães ELISA positivo e parasitológico (ágar-sangue) acrescido com 2 mL de meio positivo) e grupo 2 (48 cães ELISA Schneider’s (Sigma, USA) e suplementado positivo e parasitológico negativo). com 20 % de soro bovino fetal (Sigma, Todos os animais estudados foram USA). As amostras foram mantidas em classificados como sintomáticos por meio cultivo a 23°C e examinadas semanalmente da avaliação clínico-patológica para sob microscopia óptica durante um mês. estabelecimento dos padrões de resposta Foi analisada a correlação entre os sinais orgânica à infecção e alterações clínicas. clínicos apresentados e a técnica ELISA e Os animais estudados apresentaram cultura de parasitos, sendo os dados condições clínicas que variaram de obtidos avaliados estatisticamente pelo oligossintomático (39/61, 65% cães - método Qui-quadrado, através do aqueles com três sinais clínicos no programa SPSS (versão 10), considerando- máximo, incluindo pêlos opacos e/ou se um intervalo de confiança de 95% (p< alopecia localizada e/ou perda de peso 0,05). moderada) a polissintomáticos (21/61, 35% cães - aqueles com sinais clínicos característicos da leishmaniose visceral, RESULTADOS E DISCUSSÃO tais como pêlos opacos, perda de peso severa, onicogrifose, lesões cutâneas, apatia e ceratoconjuntivite). Um total de 61 cães identificados como O conjunto de sinais clínicos encontrados soropositivos pelo teste ELISA, indireto mostrou-se equivalente aos sinais descritos para anticorpos anti-Leishmania, foram na literatura relativa a cães infectados por examinados clínica e parasitologicamente, L. infantum e L. donovani em países do sendo 24 cães selecionados no primeiro velho mundo. A distribuição de cães com inquérito sorológico e 37 no segundo. O parasitismo comprovado entre os grupos de teste ELISA indireto identificou cães que cães soropositivos com diferentes apresentaram resposta humoral específica condições clínicas está demonstrada na contra os antígenos de Leishmania Tabela 1. presentes na fração solúvel, estando de Os principais sinais clínicos observados acordo com a prevalência estimada de nos animais com positividade aos 23,5% para a área estudada, como citado resultados de ELISA foram alterações anteriormente por Paranhos-Silva et al. cutâneas (p=0,0402), conjuntivite (1996). (p=0,050), esplenomegalia (p=0,0272) e Os exames parasitológicos por cultivo de dificuldade locomoção (p=0,0256). aspirados esplênicos dos animais Observou-se também uma tendência à soropositivos identificaram parasitos em redução no número de hemácias nos 13 cães (13/61, 21,3%). Observou-se uma animais. correlação significativa entre os resultados 287
  • 6. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 Tabela 1. Achados clínicos observados em animais soropositivos para anticorpos anti-L. chagasi em relação a positividade no teste parasitológico Grupo 1 (13 cães) ELISA Grupo 2 (48 cães) ELISA Sinais clínicos observados positivo /Cultura positiva positivo/Cultura negativa % Animais Emaciação 61,6 27,1 Febre 69,2 39,6 Apatia 46,2 16,7 Anemia 46,2 20,8 Linfoadenomegalia 38,5 62,5 Esplenomegalia 23,1 14,6 Alterações Cutâneas 100,0 100,0 Alterações Oculares 53,9 41,7 Alterações Locomotoras 23,1 8,3 Alterações Neurológicas 30,8 8,3 Alterações Digestivas 38,5 45,8 Nos animais positivos para o exame pelo estímulo da matriz ungueal pelo parasitológico, constatou-se a ocorrência parasito, ou pela apatia do cão, que leva a dos seguintes sinais clínicos: alterações de uma diminuição do desgaste natural das mucosas (anemia) (p=0,0106), apatia unhas (SILVA et al., 2001). (p=0,0469) e aumento de bastonetes De fato, o perfil dos cães examinados no (p=0,0224). Com base nos resultados de presente estudo caracteriza uma população hemograma, foi observada uma correlação de área endêmica para leishmaniose entre leucocitose (r=0,4873, p< 0,0362) e visceral canina. Os achados clínicos os achados de cultura positiva. obtidos assemelham-se aos achados Nos animais com sorologia e parasitologia reportados por outros autores em outras positivas, observaram-se anemia (46,2% áreas endêmicas (ABRANCHES et al., dos animais), linfoadenomegalia (38,5%), 1991; BLAVIER et al., 2001; FRANÇA- esplenomegalia (23,1%), alterações SILVA et al., 2003; BORJA-CABRERA et oculares (caracterizadas por conjuntivite, al., 2004). A maior parte dos animais ceratite, ceratoconjuntivite seca, blefarite e infectados apresentou sinais clínicos uveíte em 53,9%), alterações locomotoras cutâneos, em mucosas, oculares e (23,1%) e alterações cutâneas (100%) perioculares, assim como evidências de (Tabela 1). A presença de uma ou mais anemia que os animais soropositivos sem alterações cutâneas caracterizadas por achados positivos em cultivos. alopecia, despigmentação, descamação, Alguns sinais clínicos observados como lesões ulcerativas, formação de nódulos ou problemas locomotores caracterizados por pústulas particularmente no focinho e dificuldade de locomoção, claudicação, lábios foram observadas em todos os atrofia muscular e intolerância ao animais dos dois grupos estudados. exercício, assim como as alterações Um percentual de 30,8% dos cães oculares, conjuntivite, edema de córnea e apresentou onicogrifose, no presente opacidade da córnea, além das alterações estudo. A maioria dos animais (50,1%) que cutâneas foram comuns nos animais apresentaram crescimento exagerado das examinados no presente estudo, descritos unhas demonstraram também emaciação, também por outros autores (KONTOS e apatia e problemas locomotores. O KOUTINAS, 1993; LOPEZ et al., 1993). crescimento anormal das unhas é explicado 288
  • 7. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 No presente estudo, os linfonodos mais 1994) e pneumonite intersticial (DUARTE comumente afetados foram os poplíteos e et al., 1986). mandibulares. Outros autores citaram Na literatura, as alterações clínicas mais predominância de linfoadenomegalia pré- comuns são: a diminuição da atividade escapular (GÓMEZ NIETO et al., 1992). física, lesões de pele, perda de peso Provavelmente esses sinais decorrem de progressiva apesar de apetite normal, sinais um maior número de lesões cutâneas na de falha renal, epistaxe intermitente ou região cranial dos animais. severa, lesões oculares e distúrbios Palidez de mucosas e redução nas locomotores (SLAPPENDEL e GREENE, contagens de eritrócitos no hemograma, 1990; ABRANCHES et al., 1991; consistentemente encontrados nos animais KONTOS e KOUTINAS, 1993). infectados no nosso estudo podem refletir Entretanto, nossos resultados indicam a o comprometimento da capacidade de ausência de sinais clínicos característicos reposição celular da medula óssea, já para a leishmaniose canina que possam ser demonstrada na infecção canina por usados como um marcador clínico Leishmania pela maioria dos autores específico para infecção, útil na elaboração (KONTOS e KOUTINAS, 1993; LOPEZ do diagnóstico clínico. A enorme et al., 1993; FONT, 1996). Achados variedade de sinais clínicos não específicos hematológicos quantitativos, obtidos pelo torna as técnicas laboratoriais hemograma fornecem subsídios indispensáveis para a obtenção de um importantes quanto à resposta orgânica do diagnóstico preciso. Os sinais clínicos cão portador de leishmaniose (IKEDA et podem ser influenciados por inúmeros al., 2003). fatores tais como, raça dos animais, estado Um problema significativo para o nutricional e doenças concomitantes que diagnóstico clínico de leishmaniose canina podem afetar o curso da infecção nos é o fato de que alguns sinais clínicos animais (SOLANO-GALLEGO et al., podem surgir em inúmeras outras doenças 2000; MORENO &ALVAR et al 1997). infecciosas e em casos de desordens Os resultados de soropositividade sem linfoproliferativas. Clinicamente a confirmação parasitológica em animais leishmaniose canina se confunde com sintomáticos no presente estudo são distúrbios auto-imunes sistêmicos e equivalentes aos achados de outras áreas dermatológicos (lúpus eritematoso geográficas (DYE et al., 1993; PINELLI, sistêmico) e com doenças como a et al., 1994; INIESTA et al, 2002; cinomose, babesiose, hepatozoonose, REITHINGER et al., 2003 e RIERAA et dirofilariose, trichuríase e ancilostomoses al, 2004). De fato os testes sorológicos (KONTOS & KOUTINAS, 1993), utilizados para diagnóstico da infecção leptospirose e brucelose (LOPEZ et al., podem apresentar tanto resultados falso- 1993) e erlichiose (FONT, 1996). Existem positivos, como em cães sadios que relatos de casos demonstrando o entraram em contato com o parasito quanto envolvimento da leishmania em quadros falso-negativos, como em cães afetados patológicos como poliartrite (SPRENG, que não produziram anticorpos 1993; WOLSCHRIJN et al., 1996), (BONATES, 2003). Reações cruzadas trombose vascular da aorta, artérias ilíacas, podem dever-se à existência de veia cava e veias femurais (FONT et al., determinantes antigênicos e de proteínas 1993), pênfigo foliáceo (GINEL et al., comuns a parasitos como Tripanossoma 1993), coagulação intravascular cruzi, Leishmania chagasi e Leishmania disseminada (FONT et al., 1994), colite brasiliensis (ALVES et al., 1998). crônica (FERRER et al., 1991), A partir de dados fornecidos pelo Centro hemangiosarcoma (MARGARITO et al., de Referência em Doenças Endêmicas Pirajá da Silva (PIEJ), no município de 289
  • 8. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 Jequié-BA, foi possível observar que as transmissão de homem para homem ocorrências do número de casos de (ALVES et al., 1998; SILVA et al., 2001). leishmaniose caninas e humanas Vários estudos clínicos, descrevendo apresentaram oscilações durante o período aspectos clínicos de cães portadores de de 1998 a 2005. Essas oscilações podem infecção natural por leishmania foram ser atribuídas a mudanças nos fatores produzidos na Europa, onde a L. infantum ecológicos, como o desmatamento da é o agente etiológico da doença (MATHIS cobertura vegetal original, interferência no & DEPLAZES, 1995; REALE et al., equilíbrio ecológico causando 1999). Há evidências de que L. chagasi e deslocamento e/ou extinção da fauna pela L. infantum sejam a mesma espécie de destruição dos habitats naturais, as Leishmania (MAURICIO et al., 2001), transformações do ambiente provocadas provavelmente introduzida no Continente pelo processo migratório, à urbanização Americano durante a colonização por crescente e o esvaziamento rural. Além de países da Europa. De fato, a maioria dos mudanças nos fatores climáticos como, as achados clínicos reportados em estudos secas periódicas e o efeito do El Niño, o clínicos realizados com cães em países da qual comprovadamente tem efeito sobre o América se sobrepõem aos achados em ciclo de incidência anual da LVC no estudos europeus. Entretanto, pode haver Brasil, promovendo a redução da mesma. variações na patogenicidade de isolados de O El Niño provoca impactos sobre a Leishmania, associados à LVC, em dinâmica das populações humana, animal diferentes áreas geográficas, como (canídeos, roedores, entre outros) e dos sugerem alguns trabalhos, que vetores. Para diminuir o impacto demonstraram que potenciais de provocado medidas preventivas são disseminação e lesão em diferentes áreas tomadas, como melhoria da infra-estrutura, corporais podem ser devidos a diferentes controle de doenças e de vetores, zymodemas expressos por isolados de L. reduzindo dessa forma ainda mais o risco infantum (ALVAR et al., 1997; epidêmico (FRANKE et al., 2002). A SULAHIAN et al., 1997). Da mesma disseminação e a manutenção da forma, algumas diferenças foram leishmaniose humana têm sido atribuídas verificadas na distribuição de parasitos em ao reservatório canino, e o controle da infecções por isolados variados de L. LVC no Brasil enfatiza a eliminação de chagasi (NOYES et al., 1997). cães soropositivos. Segundo Ribeiro e Michalick (2001), em estudos controlados, a propagação da leishmaniose não foi AGRADECIMENTOS significativamente afetada pela eliminação dos cães soropositivos, o que foi Agradecemos ao suporte do Conselho Nacional de confirmado no nosso trabalho. Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Em outras áreas endêmicas do estado da FAPESB ao Programa de Iniciação Científica Bahia, casos humanos de LV nunca foram (PIBIC)-UFBA; ao CPqGM - FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) e a Eliane Góes observados em locais com alta Nascimento do Centro de Referência em Doenças soroprevalência canina (PARANHOS- Endêmicas Pirajá da Silva, CERDEPS / PIEJ, SILVA et al., 1996). No Ceará, SESAB – Jequié-BA. evidenciaram parasitismo na pele de 40% dos pacientes infectados, provando que o dermato-tropismo ocorre em L. chagasi e REFERÊNCIAS pode ser freqüente na LV humana tropical, pois os parasitos na pele podem agir como fonte de infecção, permitindo a ABRANCHES, P.; SILVA-PEREIRA, M. C.; CONCEICAO-SILVA, F. M.; 290
  • 9. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 SANTOS-GOMES, G. M.; JANZ, J. G.. polysymptomatic animals. The Veterinary Canine leishmaniasis: pathological and Journal, n.171, p..331-339, 2006. ecological factors influencing transmission of infection. The Journal of Parasitology, BLAVIER, A.; KEROACK, S.; n.77, p.557-561, 1991. DENEROLLE, P.; GOY-THOLLOT, I.; CHABANNE, L.; CADORE, J. L.; ALVAR, J.; CANAVATE, C.; BOURDOISEAU, G. Atypical forms of GUTIERREZ-SOLAR, B.; JIMENEZ, M.; canine leishmaniosis. The Veterinary LAGUNA, F.; LOPEZ-VELEZ, R.; Journal, n. 62, p.108-20, 2001. MOLINA, R.; MORENO, J. Leishmania and human immunodeficiency virus BONATES, A. Leishmaniose visceral coinfection: the first 10 years. Clinical (calazar). Vet News, v. 61, p. 4 -5, 2003. microbiology reviews, n.10, p.298-319, 1997. BORJA-CABRERA, G. P.; MENDES A. C.; SOUZA, E. P.; OKADA L. Y. H.; ALVES, A. L.; BEVILAQUA, C. M. L.; TRIVELLATO F. A. A.; KAWASAKI, J. MORAES, N. B.; FRANCO, S. O. K.; COSTA, A. C.; REIS, A. B.; Levantamento epidemiológico da GENARO, O.; BATISTA, L. M.; leishmaniose visceral em cães vadios da PALATNIK, M.; PALATNIK-DE- cidade de Fortaleza, Ceará. Ciência SOUSA, C. B. Effective immunotherapy Animal, v.8, n.2, p.63-68, 1998. against canine visceral leishmaniasis with the FML-vaccine. Vaccine, n.2, p.2234-43, AMUSATEGUI, I.; SAINZ, A.; 2004. TESOURO, M. A. Effects of antimonial therapy for canine leishmaniasis on BRASIL. Ministério da Saúde. antibody titer. Annals of the New York Departamento de Vigilância Academy of Sciences, n.29, p.44-46, Epidemiológica. Manual de vigilância e 1998. controle da leishmaniose visceral, Brasília: Ministério da Saúde, 2003. BADARÓ, R.; BENSON D.; EULALIO, M.C.; FREIRE, M.; CUNHA, S.; CIARAMELLA, P.; OLIVA, G.; LUNA, MARTINS NETTO, E. M.; PEDRAL- R. D.; GRADONI, L.; AMBROSIO, R.; SAMPAIO, D.; MADUREIRA, C.; CORTESE, L.; SCALONE, A.; BURNS, J. M.; HOUGHTON, R. L.; PERSECHINO, A. A retrospective clinical DAVID, J. R.; REED, S. G. rK39: A study of canine leishmaniais in 150 dogs cloned antigen of leishmania chagasi that naturally infected by Leishmania infantum. preticts ative visceral leishmaniasis. The The Veterinary record, n.41, p..539-543, Journal of Infectious Diseases, n.173, 1997. p.758-761, 1996. COURTENAY, O.; SANTANA, E. W.; BARROUIN-MELO, S. M.; JOHNSON, P. J.; VASCONCELOS, I. A.; LARANJEIRA, D. F.; ANDRADE VASCONCELOS, A. W. Visceral FILHO, F. A.; TRIGO, J.; JULIAO, F. S.; leishmaniasis in the hoary zorro Dusicyon FRANKE, C. R.; AGUIAR, P. H. P.; vetulus: a case of mistaken identity. DOS-SANTOS, W. L. C.; PONTES-DE- Transactions of the Royal Society of CARVALHO, L. Can spleen aspirations be Tropical Medicine and Hygiene, n.90, safely used for the parasitological p.498-502, 1996. diagnosis of canine visceral leishmaniosis? A stydy on assymptomatic and DEANE, L. M.; DEANE, M. P.; ALENCAR, J. E. Control of Phlebotomus 291
  • 10. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 longipalpis by DDT house spraying FRANÇA-SILVA, J. C.; COSTA, R. T.; endemic foci of kala-azar in Ceara. SIQUEIRA, A. M.; MACHADO- Revista brasileira de malariologia e COELHO, G. L.; COSTA, C. A.; doenças tropicais, n.7, p.131-41, 1955. MAYRINK, W. VIEIRA, E. P.; COSTA, J. S.; GENARO, O.; NASCIMENTO, E. DUARTE, M. I.; LAURENTI, M. D.; Epidemiology of canine visceral NUNES, V. L. B.; REGO JUNIOR, A. F.; leishmaniosis in the endemic area of OSHIRO, E. T.; CORBETT, C. E. Montes Claros Municipality, Minas Gerais Intersticial pneumonitis in canine visceral State, Brazil. Veterinary Parasitology, leishmaniasis. Revista do Instituto de n.13, p.161-73, 2003. Medicina Tropical de São Paulo, v.28, n.6, p.431-436, 1986. FRANKE, C. R.; ZILLER, M.; STAUBACH, C.; LATIF, M. Impacto of DYE, C., VIDOR, E.; DEREURE, J. the El Niño/Southern Oscillation on Serological diagnosis of leishmaniasis: on Visceral Leishmaniasis, Brazil. Emerging detecting as well as disease. Epidemiology infectious diseases, n.8, p.914-917, 2002. and infection, n.103, p.647–656, 1993. GINEL, P. J.; MOZOS, E.; FERNANDEZ, FERRER, L.; AISA, M. J.; ROURA, X.; A.; MARTINEZ, A.; MOLLEDA, J. M. PORTUS, M. Serological diagnosis and Canine pemphigus foliaceus associated treatment of canine leishmaniasis. The with leishmaniasis. The Veterinary Veterinary Record, n.136, p.514-516, Record, n.133, p.526-527, 1993. 1995. GÓMEZ NIETO, C.; NAVARRETE, I.; FERRER, L.; JUANOLA, B.; RAMOS, J. HABELA, M. A. Phatological changes in A.; RAMIS, A. Chronic colitis due to Kidneys of dogs whit natural Leishmania leishmania infection in two dogs. infection. Veterinary Parasitology, n.5, Veterinary Pathology, v.28, p.342-343, p.33-47, 1992. 1991. GRINER, P. F.; MAYEWSKI, R. J.; FONT, A. Consider leishmaniasis in MUSHLIN, A. I. Selection and diferential for monoclonal gammopathies interpretation of diagnostic tests and in dogs. Journal of the American procedures: principles and applications. Veterinary Medical Association, n.208, Annals of Internal Medicine, n.94, p.557- p.184, 1996. 92, 1981. FONT, A.; GINES, C.; CLOSA, J. M.; IKEDA, F. A.; CIARLINI, P. C; MASCORT, J. Visceral leishmaniasis and FEITOSA, M. M. Perfil hematológico de disseminated intravascular coagulation in a cães naturalmente infectados por dog. Journal of the American Veterinary Leishmania chagasi no município de Medical Association, v.204, n.7, p.1043- Araçatuba- SP: um estudo retrospectivo de 1044, 1994. 191 casos. Revista clinica veterinária, n.8, p.42-48, 2003. FONT, A.; CLOSA, J. M.; MOLINA, A.; MASCORT, J. Trombosis and nephotic INIESTA, L.; FERNANDEZ-BARREDO, syndrome in a dog with visceral S.; BULLE, B.; GOMEZ, M. T.; leishmaniasis. The Journal of Small PIARROUX, R.; GALLEGO, M.; Animal practice, v.34, p.446-470, 1993. ALUNDA, J. M.; PORTUS, M. Diagnostic techniques to detect cryptic leishmaniasis in dogs. Clinical and Diagnostic 292
  • 11. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 Laboratory Iimmunology, n.9, p.1137– typing and phylogeny of the Leishmania 1141, 2002. donovani complex by restriction analysis of PCR amplified gp63 intergenic regions. KONTOS, V. J.; KOUTINAS, A. F. Old Parasitology, n.122, p.393-403, 2001. world canine leishmaniasis. Continuing Education Articles, n.15, p.949-959, MORENO, J.; ALVAR, J. Canine 1993. leishmaniasis: epidemiological risk and the experimental model. Trends in KOUTINAS, A. F.; KONTOS, V.; Parasitology, n.18, p.399-405, 2002. KALDRIMIDOU, H. Canine leishmaniasis- associeted nephropathy: a MOURA, R. O. D.; PAULA, V. V.; clinical, clinicopathologic and pathologic SOARES, M. J. V. Alterações renais em study in 14 spontaneous cases with cães (Canis familiaris) sorapositivos para proteinuria. European Journal of leishmaniose: aspectos clínicos, Companion Animal Practice, n.5, p.31- laboratoriais e histopatológicos. Revista 38, 1995. Brasileira de Medicina Veteterinária, n.4, p.61-64, 2002. LOPEZ, M.; INGA, R.; CANGALAYA, M.; ECHEVARRIA, J.; LLANOS- NOYES, H.; CHANCE, M.; PONCE, C.; CUENTAS, A.; ORREGO, C.; PONCE, E.; MAINGON, R. Leishmania AREVALO, J. Diagnosis of leishmania chagasi: genotypically similar parasites using the polimerase chain reaction; a from Honduras cause both visceral and simplified procedure for field. The cutaneous leishmaniasis in humans. American journal of tropical medicine Experimental Parasitology, n.85, p.264- and hygiene, n.49, p.348-356, 1993. 73, 1997. MARGARITO, J. M.; GINEL, P. J.; PARANHOS-SILVA, M.; FREITAS, L. MOLLEDA, J. M.; MORENO, P.; A.; SANTOS, W. C.; G. JUNIOR, G.; NOVALES, M.; LOPEZ, R. PONTES-DE-CARVALHO, L. C.; Haemangiosarcoma associated with OLIVEIRA-DOS-SANTOS, A. J. A cross- leishmaniasis in three dogs. The sectional serodiagnostic survey of canine Veterinary record, n.134, p.66-67, 1994. leishmaniasis due to L. Chagasi. The American Journal of Tropical Medicine MARZOCHI, M. C.; COUTINHO, S. G.; and Hygiene, n.55, p.39-44, 1996. SOUZA, W. J.; TOLEDO, L. M.; GRIMALDI JUNIOR, G.; MOMEN, H.; PINELLI, E.; KILLICK-KENDRICK, R.; PACHECO, R. D. A. S.; SABROZA, P. WAGENAAR, J.; BERNADINA, W.; C.; SOUZA, M. A.; RANGEL JUNIOR, F. REAL, G.; RUITENBERG, J. Cellular B. Leishmaniose visceral canina no Rio de and humoral immune responses in dogs Janeiro- Brasil. Caderno de Saúde experimentally and naturally infected with Pública, n.1, p.432-446, 1985. Leishmania infantum. Infection and Immunity, n.62, p.229-35, 1994. MATHIS, A.; DEPLAZES, P. PCR and in vitro cultivation for detection of REALE, S.; MAXIA, L.; VITALE, F.; Leishmania spp. in diagnostic samples GLORIOSO, N. S.; CARACAPPA, S.; from humans and dogs. Journal of clinical VESCO, G. Detection of Leishmania microbiology, n.33, p.1145-9, 1995. infantum in dogs by PCR with lymph node aspirates and blood. Journal of Clinical MAURICIO, I. L.; GAUNT, M. W.; Microbiology, n.37, p.2931-5, 1999. STOTHARD, J. R.; MILES, M. A. Genetic 293
  • 12. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 REITHINGER, R.; ESPINOZA, J. C.; of viscerotropic and dermotropic isolates COURTENAY, O.; DAVIES, C. R. of Leishmania infantum from Evaluation of PCR as a Diagnostic Mass- immunocompromised and Screening Tool to Detect Leishmania immunocompetent patients in a murine (Viannia) spp. in Domestic Dogs (Canis model. FEMS Immunology and medical Familiaris). Journal of Clinical Microbiology, n.17, p.131-8, 1997. Microbiology, p.1486–1493, 2003. WHO. World Health Organization: RIBEIRO, V. M.; MICHALICK, M. S. M.. Control of the Leishmaniasis. Geneva:, Protocolos terapêuticos e controle da World Health Organization, 1990. leishmaniose visceral canina. Revista Nosso Clínico, n.4, p.10-20, 2001. WOLSCHRIJN, C. F.; MEYER, H. P.; HAZEWINKEL, H. A.; WOLVEKAMP, RIERA, C.; FISA, R.; UDINA, M.; W. T. Destructive polyarthritis in a dog GALLEGO, M.; PORTUS, M.. Detection with leishmaniasis . The Journal of small of Leishmania infantum cryptic infection animal practice, n.37, p.601-603, 1996. in asymptomatic blood donors living in an endemic area (Eivissa, Balearic Islands, Data de recebimento: 25/05/2007 Spain) by different diagnostic methods. Data de aprovação: 09/07/2007 Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, n.98, p.102-110, 2004. SILVA, E. S.; ROSCOE, E. H.; ARRUDA, L. Q. Leishmaniose visceral canina: estudo clínico-epidemiológico e diagnóstico. Revista Brasileira de Medicina Veteterinária, n.23, p.111-116, 2001. SLAPPENDEL, R. J.; GREENE, C. E. Leishmaniasis. In: GREENE, C.E.: Infectious diseases of the dog and cat, Philadelphia: WB Saunders, 1990. p.769- 777, 1990. SOLANO-GALLEGO, L.; LLULL, J.; RAMOS, G.; RIERA, C.; ARBOIX, M.; ALBEROLA, J.; FERRER, L. The Ibizian hound presents a predominantly cellular immune response against natural Leishmania infection. Veterinary parasitology, n.90, p.37–45, 2000. SPRENG, D. Leishmanial polyarthritis in two dogs. The Journal of small animal practice, n.4, p.559-563, 1993. SULAHIAN, A.; GARIN, Y. J.; PRATLONG, F.; DEDET, J. P.; DEROUIN, F. Experimental pathogenicity 294