O documento introduz os principais conceitos sobre câmbio e mercados cambiais. Explica que moeda é um instrumento que facilita trocas e tem valor determinado comumente. Descreve a evolução dos sistemas monetários internacionais, desde mercadorias até sistemas digitais. Também define os diferentes tipos de mercados cambiais, como mercado à vista, mercado futuro e mercado interbancário.
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1 INTRODUÇÃO AO CÂMBIO
DEFINIÇÃO DE MOEDA
Moeda é um instrumento que facilita as trocas, é aceita facilmente por todos, tem
um valor de determinação comum, evoluindo ao longo do tempo:
Fonte: WOLTER (2022)
PADRÃO MONETÁRIO=ESTALÃO MONETÁRIO
No passado, era determinado quantum de metal precioso (prata ou ouro), as
unidades monetárias deveriam conter. A valorização era feita com base no valor dos
metais
No Século quinto a.C., os sumérios, localizados no Oriente Médio, passaram a
usar moedas de metal.
SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL
O sistema monetário internacional evoluiu, até sua forma atual, passando por
diversos períodos.
Mercadoria
Metal/ouro
Papel
Escritural
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Fonte: WOLTER (2022)
Padrão
Ouro
•1870/1880 a 1914/1918
•Nasceu naturalmente, adotado pela maioria dos países
•O pais mantem a paridade de sua moeda com uma certa quantidade de ouro.
Entre
Guerras
•1914 / 1945
•Descolou o centro mundial para os estados unidos com enraquecimento dos
países europeus.
Bretton
Woods
•1945 / 1973
•Sistema acordado pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial, na cidade de
Breton Woods, em julho de 1944.
Pós Bretton
Woods
•1945 / 1973
•Em 1971 o Dólar estava desvalorizado em relação ao ouro, em 1973 o padrão
ouro foi abandonado.
Complementando as informações, na fase Bretton Woods o objetivo era reconstruir
o sistema monetário internacional e dar suporte a reintegração da economia
mundial. Houve a Criação do Banco Mundial e do FMI. Fase sustentada pelo padrão
ouro-dólar e taxas de câmbio fixas, na qual o dólar passou a ser a nova moeda base,
e o centro Financeiro Norte americano, o Federal Reserve FED, o centro de decisão.
Nesta fase Pós Bretton Woods, os Estados Unidos não conseguiam mais
sustentar o alto custo para a economia. Em paralelo os países europeus estavam se
consolidando e Japão se revelando potência mundial. O dólar continuou sendo a base
do sistema monetário internacional, com iene japonês e marco alemão sendo seus
concorrentes. Como uma das consequências da crise política note americana, os países
europeus buscaram uma moeda comum europeia EURO.
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Base desta explicação está no livro Globalizing Capital: a histoy of the
international monetary system, de Barry Euchengreen (2008):
2 MERCADO CAMBIAL
CAMBIO
Este mercado é muito amplo, envolve diversos agentes (comerciantes, turistas,
empresas, instituições financeiras), compra e venda em moeda estrangeira (divisas),
negociação de produtos com prazos de entrega pré-determinados, de formas
diferenciadas, sob a regulação e supervisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) e
do Banco Central (BC).
Operações de câmbio mais comuns são:
• Câmbio para Turismo (compra de moeda do país estrangeiro em dinheiro em
espécie e cartão pré-pago, em instituições autorizadas)
• Remessas pessoais (envio de dinheiro para exterior, por instituições autorizadas)
• Importação e Exportação (recebimento ou pagamento, de compra e venda de bens
e serviços)
Carvalho, Assis e Joaquim (2007, p.25) consideram câmbio como sendo “toda
operação em que há troca (compra ou venda) da moeda de um país, pela moeda
de outro país”. Não somente as cotações ou paridades do Euro ou do Dólar em
relação ao Real, que estamos mais habituados a ouvir, ou acompanhar nos
noticiários.
5. Introdução ao câmbio e mercados cambiais
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Funções do Mercado de Câmbio
Há cinco diferentes categorias de transações que são realizadas em um mercado
cambial, segundo Einzing (1966:15)
Fonte: WOLTER (2022)
• Troca
moeda para
viajar
Turista
• Troca
moeda para
vendar
Exportador
• Troca
moeda para
comprar
Importador
Neste mercado, são realizadas operações de compra e venda de
moedas estrangeiras. O objetivo deste mercado é viabilizar a
transferência de recursos entre os países e seus os agentes
econômicos/financeiros, fornecendo ainda linhas de crédito para
viabilizar negociações internacionais, atuando para diminuir os
riscos destes mercados, através de algumas
estratégias/ferramentas.
Bancos
Clientes
dentro do
Pais
Bancos no
mesmo
Pais
Bancos em
diferentes
Países
Bancos
Centrais
dentro de
um mesmo
pais
Bancos
Centrais em
diferentes
Países
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Quantidade de Instituições que atuam no mercado de câmbio BACEN (jan2022)
• 183- Instituições habilitadas a operar no mercado de câmbio;
• 76- Instituições habilitadas a intermediar operações de câmbio;
• 2- Agências de Turismo;
• 4451- Correspondentes em operações de câmbio;
Podem operar no mercado de câmbio as seguintes instituições (quando também
forem autorizadas a realizar operações de câmbio):
• bancos múltiplos, bancos comerciais e caixas econômicas;
• bancos de investimento;
• bancos de desenvolvimento;
• bancos de câmbio;
• corretoras de câmbio;
• agências de fomento;
• sociedades de crédito, financiamento e investimento (financeiras); e
• corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários
Além disso, a partir de 1º de setembro de 2022, as instituições de Pagamento (IPs)
autorizadas a funcionar pelo BC também poderão solicitar autorização para atuar no
mercado de câmbio.
“É de todos sabidos que a compra e venda de moedas estrangeiras no Brasil não
é totalmente livre. Ao contrário, o mercado cambial é controlado pelo Banco
Central do Brasil(Bacen) e operado por estabelecimentos autorizados por aquele
órgão, a operar câmbio.” Bizelli e Barbosa(2002, p.65)
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Quais operações estas Instituições podem realizar?
• Bancos, exceto de desenvolvimento, e a Caixa Econômica Federal podem
realizar todas as operações previstas para o mercado de câmbio.
• Bancos de desenvolvimento, financeiras e agências de fomento podem
realizar operações específicas autorizadas pelo Banco Central.
• As corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários e
sociedades corretoras de câmbio podem realizar:
• operações de câmbio com clientes para liquidação pronta de até US$300
mil ou o seu equivalente em outras moedas; e
• operações no mercado interbancário, arbitragens no País e arbitragem
com o exterior.
TAXA DE CAMBIO
Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou
frações (centavos) da moeda nacional (Reais). A moeda estrangeira mais negociada é o
dólar dos Estados Unidos, fazendo com que a cotação mais comumente utilizada seja a
dessa moeda.
A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação à outra,
dividindo-se em taxa de venda e taxa de compra, pensando sempre do ponto de vista das
instituições financeiras.
Figura. Relação de moedas estrangeiras e padrões monetários brasileiros
Fonte: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/todasmoedas
8. Introdução ao câmbio e mercados cambiais
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ESTABELECIMENTO DAS COTAÇÕES CAMBIAIS
As taxas de câmbio são demonstradas em tabelas com dois valores para a moeda
estrangeira: um de taxa de compra (bid rate) e outro de taxa de venda (offer rate). A
diferença entre esses dois valores (spread) indica o ganho do banco.
Fonte: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/fechamentodolar
POSIÇÃO DE CÂMBIO
A posição de câmbio é representada pelo saldo das operações de câmbio (compra
e venda de moeda estrangeira, de títulos e documentos que as representem e de ouro-
instrumento cambial) prontas ou para liquidação futura, realizadas pelas instituições
autorizadas pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio.
A fim de facilitar as comparações, considerando-se que um estabelecimento
bancário opera com diversas moedas, costuma-se converter as diferentes moedas em uma
única (geralmente o dólar).
A cotação da taxa da moeda “turismo” é maior que a “taxa da moeda comercial” em
função de ter embutido um spread que inclui seguro, manuseio, transporte entre outros
custos. Há ainda incidência de IOF na modalidade de compra de moeda pelo câmbio
manual.
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Fonte: WOLTER, Celia(2022)
MERCADO DE CÂMBIO SACADO
Envolve as negociações feitas através de débitos e créditos em moedas estrangeira
em contas de estabelecimentos bancários brasileiros no exterior, ou seja, a compra e venda
de divisas estrangeiras, autorizadas pelo Banco Central, oriundas de importações e
exportações, representadas por depósitos, letra de câmbio, cheques, ordens de pagamento
etc.
MERCADO DE CÂMBIO MANUAL OU TURISMO
Negociações feitas por instituições autorizadas a operar nessa área, como bancos
múltiplos, bancos comerciais e casa de câmbio, com finalidade de viagem, em espécie ou
cheques de viagem (travellers cheques). Ocorre quando as pessoas compram moeda
estrangeira para viajar a outro país ou quando trocam moeda estrangeira por real no
retorno. A taxa de câmbio negociada nestas modalidades é diferenciada da taxa usada nas
importações e exportações.
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DENOMINAÇÕES ESPECIFICAS NO MERCADO DE CÂMBIO
De acordo com a finalidade das operações, prazos, tipos de operação, tipos de
transferência, envolvendo as diversas moedas estrangeiras participantes deste mercado,
surgem denominações específicas (paralelo – pronto – futuro)
MERCADO PARALELO
Engloba todas as operações feitas por pessoas físicas ou jurídicas não autorizadas
a operar no mercado de câmbio. São operações não legalmente autorizadas. Temos
historicamente exemplos transações feitas para paraísos fiscais por políticos ou
empresários.
OPERAÇÃO PRONTA/MERCADO PRONTO (SPOT EXCHANGE/CÂMBIO À
VISTA)
Engloba todas as operações “prontas” de câmbio, que são liquidadas no prazo de
até dois dias úteis(D+2), ou seja, compra ou venda para entrega imediata.
OPERAÇÃO PARA LIQUIDAÇÃO FUTURA/MERCADO FUTURO
(FORWARD EXCHANGE/ CÂMBIO A TERMO)
Engloba todas as operações com uma taxa combinada, para entrega em uma data
futura (superior a 2 dias úteis). Ou seja, operações de compra ou venda liquidadas em
uma data futura pactuada, com objetivo de preservar as partes dos riscos que as flutuações
cambiais podem oferecer.
MERCADO DE CÂMBIO PRIMÁRIO
A operação de mercado primário implica o recebimento ou a entrega de moeda
estrangeira por parte de clientes no Brasil, correspondendo a fluxo de entrada ou de saída
da moeda estrangeira do País. Esse é o caso das operações realizadas, por exemplo, com
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exportadores, importadores e viajantes. É o mercado no qual são realizadas operações
cambiais entre os bancos e seus clientes não-bancários.
MERCADO DE CÂMBIO SECUNDÁRIO OU INTERBANCÁRIO
Já no mercado secundário, também denominado mercado interbancário, os
negócios são realizados entre bancos. Nesse caso, a moeda estrangeira é negociada entre
as instituições integrantes do sistema financeiro e simplesmente migra do ativo de uma
instituição autorizada a operar no mercado de câmbio para o de outra, igualmente
autorizada, não havendo fluxo de entrada ou de saída da moeda estrangeira do Brasil. É
o mercado no qual são realizadas apenas operações entre bancos e entre bancos e o Banco
Central.
MERCADO DE CÂMBIO COMERCIAL
Referem-se as transações comerciais de importação e exportação de
mercadorias/bens ou serviços (Trabalha com a taxa interbancária)
MERCADO DE CÂMBIO FINANCEIRO
São as demais transações que não se referem as transações comerciais, e sim para
pagamento de juros, frete internacional, aluguel, empréstimo, seguros etc...(trabalha com
a taxa interbancária)
POLÍTICA CAMBIAL
Segundo Carbaugh (2004, p.411) “quando uma moeda vale mais no mercado a
termo do que no mercado de câmbio à vista, diz-se que ela tem um ágio;
inversamente, quando a moeda vale menos no mercado a termo do que no
mercado de câmbio à vista, diz-se que ela possui um deságio.”
Conjunto de medidas que define o regime de taxas de câmbio, indicando qual será a
relação financeira entre o país e os demais países, atuação no mercado de câmbio,
regras para movimentação internacional de capitais e de moedas e gestão de reservas
internacionais
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MERCADO DE CÂMBIO LIVRE OU FLUTUANTE
O país interfere minimamente na política cambial, por vezes o banco central
ajusta a taxa de câmbio, pois países com este perfil tem uma economia aberta e buscam
manter reservas equilibradas.
MERCADO DE CÂMBIO CONTROLADO
O país controla ou fixa a taxa de câmbio, refletindo desequilíbrio ´político ou
econômico”.
No Brasil o Conselho Monetário Nacional (CMN) é responsável pela
regulamentação do mercado de câmbio, e o Banco Central regula o mercado e faz com
que a regulamentação seja cumprida.
Buscamos compreender a origem da moeda, desde a negociação de bens até o papel
e escrituração, passando pelo ouro, as fases do Sistema Monetário Internacional, nas
quais originaram as características que tem hoje, as definições de câmbio e operações
mais comuns.
Conhecemos um pouco também a respeito das funções do Mercado Cambial e das
instituições que operam nele, Taxas de câmbio, Cotações cambiais.
Tivemos conhecimento a respeito de disponibilidade do dinheiro no mercado de
cambio, bem como operações e mercados.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, Joni Tadeu. Câmbio. Curitiba: Intersaberes, 2012.
BORGES, Joni Tadeu. Câmbio: mercado e prática. Curitiba: Intersaberes, 2018.
COSTA, Armando Joao Dalla, SANTOS, Elson Rodrigo de Souza. Economia
internacional: teoria e prática. Curitiba: Intersaberes, 2013.
https://www.bcb.gov.br/content/acessoinformacao/museudocs/pub/Cartilha_Dinheiro_n
o_Brasil.pdf
https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/politica_cambial/cartilha_cambio
_envio_recebimento_pequeno_valores.pdf
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/todasmoedas