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CLUSTER 
METROPOLITANO 
DE NEGÓCIOS CRIATIVOS
¬ 3 
O Planejamento Estratégico para 
a implantação de um CLUSTER 
METROPOLITANO DE NEGÓCIOS 
CRIATIVOS no território compreendido 
ao longo da borda dágua entre a zona 
portuária de Recife e a colina histórica 
de Olinda é apresentado pela Secretaria 
de Desenvolvimento do Estado de 
Pernambuco como resultado de uma 
reflexão profunda sobre o potencial da 
Economia Criativa para a melhoria da 
qualidade de vida e o desenvolvimento 
econômico da região Metropolitana do 
Recife. 
Esta reflexão foi realizada por um grupo 
interdisciplinar composto por urbanistas, 
cientistas, economistas, artistas e 
empresários do segmento criativo durante 
o ano de 2013, 
As recomendações contidas neste 
documento, incluindo os objetivos 
estratégicos e a estrutura de governança, 
está sujeita a novas consultas e/ 
ou mudanças que forem necessárias 
visando a otimização dos resultados para 
sociedade. 
O processo de planejamento estratégico 
seguiu uma metodologia adotada para 
StartUPs, visando construir um modelo de 
negócios baseados em valores e talentos 
potenciais e existentes. Discussões 
com jovens criativos e empresários 
estabelescidos a longo tempo no setor 
aconteceram neste período e contribuiram 
para a formulação de estratégias e 
recomendação de ações em sintonia com 
desejos e aspirações do segmento. 
Em paralelo, ocorreu um amplo trabalho 
de pesquisa e avaliação situacional sobre 
Clusters Criativos e sua inserção no 
contexto global e local. O resultado desse 
produto permitiu a identificação dos 
principais gargalos e potencialidades para 
a implementação de experiência similar 
em nosso estado. 
Secretaria de Desenvolvimento Econômico 
• Secretário: Márcio Stefanni Monteiro 
• Secretário Executivo de Políticas de 
Desenvolvimento: Felipe Chaves 
• Gerente Geral de Economia Criativa 
Verônica Ribeiro
¬ 4 
A Fundação Gilberto Freyre foi convidada 
pela Secretaria de Desenvolvimento 
Econômico do Estado de Pernambuco 
para analisar estratégias capazes de 
fomentar ações para um Cluster de 
Negócios Criativos entre o Bairro do 
Recife e o Sítio Histórico de Olinda. O 
trabalho consiste em identificar, reunir 
e avaliar planos, propostas e estudos 
desenvolvidos para o micro-território, 
identificando os agentes produtivos sob 
o enfoque de Negócios Criativos que 
estão ou podem ser atraídos para àquela 
área, elaborando-se um masterplan 
físico-territorial. 
O primeiro aspecto observado no 
trabalho foi um sugestivo número de 
estudos e projetos elaborados para a 
área, com maior concentração na parcela 
de território pertencente ao Município de 
Recife. Estudos que contemplam desde 
vasta extensão da borda dágua como 
o projeto Recife-Olinda até projetos 
específicos como oestudo da Arena da 
Copa em peixinhos. 
Olinda, apesar de sua condição de 
Patrimônio Cultural da Humanidade 
e de contar com um rico mosaico de 
agentes criativos em muitas das áreas 
enquadráveis no conceito de Economia 
Criativa, não apresenta condições de 
infraestrutura urbana e de governança 
que possa alavancar sua economia com 
base nesse vetor. 
Por outro lado, percebemos indícios 
de que este território metropolitano 
APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO
¬ 5 
possa sofrer um esvaziamento de sua 
importância pelo crescimento acelerado 
de outras regiões, liderado, na última 
década, pelo crescimento exponencial 
do Complexo Industrial de Suape. 
Um segundo polo industrial está em 
acelerada formação ao norte, no entorno 
do Município de Goiana. Iniciado 
com o desenvolvimento do segmento 
Fármaco-Químico ganhou escala com a 
implantação da planta industrial da FIAT 
e dezenas de empresas sistemistas. 
Mais recentemente, criou-se novo 
complexo, este dedicado à fabricação 
e processamento de Vidros Planos, 
formando um cinturão de indústrias 
e empresas de serviços, destacando 
o fornecimento para a indústria 
automotiva. 
Na região oeste, através de Parceria 
Público-Privada, o Estado está 
implementando a “Cidade da Copa” 
onde se verifica um forte indução 
ao crescimento da RMR. O Projeto 
incrementa atividades de Turismo, lazer 
e entretenimento, comercial, residencial, 
empresarial com a implantação de 
Centros Empresariais e Complexo de 
Convenções e de desenvolvimento 
tecnológico com a implantação do 
Campus da UPE. 
o Projeto do Arco Viário da RMR, 
com ligação rodoviária qualificada 
conectando Suape, Goiana e a Cidade 
da Copa incrementa velozmente o 
desenvolvimento das três regiões 
econômicas mais relevantes do Estado, 
passando ao largo da região central do 
Recife. 
Parece inevitável a analogia entre 
o resultado desses movimentos 
econômicos com o ciclo de esvaziamento 
e decadência que passou a marcar 
o centro do Recife no final dos anos 
setenta com o crescimento do Bairro 
de Boa Viagem, notadamente, com a 
operação do Shopping Center Recife e 
a rede de varejo e de serviços que ali 
se formou com parte migrada da região 
central da capital. 
O desafio imposto é criar as condições 
para organizar a infraestrutura pública, 
captar investimentos públicos e privados 
capazes de qualificar um território 
impregnado de história e identidade 
cultural.
¬ 6 
1. Comentário afoito do coordenador. 
2. Se isso não for economia criativa, 
eu não sei o que é... ou: Por que um 
cluster metropolitano de negócios 
criativos? 
3. De Franz Post a Joinha Records: 
contextualizando uma tradição de 
criatividade e inovação. 
4. Empreendedorismo de paletó e 
gravata, talvez não faça muito a 
cabeça: talentos e valores em um 
segmento criativo. 
5. Aí eu penso sobre os encontros, os 
gatherings : talentos, concentração, 
encontro, fricção, comunicação, 
colaboração e compartilhamento. 
6. Territórios criativos, Redes Criativas 
e Turismo Inovador. 
7. Criativos desenrolados: formação 
empreendedora criativa. 
8. Estratégias de Implementação do 
Cluster 
9. Apêndix A: Masterplan Estratégico. 
10. Apêndix B:Projeto Básico Museu 
do Futuro Imaginário. 
SumárioSUMÁRIO
¬ 8 
Quando os holandeses resolveram 
se bandear para os lados das terras 
pernambucanas, lá pelos anos 1600 
da Era de Cristo, não o fizeram sem 
antes tomar o cuidado de planejar 
anos a fio o desembarque. Criaram 
com este fim um dos mais inovadores 
engenhos de negócios daquele tempo, 
a Companhia da Índias Ocidentais 
(assim nos chamaram, os “índios 
ocidentais”). A sigla que denominava 
a companhia era WIC (West-Indische 
Compagnie, no idioma holandês) e 
correu mundo, ocupando fachadas 
de prédios pelos lugares em que se 
estabeleceram os seus negócios. 
Aqui em Pernambuco, foi ainda 
mais ousada a epopeia neerlandesa. 
Estabeleceu-se uma corte, a corte 
de Nassau, com tudo o que tinha 
direito, de artistas e cientistas às 
festas e fofocas cortesãs. O Recife 
era uma vila de pescadores na 
cabeça sul do istmo que a ligava a 
Olinda, a cidade da elite do açúcar, 
mercadoria-desejo da saga comercial/ 
militar holandesa. Sobre um território 
exíguo, iniciou-se uma experiência que 
ressignificou este lugar para a história. 
A criação de valor na economia dos 
intangíveis em que naturalmente se 
transformam as experiências de 
economia criativa por todo o mundo 
é, quase sempre, uma operação de 
ressignificação de lugares. Sem a 
pretensão de equivalentes históricos 
mas com a ousadia necessária (sempre) 
para empreender, este estudo propõe 
uma nova significação para este 
mesmo território metropolitano do 
Recife/Olinda, das colinas históricas 
da cidade-patrimônio ao centro urbano 
colonial (Bairro do Recife) e modernista 
(Santo Amaro/Santo Antônio) do Recife. 
Para os fins de desenvolvimento de uma 
macroestratégia do Governo do Estado 
objetivando apoiar a economia criativa 
no Recife/Olinda, propomos que se veja 
este trecho do território recife/olindense 
como um Cluster Metropolitano de 
Negócios Criativos. Cluster no sentido 
clássico que se firmou na literatura de 
estratégia de desenvolvimento regional 
– um aglomerado orgânico (com 
governança) de empresas e instituições 
que se posiciona de forma competitiva 
no “mercado” de regiões em cadeias 
globais de criação de valor. Negócios 
criativos no sentido que também vem 
se tornando clássico de indústria 
de intangíveis, fruto do engenho e 
criatividade humanas (música, design, 
moda, vídeo, cinema, software e afins). 
CAPÍTULO I: 
Comentário afoito do coordenador
¬ 9 
Fizemos o lógico: não procuramos 
reinventar a roda. Essa região tem um 
vasto arsenal de narrativas que povoam 
o imaginário e que se transformaram, 
muitas delas, em intervenções marcantes 
sobre a paisagem urbana deste pequeno 
trecho do território. Compilamos as mais 
importantes para os fins do estudo. 
Aproveitamos algumas delas como 
âncoras da estratégia formulada, criando 
outros à sua imagem e semelhança. 
Usamos esse marcos existentes ou 
propostos para definir uma démarche 
estratégica de implementação do cluster, 
atribuindo a eles um papel de hubs 
da economia criativa metropolitana, 
conectando-se entre sim e com outros 
lugares (espaços com significado 
para a economia criativa) regionais 
e internacionais de criaçao de valor. 
Numa linguagem metafórica, usamos a 
imagem dos naufrágios provocados para 
criar ecossistemas submarinos: esses 
equipamentos/lugares deveriam ser 
capazes de provocar o desenvolvimento 
de microclusters (ecossistemas de 
empresas e instituições) inovadores, 
atraindo produtores e compradores 
de produtos e serviços digitais. 
Por outro lado, resolvemos dar um corte 
transversal nas categorias em que outros 
estudos e iniciativas classificaram os 
negócios criativos, propondo que sejam 
priorizados, para efeito desta estratégia, 
os negócios criativos transmídia. Isto 
é, aqueles empreendimentos que, na 
partida, já se localizam na interface 
de segmentos distintos da economia 
criativa. O pressuposto, que se verifica 
na literatura e nos exemplos de 
intervenções de política pública similares 
a esta, é que a inovação (e, portanto, 
a competitividade) dos produtos desse 
negócios criativos será tanto maior 
quanto mais difersificada e complementar 
for a participação desses segmentos. 
Em resumo: a estratégia de 
ressignificação do território Recife/ 
Olinda pelos negócios criativos 
se apoia na ênfase em negócios 
transmídia e na articulação sinérgica 
(via modelo de governança 
claramente definido nos moldes das 
loose organizations, isto é, modelo 
não-diretivo, mais articulador que 
mandatório) de 5 hubs em implantação 
ou a serem implantados/adaptados: 
No PortoMídia, laboratório e meeting 
point do Porto Digital recentemente 
inaugurado e voltado para a pós-produção 
dos negócios criativos de 
vídeo, cinema, animação e games; 
No Marco da Moda, incubadora da 
indústria da moda em implantação
¬ 10 
na rua da Moeda, lugar simbólico do 
movimento mangue de Pernambuco; 
No Museu Luiz Gonzaga, equipamento 
em implantação de alto valor simbólico 
para esta iniciativa de ressignificação do 
território central do Recife, por conectar 
o cais ao sertão através da figura de 
Luiz Gonzaga no que ele teve de mais 
empreendedor – a sua capacidade de 
induzir a criação de valor transmídia 
(música + poesia + gastronomia + ...); 
Na Fábrica da Tacaruna, que passa 
por definição, pelo Governo do Estado, 
como museu da velha indústria 
pernambucana (já foi fábrica têxtil e 
usina da açucar) e como equipamento 
de apoio às iniciativas da “nova 
indústrial cultural” do jovens produtores 
da economia criativa; e, finalmente, no 
Museu do Futuro Imaginário, projeto 
ousado de um equipamento no Alto da 
Sé/Horto Florestal de Olinda, lugar de 
encontro e espaço de fruição intensivo 
em tecnologias interativas. 
Estratégia é síntese. 
Esta é a nossa 
estratégia.
¬ 12 
Muitas cidades ao redor do mundo têm 
reconhecido os benefícios econômicos 
e sociais que decorrem da economia 
criativa, e estão implementando 
políticas agressivas para estimular 
e promover a atividade criativa e 
cultural. Em metrópoles globais 
como Londres, Nova York e Berlim, 
e em centros menores, como Austin, 
Texas e Newcastle / Gateshead, o 
desenvolvimento da economia criativa 
tornou-se uma prioridade estratégica, e 
não apenas para a geração de riqueza e 
oportunidades de emprego. A atividade 
criativa e cultural melhora os níveis de 
qualidade de vida de uma cidade ou 
lugar, ajuda a recuperar e revitalizar 
os bairros, estimula o pensamento 
inovador e reforça a identidade de 
uma cidade, em face da crescente 
competição por talentos, investimento 
e reconhecimento. A atividade criativa e 
cultural é também um poderoso veículo 
para o desenvolvimento e engajamento 
de comunidades, oferecendo 
oportunidades para grupos sociais e 
bairros economicamente desfavorecidos. 
A estrutura das indústrias criativas 
é marcada pelo fornecimento de 
conteúdos criativos e inovadores 
produzidos por milhares de micro e 
pequenas empresas de todos os lugares 
do mundo. Essas empresas ou atores 
culturais são muitas vezes negócios 
de nicho altamente especializados que 
criam valor pela união de inovação, 
tecnologia e criatividade no desenho 
de novos produtos culturais. Os seus 
ativos são invisíveis e voláteis: talento, 
reputação e marca e grande parte da 
infraestrutura necessária a estes tipos de 
negócios é exterior as empresas. Assim, 
uma ecologia criativa reconhece que o 
conceito de industrias criativas é mais 
amplo e complexo que a abordagem 
empresarial tradicional. Compreender 
este sistema é vital para desenvolver a 
economia criativa, pois fornece ideias e 
oportunidades na busca do sucesso.1 
Na cidade criativa, não são só os 
artistas e os indivíduos que estão 
envolvidos na economia criativa que 
são criativos. A criatividade pode vir 
de qualquer fonte, abrangendo todos 
aqueles que respondem a um problema 
de uma forma inventiva, seja um medico, 
um empresário, um cientista ou um 
funcionário publico. As cidades criativas 
de escala mundial são frequentemente 
construídas na sua essência em pilares 
do talento criativo, da diversidade 
cultural, de uma forte identidade local, 
da presença de espaços urbanos 
vivos e de uma rica rede social. 
1 Plano Estratégico da Economia Criativa 
2012-2015, Prima Consultoria, Secretaria de 
Desenvolvimento econômico, Governo do Estado 
de Pernambuco, 2012. 
CAPÍTULO II: 
Se isso não for economia criativa, eu não sei o que é...ou Por que um 
Cluster Metropolitano de Negócios Criativos?
¬ 13 
2.1. A cadeia produtiva da indústria criativa 
O município do Recife tem grandes 
vantagens competitivas para o 
desenvolvimento da cadeia produtiva 
da indústria criativa pela combinação 
de uma cultura densa que combina 
ciência arte e inovação, rica e 
diversificada – que se expressa em 
múltiplas manifestações – e de um 
qualificado polo de tecnologia da 
informação. Esta sinergia já tem gerado 
uma ampla e diferenciada produção de 
conteúdos culturais, cinema e vídeo, 
TV e jogos, reconhecido nacionalmente 
(proximidade do suporte tecnológico da 
Universidade e do Porto Digital). Além 
disso, o território que se localiza entre o 
bairro do Recife e a colina histórica de 
Olinda conta com um ambiente urbano 
agradável e estimulante, e com pessoas 
qualificadas nas universidades e no 
próprio mercado, com base intelectual 
e/ou talento especial para fazer coisas 
diferenciadas, fator fundamental para a 
indústria criativa. 
2.2. Por que um cluster de negócios 
criativos? 
Um cluster, no mundo da indústria, 
é uma concentração de empresas 
que se comunicam por possuírem 
características semelhantes e 
coabitarem no mesmo local. Elas 
colaboram entre si e, assim, se tornam 
mais eficientes. Podemos agrupar as 
razões e motivações principais para a 
cooperação entre empresas em dois 
grandes grupos: a necessidade de 
conseguir maior flexibilidade e por 
outro lado a procura de maior eficiência 
na satisfação de uma oportunidade 
temporária. Este fenômeno tem tido 
uma maior evolução nas pequenas 
e médias empresas com limitada 
disponibilidade de recursos (financeiros, 
tecnológicos, produtivos, humanos) 
e com atividades complementares. 
Sabemos, pelo exemplo das 
economias realmente avançadas, 
que os clusters são o ponto de 
onde veem a inovação e os rápidos 
níveis de aumento da produtividade. 
Os clusters são críticos para o 
desenvolvimento da competitividade, 
pois, a produtividade passa a ser objetivo 
do setor organizado, gerando assim 
economia de escala e incrementando 
os índices de produtividade de todas
¬ 14 
as empresas inseridas no cluster. Os 
clusters promovem a competitividade 
das empresas locais, por meio da 
cooperação para o desenvolvimento 
e do compartilhamento de inovações 
nas tecnologias de produção, dos 
ganhos de produtividade, bem como, 
no compartilhamento da infraestrutura 
comum, na capacitação da forca 
de trabalho local e na promoção 
comercial. Clusters conferem vantagens 
competitivas as empresas e às regiões 
que os integram, capacitando-as a 
atuar e competir globalmente e a 
cooperação entre as empresas de 
porte médio e pequeno. O que pode 
ser uma saída estratégica para que 
essas possam acessar mercados 
globais, sem perderem a sua 
independência econômica individual. 
Os clusters se referem a uma concepção 
de desenvolvimento local e regional. São 
caracterizados pelo grande potencial 
de geração de vantagens competitivas, 
mesmo sem a intervenção do governo 
ou de outras entidades de apoio. Nos 
clusters podem ser encontradas ações 
cooperativas entre empresas com o 
objetivo de criação de valor, sendo assim 
capazes de aumentar a competitividade 
local por meio da ação coletiva com 
diversos atores locais, atraindo escolas, 
laboratórios de certificação, agencias 
de comercio exterior e outros mais. São 
características comuns para os clusters: 
• Proximidade geográfica; 
• Especialização setorial; 
• Predominância de pequenas e 
medias empresas; 
• Estreita colaboração entre as 
empresas; 
• Competição entre as empresas 
baseadas na inovação; 
• Identidade sociocultural com 
confiança; 
• Organizações de apoio efetivamente 
ativas; 
• Promoção pelos governos regionais 
e municipais. 
Neste contexto, um cluster de negócios 
criativos assume uma forte orientação 
para os mercados, mas a melhoria da 
competitividade resulta de forma mais 
específica na partilha de ativos comuns 
e na criação de massa crítica que 
permita o desenvolvimento de projetos 
inovadores e a indução da orientação 
das empresas para os mercados 
regionais, nacionais e internacionais.
¬ 16 
objetivo deste capítulo é contextualizar 
uma tradição de criatividade e inovação 
que se estabeleceu na região peninsular 
que se estende do porto a colina 
histórica de Olinda e se desenvolveu, 
desde seus primeiros tempos dentro de 
uma perspectiva de ciência, tecnologia 
e arte estando bem caracterizados três 
períodos distintos: o período holandês 
e a retomada portuguesa de 1630 até 
1750, a segunda metade do século 
XIX até os anos 1960 e a retomada 
cultural e tecnológica a partir dos anos 
1990 com o movimento manguebeat e 
a constituição do polo de tecnologia 
da informação no Bairro do Recife. 
3.1. Recife do humanismo e do 
barroco: construindo as ponte entre o 
rural e o urbano. 
No primeiro período destaca-se a 
indústria da cana de açúcar que na 
virada do século XVII possuía um total 
de 256 engenhos. A partir de 1630, a 
indústria do açúcar sofreu um grande 
desenvolvimento. Os holandeses, 
portadores de tecnologia de ponta, 
e canais de informação deram um 
grande impulso à fabricação do 
açúcar. As melhores condições de 
clima e solo do nordeste brasileiro e o 
posicionamento do porto dentro da rede 
logística do mercantilismo favoreceram 
o florescimento da cidade nos 
CAPÍTULO III: De Franz Post a Joinha Records: contextualizando uma 
tradição de criatividade e Inovação.
¬ 17 
moldes do humanismo renascentista 
e a atração de cientistas técnicos e 
artistas de alta qualidade. No primeiro 
período da conquista, os holandeses 
consolidaram e expandiram o núcleo 
original do Recife e a ilha de Antônio 
Vaz, no período de Nassau, foi objeto 
de um sofisticado plano urbanístico. 
O ciclo da cana-de-açúcar representou 
um dos momentos de maior 
desenvolvimento econômico do Brasil 
Colônia. Foi, durante muito tempo, a 
base da economia colonial e, mesmo 
durante o pico das extração de ouro, o 
total de exportações de açúcar ainda 
representava 60% do total do século 
XVIII2. Esta vasta riqueza financiou 
a produção de uma cidade barroca 
constituida por 42 igrejas ricamente 
ornamentadas de altares dourados 
e entalhados, abrigando e atraindo 
o que havia de melhor em mestres 
2 Simonsen, Roberto C.História Econômica 
do Brasil (1500/1820) 
, São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977 
artífices de carpintaria e cantelaria.3 
O Recife, como cidade criativa do 
comércio, das ciências e das artes do 
século XVIII, reflete a nova mentalidade 
desse grupo que é responsável por 
construir as pontes entre o urbano 
e o rural, a sua visão e sua forma de 
construir o mundo construindo conexões 
entre a colônia e o império português e 
ao mesmo tempo entre o material e o 
espiritual, entre o sagrado e o profano 
em uma atitude barroca plena. Neste 
período a perspectiva urbana, que 
valoriza a paisagem natural e a da própria 
cidade, tornou-se importante como 
principio de organização do espaço. 
3 Zancheti, Sílvio Mendes (2000) O RECIFE 
DO SÉCULO XVIII COMO CIDADE BARROCA, 
Anais: Seminário de História da Cidade e do 
Urbanismo: Cinco Séculos de Cidade no Brasil v. 6, 
n. 3.
¬ 18 
3.2. Recife Porto: conexão com a 
cultura global. 
Com a abertura dos portos em 1808 até 
os anos 1960, diversas culturas externas 
foram adicionadas à cultura local, ano 
após ano, através dos séculos, oriundas 
de países e constituições sociopolíticas 
distintas. Tal fenômeno acarretou em 
uma miscigenação cultural que faz da 
cidade rica e plural que temos hoje. 
Os ingleses e franceses influenciaram 
primeiramente, nas artes pictóricas, 
escultóricas, literárias e musicais. 
Contudo, paulatina e progressivamente, 
o habito social dessas duas culturas 
se miscigenou ao do loca e acabou 
fazendo-se patrimônio cultural imaterial 
do Recife. Foram incorporados traços 
dessas culturas ao modus vivendis dos 
recifenses e a face da cidade acabou 
por refletir isso quando do caminhar 
do seu desenvolvimento urbanístico. 
Foi através das artes e da moda que 
Francisco do Rego Barros iniciou no 
Recife uma transformação estilística que 
gerou uma mudança social na cidade a 
partir da renovação cultural por meio do 
habito social. Tudo isso baseado nas 
inferências já deixadas pelas culturas que 
miscigenaram o Recife e lapidado pela 
renovação de ideias trazida da Franca 
no período de seus estudos. Pode-se 
dizer, por exemplo, que estas ideias 
criativas, promoveram uma alteração 
profunda, uma renovação na face da 
cidade, em seu plano arquitetônico e 
urbanístico, bem como no seu habito 
social, e geraram uma alteração 
na identidade coletiva do Recife. 
Vários estudos do programa de pós-graduação 
em desenvolvimento 
urbano da universidade federal de 
Pernambuco demonstram como Recife 
continuou sendo o berço de ideias 
inovadoras por todo o século XX4. 
4 Pontual, virginia (1999) O 
URBANISMO NO RECIFE: ENTRE IDÉIAS E 
REPRESENTAÇÕES- R. B. ESTUDOS URBANOS E 
REGIONAIS No 2 / NOVEMBRO 1999 p.101
¬ 19 
3.3. Recife falando para o mundo. 
O período que se segue à queda do 
Estado Novo e se prolonga pela década 
de 50 foi de grande efervescência 
politico - cultural no Recife. As 
contribuições multiplicaram-se, e a 
principal inovação ficou marcada pelo 
resgate da cultura popular, ao lado da 
permanência do regionalismo freyriano, 
que, junto com escritores, pintores, 
gravuristas e fotógrafos do fim do 
século XIX, forjaram definitivamente 
a riqueza cultural recifense. 
Concomitantemente às novas 
expressões culturais, o cenário politico 
dos anos 50 foi marcado por debates 
centrados nas questões das disparidades 
regionais, do subdesenvolvimento da 
região Nordeste e das reformas sociais, 
ou seja, buscavam os intelectuais 
propagar e difundir ideias cujo efeito 
fosse a reversão dos enunciados 
de miséria e de atraso regional. 
Em 1954, o Recife era a cidade industrial 
e portuária, em que as indústrias e o 
porto dominavam a paisagem citadina, 
determinavam a sua vitalidade. Foi neste 
cenário que Antônio Baltar construiu 
a concepção de região metropolitana, 
atingindo a totalidade dos problemas, 
em vez de focalizar, apenas, aqueles 
mais restritamente urbanísticos. 
Nesta perspectiva o Recife passou a 
ser imaginado como o centro de uma 
região que era muito maior em extensão 
territorial, mas dominada pela cidade-centro. 
A atualização do sentido de 
cidade passou a ser o de metrópole 
regional — industrializada, equilibrada 
e integrada. Bem comum, harmonia, 
integração, equilíbrio, desenvolvimento, 
condições de vida humana passaram a 
marcar a representação de cidade no 
campo do planejamento. 
O planejamento humanista nos anos 
50 foi, inquestionavelmente, uma das 
inovações mais importantes no campo 
das ideias que foi transposto para o 
Brasil, e Baltar foi, na cidade do Recife, 
quem melhor difundiu esse saber. A 
cidade do Recife dos anos 50 comportou 
a utilização de todas essas teorias, 
embora as propostas de organização 
espacial dos homens tivessem passado 
a apresentar elevado nível de abstração 
e generalização, formuladas como 
diretrizes. 
Por outro lado, na contemporaneidade, 
os fenômenos presentes na cidade 
sinalizam uma perda de foco sobre 
questões urbanas. Nota-se uma 
aparente fragilização disciplinar. Esse 
fato tem provocado perplexidade nos 
urbanistas e governantes, apenas o saber 
científico tem-se mostrado limitado e
¬ 20 
ineficiente para entender os problemas 
da região metropolitana isto é, existe 
o paradoxo entre continuar afirmando 
o saber científico fundado nas teorias 
da modernidade e prescindir desse 
saber, dada a inexistência de um outro 
modo de promover o desenvolvimento 
sustentável da região. Respondendo a 
estas questões centrais a tradição de 
inovação e criatividade tem ressurgido 
através de um movimento que reforça 
agora valores como colaboração 
com competição (coopetição) e 
compartilhamento. Por volta dos anos 
90 temos o movimento manguebeat 
como marco referencial da cultura e 
das artes e a Implantação de um polo 
de tecnologia e inovação no Bairro 
do Recife como marco tecnológico. 
O Movimento Mangue articulou as 
manifestações culturais da periferia de 
Recife conectando-a com expressões 
globais começou com um grupo de 
jovens, influenciados pela efervescência 
do fim da ditadura e em contato com 
influências musicais, produziu um 
programa na Rádio Universitária. A 
iniciativa mostrou que havia espaço 
para criar e divulgar música fora 
dos parâmetros estabelecidos pelas 
multinacionais da indústria fonográfica. 
Neste caldeirão cultural, nesta 
irreverência criativa que mistura nomes 
como Gaspar Barleus, Frans Post, R. 
Schmidt, Emílio Bauch, João Ferreira 
Vilela, Alfredo Ducasble, Telles Jr., 
Cícero Dias, Mário Nunes, Lula Cardoso 
Ayres, Vicente do Rêgo Monteiro, 
Augusto Rodrigues (falecidos), Mirella 
Andreotti, Marianne Peretti, Reynaldo 
Fonseca, Maria Carmem, João Câmara, 
Roberto Lúcio, Abelardo da Hora, Gil 
Vicente, Eudes Mota, Tunga, Guita 
Charifker, Samico, Tereza Costa Rêgo, 
José Cláudio, Luciano Pinheiro, Ismael 
Caldas, Marcelo Silveira, José Patrício, 
Joelson, Cristina Machado, Derlon e 
Badida aparece a nova geração de 
Jovens artistas e designers: Calma 
Monga, Jonathas Andrade, Cristiano 
Lenhardt, Paulo Meira, O Das Caverna 
Estúdio, Joinha Records, Candeeiro 
Records e muitos outros que precisam 
de uma plataforma tecnológica que, 
de possa de forma precisa, possa 
metrificar e especializar sua atuação. 
Trocando em miúdos, como bem 
salientou a produtora Melina Hickson em 
uma das seções com empreendedores 
criativos realizadas nesta pesquisa: 
“Novíssima cena estranha 
- meio “riponga”, com 
referências visíveis de 
tropicalismo, vanguarda 
paulistana, mas não menos 
espontânea. Muito nova, bem 
verde ainda, mas em alguma 
coisa vai dar com certeza”. 
Melina Hickson
¬ 22 
4.1. Geração Criativa 
O fenômeno da democratização do 
acesso à educação principalmente à 
de nível superior e à cultura, que se 
verificou na maior parte dos países 
ocidentais a partir do pós-guerra, 
contribuiu para o surgimento de grupos 
e extratos sociais que desempenham 
atividades muito diversificadas, mas 
essenciais no mundo atual. Eles 
reúnem informação, conhecimento 
e fazem seu processamento e 
distribuição. Têm em comum o fato 
de ser este conhecimento que lhes 
dá poder, rendimento e estilo de vida. 
Em 2004, Richard Florida e Irene 
Tinagli5 debruçaram-se sobre este 
5 The Rise of the Creative Class: And How 
It’s Transforming Work, Leisure, Community and 
tema e desenvolveram o modelo 
dos 3 Ts onde defendem que a 
competitividade se desenvolve com 
base na Tecnologia, Talento e Tolerância 
e que só com estes três fatores é que 
existe capacidade das nações em atrair, 
reter e desenvolver pessoas criativas. 
A contribuição para o crescimento 
econômico por parte da classe criativa 
será tanto maior quanto maior for o 
talento e tolerância que a caracteriza 
e maior a capacidade de potencializar 
a inovação e aposta na tecnologia. O 
maior ou menor sucesso das cidades 
dependerá, assim, da maior ou menor 
capacidade em atrair a nova classe 
criativa. Para os criativos transmidia, são 
cidades apelativas as que apresentam 
diversidade cultural, que são acolhedoras 
e tolerantes para com a diferença. 
Os empreendedores criativos transmídia 
têm particularidades que os distinguem. 
Os seminários realizados com grupos 
locais, identificou características 
específicas dos negócios iniciados por 
empreendedores criativos6: 
Os negócios criativos são, 
predominantemente, pequenos 
negócios com uma elevada percentagem 
Everyday Life. 
6 Estas características similares foram 
encontradas pela pesquisa realizada pelo NESTA 
(the National Endowment for Science, Technology 
and the Arts), Report on Creative Industries, 2003. 
CAPÍTULO IV: 
Empreendedorismo de paletó e gravata, talvez não faça muito a cabeça 
- visão, missão e valores transmídia.
¬ 23 
de empresários em nome individual. 
Pode ainda ser considerado que os 
negócios criativos ganham dimensão 
através da colaboração com outros 
negócios criativos formando uma 
cadeia de fornecimento semelhante 
às das grandes empresas. Assim, a 
dimensão pode não ser limitadora se 
estabelecerem mecanismos dinâmicos 
de colaboração numa base mais ou 
menos prolongada. 
Os negócios criativos são, do ponto 
de vista comercial e do ponto de vista 
criativo, muito baseadas nas relações 
em rede. As redes possibilitam um 
meio de expressão, exploração e 
tradução das ideias em realidades 
económicas. As redes têm ainda 
uma força suplementar na força e na 
imagem que os projetos podem ter no 
mercado e na captação de investidores. 
Os negócios criativos são relativamente 
jovens e os seus empresários são 
também jovens, normalmente 
recém-licenciados com reduzidas 
competências de gestão e com 
dificuldade em transformar as suas ideias 
em produtos comercializáveis. Nesse 
sentido, é aconselhável a existência de 
intermediários e apoio especializado a 
diversos níveis. Contudo, nem sempre 
essas entidades estão presentes ou 
atuantes. A dispersão dos intervenientes 
do mercado origina também uma falta 
de liderança e protagonismo que limita 
a visibilidade e o acesso ao mercado, 
a investidores e a interlocução política. 
Os negócios criativos são produtores 
de conhecimento, com influência nos 
padrões econômicos de produção e 
consumo. Representam também um 
papel na identidade do território. Mas, 
frequentemente criativos de excelência, 
não conseguem chegar ao mercado 
devido à ausência de dinâmica, incluindo 
das próprias redes existentes. A natureza 
isolada dos negócios, designadamente 
dos muitos projetos individuais impede 
uma visão alargada das empresas e 
dos seus objetivos nos mercados. 
Uma vez mais a colaboração e os 
apoios especializados são essenciais. 
Num setor como este, em que a 
experimentação, a inovação, a intuição 
e, até, uma dose de sorte são uma 
constante, é difícil pensar em critérios 
e fatores de sustentabilidade como 
em outros setores. No entanto, há 
que adotar rapidamente e desenvolver 
competências comerciais, com 
criteriosa análise de mercado, foco 
intenso nas vendas, pesquisa ativa de 
informação e apoio que possibilitem 
o crescimento real e consolidado.
¬ 24 
4.2. Narrativas e oportunidades 
transmídia 
O conceito storytelling transmídia se 
tornou uma necessidade concreta do 
mercado de produção de conteúdo e 
entretenimento. Discussões sobre o 
tema estão invadindo livros, palestras, 
hashtags, artigos, timelines, blogs e 
veículos especializados. Não podemos 
mais considerar a produção de 
conteúdo audiovisual sem considerar 
a perspectiva de desenvolvimento 
transmídia desse conteúdo. Cases 
recentes como a franquia “Jogos 
Vorazes” e a campanha da Nike “My 
Time is Now” encantam anunciantes e 
consumidores. Henry Jenkins (professor 
da University of Southern California 
– USC) define narrativa transmídia 
como “histórias que se desenrolam em 
múltiplas plataformas de mídia, cada 
uma delas contribuindo de forma distinta 
para nossa compreensão do universo.” 
4.3. Oportunidades: o mercado 
transmídia 
O mercado de produção transmídia tem 
o desafio de aliar o talento artístico ao 
conhecimento técnico na produção do 
conteúdo transmídia. No momento em 
que a lei 12.485 entrar em vigor cobrando 
produção local independente não 
estaremos preparados para absorver os 
recursos disponíveis = 200 milhões em 
junho de 2013 onde 30% desse valor terá 
que ser obrigatoriamente direcionado 
para o norte, nordeste e centro oeste. 
Sem criadores, diretores e homens de 
negócios capacitados para a produção 
de conteúdo com narrativa transmídia 
perderemos anualmente cerca de 60 
milhões de reais diretamente no setor 
cinematográfico e pelo menos três 
vezes isso no setor complementar de 
games e merchandising. 
Vale salientar ainda que o mercado de 
hardware apresenta como perspectiva 
de futuro os aplicativos interativos 
que reforçam a integração do high 
tech com o high touch, em variados 
modelos de monitores e painéis de 
LED, projetores e equipamentos de 
video wall das principais marcas do 
mercado de tecnologia. Essa ênfase é 
colocada na possibilidade touch screen 
nas projeções em diferentes superfícies, 
além dos equipamentos que oferecem
¬ 25 
transmissão 3D e serão praticamente 
obrigatórios daqui para frente. 
4.4. Grupos transmídia 
No território do Cluster Metropolitano 
de Negócios Criativos, embora faltem 
informações estatísticas detalhadas 
e rigorosas que demonstrem a 
sua verdadeira importância para a 
economia diversos grupos, ações 
coletivas e personas transmídia foram 
localizados, entre eles destacamos: 
Grupos & Personas 
• Pool de arte contemporânea: 
Jonathas Andrade, Cristiano 
Lenhardt, Paulo Meira, Oriana 
Duarte, Daniel Araujo, Galo de 
Souza, Derlon. 
• Casa do Cachorro Preto 
• A Firma design - design, fotografia, 
papelaria, arte urbana, grafismo, 
estamparia - ação itinerante: 
Desenhada / Papelombra - reúne 
artistas gráficos para produzir ao 
vivo e espalhar/expor. 
• Jovens designers: Calma Monga, 
Trocando em miúdos, Clara Moreira 
- urbanista, desenhista, responsável 
pelos cartazes lindos do cinema 
pernambucano. 
Música: 
• Das Caverna Estúdio/Joinha Records 
/ Candeeiro Records / JuveNil Silva, 
Jean Nicholas, German Ra, D’Mingus 
e Matheus Mota, Catarina Dee Jaah, 
Felipe Machado, H.D.Mabuse. 
Cinema: 
• Marcelo Pedroso, Daniel Aragão, 
Marcelo Pedroso, Marcelo Lordelo, 
Kleber Mendonça. Piano Lab-webdesign 
Publicidade: 
• Urso Filmes/Plano B/Luni. 
Festivais: 
• Abril pro Rock, Rec Beat, Desbunde 
Elétrico, Festival de Arte Livre Pai da 
Mata, Janela do cinema, 
Festas: 
• La Tabaquera, Fogo na Shannah, 
Golarrolê, Sem Loção. 
Movimentos sociais: 
• #ocupeestelita #ocupeoutros
¬ 26 
Toda essa inspiração que é a cidade 
está deixando não só os artistas, mas 
os cidadãos mais ricos culturalmente. 
A política civil por exemplo do 
movimento dos direitos urbanos está 
gerando muitos frutos de arte urbana 
gráfica para a cidade, stencil, grafite, a 
política está aparecendo mais na arte. 
Como disse a produtora Melina 
Hicson sobre esta geração transmidia: 
• Acho que é uma geração que 
está mudando o conceito de 
trabalho/emprego, que já atua na 
interdisciplinaridade, apesar de, 
ao mesmo tempo, se especializar. 
Profissionais criativos que circulam 
de grandes empresas a ateliês 
amadores com a mesma facilidade 
para desenvolver seus trabalhos e 
contribuir de diferentes formas, e 
se enchem de referências diversas 
em suas atuações. Então o conceito 
de empresa, empreendedorismo 
de paletó e gravata, talvez 
não faça muito a cabeça, os 
criativos trabalham em coletivos 
e individualmente, transitam nos 
territórios da cultura e da produção 
aliando tarefas e funções. Por 
exemplo, as companhias de teatro 
têm atrizes que são estudantes de 
artes cênicas, atrizes que trabalham 
com pesquisa, que também são 
cantoras das bandas que tocam no 
pai da mata, que também fazem circo 
e por aí vai. Muita gente trabalha em 
casa também, numa boa, grava no 
estúdio do amigo juntando o que 
tem em casa com boa qualidade, 
faz trilha pra um, desenho para o 
disco do outro, toca guitarra em 
outro, além da sua banda. Tudo 
isso conectado ao renascimento do 
cinema, aquele ali mesmo, a mítica: 
O CINEMA SAO LUIZ - o lugar... do 
encontro...para onde as produções 
convergem e consagram-se. 
Uma vez Identificada exploratoriamente 
por este estudo uma quantidade 
significativa de empresas grupos 
e indivíduos criativos é necessário 
que seja feito um ajuste fino nos 
instrumentos de políticas públicas 
para que se possa perceber geográfica 
e espacialmente estes grupos, e se 
possa desenvolver estratégias de 
apoio, incentivo e reforço que possam 
ser incluídas em mecanismos de 
desenvolvimento e geração de renda 
para dar sustentabilidade a esta 
importante cadeia produtiva.
¬ 28 
5.1. Cluster Criativos, contextos e 
territórios como acontecem pelo 
mundo. 
A atração pelas cidades criativas, como 
realizado em cidades como Toronto, 
Sydney ou Londres, implica a existência 
de oferta cultural e de uma mentalidade 
que tenha a capacidade e as habilidades 
para produzir em quantidade, com 
qualidade, estabelecer e sustentar 
negócios, relações e comportamentos 
criativos. Assim, o cluster metropolitano 
de negócios criativos, com intervenção 
no território cercado pelo istmo que liga 
Recife a Olinda, trabalhará coletivamente 
para afirmação desta região como um 
lugar empreendedor, criativo e dinâmico. 
Reforçar essa mentalidade, apostar numa 
nova geração, na integração entre ações 
existentes e projetadas, no aumento 
da capacidade de empreendedorismo 
criativo, no crescimento dos negócios 
criativos, e na atratividade dos lugares 
criativos estão no centro da estratégia. 
Clusters são as ferramentas de 
políticas públicas mais utilizadas para o 
desenvolvimento de territórios criativos. 
Clusters são comumente utilizados 
em vários setores da economia como 
formas de acelerar o desenvolvimento 
e aumentar as oportunidades. 
Na indústria criativa os clusters são 
peças essenciais para o crescimento do 
setor, geralmente eles são adotados para 
fortalecer uma atividade que já é presente 
na região. Durante o desenvolvimento 
de um polo o governo tenta qualificar 
e especializar os agentes atuantes, 
além de buscar captar mais negócios e 
parceiros. São fornecidos insumos para 
profissionalizar as empresas e gerar 
negócios internacionais. Richard Florida7 
enfatiza que em 40 megaregiões no 
mundo a criatividade é acelerada pela: 
• Altíssima velocidade das ideias 
• Altíssima densidade de pessoas 
criativas 
• Altíssima frequência do metabolismo 
urbano 
7 Who’s Your City? How the Creative Economy 
Is Making Where to Live the Most Important 
Decision of Your Life 
CAPÍTULO V 
Aí eu penso sobre os encontros, os gatherings : Talentos, concentração, 
encontro, fricção, comunicação, colaboração e compartilhamento.
¬ 29 
5.2. Cluster Criativos, contexto e 
território como acontece na região 
metropolitana do Recife. 
Apesar do elevado número de estruturas 
presentes na região metropolitana 
do Recife, são raros os espaços que 
podem assumir-se como espaços de 
encontro e convergência, ou seja, como 
espaços susceptíveis de construir 
relacionamentos e que possam 
contribuir para a criação e troca de 
ideias criativas. Na sua esmagadora 
maioria, são espaços mono-temáticos 
(teatros, galerias, auditórios, etc.) 
criados e desenvolvidos com um objetivo 
muito específico que não favorecem o 
encontro entre criativos de diferentes 
subsetores, inibindo por isso o potencial 
de geração de novas ideias criativas. 
O que resulta em uma necessidade ainda 
maior de estabelecer novas dinâmicas 
de cooperação e parceria para que, 
num sistema de rede, seja possível 
potencializar ao máximo a capacidade 
criativa existente e acomodar projetos 
futuros. O que importa construir é um 
sistema eficaz que estabeleça laços de 
cooperação e parceria e que estimule 
o desenvolvimento articulado de 
projetos que possam ganhar dimensão 
e tornar-se atrativos e rentáveis 
pelo menos em uma escala regional. 
Os meios urbanos são normalmente 
espaços onde se cruzam os fluxos 
de produtos culturais e criativos, a 
densidade urbana tornou-se uma 
condição importante para o sucesso 
da produção cultural e criativa. 
Isto significa que os territórios com 
maior densidade são também aqueles 
que reúnem mais criatividade e 
inovação, condições fundamentais ao 
desenvolvimento da economia criativa. 
Contemplar a realidade criativa de 
uma região na criação dos seus 
espaços (nas intervenções sobre o 
espaço público, no desenho urbano, 
na reabilitação urbana) numa ótica de 
planeamento contemporâneo pode 
definir as bases para a visão de um 
novo território – o “Território Criativo”. 
Uma aplicação concreta deste 
conjunto de opções acontece no 
conceito de Bairros Culturais. No seu 
desenvolvimento o que é inovador é o 
facto de terem sido escolhidos como 
instrumentos políticos de regeneração 
urbana. De fato, a criação de bairros 
culturais como politicas urbanas de 
regeneração focadas têm sido adotadas 
por muitas cidades dos Estados Unidos, 
do Reino Unido, da Austrália e do Canadá.
¬ 30 
Um bairro cultural deve preencher 
alguns dos seguintes requisitos 
como os que foram verificados em 
Temple Bar, em Dublin, na Irlanda: 
• A existência de um setor artístico 
tradicional forte, bem como indústrias 
culturais contemporâneas; 
• A expressão cultural e criativa 
deverá ser sustentada na aposta 
em novos produtos e criações dos 
jovens empreendedores; 
• As artes, o artesanato e os serviços 
caracterizam-se pela especialização; 
• Ser o espelho da cidade visionada 
numa forte e vibrante cultura urbana; 
• Proporcionar uma oferta variada nos 
setores do comércio tradicional, da 
cultura, do lazer, do entretenimento 
incluindo bares, clubes, e 
restaurantes; 
• Possuir edifícios, parques, zonas 
ribeirinhas e espaços públicos 
atrativos que permitam um ambiente 
único e marcante; 
• Possuir um patrimônio cultural 
que englobe tradições, eventos, e 
patrimônio antrópico, arquitetônico, 
arqueológico, artístico e histórico.
¬ 32 
6.1. Rede de cidades criativas da Unesco 
É importante considerar a cidade 
criativa como um “atrativo conjunto”, 
que pode ser constituído pelos 
seguintes elementos: paisagem, 
pessoas, atividades, motivações, poder, 
imagem, identidade própria, valores 
tangíveis e intangíveis, e tudo aquilo 
que é decorrente da Natureza e da 
Cultura, sendo possível, admitir-se, que 
os fluxos de afirmação da criatividade 
e do talento contidos nestas cidades, 
decorrem da capacidade destas em 
atraírem aqueles elementos e respetivas 
energias. 
Se, em um primeiro olhar, entendemos 
que Recife e Olinda preenchem a 
maioria dos requisitos elencados acima 
apresentados, por que diabos ainda não 
estamos na rede de cidades criativas? 
A Rede de Cidades Criativas foi criada 
pela UNESCO em 20048, e une as 
cidades que trabalham conjuntamente 
em prol de uma missão comum para a 
diversidade cultural e o desenvolvimento 
urbano sustentável. Esta rede tem 
como proposito a comunicação 
8 UNESCO, 2011. United Nations 
Educational, Scientific and Cultural Organization. 
[Online] Disponível em: http://www.unesco. 
org/new/en/culture/themes/creativity/creative-industries/ 
creative-cities-network [Acesso 5 jun 
2013]. 
entre cidades criativas, para que 
possam partilhar conhecimentos, 
saber fazer, experiências, diretivas e 
tecnologia. As cidades podem solicitar 
a admissibilidade a esta rede e aderir 
ao Programa, assegurando assim a 
possibilidade de desenvolver o seu papel 
como um centro de excelência criativa, 
apoiando, simultaneamente, outras 
cidades, especialmente as pertencentes 
a países em desenvolvimento, a cultivar 
a sua própria economia criativa. 
Entrar na rede da UNESCO é ganhar 
notoriedade e posicionamento na 
competitividade internacional entre 
cidades. A adesão a esta rede é 
enquadrada através de temas, de 
acordo com os quais, as cidades 
podem candidatar-se, sendo que para 
isso deverão possuir determinadas 
caraterísticas e cumprir critérios pré-estabelecidos, 
que se encontram 
especificados. No caso do Recife e 
Olinda, considerando o patrimônio 
criativo e a história de arte e inovação 
em Pernambuco nos parece que o 
tema de artes e mídia seja o mais 
adequado para uma postulação. 
CAPÍTULO VI: 
Territórios criativos, Redes Criativas e Turismo Inovador.
¬ 33 
6.2. Territórios criativos e turismo 
Desde sempre que as cidades 
revelaram algumas evidencias criativas 
ao longo da sua historia, quer fossem 
para definir estratégias apropriadas 
para os diferentes desafios que 
lhes eram colocados, quer para 
desenvolver uma ferramenta de auxílio 
à gestão da Urbe. Essas características 
revelaram-se como contributo para um 
desenvolvimento mais sustentável da 
cidade, ou não fosse a criatividade, 
um olhar visionário expresso nas ações 
dos homens, de um modo original. 
Contudo, a mudança do paradigma 
civilizacional, preconizada pela 
passagem da sociedade Industrial 
para a sociedade da informação, que 
provocou, entre outras, alterações na 
estrutura do turismo, especificamente 
ao nível dos destinos turísticos, impôs, 
necessariamente, um ajuste da sua 
oferta a um tipo de turista, mais culto 
e mais exigente. Desta forma, obrigou, 
naturalmente, as cidades à aplicação 
de respostas, que, auxiliadas pela 
criatividade e pela inovação, permitiram 
encontrar soluções mais eficientes e 
adequadas às novas características 
desta sociedade moderna. 
Sabendo-se que o turismo é uma atividade 
econômica das mais importantes, e que 
provoca uma significativa influencia 
sobre o território em que atua, é por 
isso, fundamental, perceber-se até que 
ponto as “cidades criativas”, poderão 
acionar positivamente o desempenho 
da atividade turística, assim como 
contribuir para a sua sustentabilidade. 
Na evolução do modelo de cidade, de 
tradicional para criativa, consideramos 
que a cidade tradicional é aquela que 
resulta de ciclos ligados, principalmente 
à produção industrial, desenvolvendo-se 
num ciclo fechado e contínuo e que 
a cidade criativa é aquela que responde 
a estímulos da cultura contemporânea, 
desenvolvendo-se num ciclo aberto e 
com rupturas.
¬ 34 
6.3.Turismo Cultural e Criativo 
O turismo é um dos setores com maior 
crescimento da economia mundial. 
O turismo cultural como fenômeno 
organizado, desenvolveu-se como 
alternativa à saturação do modelo 
tradicional, baseado na exploração 
de um número limitado de centros de 
atração (praias e grandes cidades) e em 
resposta a uma procura cada vez mais 
exigente, segmentada e em mudança. 
Num mundo globalizado os lugares 
necessitam, cada vez mais, de serem 
criativos de modo a manter o seu caráter 
distintivo e capacidade de atrair turistas. 
À medida que os aspectos físicos 
parecem convergir num processo de 
“reprodução em série”, há uma crescente 
ênfase colocada no desenvolvimento de 
recursos intangíveis e da criatividade. 
Este processo é paralelo ao fenômeno 
de substituição do paradigma 
do consumo pelo da produção e 
criatividade, no panorama cultural. 
Desenvolver o caráter diferenciado 
de uma cidade ou território com base 
na cultura intangível e criatividade 
requer que estes destinos estabeleçam 
uma associação, na percepção do 
consumidor, entre manifestações 
culturais e criativas únicas e um lugar 
específico. Este processo tem sido 
suportado na ascensão de símbolos 
e signos especificamente regionais, 
que se distinguem das manifestações 
culturais de âmbito nacional. 
Esta mudança entre o tangível e o 
intangível, enquanto recursos de um 
destino implica que as cidades e regiões 
se tornam cada vez mais criativas nas 
suas estratégias de desenvolvimento. 
Assim, o Turismo Criativo é uma evolução 
da experiência tradicional de turismo 
na procura de formas de consumo que 
enfatizam o desenvolvimento pessoal.9 
O desenvolvimento do turismo criativo 
implica em novos desafios quer para 
o destino quer para o turista. Uma das 
implicações mais diretas deste tipo de 
turismo é a necessidade dos destinos 
serem criativos de modo a transformarem 
os seus recursos intangíveis, que são 
característicos e específicos da sua 
identidade (tais como as tradições 
locais), em experiências criativas para 
os turistas. Não se trata apenas de 
oferecer aos turistas atividades criativas: 
deverá existir um sistema de “co-produção” 
entre o turista e os criativos. 
Experiências de turismo criativo 
há muito são oferecidas em vários 
9 Santos J. Filipa Ferreira (2013), 
AS CIDADES CRIATIVAS COMO MODELO 
DINAMIZADOR DO DESTINO TURÍSTICO, Escola 
Superior de Gestão de Tomar, Dissertação de 
Mestrado
¬ 35 
destinos, embora nem sempre com esta 
designação (safaris fotográficos, campos 
de férias de dança, etc.). A grande 
evolução que se regista atualmente, 
é o fato de experiências criativas 
serem ativamente desenvolvidas e 
oferecidas aos turistas em pacote, 
por diversos destinos, numa tentativa 
de diversificar o produto turístico. 
Neste contexto, a grande diferença 
entre eventos criativos, lugares criativos 
e turismo criativo é o fato deste último 
conceito depender de modo muito 
mais crítico e direto da participação 
e envolvimento ativo do turista. 
Em resumo, o turista criativo é o protótipo 
do prosumer (produtor + consumidor), 
envolvido numa combinação de consumo 
qualificado e produção qualificada. 
A capacidade de atrair e cultivar as 
energias criativas do consumidor torna-se 
mais importante à medida que os 
territórios desenvolvidos com base no 
turismo cultural e patrimonial estão 
perdendo a sua capacidade competitiva. 
De modo a cultivar e colher os benefícios 
do turismo criativo no território do cluster 
metropolitano de negócios criativos, 
deve-se realizar uma articulação entre 
Porto Digital/Portomídia, CESAR, Delta 
Zero, Fabrica Tacaruna, Polo da Moda, 
prefeitura de recife, Prefeitura de Olinda, 
gestores e planejadores que envolva a 
todos no processo criativo, não apenas 
em termos da inovação do produto, mas 
também no reconhecimento do potencial 
criativo dos turistas. O desenvolvimento 
do turismo criativo deve servir ainda para 
reforçar a aproximação entre os setores 
da cultura e do turismo: combinando o 
conhecimento e capacidade criativa dos 
gestores culturais com o conhecimento 
do mercado dos especialistas em 
turismo para a criação um produto 
turístico inovador e viável.
¬ 37 
Uma formação criativa de qualidade tem 
um papel importante a desempenhar no 
contexto de um cluster metropolitano 
de negócios crwiativos, uma vez 
que tem potencial para reforçar 
a imaginação, a originalidade, a 
concentração, as aptidões relacionais, 
o gosto pela descoberta, o espirito 
critico e o raciocínio não verbal, etc., 
dos jovens empreendedores. Neste 
contexto, as sinergias entre a cultura 
e o ensino devem ser objeto de maior 
reflexão. O princípio neste domínio 
deve ser o da «responsabilidade 
conjunta» dos setores do ensino, da 
tecnologia e da cultura, procurando 
implementar parcerias sistemáticas 
e sustentáveis entre todas as partes. 
A formação empreendedora criativa, 
neste contexto é uma forma muito 
importante de promover a criatividade 
e a participação dos cidadãos na 
vida cultural da sociedade. Hoje 
em dia, os meios de comunicação 
social constituem um veículo muito 
importante de divulgação de conteúdos 
culturais e um vetor das identidades 
culturais brasileiras, pelo que se deve 
potencializar a capacidade de tomada 
de decisão dos jovens empreendedores 
na suas escolhas e projetos de vida. 
O empreendedorismo é extremamente 
importante para a economia de um país 
em crescimento como o Brasil. Cada 
nova empresa bem sucedida significa 
mais postos de trabalho, aumento da 
renda e fomentação de um ciclo virtuoso 
que aumenta a circulação de capital, 
enriquecendo o país. Na economia 
global atualmente são as empresas 
novas e pequenas, e não as grandes, as 
maiores criadoras de novos postos de 
trabalho. Os países com maior aumento 
nas taxas de iniciativa empresarial 
tendem a ter um maior decréscimo 
nas suas taxas de desemprego. 
É consenso entre os especialistas em 
educação empreendedora a defasagem 
presente entre a qualidade do ensino 
superior gratuito e o ensino fundamental 
e médio brasileiro e a falta, nas escolas 
de todos os níveis da educação 
empreendedora. Daí a necessidade 
de uma plataforma de formação e 
gerenciamento que se assenta na ideia 
de que aquilo a que chamamos talento é 
um padrão de pensamento, sentimento, 
atitude ou comportamento que pode 
ser direcionado para um fim prático ou 
ação. Acreditamos que quanto maior 
for o conhecimento e capacidade de 
gerenciamento do indivíduo sobre seu 
talento maior impacto este terá no seu 
comportamento e desempenho para a 
vida. 
CAPÍTULO VII: 
Criativos desenrolados: formação empreendedora criativa.
¬ 38 
Neste sentido o cluster metropolitano de 
negócios criativos deverá dar suporte a 
ações de formação empreendedora que 
possam: 
• Promover o surgimento e 
acompanhamento (coaching) de 
jovens empreendedores criativos 
para o Cluster Metropolitano de 
Negócios Criativos de Pernambuco. 
• Gerar um ambiente de 
interdisciplinaridade e 
compartilhamento de informações, 
o que permite uma abordagem 
colaborativa no desenvolvimento de 
negócios criativos. 
• Desenvolver ferramentas para 
capacitação de pessoas, a formação 
de lideres, a formação de mão 
de obra qualificada para ação e 
geração de conhecimento aplicável 
ao desenvolvimento das pequenas e 
medias empresas e das comunidades 
inseridas nos limites do cluster 
metropolitano de negócios criativos. 
• Promover o desenvolvimento 
de competência para ação 
empreendedora criativa. 
A competência para ação enfatiza 
quatro competências específicas e em 
um sistema de valores criativos: 
• Competência Técnica: para que o 
jovem empreendedor transmídia possa 
dominar como especialista as tarefas 
e conteúdos de seu âmbito de trabalho 
e os conhecimentos e habilidades 
necessários para isto; 
• Competência Metodológica: para que 
o jovem empreendedor transmídia 
possa reagir aplicando o procedimento 
adequado às tarefas encomendadas e 
às incorreções que se apresentem; 
• Competência Social: para que o 
jovem empreendedor transmídia saiba 
colaborar com outras pessoas de forma 
comunicativa e construtiva, e mostra um 
comportamento voltado ao grupo e um 
entendimento interpessoal; 
• Competência Participativa: para que o 
jovem empreendedor transmídia saiba 
participar na organização de seu lugar 
de trabalho e também de seu entorno 
profissional, sendo capaz de organizar, 
decidir e aceitar responsabilidades. 
• Atitude (sociologia) consiste em um 
sistema de valores e crenças, com certa 
estabilidade no tempo, de um indivíduo 
ou grupo que o predispõe a sentir 
e reagir de uma determinada forma 
perante dados estímulos. 
Este foco em habilidades e competências 
está conectado diretamente a natureza 
de empreendimentos que serão 
desenvolvidos no Cluster Metropolitano 
de Negócios Criativos que colocam 
foco sobre o trabalho colaborativo, 
interdisciplinar e que em sua essência 
envolvem processos de criação coletiva.
¬ 40 
Com base nos capítulos anteriores este 
capítulo faz primeiramente uma síntese 
dos principais clientes do Cluster 
Metropolitano de Negócios Criativos 
apontando seus principais problemas, 
apresentando soluções, propostas de 
valor, sugerir ações estruturantes de 
curto prazo e apontar as vantagens 
insuperáveis para a formulação de 
futuros modelos de negócios em 
cada segmento. Em um segundo 
momento apresenta uma proposta 
de gestão integradora detalhando 
seu funcionamento e componentes. 
Finalmente, em um terceiro momento, 
sugere ações e estratégias para a 
implementação do Cluster. 
8.1. SÍNTESE DA SEGMENTAÇÃO DA 
CLIENTELA 
1. JOVEM CRIATIVO TRANSMIDIA 
Problemas: para definir uma proposta 
de valor para o jovem criativo, o 
grupo multidisciplinar de trabalho 
concentrou primeiramente sua atenção 
nos problemas mais importantes 
que precisariam ser resolvidos para 
dinamização do ambiente de negócios: 
• Espacos de encontro/ 
experimentacão. O grupo discutiu 
as limitações da estrutura física 
das empresas atuantes nos elos 
da cadeia produtiva. Apesar do 
elevado número de estruturas 
presentes na região metropolitana 
do Recife, são raros os espaços 
encontro e convergência capazes 
de construir relacionamentos e que 
possam contribuir para a criação e 
troca de ideias criativas gerando 
interatividade e interdependência 
entre o produtor e o consumidor; 
• Cultura de negócios criativos. O grupo 
discutiu o aparente paradoxo cultural 
entre produção autoral x negócios. 
Embora a região metropolitana 
tenha uma produção de conteúdo 
autoral de boa qualidade, ela não 
tem caráter industrial, há pouco 
trabalho colaborativo, e a tecnologia 
ainda não é explorada plenamente. 
• Imagem alternativa . Os negócios 
criativos são percebidos como um 
setor novo, sem um legado histórico 
que o suporte, não tem uma voz 
reconhecida e forte nem estruturas 
que o representem como em outros 
setores produtivos mais tradicionais. 
A cultura de atuação subsidiada 
pelo governo apenas com editais 
segmentados não estimula a 
colaboração através da formação 
de consórcios interdisciplinares, a 
competitividade e a inovação. 
CAPÍTULO VIII: 
ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO CLUSTER
¬ 41 
Soluções: para cada um desses 
problemas, o grupo de trabalho 
considerou que poderiam ser buscadas 
soluções que atendessem aos interesses 
da clientela definida: 
• Integrar a infraestrutura existente entre 
o porto do recife e a colina histórica 
de Olinda para a implementação de 
espaço promotores de encontro e 
experimentação resguardando-se 
contra o efeito de crowding-in que 
tem acontecido com o porto digital. 
• Suprir carências do processo 
produtivo através da capacitação e 
especialização profissional voltada 
para competências criativas, 
espaços, tecnologia e equipamentos 
e gerar uma demanda sofisticada 
promovendo negócios com foco 
prioritário em narrativas transmidia 
competitivas. 
• Priorizar editais com foco em 
estratégias transmídia; favorecer 
encontro e associação entre 
profissionais de áreas correlatas 
e distintas; incentivar a formação 
de curadores locais e a exposição/ 
geração de negócios e venda de 
produtos pernambucanos criativos. 
Proposta diferenciada de valor: diante 
do desafio de chegar com soluções 
consistentes para os problemas 
apontados, o grupo multidisciplinar de 
trabalho considerou que. Implementar 
um ambiente de negócios onde 
ARTISTAS FAZEM DINHEIRO poderá 
constituir uma proposta diferenciada de 
valor para o jovem criativo transmídia. 
Ações estruturantes: 
• Promover a atração e formação 
de produtores executivos 
especializados no segmento criativo. 
• Construir uma rede de espaços e 
serviços, tais como media centres, 
espaços para ensaios, ateliês e locais 
de trabalho devidamente equipados 
e articulados com um centro de 
fabricação digital no Tacaruna. 
Vantagem insuperável: Base tecnologica 
consolidada, talento e potencial para 
atrair, reter e desenvolver pessoas 
criativas. 
2. EMPRESAS DA ECONOMIA 
CRIATIVA 
Problemas: para definir uma proposta 
de valor para as empresas da 
economia criativa, os participantes 
do grupo multidisciplinar de trabalho 
concentraram primeiramente sua 
atenção nos problemas mais importantes
¬ 42 
que precisariam ser resolvidos pela 
proposta: 
• Formação empreendedora. Nível 
elevado de informalidade e falta 
de visão de negocio por parte do 
empresariado, com excesso de 
amadorismo e improvisação. A 
maioria da produção consolidada 
não tem modelo de negocio, depende 
de editais governamentais como o 
Funcultura. Baixo profissionalismo 
nas atividades e produtos da indústria 
criativa, e limitada capacidade de 
gestão de negócios (planejamento, 
organização, processos e critérios 
de eficiência administrativa). 
• Informação e comunicação. 
As chamadas tecnologias de 
informação e comunicação (TIC), 
nas quais Pernambuco tem 
grande competência, representam 
oportunidades de negócios, 
facilitando a produção e a distribuição 
de conteúdo digital, possibilitando 
novos modelos de negócio e criando 
mercados para produtos e serviços 
antes impensados. Infelizmente, há 
pouquíssima integração entre a área 
de TIC e a da cultura. Os profissionais 
não conversam entre si. Cinema não 
conversa com animação que não 
conversa com games, etc. 
• Mercado. Acesso limitado a 
mercados nacional e global com 
concorrentes fortes especialmente 
nas fases de distribuição e difusão. 
Soluções: para cada um desses 
problemas, o grupo de trabalho 
considerou que poderiam ser buscadas 
soluções que atendessem aos interesses 
da clientela definida: 
• O principal desafio é a mudança no 
perfil de formação, profissionalizando 
empresas, gerando negócios 
internacionais. 
• Num setor como este em que a 
experimentação, a inovação, a 
intuição são uma constante, é preciso 
adotar rapidamente e desenvolver 
competências comerciais, com 
criteriosa análise de mercado, 
foco intenso nas vendas, pesquisa 
ativa de informação e apoio que 
possibilitem o crescimento real e 
consolidado. 
• Desenvolver modelos de negócios 
e articular a infraestrutura existente 
para que se possa superar as 
vantagens da concorrência em nível 
nacional e global. Prioritariamente 
utilizando toda a capacidade criativa 
e força de trabalho disponível para 
garantir a formação, o acesso aos 
recursos técnicos e financeiros, 
produzindo conteúdo orientado e 
com foco nas demandas no mercado.
¬ 43 
Proposta diferenciada de valor: 
Diante do desafio de chegar com 
soluções consistentes para os 
problemas apontados, o grupo 
considerou que a implementação 
de ações governamentais indutoras 
de comportamento empreendedor 
direcionadas a produtos gerados 
colaborativamente por pelo menos 
três áreas criativas distintas poderá 
constituir uma proposta diferenciada 
de valor para as empresas da economia 
criativa 
Ações estruturantes: Diante dos 
desafios de fazer chegar às áreas 
administrativas as soluções pensadas, 
o grupo sugeriu que deveriam ser 
priorizadas iniciativas para: 
• Articulação dos produtores existentes 
e dos novos de conteúdo transmídia 
com grupos e associações como 
o Brasilian TV Producers, acesso 
a feiras de produtos e serviços, 
rodadas de negócios como o BUFF 
Film Festival no Canadá e o MIPcom 
em Cannes. Esse engajamento 
garantem percepção imediata 
das mudanças e demandas desse 
mercado de distribuição desse 
conteúdo. 
• Formação de redes de parcerias 
efetivas, baseadas na simplificação 
de relacionamentos, numa lógica 
peer-to-peer, com ênfase na 
colaboração acima da competição 
(coopetição). 
Vantagem insuperável: tradição 
refinada de produção científica, artística 
e tecnológica e grande adensamento de 
talentos criativos. 
3. VISITANTES LOCAIS E 
INTERNACIONAIS. 
Problemas: para definir uma proposta 
de valor para visitantes locais e 
internacionais, os participantes do 
grupo multidisciplinar de trabalho 
concentraram primeiramente sua 
atenção nos problemas mais importantes 
que precisariam ser resolvidos pela 
proposta. 
• Pra onde ir? Como chego lá?. 
• Centralidades turístico/culturais não 
trabalhadas. 
Soluções: para cada um desses 
problemas, o grupo do seminário 
considerou que poderiam ser buscadas 
soluções que atendessem aos interesses 
da clientela definida: 
• Tornar ainda mais marcantes o 
marketing presencial e as ações 
experienciais, turistificando lugares 
e roteirizando experiências com foco 
no turismo de negócios; 
• Mudar o foco do planejamento urbano 
de mercado imobiliário para priorizar
¬ 44 
o suporte às atividades humanas, 
padrões de uso e responder a 
questões de como necessidades 
individuais de usos e atividades na 
cidade se articulam e desenvolvem 
macro estruturas e padrões globais; 
• Transformar os recursos intangíveis 
(tradições locais), que são 
característicos e específicos da 
identidade do território do cluster, 
em experiências criativas para 
os visitantes estabelecendo uma 
associação, na percepção do 
consumidor, entre manifestações 
culturais e criativas únicas e um 
lugar específico. 
Proposta diferenciada de valor: diante 
do desafio de chegar com soluções 
consistentes para os problemas 
apontados, o grupo multidisciplinar 
de trabalho considerou que. SAIR DE 
CASA PRA TER UMA EXPERIENCIA 
INESQUECIVEL poderá constituir uma 
proposta diferenciada de valor para 
visitantes locais e internacionais. 
Ações estruturantes: diante dos 
desafios de fazer chegar as soluções 
proposta para mudanças de paradigma 
no acolhimento de visitantes, o grupo 
sugeriu que deveriam ser priorizadas 
iniciativas para: 
• promover a existência de espaços 
inter-articulados de produção e 
consumo artístico e cultural onde 
os consumidores são também 
produtores, onde se vai visitar, curtir, 
comprar e também fazer negócios. 
• Intensificar e acelerar a requalificação 
das áreas compreendidas entre 
o porto e a colina histórica de 
Olinda reforçando a aglomeração 
econômica de atividades baseadas 
no conhecimento. 
• Promover a Integração de Recife/ 
Olinda à rêde de cidades criativas 
da Unesco. 
Vantagem insuperável: patrimônio 
histórico e paisagístico, diversidade 
cultural, acolhimento e tolerância para 
com a diferença. 
4. GOVERNO 
Problema prioritário. Para definir uma 
proposta de valor para governo os 
participantes do seminário concentraram 
primeiramente sua atenção nos 
problemas mais importantes que 
precisariam ser resolvidos pela proposta; 
• Atrair empresas de serviços 
modernos; 
Soluções: para o problema prioritário, 
o grupo do seminário considerou que 
poderiam ser buscadas soluções que 
atendessem aos interesses da clientela 
definida:
¬ 45 
• Fomentar uma cultura de negócios 
mais avançada na economia criativa 
atraindo empresas e indivíduos 
do setor cultural, gerando efeitos 
multiplicadores importantes na 
economia local e elevando o valor 
e consciência estética da produção 
criativa local. 
• Promover o encontro/convergência 
entre criativos locais e de fora para 
a geração de novas formas de 
gestão criativa e desenvolvimento 
de negócios. 
Proposta diferenciada de valor: diante 
do desafio de chegar com soluções 
consistentes para os problemas 
apontados, o grupo multidisciplinar de 
trabalho considerou que uma GESTÃO 
DESCOLADA poderá constituir uma 
proposta diferenciada de valor para 
o governo estadual e dos municípios 
envolvidos. 
Ações estruturantes: Diante dos 
desafios de fazer chegar as soluções 
proposta, o grupo sugeriu a criação de 
uma agência Integradora composta por 
cinco espaços ancora: O Porto Midia, 
Polo da Moda, Museu Luiz Gonzaga, 
Fábrica do Tacaruna e Museu do Futuro 
Imaginário (a ser implementado na colina 
histórica de Olinda que implemente uma 
rede integrada capaz de gerar negócios 
criativos pela conexão de equipamentos 
e articulação de espaços de fricção 
indutores de relacionamentos e troca 
de ideias. A agência terá ainda a função 
de promover o efetivo adensamento 
da cadeia produtiva e geração de 
oportunidades. (detalhamento a seguir). 
Vantagem insuperável: existência de 
infraestrutura cultural e tecnológica de 
grande porte na região.
¬ 46 
8.2. AGENCIA INTEGRADORA 
Na maior parte dos casos de 
sucesso de regiões bem sucedidas 
no desenvolvimento de economias 
criativas competitivas a liderança da 
agenda está confiada a estruturas com 
alargada participação pública e privada, 
altamente especializadas e dotadas de 
grande autonomia de gestão. Nesta 
seção é apresentado o modelo de 
governança e gestão estratégica do 
cluster metropolitano de negócios 
criativos10. 
10 Esta proposta fundamenta-se na 
A governança de um projeto de 
desenvolvimento envolve as instituições, 
organizações, estruturas, processos 
e funções necessárias para articular 
atores na direção de objetivos comuns 
e de uma visão compartilhada sobre o 
futuro do projeto. O modelo de gestão 
do cluster deve articular atores em três 
níveis: 
• Nível das articulações e políticas 
institucionais. 
• Nível da gestão estratégica. 
modelagem conceitual e planejamento de cenários 
do polo de produção de conteúdo cultural de 
pernambuco elaborado pelas consultorias OREMI 
para o Sotex recife em 2010.
¬ 47 
• Nível da implantação e 
operacionalização de serviços. 
A complexidade de um cluster 
metropolitano de negócios criativos 
requer um tratamento sofisticado do 
modelo de governança, que deve 
ser capaz de incluir e articular atores 
oriundos de ramos de negócios criativos 
diversos e que podem ter, em certos 
momentos e contextos, interesses e 
objetivos conflitantes. 
Para construir uma proposta de 
governança adequado ao formato 
organizacional do Cluster, foi escolhido 
um modelo de rede articulado em torno 
de uma agência integradora que deverá 
resultar de um acordo de parceria 
entre cinco principais agentes âncora 
do território: O Porto Midia, Polo da 
Moda, Museu Luiz Gonzaga, Fábrica 
do Tacaruna e o Museu do Futuro 
Imaginário (a ser implementado na 
colina histórica de Olinda). 
Neste modelo, em volta do território 
de relações estabelecido pelas 
cinco ancoras, as diversas indústrias 
criativas mantêm sua individualidade e 
representatividade em Fóruns Setoriais 
no nível das articulações e políticas 
institucionais. 
Na visão do grupo, a liderança do 
processo de governança do Cluster 
Metropolitano de Negócios Criativos 
deverá ter comportamentos e atitudes 
como as do CEO que cuida de PROTEGER 
e GUIAR um sitema “loosely coupled” 
(em traduçao literal, frouxamente 
articulado). Larry Hirshorn11 afirma que, 
pelo comportamento imprevisível dos 
elementos constituintes nestes sistemas 
intervenções em pontos isolados podem 
ter mínimo ou nenhum efeito em outros 
pontos ou podem provocar reações 
inprevisíveis e fora do contrôle. Como 
as ligações entre os participantes são 
folgadas e imprevisíveis, a autoridade 
central deriva muito mais da forma que 
é conduzida o relacionamento entre os 
componentes do que de regimentos e 
estatutos formais. 
Neste contexto, a agência integradora 
será responsável por articular, mediar 
e tornar mais efetiva as ações de cada 
componente, criando um espaço de 
discussão e operacionalização das 
ações de interesse coletivo. 
115 arry Hirschhorn; “ Leading and Planning in 
Loosely Coupled Systems”, Center for applied 
Research, Philadelphia, 1994.
¬ 48 
8.3. Ações e Estratégias para 
Implantação do cluster. 
Para a implantação da agência 
integradora e implementação do Cluster 
Metropolitano de Negócios Criativos 
foram definidas, considerando as 
dimensões organizações, instituições 
e territórios, as ações estratégicas que 
estão apresentadas abaixo: 
8.3.1 Organizações 
• Identificar e definir atores (quem 
somos?) 
• Instlar Unidade de Gestão 
• Agregar e formalizar associados 
• Estruturar organizações, entender 
mercados e promover negócios. 
• Estruturar e implantar infraestrutura 
e processos para novos 
empreendimentos. 
• Estruturar organizações e formar 
capital humano empreendedor. 
8.3.2 Instituições 
• Articular sustentação política e 
institucional 
• Identificar e criar instrumentos de 
incentivo e fomento para recursos 
humanos, empreendedorismo e 
território. 
• Criar normas e projetos de 
sustentabilidade ambiental do Cluster. 
• Criar instrumentos e projetos de 
inclusão social. 
• Contribuir na formulação de 
políticas públicas, notadamente no 
que diz respeito a competitividade 
dos negócios estabelecidos no 
território do Cluster. 
• Adequar ou criar legislação 
específica para o território urbano. 
8.3.3 Território 
• Articular com o setor público a 
qualificação do entorno. 
• Definir formalmente os limites do 
Cluster. 
• Instalar fisicamente o Museu do 
Futuro Imaginário 
• Implantar as estruturas prioritárias 
de fabricação digital e serviços na 
Fábrica Tacaruna. 
• Promover a restauração da conexão 
entre Recife e Olinda através do 
istmo. 
• Atrair novos negócios para promover 
o adensamento do Cluster.
¬ 49 
8.3.4. Equipamentos Âncora 
8.3.4.1 Tacaruna Fábrica de ideias 
(ver estudo preliminar em anexo) 
Uma das âncoras do projeto é a antiga 
Fábrica Tacaruna, mais precisamente nos 
galpões previstos para serem construídos 
atrás do prédio principal conforme a 
ilustração 1 abaixo. 
IIlustração 1 - Planta baixa da Fábrica Tacaruna 
1. Conceito 
O processo de inovação, particularmente 
quando se trata de economia criativa, 
pressupõe, segundo os métodos de 
design mais modernos (Gray, Brown, 
& Macanufo, 2010; IDEO, 2003, 2011; 
Maurya, 2012; Neves et al., 2008), 
uma etapa de geração de alternativas 
que tem natureza exploratória, onde a 
experimentação é estimulada com apoio
¬ 50 
do ambiente, dos equipamentos e dos 
participantes, assim como por atividades 
de educação tecnológica e de manutenção 
de equipamentos. 
Atualmente, as políticas de fomento à 
inovação estão estabelecidas a partir de 
incubadoras, aceleradoras, etc., focando 
principalmente no apoio à implementação 
de uma ideia de produto ou serviço já 
formatado. A vocação do Tacaruna é 
de se posicionar em uma etapa anterior 
a das incubadoras, incentivando a 
geração de ideias por meio de: (a) intensa 
experimentação, incluindo um viés 
tecnológico em particular de manipulação 
de hardware (b) aplicação do princípio 
do “aprender fazendo” (c) interação entre 
perfis profissionais e socioeconômicos 
diversificados. 
Em outras palavras, a Fábrica Tacaruna 
fomentará a criatividade utilizando 
processos e tecnologias industriais, para 
ter também uma atuação complementar 
a âncoras como o Porto Mídia. Alguns 
projetos da fábrica certamente vão 
virar empresas; outros, podem se 
tornar exposições ou performances 
artísticas; outros, ações sociais, etc. 
A liberdade é um aspecto crucial no 
funcionamento deste ambiente criativo. 
Não é possível desbravar os caminhos da 
transmídia e sondar novos paradigmas, 
processos, produtos ou serviços sem a 
experimentação livre. 
Neste contexto, tendo em vista a 
estratégia transmídia do cluster, esta 
fábrica de ideias deverá promover a 
integração de pessoas de diferentes 
áreas de conhecimento, classes sociais, 
níveis de formação e expectativas de 
mercado. Só assim, tem-se um ambiente 
ativo e diversificado com alto potencial 
combinatório e, consequentemente, 
capaz de promover inclusão e integração 
social de forma efetiva. 
Um conceito bastante importante para o 
entendimento da narrativa deste espaço 
é o de empreendedor como um perfil de 
pessoa com iniciativa, que assume riscos 
e compartilha uma paixão por explorar, 
experimentar e concretizar novas ideias. 
Este conceito mais amplo se diferencia 
do conceito de empreendedor empresário 
estrito, aquele que empreende uma startup, 
por exemplo. Na fábrica conviverão 
diversos tipos de empreendedores, os 
sociais, os artísticos, os empresariais, 
etc. Integrando estes empreendedores, 
o Tacaruna potencializa uma combinação 
produtiva de suas vivências e expectativas, 
além de fazer crescer este espírito de 
iniciativa, experimentação e concretização 
nos jovens integrantes dos diversos 
projetos. 
Em suma, a principal vocação da âncora 
da Fábrica Tacaruna é ser o ponto de 
referência à experimentação e à integração 
de pessoas e conhecimento, com o intuito 
de promover a criatividade no seu mais 
alto potencial combinatório, gerando 
ideias diversas e em grande quantidade. 
Uma verdadeira fábrica de ideias que será 
base para o crescimento da inovação em 
Pernambuco.
¬ 51 
2. Integração com as outras âncoras 
A fábrica de ideias atua de forma 
complementar às outras âncoras do 
cluster, sejam os museus, seja o Porto 
Mídia, seja o Nascedouro de Peixinhos: 
as empresas que vierem a ser formadas 
poderão ser incubadas no Porto Mídia; os 
projetos artísticos poderão ser expostos 
nos museus; as atividades de formação 
poderão ter vivências integradas com 
o Nascedouro de Peixinhos; seus 
laboratórios poderão acolher artistas-residentes 
do Museu do Futuro Imaginário; 
as oficinas da fábrica aproveitam os 
resultados do observatório de economia 
criativa do Porto Mídia; etc. 
Por outro lado, além de se integrar com 
as demais âncoras do cluster, a Fábrica 
do Tacaruna tem um forte enfoque 
na combinação de diversas áreas, ou 
seja, na transmídia, por meio de intensa 
experimentação. A sua filosofia se 
aproxima bastante dos modelos de 
espaço hacks, ou hackspaces, no qual 
o aprendizado se dá por meio do fazer, 
em que há uma grande liberdade de 
combinação de ideias e um intenso desejo 
de compartilhamento destas ideias entre 
os integrantes do espaço. Estes aspectos 
fazem com que esta âncora se diferencie 
das demais alternativas presentes no 
cluster. 
3. Princípios 
Nesta seção estão enumerados alguns 
dos princípios que norteiam o projeto do 
Tacaruna: fábrica de ideias. 
3.1 Movimento Maker 
“Mais do que apenas meros consumidores 
de tecnologia, somos fazedores (makers), 
adaptando tecnologia para nossas 
necessidades e integrando-as às nossas 
vidas. Alguns de nós nascem fazedores, 
outros […] se tornam quase sem perceber. 
[...] MAKE é uma nova revista dedicada a 
mostrar como fazer com que a tecnologia 
trabalhe para você. “ Dale Dougherty, co-fundador 
da revista MAKE, O’Reilly. 
Assim começava a frase de boas-vindas 
da primeira edição da revista MAKE, 
publicada em janeiro de 2005, que 
desde então compila vários projetos e 
assuntos relacionados à cultura DIY, à 
apropriação e à customização de artefatos 
tecnológicos. O lançamento desta revista 
marca uma tendência que tem suas 
raízes no ciberativismo, no movimento 
punk e na cultura faça-você-mesmo e 
agora se potencializa através do massivo 
compartilhamento de informações 
pela internet. Muitos internautas estão 
percebendo que o conhecimento não está 
preso nas indústrias e nos laboratórios 
de pesquisa e sim que o mundo pode 
ser hackeado, ou seja, os sistemas e 
dispositivos que nos rodeiam podem 
ser modificados para um uso diferente 
do pensado inicialmente pelos seus 
produtores. É o empoderamento da 
tecnologia pelos usuários, clientes, 
consumidores e não mais somente pelo
¬ 52 
público técnico. A figura a seguir ilustra 
um ambiente maker. 
Ilustração 2 - Espaços Maker 
Mark Frauenfelder, editor da revista MAKE, 
quando perguntado pelo site Humans 
Invent sobre o movimento Maker, deu a 
seguinte resposta: 
“[O movimento Maker] é a percepção 
de várias pessoas que o mundo físico 
é uma plataforma hackeável da mesma 
forma que os sistemas computacionais. 
[…] Um hacker é alguém que cria 
um uso não pensado para algo e faz 
alguma coisa melhor que o designer 
original.” 
Além disso, as ferramentas e os 
equipamentos foram ao mesmo tempo 
barateando e tornando-se mais acessíveis 
a um púbico diversificado e leigo. Um 
exemplo desta tendência é o surgimento 
de impressoras 3D mais baratas e 
voltadas para o uso pessoal. Em seu 
recente livro “Maker: The New Industrial 
Revolution” (Anderson, 2012), Chris 
Anderson define a popularização e uso 
das impressoras 3D como sendo uma 
nova revolução industrial deixando o 
poder da produção do artefato na mão do 
usuário. Outros exemplos desta tendência 
são ferramentas de programação voltadas 
para artistas e designers vêm se tornando 
cada vez mais populares (Noble, 2012). 
Estas ferramentas tem como objetivo a
¬ 53 
obtenção de resultados gráficos, sonoros 
e interativos de forma simples e rápida, 
sem a preocupação com detalhes técnicos 
que muitas vezes são obstáculos para um 
público mais leigo em tecnologia. Assim, 
há um crescente número de projetos 
interativos (Fry & Reas, n.d.) (Dougherty & 
Frauenfelder, 2005)(“Arduino.cc,” n.d.). 
Ampliando a definição, pode-se dizer que 
a tendência é que os usuários, clientes 
ou consumidores não estão passivos no 
desenvolvimento de novas ferramentas 
e sistemas e sim que participam da 
construção e da modificação, sempre 
se apropriando desses sistemas e os 
adequando para suas próprias realidades 
e necessidades. O universal é inexistente, 
há sempre uma modificação, adequação 
ou customização que o usuário pode 
fazer para se apropriar de um artefato 
tecnológico - seja permitida e pensada a 
priori pelo produtor deste artefato ou não 
permitida e hackeada pelo usuário.
¬ 54 
3.2 Experimentação e Prototipação: 
aprender fazendo 
O conceito de experimentação usado neste 
Projeto está relacionado ao ato de testar a 
adequação de uma ideia a um determinado 
contexto a partir da implementação 
incompleta de subconjuntos desta 
ideia em forma de protótipo. A partir da 
experimentação e da prototipação, pode-se 
antecipar inadequações, fazendo com 
que a ideia evolua gradativamente a partir 
do aprendizado. 
“Experimentação é importante, pois 
dá combustível para a descoberta 
e a criação de conhecimento e 
consequentemente direciona o 
desenvolvimento e a melhoria de 
produtos, processos, sistemas e 
organizações.” (Thomke, 2003) 
Mesmo dentro do mundo empresarial 
(Thomke, 2003), já existe uma reflexão em 
forma de princípios relacionados com o 
processo de experimentação. Dentre os 
apresentados destaca-se: Experimente 
frequentemente; Organize-se para 
experimentações rápidas e ágeis; Falhe 
cedo e regularmente. 
Ilustração 3 - Espaços de prototipação
¬ 55 
Dentro do contexto de design de produtos 
e sistemas, há a fase de prototipação, 
onde as ideias concebidas como 
solução para um determinado problema 
são concretizadas e funcionam como 
ferramenta: de aprendizado sobre o que 
precisa ser refinado, de comunicação 
entre os membros da equipe sobre 
as particularidades do projeto, de 
experimentação de diferentes abordagens 
para uma mesma solução. 
“Prototipação é a estratégia para lidar 
eficientemente com coisas que são difíceis 
de predizer.” Scott Klemmer 
Alguns valores associados aos protótipos 
são (Warfel, 2009): 
• Protótipos são gerativos, ou seja, o 
processo de prototipação gera várias 
ideias que podem ser péssimas ou 
brilhantes; 
• Protótipos tem o poder de mostrar, 
contar e experimentar: apenas com o 
concreto é que conseguimos ter uma 
experiência da realidade; 
• Protótipos reduzem problemas de 
interpretação; 
• Protótipos salvam tempo, esforço e 
dinheiro; 
• Protótipos reduzem perda; 
• Protótipos proveem valores do mundo 
real: em vez de descrever a realidade 
em documentos, melhor apresentar 
um protótipo que já vem com valores 
reais agregados. 
Além disso, focar na quantidade, ou seja, 
criar vários protótipos para um mesmo 
problema, faz com que as soluções sejam 
mais eficientes, pois “ao fazer, aprende-se 
com os próprios erros” (Dow, 2011). 
“A melhor maneira de ter boas ideias é 
ter várias ideias.” Linus Pauling 
Enfim, a atividade de intensa prototipação 
tem consequências não só em melhores 
produtos, mas também muda o paradigma 
de aprendizado, dando mais ênfase ao 
que se chama hoje de cognição incarnada 
ou enativa [Lakoff & Johnson 1999], 
segundo a qual muitas competências e 
conhecimentos são melhores adquiridos 
pela via do fazer: aprende-se fazendo! 
Este aspecgto será bastante explorado 
no Tacaruna, evitando a abordagem 
frequentemente enfadonha de diálogos de 
uma única mão onde o professor fala e o 
aluno ouve. 
3.3 Choque de ideias 
Com o intuito de ampliar as chances de 
combinação de ideias, é importante que 
o ambiente seja: multidisciplinar, juntando 
diferentes áreas de conhecimento 
em torno de uma mesma temática; 
interdisciplinar, buscando a interseção 
dessas diversas áreas; e transdisciplinar, 
levando conhecimento de uma área para 
a aplicação em outra área. 
É neste ponto que se ressalta o povoamento 
do ambiente por pessoas de diferentes 
perfis e formações que estejam afinadas 
no que diz respeito ao compartilhamento 
e a fusão de ideias. É através desta 
combinação de áreas e do engajamento 
da forma de trabalho que são geradas 
ideias poderosas e, como consequência, 
também acontece a verdadeira inclusão e 
integração social.
¬ 56 
O espaço funciona como uma câmara de 
agitação e choque entre ideias. As práticas 
e dinâmicas são o catalisador para que 
as pessoas consigam se expressar e 
se comunicar umas com as outras e os 
processos de prototipação fazem com 
que as ideias sejam concretizadas de 
forma rústica e validadas. 
Ilustração 4 - Espaços para troca e choque de ideias 
3.4 Interação e troca de conhecimentos 
A parte central do Tacaruna é composta 
por oficinas que permitirão a construção 
dos mais diversos tipos de protótipos e 
produtos, desde pequenas customizações 
como um escapamento diferenciado para 
uma moto ou a criação e produção de 
uma bicicleta exclusiva. 
Para favorecer a efervescência de todo 
o espaço são incentivados ambientes 
de interação. O ponto culminante desta 
interação trata-se de um bar/café temático 
ambientado como uma garagem de motos 
que envolverá os visitantes usuários num 
movimento de manutenção, ajustes e 
observação dos protótipos em teste. 
Trata-se de um ambiente de testes das 
montagens envolvendo motos, bikes, 
drones ou robôs que criará um dinamismo 
único, onde todos se envolvem no processo 
de avaliação das peças produzidas. A 
idéia central é fazer com que os usuários 
e visitantes interajam e todos se sintam 
motivados a experimentação.
¬ 57 
8.3.4.2. Museu do Futuro Imaginário 
O conceito do Museu do Futuro 
Imaginário (MUFI) foi fruto do trabalho de 
26 profissionais das diferentes áreas da 
economia criativa, envolvendo artistas 
independentes, empreendedores locais e 
professores da UFPE. Ele é uma âncora 
fundamental tanto pela atratividade que 
exercerá pela inovação que propõe, 
quanto por criar um contra-peso do lado 
de Olinda às diversas iniciativas do Bairro 
do Recife, em particular o Cais do Sertão 
Luiz Gonzaga, estabelecendo assim dois 
extremos geográficos entre os quais o 
cluster se estabelece. 
1. Contexto e motivação 
Além da questão da sustentabilidade, 
estruturas como museus, cuja vocação é 
a visitação púbica, enfrentam, atualmente, 
o grande desafio da atração permanente 
de público, especialmente o jovem. Isto 
ocorre porque a atenção dos jovens está, 
hoje em dia, dividida em inúmeros atrativos: 
dos clássicos, como televisão, cinema, 
estádio, teatro, leitura, etc., aos recentes 
como lan-houses, internet e video-games. 
Se a aquisição inicial de público se tornou 
mais difícil, pior ficou a sua retenção 
como é consenso entre os museólogos. 
O grande público dos museus é hoje os 
dos grupos de visitantes de escolas, 
que, depois da visita inicial, raramente 
volta [Johnson et al. 2010]. A solução 
que consiste a simplesmente aumentar e 
renovar continuamente o acervo do museu 
não é sempre economicamente viável. 
Instalações digitais interativas, assim 
como elementos advindos do mundo 
dos games, na tendência chamada de 
gamification [Deterding et al. 2011], vêm 
sendo crescentemente usados em museus 
com vistas à gerar uma atrativo maior 
do público jovem [Johnson et al. 2010]. 
Alguns exemplos destes podem ser vistos
¬ 58 
no Museum of London (Reino Unido), The 
Stedelijk Museum Amsterdam (Holanda) e 
Indianapolis Museum of Art (EUA). 
A leitura feita pela equipe que concebeu o 
Museu do Futuro Imaginário (MUFI) é de 
que instalações interativas e jogos ajudam, 
mas para realmente atacar o problema 
seria preciso ir mais além, seria necessário 
passar para outro patamar mais ousado 
e inovador na concepção de um museu, 
fazendo que com a interatividade fosse a 
tônica e não um acessório. 
2. Conceito e princípios curatoriais 
O primeiro eixo do MUFI é adaptar os 
mecanismos replay value, comumente 
encontrados na concepção de jogos, à 
experiência de visitação de um espaço 
físico do tipo museu. Mecanismos como 
destravar níveis, tentar estratégias 
diferentes, mudar o nível de dificuldade, 
oferecer recompensas, etc. ajudam a 
motivar os jogadores a voltar a jogar o 
jogo depois que eles já o terminaram. É 
similarmente o que se quer: criar incentivos 
para que os visitantes voltem ao museu 
inúmeras vezes, vivenciando cada vez uma 
experiência distinta das anteriores. Neste 
sentido, o MUFI é uma “grande instalação 
interativa”, um game, um puzzle. Por 
exemplo, incorporando características 
globais de game, ao longo do percurso 
do museu, o visitante acumula pontos em 
função de quanto ou quão bem interage 
com as instalações interativas (acervo) 
e com o próprio museu. Seu status no 
museu está associado a um avatar que 
poderá, como em um jogo de papéis 
(RPG) evoluir em função do avanço do 
visitante no museu. O visitante, voltando 
ao museu, será identificado e poderá 
retomar atividades que deixou pendentes, 
melhorar scores, enfim, reeditar sua 
participação no museu, seu percurso será 
diferente, lhe serão propostas percepções 
e tarefas em ordem diferente de visita das 
instalações. O acesso a determinadas 
instalações interativas só será permitido 
se o desempenho em outras for acima 
de certo limiar, padrão típico dos games, 
que desafia e instiga jogadores a 
buscar melhores performances em suas 
atividades. 
Outros princípios curatoriais importantes 
é de que o museu não pode se restringir 
aos seus muros e nem a seu acervo. Isto 
quer dizer que, primeiramente, não deve 
haver uma ruptura da experiência de 
visitação quando o visitante sai do museu. 
Logo, além do ambiente físico do museu, 
será mantido um portal interativo web que 
permite a participação/visitação remota 
no museu. Os internautas poderão tanto 
ver e ouvir o que está acontecendo no 
museu como participar de algumas de 
suas atividades. Este portal segue uma 
lógica de rede social como nos portais 
de jogos massivos multijogadores online 
(MMORPG), que exibem rankings, brindes 
virtuais, discussões, etc., promovendo 
uma integração maior entre os usuários e 
o museu. Em segundo lugar, os visitantes, 
seguindo a filosofia colaborativa e 2.0 
da Web, devem poder contribuir criando 
conteúdos que serão exibidos no museu 
ou no seu portal Web. Isto não só aumenta 
o engajamento do visitante, especialmente 
o jovem, mas também ajuda no problema 
da renovação do acervo, já que criação de 
novos conteúdo poderá ser perene e de 
baixo custo.
¬ 59 
Um terceiro princípio importante é o de 
que o MUFI não deve ser uma instituição 
isolada mas plenamente integrada no 
cluster e integrada com as outras âncoras. 
Neste sentido, o MUFI deve servir como um 
show room sofisticado, uma grande vitrine 
do que é produzido pelas empresas e 
pelos artistas do cluster. O MUFI se insere, 
portanto, na cadeia produtiva do cluster 
ajudando na distribuição e divulgação, 
estimulando as experiências realizadas 
na oficinas do Tacaruna ou Porto Midia, 
e atraindo artistas-residentes que além 
de expor seus trabalhos participarão das 
atividades de formação do cluster, em 
particular as do Tacaruna. 
Enfim, o MUFI deve buscar sua 
sustentabilidade econômica. De onde 
vem táticas como: incorporar certos 
equipamentos (robôs, telefones celulares, 
monitores multi-toque) de forma a ter 
seus fabricantes como patrocinadores 
permanentes de alguns espaços do museu; 
manter um espaço gastronômico temático 
com aplicações voltadas, sobretudo, aos 
pais; vender produtos gerados pelos 
próprios visitantes em forma de souvenirs 
(camisas, canecas, etc.), além da alta 
atratividade de visitantes dada o grau 
de novidade do MUFI, alinhada com a 
estratégica “oceano azul”. 
3. Inovação e visibilidade 
Do que foi descrito, percebe-se que o 
MUFI é um museu sem equivalente no 
mundo, e não por seu conteúdo mas 
pelo seu modelo. De fato, nos museus 
convencionais o acervo é temático 
predominantemente físico e não-interativo. 
Quanto ao MUFI, 
1. Há um foco na retenção (volta) do 
visitante 
2. O própria experiência de visita é 
tratada como um game 
3. Há foco em autosustentação por 
meio de parcerias e rotatividade do 
acervo 
4. Não há muros: participação mesmo 
estando fora do museu 
5. Há participação ativa do visitante na 
criação de seu conteúdo 
6. O acervo é 100% interativo 
7. O acervo não tem temática não fixa 
8. Há integração com o cluster, 
servindo de show-room 
Estas características inovadoras aliadas 
com sua localização privilegiada, no 
local de maior visitação turística do 
estado, e com um projeto arrojado de 
arquitetura (ver mais adiante), dará ao 
MUFI visibilidade internacional atraindo 
visitantes e negócios.
¬ 60 
8.3.4.3. Museu Luiz Gonzaga 
Isa Grinspum Ferraz: Projeto Curatorial e 
Direção de Criação do Cais do Sertão Luiz 
Gonzaga 
Um novo museu está nascendo no 
Recife Antigo. É o Cais do Sertão Luiz 
Gonzaga, grande espaço já em obras 
à beira mar, bem próximo ao Marco 
Zero. Na forma de um grande prédio de 
arquitetura surpreendente e generosa, 
vazado por recortes e vãos que brincam 
com as luzes e sombras do dia e da 
noite, ele desponta na paisagem física 
e cultural da cidade como um farol 
a iluminar alguns dos temas mais 
queridos aos pernambucanos e a todos 
os brasileiros: o sertão nordestino e seu 
maior intérprete, o Rei do Baião Luiz 
Gonzaga. 
Luiz Gonzaga é um inventor genial 
e múltiplo. Nada escapa a sua 
sensibilidade aguda e a sua inteligência 
livre. A ecologia do sertão e suas 
sonoridades, a terra e a gente do lugar, 
o trabalho e a casa, o nascimento e a 
morte, o amor e a festa, a seca e a fome, 
a língua e a religiosidade, a doçura e a 
malícia: tudo é cantado com engenho e 
arte em seu repertório vasto e sempre 
moderno. 
Ao lado de seus vários parceiros, com 
roupas e adereços que ninguém nunca 
tinha visto, um baião diferente e um 
jogo de cena muito próprio, Gonzaga 
reinventou-se inúmeras vezes e, com 
ousadia e liberdade, mostrou aos 
brasileiros um outro Brasil. Em um tempo 
em que só o litoral tinha vez e voz, as 
canções de Gonzaga uniram o sertão 
nordestino à imensidão amazônica, à 
metrópole carioca, a São Paulo e ao Sul.
Cluster metropolitano de economia criativa
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Cluster metropolitano de economia criativa

  • 1.
  • 2. CLUSTER METROPOLITANO DE NEGÓCIOS CRIATIVOS
  • 3. ¬ 3 O Planejamento Estratégico para a implantação de um CLUSTER METROPOLITANO DE NEGÓCIOS CRIATIVOS no território compreendido ao longo da borda dágua entre a zona portuária de Recife e a colina histórica de Olinda é apresentado pela Secretaria de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco como resultado de uma reflexão profunda sobre o potencial da Economia Criativa para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento econômico da região Metropolitana do Recife. Esta reflexão foi realizada por um grupo interdisciplinar composto por urbanistas, cientistas, economistas, artistas e empresários do segmento criativo durante o ano de 2013, As recomendações contidas neste documento, incluindo os objetivos estratégicos e a estrutura de governança, está sujeita a novas consultas e/ ou mudanças que forem necessárias visando a otimização dos resultados para sociedade. O processo de planejamento estratégico seguiu uma metodologia adotada para StartUPs, visando construir um modelo de negócios baseados em valores e talentos potenciais e existentes. Discussões com jovens criativos e empresários estabelescidos a longo tempo no setor aconteceram neste período e contribuiram para a formulação de estratégias e recomendação de ações em sintonia com desejos e aspirações do segmento. Em paralelo, ocorreu um amplo trabalho de pesquisa e avaliação situacional sobre Clusters Criativos e sua inserção no contexto global e local. O resultado desse produto permitiu a identificação dos principais gargalos e potencialidades para a implementação de experiência similar em nosso estado. Secretaria de Desenvolvimento Econômico • Secretário: Márcio Stefanni Monteiro • Secretário Executivo de Políticas de Desenvolvimento: Felipe Chaves • Gerente Geral de Economia Criativa Verônica Ribeiro
  • 4. ¬ 4 A Fundação Gilberto Freyre foi convidada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco para analisar estratégias capazes de fomentar ações para um Cluster de Negócios Criativos entre o Bairro do Recife e o Sítio Histórico de Olinda. O trabalho consiste em identificar, reunir e avaliar planos, propostas e estudos desenvolvidos para o micro-território, identificando os agentes produtivos sob o enfoque de Negócios Criativos que estão ou podem ser atraídos para àquela área, elaborando-se um masterplan físico-territorial. O primeiro aspecto observado no trabalho foi um sugestivo número de estudos e projetos elaborados para a área, com maior concentração na parcela de território pertencente ao Município de Recife. Estudos que contemplam desde vasta extensão da borda dágua como o projeto Recife-Olinda até projetos específicos como oestudo da Arena da Copa em peixinhos. Olinda, apesar de sua condição de Patrimônio Cultural da Humanidade e de contar com um rico mosaico de agentes criativos em muitas das áreas enquadráveis no conceito de Economia Criativa, não apresenta condições de infraestrutura urbana e de governança que possa alavancar sua economia com base nesse vetor. Por outro lado, percebemos indícios de que este território metropolitano APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO
  • 5. ¬ 5 possa sofrer um esvaziamento de sua importância pelo crescimento acelerado de outras regiões, liderado, na última década, pelo crescimento exponencial do Complexo Industrial de Suape. Um segundo polo industrial está em acelerada formação ao norte, no entorno do Município de Goiana. Iniciado com o desenvolvimento do segmento Fármaco-Químico ganhou escala com a implantação da planta industrial da FIAT e dezenas de empresas sistemistas. Mais recentemente, criou-se novo complexo, este dedicado à fabricação e processamento de Vidros Planos, formando um cinturão de indústrias e empresas de serviços, destacando o fornecimento para a indústria automotiva. Na região oeste, através de Parceria Público-Privada, o Estado está implementando a “Cidade da Copa” onde se verifica um forte indução ao crescimento da RMR. O Projeto incrementa atividades de Turismo, lazer e entretenimento, comercial, residencial, empresarial com a implantação de Centros Empresariais e Complexo de Convenções e de desenvolvimento tecnológico com a implantação do Campus da UPE. o Projeto do Arco Viário da RMR, com ligação rodoviária qualificada conectando Suape, Goiana e a Cidade da Copa incrementa velozmente o desenvolvimento das três regiões econômicas mais relevantes do Estado, passando ao largo da região central do Recife. Parece inevitável a analogia entre o resultado desses movimentos econômicos com o ciclo de esvaziamento e decadência que passou a marcar o centro do Recife no final dos anos setenta com o crescimento do Bairro de Boa Viagem, notadamente, com a operação do Shopping Center Recife e a rede de varejo e de serviços que ali se formou com parte migrada da região central da capital. O desafio imposto é criar as condições para organizar a infraestrutura pública, captar investimentos públicos e privados capazes de qualificar um território impregnado de história e identidade cultural.
  • 6. ¬ 6 1. Comentário afoito do coordenador. 2. Se isso não for economia criativa, eu não sei o que é... ou: Por que um cluster metropolitano de negócios criativos? 3. De Franz Post a Joinha Records: contextualizando uma tradição de criatividade e inovação. 4. Empreendedorismo de paletó e gravata, talvez não faça muito a cabeça: talentos e valores em um segmento criativo. 5. Aí eu penso sobre os encontros, os gatherings : talentos, concentração, encontro, fricção, comunicação, colaboração e compartilhamento. 6. Territórios criativos, Redes Criativas e Turismo Inovador. 7. Criativos desenrolados: formação empreendedora criativa. 8. Estratégias de Implementação do Cluster 9. Apêndix A: Masterplan Estratégico. 10. Apêndix B:Projeto Básico Museu do Futuro Imaginário. SumárioSUMÁRIO
  • 7.
  • 8. ¬ 8 Quando os holandeses resolveram se bandear para os lados das terras pernambucanas, lá pelos anos 1600 da Era de Cristo, não o fizeram sem antes tomar o cuidado de planejar anos a fio o desembarque. Criaram com este fim um dos mais inovadores engenhos de negócios daquele tempo, a Companhia da Índias Ocidentais (assim nos chamaram, os “índios ocidentais”). A sigla que denominava a companhia era WIC (West-Indische Compagnie, no idioma holandês) e correu mundo, ocupando fachadas de prédios pelos lugares em que se estabeleceram os seus negócios. Aqui em Pernambuco, foi ainda mais ousada a epopeia neerlandesa. Estabeleceu-se uma corte, a corte de Nassau, com tudo o que tinha direito, de artistas e cientistas às festas e fofocas cortesãs. O Recife era uma vila de pescadores na cabeça sul do istmo que a ligava a Olinda, a cidade da elite do açúcar, mercadoria-desejo da saga comercial/ militar holandesa. Sobre um território exíguo, iniciou-se uma experiência que ressignificou este lugar para a história. A criação de valor na economia dos intangíveis em que naturalmente se transformam as experiências de economia criativa por todo o mundo é, quase sempre, uma operação de ressignificação de lugares. Sem a pretensão de equivalentes históricos mas com a ousadia necessária (sempre) para empreender, este estudo propõe uma nova significação para este mesmo território metropolitano do Recife/Olinda, das colinas históricas da cidade-patrimônio ao centro urbano colonial (Bairro do Recife) e modernista (Santo Amaro/Santo Antônio) do Recife. Para os fins de desenvolvimento de uma macroestratégia do Governo do Estado objetivando apoiar a economia criativa no Recife/Olinda, propomos que se veja este trecho do território recife/olindense como um Cluster Metropolitano de Negócios Criativos. Cluster no sentido clássico que se firmou na literatura de estratégia de desenvolvimento regional – um aglomerado orgânico (com governança) de empresas e instituições que se posiciona de forma competitiva no “mercado” de regiões em cadeias globais de criação de valor. Negócios criativos no sentido que também vem se tornando clássico de indústria de intangíveis, fruto do engenho e criatividade humanas (música, design, moda, vídeo, cinema, software e afins). CAPÍTULO I: Comentário afoito do coordenador
  • 9. ¬ 9 Fizemos o lógico: não procuramos reinventar a roda. Essa região tem um vasto arsenal de narrativas que povoam o imaginário e que se transformaram, muitas delas, em intervenções marcantes sobre a paisagem urbana deste pequeno trecho do território. Compilamos as mais importantes para os fins do estudo. Aproveitamos algumas delas como âncoras da estratégia formulada, criando outros à sua imagem e semelhança. Usamos esse marcos existentes ou propostos para definir uma démarche estratégica de implementação do cluster, atribuindo a eles um papel de hubs da economia criativa metropolitana, conectando-se entre sim e com outros lugares (espaços com significado para a economia criativa) regionais e internacionais de criaçao de valor. Numa linguagem metafórica, usamos a imagem dos naufrágios provocados para criar ecossistemas submarinos: esses equipamentos/lugares deveriam ser capazes de provocar o desenvolvimento de microclusters (ecossistemas de empresas e instituições) inovadores, atraindo produtores e compradores de produtos e serviços digitais. Por outro lado, resolvemos dar um corte transversal nas categorias em que outros estudos e iniciativas classificaram os negócios criativos, propondo que sejam priorizados, para efeito desta estratégia, os negócios criativos transmídia. Isto é, aqueles empreendimentos que, na partida, já se localizam na interface de segmentos distintos da economia criativa. O pressuposto, que se verifica na literatura e nos exemplos de intervenções de política pública similares a esta, é que a inovação (e, portanto, a competitividade) dos produtos desse negócios criativos será tanto maior quanto mais difersificada e complementar for a participação desses segmentos. Em resumo: a estratégia de ressignificação do território Recife/ Olinda pelos negócios criativos se apoia na ênfase em negócios transmídia e na articulação sinérgica (via modelo de governança claramente definido nos moldes das loose organizations, isto é, modelo não-diretivo, mais articulador que mandatório) de 5 hubs em implantação ou a serem implantados/adaptados: No PortoMídia, laboratório e meeting point do Porto Digital recentemente inaugurado e voltado para a pós-produção dos negócios criativos de vídeo, cinema, animação e games; No Marco da Moda, incubadora da indústria da moda em implantação
  • 10. ¬ 10 na rua da Moeda, lugar simbólico do movimento mangue de Pernambuco; No Museu Luiz Gonzaga, equipamento em implantação de alto valor simbólico para esta iniciativa de ressignificação do território central do Recife, por conectar o cais ao sertão através da figura de Luiz Gonzaga no que ele teve de mais empreendedor – a sua capacidade de induzir a criação de valor transmídia (música + poesia + gastronomia + ...); Na Fábrica da Tacaruna, que passa por definição, pelo Governo do Estado, como museu da velha indústria pernambucana (já foi fábrica têxtil e usina da açucar) e como equipamento de apoio às iniciativas da “nova indústrial cultural” do jovens produtores da economia criativa; e, finalmente, no Museu do Futuro Imaginário, projeto ousado de um equipamento no Alto da Sé/Horto Florestal de Olinda, lugar de encontro e espaço de fruição intensivo em tecnologias interativas. Estratégia é síntese. Esta é a nossa estratégia.
  • 11.
  • 12. ¬ 12 Muitas cidades ao redor do mundo têm reconhecido os benefícios econômicos e sociais que decorrem da economia criativa, e estão implementando políticas agressivas para estimular e promover a atividade criativa e cultural. Em metrópoles globais como Londres, Nova York e Berlim, e em centros menores, como Austin, Texas e Newcastle / Gateshead, o desenvolvimento da economia criativa tornou-se uma prioridade estratégica, e não apenas para a geração de riqueza e oportunidades de emprego. A atividade criativa e cultural melhora os níveis de qualidade de vida de uma cidade ou lugar, ajuda a recuperar e revitalizar os bairros, estimula o pensamento inovador e reforça a identidade de uma cidade, em face da crescente competição por talentos, investimento e reconhecimento. A atividade criativa e cultural é também um poderoso veículo para o desenvolvimento e engajamento de comunidades, oferecendo oportunidades para grupos sociais e bairros economicamente desfavorecidos. A estrutura das indústrias criativas é marcada pelo fornecimento de conteúdos criativos e inovadores produzidos por milhares de micro e pequenas empresas de todos os lugares do mundo. Essas empresas ou atores culturais são muitas vezes negócios de nicho altamente especializados que criam valor pela união de inovação, tecnologia e criatividade no desenho de novos produtos culturais. Os seus ativos são invisíveis e voláteis: talento, reputação e marca e grande parte da infraestrutura necessária a estes tipos de negócios é exterior as empresas. Assim, uma ecologia criativa reconhece que o conceito de industrias criativas é mais amplo e complexo que a abordagem empresarial tradicional. Compreender este sistema é vital para desenvolver a economia criativa, pois fornece ideias e oportunidades na busca do sucesso.1 Na cidade criativa, não são só os artistas e os indivíduos que estão envolvidos na economia criativa que são criativos. A criatividade pode vir de qualquer fonte, abrangendo todos aqueles que respondem a um problema de uma forma inventiva, seja um medico, um empresário, um cientista ou um funcionário publico. As cidades criativas de escala mundial são frequentemente construídas na sua essência em pilares do talento criativo, da diversidade cultural, de uma forte identidade local, da presença de espaços urbanos vivos e de uma rica rede social. 1 Plano Estratégico da Economia Criativa 2012-2015, Prima Consultoria, Secretaria de Desenvolvimento econômico, Governo do Estado de Pernambuco, 2012. CAPÍTULO II: Se isso não for economia criativa, eu não sei o que é...ou Por que um Cluster Metropolitano de Negócios Criativos?
  • 13. ¬ 13 2.1. A cadeia produtiva da indústria criativa O município do Recife tem grandes vantagens competitivas para o desenvolvimento da cadeia produtiva da indústria criativa pela combinação de uma cultura densa que combina ciência arte e inovação, rica e diversificada – que se expressa em múltiplas manifestações – e de um qualificado polo de tecnologia da informação. Esta sinergia já tem gerado uma ampla e diferenciada produção de conteúdos culturais, cinema e vídeo, TV e jogos, reconhecido nacionalmente (proximidade do suporte tecnológico da Universidade e do Porto Digital). Além disso, o território que se localiza entre o bairro do Recife e a colina histórica de Olinda conta com um ambiente urbano agradável e estimulante, e com pessoas qualificadas nas universidades e no próprio mercado, com base intelectual e/ou talento especial para fazer coisas diferenciadas, fator fundamental para a indústria criativa. 2.2. Por que um cluster de negócios criativos? Um cluster, no mundo da indústria, é uma concentração de empresas que se comunicam por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local. Elas colaboram entre si e, assim, se tornam mais eficientes. Podemos agrupar as razões e motivações principais para a cooperação entre empresas em dois grandes grupos: a necessidade de conseguir maior flexibilidade e por outro lado a procura de maior eficiência na satisfação de uma oportunidade temporária. Este fenômeno tem tido uma maior evolução nas pequenas e médias empresas com limitada disponibilidade de recursos (financeiros, tecnológicos, produtivos, humanos) e com atividades complementares. Sabemos, pelo exemplo das economias realmente avançadas, que os clusters são o ponto de onde veem a inovação e os rápidos níveis de aumento da produtividade. Os clusters são críticos para o desenvolvimento da competitividade, pois, a produtividade passa a ser objetivo do setor organizado, gerando assim economia de escala e incrementando os índices de produtividade de todas
  • 14. ¬ 14 as empresas inseridas no cluster. Os clusters promovem a competitividade das empresas locais, por meio da cooperação para o desenvolvimento e do compartilhamento de inovações nas tecnologias de produção, dos ganhos de produtividade, bem como, no compartilhamento da infraestrutura comum, na capacitação da forca de trabalho local e na promoção comercial. Clusters conferem vantagens competitivas as empresas e às regiões que os integram, capacitando-as a atuar e competir globalmente e a cooperação entre as empresas de porte médio e pequeno. O que pode ser uma saída estratégica para que essas possam acessar mercados globais, sem perderem a sua independência econômica individual. Os clusters se referem a uma concepção de desenvolvimento local e regional. São caracterizados pelo grande potencial de geração de vantagens competitivas, mesmo sem a intervenção do governo ou de outras entidades de apoio. Nos clusters podem ser encontradas ações cooperativas entre empresas com o objetivo de criação de valor, sendo assim capazes de aumentar a competitividade local por meio da ação coletiva com diversos atores locais, atraindo escolas, laboratórios de certificação, agencias de comercio exterior e outros mais. São características comuns para os clusters: • Proximidade geográfica; • Especialização setorial; • Predominância de pequenas e medias empresas; • Estreita colaboração entre as empresas; • Competição entre as empresas baseadas na inovação; • Identidade sociocultural com confiança; • Organizações de apoio efetivamente ativas; • Promoção pelos governos regionais e municipais. Neste contexto, um cluster de negócios criativos assume uma forte orientação para os mercados, mas a melhoria da competitividade resulta de forma mais específica na partilha de ativos comuns e na criação de massa crítica que permita o desenvolvimento de projetos inovadores e a indução da orientação das empresas para os mercados regionais, nacionais e internacionais.
  • 15.
  • 16. ¬ 16 objetivo deste capítulo é contextualizar uma tradição de criatividade e inovação que se estabeleceu na região peninsular que se estende do porto a colina histórica de Olinda e se desenvolveu, desde seus primeiros tempos dentro de uma perspectiva de ciência, tecnologia e arte estando bem caracterizados três períodos distintos: o período holandês e a retomada portuguesa de 1630 até 1750, a segunda metade do século XIX até os anos 1960 e a retomada cultural e tecnológica a partir dos anos 1990 com o movimento manguebeat e a constituição do polo de tecnologia da informação no Bairro do Recife. 3.1. Recife do humanismo e do barroco: construindo as ponte entre o rural e o urbano. No primeiro período destaca-se a indústria da cana de açúcar que na virada do século XVII possuía um total de 256 engenhos. A partir de 1630, a indústria do açúcar sofreu um grande desenvolvimento. Os holandeses, portadores de tecnologia de ponta, e canais de informação deram um grande impulso à fabricação do açúcar. As melhores condições de clima e solo do nordeste brasileiro e o posicionamento do porto dentro da rede logística do mercantilismo favoreceram o florescimento da cidade nos CAPÍTULO III: De Franz Post a Joinha Records: contextualizando uma tradição de criatividade e Inovação.
  • 17. ¬ 17 moldes do humanismo renascentista e a atração de cientistas técnicos e artistas de alta qualidade. No primeiro período da conquista, os holandeses consolidaram e expandiram o núcleo original do Recife e a ilha de Antônio Vaz, no período de Nassau, foi objeto de um sofisticado plano urbanístico. O ciclo da cana-de-açúcar representou um dos momentos de maior desenvolvimento econômico do Brasil Colônia. Foi, durante muito tempo, a base da economia colonial e, mesmo durante o pico das extração de ouro, o total de exportações de açúcar ainda representava 60% do total do século XVIII2. Esta vasta riqueza financiou a produção de uma cidade barroca constituida por 42 igrejas ricamente ornamentadas de altares dourados e entalhados, abrigando e atraindo o que havia de melhor em mestres 2 Simonsen, Roberto C.História Econômica do Brasil (1500/1820) , São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977 artífices de carpintaria e cantelaria.3 O Recife, como cidade criativa do comércio, das ciências e das artes do século XVIII, reflete a nova mentalidade desse grupo que é responsável por construir as pontes entre o urbano e o rural, a sua visão e sua forma de construir o mundo construindo conexões entre a colônia e o império português e ao mesmo tempo entre o material e o espiritual, entre o sagrado e o profano em uma atitude barroca plena. Neste período a perspectiva urbana, que valoriza a paisagem natural e a da própria cidade, tornou-se importante como principio de organização do espaço. 3 Zancheti, Sílvio Mendes (2000) O RECIFE DO SÉCULO XVIII COMO CIDADE BARROCA, Anais: Seminário de História da Cidade e do Urbanismo: Cinco Séculos de Cidade no Brasil v. 6, n. 3.
  • 18. ¬ 18 3.2. Recife Porto: conexão com a cultura global. Com a abertura dos portos em 1808 até os anos 1960, diversas culturas externas foram adicionadas à cultura local, ano após ano, através dos séculos, oriundas de países e constituições sociopolíticas distintas. Tal fenômeno acarretou em uma miscigenação cultural que faz da cidade rica e plural que temos hoje. Os ingleses e franceses influenciaram primeiramente, nas artes pictóricas, escultóricas, literárias e musicais. Contudo, paulatina e progressivamente, o habito social dessas duas culturas se miscigenou ao do loca e acabou fazendo-se patrimônio cultural imaterial do Recife. Foram incorporados traços dessas culturas ao modus vivendis dos recifenses e a face da cidade acabou por refletir isso quando do caminhar do seu desenvolvimento urbanístico. Foi através das artes e da moda que Francisco do Rego Barros iniciou no Recife uma transformação estilística que gerou uma mudança social na cidade a partir da renovação cultural por meio do habito social. Tudo isso baseado nas inferências já deixadas pelas culturas que miscigenaram o Recife e lapidado pela renovação de ideias trazida da Franca no período de seus estudos. Pode-se dizer, por exemplo, que estas ideias criativas, promoveram uma alteração profunda, uma renovação na face da cidade, em seu plano arquitetônico e urbanístico, bem como no seu habito social, e geraram uma alteração na identidade coletiva do Recife. Vários estudos do programa de pós-graduação em desenvolvimento urbano da universidade federal de Pernambuco demonstram como Recife continuou sendo o berço de ideias inovadoras por todo o século XX4. 4 Pontual, virginia (1999) O URBANISMO NO RECIFE: ENTRE IDÉIAS E REPRESENTAÇÕES- R. B. ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS No 2 / NOVEMBRO 1999 p.101
  • 19. ¬ 19 3.3. Recife falando para o mundo. O período que se segue à queda do Estado Novo e se prolonga pela década de 50 foi de grande efervescência politico - cultural no Recife. As contribuições multiplicaram-se, e a principal inovação ficou marcada pelo resgate da cultura popular, ao lado da permanência do regionalismo freyriano, que, junto com escritores, pintores, gravuristas e fotógrafos do fim do século XIX, forjaram definitivamente a riqueza cultural recifense. Concomitantemente às novas expressões culturais, o cenário politico dos anos 50 foi marcado por debates centrados nas questões das disparidades regionais, do subdesenvolvimento da região Nordeste e das reformas sociais, ou seja, buscavam os intelectuais propagar e difundir ideias cujo efeito fosse a reversão dos enunciados de miséria e de atraso regional. Em 1954, o Recife era a cidade industrial e portuária, em que as indústrias e o porto dominavam a paisagem citadina, determinavam a sua vitalidade. Foi neste cenário que Antônio Baltar construiu a concepção de região metropolitana, atingindo a totalidade dos problemas, em vez de focalizar, apenas, aqueles mais restritamente urbanísticos. Nesta perspectiva o Recife passou a ser imaginado como o centro de uma região que era muito maior em extensão territorial, mas dominada pela cidade-centro. A atualização do sentido de cidade passou a ser o de metrópole regional — industrializada, equilibrada e integrada. Bem comum, harmonia, integração, equilíbrio, desenvolvimento, condições de vida humana passaram a marcar a representação de cidade no campo do planejamento. O planejamento humanista nos anos 50 foi, inquestionavelmente, uma das inovações mais importantes no campo das ideias que foi transposto para o Brasil, e Baltar foi, na cidade do Recife, quem melhor difundiu esse saber. A cidade do Recife dos anos 50 comportou a utilização de todas essas teorias, embora as propostas de organização espacial dos homens tivessem passado a apresentar elevado nível de abstração e generalização, formuladas como diretrizes. Por outro lado, na contemporaneidade, os fenômenos presentes na cidade sinalizam uma perda de foco sobre questões urbanas. Nota-se uma aparente fragilização disciplinar. Esse fato tem provocado perplexidade nos urbanistas e governantes, apenas o saber científico tem-se mostrado limitado e
  • 20. ¬ 20 ineficiente para entender os problemas da região metropolitana isto é, existe o paradoxo entre continuar afirmando o saber científico fundado nas teorias da modernidade e prescindir desse saber, dada a inexistência de um outro modo de promover o desenvolvimento sustentável da região. Respondendo a estas questões centrais a tradição de inovação e criatividade tem ressurgido através de um movimento que reforça agora valores como colaboração com competição (coopetição) e compartilhamento. Por volta dos anos 90 temos o movimento manguebeat como marco referencial da cultura e das artes e a Implantação de um polo de tecnologia e inovação no Bairro do Recife como marco tecnológico. O Movimento Mangue articulou as manifestações culturais da periferia de Recife conectando-a com expressões globais começou com um grupo de jovens, influenciados pela efervescência do fim da ditadura e em contato com influências musicais, produziu um programa na Rádio Universitária. A iniciativa mostrou que havia espaço para criar e divulgar música fora dos parâmetros estabelecidos pelas multinacionais da indústria fonográfica. Neste caldeirão cultural, nesta irreverência criativa que mistura nomes como Gaspar Barleus, Frans Post, R. Schmidt, Emílio Bauch, João Ferreira Vilela, Alfredo Ducasble, Telles Jr., Cícero Dias, Mário Nunes, Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rêgo Monteiro, Augusto Rodrigues (falecidos), Mirella Andreotti, Marianne Peretti, Reynaldo Fonseca, Maria Carmem, João Câmara, Roberto Lúcio, Abelardo da Hora, Gil Vicente, Eudes Mota, Tunga, Guita Charifker, Samico, Tereza Costa Rêgo, José Cláudio, Luciano Pinheiro, Ismael Caldas, Marcelo Silveira, José Patrício, Joelson, Cristina Machado, Derlon e Badida aparece a nova geração de Jovens artistas e designers: Calma Monga, Jonathas Andrade, Cristiano Lenhardt, Paulo Meira, O Das Caverna Estúdio, Joinha Records, Candeeiro Records e muitos outros que precisam de uma plataforma tecnológica que, de possa de forma precisa, possa metrificar e especializar sua atuação. Trocando em miúdos, como bem salientou a produtora Melina Hickson em uma das seções com empreendedores criativos realizadas nesta pesquisa: “Novíssima cena estranha - meio “riponga”, com referências visíveis de tropicalismo, vanguarda paulistana, mas não menos espontânea. Muito nova, bem verde ainda, mas em alguma coisa vai dar com certeza”. Melina Hickson
  • 21.
  • 22. ¬ 22 4.1. Geração Criativa O fenômeno da democratização do acesso à educação principalmente à de nível superior e à cultura, que se verificou na maior parte dos países ocidentais a partir do pós-guerra, contribuiu para o surgimento de grupos e extratos sociais que desempenham atividades muito diversificadas, mas essenciais no mundo atual. Eles reúnem informação, conhecimento e fazem seu processamento e distribuição. Têm em comum o fato de ser este conhecimento que lhes dá poder, rendimento e estilo de vida. Em 2004, Richard Florida e Irene Tinagli5 debruçaram-se sobre este 5 The Rise of the Creative Class: And How It’s Transforming Work, Leisure, Community and tema e desenvolveram o modelo dos 3 Ts onde defendem que a competitividade se desenvolve com base na Tecnologia, Talento e Tolerância e que só com estes três fatores é que existe capacidade das nações em atrair, reter e desenvolver pessoas criativas. A contribuição para o crescimento econômico por parte da classe criativa será tanto maior quanto maior for o talento e tolerância que a caracteriza e maior a capacidade de potencializar a inovação e aposta na tecnologia. O maior ou menor sucesso das cidades dependerá, assim, da maior ou menor capacidade em atrair a nova classe criativa. Para os criativos transmidia, são cidades apelativas as que apresentam diversidade cultural, que são acolhedoras e tolerantes para com a diferença. Os empreendedores criativos transmídia têm particularidades que os distinguem. Os seminários realizados com grupos locais, identificou características específicas dos negócios iniciados por empreendedores criativos6: Os negócios criativos são, predominantemente, pequenos negócios com uma elevada percentagem Everyday Life. 6 Estas características similares foram encontradas pela pesquisa realizada pelo NESTA (the National Endowment for Science, Technology and the Arts), Report on Creative Industries, 2003. CAPÍTULO IV: Empreendedorismo de paletó e gravata, talvez não faça muito a cabeça - visão, missão e valores transmídia.
  • 23. ¬ 23 de empresários em nome individual. Pode ainda ser considerado que os negócios criativos ganham dimensão através da colaboração com outros negócios criativos formando uma cadeia de fornecimento semelhante às das grandes empresas. Assim, a dimensão pode não ser limitadora se estabelecerem mecanismos dinâmicos de colaboração numa base mais ou menos prolongada. Os negócios criativos são, do ponto de vista comercial e do ponto de vista criativo, muito baseadas nas relações em rede. As redes possibilitam um meio de expressão, exploração e tradução das ideias em realidades económicas. As redes têm ainda uma força suplementar na força e na imagem que os projetos podem ter no mercado e na captação de investidores. Os negócios criativos são relativamente jovens e os seus empresários são também jovens, normalmente recém-licenciados com reduzidas competências de gestão e com dificuldade em transformar as suas ideias em produtos comercializáveis. Nesse sentido, é aconselhável a existência de intermediários e apoio especializado a diversos níveis. Contudo, nem sempre essas entidades estão presentes ou atuantes. A dispersão dos intervenientes do mercado origina também uma falta de liderança e protagonismo que limita a visibilidade e o acesso ao mercado, a investidores e a interlocução política. Os negócios criativos são produtores de conhecimento, com influência nos padrões econômicos de produção e consumo. Representam também um papel na identidade do território. Mas, frequentemente criativos de excelência, não conseguem chegar ao mercado devido à ausência de dinâmica, incluindo das próprias redes existentes. A natureza isolada dos negócios, designadamente dos muitos projetos individuais impede uma visão alargada das empresas e dos seus objetivos nos mercados. Uma vez mais a colaboração e os apoios especializados são essenciais. Num setor como este, em que a experimentação, a inovação, a intuição e, até, uma dose de sorte são uma constante, é difícil pensar em critérios e fatores de sustentabilidade como em outros setores. No entanto, há que adotar rapidamente e desenvolver competências comerciais, com criteriosa análise de mercado, foco intenso nas vendas, pesquisa ativa de informação e apoio que possibilitem o crescimento real e consolidado.
  • 24. ¬ 24 4.2. Narrativas e oportunidades transmídia O conceito storytelling transmídia se tornou uma necessidade concreta do mercado de produção de conteúdo e entretenimento. Discussões sobre o tema estão invadindo livros, palestras, hashtags, artigos, timelines, blogs e veículos especializados. Não podemos mais considerar a produção de conteúdo audiovisual sem considerar a perspectiva de desenvolvimento transmídia desse conteúdo. Cases recentes como a franquia “Jogos Vorazes” e a campanha da Nike “My Time is Now” encantam anunciantes e consumidores. Henry Jenkins (professor da University of Southern California – USC) define narrativa transmídia como “histórias que se desenrolam em múltiplas plataformas de mídia, cada uma delas contribuindo de forma distinta para nossa compreensão do universo.” 4.3. Oportunidades: o mercado transmídia O mercado de produção transmídia tem o desafio de aliar o talento artístico ao conhecimento técnico na produção do conteúdo transmídia. No momento em que a lei 12.485 entrar em vigor cobrando produção local independente não estaremos preparados para absorver os recursos disponíveis = 200 milhões em junho de 2013 onde 30% desse valor terá que ser obrigatoriamente direcionado para o norte, nordeste e centro oeste. Sem criadores, diretores e homens de negócios capacitados para a produção de conteúdo com narrativa transmídia perderemos anualmente cerca de 60 milhões de reais diretamente no setor cinematográfico e pelo menos três vezes isso no setor complementar de games e merchandising. Vale salientar ainda que o mercado de hardware apresenta como perspectiva de futuro os aplicativos interativos que reforçam a integração do high tech com o high touch, em variados modelos de monitores e painéis de LED, projetores e equipamentos de video wall das principais marcas do mercado de tecnologia. Essa ênfase é colocada na possibilidade touch screen nas projeções em diferentes superfícies, além dos equipamentos que oferecem
  • 25. ¬ 25 transmissão 3D e serão praticamente obrigatórios daqui para frente. 4.4. Grupos transmídia No território do Cluster Metropolitano de Negócios Criativos, embora faltem informações estatísticas detalhadas e rigorosas que demonstrem a sua verdadeira importância para a economia diversos grupos, ações coletivas e personas transmídia foram localizados, entre eles destacamos: Grupos & Personas • Pool de arte contemporânea: Jonathas Andrade, Cristiano Lenhardt, Paulo Meira, Oriana Duarte, Daniel Araujo, Galo de Souza, Derlon. • Casa do Cachorro Preto • A Firma design - design, fotografia, papelaria, arte urbana, grafismo, estamparia - ação itinerante: Desenhada / Papelombra - reúne artistas gráficos para produzir ao vivo e espalhar/expor. • Jovens designers: Calma Monga, Trocando em miúdos, Clara Moreira - urbanista, desenhista, responsável pelos cartazes lindos do cinema pernambucano. Música: • Das Caverna Estúdio/Joinha Records / Candeeiro Records / JuveNil Silva, Jean Nicholas, German Ra, D’Mingus e Matheus Mota, Catarina Dee Jaah, Felipe Machado, H.D.Mabuse. Cinema: • Marcelo Pedroso, Daniel Aragão, Marcelo Pedroso, Marcelo Lordelo, Kleber Mendonça. Piano Lab-webdesign Publicidade: • Urso Filmes/Plano B/Luni. Festivais: • Abril pro Rock, Rec Beat, Desbunde Elétrico, Festival de Arte Livre Pai da Mata, Janela do cinema, Festas: • La Tabaquera, Fogo na Shannah, Golarrolê, Sem Loção. Movimentos sociais: • #ocupeestelita #ocupeoutros
  • 26. ¬ 26 Toda essa inspiração que é a cidade está deixando não só os artistas, mas os cidadãos mais ricos culturalmente. A política civil por exemplo do movimento dos direitos urbanos está gerando muitos frutos de arte urbana gráfica para a cidade, stencil, grafite, a política está aparecendo mais na arte. Como disse a produtora Melina Hicson sobre esta geração transmidia: • Acho que é uma geração que está mudando o conceito de trabalho/emprego, que já atua na interdisciplinaridade, apesar de, ao mesmo tempo, se especializar. Profissionais criativos que circulam de grandes empresas a ateliês amadores com a mesma facilidade para desenvolver seus trabalhos e contribuir de diferentes formas, e se enchem de referências diversas em suas atuações. Então o conceito de empresa, empreendedorismo de paletó e gravata, talvez não faça muito a cabeça, os criativos trabalham em coletivos e individualmente, transitam nos territórios da cultura e da produção aliando tarefas e funções. Por exemplo, as companhias de teatro têm atrizes que são estudantes de artes cênicas, atrizes que trabalham com pesquisa, que também são cantoras das bandas que tocam no pai da mata, que também fazem circo e por aí vai. Muita gente trabalha em casa também, numa boa, grava no estúdio do amigo juntando o que tem em casa com boa qualidade, faz trilha pra um, desenho para o disco do outro, toca guitarra em outro, além da sua banda. Tudo isso conectado ao renascimento do cinema, aquele ali mesmo, a mítica: O CINEMA SAO LUIZ - o lugar... do encontro...para onde as produções convergem e consagram-se. Uma vez Identificada exploratoriamente por este estudo uma quantidade significativa de empresas grupos e indivíduos criativos é necessário que seja feito um ajuste fino nos instrumentos de políticas públicas para que se possa perceber geográfica e espacialmente estes grupos, e se possa desenvolver estratégias de apoio, incentivo e reforço que possam ser incluídas em mecanismos de desenvolvimento e geração de renda para dar sustentabilidade a esta importante cadeia produtiva.
  • 27.
  • 28. ¬ 28 5.1. Cluster Criativos, contextos e territórios como acontecem pelo mundo. A atração pelas cidades criativas, como realizado em cidades como Toronto, Sydney ou Londres, implica a existência de oferta cultural e de uma mentalidade que tenha a capacidade e as habilidades para produzir em quantidade, com qualidade, estabelecer e sustentar negócios, relações e comportamentos criativos. Assim, o cluster metropolitano de negócios criativos, com intervenção no território cercado pelo istmo que liga Recife a Olinda, trabalhará coletivamente para afirmação desta região como um lugar empreendedor, criativo e dinâmico. Reforçar essa mentalidade, apostar numa nova geração, na integração entre ações existentes e projetadas, no aumento da capacidade de empreendedorismo criativo, no crescimento dos negócios criativos, e na atratividade dos lugares criativos estão no centro da estratégia. Clusters são as ferramentas de políticas públicas mais utilizadas para o desenvolvimento de territórios criativos. Clusters são comumente utilizados em vários setores da economia como formas de acelerar o desenvolvimento e aumentar as oportunidades. Na indústria criativa os clusters são peças essenciais para o crescimento do setor, geralmente eles são adotados para fortalecer uma atividade que já é presente na região. Durante o desenvolvimento de um polo o governo tenta qualificar e especializar os agentes atuantes, além de buscar captar mais negócios e parceiros. São fornecidos insumos para profissionalizar as empresas e gerar negócios internacionais. Richard Florida7 enfatiza que em 40 megaregiões no mundo a criatividade é acelerada pela: • Altíssima velocidade das ideias • Altíssima densidade de pessoas criativas • Altíssima frequência do metabolismo urbano 7 Who’s Your City? How the Creative Economy Is Making Where to Live the Most Important Decision of Your Life CAPÍTULO V Aí eu penso sobre os encontros, os gatherings : Talentos, concentração, encontro, fricção, comunicação, colaboração e compartilhamento.
  • 29. ¬ 29 5.2. Cluster Criativos, contexto e território como acontece na região metropolitana do Recife. Apesar do elevado número de estruturas presentes na região metropolitana do Recife, são raros os espaços que podem assumir-se como espaços de encontro e convergência, ou seja, como espaços susceptíveis de construir relacionamentos e que possam contribuir para a criação e troca de ideias criativas. Na sua esmagadora maioria, são espaços mono-temáticos (teatros, galerias, auditórios, etc.) criados e desenvolvidos com um objetivo muito específico que não favorecem o encontro entre criativos de diferentes subsetores, inibindo por isso o potencial de geração de novas ideias criativas. O que resulta em uma necessidade ainda maior de estabelecer novas dinâmicas de cooperação e parceria para que, num sistema de rede, seja possível potencializar ao máximo a capacidade criativa existente e acomodar projetos futuros. O que importa construir é um sistema eficaz que estabeleça laços de cooperação e parceria e que estimule o desenvolvimento articulado de projetos que possam ganhar dimensão e tornar-se atrativos e rentáveis pelo menos em uma escala regional. Os meios urbanos são normalmente espaços onde se cruzam os fluxos de produtos culturais e criativos, a densidade urbana tornou-se uma condição importante para o sucesso da produção cultural e criativa. Isto significa que os territórios com maior densidade são também aqueles que reúnem mais criatividade e inovação, condições fundamentais ao desenvolvimento da economia criativa. Contemplar a realidade criativa de uma região na criação dos seus espaços (nas intervenções sobre o espaço público, no desenho urbano, na reabilitação urbana) numa ótica de planeamento contemporâneo pode definir as bases para a visão de um novo território – o “Território Criativo”. Uma aplicação concreta deste conjunto de opções acontece no conceito de Bairros Culturais. No seu desenvolvimento o que é inovador é o facto de terem sido escolhidos como instrumentos políticos de regeneração urbana. De fato, a criação de bairros culturais como politicas urbanas de regeneração focadas têm sido adotadas por muitas cidades dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Austrália e do Canadá.
  • 30. ¬ 30 Um bairro cultural deve preencher alguns dos seguintes requisitos como os que foram verificados em Temple Bar, em Dublin, na Irlanda: • A existência de um setor artístico tradicional forte, bem como indústrias culturais contemporâneas; • A expressão cultural e criativa deverá ser sustentada na aposta em novos produtos e criações dos jovens empreendedores; • As artes, o artesanato e os serviços caracterizam-se pela especialização; • Ser o espelho da cidade visionada numa forte e vibrante cultura urbana; • Proporcionar uma oferta variada nos setores do comércio tradicional, da cultura, do lazer, do entretenimento incluindo bares, clubes, e restaurantes; • Possuir edifícios, parques, zonas ribeirinhas e espaços públicos atrativos que permitam um ambiente único e marcante; • Possuir um patrimônio cultural que englobe tradições, eventos, e patrimônio antrópico, arquitetônico, arqueológico, artístico e histórico.
  • 31.
  • 32. ¬ 32 6.1. Rede de cidades criativas da Unesco É importante considerar a cidade criativa como um “atrativo conjunto”, que pode ser constituído pelos seguintes elementos: paisagem, pessoas, atividades, motivações, poder, imagem, identidade própria, valores tangíveis e intangíveis, e tudo aquilo que é decorrente da Natureza e da Cultura, sendo possível, admitir-se, que os fluxos de afirmação da criatividade e do talento contidos nestas cidades, decorrem da capacidade destas em atraírem aqueles elementos e respetivas energias. Se, em um primeiro olhar, entendemos que Recife e Olinda preenchem a maioria dos requisitos elencados acima apresentados, por que diabos ainda não estamos na rede de cidades criativas? A Rede de Cidades Criativas foi criada pela UNESCO em 20048, e une as cidades que trabalham conjuntamente em prol de uma missão comum para a diversidade cultural e o desenvolvimento urbano sustentável. Esta rede tem como proposito a comunicação 8 UNESCO, 2011. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. [Online] Disponível em: http://www.unesco. org/new/en/culture/themes/creativity/creative-industries/ creative-cities-network [Acesso 5 jun 2013]. entre cidades criativas, para que possam partilhar conhecimentos, saber fazer, experiências, diretivas e tecnologia. As cidades podem solicitar a admissibilidade a esta rede e aderir ao Programa, assegurando assim a possibilidade de desenvolver o seu papel como um centro de excelência criativa, apoiando, simultaneamente, outras cidades, especialmente as pertencentes a países em desenvolvimento, a cultivar a sua própria economia criativa. Entrar na rede da UNESCO é ganhar notoriedade e posicionamento na competitividade internacional entre cidades. A adesão a esta rede é enquadrada através de temas, de acordo com os quais, as cidades podem candidatar-se, sendo que para isso deverão possuir determinadas caraterísticas e cumprir critérios pré-estabelecidos, que se encontram especificados. No caso do Recife e Olinda, considerando o patrimônio criativo e a história de arte e inovação em Pernambuco nos parece que o tema de artes e mídia seja o mais adequado para uma postulação. CAPÍTULO VI: Territórios criativos, Redes Criativas e Turismo Inovador.
  • 33. ¬ 33 6.2. Territórios criativos e turismo Desde sempre que as cidades revelaram algumas evidencias criativas ao longo da sua historia, quer fossem para definir estratégias apropriadas para os diferentes desafios que lhes eram colocados, quer para desenvolver uma ferramenta de auxílio à gestão da Urbe. Essas características revelaram-se como contributo para um desenvolvimento mais sustentável da cidade, ou não fosse a criatividade, um olhar visionário expresso nas ações dos homens, de um modo original. Contudo, a mudança do paradigma civilizacional, preconizada pela passagem da sociedade Industrial para a sociedade da informação, que provocou, entre outras, alterações na estrutura do turismo, especificamente ao nível dos destinos turísticos, impôs, necessariamente, um ajuste da sua oferta a um tipo de turista, mais culto e mais exigente. Desta forma, obrigou, naturalmente, as cidades à aplicação de respostas, que, auxiliadas pela criatividade e pela inovação, permitiram encontrar soluções mais eficientes e adequadas às novas características desta sociedade moderna. Sabendo-se que o turismo é uma atividade econômica das mais importantes, e que provoca uma significativa influencia sobre o território em que atua, é por isso, fundamental, perceber-se até que ponto as “cidades criativas”, poderão acionar positivamente o desempenho da atividade turística, assim como contribuir para a sua sustentabilidade. Na evolução do modelo de cidade, de tradicional para criativa, consideramos que a cidade tradicional é aquela que resulta de ciclos ligados, principalmente à produção industrial, desenvolvendo-se num ciclo fechado e contínuo e que a cidade criativa é aquela que responde a estímulos da cultura contemporânea, desenvolvendo-se num ciclo aberto e com rupturas.
  • 34. ¬ 34 6.3.Turismo Cultural e Criativo O turismo é um dos setores com maior crescimento da economia mundial. O turismo cultural como fenômeno organizado, desenvolveu-se como alternativa à saturação do modelo tradicional, baseado na exploração de um número limitado de centros de atração (praias e grandes cidades) e em resposta a uma procura cada vez mais exigente, segmentada e em mudança. Num mundo globalizado os lugares necessitam, cada vez mais, de serem criativos de modo a manter o seu caráter distintivo e capacidade de atrair turistas. À medida que os aspectos físicos parecem convergir num processo de “reprodução em série”, há uma crescente ênfase colocada no desenvolvimento de recursos intangíveis e da criatividade. Este processo é paralelo ao fenômeno de substituição do paradigma do consumo pelo da produção e criatividade, no panorama cultural. Desenvolver o caráter diferenciado de uma cidade ou território com base na cultura intangível e criatividade requer que estes destinos estabeleçam uma associação, na percepção do consumidor, entre manifestações culturais e criativas únicas e um lugar específico. Este processo tem sido suportado na ascensão de símbolos e signos especificamente regionais, que se distinguem das manifestações culturais de âmbito nacional. Esta mudança entre o tangível e o intangível, enquanto recursos de um destino implica que as cidades e regiões se tornam cada vez mais criativas nas suas estratégias de desenvolvimento. Assim, o Turismo Criativo é uma evolução da experiência tradicional de turismo na procura de formas de consumo que enfatizam o desenvolvimento pessoal.9 O desenvolvimento do turismo criativo implica em novos desafios quer para o destino quer para o turista. Uma das implicações mais diretas deste tipo de turismo é a necessidade dos destinos serem criativos de modo a transformarem os seus recursos intangíveis, que são característicos e específicos da sua identidade (tais como as tradições locais), em experiências criativas para os turistas. Não se trata apenas de oferecer aos turistas atividades criativas: deverá existir um sistema de “co-produção” entre o turista e os criativos. Experiências de turismo criativo há muito são oferecidas em vários 9 Santos J. Filipa Ferreira (2013), AS CIDADES CRIATIVAS COMO MODELO DINAMIZADOR DO DESTINO TURÍSTICO, Escola Superior de Gestão de Tomar, Dissertação de Mestrado
  • 35. ¬ 35 destinos, embora nem sempre com esta designação (safaris fotográficos, campos de férias de dança, etc.). A grande evolução que se regista atualmente, é o fato de experiências criativas serem ativamente desenvolvidas e oferecidas aos turistas em pacote, por diversos destinos, numa tentativa de diversificar o produto turístico. Neste contexto, a grande diferença entre eventos criativos, lugares criativos e turismo criativo é o fato deste último conceito depender de modo muito mais crítico e direto da participação e envolvimento ativo do turista. Em resumo, o turista criativo é o protótipo do prosumer (produtor + consumidor), envolvido numa combinação de consumo qualificado e produção qualificada. A capacidade de atrair e cultivar as energias criativas do consumidor torna-se mais importante à medida que os territórios desenvolvidos com base no turismo cultural e patrimonial estão perdendo a sua capacidade competitiva. De modo a cultivar e colher os benefícios do turismo criativo no território do cluster metropolitano de negócios criativos, deve-se realizar uma articulação entre Porto Digital/Portomídia, CESAR, Delta Zero, Fabrica Tacaruna, Polo da Moda, prefeitura de recife, Prefeitura de Olinda, gestores e planejadores que envolva a todos no processo criativo, não apenas em termos da inovação do produto, mas também no reconhecimento do potencial criativo dos turistas. O desenvolvimento do turismo criativo deve servir ainda para reforçar a aproximação entre os setores da cultura e do turismo: combinando o conhecimento e capacidade criativa dos gestores culturais com o conhecimento do mercado dos especialistas em turismo para a criação um produto turístico inovador e viável.
  • 36.
  • 37. ¬ 37 Uma formação criativa de qualidade tem um papel importante a desempenhar no contexto de um cluster metropolitano de negócios crwiativos, uma vez que tem potencial para reforçar a imaginação, a originalidade, a concentração, as aptidões relacionais, o gosto pela descoberta, o espirito critico e o raciocínio não verbal, etc., dos jovens empreendedores. Neste contexto, as sinergias entre a cultura e o ensino devem ser objeto de maior reflexão. O princípio neste domínio deve ser o da «responsabilidade conjunta» dos setores do ensino, da tecnologia e da cultura, procurando implementar parcerias sistemáticas e sustentáveis entre todas as partes. A formação empreendedora criativa, neste contexto é uma forma muito importante de promover a criatividade e a participação dos cidadãos na vida cultural da sociedade. Hoje em dia, os meios de comunicação social constituem um veículo muito importante de divulgação de conteúdos culturais e um vetor das identidades culturais brasileiras, pelo que se deve potencializar a capacidade de tomada de decisão dos jovens empreendedores na suas escolhas e projetos de vida. O empreendedorismo é extremamente importante para a economia de um país em crescimento como o Brasil. Cada nova empresa bem sucedida significa mais postos de trabalho, aumento da renda e fomentação de um ciclo virtuoso que aumenta a circulação de capital, enriquecendo o país. Na economia global atualmente são as empresas novas e pequenas, e não as grandes, as maiores criadoras de novos postos de trabalho. Os países com maior aumento nas taxas de iniciativa empresarial tendem a ter um maior decréscimo nas suas taxas de desemprego. É consenso entre os especialistas em educação empreendedora a defasagem presente entre a qualidade do ensino superior gratuito e o ensino fundamental e médio brasileiro e a falta, nas escolas de todos os níveis da educação empreendedora. Daí a necessidade de uma plataforma de formação e gerenciamento que se assenta na ideia de que aquilo a que chamamos talento é um padrão de pensamento, sentimento, atitude ou comportamento que pode ser direcionado para um fim prático ou ação. Acreditamos que quanto maior for o conhecimento e capacidade de gerenciamento do indivíduo sobre seu talento maior impacto este terá no seu comportamento e desempenho para a vida. CAPÍTULO VII: Criativos desenrolados: formação empreendedora criativa.
  • 38. ¬ 38 Neste sentido o cluster metropolitano de negócios criativos deverá dar suporte a ações de formação empreendedora que possam: • Promover o surgimento e acompanhamento (coaching) de jovens empreendedores criativos para o Cluster Metropolitano de Negócios Criativos de Pernambuco. • Gerar um ambiente de interdisciplinaridade e compartilhamento de informações, o que permite uma abordagem colaborativa no desenvolvimento de negócios criativos. • Desenvolver ferramentas para capacitação de pessoas, a formação de lideres, a formação de mão de obra qualificada para ação e geração de conhecimento aplicável ao desenvolvimento das pequenas e medias empresas e das comunidades inseridas nos limites do cluster metropolitano de negócios criativos. • Promover o desenvolvimento de competência para ação empreendedora criativa. A competência para ação enfatiza quatro competências específicas e em um sistema de valores criativos: • Competência Técnica: para que o jovem empreendedor transmídia possa dominar como especialista as tarefas e conteúdos de seu âmbito de trabalho e os conhecimentos e habilidades necessários para isto; • Competência Metodológica: para que o jovem empreendedor transmídia possa reagir aplicando o procedimento adequado às tarefas encomendadas e às incorreções que se apresentem; • Competência Social: para que o jovem empreendedor transmídia saiba colaborar com outras pessoas de forma comunicativa e construtiva, e mostra um comportamento voltado ao grupo e um entendimento interpessoal; • Competência Participativa: para que o jovem empreendedor transmídia saiba participar na organização de seu lugar de trabalho e também de seu entorno profissional, sendo capaz de organizar, decidir e aceitar responsabilidades. • Atitude (sociologia) consiste em um sistema de valores e crenças, com certa estabilidade no tempo, de um indivíduo ou grupo que o predispõe a sentir e reagir de uma determinada forma perante dados estímulos. Este foco em habilidades e competências está conectado diretamente a natureza de empreendimentos que serão desenvolvidos no Cluster Metropolitano de Negócios Criativos que colocam foco sobre o trabalho colaborativo, interdisciplinar e que em sua essência envolvem processos de criação coletiva.
  • 39.
  • 40. ¬ 40 Com base nos capítulos anteriores este capítulo faz primeiramente uma síntese dos principais clientes do Cluster Metropolitano de Negócios Criativos apontando seus principais problemas, apresentando soluções, propostas de valor, sugerir ações estruturantes de curto prazo e apontar as vantagens insuperáveis para a formulação de futuros modelos de negócios em cada segmento. Em um segundo momento apresenta uma proposta de gestão integradora detalhando seu funcionamento e componentes. Finalmente, em um terceiro momento, sugere ações e estratégias para a implementação do Cluster. 8.1. SÍNTESE DA SEGMENTAÇÃO DA CLIENTELA 1. JOVEM CRIATIVO TRANSMIDIA Problemas: para definir uma proposta de valor para o jovem criativo, o grupo multidisciplinar de trabalho concentrou primeiramente sua atenção nos problemas mais importantes que precisariam ser resolvidos para dinamização do ambiente de negócios: • Espacos de encontro/ experimentacão. O grupo discutiu as limitações da estrutura física das empresas atuantes nos elos da cadeia produtiva. Apesar do elevado número de estruturas presentes na região metropolitana do Recife, são raros os espaços encontro e convergência capazes de construir relacionamentos e que possam contribuir para a criação e troca de ideias criativas gerando interatividade e interdependência entre o produtor e o consumidor; • Cultura de negócios criativos. O grupo discutiu o aparente paradoxo cultural entre produção autoral x negócios. Embora a região metropolitana tenha uma produção de conteúdo autoral de boa qualidade, ela não tem caráter industrial, há pouco trabalho colaborativo, e a tecnologia ainda não é explorada plenamente. • Imagem alternativa . Os negócios criativos são percebidos como um setor novo, sem um legado histórico que o suporte, não tem uma voz reconhecida e forte nem estruturas que o representem como em outros setores produtivos mais tradicionais. A cultura de atuação subsidiada pelo governo apenas com editais segmentados não estimula a colaboração através da formação de consórcios interdisciplinares, a competitividade e a inovação. CAPÍTULO VIII: ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO CLUSTER
  • 41. ¬ 41 Soluções: para cada um desses problemas, o grupo de trabalho considerou que poderiam ser buscadas soluções que atendessem aos interesses da clientela definida: • Integrar a infraestrutura existente entre o porto do recife e a colina histórica de Olinda para a implementação de espaço promotores de encontro e experimentação resguardando-se contra o efeito de crowding-in que tem acontecido com o porto digital. • Suprir carências do processo produtivo através da capacitação e especialização profissional voltada para competências criativas, espaços, tecnologia e equipamentos e gerar uma demanda sofisticada promovendo negócios com foco prioritário em narrativas transmidia competitivas. • Priorizar editais com foco em estratégias transmídia; favorecer encontro e associação entre profissionais de áreas correlatas e distintas; incentivar a formação de curadores locais e a exposição/ geração de negócios e venda de produtos pernambucanos criativos. Proposta diferenciada de valor: diante do desafio de chegar com soluções consistentes para os problemas apontados, o grupo multidisciplinar de trabalho considerou que. Implementar um ambiente de negócios onde ARTISTAS FAZEM DINHEIRO poderá constituir uma proposta diferenciada de valor para o jovem criativo transmídia. Ações estruturantes: • Promover a atração e formação de produtores executivos especializados no segmento criativo. • Construir uma rede de espaços e serviços, tais como media centres, espaços para ensaios, ateliês e locais de trabalho devidamente equipados e articulados com um centro de fabricação digital no Tacaruna. Vantagem insuperável: Base tecnologica consolidada, talento e potencial para atrair, reter e desenvolver pessoas criativas. 2. EMPRESAS DA ECONOMIA CRIATIVA Problemas: para definir uma proposta de valor para as empresas da economia criativa, os participantes do grupo multidisciplinar de trabalho concentraram primeiramente sua atenção nos problemas mais importantes
  • 42. ¬ 42 que precisariam ser resolvidos pela proposta: • Formação empreendedora. Nível elevado de informalidade e falta de visão de negocio por parte do empresariado, com excesso de amadorismo e improvisação. A maioria da produção consolidada não tem modelo de negocio, depende de editais governamentais como o Funcultura. Baixo profissionalismo nas atividades e produtos da indústria criativa, e limitada capacidade de gestão de negócios (planejamento, organização, processos e critérios de eficiência administrativa). • Informação e comunicação. As chamadas tecnologias de informação e comunicação (TIC), nas quais Pernambuco tem grande competência, representam oportunidades de negócios, facilitando a produção e a distribuição de conteúdo digital, possibilitando novos modelos de negócio e criando mercados para produtos e serviços antes impensados. Infelizmente, há pouquíssima integração entre a área de TIC e a da cultura. Os profissionais não conversam entre si. Cinema não conversa com animação que não conversa com games, etc. • Mercado. Acesso limitado a mercados nacional e global com concorrentes fortes especialmente nas fases de distribuição e difusão. Soluções: para cada um desses problemas, o grupo de trabalho considerou que poderiam ser buscadas soluções que atendessem aos interesses da clientela definida: • O principal desafio é a mudança no perfil de formação, profissionalizando empresas, gerando negócios internacionais. • Num setor como este em que a experimentação, a inovação, a intuição são uma constante, é preciso adotar rapidamente e desenvolver competências comerciais, com criteriosa análise de mercado, foco intenso nas vendas, pesquisa ativa de informação e apoio que possibilitem o crescimento real e consolidado. • Desenvolver modelos de negócios e articular a infraestrutura existente para que se possa superar as vantagens da concorrência em nível nacional e global. Prioritariamente utilizando toda a capacidade criativa e força de trabalho disponível para garantir a formação, o acesso aos recursos técnicos e financeiros, produzindo conteúdo orientado e com foco nas demandas no mercado.
  • 43. ¬ 43 Proposta diferenciada de valor: Diante do desafio de chegar com soluções consistentes para os problemas apontados, o grupo considerou que a implementação de ações governamentais indutoras de comportamento empreendedor direcionadas a produtos gerados colaborativamente por pelo menos três áreas criativas distintas poderá constituir uma proposta diferenciada de valor para as empresas da economia criativa Ações estruturantes: Diante dos desafios de fazer chegar às áreas administrativas as soluções pensadas, o grupo sugeriu que deveriam ser priorizadas iniciativas para: • Articulação dos produtores existentes e dos novos de conteúdo transmídia com grupos e associações como o Brasilian TV Producers, acesso a feiras de produtos e serviços, rodadas de negócios como o BUFF Film Festival no Canadá e o MIPcom em Cannes. Esse engajamento garantem percepção imediata das mudanças e demandas desse mercado de distribuição desse conteúdo. • Formação de redes de parcerias efetivas, baseadas na simplificação de relacionamentos, numa lógica peer-to-peer, com ênfase na colaboração acima da competição (coopetição). Vantagem insuperável: tradição refinada de produção científica, artística e tecnológica e grande adensamento de talentos criativos. 3. VISITANTES LOCAIS E INTERNACIONAIS. Problemas: para definir uma proposta de valor para visitantes locais e internacionais, os participantes do grupo multidisciplinar de trabalho concentraram primeiramente sua atenção nos problemas mais importantes que precisariam ser resolvidos pela proposta. • Pra onde ir? Como chego lá?. • Centralidades turístico/culturais não trabalhadas. Soluções: para cada um desses problemas, o grupo do seminário considerou que poderiam ser buscadas soluções que atendessem aos interesses da clientela definida: • Tornar ainda mais marcantes o marketing presencial e as ações experienciais, turistificando lugares e roteirizando experiências com foco no turismo de negócios; • Mudar o foco do planejamento urbano de mercado imobiliário para priorizar
  • 44. ¬ 44 o suporte às atividades humanas, padrões de uso e responder a questões de como necessidades individuais de usos e atividades na cidade se articulam e desenvolvem macro estruturas e padrões globais; • Transformar os recursos intangíveis (tradições locais), que são característicos e específicos da identidade do território do cluster, em experiências criativas para os visitantes estabelecendo uma associação, na percepção do consumidor, entre manifestações culturais e criativas únicas e um lugar específico. Proposta diferenciada de valor: diante do desafio de chegar com soluções consistentes para os problemas apontados, o grupo multidisciplinar de trabalho considerou que. SAIR DE CASA PRA TER UMA EXPERIENCIA INESQUECIVEL poderá constituir uma proposta diferenciada de valor para visitantes locais e internacionais. Ações estruturantes: diante dos desafios de fazer chegar as soluções proposta para mudanças de paradigma no acolhimento de visitantes, o grupo sugeriu que deveriam ser priorizadas iniciativas para: • promover a existência de espaços inter-articulados de produção e consumo artístico e cultural onde os consumidores são também produtores, onde se vai visitar, curtir, comprar e também fazer negócios. • Intensificar e acelerar a requalificação das áreas compreendidas entre o porto e a colina histórica de Olinda reforçando a aglomeração econômica de atividades baseadas no conhecimento. • Promover a Integração de Recife/ Olinda à rêde de cidades criativas da Unesco. Vantagem insuperável: patrimônio histórico e paisagístico, diversidade cultural, acolhimento e tolerância para com a diferença. 4. GOVERNO Problema prioritário. Para definir uma proposta de valor para governo os participantes do seminário concentraram primeiramente sua atenção nos problemas mais importantes que precisariam ser resolvidos pela proposta; • Atrair empresas de serviços modernos; Soluções: para o problema prioritário, o grupo do seminário considerou que poderiam ser buscadas soluções que atendessem aos interesses da clientela definida:
  • 45. ¬ 45 • Fomentar uma cultura de negócios mais avançada na economia criativa atraindo empresas e indivíduos do setor cultural, gerando efeitos multiplicadores importantes na economia local e elevando o valor e consciência estética da produção criativa local. • Promover o encontro/convergência entre criativos locais e de fora para a geração de novas formas de gestão criativa e desenvolvimento de negócios. Proposta diferenciada de valor: diante do desafio de chegar com soluções consistentes para os problemas apontados, o grupo multidisciplinar de trabalho considerou que uma GESTÃO DESCOLADA poderá constituir uma proposta diferenciada de valor para o governo estadual e dos municípios envolvidos. Ações estruturantes: Diante dos desafios de fazer chegar as soluções proposta, o grupo sugeriu a criação de uma agência Integradora composta por cinco espaços ancora: O Porto Midia, Polo da Moda, Museu Luiz Gonzaga, Fábrica do Tacaruna e Museu do Futuro Imaginário (a ser implementado na colina histórica de Olinda que implemente uma rede integrada capaz de gerar negócios criativos pela conexão de equipamentos e articulação de espaços de fricção indutores de relacionamentos e troca de ideias. A agência terá ainda a função de promover o efetivo adensamento da cadeia produtiva e geração de oportunidades. (detalhamento a seguir). Vantagem insuperável: existência de infraestrutura cultural e tecnológica de grande porte na região.
  • 46. ¬ 46 8.2. AGENCIA INTEGRADORA Na maior parte dos casos de sucesso de regiões bem sucedidas no desenvolvimento de economias criativas competitivas a liderança da agenda está confiada a estruturas com alargada participação pública e privada, altamente especializadas e dotadas de grande autonomia de gestão. Nesta seção é apresentado o modelo de governança e gestão estratégica do cluster metropolitano de negócios criativos10. 10 Esta proposta fundamenta-se na A governança de um projeto de desenvolvimento envolve as instituições, organizações, estruturas, processos e funções necessárias para articular atores na direção de objetivos comuns e de uma visão compartilhada sobre o futuro do projeto. O modelo de gestão do cluster deve articular atores em três níveis: • Nível das articulações e políticas institucionais. • Nível da gestão estratégica. modelagem conceitual e planejamento de cenários do polo de produção de conteúdo cultural de pernambuco elaborado pelas consultorias OREMI para o Sotex recife em 2010.
  • 47. ¬ 47 • Nível da implantação e operacionalização de serviços. A complexidade de um cluster metropolitano de negócios criativos requer um tratamento sofisticado do modelo de governança, que deve ser capaz de incluir e articular atores oriundos de ramos de negócios criativos diversos e que podem ter, em certos momentos e contextos, interesses e objetivos conflitantes. Para construir uma proposta de governança adequado ao formato organizacional do Cluster, foi escolhido um modelo de rede articulado em torno de uma agência integradora que deverá resultar de um acordo de parceria entre cinco principais agentes âncora do território: O Porto Midia, Polo da Moda, Museu Luiz Gonzaga, Fábrica do Tacaruna e o Museu do Futuro Imaginário (a ser implementado na colina histórica de Olinda). Neste modelo, em volta do território de relações estabelecido pelas cinco ancoras, as diversas indústrias criativas mantêm sua individualidade e representatividade em Fóruns Setoriais no nível das articulações e políticas institucionais. Na visão do grupo, a liderança do processo de governança do Cluster Metropolitano de Negócios Criativos deverá ter comportamentos e atitudes como as do CEO que cuida de PROTEGER e GUIAR um sitema “loosely coupled” (em traduçao literal, frouxamente articulado). Larry Hirshorn11 afirma que, pelo comportamento imprevisível dos elementos constituintes nestes sistemas intervenções em pontos isolados podem ter mínimo ou nenhum efeito em outros pontos ou podem provocar reações inprevisíveis e fora do contrôle. Como as ligações entre os participantes são folgadas e imprevisíveis, a autoridade central deriva muito mais da forma que é conduzida o relacionamento entre os componentes do que de regimentos e estatutos formais. Neste contexto, a agência integradora será responsável por articular, mediar e tornar mais efetiva as ações de cada componente, criando um espaço de discussão e operacionalização das ações de interesse coletivo. 115 arry Hirschhorn; “ Leading and Planning in Loosely Coupled Systems”, Center for applied Research, Philadelphia, 1994.
  • 48. ¬ 48 8.3. Ações e Estratégias para Implantação do cluster. Para a implantação da agência integradora e implementação do Cluster Metropolitano de Negócios Criativos foram definidas, considerando as dimensões organizações, instituições e territórios, as ações estratégicas que estão apresentadas abaixo: 8.3.1 Organizações • Identificar e definir atores (quem somos?) • Instlar Unidade de Gestão • Agregar e formalizar associados • Estruturar organizações, entender mercados e promover negócios. • Estruturar e implantar infraestrutura e processos para novos empreendimentos. • Estruturar organizações e formar capital humano empreendedor. 8.3.2 Instituições • Articular sustentação política e institucional • Identificar e criar instrumentos de incentivo e fomento para recursos humanos, empreendedorismo e território. • Criar normas e projetos de sustentabilidade ambiental do Cluster. • Criar instrumentos e projetos de inclusão social. • Contribuir na formulação de políticas públicas, notadamente no que diz respeito a competitividade dos negócios estabelecidos no território do Cluster. • Adequar ou criar legislação específica para o território urbano. 8.3.3 Território • Articular com o setor público a qualificação do entorno. • Definir formalmente os limites do Cluster. • Instalar fisicamente o Museu do Futuro Imaginário • Implantar as estruturas prioritárias de fabricação digital e serviços na Fábrica Tacaruna. • Promover a restauração da conexão entre Recife e Olinda através do istmo. • Atrair novos negócios para promover o adensamento do Cluster.
  • 49. ¬ 49 8.3.4. Equipamentos Âncora 8.3.4.1 Tacaruna Fábrica de ideias (ver estudo preliminar em anexo) Uma das âncoras do projeto é a antiga Fábrica Tacaruna, mais precisamente nos galpões previstos para serem construídos atrás do prédio principal conforme a ilustração 1 abaixo. IIlustração 1 - Planta baixa da Fábrica Tacaruna 1. Conceito O processo de inovação, particularmente quando se trata de economia criativa, pressupõe, segundo os métodos de design mais modernos (Gray, Brown, & Macanufo, 2010; IDEO, 2003, 2011; Maurya, 2012; Neves et al., 2008), uma etapa de geração de alternativas que tem natureza exploratória, onde a experimentação é estimulada com apoio
  • 50. ¬ 50 do ambiente, dos equipamentos e dos participantes, assim como por atividades de educação tecnológica e de manutenção de equipamentos. Atualmente, as políticas de fomento à inovação estão estabelecidas a partir de incubadoras, aceleradoras, etc., focando principalmente no apoio à implementação de uma ideia de produto ou serviço já formatado. A vocação do Tacaruna é de se posicionar em uma etapa anterior a das incubadoras, incentivando a geração de ideias por meio de: (a) intensa experimentação, incluindo um viés tecnológico em particular de manipulação de hardware (b) aplicação do princípio do “aprender fazendo” (c) interação entre perfis profissionais e socioeconômicos diversificados. Em outras palavras, a Fábrica Tacaruna fomentará a criatividade utilizando processos e tecnologias industriais, para ter também uma atuação complementar a âncoras como o Porto Mídia. Alguns projetos da fábrica certamente vão virar empresas; outros, podem se tornar exposições ou performances artísticas; outros, ações sociais, etc. A liberdade é um aspecto crucial no funcionamento deste ambiente criativo. Não é possível desbravar os caminhos da transmídia e sondar novos paradigmas, processos, produtos ou serviços sem a experimentação livre. Neste contexto, tendo em vista a estratégia transmídia do cluster, esta fábrica de ideias deverá promover a integração de pessoas de diferentes áreas de conhecimento, classes sociais, níveis de formação e expectativas de mercado. Só assim, tem-se um ambiente ativo e diversificado com alto potencial combinatório e, consequentemente, capaz de promover inclusão e integração social de forma efetiva. Um conceito bastante importante para o entendimento da narrativa deste espaço é o de empreendedor como um perfil de pessoa com iniciativa, que assume riscos e compartilha uma paixão por explorar, experimentar e concretizar novas ideias. Este conceito mais amplo se diferencia do conceito de empreendedor empresário estrito, aquele que empreende uma startup, por exemplo. Na fábrica conviverão diversos tipos de empreendedores, os sociais, os artísticos, os empresariais, etc. Integrando estes empreendedores, o Tacaruna potencializa uma combinação produtiva de suas vivências e expectativas, além de fazer crescer este espírito de iniciativa, experimentação e concretização nos jovens integrantes dos diversos projetos. Em suma, a principal vocação da âncora da Fábrica Tacaruna é ser o ponto de referência à experimentação e à integração de pessoas e conhecimento, com o intuito de promover a criatividade no seu mais alto potencial combinatório, gerando ideias diversas e em grande quantidade. Uma verdadeira fábrica de ideias que será base para o crescimento da inovação em Pernambuco.
  • 51. ¬ 51 2. Integração com as outras âncoras A fábrica de ideias atua de forma complementar às outras âncoras do cluster, sejam os museus, seja o Porto Mídia, seja o Nascedouro de Peixinhos: as empresas que vierem a ser formadas poderão ser incubadas no Porto Mídia; os projetos artísticos poderão ser expostos nos museus; as atividades de formação poderão ter vivências integradas com o Nascedouro de Peixinhos; seus laboratórios poderão acolher artistas-residentes do Museu do Futuro Imaginário; as oficinas da fábrica aproveitam os resultados do observatório de economia criativa do Porto Mídia; etc. Por outro lado, além de se integrar com as demais âncoras do cluster, a Fábrica do Tacaruna tem um forte enfoque na combinação de diversas áreas, ou seja, na transmídia, por meio de intensa experimentação. A sua filosofia se aproxima bastante dos modelos de espaço hacks, ou hackspaces, no qual o aprendizado se dá por meio do fazer, em que há uma grande liberdade de combinação de ideias e um intenso desejo de compartilhamento destas ideias entre os integrantes do espaço. Estes aspectos fazem com que esta âncora se diferencie das demais alternativas presentes no cluster. 3. Princípios Nesta seção estão enumerados alguns dos princípios que norteiam o projeto do Tacaruna: fábrica de ideias. 3.1 Movimento Maker “Mais do que apenas meros consumidores de tecnologia, somos fazedores (makers), adaptando tecnologia para nossas necessidades e integrando-as às nossas vidas. Alguns de nós nascem fazedores, outros […] se tornam quase sem perceber. [...] MAKE é uma nova revista dedicada a mostrar como fazer com que a tecnologia trabalhe para você. “ Dale Dougherty, co-fundador da revista MAKE, O’Reilly. Assim começava a frase de boas-vindas da primeira edição da revista MAKE, publicada em janeiro de 2005, que desde então compila vários projetos e assuntos relacionados à cultura DIY, à apropriação e à customização de artefatos tecnológicos. O lançamento desta revista marca uma tendência que tem suas raízes no ciberativismo, no movimento punk e na cultura faça-você-mesmo e agora se potencializa através do massivo compartilhamento de informações pela internet. Muitos internautas estão percebendo que o conhecimento não está preso nas indústrias e nos laboratórios de pesquisa e sim que o mundo pode ser hackeado, ou seja, os sistemas e dispositivos que nos rodeiam podem ser modificados para um uso diferente do pensado inicialmente pelos seus produtores. É o empoderamento da tecnologia pelos usuários, clientes, consumidores e não mais somente pelo
  • 52. ¬ 52 público técnico. A figura a seguir ilustra um ambiente maker. Ilustração 2 - Espaços Maker Mark Frauenfelder, editor da revista MAKE, quando perguntado pelo site Humans Invent sobre o movimento Maker, deu a seguinte resposta: “[O movimento Maker] é a percepção de várias pessoas que o mundo físico é uma plataforma hackeável da mesma forma que os sistemas computacionais. […] Um hacker é alguém que cria um uso não pensado para algo e faz alguma coisa melhor que o designer original.” Além disso, as ferramentas e os equipamentos foram ao mesmo tempo barateando e tornando-se mais acessíveis a um púbico diversificado e leigo. Um exemplo desta tendência é o surgimento de impressoras 3D mais baratas e voltadas para o uso pessoal. Em seu recente livro “Maker: The New Industrial Revolution” (Anderson, 2012), Chris Anderson define a popularização e uso das impressoras 3D como sendo uma nova revolução industrial deixando o poder da produção do artefato na mão do usuário. Outros exemplos desta tendência são ferramentas de programação voltadas para artistas e designers vêm se tornando cada vez mais populares (Noble, 2012). Estas ferramentas tem como objetivo a
  • 53. ¬ 53 obtenção de resultados gráficos, sonoros e interativos de forma simples e rápida, sem a preocupação com detalhes técnicos que muitas vezes são obstáculos para um público mais leigo em tecnologia. Assim, há um crescente número de projetos interativos (Fry & Reas, n.d.) (Dougherty & Frauenfelder, 2005)(“Arduino.cc,” n.d.). Ampliando a definição, pode-se dizer que a tendência é que os usuários, clientes ou consumidores não estão passivos no desenvolvimento de novas ferramentas e sistemas e sim que participam da construção e da modificação, sempre se apropriando desses sistemas e os adequando para suas próprias realidades e necessidades. O universal é inexistente, há sempre uma modificação, adequação ou customização que o usuário pode fazer para se apropriar de um artefato tecnológico - seja permitida e pensada a priori pelo produtor deste artefato ou não permitida e hackeada pelo usuário.
  • 54. ¬ 54 3.2 Experimentação e Prototipação: aprender fazendo O conceito de experimentação usado neste Projeto está relacionado ao ato de testar a adequação de uma ideia a um determinado contexto a partir da implementação incompleta de subconjuntos desta ideia em forma de protótipo. A partir da experimentação e da prototipação, pode-se antecipar inadequações, fazendo com que a ideia evolua gradativamente a partir do aprendizado. “Experimentação é importante, pois dá combustível para a descoberta e a criação de conhecimento e consequentemente direciona o desenvolvimento e a melhoria de produtos, processos, sistemas e organizações.” (Thomke, 2003) Mesmo dentro do mundo empresarial (Thomke, 2003), já existe uma reflexão em forma de princípios relacionados com o processo de experimentação. Dentre os apresentados destaca-se: Experimente frequentemente; Organize-se para experimentações rápidas e ágeis; Falhe cedo e regularmente. Ilustração 3 - Espaços de prototipação
  • 55. ¬ 55 Dentro do contexto de design de produtos e sistemas, há a fase de prototipação, onde as ideias concebidas como solução para um determinado problema são concretizadas e funcionam como ferramenta: de aprendizado sobre o que precisa ser refinado, de comunicação entre os membros da equipe sobre as particularidades do projeto, de experimentação de diferentes abordagens para uma mesma solução. “Prototipação é a estratégia para lidar eficientemente com coisas que são difíceis de predizer.” Scott Klemmer Alguns valores associados aos protótipos são (Warfel, 2009): • Protótipos são gerativos, ou seja, o processo de prototipação gera várias ideias que podem ser péssimas ou brilhantes; • Protótipos tem o poder de mostrar, contar e experimentar: apenas com o concreto é que conseguimos ter uma experiência da realidade; • Protótipos reduzem problemas de interpretação; • Protótipos salvam tempo, esforço e dinheiro; • Protótipos reduzem perda; • Protótipos proveem valores do mundo real: em vez de descrever a realidade em documentos, melhor apresentar um protótipo que já vem com valores reais agregados. Além disso, focar na quantidade, ou seja, criar vários protótipos para um mesmo problema, faz com que as soluções sejam mais eficientes, pois “ao fazer, aprende-se com os próprios erros” (Dow, 2011). “A melhor maneira de ter boas ideias é ter várias ideias.” Linus Pauling Enfim, a atividade de intensa prototipação tem consequências não só em melhores produtos, mas também muda o paradigma de aprendizado, dando mais ênfase ao que se chama hoje de cognição incarnada ou enativa [Lakoff & Johnson 1999], segundo a qual muitas competências e conhecimentos são melhores adquiridos pela via do fazer: aprende-se fazendo! Este aspecgto será bastante explorado no Tacaruna, evitando a abordagem frequentemente enfadonha de diálogos de uma única mão onde o professor fala e o aluno ouve. 3.3 Choque de ideias Com o intuito de ampliar as chances de combinação de ideias, é importante que o ambiente seja: multidisciplinar, juntando diferentes áreas de conhecimento em torno de uma mesma temática; interdisciplinar, buscando a interseção dessas diversas áreas; e transdisciplinar, levando conhecimento de uma área para a aplicação em outra área. É neste ponto que se ressalta o povoamento do ambiente por pessoas de diferentes perfis e formações que estejam afinadas no que diz respeito ao compartilhamento e a fusão de ideias. É através desta combinação de áreas e do engajamento da forma de trabalho que são geradas ideias poderosas e, como consequência, também acontece a verdadeira inclusão e integração social.
  • 56. ¬ 56 O espaço funciona como uma câmara de agitação e choque entre ideias. As práticas e dinâmicas são o catalisador para que as pessoas consigam se expressar e se comunicar umas com as outras e os processos de prototipação fazem com que as ideias sejam concretizadas de forma rústica e validadas. Ilustração 4 - Espaços para troca e choque de ideias 3.4 Interação e troca de conhecimentos A parte central do Tacaruna é composta por oficinas que permitirão a construção dos mais diversos tipos de protótipos e produtos, desde pequenas customizações como um escapamento diferenciado para uma moto ou a criação e produção de uma bicicleta exclusiva. Para favorecer a efervescência de todo o espaço são incentivados ambientes de interação. O ponto culminante desta interação trata-se de um bar/café temático ambientado como uma garagem de motos que envolverá os visitantes usuários num movimento de manutenção, ajustes e observação dos protótipos em teste. Trata-se de um ambiente de testes das montagens envolvendo motos, bikes, drones ou robôs que criará um dinamismo único, onde todos se envolvem no processo de avaliação das peças produzidas. A idéia central é fazer com que os usuários e visitantes interajam e todos se sintam motivados a experimentação.
  • 57. ¬ 57 8.3.4.2. Museu do Futuro Imaginário O conceito do Museu do Futuro Imaginário (MUFI) foi fruto do trabalho de 26 profissionais das diferentes áreas da economia criativa, envolvendo artistas independentes, empreendedores locais e professores da UFPE. Ele é uma âncora fundamental tanto pela atratividade que exercerá pela inovação que propõe, quanto por criar um contra-peso do lado de Olinda às diversas iniciativas do Bairro do Recife, em particular o Cais do Sertão Luiz Gonzaga, estabelecendo assim dois extremos geográficos entre os quais o cluster se estabelece. 1. Contexto e motivação Além da questão da sustentabilidade, estruturas como museus, cuja vocação é a visitação púbica, enfrentam, atualmente, o grande desafio da atração permanente de público, especialmente o jovem. Isto ocorre porque a atenção dos jovens está, hoje em dia, dividida em inúmeros atrativos: dos clássicos, como televisão, cinema, estádio, teatro, leitura, etc., aos recentes como lan-houses, internet e video-games. Se a aquisição inicial de público se tornou mais difícil, pior ficou a sua retenção como é consenso entre os museólogos. O grande público dos museus é hoje os dos grupos de visitantes de escolas, que, depois da visita inicial, raramente volta [Johnson et al. 2010]. A solução que consiste a simplesmente aumentar e renovar continuamente o acervo do museu não é sempre economicamente viável. Instalações digitais interativas, assim como elementos advindos do mundo dos games, na tendência chamada de gamification [Deterding et al. 2011], vêm sendo crescentemente usados em museus com vistas à gerar uma atrativo maior do público jovem [Johnson et al. 2010]. Alguns exemplos destes podem ser vistos
  • 58. ¬ 58 no Museum of London (Reino Unido), The Stedelijk Museum Amsterdam (Holanda) e Indianapolis Museum of Art (EUA). A leitura feita pela equipe que concebeu o Museu do Futuro Imaginário (MUFI) é de que instalações interativas e jogos ajudam, mas para realmente atacar o problema seria preciso ir mais além, seria necessário passar para outro patamar mais ousado e inovador na concepção de um museu, fazendo que com a interatividade fosse a tônica e não um acessório. 2. Conceito e princípios curatoriais O primeiro eixo do MUFI é adaptar os mecanismos replay value, comumente encontrados na concepção de jogos, à experiência de visitação de um espaço físico do tipo museu. Mecanismos como destravar níveis, tentar estratégias diferentes, mudar o nível de dificuldade, oferecer recompensas, etc. ajudam a motivar os jogadores a voltar a jogar o jogo depois que eles já o terminaram. É similarmente o que se quer: criar incentivos para que os visitantes voltem ao museu inúmeras vezes, vivenciando cada vez uma experiência distinta das anteriores. Neste sentido, o MUFI é uma “grande instalação interativa”, um game, um puzzle. Por exemplo, incorporando características globais de game, ao longo do percurso do museu, o visitante acumula pontos em função de quanto ou quão bem interage com as instalações interativas (acervo) e com o próprio museu. Seu status no museu está associado a um avatar que poderá, como em um jogo de papéis (RPG) evoluir em função do avanço do visitante no museu. O visitante, voltando ao museu, será identificado e poderá retomar atividades que deixou pendentes, melhorar scores, enfim, reeditar sua participação no museu, seu percurso será diferente, lhe serão propostas percepções e tarefas em ordem diferente de visita das instalações. O acesso a determinadas instalações interativas só será permitido se o desempenho em outras for acima de certo limiar, padrão típico dos games, que desafia e instiga jogadores a buscar melhores performances em suas atividades. Outros princípios curatoriais importantes é de que o museu não pode se restringir aos seus muros e nem a seu acervo. Isto quer dizer que, primeiramente, não deve haver uma ruptura da experiência de visitação quando o visitante sai do museu. Logo, além do ambiente físico do museu, será mantido um portal interativo web que permite a participação/visitação remota no museu. Os internautas poderão tanto ver e ouvir o que está acontecendo no museu como participar de algumas de suas atividades. Este portal segue uma lógica de rede social como nos portais de jogos massivos multijogadores online (MMORPG), que exibem rankings, brindes virtuais, discussões, etc., promovendo uma integração maior entre os usuários e o museu. Em segundo lugar, os visitantes, seguindo a filosofia colaborativa e 2.0 da Web, devem poder contribuir criando conteúdos que serão exibidos no museu ou no seu portal Web. Isto não só aumenta o engajamento do visitante, especialmente o jovem, mas também ajuda no problema da renovação do acervo, já que criação de novos conteúdo poderá ser perene e de baixo custo.
  • 59. ¬ 59 Um terceiro princípio importante é o de que o MUFI não deve ser uma instituição isolada mas plenamente integrada no cluster e integrada com as outras âncoras. Neste sentido, o MUFI deve servir como um show room sofisticado, uma grande vitrine do que é produzido pelas empresas e pelos artistas do cluster. O MUFI se insere, portanto, na cadeia produtiva do cluster ajudando na distribuição e divulgação, estimulando as experiências realizadas na oficinas do Tacaruna ou Porto Midia, e atraindo artistas-residentes que além de expor seus trabalhos participarão das atividades de formação do cluster, em particular as do Tacaruna. Enfim, o MUFI deve buscar sua sustentabilidade econômica. De onde vem táticas como: incorporar certos equipamentos (robôs, telefones celulares, monitores multi-toque) de forma a ter seus fabricantes como patrocinadores permanentes de alguns espaços do museu; manter um espaço gastronômico temático com aplicações voltadas, sobretudo, aos pais; vender produtos gerados pelos próprios visitantes em forma de souvenirs (camisas, canecas, etc.), além da alta atratividade de visitantes dada o grau de novidade do MUFI, alinhada com a estratégica “oceano azul”. 3. Inovação e visibilidade Do que foi descrito, percebe-se que o MUFI é um museu sem equivalente no mundo, e não por seu conteúdo mas pelo seu modelo. De fato, nos museus convencionais o acervo é temático predominantemente físico e não-interativo. Quanto ao MUFI, 1. Há um foco na retenção (volta) do visitante 2. O própria experiência de visita é tratada como um game 3. Há foco em autosustentação por meio de parcerias e rotatividade do acervo 4. Não há muros: participação mesmo estando fora do museu 5. Há participação ativa do visitante na criação de seu conteúdo 6. O acervo é 100% interativo 7. O acervo não tem temática não fixa 8. Há integração com o cluster, servindo de show-room Estas características inovadoras aliadas com sua localização privilegiada, no local de maior visitação turística do estado, e com um projeto arrojado de arquitetura (ver mais adiante), dará ao MUFI visibilidade internacional atraindo visitantes e negócios.
  • 60. ¬ 60 8.3.4.3. Museu Luiz Gonzaga Isa Grinspum Ferraz: Projeto Curatorial e Direção de Criação do Cais do Sertão Luiz Gonzaga Um novo museu está nascendo no Recife Antigo. É o Cais do Sertão Luiz Gonzaga, grande espaço já em obras à beira mar, bem próximo ao Marco Zero. Na forma de um grande prédio de arquitetura surpreendente e generosa, vazado por recortes e vãos que brincam com as luzes e sombras do dia e da noite, ele desponta na paisagem física e cultural da cidade como um farol a iluminar alguns dos temas mais queridos aos pernambucanos e a todos os brasileiros: o sertão nordestino e seu maior intérprete, o Rei do Baião Luiz Gonzaga. Luiz Gonzaga é um inventor genial e múltiplo. Nada escapa a sua sensibilidade aguda e a sua inteligência livre. A ecologia do sertão e suas sonoridades, a terra e a gente do lugar, o trabalho e a casa, o nascimento e a morte, o amor e a festa, a seca e a fome, a língua e a religiosidade, a doçura e a malícia: tudo é cantado com engenho e arte em seu repertório vasto e sempre moderno. Ao lado de seus vários parceiros, com roupas e adereços que ninguém nunca tinha visto, um baião diferente e um jogo de cena muito próprio, Gonzaga reinventou-se inúmeras vezes e, com ousadia e liberdade, mostrou aos brasileiros um outro Brasil. Em um tempo em que só o litoral tinha vez e voz, as canções de Gonzaga uniram o sertão nordestino à imensidão amazônica, à metrópole carioca, a São Paulo e ao Sul.