A tromboelastografia e a tromboelastometria são métodos diagnósticos utilizados em cirurgias e outras intervenções de grande e pequena escalas, já que permite uma melhor compreensão e avaliação do sistema hemostático humano, abrangendo as possibilidades de um quadro com prognósticos positivo e negativo. É uma metodologia relativamente nova e que consegue fornecer informações importantes sobre a hemostasia “in vivo”, e não somente dos fatores plasmáticos da
coagulação como as metodologias tradicionais.
6. 01/11/2019 nsm 6
Fatores da coagulação
FATOR PESO ATIVIDADE MEIA-VIDA PRODUÇÃO VKDEP CONC
Fibrinogênio 340.000 * 90 h Fígado Não 300 mg/dL
Protrombina 72.000 Serina protease 60 h Fígado Sim 10-15 mg/dL
Fator V 330.000 Cofator 12-36 h Fígado Não 0,5-1,0 mg/dL
Fator VII 48.000 Serina protease 4-6 h Fígado Sim 0,1 mg/dL
Fator VIII:C 70-240.000 Cofator 12 h Fígado ? Não 1-2 mg/dL
Fator IX 57.000 Serina protease 20 h Fígado Sim 4 mcg/mL
Fator X 58.000 Serina protease 24 h Fígado Sim 0,75 mg/dL
Fator XI 160.000 Serina protease 40 h Fígado Não 1-2 mg/dL
Fator XII 80.000 Serina protease 48-52 h Fígado Não 0,4 mg/dL
Precalicreina 80.000 Serina protease 48-52 h Fígado Não 0,30 mg/dL
HMWK 120.000 Cofator 6,5 d Fígado Não 0,70 mg/dL
Fator XIII 320.000 Transglutaminase 3-5 d Fígado Não 2,5 mg/dL
Proteína C 62.000 Serina protease 8-12 h Fígado Sim 4-5 mcg/mL
Proteína S 84.000 Cofator * Fígado Sim 25 mg/L
7. 01/11/2019 nsm 7
Coagulação: cascata
VIA INTRÍNSECA VIA EXTRÍNSECA
XII
XI
IX
VIII
X
V
II
I
VII
IIICONTATO
LESÃO TISSULAR
Kk
Ca++
FP
Ca++
FIBRINA
8. 01/11/2019 nsm 8
Formação e estabilização da fibrina
FIBRINOGÊNIO
MONÔMEROS DE FIBRINA
POLÍMEROS DE FIBRINA
FIBRINA ESTÁVEL
XIIIa
XIII
TROMBINA
11. 01/11/2019 nsm 11
Hemostasia: juntando tudo
A
N
T
I
C
O
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G
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FIBRINA
PDF/pdf
I
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I
B
I
D
O
R
E
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SRE
XII
XI
IX
VIII
X
V
II
I
III
VII
Ca++
FP
Ca++
Kk
12. Modelo de coagulação em superfícies celulares
01/11/2019 NSM 12
Fases da coagulação
Inciação Amplificação Propagação Finalização
Endotélio vascular e
células sanguíneas
circulantes são
perturbados; Interação
do FVIIa derivado do
plasma com o FT.
Trombina ativa plaquetas,
cofatores V e VIII, e FXI na
superfície das plaquetas.
Produção de grande
quantidade de trombina,
formação de um tampão
estável no sítio da lesão e
interrupção da perda
sanguínea.
O processo da coagulação
é limitado para evitar
oclusão trombótica ao
redor das áreas íntegras
dos vasos.
Carvalho, MG et all: Rev. Bras. Hematol. Hemoter. vol.32 no.5 São Paulo 2010
14. 01/11/2019 nsm 14
Testes convencionais
XII
XI
IX
VIII
X
V
II
I
III
VII
Ca++
FP
Ca++
Kk
TC=5-10min
TCA=70-180s
TTPA=25-35s
TT=6-10s
TP=12-15s
15. Testes estáticos convencionais
• TCA, TP, TTPA, FIBRINOGÊNIO, PLAQUETAS
• São insatisfatórios no contexto dinâmico intraoperatório
• Demandam tempo
• Não avaliam a função plaquetária
• São feitos no plasma
• Em temperatura de 37°C (~temperatura do paciente)
01/11/2019 NSM 15
16. Solução .... Tromboelastografia
•O que é a tromboelastografia?
•Quando e onde ela pode ser utilizada?
•Quais informações ela nos fornece?
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17. Tromboelastografia: o que é?
• A tromboelastografia foi descrita em 1948 por H. Hartert
• Avalia dinâmicamente a função hemostática global por meio de uma
amostra de sangue total.
• Avalia as propriedades viscoelásticas do sangue durante a formação,
manutenção e destruição do coágulo.
• Avalia a função plaquetária e sua interação com as hemácias.
01/11/2019 NSM 17
18. A tromboelastografia avalia ...
•Formação do coágulo
•Cinética do coágulo
•Força e estabilidade do coágulo
•Resolução do coágulo
01/11/2019 NSM 18
35. Tromboelastometria Rotacional (ROTEM®, TEM InternationalGmbH, Munich, Germany)
• Tempo de coagulação (CT e CTF)
• Dinâmica da formação do coagulo (CTF e angulo α)
• Firmeza do coagulo (A5, A10, A15 e MCF)
• Estabilidade do coágulo no decorrer do tempo [CLI30, CLI45, CLI60)
• Lise máxima (ML) ]
CT (reflete o inicio da formação do coágulo)
CTF (reflete a elaboração e formação do coágulo em função da trombina formada e traduz a atividade
enzimática da trombina)
Angulo α (reflete a dinâmica da formação do coágulo)
Amplitude da firmeza do coágulo em 5, 10 e 15 minutos após CT (A5, A10 e A15 respectivamente)
MCF (representa a firmeza máxima do coágulo)
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36. Tromboelastometria Rotacional (ROTEM®, TEM InternationalGmbH, Munich, Germany)
• EXTEM - Via de coagulação extrínseca
• INTEM – Via da coagulação intrínseca
• FIBTEM - Polimerização da fibrina
• HEPTEM - Influência da heparina
• ECATEM - Inibidores diretos da trombina
• APTEM – Fibrinólise
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42. Tromboelastometria: benefícios
01/11/2019 NSM 42
• Prevenção do risco de sangramento em procedimentos cirúrgicos
• Diagnóstico de potenciais causas de hemorragia
• Terapêutica guiada por metas
• Racionalização do uso de hemocomponentes
• Redução de complicações com hemocomponentes: TRALI, TACO,
TRIM e TEV
• Redução de infecções virais e bacterianas
• Monitorização de estados de hipercoagulabilidade
Crochemore T, Piza FM, Rodrigues RR, Guerra JC, Ferraz LJ, Corrêa TD
TRALI: Transfusion-related lung injury; TACO: Transfusion-associated cardiac overload; TRIM: Transfusion-associated immunomodulation; TEV: Tromboembolismo venoso
43. Tromboelastometria: benefícios
01/11/2019 NSM 43
• N = 1.175
• 65% Plasma fresco congelado
• Falência múltipla de órgãos: +2,1%
• Síndrome de desconforto respiratório agudo; +2,5%
• 41% Plaquetas
• Sem impacto nos desfechos analisados
• 28% Crioprecipitado
• Falência múltipla de órgãos: -4,4%
44. Tromboelastometria: benefícios
01/11/2019 NSM 44
A significant association was found between transfusion of fresh frozen plasma and:
• ventilator-associated pneumonia with shock (relative risk 5.42, 2.73-10.74),
• ventilator-associated pneumonia without shock (relative risk 1.97, 1.03-3.78),
• bloodstream infection with shock (relative risk 3.35, 1.69-6.64), and
• undifferentiated septic shock (relative risk 3.22, 1.84-5.61).
• The relative risk for transfusion of fresh frozen plasma and all infections was 2.99 (2.28-3.93).
45. Tromboelastometria: benefícios
01/11/2019 NSM 45
Calatzis A., Schramm W., Spannagl M. (2002) Management of Bleeding in Surgery and Intensive Care.
In: Scharrer I., Schramm W. (eds) 31st Hemophilia Symposium Hamburg 2000. Springer, Berlin, Heidelberg
46. Tromboelastometria: indicações
01/11/2019 NSM 46
• Coagulopatia associada ao trauma e à hemorragia maciça
• Transplante hepático
• Cirurgia cardíaca
• Cirurgias de grande porte, ortopédicas e neurocirurgicas
• Hipotermia
• Hemorragia pós-parto/neonatologia
• Estados de hipercoagulabilidade
• Terapia pró-coagulante
• Anticoagulação com heparina não fracionada
Crochemore T, Piza FM, Rodrigues RR, Guerra JC, Ferraz LJ, Corrêa TD
55. Conclusões
01/11/2019 NSM 55
• Rapidez e precisão no diagnóstico
• Terapêutica individualizada
• Racionalização no uso de hemocomponentes
• Redução de complicações relacionadas à transfusões
• Redução da morbi-mortalidade em pacientes graves
• Praticidade, reprodutibilidade e custo-efetividade
56. 01/11/2019 NSM 56
Referências
1. CALATZIS A., SCHARMAMM W., et al: Management of Bleeding in Surgery and Intensive Care. In: Scharrer I., Schramm W.
(eds) 31st Hemophilia Symposium Hamburg 2000. Springer, Berlin, Heidelberg.
2. GARCIA-NETO, J: O ROTEM tem a habilidade de prever sangramento em cirurgia cardíaca valvar?. Tese apresentada à
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências. São Paulo. 2017.
3. BRENNI, M.; WORN M. et al. Successful rotational thromboelastometry-guided treatment of traumatic haemorrhage,
hyperfibrinolysis and coagulopathy. Acta Anesthesiol Scand, v. 54, p. 111-117, 2010.
4. FERREIRA, C. N.; SOUSA, M. O. et al. O novo modelo da cascata de coagulação baseado nas superfícies celulares e suas
implicações. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 32, n. 5, p. 416-421, 2010.
5. HAAS, T.; SPIELMANN, N. et al. Comparison of thromboelastometry (ROTEM) with standard plasmatic coagulation testing in
paediatric surgery. British Journal of Anaesthesia, v. 1, n. 108, p. 36-41, 2012.
6. SPIEL, A.O., MAYR, F.B. et al. Validation of rotation thrombelastography in a model of systemic activation of fibrinolysis and
coagulation in humans. Journal of Thrombosis and Haemostasis, v. 4, p. 411-416, 2006.
6. THEUSINGER, O.M.; NÜRNBERG, J. et al. Rotation thromboelastometry (ROTEM) stability and reproducibility over time.
European Journal of Cardio-thoracic Surgery, v. 37, p. 677-683, 2010.