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Uma cartografia da
Zona Sul do Rio
Doutoranda Natalí Garcia (nov/2023)
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Inicialmente, uma proposição de Deleuze e Guattari -
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Não busca a representação de um objeto estático...
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nessa complexidade.
não-​
linear. rizoma, multiplicidade, heterogênese,
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é inventiva, cria agenciamentos...
não parte de objetivos apriorísticos,
se transforma enquanto navega.
Cartografia
Cartografia
Referências teóricas:
Deleuze e Guattari
Suely Rolnik
Pistas do Método da Cartografia, vol. 1 e 2
(Kastrup, Escossia e Passos)
Luciano Bedin da Costa - ética cartográfica
Foucault
No contexto de minha tese, faz sentido buscar
aproximações com:
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Teorias de Sistemas (Vivos) - Capra, Luhmann,
Miller, etc?
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"Mapa dos afetos, fluxos, caminhos, percursos que nos fazem trilhar
e ocupar diferentes territórios"
"Tornada palavra, tenta dar conta de apresentar, exibir, fazer ver um
território percorrido em suas forças, e não em suas estases."
"Encontros, a cartografia como um meio de criar territórios, enxergar
esses territórios"
"Penso em forças, potências, movimentos que agenciam os
processos de vida.
"Se colocar neste movimento: o cartógrafo só cartografa ao estar de
corpo inteiro imerso no que se pesquisa. "
"O que faz de uma
cartografia uma
cartografia é o
caminhar na corda
bamba daquilo que
nos toca e nos fere"
"Narrativa. Fluidez.
Andanças."
"Cartografar é
alçar voo."
A cartografia tal como nós a vemos - Poema coletivo. In A cartografia parece ser mais uma ética (e uma política) do que uma metodologia de pesquisa.
Luciano Bedin da Costa. 2020
Referências Projetuais:
Nova Cartografia Social Da Amazônia
Cartografia Da Percepção Popular Do
Orçamento Participativo Em Belo
Horizonte
Story of Place (Regenesis)
Subjective Atlas of Cities
Floresta2
Dissertação Natalí
Cartografias visuais
Outros:
Tese Ana Paula Silveira e
Dissertação Coral
Artigos e Teses X, Y, Z
Alguns mapas sistêmicos (design
sistêmico, ANT/EmE, Luhmann)
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Google Maps e derivações (ex:
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1.
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3.
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5.
Cartografia
http://novacartografiasocial.com.br/
https://opbh.cartografia.org/
https://www.subjectiveeditions.org/
https://regenesisgroup.com/services/story-​
of-​
place
https://www.academia.edu/43499596/floresta_
http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/12014
Zona Sul, Rio de Janeiro
É impressionante o magnetismo das formações rochosas da zona sul da
cidade do Rio de Janeiro. Tais rochas e morros impõem-​
se na paisagem,
gerando em nós um sentimento de reverência, atração e assombro. O
maciço da Tijuca têm grandes ícones do Rio de Janeiro, como o Corcovado
e o Morro Dois Irmãos. De quase qualquer ponto da zona sul avistamos
estes altos picos. É a natureza bruta e amaciada ao longo de milhões de
anos, concentrando história de movimentos geológicos e atraindo a vida -
flora, fauna e ação antrópica.
A paisagem se faz entre morros e vales, entre a floresta e as águas (dos
rios, lagoa e oceano). As formações rochosas são feitas especialmente de
gnaisse facoidal, inclusive a Pedra do Arpoador.
No maciço da Tijuca temos o Parque Nacional da Tijuca, onde temos a
primeira floresta replantada do mundo. É onde também se encontra o
Corcovado com a famosa escultura do Cristo Redentor.
O Morro Dois Irmãos se encontra entre as comunidades Rocinha e
Vidigal e o bairro da Gávea.
Ao sul do Maciço da Tijuca temos os bairros que
compõem a Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro.
Se formos considerar as áreas mais "centrais" temos
Gávea, Leblon, Ipanema, Jardim Botânico, Lagoa,
Arpoador e Copacabana.
Ainda temos outros bairros como a Urca (onde está o
famoso Pão de Açúcar), o Botafogo, entre outros.
Estes bairros compõem o dito "coração metropolitano"
do Rio de Janeiro, reunindo os principais pontos
turísticos da cidade.
Fotos página anterior:
1 - Vista desde Lagoa, sentido Arpoador
2 - Vista da Floresta da Tijuca desde Trilha Pq Lage - Corcovado
3 - Vista do Morro Dois Irmãos e Pedra da Gávea, desde Arpoador
Fotos à direita:
1 - Ilustração do mapa da Zona Sul. Autoria desconhecida.
2 - Vista da Lagoa e arredores, desde Cristo Redentor/Corcovado
No "coração metropolitano" do Rio temos então a Lagoa Rodrigo de Freitas
(chamada de Piraguá inicialmente), que sofreu uma grande transformação na
paisagem por ação do homem. Hoje tem cerca de 2 milhões de m2, metade do que
havia originalmente de espelho d'água. Boas porções foram aterradas, por
exemplo, a região onde se encontra o Jockey Club, sendo a Praça Santos Dumont
uma região que era a margem à esquerda da Lagoa (talvez aterro). É, em
verdade, uma laguna, pois possui conexão com o mar (Ipanema). Em sua história
entendemos como a colonização portuguesa dizimou e apagou os povos originários
(indígenas Tamoios), que eram os mais antigos habitantes da região - e foram
expulsos e mortos - pelas guerras e pelas doenças disseminadas intencionalmente.
1 - Panorama desde a Lagoa, com
Corcovado/Cristo ao centro.
esportes
descanso
trânsito de carros e ônibus
ciclistas
ciclistas
trabalhadores
(carrinhos) moradores de rua
bikes do itaú
bares com pessoas nas calçadas
feiras na praças
quiosques na
bares na lagoa
festas de aniversario
na lagoa
surf arpoador
cachorros na praia do diabo
veículos
comlurb
aluguéis
custo de vida elevado
Projeto
Turismo
Exercício físico
Lazer
caríssimos
orla da praia
Comunidades
economicamente
desfavorecidas
trabalho no
táxis,
uber
diversidade
na praia
ruas arborizadas
avenidas da praia fechadas para
carros aos domingos e feriados
comércio legal
e informal
Zona Sul, Projeto Ocupação
Imagens da página anterior:
1 - Mapa com espelho d'água original da Lagoa. Autoria desconhecida.
2 - "O Último Tamoio" (1883), obra de Rodolfo Amoedo
3 - Captura de instagram @projetopiragua, mostrando foto da Lagoa nos anos 60 - Av. Epitácio
Pessoa, altura do "Corte do Cantagalo" (Av. Henrique Dordsworth)
Linhas e forças de...
1 - Imagem do documentário "Entre Morros e Mares" mostrando o túnel que liga
Copacabana à Ipanema. Fonte: https://www.youtube.com/watch?​
v=nYKN9OI8NTo
2 e 3 - "A Favela da Catacumba foi removida em 1970 pelo antigo governador da
Guanabara, Negrão de Lima. A Catacumba contribuía com o esgoto in natura que era
despejado direto na Lagoa Rodrigo de Freitas. A comunidade tinha cerca de 15 mil
habitantes. Não existia serviço de água potável na comunidade. Foi substituída pelo
Parque da Catacumba, hoje o mais importante parque de esculturas ao ar livre existente
na cidade do Rio de Janeiro." Fonte: https://zeluizfotos.wordpress.com/tag/sacopa/
Para ocupar a Zona Sul e transformá-​
la em cartão postal do
Rio de Janeiro, o homem branco realizou muitas intervenções na
paisagem. Entre aterros e cortes e túneis nos morros, foi-​
se
moldando a paisagem e substituindo um ecossistema por outro -
muito mais social. Também a população mais economicamente
desfavorecida ocupou as margens da Lagoa e seus morros. Em
meados do século XX, algumas comunidades foram expulsas e
morros desfeitos pela prefeitura, substituídos por grandes edifícios
- um processo de gentrificação que só se acentuou com os anos.
Zona Sul, Desigualdade
Fotos da página anterior:
1 - Vista de passagem para Rua Francisco Otaviano desde Arpoador
2 - Vista para a comunidade do Morro Cantagalo desde esquina de R. Souza
Lima com Rua Raul Pompéia, Copacabana
3 - Vista para Morro Cantagalo desde Rua Bulhões Carvalho
4 - Arte na rua, Praia de Ipanema. Artista Fábio (?) / Artista desconhecido
Linhas e forças de...
1 - Homem vasculha lixo no Arpoardor
2 - Placa de passeios de helicóptero na Lagoa, em que um passeio de 15min tem o
valor aproximado de um salário mínimo - R$ 1.240/pessoa.
Há forte convivência de pessoas de repertórios e características sociais
bem diferentes. Enquanto pessoas de condições econômicas mais
favorecidas e turistas curtem, uma grande quantidade de trabalhadores
se esforçam para manter o comércio funcionando (o legal e o informal).
Há ainda, como reflexo dessa desigualdade, moradores de rua e pedintes.
Mas, pelo menos uma vez na semana, as praias e orlas ficam cheias de
diversidade - onde há uma coexistência - ora pacífica, ora conflituosa -
entre ricos e pobres.
A Polícia Militar e Guarda Municipal são bem presentes, em pontos da
orla da praia e entradas de comunidades nos morros, no intuito de
minimizar conflitos e oferecer segurança, sobretudo, aos turistas.
Ainda assim, não é incomum acontecer "arrastões" nas praias.
Zona Sul, Eco-​
turismo
Fotos da página anterior:
1 - Praia do Arpoador
2 - Placa no Parque Lage, informando as muitas trilhas do Parque Nacional da Tijuca
3 - Fungos, desde a Trilha Parque Lage - Corcovado
4 - Palmeiras imperiais do Jardim Botânico
Linhas e forças de...
1- Fragmentos do Maciço e Floresta da Tijuca e a cidade
2 - Placa avisando sobre o trânsito de Capivaras na área de Renaturalização da Lagoa
3 - Macaquinho interagindo com turistas no Corcovado
O Maciço da Tijuca é o mais importante em termos históricos com relação
à evolução urbana do Rio de Janeiro. É também o que possui algumas das
mais interessantes formações rochosas que deram fama ao Rio de Janeiro
assim como tem grande importância ecológica por causa de todos os
setores e trilhas do Parque da Floresta da Tijuca que se estendem sobre
este maciço, sendo um elo de ligação entre a cidade e a natureza.
A natureza e paisagens exuberantes da Zona Sul do Rio atraem pessoas de
todas as partes do mundo. E é notável o esforço em manter parques, vias e
praias limpas e atraentes, fortalecendo o apelo turístico da cidade.
"Nothing can be more striking than the effect of these huge rounded masses of naked
rock rising out of the most luxuriant vegetation." - Darwin, 1889 - Chapter II
Zona Sul, Corpos em Movimento
Fotos da página anterior:
1 - Lagoa
2 - Tenda de Escola de Surf na Praia do Arpoador/Ipanema
3 - Grupo treinando funcional na Praia de Copacabana
4 - Praia de Ipanema
Linhas e forças de...
1 - Avenida da praia de Leblon/Ipanema fechada para carros e motos.
2 - Bikes do Itaú na Lagoa.
3 - Prática de Ioga na Lagoa.
O exercício físico está muito presente nas atividades
percebidas da Zona Sul. Há práticas de esportes desde
futevôlei até surf e canoagem. Ao redor da Lagoa há pista
para pedestres e ciclistas e algumas quadras. Muitos
moradores e turistas correm, praticam Ioga, atividades
aeróbicas, futebol, basquete, andam de bicicleta, entre outros.
A prática do ciclismo é bastante incentivada pelas bikes do
Itaú presentes em todos os lugares e pelas ciclovias ligando
as orlas das praias e a Lagoa.
Também aos domingos e feriados, as avenidas da praia
ficam fechadas para o trânsito de carros e motos, e as
pessoas as ocupam para corrida, caminhadas e lazer.
Apresentação 28/11
Para a apresentação final do trabalho propus uma
atividade que fosse além de uma apresentação
expositiva, ou seja, que, a partir dos insumos produzidos
por mim, pudéssemos discutir sobre a Zona Sul do Rio
com pessoas que ali moram ou estudam. Percebo que
essa socialização é importante no método da Cartografia,
para além da construção de artefatos.
(Importante ressaltar que a atividade foi apenas
ilustrativa do processo idealmente dialógico e
participativo da cartografia).
O encontro durou 2 horas e iniciou com uma
contextualização do método e ética da cartografia. Em
seguida, realizamos uma atividade de aquecimento, onde
foi solicitado aos participantes que desenhassem de
memória o mapa da Zona Sul do Rio, e que também
apontassem lugares e sentimentos relacionados a estes.
Foto da realização de atividade no DaD/PUC-​
Rio, durante
período de aula em 28/11/2023.
Havia no encontro participantes de diferentes bairros da Zona Sul (Leblon,
Botafogo, Flamengo, Vidigal, Jd Botânico, Gávea, Copacabana, Rocinha,...), e
estes compartilharam suas memórias e relações afetivas com o lugar.
Cada representação visual ficou diferente uma da outra. Alguns, por
exemplo, destacaram vias de acesso - avenidas e estradas , mas a maioria
demonstrou lembrar-​
se do território principalmente a partir de marcos da
paisagem (como a Lagoa, Arpoador, Morro Dois Irmãos, Corcovado, etc).
Participantes mencionaram a estreita relação com a natureza que há na
região, onde a sua contemplação assume uma grande importância na
qualidade de vida.
Durante a apresentação do meu percurso cartográfico individual, os participantes
foram comentando e adicionando as suas percepções aos temas.
Foram abordados temas como o contraste social, a desigualdade, trânsito pesado
em determinadas regiões, histórico de governos ruins, entre outros.
Os participantes reforçaram que precisam redescobrir e se reencantar pela
cidade, pois com a rotina e os inúmeros problemas - como a violência e a
pobreza, fica difícil admirar o lado bom da região.
Para isso, propuseram entender a fundo possíveis linhas e forças de comunicação
e colaboração entre diferentes comunidades (ex: Leblon e Vidigal), bem como,
quebrar a rotina e engajar-​
se com atividades físicas mais ligadas à natureza.
"A troca de conhecimento é fonte de inovação, inspiração e riqueza!" -
participante 1, sobre atividade.
"Foi bem legal a oficina.
Penso na palavra FERTILIDADE" - participante 2, sobre atividade.
"Eu percebi como é chato e cansativo a gente sempre só olhar pra
coisas ruins que tem no Rio. Isso já era um pensamento que já vinha
tendo, de tentar enxergar de um outro ângulo a cidade pra coisas
ficarem mais leves. E acho que o encontro que tivemos ontem me
ajudou mais ainda nesse exercício de enxergar a cidade de outro jeito
não tão pessimista" - participante 3, sobre atividade.
"A minha reflexão foi o quanto gosto da minha cidade e fico triste em
vê-​
la tão maltratada. Tenho muitos amigos que foram embora por
violência e eu mesmo não saio muito de casa atualmente -
diferente de quando estou em outros lugares. Gostaria de ver o Rio
bem governado" - participante 4, sobre atividade.
No contexto de um projeto de Design Regenerativo, é fundamental criar
um processo que explore a participação tanto de designers e
especialistas, como de moradores e pessoas que vivenciam o lugar.
Para isso proponho de explorar a intersubjetividade, ou seja,
cartografar individual e coletivamente, e fazer encontrar e ver
múltiplas perspectivas.
Um caminho possível para uma inclusão e representatividade maior
nos dados e insumos gerados é criar círculos de trabalho. Inspirada
pela Sociocracia, entendo ser pertinente ter um representante de cada
comunidade e microrregião que possa conduzir o processo com pares e
ser o porta-​
voz em um grupo mais diverso (que também detenha a
governança do projeto e atue ativamente nas tomadas de decisão).
Isso poderia minimizar a dominância de determinados públicos e
perfis na construção da cartografia e possíveis desdobramentos,
como iniciativas propostas.
Insights
Para a atividade também se pretendia eleger uma controvérsia e possíveis caminhos de ação e então criar novamente um
mapa da Zona Sul, desta vez, coletivamente.
No entanto, visto o curto período de engajamento dos participantes (2h), e o fato de não ser um projeto de base real (para
o qual se pretende dar continuidade às iniciativas pensadas), optou-​
se por encerrar com comentários e reflexões sobre o
processo.
Idealmente, o processo da Cartografia para um Design Regenerativo, deveria explorar as sensibilidades e
intersubjetividades e explorar cenários de uma realidade alternativa. Ou seja, resultado deste trabalho não são
apenas ações planejadas mas a própria comunicação e expressão que possa estabelecer reflexões e discussões
críticas sobre o território nas ecologias do meio ambiente, das relações sociais e das subjetividades (ou cultura).
Entendo que tal iniciativa foi satisfatória, na medida em que ofereceu uma oportunidade para discutirmos e fazer sentido
dos insumos gerados apenas individualmente, porém, destaco que em contexto de aplicação em projeto, este processo
deveria ser participativo do início ao fim e ter uma duração e engajamento estendidos.
Insights
Natalí Garcia
Um percurso cartográfico da Zona Sul, Rio de Janeiro.
Fotos e texto de Natalí Garcia (2023).
Projeto para: ART2210 - Tópicos Especiais em Design X:
Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade- BioDesign
Profs. Carlo Franzato, Cláudio Magalhães e Jorge Santos

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Uma cartografia da Zona Sul do Rio de Janeiro

  • 1. Uma cartografia da Zona Sul do Rio Doutoranda Natalí Garcia (nov/2023) Apresentação de trabalho de conclusão para disciplina ART2210 - Tópicos Especiais em Design X: Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade- BioDesign Profs. Carlo Franzato, Cláudio Magalhães e Jorge Santos
  • 2. Inicialmente, uma proposição de Deleuze e Guattari - (Mil Platôs - Capitalismo e Esquizofrenia). Não busca a representação de um objeto estático... é um acompanhar processos (linhas) estando implicado nessa complexidade. não-​ linear. rizoma, multiplicidade, heterogênese, várias entradas, roteiros... é inventiva, cria agenciamentos... não parte de objetivos apriorísticos, se transforma enquanto navega. Cartografia
  • 3. Cartografia Referências teóricas: Deleuze e Guattari Suely Rolnik Pistas do Método da Cartografia, vol. 1 e 2 (Kastrup, Escossia e Passos) Luciano Bedin da Costa - ética cartográfica Foucault No contexto de minha tese, faz sentido buscar aproximações com: Bruno Latour Regenesis Group Teorias de Sistemas (Vivos) - Capra, Luhmann, Miller, etc? 1. 2. 3. 4. 5. 1. 2. 3.
  • 4. "Mapa dos afetos, fluxos, caminhos, percursos que nos fazem trilhar e ocupar diferentes territórios" "Tornada palavra, tenta dar conta de apresentar, exibir, fazer ver um território percorrido em suas forças, e não em suas estases." "Encontros, a cartografia como um meio de criar territórios, enxergar esses territórios" "Penso em forças, potências, movimentos que agenciam os processos de vida. "Se colocar neste movimento: o cartógrafo só cartografa ao estar de corpo inteiro imerso no que se pesquisa. " "O que faz de uma cartografia uma cartografia é o caminhar na corda bamba daquilo que nos toca e nos fere" "Narrativa. Fluidez. Andanças." "Cartografar é alçar voo." A cartografia tal como nós a vemos - Poema coletivo. In A cartografia parece ser mais uma ética (e uma política) do que uma metodologia de pesquisa. Luciano Bedin da Costa. 2020
  • 5. Referências Projetuais: Nova Cartografia Social Da Amazônia Cartografia Da Percepção Popular Do Orçamento Participativo Em Belo Horizonte Story of Place (Regenesis) Subjective Atlas of Cities Floresta2 Dissertação Natalí Cartografias visuais Outros: Tese Ana Paula Silveira e Dissertação Coral Artigos e Teses X, Y, Z Alguns mapas sistêmicos (design sistêmico, ANT/EmE, Luhmann) Cartografias ecológicas (relevo, hidrografia, etc) Google Maps e derivações (ex: Sampa+Rural) 1. 2. 3. 4. 5. Cartografia
  • 12.
  • 13. Zona Sul, Rio de Janeiro
  • 14. É impressionante o magnetismo das formações rochosas da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Tais rochas e morros impõem-​ se na paisagem, gerando em nós um sentimento de reverência, atração e assombro. O maciço da Tijuca têm grandes ícones do Rio de Janeiro, como o Corcovado e o Morro Dois Irmãos. De quase qualquer ponto da zona sul avistamos estes altos picos. É a natureza bruta e amaciada ao longo de milhões de anos, concentrando história de movimentos geológicos e atraindo a vida - flora, fauna e ação antrópica. A paisagem se faz entre morros e vales, entre a floresta e as águas (dos rios, lagoa e oceano). As formações rochosas são feitas especialmente de gnaisse facoidal, inclusive a Pedra do Arpoador. No maciço da Tijuca temos o Parque Nacional da Tijuca, onde temos a primeira floresta replantada do mundo. É onde também se encontra o Corcovado com a famosa escultura do Cristo Redentor. O Morro Dois Irmãos se encontra entre as comunidades Rocinha e Vidigal e o bairro da Gávea.
  • 15. Ao sul do Maciço da Tijuca temos os bairros que compõem a Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro. Se formos considerar as áreas mais "centrais" temos Gávea, Leblon, Ipanema, Jardim Botânico, Lagoa, Arpoador e Copacabana. Ainda temos outros bairros como a Urca (onde está o famoso Pão de Açúcar), o Botafogo, entre outros. Estes bairros compõem o dito "coração metropolitano" do Rio de Janeiro, reunindo os principais pontos turísticos da cidade. Fotos página anterior: 1 - Vista desde Lagoa, sentido Arpoador 2 - Vista da Floresta da Tijuca desde Trilha Pq Lage - Corcovado 3 - Vista do Morro Dois Irmãos e Pedra da Gávea, desde Arpoador Fotos à direita: 1 - Ilustração do mapa da Zona Sul. Autoria desconhecida. 2 - Vista da Lagoa e arredores, desde Cristo Redentor/Corcovado
  • 16. No "coração metropolitano" do Rio temos então a Lagoa Rodrigo de Freitas (chamada de Piraguá inicialmente), que sofreu uma grande transformação na paisagem por ação do homem. Hoje tem cerca de 2 milhões de m2, metade do que havia originalmente de espelho d'água. Boas porções foram aterradas, por exemplo, a região onde se encontra o Jockey Club, sendo a Praça Santos Dumont uma região que era a margem à esquerda da Lagoa (talvez aterro). É, em verdade, uma laguna, pois possui conexão com o mar (Ipanema). Em sua história entendemos como a colonização portuguesa dizimou e apagou os povos originários (indígenas Tamoios), que eram os mais antigos habitantes da região - e foram expulsos e mortos - pelas guerras e pelas doenças disseminadas intencionalmente. 1 - Panorama desde a Lagoa, com Corcovado/Cristo ao centro.
  • 17.
  • 18. esportes descanso trânsito de carros e ônibus ciclistas ciclistas trabalhadores (carrinhos) moradores de rua bikes do itaú bares com pessoas nas calçadas feiras na praças quiosques na bares na lagoa festas de aniversario na lagoa surf arpoador cachorros na praia do diabo veículos comlurb aluguéis custo de vida elevado Projeto Turismo Exercício físico Lazer caríssimos orla da praia Comunidades economicamente desfavorecidas trabalho no táxis, uber diversidade na praia ruas arborizadas avenidas da praia fechadas para carros aos domingos e feriados comércio legal e informal
  • 19.
  • 20. Zona Sul, Projeto Ocupação Imagens da página anterior: 1 - Mapa com espelho d'água original da Lagoa. Autoria desconhecida. 2 - "O Último Tamoio" (1883), obra de Rodolfo Amoedo 3 - Captura de instagram @projetopiragua, mostrando foto da Lagoa nos anos 60 - Av. Epitácio Pessoa, altura do "Corte do Cantagalo" (Av. Henrique Dordsworth) Linhas e forças de...
  • 21. 1 - Imagem do documentário "Entre Morros e Mares" mostrando o túnel que liga Copacabana à Ipanema. Fonte: https://www.youtube.com/watch?​ v=nYKN9OI8NTo 2 e 3 - "A Favela da Catacumba foi removida em 1970 pelo antigo governador da Guanabara, Negrão de Lima. A Catacumba contribuía com o esgoto in natura que era despejado direto na Lagoa Rodrigo de Freitas. A comunidade tinha cerca de 15 mil habitantes. Não existia serviço de água potável na comunidade. Foi substituída pelo Parque da Catacumba, hoje o mais importante parque de esculturas ao ar livre existente na cidade do Rio de Janeiro." Fonte: https://zeluizfotos.wordpress.com/tag/sacopa/ Para ocupar a Zona Sul e transformá-​ la em cartão postal do Rio de Janeiro, o homem branco realizou muitas intervenções na paisagem. Entre aterros e cortes e túneis nos morros, foi-​ se moldando a paisagem e substituindo um ecossistema por outro - muito mais social. Também a população mais economicamente desfavorecida ocupou as margens da Lagoa e seus morros. Em meados do século XX, algumas comunidades foram expulsas e morros desfeitos pela prefeitura, substituídos por grandes edifícios - um processo de gentrificação que só se acentuou com os anos.
  • 22.
  • 23. Zona Sul, Desigualdade Fotos da página anterior: 1 - Vista de passagem para Rua Francisco Otaviano desde Arpoador 2 - Vista para a comunidade do Morro Cantagalo desde esquina de R. Souza Lima com Rua Raul Pompéia, Copacabana 3 - Vista para Morro Cantagalo desde Rua Bulhões Carvalho 4 - Arte na rua, Praia de Ipanema. Artista Fábio (?) / Artista desconhecido Linhas e forças de...
  • 24. 1 - Homem vasculha lixo no Arpoardor 2 - Placa de passeios de helicóptero na Lagoa, em que um passeio de 15min tem o valor aproximado de um salário mínimo - R$ 1.240/pessoa. Há forte convivência de pessoas de repertórios e características sociais bem diferentes. Enquanto pessoas de condições econômicas mais favorecidas e turistas curtem, uma grande quantidade de trabalhadores se esforçam para manter o comércio funcionando (o legal e o informal). Há ainda, como reflexo dessa desigualdade, moradores de rua e pedintes. Mas, pelo menos uma vez na semana, as praias e orlas ficam cheias de diversidade - onde há uma coexistência - ora pacífica, ora conflituosa - entre ricos e pobres. A Polícia Militar e Guarda Municipal são bem presentes, em pontos da orla da praia e entradas de comunidades nos morros, no intuito de minimizar conflitos e oferecer segurança, sobretudo, aos turistas. Ainda assim, não é incomum acontecer "arrastões" nas praias.
  • 25.
  • 26. Zona Sul, Eco-​ turismo Fotos da página anterior: 1 - Praia do Arpoador 2 - Placa no Parque Lage, informando as muitas trilhas do Parque Nacional da Tijuca 3 - Fungos, desde a Trilha Parque Lage - Corcovado 4 - Palmeiras imperiais do Jardim Botânico Linhas e forças de...
  • 27. 1- Fragmentos do Maciço e Floresta da Tijuca e a cidade 2 - Placa avisando sobre o trânsito de Capivaras na área de Renaturalização da Lagoa 3 - Macaquinho interagindo com turistas no Corcovado O Maciço da Tijuca é o mais importante em termos históricos com relação à evolução urbana do Rio de Janeiro. É também o que possui algumas das mais interessantes formações rochosas que deram fama ao Rio de Janeiro assim como tem grande importância ecológica por causa de todos os setores e trilhas do Parque da Floresta da Tijuca que se estendem sobre este maciço, sendo um elo de ligação entre a cidade e a natureza. A natureza e paisagens exuberantes da Zona Sul do Rio atraem pessoas de todas as partes do mundo. E é notável o esforço em manter parques, vias e praias limpas e atraentes, fortalecendo o apelo turístico da cidade. "Nothing can be more striking than the effect of these huge rounded masses of naked rock rising out of the most luxuriant vegetation." - Darwin, 1889 - Chapter II
  • 28.
  • 29. Zona Sul, Corpos em Movimento Fotos da página anterior: 1 - Lagoa 2 - Tenda de Escola de Surf na Praia do Arpoador/Ipanema 3 - Grupo treinando funcional na Praia de Copacabana 4 - Praia de Ipanema Linhas e forças de...
  • 30. 1 - Avenida da praia de Leblon/Ipanema fechada para carros e motos. 2 - Bikes do Itaú na Lagoa. 3 - Prática de Ioga na Lagoa. O exercício físico está muito presente nas atividades percebidas da Zona Sul. Há práticas de esportes desde futevôlei até surf e canoagem. Ao redor da Lagoa há pista para pedestres e ciclistas e algumas quadras. Muitos moradores e turistas correm, praticam Ioga, atividades aeróbicas, futebol, basquete, andam de bicicleta, entre outros. A prática do ciclismo é bastante incentivada pelas bikes do Itaú presentes em todos os lugares e pelas ciclovias ligando as orlas das praias e a Lagoa. Também aos domingos e feriados, as avenidas da praia ficam fechadas para o trânsito de carros e motos, e as pessoas as ocupam para corrida, caminhadas e lazer.
  • 31. Apresentação 28/11 Para a apresentação final do trabalho propus uma atividade que fosse além de uma apresentação expositiva, ou seja, que, a partir dos insumos produzidos por mim, pudéssemos discutir sobre a Zona Sul do Rio com pessoas que ali moram ou estudam. Percebo que essa socialização é importante no método da Cartografia, para além da construção de artefatos. (Importante ressaltar que a atividade foi apenas ilustrativa do processo idealmente dialógico e participativo da cartografia). O encontro durou 2 horas e iniciou com uma contextualização do método e ética da cartografia. Em seguida, realizamos uma atividade de aquecimento, onde foi solicitado aos participantes que desenhassem de memória o mapa da Zona Sul do Rio, e que também apontassem lugares e sentimentos relacionados a estes. Foto da realização de atividade no DaD/PUC-​ Rio, durante período de aula em 28/11/2023.
  • 32. Havia no encontro participantes de diferentes bairros da Zona Sul (Leblon, Botafogo, Flamengo, Vidigal, Jd Botânico, Gávea, Copacabana, Rocinha,...), e estes compartilharam suas memórias e relações afetivas com o lugar. Cada representação visual ficou diferente uma da outra. Alguns, por exemplo, destacaram vias de acesso - avenidas e estradas , mas a maioria demonstrou lembrar-​ se do território principalmente a partir de marcos da paisagem (como a Lagoa, Arpoador, Morro Dois Irmãos, Corcovado, etc). Participantes mencionaram a estreita relação com a natureza que há na região, onde a sua contemplação assume uma grande importância na qualidade de vida.
  • 33. Durante a apresentação do meu percurso cartográfico individual, os participantes foram comentando e adicionando as suas percepções aos temas. Foram abordados temas como o contraste social, a desigualdade, trânsito pesado em determinadas regiões, histórico de governos ruins, entre outros. Os participantes reforçaram que precisam redescobrir e se reencantar pela cidade, pois com a rotina e os inúmeros problemas - como a violência e a pobreza, fica difícil admirar o lado bom da região. Para isso, propuseram entender a fundo possíveis linhas e forças de comunicação e colaboração entre diferentes comunidades (ex: Leblon e Vidigal), bem como, quebrar a rotina e engajar-​ se com atividades físicas mais ligadas à natureza.
  • 34. "A troca de conhecimento é fonte de inovação, inspiração e riqueza!" - participante 1, sobre atividade. "Foi bem legal a oficina. Penso na palavra FERTILIDADE" - participante 2, sobre atividade. "Eu percebi como é chato e cansativo a gente sempre só olhar pra coisas ruins que tem no Rio. Isso já era um pensamento que já vinha tendo, de tentar enxergar de um outro ângulo a cidade pra coisas ficarem mais leves. E acho que o encontro que tivemos ontem me ajudou mais ainda nesse exercício de enxergar a cidade de outro jeito não tão pessimista" - participante 3, sobre atividade. "A minha reflexão foi o quanto gosto da minha cidade e fico triste em vê-​ la tão maltratada. Tenho muitos amigos que foram embora por violência e eu mesmo não saio muito de casa atualmente - diferente de quando estou em outros lugares. Gostaria de ver o Rio bem governado" - participante 4, sobre atividade.
  • 35. No contexto de um projeto de Design Regenerativo, é fundamental criar um processo que explore a participação tanto de designers e especialistas, como de moradores e pessoas que vivenciam o lugar. Para isso proponho de explorar a intersubjetividade, ou seja, cartografar individual e coletivamente, e fazer encontrar e ver múltiplas perspectivas. Um caminho possível para uma inclusão e representatividade maior nos dados e insumos gerados é criar círculos de trabalho. Inspirada pela Sociocracia, entendo ser pertinente ter um representante de cada comunidade e microrregião que possa conduzir o processo com pares e ser o porta-​ voz em um grupo mais diverso (que também detenha a governança do projeto e atue ativamente nas tomadas de decisão). Isso poderia minimizar a dominância de determinados públicos e perfis na construção da cartografia e possíveis desdobramentos, como iniciativas propostas. Insights
  • 36. Para a atividade também se pretendia eleger uma controvérsia e possíveis caminhos de ação e então criar novamente um mapa da Zona Sul, desta vez, coletivamente. No entanto, visto o curto período de engajamento dos participantes (2h), e o fato de não ser um projeto de base real (para o qual se pretende dar continuidade às iniciativas pensadas), optou-​ se por encerrar com comentários e reflexões sobre o processo. Idealmente, o processo da Cartografia para um Design Regenerativo, deveria explorar as sensibilidades e intersubjetividades e explorar cenários de uma realidade alternativa. Ou seja, resultado deste trabalho não são apenas ações planejadas mas a própria comunicação e expressão que possa estabelecer reflexões e discussões críticas sobre o território nas ecologias do meio ambiente, das relações sociais e das subjetividades (ou cultura). Entendo que tal iniciativa foi satisfatória, na medida em que ofereceu uma oportunidade para discutirmos e fazer sentido dos insumos gerados apenas individualmente, porém, destaco que em contexto de aplicação em projeto, este processo deveria ser participativo do início ao fim e ter uma duração e engajamento estendidos. Insights
  • 37. Natalí Garcia Um percurso cartográfico da Zona Sul, Rio de Janeiro. Fotos e texto de Natalí Garcia (2023). Projeto para: ART2210 - Tópicos Especiais em Design X: Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade- BioDesign Profs. Carlo Franzato, Cláudio Magalhães e Jorge Santos