O documento descreve a metodologia da Estratégia Líder de Opinião Popular (POL) para promover normas de sexo mais seguro em comunidades vulneráveis ao HIV. A intervenção identifica e treina líderes de opinião influentes para difundir mensagens sobre prevenção por meio de conversas informais, com o objetivo de mudar normas sociais e reduzir comportamentos de risco.
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
Pol resumo da metodologia utilizada pela estratégia
1. Depto DST/AIDS/HV # ENSP/FIOCRUZ # CDC/Brasil
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RESUMO DA METODOLOGIA UTILIZADA PELA ESTRATÉGIA
LIDER DE OPINÃO POPULAR (POL)
Resumo e Histórico:
Uma questão chave para a prevenção do HIV é a promoção de normas para o sexo mais
seguro dentro de uma comunidade vulnerável. A teoria que embasa a intervenção
utilizando líderes de opinião popular é conhecida como “difusão da inovação”. Everett
Rogers (1983) desenvolveu sua teoria para compreender como as idéias de uma pessoa ou
de um pequeno grupo de pessoas são difundidas e se tornam aceitas por um grande
número de indivíduos. Rogers descobriu que certos indivíduos são “líderes de opinião”,
fontes confiáveis de informações para outros acerca de um determinado tópico. Se estes
indivíduos adotam um produto ou conceito e divulgam seus benefícios, pouco a pouco
outros indivíduos dentro da comunidade começam a seguir seus exemplos.
Considera-se que a mudança de normas em uma comunidade ocorre mais facilmente
quando:
- As mudanças de comportamento adotadas pelos líderes de opinião parecem valiosas ou
desejáveis.
- Os membros da população estão interconectados em redes sociais coesas e
identificáveis.
- Os líderes de opinião são identificados em cada rede social no interior da população
alvo.
- Há múltiplas redes sociais no interior da comunidade gay e cada rede tem seus próprios
líderes de opinião.
- Um número mínimo de líderes de opinião é identificado e recrutado para demonstrar a
mudança de comportamento ou atitude, de modo a estabelecê-los claramente para os
outros membros da comunidade e, assim, criar uma nova tendência. Rogers acreditava
que cerca de 15% da população priorizada precisa adotar o novo comportamento ou
atitude para que a mudança na norma venha a ocorrer.
Detalhamento da Intervenção:
O POL é uma metodologia de intervenção voltada para a prevenção do HIV que
considera uma comunidade e que ajuda a criar um ambiente social onde determinado
segmento dessa comunidade sinta-se confortável para tomar a decisão de evitar um
comportamento sexual de risco. Desta forma, a força desta intervenção está nas pessoas
que a conduzem, ou seja, membros da própria comunidade. A equipe ou facilitadores
institucionais apenas realizam o trabalho preparatório de planejamento, ensinam técnicas
essenciais de comunicação e acompanham ou dão suporte à intervenção. Portanto, é o
empenho dos membros da comunidade que incentiva as mudanças na maneira de pensar
da própria comunidade sobre como se proteger das DST/HIV. Tais membros da
comunidade, no entanto, têm que ser os indivíduos mais populares e confiáveis, pois a
intervenção “aproveita” sua influência para mudar as normas sociais existentes. Por meio
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desse trabalho, toda a comunidade é influenciada, possibilitando assim redução das
infecções pelo HIV.
A intervenção obtém tal resultado ao mobilizar indivíduos chave para atuar e contribuir na
mudança de “normas sociais” de sua comunidade. Entende-se norma social como uma
regra de comportamento não escrita. As normas sociais têm um importante papel na
definição de comportamentos aceitáveis. Infelizmente, em uma comunidade muitas das
normas referentes ao comportamento sexual são ambíguas ou não valorizam a
necessidade de se evitar comportamentos sexuais de risco.
Os indivíduos chave ou mais populares e confiáveis da comunidade são chamados de
“líderes de opinião” ou “formadores de opinião”, pois são os agentes que podem mudar as
normas sociais ao incluir e endossar qualquer assunto (como sexo mais seguro) em suas
conversas informais com amigos. Os líderes de opinião são identificados e recrutados a
partir das principais redes sociais da população priorizada. Como já dito, um líder de
opinião é considerado (pela comunidade e/ou segmento da população) como fonte
confiável de informações e assim é sempre procurado para conversar sobre temas
específicos ou gerais. Os líderes de opinião são pessoas influentes porque apresentam
características que os tornam atraentes para outras pessoas: podem ser engraçados,
inteligentes, bonitos, sexy, criativos, ou uma combinação destas e muitas outras
qualidades. Qualquer que seja a razão, os líderes de opinião exercem um papel muito
importante na comunidade porque seus comportamentos e valores são geralmente
absorvidos e imitados pelos outros. A influência do líder de opinião pode estar limitada
por sua própria “rede social” ou pode estender-se para outras redes.
Entende-se como rede social um grupo de pessoas que compartilham interesses comuns.
Cada comunidade é composta de muitas redes sociais diferentes. Cada uma delas tem
seus próprios líderes de opinião que podem ser captados/sensibilizados para defender o
sexo mais seguro (por exemplo) dentro da rede social. Dessa maneira, os líderes de
opinião oferecem apoio para que seus amigos e conhecidos evitem comportamentos
sexuais de risco. Se um grande número de pessoas começar a defender mudanças de
comportamento, (sexo mais seguro por exemplo) essa mudança ocorre de fato, alterando a
norma naquela rede (sego mais seguro transforma-se na maneira “correta” de agir). Na
medida em que um número crescente de redes sociais começa a defender de um
comportamento mais seguro, a comunidade inteira adotará esse comportamento (sexo
mais seguro) como norma. Assim, ficará mais fácil para os membros da comunidade
adotar medidas que reduzam o risco do HIV e sustentar estas mudanças. Novas infecções
poderão ser evitadas, portanto.
A metodologia do POL foi testada e sua eficácia comprovada. Observou-se, por exemplo,
e via pesquisas randômicas com homens gays, que a aplicação desse tipo de intervenção
aumentou o uso de preservativos em 50% e reduziu o percentual de homens relatando
sexo desprotegido em 30%.
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Um aspecto fundamental dessa intervenção é a participação de pelo menos 15% da
comunidade alvo nos treinamentos e no início das conversas sobre redução de
comportamentos de risco com outros membros da comunidade. Já foi demonstrado e
documentado que essa é a porcentagem mínima necessária para que as normas sociais
comecem a mudar. Portanto, se a instituição executora consegue recrutar e treinar pelo
menos 15% da população priorizada é bastante provável que o sexo mais seguro se torne
a norma da comunidade.
O modelo dessa intervenção considera quatro momentos distintos. No primeiro trabalha-
se com os conceitos da intervenção e uma breve história do seu desenvolvimento. No
segundo momento (pré-implantação), a instituição identifica a população a ser priorizada,
constrói o apoio comunitário para a intervenção e identifica e recruta os líderes de opinião
que participarão do treinamento. No terceiro momento (implantação) o manual do
facilitador responsável pelas quatro sessões de treinamento é lido e absorvido como
prática a ser executada. Por fim, numa ultima etapa, discute-se e define-se a “manutenção
e avaliação” da intervenção. Cabe salientar que essa última etapa também está fortemente
ligada à etapa 2 acima descrita (planejamento), uma vez que se trata de refletir sobre
como sustentar a intervenção no decorrer do tempo e como avaliar os seus efeitos. Esta
divisão feita aqui feita e posicionamento dessa etapa como ultima do processo, tem
objetivo também de facilitar a utilização do Manual POL, que deve ser seguido por todas
as instituições que implementam intervenções.projetos com esta metodologia.
A assistência técnica é um forte e necessário componente para a implantação do POL,
pois entende-se ser provável fornecer maiores subsídios também para os seguintes desta
intervenção: Identificação de redes sociais; Conversas defendendo a redução de
comportamentos de risco; Recrutamento de líderes de opinião; Fornecimento de retorno
positivo para os líderes de opinião; Exercício de dramatização com os líderes de opinião;
Manutenção da intervenção; Início das conversas sobre redução de comportamentos de
risco pelos líderes de opinião.
Os POL participam de quatro sessões de treinamento durante as quais discutem os fatos e
mitos sobre HIV/Aids, recebem conselhos práticos para trabalhar com a mudança de
comportamento, e aprendem e praticam maneiras de reforçar normas para o sexo mais
seguro por meio de conversas sobre redução de comportamentos de risco com seus
amigos e conhecidos. Após as sessões de treinamento, os líderes de opinião são
convidados a conduzir conversas sobre redução de comportamentos de risco com seus
amigos na comunidade. Essas conversas são facilitadas pelo uso de pôsteres e bottons
(pins) que exibem uma logomarca associada à intervenção/projeto. Os pôsteres expostos
em locais comunitários e o uso dos bottons pelos líderes de opinião ajudam a que as
pessoas da comunidade façam perguntas sobre o projeto e assim facilita a conversa sobre
prevenção e sexo mais seguro.
Para ajudar no recrutamento dos POL, pode-se pedir que cada grupo de líderes de opinião
convide dois amigos para participar do treinamento. Assim, a nova onda de líderes de
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opinião começa o treinamento logo que o primeiro grupo termina. Quando o segundo
grupo completar o treinamento, os membros recrutam um terceiro grupo e assim
sucessivamente. sta forma, cada grupo de líderes de opinião convida o grupo seguinte e
consegue-se chegar ao numero total de pessoas que deve ser atingido pelo projeto (15%).
Este processo chama-se “bola de neve”, pois permite que a intervenção ganhe impulso
com pouco esforço da equipe institucional. Como conseqüência, o número de líderes de
opinião aumenta drasticamente, levando a um crescimento correspondente do número de
conversas sobre redução de comportamentos de risco na comunidade.
Os elementos-chave ou diretrizes principais do POL podem ser resumidos da seguinte
forma:
1. Direcionado a uma população identificável, em locais comunitários bem
definidos, onde o tamanho da população possa ser estimado.
2. Deve-se usar sistematicamente técnicas etnográficas para identificar os
segmentos da população e reconhecer as pessoas mais populares, estimadas e
dignas de confiança em cada um desses segmentos.
3. Durante a vida do projeto 15% da população priorizada e do local onde a
intervenção acontece deve ser treinadas como POL.
4. O treinamento (sessões) para os POL os habilita a iniciar conversas rotineiras
com amigos e conhecidos, onde mensagens sobre a redução de
comportamentos de risco são utilizadas/repassadas
5. O treinamento (sessões) para os POL os instrumentaliza em formas de
comunicação eficazes voltadas para a mudança efetiva de comportamento,
tendo como alvo atitudes, normas e intenções.
6. O(s) grupo(s) de POL devem se encontrar semanalmente para
sessões/reuniões/conversas visando compartilhar experiência e também
aprimorar suas habilidades e aumentar sua autoconfiança (considerando
avanços e desafios). Nessas sessões/reuniões utilizam-se, sobretudo, exercícios
de dramatização para auxiliar os POL, demonstrando assim (e também) como a
comunicação com outros membros da comunidade sobre prevenção do HIV
pode ser mais eficaz e efetiva
7. Tais grupos devem ser pequenos o suficiente para possibilitar melhores
oportunidades em relação aos exercícios práticos, de modo que todos os POL
possam desenvolver suas habilidades comunicacionais e se sintam confortáveis
na transmissão de mensagens sobre prevenção e sexo mais seguro.
8. Entre essas sessões, os POL estabelecem metas a serem alcançadas em termos
de conversas com amigos e conhecidos da população priorizada sobre a
redução de comportamentos de risco (i.e. quatro conversas com diferentes
amigos a serem feitas no prazo de 08 dias).
9. O resultado alcançado pelas conversas realizadas (metas estabelecidas) é revisto
e discutido nas sessões de treinamento subseqüentes repactuando, novas metas
a serem alcançadas.
10. Logomarcas ou símbolos são usados como identificação e facilitados de
conversas na interação entre os POL e outros membros da comunidade.