SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 83
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALEGRETE
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
MILTON JAIRE CUNHA POSPICHIL
ALEGRETE – RS
2004
MILTON JAIRE CUNHA POSPICHIL
CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Rosário do Sul, Janeiro de 2004
2
Monografia apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Educação da Universidade
da Região da Campanha – Campus
Universitário de Alegrete (RS), como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Educação.
Orientadores:
Profª Esp. Leia Palma Caldeira
Profª Esp. Marilene Cortes
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALEGRETE
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Curso de Pós-Graduação – Especialista em Educação
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia
CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Elaborado por:
MILTON JAIRE CUNHA POSPICHIL
Como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação
Profª Leodovina Pedroso Soares
Coordenadora do Curso
Prof(a): Profª Esp. Leia Palma Caldeira
Orientador(a)
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________ ______________________________
___________________________________
3
Alegrete, de Janeiro de 2004.
AGRADECIMENTOS
A Deus,
pelo dom da vida;
A minha família,
pela paciência e cooperação;
Aos professores que me deram o apoio e estímulo;
Em especial à colega e amiga Professora Cláudia Del’Olmo Soares Monte,
pelo apoio incessante na elaboração desta monografia;
Ao colega e amigo, meu ex-aluno, Professor Adilson Leones Godoi de Carvalho,
pela parceria e coleguismo durante o período de aula.
4
DEDICATÓRIAS:
Aos professores de Técnicas Agrícolas das Escolas Polivalentes;
Às futuras professoras do Curso Normal do Instituto Menna Barreto e outros;
Aos colegas que participaram da Pós-Graduação.
5
RESUMO
A presente Monografia tem por finalidade “contribuir na Área de
Educação Ambiental para a formação de Professores de Educação Infantil e
Séries Iniciais do Ensino Fundamental”. É seu objetivo oportunizar uma vivência
das práticas agrícolas para os alunos do Ensino Médio - Curso Normal -, através da
relação teórico-prática, propostas em atividades práticas, voltadas para a construção
de uma nova postura pedagógica frente a questão ambiental. Tanto como
abordagem ecológica como em consonância com os Parâmetros Curriculares
Nacionais, estas atividades foram organizadas de acordo com os objetivos do curso
que as habilita de uma forma interdisciplinar e consciente de sua formação
profissional e da jornada educador onde o conhecimento da nossa realidade
fortalece cada vez mais o indivíduo como um todo. Para tanto, ser professor é ser
um buscador de alternativas de adquirir conhecimentos e estes aplicados aos seus
alunos, com certeza, advirão os frutos desta atividade. Neste Projeto, foram
trabalhados os assuntos de aplicação direta às práticas agrícolas executadas numa
horta, desde o preparo do solo, a semeadura, os cuidados com as plantas, até a
hora da colheita, evidenciando-se, com certeza, os aspectos ecológicos de cultivo e
de preservação do meio ambiente. Através de tarefas em sala de aula, vídeo,
laboratório de Informática e principalmente áreas com hortas instaladas os alunos
puderam vivenciar estas práticas que durante os pré-estágios a que são sujeitas,
com as séries iniciais, puderam desenvolver práticas similares, ou seja, o plantio de
mudas de flores, a valorização das áreas verdes e dos ambientes naturais da escola
e da comunidade. Nesta concepção trabalhamos ainda as questões ambientais
frente à Educação, formação de professor e a Cidadania.
6
INTRODUÇÃO
A presente monografia busca contribuir na área de Educação
Ambiental para a formação de Professores de Educação Infantil e Séries Iniciais do
Ensino Fundamental.
A abordagem é efetuada a partir de noções de Educação Ambiental,
sua concepção. A investigação utiliza a prática agrícola como pressuposto para o
desenvolvimento das atividades proporcionadas, vivenciado através das tarefas
mínimas executadas na instalação e manutenção de uma horta.
As referências citadas ao longo do trabalho têm fundamental
importância teórico como suporte pedagógico.
Compõe-se o trabalho de quatro capítulos: no primeiro se abordam o
ressignificado de Educação Ambiental. No segundo, reportando os fatos históricos
da Educação Ambiental da consciência ecológica mundial e suas relações ao longo
do tempo. O terceiro capítulo se ocupa da Educação Ambiental no contexto escolar,
desde a sua importância na consolidação desta prática pedagógica, detendo-se
ainda nas contribuições das teoria de Piaget e Vygotski. O último capítulo estuda a
E. A. e o fazer pedagógico, trazendo uma síntese do Projeto Político Pedagógico da
Escola, suas concepções de educação, de trabalho, de currículo, etc.
Essa é a ênfase do trabalho propriamente dito. Uma busca incessante
com vistas ao encontro do conhecimento projetado, na expectativa de alcançá-lo.
Sem dúvida, o ponto de partida é a continuação do ensino da Educação Ambiental
nas escolas como um novo modo de viver democrático e harmônico entre o homem
e a natureza.
Centra-se a Monografia, por fim, na prática pedagógica oportunizada através
do projeto, buscando-se delinear uma contribuição prática, como proposta ao Curso
Normal.
7
SUMÁRIO
Considerações iniciais ...................................................,,......................... 8
Introdução .......................................................................................................... 12
1. RESSIGNIFANDO O CONCEITO DE EDUCAÇAO AMBIENTAL... 13
2. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.................................... 22
2.1 Educação Ambiental: Ontem e Hoje .......................................... 22
2.1.1 Educação Ambiental no Brasil: Ontem e Hoje ........................... 24
2.2 Aspectos Legais ........................................................................ 30
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR ........... 36
A Questão Ambiental na Educação ........................................... 36
Educaçao, Meio Ambiente e Cidadania ...................................... 38
O Aprender a Aprender na Visão de Pedro Demo .....................41
Contribuições para a Educação Ambiental na Visão de Piaget e
Vygotski ...................................................................................... 44
O Professor e a Educação Ambiental ........................................ 47
A Formação de professores e a Educação Ambiental ............... 50
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O FAZER PEDAGÓGICO ............ 53
O Planejamento Participativo e a Proposta Pedagógica da Escola 55
Relato das Experiências ............................................................... 62
4.2.1 Cronograma da distribuição das aulas ........................................ 67
Depoimentos dos Grupos de Alunas do Curso Normal ................ 69
Práticas agrícolas nas Escolas de Ensino Fundamental ............... 74
CONCLUSÃO .............................................................................. 77
BIBLIOGRAFIAS ...........................................................................
ANEXOS ........................................................................................
8
9
10
11
12
1 RESSIGNIFICANDO O CONCEITO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
(...) onde se faz Educação seriamente, educadores e educandos
porque comprometidos e porque conscientes, desenvolvem uma
atitude de profundo respeito pelos homens e pela natureza (...).
(GARCIA, 1993, p.35).
A Educação Ambiental está intimamente ligado ao próprio surgimento
do homem e de seu longo processo evolutivo no tempo e no espaço.
Os homens aprenderam a controlar o fogo muito antes de começarem
a utilizar a escrita. Essa última descoberta é considerada o marco entre a Pré-
Historia e a História; entretanto, o controle do fogo foi muito mais significativo para o
conjunto da sociedade do que a invenção da escrita: todos os homens aprenderam a
fazer fogo e a dele se utilizarem em múltiplas aplicações, enquanto que o domínio
da escrita permaneceu restrito a uma camada privilegiada, ou seja, ainda hoje
existem pessoas extremamente analfabetas. Ao contrário das outras espécies
animais, o homem é relativamente mal equipado fisicamente para enfrentar as
condições do meio natural. Devido a essa “fragilidade” física, o homem, dotado de
um cérebro grande e complexo, foi obrigado a fazer o seu equipamento material
(instrumentos de defesa, de ataque, vestuário, etc.), transformando a Natureza,
adaptando-se às condições ambientais, fazendo a sua própria cultura, consolidando,
assim, o seu domínio sobre a Natureza, enfim, tornando-se um criador (“a sua
própria força”).
No Período Paleolítico, os homens viviam em bandos, praticavam uma
economia coletora, de subsistência (caça, pesca e coleta de frutos e raízes
comestíveis) e, a propriedade dos meios de produção (florestas e rios) era coletiva.
Foi a profunda transformação ocorrida no interior da comunidade primitiva, quando a
13
economia, antes coletora e predatória, se transformou em produtora, através do
início da agricultura e da domesticação dos animais.
O homem primitivo ao dominar a Natureza realiza uma revolução – no
seu modo de vida. A revolução neolítica trouxe uma economia produtora, com
produção de excedentes agrícolas, aparecimento da metalurgia, domínio do uso dos
metais (cobre, bronze e, depois, ferro), divisão do trabalho entre agricultores e
artesões; aparecimento da escravidão, utilização da energia animal (arados de bois),
e dos ventos; invenção da roda, aplicada aos transportes (carro de bois), e ao
artesanato (cerâmicas e do barco à vela) onde:
Os homens primitivos observaram muito a Natureza, experimentando
e descobrindo novas formas de relacionar-se com ela .( AQUINO,
1989).
Lentamente ao longo de seu processo histórico o homem, a partir de
sua fixação na terra – sedentalização – vai assegurar sua subsistência a partir da
crescente exploração dos recursos naturais.
As primeiras sociedades organizaram-se às margens dos grandes rios:
Subárea do Oriente Próximo, em forma de meia-lua, onde predominavam os vales e
planícies aluvionais. Formado pelo Egito (Vale do Nilo), Síria, Palestina (vales e
planícies e estreita faixa litorânea) e Mesopotâmia (curso inferior dos rios Tigre e
Eufrates), ainda rio Amarelo na China, e do Indo e do Ganges na Índia, onde: “As
cheias periódicas, depositando nas margens dos rios um adubo fértil, tornando a
economia agrícola excepcionalmente fecunda”.
Para o homem primitivo, a terra onde plantava não existia separada
das suas relações sociais. Não era desligada da sua vivência religiosa, da sua
relação de parentesco, enfim, de todos os aspectos que faziam parte de sua
existência. A terra tinha uma dimensão sagrada. Ele criou ritos mágicos para auxiliá-
lo a vencer a Natureza. Foram os ritos mágicos que deram as primeiras
manifestações artísticas desenhadas e pintadas nas cavernas com carvão, tintas
minerais e vegetais, simbolizando a fecundidade da Natureza: assim como as
crianças nascem das mulheres, as plantas e os frutos nascem da mãe-Natureza,
pois:
14
O homem primitivo dependia universalmente da Natureza (...) da
sucessão regular das estações, da queda das chuvas nas ocasiões
apropriadas e o crescimento das plantas e da reprodução dos
animais. Esses fenômenos naturais não ocorreriam a não ser que ele
cumprisse certos sacrifícios e ritos. Instituiu, assim, cerimônias
destinadas a fazer chover, nas quais se borrifava água sobre espigas
de milho para imitar a precipitação das chuvas (...) A totalidade dos
habitantes de uma aldeia, ou mesmo dos componentes da sua tribo,
vestia peles de animais e arremedava os hábitos e atividades de
algumas espécies da qual dependesse para a obtenção de alimento.
Pareciam ter a vaga noção de que, com o imitar o gênero de vida da
espécie, estavam contribuindo para garantir a sobrevivência dela.
(AQUINO, 1989, p. 20).
Ainda hoje, na América Latina, Oceania, África e Ásia, povos pré-
letrados maravilham-se com os ciclos do nascimento e morte, expressando sua
íntegra ao da Natureza através de rituais cuja principal característica é a vivência a
participação de todos os membros da tribo nas cerimônias religiosas. A economia e
a vida da tribo são cíclicas e repetitivas, como também o são a própria Natureza e o
organismo humano.
Complexos e elaborados sistemas explicativos introduzem entre os
grupos humanos, animais, plantas e acidentes geográficos unidos ao homem por
laços míticos de parentesco, propiciando a compreensão sobre estabilidade e o
sentido dos fenômenos da Natureza.
Isso ocorre, com as diversas tribos indígenas brasileiras que habitam o
Parque Nacional do Xingu e que tem em comum nas suas tradições míticas,
aspectos que explicam a origem e o domínio das forças naturais, bem como o papel
desempenhado pelo herói lendário, que ensina aos homens civilizados, como se
ambientar ao meio:
Que seria do homem sem os animais? Se todos os animais
desaparecessem, o homem morreria de grande solidão de espírito.
Porque tudo o que sucede aos animais não tarda a suceder ao
homem. Todas as coisas estão ligadas. - Carta do Cacique Seattle
ao Presidente dos Estados Unidos.
Ao buscar lucros com os excedentes e principalmente o poder sobre os
outros homens é que o meio ambiente passou a ser desrespeitado, pois, enquanto a
população humana era proporcionalmente pequena, as alterações ambientais
15
provocadas por técnicas inadequadas de manejo tinham dimensão regional e, na
maioria das vezes, provocavam danos irreversíveis. Enquanto, o crescimento
populacional e a industrialização multiplicaram em muitas vezes o poder de ação
humana. Como conseqüência, a grande maioria das interferências tem se mostrado
extremamente danoso para a manutenção do equilíbrio ambiental e para a
sobrevivência dos seres humanos.
Dentre todos os avanços do homem, é imprescindível destacar o
advento da Revolução Industrial na Inglaterra (1777) mais o conjunto de mudanças
sociais ocorridas na Europa marcando para sempre a trajetória do homem – devido
a suas conseqüências.
Esta mudança no modo de produção, que levou a sociedade mundial
ao Capitalismo Industrial e hoje ao Industrial Financeiro, transformou as relações
econômicas, sociais e principalmente o meio ambiente.
Hoje, sabemos que a maioria dos problemas ambientais tem suas
raízes em fatores sociais, econômicos, políticos, culturais e éticos.
Os modelos de desenvolvimento econômico adotado pelos países ricos
são causadoras de degradação ambiental. Tais modelos, nos países pobres, além
da degradação ambiental causam desigualdades sociais e a miséria.
O homem de hoje tem muitas razões para se orgulhar de suas
conquistas em todas as áreas. Nunca, em tempo algum, se acumulou tanto saber
em tão curto espaço de tempo, favorecendo a reformulação das Ciências e
colocando nas mãos do homem um enorme poder.
Em face do domínio crescente sobre o Universo, colocam-se inúmeras
situações preocupantes – fome, violência, desagregação social, poluição, doenças –
que aparecem como sintomas de uma grave enfermidade e conduzem a uma seria
reflexão sobre a vida no planeta. Os problemas do meio ambiente deixam de ser
preocupação só dos ecologistas e passam a preocupar os meios políticos
econômicos e científicos, constituindo-se, inclusive, em pautas de “Reuniões
16
Ministeriais”, de “Encontros de Países Ricos e Pobres” e de “Conferências
Científicas”.
Ainda assim, não se pode ser ingênuo a ponto de pensar que os
problemas ambientais seriam equacionados apenas por medidas políticas. Eles
precisam ser tratados como conseqüência que são de várias causas sociais,
econômicas, científicas, filosóficas e educacionais.
As principais causas dos problemas do Meio Ambiente estão
relacionados com questões sócio-político-econômicas e seus equacionamentos
exigem o posicionamento da sociedade, através de novos valores, para que se
possa garantir a continuidade e a qualidade de vida.
A dinâmica dessas relações sugere a necessidade de novos valores
como garantia para a continuidade e qualidade de vida, ainda que tais valores
dependem do desenvolvimento de uma consciência crítica e de uma consciência
ética e, conseqüentemente, de uma consciência ecológica.
Nesse contexto faz-se necessário o entendimento de Meio Ambiente
como uma questão cultural, pois, para uns, a maior parte dos problemas atuais pode
ser resolvida pela comunidade científica, pois confiam na capacidade da
humanidade produzir novas soluções tecnológicas e econômicas a cada etapa, em
resposta aos problemas que surgem, permanecendo basicamente no mesmo
paradigma civilizatório dos últimos séculos.
Para outros, a questão ambiental representa quase uma síntese dos
impasses que o atual modelo de civilização acarreta, pois consideram o que se
assiste no final do século XX, não só como crise ambiental, mas civilizatória, e que a
superação dos problemas exigirá mudanças profundas na concepção de mundo, de
natureza, de poder, de bem-estar, tendo por base novos valores. Faz parte dessa
nova visão de mundo a percepção de que o ser humano não e o centro da natureza,
e deveria se comportar não como seu dono mas, percebendo-se como parte dela, e
resgatar a noção de sua sacralidade, respeitada e celebrada por diversas culturas
tradicionais antigas e contemporâneas.
17
É preciso encontrar uma outra forma de adquirir conhecimentos que
possibilite enxergar o objeto de estudo com seus vínculos e também com o contexto
físico, biológico, histórico, social e político, apontando para a superação dos
problemas ambientais. A problemática ambiental exige mudanças de
comportamentos, de discussão e construção de formas de pensar e agir na relação
à natureza. Isso torna fundamental uma reflexão mais abrangente sobre o processo
de aprendizagem daquilo que pode ser importante, mas que não se consegue
compreender suficientemente só com lógica intelectual. Hoje essa necessidade é
clara.
E, aponta também, para atividades que possibilitem o estabelecimento
de relações entre os problemas ambientais e os fatores econômicos, culturais ,
políticos e históricos, objetivando uma análise crítica das questões ambientais.
Justificando a importância que é conferida a este aspecto da Educação Ambiental,
cabe citar as palavras a seguir:
(...) somente quando compreender os temas de seu tempo é que os
homens podem interferir na realidade em vez de serem meros
espectadores. E somente desenvolvendo uma atitude
permanentemente crítica é que os homens poderão superar uma
postura de ajustamento. (FREIRE, apud GIROUX, 1997, p.108).
Para isso, é imprescindível pensar Educação Ambiental como caminho
para a formação de um cidadão consciente e crítico. Tal formação, fundamenta-se
também no conhecimento do ambiente natural, cultural e social. A construção dessa
consciência relaciona-se com o sentir do indivíduo como parte integrante do meio
em que vive, suas múltiplas relações econômicas, políticas, sociais e ecológicas.
Implica no estabelecimento de critérios de uso racional do ambiente, visando com
isso não só a sobrevivência das espécies e do próprio homem.
Assim, a conscientização construída pela Educação Ambiental requer
uma ampliação da visão de mundo, visão que supera o antropocentrismo estreito
atingindo a perfeita integração homem/homem, homem/natureza, pois:
É incontestável que entre os seres da natureza o homem ocupe o
lugar de preeminência. A ele foi consignado o poder de administrá-la
e dar-lhe significado, pois sem a sua inteligência, o mundo careceria
de sentido. Nem por isso a concepção dominadora – que finca suas
18
raízes na antiguidade judaica e o define como ‘rei da criação’ e
‘senhor do universo’ – parece hoje invulnerável à crítica (...) (SEARA
FILHO, 1992,p.40).
Tal crítica exige uma desacomodação, com a transferência de valores
do “ter” para o “ser”, oportunizando o questionamento da sociedade e de seu modelo
de desenvolvimento, dos quais decorrem a desintegração, o descomprometimento e
a desarmonia.
Concebida assim, a Educação Ambiental é a educação do homem na
sua integridade. É um processo contínuo de aprendizagem construindo o
conhecimento e exercendo a cidadania de forma efetiva. Pois ao mesmo tempo em
que o estudo do solo, da água, do ar, dos principais grupos de animais e vegetais,
das trocas de energia, através de atividades experimentais e complementado com
investigações sobre a poluição e agressões aos ecossistemas, constituem
elementos para que os alunos construam sua cidadania na medida em que atuam
de forma crítica e ativa e não como espectadores passivos do cotidiano; o estudo e
as descobertas sobre a realidade próxima, com possibilidade de um posicionamento
crítico do educando, a partir da exposição e defesa de seus pontos de vista é,
também, um exercício indispensável par a significação dos valores que vem sendo
desenvolvidos desde a entrada no ensino fundamental. Estes valores dizem respeito
ao ambiente e a consciência crítica referente a racionalização, na utilização dos
recursos naturais.
A preocupação ambiental perpassa, hoje, vários setores da sociedade
e se reflete no ensino e na escola. Tanto que, após a Lei Nº 9795, de 27 de Abril de
1999, que criou a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), o Ministério da
Educação apresentou a sociedade brasileira os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN) em 1997, que passou a orientar metodologicamente a implantação do tema
nas escolas, onde, entre os objetivos propostos, destaca-se que os alunos sejam
capazes de:
- perceber-se integrante, dependente e agente transformador do
ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles,
contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente. PCN –
pág. 7 – Livro Amarelo.
19
É preciso, no entanto, cuidado ao referir-se a temática ambiental, para
que esta não se torne um tema ou termo vazio, tão amplo e absoluto que não se
consiga colocar em prática. Quanto a esta preocupação, “é preciso difundir a
conservação do meio ambiente, dos recursos naturais, mas também preparar para a
cidadania, para o convívio com outros seres. Educação Ambiental tem, hoje, uma
dimensão ampla”, nos alerta o Professor Eduardo Mazzaferro Ehlers, Coordenador
do Curso de Tecnologia e Gestão Ambiental da Faculdade do SENAC.
A partir destes pressupostos entende-se que questões relacionadas à
Educação Ambiental, dão ênfase, as relações existentes entre os aspectos
filosóficos, sociais, econômicos e culturais, já mencionados, que imprimem um
caráter interdisciplinar a Educação. O próprio papel da escola, conceitos de
currículo, formação de professor, inter-relações sociais, econômicas, políticas e
filosóficas precisam ser consideradas na definição dos objetivos e metas desta,
A Educação Ambiental deve promover uma tomada de consciência e
uma compreensão da evolução do meio social e físico e sua
totalidade, seus recursos naturais, artificiais, culturais e espirituais,
junto ao uso e a conservação racional desses recursos par o
desenvolvimento. (Conferência de Educadores Africanos,
Membassa, Kenia, 1968, apud Mayha – Nunes, 1991,p.65).
A construção coletiva origina-se da participação e a escola é o espaço
ideal para o seu desenvolvimento. É onde o indivíduo pode se preparar para o
exercício da cidadania, para a co-responsabilidade na tomada de decisões que
afetam o coletivo para o engajamento na tarefa de construir uma sociedade
comprometida pois: se a escola pretende estar em consonância com as demandas
atuais da sociedade, é necessário, segundo os PCN, que trate de questões que
interferem na vida diária dos alunos, contribuindo para a formação do cidadão
participativo, plenamente reconhecido e consciente de seu papel na sociedade. A
definição oficial da Educação Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente, diz mais
ou menos a mesma coisa:
Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os
indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente
e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e
determinação que os torna aptos a agir – individual e coletivamente
– e resolver problemas ambientais presentes e futuros. Ministério do
Meio Ambiente.
20
A Educação Ambiental deve pautar-se nos valores da solidariedade, da
cooperação, do respeito e do compromisso com o coletivo, da participação e da
responsabilidade.
Estes, vinculando-se as finalidades da Educação Ambiental de:
• Ajudar a compreender claramente a existência e a importância da
interdependência ecológica, social e política nas zonas urbanas e rurais.
• Proporcionar para todas as pessoas a possibilidade de adquirir os
conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as
aptidões para proteger o meio ambiente.
• Apontar novas pautas de conduta aos indivíduos, aos grupos sociais e a
sociedade em conjunto, de respeito ao meio ambiente.
Assim, o desenvolvimento da Educação Ambiental, hoje, objetiva a
uma nova concepção de sociedade, outro modo de vida, que depende de um novo
homem, sujeito de uma nova educação, pois não se preocupa apenas do
conhecimento sobre o meio ambiente, mas busca sobretudo uma mudança
significativa de comportamento.
21
2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Ainda que suas raízes intelectuais sejam antigas, a Educação
Ambiental, tal como se descreveu em Estocolmo, é um conceito
relativamente novo, (...). (MAYNÉ-NUNES, 1991, in Revista de la
Confederación Interamericana de Educación Católica, p.65).
2.1 Educação Ambiental: ontem e hoje
O surgimento e desenvolvimento da Educação Ambiental, cuja origem
data dos anos 60, nasceu na tomada de consciência de que a Revolução Industrial e
o desenvolvimento tecnológico, ao lado dos benefícios gerados para a humanidade,
provocaram uma série de conseqüências desastrosas, o que tornou urgente e
necessária a sensibilização das populações quanto à responsabilidade de cada
indivíduo.
Em várias partes do mundo, a poluição causada pelas industrias estava
destruindo os rios e tornando o ar das cidades muito carregado de gases venenosos
e poeira tóxica.
Além disso, o uso abusivo e incorreto de fertilizantes e biocidas
(inseticidas, fungicidas, herbicidas...) estava envenenando as águas e os solos
causando o desaparecimento de espécies de animais e vegetais.
Em 1962, a jornalista Raquel Carson em seu livro “Primavera
Silenciosa”, denunciava a ação destruidora do homem, em todo o mundo,
degradando o ambiente.
Em 1968, a Unesco realizou um estudo comparativo, respondido por 79
países, sobre o trabalho desenvolvido pelas escolas com relação ao meio ambiente.
22
Nesse estudo, formularam-se proposições que depois seriam aceitas
internacionalmente, entre elas:
• a Educação Ambiental não deve se constituir numa disciplina;
• por “ambiente” entende-se não apenas o entorno físico, mas
também os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos
inter-relacionados. (p.229).
Mas, somente em 1972 a Organização dos Estados Unidos (ONU),
após uma grande discussão internacional, promoveu a Conferencia da ONU sobre o
Ambiente Humano, realizado em Estocolmo, Suécia. Compareceram representantes
de 119 países, inclusive o Brasil.
Ao final da Conferência de Estocolmo – como ficou conhecida – recomendou-
se a criação de um Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA) e
reconheceu-se que o seu desenvolvimento era fundamental para o combate à crise
ambiental no mundo.
Especialistas de 65 países reuniram-se em Belgrado, Iugoslávia
(1975), para formular os princípios e orientações para o PIEA.
Então, a UNESCO (Organização das Nações Unidas Para Educação,
Ciência e Cultura), em cooperação com o PNUMA (Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente), realizou em Tbilisi (Geórgia, ex-URSS) a Primeira
Conferência Intergovernamental Sobre Educação Ambiental (1977).
A Conferência de Tbilisi – como ficou conhecida – foi o encontro
decisivo para os rumos da Educação Ambiental no mundo. Ficaram definidos seus
objetivos, características, estratégias e recomendações.
A Educação Ambiental teria por objetivo considerar o meio ambiente
em sua totalidade, ser continua, atingir todos, ocorrer dentro e fora da escola e
examinar as questões ambientais locais, nacionais e internacionais, sob enfoque
interdisciplinar.
23
A Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das
Necessidades Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência Mundial sobre
Educação para Todos, realizada em Jontien, Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990,
reitera:
(...) confere aos membros de uma sociedade a possibilidade e, ao
mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua
herança cultura, lingüística e espiritual, de promover a educação de
outros, de defender a causa da justiça social, de proteger o meio
ambiente (...).
É neste contexto que começa a ser preparada a Conferência Rio-92,
cuja grande preocupação se centra nos problemas ambientais globais e nas
questões do desenvolvimento sustentável. Aqui são lançados os desafios
fundamentais às políticas dos governos das nações para o próximo milênio.
Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento – Rio-92, cujo principal documento assinado pelas partes foi a
Agenda 21, define ações fundamentais nas quais os governos deverão basear-se
para elaboração de suas políticas nacionais. Em seu capítulo 36 [grifados por mim]
– Promoção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento – propõe a
reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento sustentável e enfatiza a
importância da educação permanente sobre o meio ambiente, centrado em
problemas locais.
Historicamente a Educação Ambiental é um processo educacional
criado ao longo de muitos anos através de estudos de milhares de especialistas, que
tem uma visão global das necessidades do homem e da natureza entrelaçadas em
um objetivo comum que é a manutenção da qualidade de vida de todos os seres do
planeta. Em vista da existência de problemas ambientais em quase todas as regiões
do país, torna-se importantíssimo o desenvolvimento e implantação de programas
educacionais ambientais, os quais são de suma importância na tentativa de se
reverter ou minimizar dos danos ambientais.
2.1.1 Educação Ambiental no Brasil: ontem e hoje
24
No Brasil, a questão ambiental é histórica e está embasada no próprio
processo de formação político, econômico e social do país que tem sua história, ou
seja, a história de Colônia, profundamente ligada às diretrizes do Mercantilismo.
É importante salientar, que o Mercantilismo foi a política adotada pelas
potências européias do século XVI ao XVIII, a fim de promover a prosperidade
nacional e aumentar o poder do Estado. Os objetivos mercantilistas levaram os
países europeus, as metrópoles, a se lançarem em navegações marítimas, na busca
de colônias em regiões distantes, sobretudo na América, para exploração
econômica através do domínio do território e imposição de uma cultura diferente.
A nossa colonização foi sobretudo obra dos portugueses, dominando
vasto território e suas populações, assumiram o controle e direção de tudo, aqui
atuando em forma dominadora durante três séculos, deixando-nos como herdeiros
daquilo que realizaram e que constitui o nosso passado colonial.
O grande objetivo da Colonização Portuguesa no Brasil: explorar as
riquezas naturais da terra recém descoberta, assim,
(...) era do Brasil que saia a tinta que coloria os tecidos e servia para
escrever; o açúcar e o cacau que a Europa consumia; o couro com
que se fazia os calçados e o algodão com que os ingleses se
vestiam; o ouro que adorna os palácios e igrejas; o tabaco e a
aguardente para a África... (AQUINO, 1999, p.77).
Dessa forma, o Brasil iniciou sua historia propriamente dita, num
contexto de exploração ambiental onde a Mata Atlântica, que em 1500, cobria
aproximadamente 12 % do território brasileiro, apresenta apenas 7% da sua
extensão original, (IBGE 2000), espalhados ao longo da costa e algumas regiões do
interior. A cultura da cana-de-açúcar provocou o esgotamento dos solos, devido a
utilização sucessiva da mesma terra ao longo dos anos, assim como a prática da
queimada como forma de limpeza dos canaviais e florestas, devastando-as
juntamente com elas os animais. Subverteu o equilíbrio ecológico do Nordeste,
legando para o futuro, uma terra àrida, incapacitada para as culturas de plantas
alimentares, sujeita a ciclos de seca e fome até os dias de hoje.
25
Infelizmente, no Brasil, a Educação Ambiental foi confundida apenas
como Ecologia e iniciou-se de forma errada.
Passados dez anos da Conferência de Tbilisi, a UNESCO e o PNUMA
promoveram o Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambientais,
em Moscou, Rússia (1987), quando foram analisadas as conquistas e dificuldades
da Educação Ambiental em todo o mundo e traçadas as metas para o futuro.
Naquele encontro o Brasil não teve muito a apresentar.
Então, somente dez anos após Tbilisi, o Ministério da Educação e
Cultura – MEC – pronunciava-se sobre Educação Ambiental (Parecer do Conselho
federal de Educação, 1987).
Até então, produzia-se no Brasil, livros com temas de Ciências ou da
Ecologia rotulados de Educação Ambiental.
Os cursos de treinamento eram escassos e assim os professores
tinham dificuldade de ter acesso às informações sobre Educação Ambiental.
Neste Parecer, no documento final, Estratégia Internacional de ação
em matéria de Educação e Formação Ambiental para o decênio de 90, ressalta-se a
necessidade de atender, prioritariamente, à formação de recursos humanos,
[salientado por mim], nas áreas formais e não formais da Educação Ambiental, e na
inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino.
Paralelamente, aceleram-se os fatores de globalização do sistema
econômico. Os fatores globais adquirem maior importância na definição das políticas
nacionais. Há uma redefinição do papel do Estado na economia nacional, uma
crescente reorganização ou polarização da economia e uma paulatina
marginalização de algumas regiões ou países, em relação à dinâmica do sistema
econômico mundial. Os países que dependem dos produtos básicos são debilitados.
26
Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil
em 1988, conquistamos um capítulo especial sobre o Meio Ambiente (Cap.VI), e um
item específico sobre a Educação Ambiental (Art.225, item VI), que diz:
Cabe ao Poder Público promover a Educação Ambiental em todos os
níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente.
Porém, na prática, pouco se fez.
O país continua sem uma política definida para a Educação Ambiental
e a maioria dos professores, querendo desenvolver atividades de Educação
Ambiental, continuam sem receber materiais, treinamentos ou qualquer orientação
para o assunto.
Em 1990, uma nova proposta do MEC, através da Assessoria de
Educação Ambiental, promoveu encontros nacionais e regionais, criando centros de
Educação Ambiental, promovendo treinamentos e estabelecendo uma Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA).
Mesmo sendo praticada no Brasil desde a década de 50, de ser objeto
de Conferências Internacionais desde 1975, e de fazer parte da Resolução do
Conselho Federal de Educação, em 1987, a Educação Ambiental é, apenas agora,
transformada em lei, devendo, em conseqüência disso, tornar-se prática e oficial por
parte de todos os setores da sociedade. É o que diz a Lei nº 9795/99, que “(...)
dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências”... sancionada pelo presidente da República, em
27 de abril de 1999, após quase cinco anos de debates e discussões. Esta lei
reconhece, enfim, a Educação Ambiental como um componente urgente, essencial e
permanente em todo processo educativo, formal e ou não formal.
A responsabilidade, individual e coletiva, da sociedade na
implementação e prática da Educação Ambiental já estava expressa no artigo 225,
inciso VI, da Constituição Federal de 1988: “Cabe ao Poder Público promover a
Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para
a preservação do meio ambiente”. O caput do mesmo artigo constitucional incorpora
27
o papel da sociedade para a manutenção do ambiente equilibrado: cabe ao “Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações”. A Lei que institui a Política Nacional de Educação Ambiental
reflete este princípio constitucional quando envolve e chama a atenção de toda a
sociedade para a sua responsabilidade e o seu comprometimento de promover a
Educação Ambiental.
A Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 1º, define
Educação Ambiental da seguinte maneira:
(...) entende-se por educação ambiental os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
E complementa: “A educação ambiental é um componente essencial
e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-formal” (art.2º).
Avança ainda ao incorporar os conceitos expressos na definição de
Tbilisi como objetivos e princípios da Educação Ambiental. Diz a PNEA no artigo 4º
que são princípios básicos da Educação Ambiental: o enfoque humanista, holístico,
democrático e participativo – afinal, o uso, ocupação e transformação do meio
ambiente é um processo que gera conflitos de interesses entre diferentes atores
sociais. Estes conflitos determinam não só o modo como os atores intervêm no meio
ambiente, mas também o modo de distribuição na sociedade dos custos e benefícios
conseqüentes desta intervenção; o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas,
na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade, respeitando assim a autonomia
do aluno; a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; a
garantia de continuidade e permanência do processo educativo; a permanente
avaliação crítica do processo educativo; a abordagem articulada das questões
ambientais locais, regionais, nacionais e globais; o reconhecimento e o respeito à
pluralidade e à diversidade individual e cultural, considerando que cada cultura
delineia diferentes modos de relações sociais e de relações com a natureza,
inclusive de entendimento, percepção, valores e atitudes em relação a esta
natureza.
28
Após a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Rio-92), no Rio de Janeiro, quando foram reforçadas as
recomendações de Tbilisi e definida as bases da Educação Ambiental adotadas pela
maioria dos países em todo o mundo e também pelo Brasil, que se resume em que:
a) A Educação Ambiental deve promover a compreensão da existência e
a importância da interdependência econômica, social, política e
ecológica entre as zonas urbanas e rurais;
b) Proporcionar a todos a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o
sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as atitudes
necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente;
c) Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e
na sociedade em seu conjunto a respeito do meio ambiente.
As instituições governamentais brasileiras adotaram como prioridade desta
Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, de Tbilisi (outubro de
1977), promovida pela UNESCO, o marco para o estabelecimento dos princípios e
recomendações a serem desenvolvidos em Educação Ambiental nas escolas.
As resoluções quanto ao que deva ser Educação Ambiental no Brasil –
que constam no documento do MEC, Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
editado em 1997 e distribuído a todas as escolas públicas do país – são,
resumidamente, as seguintes:
•Considerar o meio ambiente em sua totalidade: em seus aspectos
naturais e construídos, tecnológicos e sociais (econômico, político,
histórico, técnico, moral e estético);
•Construir um processo permanente e contínuo – desde o início da
educação infantil – durante toda as fases do ensino formal;
•Aplicar enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico
de cada área, de modo que se consiga uma perspectiva global da
questão ambiental;
•Examinar as principais questões ambientais do ponto de vista local,
regional, nacional e internacional;
•Concentrar-se nas questões ambientais atuais e naquelas que
podem surgir, levando em conta uma perspectiva histórica; insistir no
valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional
para prevenir os problemas ambientais;
•Considerar de maneira explícita os problemas ambientais nos
planos de desenvolvimento e crescimento;
•Promover a participação dos alunos na organização de suas
experiências de aprendizagem, dando-lhes a oportunidade de tomar
decisões e aceitar suas conseqüências;
•Estabelecer, para os alunos de todas as idades, uma relação entre
sensibilização ao meio ambiente, a aquisição de conhecimentos, a
29
atitude para resolver os problemas e a clarificação de valores,
procurando, principalmente, sensibilizar os mais jovens para os
problemas ambientais existentes na sua própria comunidade;
•Ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas reais dos
problemas ambientais; ressaltar a complexidade dos problemas
ambientais e, em conseqüência, a necessidade de desenvolver o
sentido crítico e as atitudes necessárias para resolvê-los; utilizar
diversos ambientes com a finalidade educativa e uma ampla gama
de métodos para transmitir e adquirir conhecimento sobre o meio
ambiente, ressaltando principalmente as atividades praticas e as
experiências pessoais.
Como conquista a sociedade brasileira conta com uma legislação que:
(...) impõe ao Poder Público a implantação da disciplina de Educação
Ambiental nos seus cursos públicos, bem como o obriga a incentivar
e propiciar desenvolvimento de projetos e programas educacionais
ambientais tanto formais quanto informais, de maneira que a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem cumprir sua
obrigação legal colaborando assim com o importante processo de
conscientização ambiental.
Somente assim poderemos tentar melhorar a qualidade de vida de
todos e, conseqüentemente, cumprirmos o disposto no art. 225 da nossa
Constituição Federal de 1988, onde diz, em poucas palavras, que o meio ambiente
sadio é um direito de todos.
2.2 Aspectos legais
A Educação Ambiental foi a forma encontrada internacionalmente par
promover mudanças de mentalidade, investindo na conscientização das pessoas
para que adotem posturas, tanto de proteção a vida no planeta em geral, quanto de
melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida das comunidades, uma vez que
transformou-se em instrumento indispensável pelas sociedades contemporâneas
para criar e aplicar formas sustentáveis de interação sociedade-natureza.
Assim, existem hoje, uma série de documentos com referência a
Educação Ambiental. Resultantes de vários eventos internacionais promovidos pela
UNESCO – Estocolmo em 1972, Belgrado em 1975 e Tbilisi em 1977, entre outros
adotados pelo Brasil e pela maioria dos países membros da ONU.
30
Entre os vários documentos existentes que norteiam a Educação
Ambiental destacam-se:
• CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO - Em 1972 realizou-se, a Conferência de
Estocolmo, que contou com representantes de 113 países. Nesta conferência foi
concebido o Plano de Ação Mundial, e, em particular, foram dadas diretrizes para
um Programa Internacional de Educação Ambiental. Apesar da sua importância,
esta conferência configurou-se mais como um ponto centralizado para identificar
os problemas ambientais, do que um começo de ação para resolvê-los.
• CARTA DE BELGRADO - Em 1975, a UNESCO, em colaboração com o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em resposta à
recomendação 96 da Conferência de Estocolmo, cria o Programa Internacional
de Educação Ambiental (PIEA).
• CONFERÊNCIA DE TBILISI – Em Outubro de 1977, em Tbilisi (URSS), acontece
a Primeira Conferência Internacional em Educação Ambiental, que constitui o
ponto culminante do Programa Internacional de Educação Ambiental. Nesta
conferência, definiram-se objetivos e estratégias, a nível nacional e internacional.
Postulou-se que a Educação Ambiental é um elemento essencial para uma
educação formal e não formal, e que dela resultarão benefícios para a
Humanidade. Chegou-se à conclusão que a educação deveria, simultaneamente,
preocupar-se com a consciencialização, a transmissão de informação, o
desenvolvimento de hábitos e a promoção de valores, bem como o
estabelecimento de critérios e orientações para a resolução de problemas. Nesta
perspectiva forma estabelecidas estratégias internacionais para ações no campo
da educação e formação ambiental.
• 1979 - Ecologia – uma proposta para o Ensino de 1º e 2º graus, de 1979,
publicado pelo Departamento do Ensino Médio – MEC e a CETESB-SP.
• Lei Nº 6938/81 - que estava voltada para a política nacional do meio ambiente.
Foi a primeira conquista de grupos ambientalistas, porém a Educação Ambiental
31
continuou restrita a questões ligadas à natureza (extinção de animais, poluição
dos rios, devastação da natureza, etc.). Não se pode negar que esses temas são
importantes, mas é preciso que se discutam, também, as questões sociais,
econômicas e políticas do país. Dispõe sobre fins, mecanismos de formulação e
aplicação da Política Nacional do Meio Ambiente, consagra a Educação
Ambiental e estende, no seu Artigo 2º, inciso X, a:
Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação
ativa na defesa do meio ambiente.
• Decreto Nº 88.351/83 - que regulamenta esta lei, estabelece que compete às
diferentes esferas do Poder Público:
orientar a educação, em todos os níveis, para a participação efetiva
do cidadão e da comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando
para que os currículos escolares das diversas matérias obrigatórias
complementem o estudo de ecologia.
• Parecer Nº 819/85 – MEC – reforça a necessidade da inclusão de conteúdos
ecológicos, ao longo do processo de formação que se desenvolve no ensino de
1º e 2º graus, integrados a todas as áreas do conhecimento, de forma
sistematizada e progressiva, possibilitando a formação da consciência ecológica
do futuro cidadão.
• Congresso Internacional sobre Educação Relativa ao Meio Ambiente, em
Moscovo, promovido pela UNESCO, 1987. No documento final, Estratégia
internacional de ação em matéria de educação e formação ambiental para o
decênio de 90, ressalta--se a necessidade de atender, prioritariamente, à
formação de recursos humanos, nas áreas formais e não formais da Educação
Ambiental, e na inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os
níveis de ensino.
• Parecer do Conselho Federal de Educação Nº 226/87 - aprovado por
unanimidade, considera a necessidade da inclusão da Educação Ambiental
dentre os conteúdos a serem explorados nas propostas curriculares das escolas
de 1º e 2º graus. Recomenda, ainda, a incorporação de temas ambientais da
32
realidade local compatível com o desenvolvimento social e cognitivo dos alunos e
a integração escola-comunidade como estratégia de aprendizagem.
• Constituição da República Federativa do Brasil -1988 - Em termos propriamente
dito, vemos que no Brasil o parágrafo 1º, VI, do art. 225 da Constituição Federal,
determina ao Poder Público a promoção da Educação Ambiental em todos os
níveis de ensino. Mas, apesar desta previsão constitucional, bem como o fato de
a Educação Ambiental já ser conhecida mundialmente como ciência educacional
e também recomendada pela UNESCO e a Agenda 21, pouco era feito no Brasil
para a sua implantação concreta no ensino. O que existia era fruto dos esforços
de alguns abnegados professores e educadores, não havendo a atenção que
merece o tema pelo Poder Público e as entidades particulares de ensino.
• Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades
Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência Mundial sobre Educação
para Todos, realizada em Jontien, Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990, reitera:
(...) confere aos membros de uma sociedade a possibilidade e, ao
mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua
herança cultura, lingüística e espiritual, de promover a educação de
outros, de defender a causa da justiça social, de proteger o meio
ambiente (...).
• Portaria Nº 678/91 – MEC - de 1991 – determinou que a educação escolar
deveria contemplar a Educação Ambiental permeando todo o currículo dos
diferentes níveis e modalidades de ensino.
• Portaria n. 2.421/91 do MEC de 1991 – institui em caráter permanente um Grupo
de Trabalho para Educação Ambiental com o objetivo de definir, com as
Secretarias Estaduais de Educação, as metas e estratégias para a implantação
da Educação Ambiental no país, elaborar proposta de atuação do MEC na área
de educação formal e não-formal para a Conferência da ONU sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento.
• Carta Brasileira para EA – Na Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento – RIO/92 – o MEC promoveu um Workshop sobre EA com
33
objetivo de socializar os resultados das experiências em EA, integrar a
cooperação do desenvolvimento em EA nacional e internacionalmente, e discutir
metodologia e currículo para a EA. Deste encontro resultou a carta brasileira.
• Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global – de caráter não-oficial, foi celebrado por diversas
organizações da sociedade civil, por ocasião da Conferência Rio/92. Reconhece
a “educação como um processo dinâmico em permanente construção” que deve
propiciar a reflexão, o debate e a autotransformação das pessoas. Reconhece,
ainda, que a “educação ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um
processo de aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas
de vida.”
• Plano Decenal de Educação Para Todos – 1993-2003, do Ministério da
Educação – seus objetivos são referentes à satisfação das necessidades básicas
das crianças, jovens e adultos e à ampliação dos meios e do alcance da sua
educação básica, tendo a dimensão ambiental como um de seus componentes.
• Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio-92 –
destacou-se a necessidade de reorientar a Educação para o desenvolvimento
sustentável, e falou-se em analfabetismo ambiental.
• Proposta do Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA, de 1994,
elaborada pelo MEC/MMA/MINC/MCT, com o objetivo de “capacitar o sistema
de educação formal e não-formal, supletivo e profissionalizante, em seus
diversos níveis e modalidades”.
• Parâmetros Curriculares Nacionais, de 1997. A elaboração dos PCN de 1ª a 4ª
séries e de 5ª a 8ª séries absorve a dimensão ambiental como um Tema
Transversal nos currículos do Ensino Fundamental. Os PCN são lançados como
subsídio para apoiar o projeto da escola na elaboração do seu currículo. A
grande novidade desta iniciativa é a inserção dos Temas Transversais, que inclui
Ética, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Saúde, Pluralidade Cultural e Trabalho
e Consumo, que permeiam todas as disciplinas, buscando ajudar a escola a
34
cumprir seu papel institucional de fortalecimento da cidadania. Como explicitado
no volume 9 dos (PCNs):
(...) o trabalho de aluno deve ser desenvolvido a fim de ajudar
os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas
ao meio (...). .
(...) neste sentido, as situações de ensino devem se organizar de
forma a propiciar oportunidade para que aluno possa utilizar o
conhecimento sobre o meio ambiente para compreender sua realidade
e atuar sobre ela (...).
• Lei Nº 9.795/99 – de 27 de abril de 1999. Porém, com a publicação da Lei
9.795/99, que dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental (PNEA) e dá outras providências, a questão tomou força,
pois a implantação e aplicação da Educação Ambiental como disciplina passou a
ser obrigatória. A citada lei define juridicamente a Educação Ambiental como:
(...) processo por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constrói
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum
do povo, essencial a sadia qualidade de vida e de sua
sustentabilidade. (art 1º).
35
3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR
A Educação Ambiental é um processo que consiste em reconhecer valores
e explicar conceitos, com o objetivo de fomentar atitudes necessárias para
compreender e apreciar as inter-relações entre o homem, sua cultura e seu
meio biofísico. A Educação Ambiental aproveita também a tomada de
decisões, e na própria na própria elaboração de um código de
comportamento com respeito às questões relacionadas com a qualidade do
meio ambiente. (Comissão de Educação de IUCN, Paris, 1970, apud –
Maynes-Nunes, 1991, p.65).
3.1 A QUESTÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO
Ao se abordar a questão ambiental, lembra-se que tem cada vez
menos sentido tratá-la de forma independente, tanto no plano político-social quanto
reivindicativo. Não podemos aceitar ou estaremos correndo o risco de contradições
explosivas, desenvolver dois conjuntos paralelos de medidas, um para responder as
necessidades sociais (‘’salvar a humanidade’’) e outro para responder aos danos
ecológicos (‘‘salvar o planeta’’). O objetivo atual é combinar estas duas exigências
solidárias em um mesmo programa de ação que seja, de fato, coerente. Isto vale
também para o planto teórico: a questão ambiental não deveria ser reduzida à
ecologia, mas fazer parte dos questionamentos contemporâneos que impõem uma
revisão geral das concepções ecológicas, hoje direcionadas para Educação
Ambiental.
O desenvolvimento econômico provocou, no passado, inúmeras crises
ecológicas de dinâmica global, produzida pela humanidade. Sistemas de produção
não-capitalistas (por exemplo, na União Soviética) tiveram conseqüências
ecológicas desastrosas mas a crise contemporânea é incitada pela lógica essencial
ao capitalismo (da “produção pela produção”). Esta foi a base dos desenvolvimentos
36
econômicos posteriores a Segunda Guerra Mundial que conferiram às crises
ecológicas localizadas uma nova dinâmica global (expansão e adensamento do
mercado mundial como a petroquímica e a agroindústria, a explosão dos
transportes, etc.). a globalização liberal em curso tende a agravar ainda mais esta
questão.
O custo humano da crise ecológica já é muito alto. Porém, são as
próprias condições de existência humana na Terra que serão qualitativamente
fragilizadas se uma mudança radical na produção não se operar.
A problemática ambiental exige mudanças de comportamentos, de
discussão e construção de formas de pensar e agir na relação com a Natureza. Este
alerta ganha repercussão, pelo lado da chamada “globalização econômica”, temos a
“globalização dos problemas ambientais”.
De maneira, o combate ecológico exige uma modificação do
funcionamento das sociedades humanas, ou seja, uma transformação social que só
é possível através da Educação dos homens.
A complexidade da questão ambiental esta no caráter múltiplo de suas
causas e nas profundas mudanças que são necessárias para minimizá-las.
Daí a importância da Educação, cujos fundamentos, de múltiplas
dimensões, constituem-se em poderosos recursos para serem utilizados no
processo de mudança individual e coletiva.
A Educação Ambiental, que hoje faz parte da Legislação Educacional
Brasileira destacado como o “compromisso com a construção da cidadania” pelo
Governo Federal – é apresentada nos PCNs como uma necessidade, pois:
(...) a questão ambiental impõe às sociedades a busca de novas formas de
pensar e agir, individual e coletivamente, de novos caminhos e modelos de
produção de bens, para suprir necessidades humanas, e relações sociais
que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e, ao mesmo
tempo, que garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo
universo de valores no qual a educação tem um importante papel a
desempenhar. (Comissão de Educação de IUCN, Paris, 1970, apud –
Maynes-Nunes, 1991, p.180).
37
A proposta do MEC para a prática da Educação Ambiental na escola,
implementada pela Coordenação Geral de Educação Ambiental, é a inserção da
temática ambiental nos currículos, aliada a adoção de uma nova postura – de
práticas e atitudes – de toda comunidade escolar, que pode ser exercitada em
projetos de Educação Ambiental articulados como o projeto educativo da escola. E
os professores são os principais agentes da implantação da Educação Ambiental na
escola. Por isso mesmo, é necessário oferecer-lhes formação para desenvolver a
capacidade de compreender, refletir e ensinar os temas relacionados ao meio
ambiente.
O processo educacional entra neste contexto por fundamentar-se no
respeito a vivencia e ao conhecimento como pré-requisito para a construção de
saberes e de ações no ambiente, onde a Educação Ambiental é:
o processo no qual o individuo assimila conceitos e interioriza atitudes, de
modo a adquirir capacidades e comportamentos, que lhe permitam
compreender e avaliar as relações de interdependência estabelecidas entre
a sociedade em que vive e seu meio biofísico, bem como para atuar em
consonância com a análise efetuada. (Seminário Piloto de Educação
Ambiental, 1983, apud MEDINA, 1994b).
Conclui-se, então, que a Educação Ambiental nada mais é que
Educação, recuperando seu sentido como processo, que permite ao homem dotar-
se em e para a transformação do mundo, a partir das bases filosóficas deste, da
sustentabilidade e da ética concentrada na vida.
3.1.1 Educação Ambiental, Meio ambiente e Cidadania
Educação é uma das grandes questões deste século, e está na pauta
das discussões mundiais, despontando como única alternativa de transformação dos
homens e, conseqüentemente, da sociedade.
Uma educação compatível com as necessidades da sociedade tem
sido o objetivo de todo o Sistema de Ensino, em todos os momentos históricos,
38
porque é nessa sociedade que os sujeitos da educação estabelecem os seus
espaço de vida social, emocional e de desenvolvimento cognitivo.
No Brasil, a educação faz parte das discussões de toda a
sociedade civil organizada, que preocupada com o futuro da
sociedade brasileira debatem os problemas educacionais e buscam
soluções.
Assim, o Brasil vem participando de encontros internacionais
convocados pela UNESCO, UNICEF, PNUD e Banco Mundial, com o objetivo de
buscar alternativas ao mesmo tempo em que vem comprometendo-se com
mudanças no sentido de reconhecer a educação como instrumento da promoção
dos valores humanos universais, da qualidade de recursos humanos e do respeito
pela diversidade cultural.
A busca da Cidadania está intimamente ligada à educação, uma vez
que esta também é imprescindível para a construção de uma sociedade
democrática, pois educar para a Cidadania exige que as questões sociais sejam
trabalhadas didaticamente, para que os alunos possam aprender sua complexidade
e dinâmica, ao refletirem as mesmas.
Estas concepções aparecem nos PCNs – na defesa que: “com isso o
currículo ganha em flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser
priorizados e contextualizados de acordo com as diferentes realidades locais e
regionais (...)”, - PCNs Amarelo, (Temas Transversais) p.25, entre eles, destaca-se o
Meio Ambiente, que passa a fazer parte dos Temas Transversais.
O Meio Ambiente passa a fazer parte do currículo com a função
de:
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar
na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o
bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é
necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se
proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino
e aprendizagem de procedimentos. E esse é um grande desafio para a
educação. PCNs, p.175 – Temas Transversais.
Os desafios que se impõem são muitos, mas, talvez o principal seja de
reinterpretarmos o lugar do homem no mundo e reavaliarmos os referenciais que
tem orientado as ações das diferentes sociedades e culturas diante da natureza e na
construção de ambientes. A educação torna-se fator fundamental para a promoção
39
do desenvolvimento sustentável e de uma efetiva participação na tomada de
decisões. A idéia de Educação Ambiental é concebida no interior do movimento
ambientalista como um instrumento para envolver os cidadãos em ações
ambientalmente correta em busca de uma sociedade sustentável, e, foi no universo
da educação que o termo Educação Ambiental foi criado, com a recomendação de
que deveria tornar-se parte essencial da educação de todos os cidadãos.
(Conferência de Educação e Universidade de Koele, Inglaterra, 1965).
Mas o conceito de Educação Ambiental também foi mudado ao longo
do tempo e ainda está em construção. Originalmente, a dimensão de Educação
Ambiental, tal qual a do meio ambiente, estava vinculada ao conceito de natureza e
ao modo como esta era percebida. Hoje se acentua a necessidade de considerar os
diversos aspectos de uma dada situação ambiental e também o conceito de
Educação Ambiental incorpora às dimensões socioeconômicas, política, cultural e
histórica. A Primeira Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental –
Tbilisi/77 – define Educação Ambiental como “uma dimensão dada ao conteúdo e a
prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio
ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e
responsável de cada indivíduo e da coletividade”.
Através da Educação Ambiental é possível desenvolver um conjunto de
valores fundamentais, necessários à formação da Cidadania e uma relação mais
harmônica com o ambiente em geral.
Então, como perspectiva educativa, a Educação Ambiental pode estar
presente em todas as disciplinas quando analisa temas que permitem enfocar as
relações entre a humanidade e o meio natural, e as relações sociais, sem deixar de
lado as suas especificidades. A Educação Ambiental escolar deve enfatizar o estudo
do meio ambiente onde vive o aluno, procurando levantar os principais problemas da
comunidade, as contribuições da ciência, os conhecimentos necessários e as
possibilidades concretas par a solução deles.
Ainda, deve remeter os alunos à reflexão sobre os problemas que
afetam a sua vida, a de sua comunidade, a de seu país e do planeta, conforme
40
direcionam os PCNs (p.189) – no entendimento de que “para que essas informações
os sensibilizem e provoquem o início de um processo de mudança de
comportamento é preciso que o aprendizado seja significativo”.
A Educação Ambiental pode influir decisivamente par isso, quando
forma cidadãos, conscientes dos seus direitos e deveres. Nesta perspectiva a
Educação Ambiental é uma proposta de educação para refletir sobre as formas de
relações entre as sociedades e a natureza, entre os diferentes grupos sociais, sobre
a ética e o direito à vida em todos os aspectos. A Educação Ambiental se propõe,
ainda, a dar condições aos educandos de se posicionarem e agirem em busca de
caminhos mais justos e solidários para os desafios do processo de construção,
ocupação e transformação do mundo natural, social, cultural e ético.
O ensino para o meio ambiente deve contribuir principalmente par o
exercício da cidadania, estimulando a ação transformadora, alem de buscar
aprofundar os conhecimentos sobre as questões ambientais, as melhores
tecnologias, estimular mudança de comportamento e a construção de novos valores
éticos menos antropocêntricos. É preciso ficar claro que a Educação Ambiental é
fundamentalmente uma pedagogia de ação. Não basta se tornar mais consciente
dos problemas ambientais, sem se tornar também mais ativo, crítico e participativo.
Em outras palavras, o comportamento dos cidadãos em relação ao seu meio
ambiente é indissociável do exercício da cidadania.
3.1.2 O Aprender a Aprender na visão de Pedro Demo.
A Educação Ambiental, permeia todas as áreas do currículo escolar e
suas temáticas complexas necessitando da participação de todos os conhecimentos
escolares, exigindo um trabalho conjunto dos conhecimentos significativos e ações
participativas e responsáveis no meio em que vivem.
Pois, para que exista educação é necessário que haja construção e
participação.
41
Para DEMO:
Educação é o suporte essencial, porque, no lado formal, instrumenta a
pessoa com a habilidade crucial de manejar a arma mais potente de
combate que é o conhecimento e, no lado político, alimenta a cidadania.
Sociedade educada é aquela composta de cidadãos críticos e criativos,
capazes de indicar o rumo histórico, coletivamente pretendido, sobretudo
desenvolver, maximamente, a oportunidade histórica disponível. DEMO,
Educação e Qualidade. 3ª ed. Campinas, SP, Papirus, 1996. (Coleção
Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
O conhecimento faz parte do dia-a-dia. A todo o momento estamos
adquirindo novos conhecimentos. Isto não quer dizer que se esteja construindo
esses conhecimentos. Significa que apenas estamos acumulando novos
conhecimentos. A aquisição de novos conhecimentos, nem sempre está ligada a
uma ação reflexiva sobre os mesmos.
Para que a apropriação do conhecimento se dê, o sujeito precisa
vivenciar situações que o coloquem em contato com o meio. E mais, precisa agir
sobre o que se constitui o objeto de conhecimento para que se torne possível a sua
inclusão num sistema de relações.
Neste sentido, o caminho da produção do conhecimento, preocupação
essencial na modernidade, tem encontrado suporte em metodologias que se
proponham a ultrapassar a reprodução, a repetição e a cópia dos meios
acadêmicos.
Para DEMO,
O que marcaria a modernidade educativa séria a didática do aprender a
aprender, ou do saber pensar, englobando, num todo só, a necessidade de
apropriação do conhecimento disponível e seu manejo criativo e crítico. A
primeira necessidade é da ordem dos insumos instrumentais, enquanto a
segunda perfaz mais propriamente o desafio humano da qualidade. A
competência que a escola deve consolidar e sempre renovar é aquela
fundada na propriedade do conhecimento como instrumento mais eficaz da
emancipação das pessoas e da sociedade. Neste contexto, mera
transmissão é pouco, embora insumo seja indispensável. Em termos
emancipatórios, competência jamais coincidiria com cópia, reprodução,
imitação. Torna-se essencial construir atitude positiva construtiva, crítica e
criativa, típica do aprender a aprender. (DEMO, 1992, p.25).
A Metodologia proposta por Demo, enfatiza:
(...) que o aluno precisa abandonar, definitivamente, a condição de objeto de
42
aprendizagem. Sua função não é copiar e reproduzir, mais que ver muita
coisa pela via da aula e sua cópia deve tomar temas e aprofundá-los
exercitar aplicações do conhecimento, ensaiar deduções e induções,
elaborar criativamente, argumentar com prioridade, pesquisar
sistematicamente. Despertar interesse cientifico desafio primordial para o
professor, a escola e o sistema como tal. (DEMO,1994, p.87).
Nesta perspectiva, o professor passa a ter uma nova proposição
metodológica de trabalho, pois se torna o articulador do processo pedagógico. Atua
em parceria com os alunos, propõe atendimento diferenciado, freqüenta biblioteca
junto com os estudantes, abre os laboratórios (historicamente chaveados no sistema
escolar vigente, para não estragar...), torna a escola um espaço aberto para criação,
provoca situações desafiadoras, instiga o aluno a buscar e a investigar novos
caminhos, acolhe os estudantes que passam a freqüentar a escola também em
horários alternativos, motiva a resolução nos meios acadêmicos reprodutivos. Os
subsídios fortes para o desenvolvimento desta metodologia convergem com duas
expectativas para o mundo moderno:
Ao comentar que Aprender faz parte do aprender a aprender, DEMO
afirma:
O processo educativo se manifesta caracteristicamente na habilidade
de refazer críticas e criativamente o conhecimento disponível,
superando a condição de cópia meramente aprendida. Aprender é
coisa do discípulo, que tem em vista imitar o mestre. Aprender a
aprender é típico do mestre, que busca ser sujeito autônomo e formula
proposta própria.
Demo, propõe assim, uma metodologia que proponha desenvolvimento
e responsabilidade do aluno como construtor do seu próprio saber esbarra no papel
central do professor como dono da sala de aula, uma vez que, a educação é fator
fundamental para a conquista da cidadania, devendo ser entendida como “um
processo histórico de conquista popular, através do qual a sociedade adquire,
progressivamente, as condições de tornar-se sujeito histórico consciente e
organizado, com capacidade de conceber e efetivar-se “projeto próprio”. DEMO,
Pedro. Cidadania menor. Petrópolis. Vozes, 1992.
43
3.1.3 Contribuições para a Educação Ambiental na visão de Piaget e
Vygotski
A atual crise ambiental vem trazer uma crítica ao modelo de
desenvolvimento e também ao modelo epistemológico. O desafio está em repensar
a Educação em sua totalidade, enfrentando a fragmentação do conhecimento.
Educar ambientalmente pressupõe investigar e refletir sobre as complexas relações
socioambientais existentes e possíveis, de acordo com a realidade.
Neste sentido, são de grande importância as contribuições de PIAGET
e VYGOTSKI, para o desenvolvimento das questões ambientais, o aprendizado
ambiental e ecológico é colocado como forma de aquisição de conhecimento.
Segundo a concepção sócio-histórica ou sócio-interacionista, o sujeito se constrói a
partir de suas interações com o meio. Tais interações são consideradas de
fundamental importância para o desenvolvimento da inteligência, bem como para o
amadurecimento dos indivíduos.
No que se refere ao desenvolvimento da Educação Ambiental no
currículo, esta que tem o propósito de mostrar a interdependência entre os aspectos
biológicos e físicos, ou seja, “entra” no currículo tecendo uma rede de relações entre
todas disciplinas, pois é interdisciplinar, encontra embasamento na teoria de
PIAGET, onde este contesta a excessiva “disciplinarização”.
[...] se explica, com efeito, pelos preconceitos positivistas. Em uma
perspectiva onde apenas contam os observáveis, que cumpre simplesmente
descrever e analisar para então daí extrair as leis funcionais, é inevitável
que as diferentes disciplinas pareçam separadas por fronteiras mais ou
menos definidas ou mesmo fixas, já que estas se relacionam com a
diversidade das categorias observáveis que, por sua vez, estão
relacionadas com nossos instrumentos subjetivos e objetivos de registro
(percepções e aparelhos). [...] Mas, para Piaget, a excessiva
“disciplinarização” [...] se aplica, com efeito, pelos preconceitos positivistas.
Em uma perspectiva onde apenas contam os observáveis, que cumpre
simplesmente descrever e analisar para então daí extrair as leis funcionais,
é inevitável que as diferentes disciplinas pareçam separadas por fronteiras
mais ou menos definidas ou mesmo fixas, já que estas se relacionam com a
diversidade das categorias de observáveis que, por sua vez, estão
relacionadas com nossos instrumentos subjetivos e objetivos de registro
(percepções e aparelhos) [...] Por outro lado, logo que, ao violar as regras
positivistas, [...] se procura explicar os fenômenos e suas leis, ao invés de
apenas descrevê-los, forçosamente se estará ultrapassando as fronteiras do
observável, já que toda causalidade decorre da necessidade inferencial, isto
é, de deduções e estruturas operatórias irredutíveis à simples constatação
[...] Nesse caso, a realidade fundamental não é mais o fenômeno
observável, e sim a estrutura subjacente, reconstruída por dedução e que
fornece uma explicação para os dados observados. Mas, por isso mesmo,
44
tendem a desaparecer as fronteiras entre as disciplinas, pois as estruturas
ou são comuns (tal como entre a Física e a Química [...]) ou solidárias umas
com as outras (como, sem dúvida, haverá de ser o caso de Biologia e a
Físico-Química). PCN – ENSINO MÉDIO, p.89.
Piaget, por ser biólogo, inspira sua teoria no modelo biológico, na
relação com a Educação Ambiental poderia ser encontrada no envolvimento das
crianças com temas sobre o meio, a natureza, a significação de conceitos e
símbolos na perspectiva psicológica, como, por exemplo, a curiosidade dos
indivíduos sobre sua vida, seu nascimento e crescimento que tende a levar os
mesmos à reflexão sobre o meio em que vivem.
Em sua obra, Epistemologia Genética, explica a formação do
conhecimento físico, biológico e matemático do indivíduo epistêmico, por meio do
organismo com o objeto do conhecimento.
Quanto a abordagem dos conteúdos, o professor ao trabalhar os
conteúdos referentes a Questão Ambiental, deve permitir ao aluno compreender que
os processos na natureza não são estanques, nem no tempo e nem no espaço. Pelo
contrário, há sempre vários fluxos de transformações, com reincorporação de
materiais a novos seres vivos, enfim, com interações que engendram mudanças no
mundo. É necessário destacar que esta compreensão é abstrata, cabendo ao
professor buscar fundamentações.
Para Piaget o pensamento se constrói através da ação. Desta forma, o
desenvolvimento infantil se dá a partir das relações que as crianças estabelecem
com o mundo. Ele considera que um dos principais objetivos da educação infantil
deve ser o de ensinar a criança a observar os fatos, cuidadosamente, em especial,
quando estes estão contrários aos previstos por ela. Observar, perguntar,
interpretar, registrar os fatos, devem fazer parte das atividades nesta fase de
desenvolvimento.
Piaget também destaca outro aspecto fundamental que no
desenvolvimento da habilidade de comunicação, pois não basta realizar ações, mas
é preciso falar sobre elas, sistematizá-las, através da reconstituição por via narrativa
45
de tais experiências, aprendendo a descrevê-las e expressá-las. Tanto pra a
sociabilização da criança como para seu desenvolvimento intelectual, é fundamental
que ela trabalhe em grupo.
Assim, a psicologia piagetiana propõe explicações sobre as
características e mudanças ocorridas nas formas de pensamento, bem como sobre
as razões e mecanismos que as promovem. Destaca-se na análise de SANTOMÉ:
por definir que em cada etapa do desenvolvimento evolutivo de uma
pessoa, o desenvolvimento da inteligência ocorre com base em
determinadas operações cognitivas que condicionam as informações
com as quais é possível entrar em contato e as operações que podem
ser realizadas com elas. (SANTOMÉ, 1998, p.37).
Já, as contribuições de Vygotski são mais decisivas no que se refere as
propostas didáticas relacionadas às peculiaridades das maneiras das pessoas
aprenderem, das suas características psicológicas. Em seu livro Psicologia
Histórico-cultural, aparecem as significativas contribuições deste teórico-soviético
que defendeu que a formação de uma conscientização do individuo a partir de
compreensão do conhecimento construído.
A perspectiva ambiental deve remeter os alunos a uma reflexão sobre
condições humanas e aos problemas que afetam sua vida, a de sua comunidade, a
de seu país e do planeta. Para tanto, é preciso que o aprendizado seja significativo.
Lev S. Vygotski contribui com esta, uma vez que sua teoria histórica-
cultural ressalta o papel decisivo desempenhado pelos adultos, pelo meio social e
pela instrução na aprendizagem e desenvolvimentos humanos. Ressalta ainda a
importância da mediação como idéia central para a compreensão do
desenvolvimento humano. Para ele, o conhecimento é mediado através dos recortes
do real, operados pelos sistemas simbólicos disponíveis numa dada cultura.
Ainda, é interessante destacar que:
a) a Educação Ambiental ao ser denominada como um dos Temas Transversais
dos PCNs, passa pelo compromisso de ser trabalhada pelos educadores com
46
propostas de trabalho integrado, não constituindo uma matéria especificado
currículo tradicional, podendo facilmente explorar;
b) as contribuições da pedagogia piagetiana apontam claramente na
aprendizagem da Educação Ambiental pois os conflitos cognitivos ou
desequilíbrios são os motores das aprendizagens e que isto só acontece na
medida em que estiver ligada aos interesses das pessoas;
c) a psicologia Vygotskiana ressalta que as possibilidades de aprendizagem de
cada pessoa mantêm estreita relação com o nível de desenvolvimento
atingido.
3.2 O Professor e a Educação Ambiental
O professor, enquanto sujeito-agente, integrando o coletivo dos
educadores de sua escola, tem o papel fundamental na produção e gerenciamento
das políticas e práticas curriculares. Deixa de ser um repassador de matrizes de
conteúdos prontos, respostas pré-determinadas, para ser um estudioso e
mobilizador da ação pedagógica construída na relação interativa com seus alunos,
colegas professores e comunidade. É ele o pedagogo da sala de aula, capaz do
diálogo com a realidade interna de suas práticas e externa a elas enquanto campo
de relações que produzem o conhecimento. É provocador para as descobertas e
organizador de situações favoráveis ao ensinar e ao aprender. Para isso, precisa
cuidar de sua competência teórico-metodológica, identificando e produzindo espaços
para a ação coletora, para o debate das questões pedagógicas, para o estudo
organizado.
O professor já não pode se entender simplesmente como o professor
da série ou da turma, mas como um educador responsável, atuando no currículo
com visão ampla e total do que ali se coloca como proposta de educação.
É impossível separar a atuação do professor de sua visão de educação
e de sua perspectiva de vida. Não há neutralidade. A teoria de aprendizagem, que
47
fundamenta sua ação, revela e explica sua crença de como o ser humano aprende,
determinando o modelo pedagógico da sala de aula e, no conjunto, o da escola.
A escola é um espaço que só pode existir através de uma autonomia
consciente, que contemple uma proposta pedagógica qualificada, que atenda as
demandas de aprendizagem de sua comunidade e da sociedade.
O espírito, que mobiliza e dá vida à essa escola, é o professor aberto
ao convívio, permeável às mudanças, evoluções e interações; é o professor o
agente transformador, o auto da ruptura da relação de dominação professor/aluno; o
professor que não é mais o “sujeito que ensina”, porque os alunos não são mais “os
sujeitos que aprendem”. Ensinar/aprender é uma ação continuada e compartilhada
entre professores e alunos. O saber concluído, não tem mais sentido, a
determinação do conteúdo verdadeiro, porque, na sociedade do conhecimento que
vivemos hoje, ele estará sendo continuadamente processado e reconstruído. Essas
reconstruções implicam no desenvolvimento de novas atitudes e habilidade frente ao
conhecimento e ao processo individual e coletivo de aprender.
No que se refere a Educação Ambiental, é imprescindível que a
postura do professor seja a de orientador do processo ensino-aprendizagem.
GADOTTI, ao educador compete refazer a educação, reinventá-la,
criar as condições objetivas para que uma educação democrática seja possível, criar
umas alternativas pedagógicas, que favoreça o aparecimento de um novo tipo de
pessoa, solidário, preocupado em superar o individualismo criado pela exploração
capitalista do trabalho, preocupado com um novo projeto social e político que
construa uma sociedade mais justa, mais igualitária. (O Papel do Professor – Uma
Questão Apenas, SEC, 1965, p.23).
Mas é preciso também que o professor tenha consciência de que o
trabalhar com a temática ambiental ele deve reavivar o debate entre alunos de
varias idades e classes, entre toda a comunidade escolar; que ao refletir
conjuntamente sobre o trabalho ambiental, sobre os objetivos que se pretende
atingir e sobre as formas de conseguir isso, esclareça o papel de cada um nesta
48
tarefa.
Preciso ainda avaliar bem o nível de informações dos alunos, pois
embora seja elevado devido aos meios de comunicação, as informações são
desconectadas, insuficientes, distantes da realidade do aluno e, portanto, inúteis
enquanto instrumento de transformação de sua realidade. Cabe ao professor dar
sentido a todo esse banco de dados aparentemente desordenado, transformando a
informação em conhecimento.
Talvez a maior tarefa do professor comprometido com a Educação
Ambiental seja a de desenvolver em seus alunos sua condição de ser humano ao
desenvolver relações ser humano/ser humano, e, ser humano/natureza, em suas
atividades – o que exigirá uma mudança de comportamento também no próprio
professor,como diz ARROYO: “só há educação humana na comunicação, no
diálogo, na interação entre humanos” e este é um dos grandes desafios que a
educação para o meio ambiente traz para o professor, mais acostumado a ser um
mero transmissor de conhecimentos e seus alunos simples espectadores, cujo
objetivo final é tirar boas notas nos testes. Agora o objetivo final é a transformação,
uma pedagogia voltada para a ação, aqui e agora. A primeira tarefa do professor
deve ser aproximar o aluno com o meio ambiente, sensibilizando-o especialmente
pelos problemas de sua comunidade, onde deverá ser agente transformador.
3.3 A Formação de Professores e a Educação Ambiental
A escola – de todos os níveis – está intimamente relacionada
com a sociedade, e esta define sua função social ao interessar-se
pelos grandes problemas nacionais e, em função desse interesse,
tornar-se agente de mobilização social e de consciência crítica da
própria sociedade que a mantém.
A discussão sobre a função da escola deve implicar necessariamente
nas reais condições em que esta se encontra. Condições estas caracterizadas pela
situação de precariedade vivida pelos educadores, expressa nos baixos salários, na
falta de condições de trabalho, de metas a serem alcançadas, de prestígio social
que provoca um descrédito na transformação da situação. A desvalorização objetiva
49
do magistério acaba bloqueando as motivações e representa, para a maioria dos
professores, um desânimo para se engajar nos projetos de trabalho propostos.
Neste contexto, é urgente que a escola, para exercer sua função social,
precisa possibilitar o desenvolvimento dos bens culturais e sociais, considerando as
expectativas e necessidades dos alunos, dos pais, dos membros da comunidade, e
dos professores envolvidos diretamente no processo educativo.
Nessa perspectiva, é essencial a vinculação da escola com as
questões sociais e com os valores democráticos, para isso, é necessário que, no
processo de ensino aprendizagem – na formação de professores – sejam
trabalhados: a aprendizagem de metodologias capazes de priorizar a construção de
estratégias de verificação e comprovação de hipóteses na construção do
conhecimento, a construção de argumentos capazes de controlar os resultados
deste processo, o desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer a
criatividade, a compreensão dos limites e alcance lógicos das explicações
propostas. É necessário o comprometimento da escola em preparar professores das
séries iniciais com competência intelectual e técnica, criatividade, consciência
profissional e política com características pessoais que contribuam para sua
formação.
A formação de professores implica assim, na organização curricular da
escola (Curso Normal) priorizando uma prática social que inter-relaciona as
dimensões epistêmicas, metodológicas, culturais e organizativas da educação e que
as redefine na atuação integrada no nível da pesquisa, da docência, das ações nos
campos de desenvolvimento social e do exercício das competências profissionais. O
desdobramento da estrutura curricular faz-se através das disciplinas específicas
teórico-práticas, através da pesquisa e de ações de integração Escola-Comunidade,
mediante projetos e atividades de extensão e atualização.
Esta formação implica ainda o direcionamento de uma concepção de
que o conhecimento se constrói na ação e na palavra dos homens que dão sentido
as suas relações intersubjetivas e as suas objetivas sempre reconstruídas no mundo
em que vive e que constituem para viver, projetando a educação como uma
50
atividade prática em que vinculam as gerações ente si no intuito de darem sentido à
práxis coletiva em que aliem seus interesses cognitivos e expressivas a seus
interesses emancipatórios de transformação social.
Assim, a formar professores para trabalharem a Educação Ambiental
exige das instituições de ensino toda uma compreensão de Educação que possibilite
aos alunos a aquisição do saber (conhecimento significativo), do saber fazer, (agir
na realidade com responsabilidade e exercer a tomada de decisões democráticas,
reconhecendo a importância de sua participação na definição do futuro de sua
comunidade, o que possibilita a prática da cidadania) e permite ao mesmo tempo, o
trabalho coletivo, incentiva a elaboração de seu próprio ser, (cognitivo, efetivo e
espiritual) e aprecia a importância dos processos do conviver com os outros, a partir
do reconhecimento e da aceitação deste.
A atuação de professor demanda competências diversas – como organizar os
materiais no espaço da sala de aula, fazer planejamento, construir instrumentos de avaliação, corrigir
trabalhos de alunos, dialogar com os familiares dos alunos, trabalhar coletivamente com seus pares –
e que envolvem diferentes tipos de saberes.
É importante deixar claro que a definição de competências profissionais de um
professor serve em primeiro lugar para orientar a formação naquilo que ela deve promover – e não
para estigmatizar negativa ou positivamente os professores.
Na formação profissional, o desenvolvimento das competências se dá pela
aprendizagem de conteúdos significativos, segundo uma metodologia que crie situações nas quais o
sujeito que aprende coloca em uso seus diversos conhecimentos, realizando efetivamente as práticas
que compõem seu exercício profissional; e pela reflexão sistemática e compartilhada, de preferência
com parceiros mais experientes.
RUBEM ALVES, nos remete a um questionamento de como
formar educadores ao afirmar: “Não sei como preparar o Educador. Talvez que
isso não seja nem necessário nem possível... É necessário acorda-los. Basta
que o chamemos do seu sono por um ato de amor e coragem. E talvez,
acordado, ele repetirá o milagre da instauração de novos mundos”.
51
4 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O FAZER PEDAGÓGICO
Educador Ambiental. Um novo “tipo de professor”, especializado em
Educação Ambiental, capaz de atuar a nível de formação inicial, a
nível de capacitação de docentes já graduados em disciplinas
tradicionais e na orientação comunitária. (HENNIG, Georg J.
Metodologia do Ensino de Ciências – MEC- FAE, 1994, p,397).
Estamos vivendo em uma sociedade que demanda muita agilidade,
competitividade, eficiência, trabalho em grupo, ampliação e construção dos
conhecimentos de forma criativa e a formação integral do homem em uma visão
holística. Este paradigma implica na educação para a formação do homem e o
despertar da consciência para uma cultura de harmonia e de paz, onde o aprendiz
expressa um modo de ser e pensar conscientizando de sua responsabilidade em
beneficiar o Universo com sua passagem.
A Educação Ambiental entendida como um caminho para formação de
indivíduos em questões essenciais para a qualidade de vida e para a construção da
cidadania, tais como, solidariedade, saúde, ética, natureza, diversidade cultural e de
idéias de responsabilidade está na escola.
Hoje, a escola está buscando formar cidadãos, conforme as referências
dos Parâmetros Curriculares, organizados pelo MEC (Ministério de Educação e
Cultura), e da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) Nº 9.394/96 – da Educação Nacional,
como indivíduos que olhem e vejam a realidade, que a compreendam e tenham
52
capacidade de criticá-la, que se preocupe com o destino coletivo e saiba se
posicionar diante dos desafios do mundo.
Então, trabalhar a Educação Ambiental dentro de um Projeto Político
Pedagógico (PPP), sonhado e concebido por uma Comunidade Escolar, nos leva a
interrogar:
- Como educar para o meio ambiente?
Dessa forma, buscamos organizar nossa prática pedagógica embasada
numa relação dialética entre nossos objetivos propostos e a CONTRIBUIÇÃO
TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL e as aspirações norteadoras do Projeto Político
Pedagógico da Escola. O Projeto da Escola prioriza as atividades envolvendo:
• o planejamento das atividades em um processo dinâmico,
democrático, participativo e dialógico;
• que os envolvidos no processo ensino-aprendizagem sejam
concebidos como sujeitos sociais, comprometidos com a história, a
sociedade e a cultura;
• a valorização do magistério – formação inicial de professores;
• a concepção de homem, mundo, objetivando transformação da
sociedade;
• o desenvolvimento de projetos através de um trabalho disciplinar,
buscando o desenvolvimento integral do aluno, respeitando suas
individualidades;
• prioridade de sessões de estudos, palestras, encontros de formação
e, porque não, de uma experiência das atividades práticas voltadas
à natureza, às plantas, em especial, às hortaliças;
• avaliação das atividades como prática de reflexão e crítica
constante, entre outros.
Assim, organizamos o fazer pedagógico, priorizando o desenvolvimento de
atitudes e posturas éticas e o domínio de procedimentos sobre a
apropriação de conceitos, através de atividades organizadas em momentos
distintos.
53
Na busca de uma relação dinâmica com os objetivos da escola,
fundamentamos nosso trabalho partindo de alguns requisitos pedagógicos citados
por HENNIG:
A problemática ambiental pode ser resumida assim:
• complementaridade de educação teórica e prática ambiental;
• possibilidade de utilização da escola com o recurso fundamental para
ligar a educação formal ao trabalho ambiental produtivo;
• instrumentação da educação com procedimentos que promovam a
Iniciação Científica, possibilitem a Compreensão da Ciência bem
fundamentada, em uma expectativa de Educação Científica Ambiental,
permitindo resolver problemas ambientais;
• possibilidade de diálogo (crítica-argumentação) e trabalho
interdisciplinar entre educadores e alunos. HENNIG, Georg J.
Metodologia do Ensino de Ciências, 2ªEd.MEC-FAE,1994, p.398.
4.1 O Planejamento Participativo e a Proposta
Pedagógica da Escola
Entendendo a educação como um processo inserido no contexto das
relações e interesses que determinam nossa formação social, é necessário priorisar
os aspectos filosóficos, políticos, sociológicos e epistemológicos da educação de um
curso que pretenda formar um educador consciente de sua missão histórica e
preparado para agir junto a outros seres humanos, assumindo uma atitude crítica e
comprometida com a transformação social.
Partindo desses aspectos considero que a educação, o ensino e toda a
ação pedagógica a ser desencadeada pela escola deve ser planejada para propiciar
melhores condições sociais, culturais, intelectuais ao ser humano. Aos profissionais
da educação então, compete, planejar a ação educativa para a construção do
conhecimento e das suas relações com a sociedade.
Assim, deve ser objetivo primordial da escola a produtividade e a
eficiência, no que se refere a construção do conhecimento para poder melhorar a
qualidade do ensino, priorizando as exigências individuais e sociais, o direito de
todos a uma educação melhor e às exigências da sociedade.
54
A escola que objetiva inovar, construir, transformar, deve realizar com
eficácia a tarefa de planejar. Essa renovação da prática educativa somente acontece
através de um planejamento crítico, consciente e participativo. Como LUCKESI
afirma que: “uma escola para funcionar coerentemente, necessita do planejamento e
da ação coletiva do corpo docente, juntamente com as outras instancias
pedagógicas e administrativas” (LUCKESI, Cipriano Carlos. Prática Docente e
Avaliação. Rio de Janeiro: ABT,1990, p.30).
Ao definir o meu projeto de trabalho, após o contato com a Direção da
Escola, coincidentemente, em anos anteriores, esta mesma direção já havia me
questionado da possibilidade de se fazer um trabalho junto às alunas do Curso
Normal, considerando, entre tantas razões, a necessidade delas terem uma
consciência da nossa realidade social-econômica, e poucas são as que têm essa
vivência das atividades agrícolas da nossa região. De imediato se partiu para a
analise da Proposta Pedagógica da Escola de aplicação, conforme segue:
A Proposta Pedagógica da Escola – Instituto Estadual de
Educação Menna Barreto – chamado pela Comunidade Escolar de
PPP – PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO – foi o resultado de um
amplo processo coletivo mobilizador de toda a Comunidade Escolar,
que propiciou a:
integração dos segmentos da Comunidade Escolar, consolidou-se de
forma solidária, fortalecendo a escola como espaço democrático e de
discussão através da ação coletiva da PARTICIPAÇAO de pessoas
que cada vez mais se constituem em sujeitos das transformações
sociais. (PPP, p.06)
Reflete a defesa de:
Princípios éticos voltados para a busca de igualdade de condições
que propiciem acesso e permanência dos alunos na escola, com
qualidade para todos – com gestão democrática através da
participação de todos nas decisões/ações administrativo-
pedagógicas e pela valorização do magistério – formação inicial –
continuada com condições de trabalho e remuneração.(PPP, p.07).
Ao destacar que:
As concepções de homem, mundo, sociedade, democracia,
educaçao, escola, autonomia, gestão, currículo, avaliação e outros
indicam um referencial maior: transformar a sociedade, tornando-a
cada vez mais democrática. (PPP, p.07).
55
Organizar suas atividades, baseada na concepção de homem
enquanto sujeito histórico, e na filosofia de que:
A Escola fundamenta suas atividades nos princípios e diretrizes
legais vigentes, na crença, no homem como ser individual, inteligente
e incluso, capaz de descobrir, assumir sua realização pessoal e de
atuar como elemento de uma sociedade em mudança, em busca de
SER MAIS”. (Art. 2º - Regimento Escolar).
Em seu diagnóstico, apresenta as preocupações de Comunidade ao
questionar:
AFINAL, QUE ESCOLA TEMOS, PARA QUE SERVE E PARA QUE
ENSINO? (PPP, p.07).
A Escola Menna Barreto, situa-se no centro de nossa cidade,
oferecendo Educação Básica em três turnos de funcionamento:
• Educação Infantil – Pré-escola, nível B (2 turmas- diurno);
• Ensino Fundamental :
o de 1ª a 8ª séries (19 turmas – diurno);
o de 6ª a 8ª séries (05 turmas – noturno);
• Ensino Médio:
o Curso Normal (1ª a 4ª séries – 05 turmas – diurno);
o De 1ª a 3ª séries (07 turmas – noturno).
Apesar da posição central da Escola, que conta com 1650 alunos
regularmente matriculados, aproximadamente, apresenta uma clientela
heterogênea.
•O corpo docente caracteriza-se com professores habilitados em áreas
diversas, alguns apresentando especialização nas áreas específicas
de titulação, em Educação, Psicopedagogia, um Psicólogo e um
mestre em Química, com um regime de trabalho predominante de 40
horas semanais.
•Os funcionários são em número de quinze, apenas dois apresentando
titulação superior, com uma jornada de trabalho de 40 horas
semanais.( PPP, p.08).
Quanto as taxas de evasão, reprovação e repetência, observa-se:
• Grande número de evadidos no Ensino Noturno, especialmente nas
primeiras séries do Ensino Médio;
• No Ensino Médio – Curso Normal – a evasão acontece em todas as
séries, provavelmente pela falta de perspectiva do Curso, em relação
à Legislação vigente;
• Tanto no Ensino Fundamental, quanto no Ensino Médio, o índice de
reprovação é considerado relativamente baixo, embora no Ensino
Noturno, o grande número de faltas constado prejudica o sucesso do
56
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores
Educação Ambiental e formação de professores

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Didaticgeoaula11
Didaticgeoaula11Didaticgeoaula11
Didaticgeoaula11Ana Beatriz
 
Ead tarefa semana3_tereza_cristinadasilva
Ead tarefa semana3_tereza_cristinadasilvaEad tarefa semana3_tereza_cristinadasilva
Ead tarefa semana3_tereza_cristinadasilvaTereza Silva
 
1º a, b.edinaldo geo-pdf
1º a, b.edinaldo geo-pdf1º a, b.edinaldo geo-pdf
1º a, b.edinaldo geo-pdfFatima Moraes
 
Banner do projeto Degradação do meio ambiente: Destino do lixo de Dianópolis
Banner  do projeto Degradação do meio ambiente: Destino do lixo de DianópolisBanner  do projeto Degradação do meio ambiente: Destino do lixo de Dianópolis
Banner do projeto Degradação do meio ambiente: Destino do lixo de Dianópolisliliandno
 
A educação ambiental no contexto escolar Maria Ana Pereira da Silva
A educação ambiental no contexto escolar Maria Ana Pereira da Silva A educação ambiental no contexto escolar Maria Ana Pereira da Silva
A educação ambiental no contexto escolar Maria Ana Pereira da Silva christianceapcursos
 
Ensino de Ciências por Investigação para o Ensino Médio
Ensino de Ciências por Investigação para o Ensino MédioEnsino de Ciências por Investigação para o Ensino Médio
Ensino de Ciências por Investigação para o Ensino MédioVinicius Cerqueira
 
EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA: O DESAFIO EM REALIZAR UM PROJE...
EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA: O DESAFIO EM REALIZAR UM PROJE...EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA: O DESAFIO EM REALIZAR UM PROJE...
EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA: O DESAFIO EM REALIZAR UM PROJE...Portal Iraraense
 
Projeto Aguas Rio Bacalhau
Projeto Aguas Rio BacalhauProjeto Aguas Rio Bacalhau
Projeto Aguas Rio BacalhauMatheus Bueno
 
Como ocorre a relação de interdependência entre os seres vivos e o meio ambiente
Como ocorre a relação de interdependência entre os seres vivos e o meio ambienteComo ocorre a relação de interdependência entre os seres vivos e o meio ambiente
Como ocorre a relação de interdependência entre os seres vivos e o meio ambienteplanocoletivo
 
Sensibilização e Práticas de Educação Ambiental
Sensibilização e Práticas de Educação AmbientalSensibilização e Práticas de Educação Ambiental
Sensibilização e Práticas de Educação AmbientalAline Lima
 
Aula 2 educacao para sustentabilidade (1)
Aula 2   educacao para sustentabilidade (1)Aula 2   educacao para sustentabilidade (1)
Aula 2 educacao para sustentabilidade (1)USP
 

Mais procurados (20)

Didaticgeoaula11
Didaticgeoaula11Didaticgeoaula11
Didaticgeoaula11
 
Ead tarefa semana3_tereza_cristinadasilva
Ead tarefa semana3_tereza_cristinadasilvaEad tarefa semana3_tereza_cristinadasilva
Ead tarefa semana3_tereza_cristinadasilva
 
1º a, b.edinaldo geo-pdf
1º a, b.edinaldo geo-pdf1º a, b.edinaldo geo-pdf
1º a, b.edinaldo geo-pdf
 
Banner do projeto Degradação do meio ambiente: Destino do lixo de Dianópolis
Banner  do projeto Degradação do meio ambiente: Destino do lixo de DianópolisBanner  do projeto Degradação do meio ambiente: Destino do lixo de Dianópolis
Banner do projeto Degradação do meio ambiente: Destino do lixo de Dianópolis
 
Ciencias naturais 2
Ciencias naturais 2Ciencias naturais 2
Ciencias naturais 2
 
Banner pronto
Banner prontoBanner pronto
Banner pronto
 
A educação ambiental no contexto escolar Maria Ana Pereira da Silva
A educação ambiental no contexto escolar Maria Ana Pereira da Silva A educação ambiental no contexto escolar Maria Ana Pereira da Silva
A educação ambiental no contexto escolar Maria Ana Pereira da Silva
 
Ensino de Ciências por Investigação para o Ensino Médio
Ensino de Ciências por Investigação para o Ensino MédioEnsino de Ciências por Investigação para o Ensino Médio
Ensino de Ciências por Investigação para o Ensino Médio
 
EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA: O DESAFIO EM REALIZAR UM PROJE...
EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA: O DESAFIO EM REALIZAR UM PROJE...EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA: O DESAFIO EM REALIZAR UM PROJE...
EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA: O DESAFIO EM REALIZAR UM PROJE...
 
A geografia
A geografiaA geografia
A geografia
 
Artigo bioterra v17_n1_07
Artigo bioterra v17_n1_07Artigo bioterra v17_n1_07
Artigo bioterra v17_n1_07
 
A educacao
A educacaoA educacao
A educacao
 
Educação ambiental
Educação ambientalEducação ambiental
Educação ambiental
 
Licenciatura em Ciências Naturais
Licenciatura em Ciências NaturaisLicenciatura em Ciências Naturais
Licenciatura em Ciências Naturais
 
Projeto Aguas Rio Bacalhau
Projeto Aguas Rio BacalhauProjeto Aguas Rio Bacalhau
Projeto Aguas Rio Bacalhau
 
Como ocorre a relação de interdependência entre os seres vivos e o meio ambiente
Como ocorre a relação de interdependência entre os seres vivos e o meio ambienteComo ocorre a relação de interdependência entre os seres vivos e o meio ambiente
Como ocorre a relação de interdependência entre os seres vivos e o meio ambiente
 
3 metodologia e-instrumentacao
3 metodologia e-instrumentacao3 metodologia e-instrumentacao
3 metodologia e-instrumentacao
 
Apresentacão ed. ambiental
Apresentacão ed. ambientalApresentacão ed. ambiental
Apresentacão ed. ambiental
 
Sensibilização e Práticas de Educação Ambiental
Sensibilização e Práticas de Educação AmbientalSensibilização e Práticas de Educação Ambiental
Sensibilização e Práticas de Educação Ambiental
 
Aula 2 educacao para sustentabilidade (1)
Aula 2   educacao para sustentabilidade (1)Aula 2   educacao para sustentabilidade (1)
Aula 2 educacao para sustentabilidade (1)
 

Semelhante a Educação Ambiental e formação de professores

Temas ambientais no ensino de química recurso didático
Temas ambientais no ensino de química  recurso didáticoTemas ambientais no ensino de química  recurso didático
Temas ambientais no ensino de química recurso didáticoDanielSFaria
 
2014_unicentro_cien_pdp_sandra_regina_da_lus.pdf
2014_unicentro_cien_pdp_sandra_regina_da_lus.pdf2014_unicentro_cien_pdp_sandra_regina_da_lus.pdf
2014_unicentro_cien_pdp_sandra_regina_da_lus.pdfVívian Nascimento
 
Programa de Ciências Integradas 3º e 4º anos - Experimentação
Programa de Ciências Integradas 3º e 4º anos - ExperimentaçãoPrograma de Ciências Integradas 3º e 4º anos - Experimentação
Programa de Ciências Integradas 3º e 4º anos - ExperimentaçãoSílvia Sousa
 
Reginaldo - Projeto Intervenção Ambiental...
Reginaldo - Projeto Intervenção Ambiental...Reginaldo - Projeto Intervenção Ambiental...
Reginaldo - Projeto Intervenção Ambiental...Sara Cristina
 
caderno_educ_ambiental.pdf
caderno_educ_ambiental.pdfcaderno_educ_ambiental.pdf
caderno_educ_ambiental.pdfOmarSantos50
 
ETAPA II- 3º CADERNO Ciências da Natureza
ETAPA II- 3º CADERNO Ciências da NaturezaETAPA II- 3º CADERNO Ciências da Natureza
ETAPA II- 3º CADERNO Ciências da Naturezajosinalda
 
Artigo Meio Ambiente
Artigo Meio AmbienteArtigo Meio Ambiente
Artigo Meio AmbienteMarcos2rr
 
713 educacao ambiental na optica discente analise pre-teste
713 educacao ambiental na optica discente analise pre-teste713 educacao ambiental na optica discente analise pre-teste
713 educacao ambiental na optica discente analise pre-testeEmanuella Andrade Silva
 
Caderno 3 2ª etapa pacto
Caderno 3   2ª etapa pactoCaderno 3   2ª etapa pacto
Caderno 3 2ª etapa pactoAdri Ruas
 
2 Resumo: Educação Ambiental, conceito e histórico
2 Resumo: Educação Ambiental, conceito e histórico2 Resumo: Educação Ambiental, conceito e histórico
2 Resumo: Educação Ambiental, conceito e históricoIsrael serique
 
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLARchristianceapcursos
 
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR1
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR1A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR1
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR1christianceapcursos
 
Pré vestibulares populares
Pré vestibulares popularesPré vestibulares populares
Pré vestibulares popularesMarcelo Gomes
 
A aplicabilidade da oficina de reciclagem como prática pedagógica diogo lui...
A aplicabilidade da oficina de reciclagem como prática pedagógica   diogo lui...A aplicabilidade da oficina de reciclagem como prática pedagógica   diogo lui...
A aplicabilidade da oficina de reciclagem como prática pedagógica diogo lui...bio_fecli
 
Bicastiradentes meioambiente reciclagem
Bicastiradentes meioambiente reciclagemBicastiradentes meioambiente reciclagem
Bicastiradentes meioambiente reciclagemtemastransversais
 
Curso de atualização para professores
Curso de atualização para professoresCurso de atualização para professores
Curso de atualização para professoresFURG
 
Artigo cp ea_d_final_daniela
Artigo cp ea_d_final_danielaArtigo cp ea_d_final_daniela
Artigo cp ea_d_final_danielaDaniela Menezes
 

Semelhante a Educação Ambiental e formação de professores (20)

Temas ambientais no ensino de química recurso didático
Temas ambientais no ensino de química  recurso didáticoTemas ambientais no ensino de química  recurso didático
Temas ambientais no ensino de química recurso didático
 
2014_unicentro_cien_pdp_sandra_regina_da_lus.pdf
2014_unicentro_cien_pdp_sandra_regina_da_lus.pdf2014_unicentro_cien_pdp_sandra_regina_da_lus.pdf
2014_unicentro_cien_pdp_sandra_regina_da_lus.pdf
 
Programa de Ciências Integradas 3º e 4º anos - Experimentação
Programa de Ciências Integradas 3º e 4º anos - ExperimentaçãoPrograma de Ciências Integradas 3º e 4º anos - Experimentação
Programa de Ciências Integradas 3º e 4º anos - Experimentação
 
Reginaldo - Projeto Intervenção Ambiental...
Reginaldo - Projeto Intervenção Ambiental...Reginaldo - Projeto Intervenção Ambiental...
Reginaldo - Projeto Intervenção Ambiental...
 
caderno_educ_ambiental.pdf
caderno_educ_ambiental.pdfcaderno_educ_ambiental.pdf
caderno_educ_ambiental.pdf
 
ETAPA II- 3º CADERNO Ciências da Natureza
ETAPA II- 3º CADERNO Ciências da NaturezaETAPA II- 3º CADERNO Ciências da Natureza
ETAPA II- 3º CADERNO Ciências da Natureza
 
Artigo Meio Ambiente
Artigo Meio AmbienteArtigo Meio Ambiente
Artigo Meio Ambiente
 
Tcc postagem final
Tcc postagem finalTcc postagem final
Tcc postagem final
 
713 educacao ambiental na optica discente analise pre-teste
713 educacao ambiental na optica discente analise pre-teste713 educacao ambiental na optica discente analise pre-teste
713 educacao ambiental na optica discente analise pre-teste
 
Caderno 3 2ª etapa pacto
Caderno 3   2ª etapa pactoCaderno 3   2ª etapa pacto
Caderno 3 2ª etapa pacto
 
2 Resumo: Educação Ambiental, conceito e histórico
2 Resumo: Educação Ambiental, conceito e histórico2 Resumo: Educação Ambiental, conceito e histórico
2 Resumo: Educação Ambiental, conceito e histórico
 
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR
 
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR1
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR1A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR1
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NO CONTEXTO ESCOLAR1
 
Pré vestibulares populares
Pré vestibulares popularesPré vestibulares populares
Pré vestibulares populares
 
A aplicabilidade da oficina de reciclagem como prática pedagógica diogo lui...
A aplicabilidade da oficina de reciclagem como prática pedagógica   diogo lui...A aplicabilidade da oficina de reciclagem como prática pedagógica   diogo lui...
A aplicabilidade da oficina de reciclagem como prática pedagógica diogo lui...
 
Floresta
FlorestaFloresta
Floresta
 
Bicastiradentes meioambiente reciclagem
Bicastiradentes meioambiente reciclagemBicastiradentes meioambiente reciclagem
Bicastiradentes meioambiente reciclagem
 
tema livre-pb
tema livre-pbtema livre-pb
tema livre-pb
 
Curso de atualização para professores
Curso de atualização para professoresCurso de atualização para professores
Curso de atualização para professores
 
Artigo cp ea_d_final_daniela
Artigo cp ea_d_final_danielaArtigo cp ea_d_final_daniela
Artigo cp ea_d_final_daniela
 

Mais de milton jaire

Curso de desenho e pintura globo aquarela iii
Curso de desenho e pintura globo   aquarela iiiCurso de desenho e pintura globo   aquarela iii
Curso de desenho e pintura globo aquarela iiimilton jaire
 
Curso de desenho e pintura globo aquarela ii
Curso de desenho e pintura globo   aquarela iiCurso de desenho e pintura globo   aquarela ii
Curso de desenho e pintura globo aquarela iimilton jaire
 
Curso de desenho e pintura globo aquarela i
Curso de desenho e pintura globo   aquarela i Curso de desenho e pintura globo   aquarela i
Curso de desenho e pintura globo aquarela i milton jaire
 
Curso de desenho e pintura globo a arte de ver iii
Curso de desenho e pintura globo   a arte de ver iiiCurso de desenho e pintura globo   a arte de ver iii
Curso de desenho e pintura globo a arte de ver iiimilton jaire
 
Curso de desenho e pintura globo a arte de ver ii
Curso de desenho e pintura globo   a arte de ver iiCurso de desenho e pintura globo   a arte de ver ii
Curso de desenho e pintura globo a arte de ver iimilton jaire
 
Aprende a dibujar comic 09 128 pag
Aprende a dibujar comic 09 128 pagAprende a dibujar comic 09 128 pag
Aprende a dibujar comic 09 128 pagmilton jaire
 
Aprende a dibujar comic 08 109 pag
Aprende a dibujar comic 08 109 pagAprende a dibujar comic 08 109 pag
Aprende a dibujar comic 08 109 pagmilton jaire
 
1001plantaseflores preparo do solo - 11 pag
1001plantaseflores  preparo do solo - 11 pag1001plantaseflores  preparo do solo - 11 pag
1001plantaseflores preparo do solo - 11 pagmilton jaire
 

Mais de milton jaire (8)

Curso de desenho e pintura globo aquarela iii
Curso de desenho e pintura globo   aquarela iiiCurso de desenho e pintura globo   aquarela iii
Curso de desenho e pintura globo aquarela iii
 
Curso de desenho e pintura globo aquarela ii
Curso de desenho e pintura globo   aquarela iiCurso de desenho e pintura globo   aquarela ii
Curso de desenho e pintura globo aquarela ii
 
Curso de desenho e pintura globo aquarela i
Curso de desenho e pintura globo   aquarela i Curso de desenho e pintura globo   aquarela i
Curso de desenho e pintura globo aquarela i
 
Curso de desenho e pintura globo a arte de ver iii
Curso de desenho e pintura globo   a arte de ver iiiCurso de desenho e pintura globo   a arte de ver iii
Curso de desenho e pintura globo a arte de ver iii
 
Curso de desenho e pintura globo a arte de ver ii
Curso de desenho e pintura globo   a arte de ver iiCurso de desenho e pintura globo   a arte de ver ii
Curso de desenho e pintura globo a arte de ver ii
 
Aprende a dibujar comic 09 128 pag
Aprende a dibujar comic 09 128 pagAprende a dibujar comic 09 128 pag
Aprende a dibujar comic 09 128 pag
 
Aprende a dibujar comic 08 109 pag
Aprende a dibujar comic 08 109 pagAprende a dibujar comic 08 109 pag
Aprende a dibujar comic 08 109 pag
 
1001plantaseflores preparo do solo - 11 pag
1001plantaseflores  preparo do solo - 11 pag1001plantaseflores  preparo do solo - 11 pag
1001plantaseflores preparo do solo - 11 pag
 

Último

Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfGEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfElianeElika
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 

Último (20)

Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfGEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 

Educação Ambiental e formação de professores

  • 1. UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALEGRETE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL MILTON JAIRE CUNHA POSPICHIL ALEGRETE – RS 2004
  • 2. MILTON JAIRE CUNHA POSPICHIL CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Rosário do Sul, Janeiro de 2004 2 Monografia apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Educação da Universidade da Região da Campanha – Campus Universitário de Alegrete (RS), como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação. Orientadores: Profª Esp. Leia Palma Caldeira Profª Esp. Marilene Cortes
  • 3. UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALEGRETE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO Curso de Pós-Graduação – Especialista em Educação A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Elaborado por: MILTON JAIRE CUNHA POSPICHIL Como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação Profª Leodovina Pedroso Soares Coordenadora do Curso Prof(a): Profª Esp. Leia Palma Caldeira Orientador(a) COMISSÃO EXAMINADORA __________________________ ______________________________ ___________________________________ 3
  • 4. Alegrete, de Janeiro de 2004. AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida; A minha família, pela paciência e cooperação; Aos professores que me deram o apoio e estímulo; Em especial à colega e amiga Professora Cláudia Del’Olmo Soares Monte, pelo apoio incessante na elaboração desta monografia; Ao colega e amigo, meu ex-aluno, Professor Adilson Leones Godoi de Carvalho, pela parceria e coleguismo durante o período de aula. 4
  • 5. DEDICATÓRIAS: Aos professores de Técnicas Agrícolas das Escolas Polivalentes; Às futuras professoras do Curso Normal do Instituto Menna Barreto e outros; Aos colegas que participaram da Pós-Graduação. 5
  • 6. RESUMO A presente Monografia tem por finalidade “contribuir na Área de Educação Ambiental para a formação de Professores de Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental”. É seu objetivo oportunizar uma vivência das práticas agrícolas para os alunos do Ensino Médio - Curso Normal -, através da relação teórico-prática, propostas em atividades práticas, voltadas para a construção de uma nova postura pedagógica frente a questão ambiental. Tanto como abordagem ecológica como em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais, estas atividades foram organizadas de acordo com os objetivos do curso que as habilita de uma forma interdisciplinar e consciente de sua formação profissional e da jornada educador onde o conhecimento da nossa realidade fortalece cada vez mais o indivíduo como um todo. Para tanto, ser professor é ser um buscador de alternativas de adquirir conhecimentos e estes aplicados aos seus alunos, com certeza, advirão os frutos desta atividade. Neste Projeto, foram trabalhados os assuntos de aplicação direta às práticas agrícolas executadas numa horta, desde o preparo do solo, a semeadura, os cuidados com as plantas, até a hora da colheita, evidenciando-se, com certeza, os aspectos ecológicos de cultivo e de preservação do meio ambiente. Através de tarefas em sala de aula, vídeo, laboratório de Informática e principalmente áreas com hortas instaladas os alunos puderam vivenciar estas práticas que durante os pré-estágios a que são sujeitas, com as séries iniciais, puderam desenvolver práticas similares, ou seja, o plantio de mudas de flores, a valorização das áreas verdes e dos ambientes naturais da escola e da comunidade. Nesta concepção trabalhamos ainda as questões ambientais frente à Educação, formação de professor e a Cidadania. 6
  • 7. INTRODUÇÃO A presente monografia busca contribuir na área de Educação Ambiental para a formação de Professores de Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental. A abordagem é efetuada a partir de noções de Educação Ambiental, sua concepção. A investigação utiliza a prática agrícola como pressuposto para o desenvolvimento das atividades proporcionadas, vivenciado através das tarefas mínimas executadas na instalação e manutenção de uma horta. As referências citadas ao longo do trabalho têm fundamental importância teórico como suporte pedagógico. Compõe-se o trabalho de quatro capítulos: no primeiro se abordam o ressignificado de Educação Ambiental. No segundo, reportando os fatos históricos da Educação Ambiental da consciência ecológica mundial e suas relações ao longo do tempo. O terceiro capítulo se ocupa da Educação Ambiental no contexto escolar, desde a sua importância na consolidação desta prática pedagógica, detendo-se ainda nas contribuições das teoria de Piaget e Vygotski. O último capítulo estuda a E. A. e o fazer pedagógico, trazendo uma síntese do Projeto Político Pedagógico da Escola, suas concepções de educação, de trabalho, de currículo, etc. Essa é a ênfase do trabalho propriamente dito. Uma busca incessante com vistas ao encontro do conhecimento projetado, na expectativa de alcançá-lo. Sem dúvida, o ponto de partida é a continuação do ensino da Educação Ambiental nas escolas como um novo modo de viver democrático e harmônico entre o homem e a natureza. Centra-se a Monografia, por fim, na prática pedagógica oportunizada através do projeto, buscando-se delinear uma contribuição prática, como proposta ao Curso Normal. 7
  • 8. SUMÁRIO Considerações iniciais ...................................................,,......................... 8 Introdução .......................................................................................................... 12 1. RESSIGNIFANDO O CONCEITO DE EDUCAÇAO AMBIENTAL... 13 2. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.................................... 22 2.1 Educação Ambiental: Ontem e Hoje .......................................... 22 2.1.1 Educação Ambiental no Brasil: Ontem e Hoje ........................... 24 2.2 Aspectos Legais ........................................................................ 30 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR ........... 36 A Questão Ambiental na Educação ........................................... 36 Educaçao, Meio Ambiente e Cidadania ...................................... 38 O Aprender a Aprender na Visão de Pedro Demo .....................41 Contribuições para a Educação Ambiental na Visão de Piaget e Vygotski ...................................................................................... 44 O Professor e a Educação Ambiental ........................................ 47 A Formação de professores e a Educação Ambiental ............... 50 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O FAZER PEDAGÓGICO ............ 53 O Planejamento Participativo e a Proposta Pedagógica da Escola 55 Relato das Experiências ............................................................... 62 4.2.1 Cronograma da distribuição das aulas ........................................ 67 Depoimentos dos Grupos de Alunas do Curso Normal ................ 69 Práticas agrícolas nas Escolas de Ensino Fundamental ............... 74 CONCLUSÃO .............................................................................. 77 BIBLIOGRAFIAS ........................................................................... ANEXOS ........................................................................................ 8
  • 9. 9
  • 10. 10
  • 11. 11
  • 12. 12
  • 13. 1 RESSIGNIFICANDO O CONCEITO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (...) onde se faz Educação seriamente, educadores e educandos porque comprometidos e porque conscientes, desenvolvem uma atitude de profundo respeito pelos homens e pela natureza (...). (GARCIA, 1993, p.35). A Educação Ambiental está intimamente ligado ao próprio surgimento do homem e de seu longo processo evolutivo no tempo e no espaço. Os homens aprenderam a controlar o fogo muito antes de começarem a utilizar a escrita. Essa última descoberta é considerada o marco entre a Pré- Historia e a História; entretanto, o controle do fogo foi muito mais significativo para o conjunto da sociedade do que a invenção da escrita: todos os homens aprenderam a fazer fogo e a dele se utilizarem em múltiplas aplicações, enquanto que o domínio da escrita permaneceu restrito a uma camada privilegiada, ou seja, ainda hoje existem pessoas extremamente analfabetas. Ao contrário das outras espécies animais, o homem é relativamente mal equipado fisicamente para enfrentar as condições do meio natural. Devido a essa “fragilidade” física, o homem, dotado de um cérebro grande e complexo, foi obrigado a fazer o seu equipamento material (instrumentos de defesa, de ataque, vestuário, etc.), transformando a Natureza, adaptando-se às condições ambientais, fazendo a sua própria cultura, consolidando, assim, o seu domínio sobre a Natureza, enfim, tornando-se um criador (“a sua própria força”). No Período Paleolítico, os homens viviam em bandos, praticavam uma economia coletora, de subsistência (caça, pesca e coleta de frutos e raízes comestíveis) e, a propriedade dos meios de produção (florestas e rios) era coletiva. Foi a profunda transformação ocorrida no interior da comunidade primitiva, quando a 13
  • 14. economia, antes coletora e predatória, se transformou em produtora, através do início da agricultura e da domesticação dos animais. O homem primitivo ao dominar a Natureza realiza uma revolução – no seu modo de vida. A revolução neolítica trouxe uma economia produtora, com produção de excedentes agrícolas, aparecimento da metalurgia, domínio do uso dos metais (cobre, bronze e, depois, ferro), divisão do trabalho entre agricultores e artesões; aparecimento da escravidão, utilização da energia animal (arados de bois), e dos ventos; invenção da roda, aplicada aos transportes (carro de bois), e ao artesanato (cerâmicas e do barco à vela) onde: Os homens primitivos observaram muito a Natureza, experimentando e descobrindo novas formas de relacionar-se com ela .( AQUINO, 1989). Lentamente ao longo de seu processo histórico o homem, a partir de sua fixação na terra – sedentalização – vai assegurar sua subsistência a partir da crescente exploração dos recursos naturais. As primeiras sociedades organizaram-se às margens dos grandes rios: Subárea do Oriente Próximo, em forma de meia-lua, onde predominavam os vales e planícies aluvionais. Formado pelo Egito (Vale do Nilo), Síria, Palestina (vales e planícies e estreita faixa litorânea) e Mesopotâmia (curso inferior dos rios Tigre e Eufrates), ainda rio Amarelo na China, e do Indo e do Ganges na Índia, onde: “As cheias periódicas, depositando nas margens dos rios um adubo fértil, tornando a economia agrícola excepcionalmente fecunda”. Para o homem primitivo, a terra onde plantava não existia separada das suas relações sociais. Não era desligada da sua vivência religiosa, da sua relação de parentesco, enfim, de todos os aspectos que faziam parte de sua existência. A terra tinha uma dimensão sagrada. Ele criou ritos mágicos para auxiliá- lo a vencer a Natureza. Foram os ritos mágicos que deram as primeiras manifestações artísticas desenhadas e pintadas nas cavernas com carvão, tintas minerais e vegetais, simbolizando a fecundidade da Natureza: assim como as crianças nascem das mulheres, as plantas e os frutos nascem da mãe-Natureza, pois: 14
  • 15. O homem primitivo dependia universalmente da Natureza (...) da sucessão regular das estações, da queda das chuvas nas ocasiões apropriadas e o crescimento das plantas e da reprodução dos animais. Esses fenômenos naturais não ocorreriam a não ser que ele cumprisse certos sacrifícios e ritos. Instituiu, assim, cerimônias destinadas a fazer chover, nas quais se borrifava água sobre espigas de milho para imitar a precipitação das chuvas (...) A totalidade dos habitantes de uma aldeia, ou mesmo dos componentes da sua tribo, vestia peles de animais e arremedava os hábitos e atividades de algumas espécies da qual dependesse para a obtenção de alimento. Pareciam ter a vaga noção de que, com o imitar o gênero de vida da espécie, estavam contribuindo para garantir a sobrevivência dela. (AQUINO, 1989, p. 20). Ainda hoje, na América Latina, Oceania, África e Ásia, povos pré- letrados maravilham-se com os ciclos do nascimento e morte, expressando sua íntegra ao da Natureza através de rituais cuja principal característica é a vivência a participação de todos os membros da tribo nas cerimônias religiosas. A economia e a vida da tribo são cíclicas e repetitivas, como também o são a própria Natureza e o organismo humano. Complexos e elaborados sistemas explicativos introduzem entre os grupos humanos, animais, plantas e acidentes geográficos unidos ao homem por laços míticos de parentesco, propiciando a compreensão sobre estabilidade e o sentido dos fenômenos da Natureza. Isso ocorre, com as diversas tribos indígenas brasileiras que habitam o Parque Nacional do Xingu e que tem em comum nas suas tradições míticas, aspectos que explicam a origem e o domínio das forças naturais, bem como o papel desempenhado pelo herói lendário, que ensina aos homens civilizados, como se ambientar ao meio: Que seria do homem sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de grande solidão de espírito. Porque tudo o que sucede aos animais não tarda a suceder ao homem. Todas as coisas estão ligadas. - Carta do Cacique Seattle ao Presidente dos Estados Unidos. Ao buscar lucros com os excedentes e principalmente o poder sobre os outros homens é que o meio ambiente passou a ser desrespeitado, pois, enquanto a população humana era proporcionalmente pequena, as alterações ambientais 15
  • 16. provocadas por técnicas inadequadas de manejo tinham dimensão regional e, na maioria das vezes, provocavam danos irreversíveis. Enquanto, o crescimento populacional e a industrialização multiplicaram em muitas vezes o poder de ação humana. Como conseqüência, a grande maioria das interferências tem se mostrado extremamente danoso para a manutenção do equilíbrio ambiental e para a sobrevivência dos seres humanos. Dentre todos os avanços do homem, é imprescindível destacar o advento da Revolução Industrial na Inglaterra (1777) mais o conjunto de mudanças sociais ocorridas na Europa marcando para sempre a trajetória do homem – devido a suas conseqüências. Esta mudança no modo de produção, que levou a sociedade mundial ao Capitalismo Industrial e hoje ao Industrial Financeiro, transformou as relações econômicas, sociais e principalmente o meio ambiente. Hoje, sabemos que a maioria dos problemas ambientais tem suas raízes em fatores sociais, econômicos, políticos, culturais e éticos. Os modelos de desenvolvimento econômico adotado pelos países ricos são causadoras de degradação ambiental. Tais modelos, nos países pobres, além da degradação ambiental causam desigualdades sociais e a miséria. O homem de hoje tem muitas razões para se orgulhar de suas conquistas em todas as áreas. Nunca, em tempo algum, se acumulou tanto saber em tão curto espaço de tempo, favorecendo a reformulação das Ciências e colocando nas mãos do homem um enorme poder. Em face do domínio crescente sobre o Universo, colocam-se inúmeras situações preocupantes – fome, violência, desagregação social, poluição, doenças – que aparecem como sintomas de uma grave enfermidade e conduzem a uma seria reflexão sobre a vida no planeta. Os problemas do meio ambiente deixam de ser preocupação só dos ecologistas e passam a preocupar os meios políticos econômicos e científicos, constituindo-se, inclusive, em pautas de “Reuniões 16
  • 17. Ministeriais”, de “Encontros de Países Ricos e Pobres” e de “Conferências Científicas”. Ainda assim, não se pode ser ingênuo a ponto de pensar que os problemas ambientais seriam equacionados apenas por medidas políticas. Eles precisam ser tratados como conseqüência que são de várias causas sociais, econômicas, científicas, filosóficas e educacionais. As principais causas dos problemas do Meio Ambiente estão relacionados com questões sócio-político-econômicas e seus equacionamentos exigem o posicionamento da sociedade, através de novos valores, para que se possa garantir a continuidade e a qualidade de vida. A dinâmica dessas relações sugere a necessidade de novos valores como garantia para a continuidade e qualidade de vida, ainda que tais valores dependem do desenvolvimento de uma consciência crítica e de uma consciência ética e, conseqüentemente, de uma consciência ecológica. Nesse contexto faz-se necessário o entendimento de Meio Ambiente como uma questão cultural, pois, para uns, a maior parte dos problemas atuais pode ser resolvida pela comunidade científica, pois confiam na capacidade da humanidade produzir novas soluções tecnológicas e econômicas a cada etapa, em resposta aos problemas que surgem, permanecendo basicamente no mesmo paradigma civilizatório dos últimos séculos. Para outros, a questão ambiental representa quase uma síntese dos impasses que o atual modelo de civilização acarreta, pois consideram o que se assiste no final do século XX, não só como crise ambiental, mas civilizatória, e que a superação dos problemas exigirá mudanças profundas na concepção de mundo, de natureza, de poder, de bem-estar, tendo por base novos valores. Faz parte dessa nova visão de mundo a percepção de que o ser humano não e o centro da natureza, e deveria se comportar não como seu dono mas, percebendo-se como parte dela, e resgatar a noção de sua sacralidade, respeitada e celebrada por diversas culturas tradicionais antigas e contemporâneas. 17
  • 18. É preciso encontrar uma outra forma de adquirir conhecimentos que possibilite enxergar o objeto de estudo com seus vínculos e também com o contexto físico, biológico, histórico, social e político, apontando para a superação dos problemas ambientais. A problemática ambiental exige mudanças de comportamentos, de discussão e construção de formas de pensar e agir na relação à natureza. Isso torna fundamental uma reflexão mais abrangente sobre o processo de aprendizagem daquilo que pode ser importante, mas que não se consegue compreender suficientemente só com lógica intelectual. Hoje essa necessidade é clara. E, aponta também, para atividades que possibilitem o estabelecimento de relações entre os problemas ambientais e os fatores econômicos, culturais , políticos e históricos, objetivando uma análise crítica das questões ambientais. Justificando a importância que é conferida a este aspecto da Educação Ambiental, cabe citar as palavras a seguir: (...) somente quando compreender os temas de seu tempo é que os homens podem interferir na realidade em vez de serem meros espectadores. E somente desenvolvendo uma atitude permanentemente crítica é que os homens poderão superar uma postura de ajustamento. (FREIRE, apud GIROUX, 1997, p.108). Para isso, é imprescindível pensar Educação Ambiental como caminho para a formação de um cidadão consciente e crítico. Tal formação, fundamenta-se também no conhecimento do ambiente natural, cultural e social. A construção dessa consciência relaciona-se com o sentir do indivíduo como parte integrante do meio em que vive, suas múltiplas relações econômicas, políticas, sociais e ecológicas. Implica no estabelecimento de critérios de uso racional do ambiente, visando com isso não só a sobrevivência das espécies e do próprio homem. Assim, a conscientização construída pela Educação Ambiental requer uma ampliação da visão de mundo, visão que supera o antropocentrismo estreito atingindo a perfeita integração homem/homem, homem/natureza, pois: É incontestável que entre os seres da natureza o homem ocupe o lugar de preeminência. A ele foi consignado o poder de administrá-la e dar-lhe significado, pois sem a sua inteligência, o mundo careceria de sentido. Nem por isso a concepção dominadora – que finca suas 18
  • 19. raízes na antiguidade judaica e o define como ‘rei da criação’ e ‘senhor do universo’ – parece hoje invulnerável à crítica (...) (SEARA FILHO, 1992,p.40). Tal crítica exige uma desacomodação, com a transferência de valores do “ter” para o “ser”, oportunizando o questionamento da sociedade e de seu modelo de desenvolvimento, dos quais decorrem a desintegração, o descomprometimento e a desarmonia. Concebida assim, a Educação Ambiental é a educação do homem na sua integridade. É um processo contínuo de aprendizagem construindo o conhecimento e exercendo a cidadania de forma efetiva. Pois ao mesmo tempo em que o estudo do solo, da água, do ar, dos principais grupos de animais e vegetais, das trocas de energia, através de atividades experimentais e complementado com investigações sobre a poluição e agressões aos ecossistemas, constituem elementos para que os alunos construam sua cidadania na medida em que atuam de forma crítica e ativa e não como espectadores passivos do cotidiano; o estudo e as descobertas sobre a realidade próxima, com possibilidade de um posicionamento crítico do educando, a partir da exposição e defesa de seus pontos de vista é, também, um exercício indispensável par a significação dos valores que vem sendo desenvolvidos desde a entrada no ensino fundamental. Estes valores dizem respeito ao ambiente e a consciência crítica referente a racionalização, na utilização dos recursos naturais. A preocupação ambiental perpassa, hoje, vários setores da sociedade e se reflete no ensino e na escola. Tanto que, após a Lei Nº 9795, de 27 de Abril de 1999, que criou a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), o Ministério da Educação apresentou a sociedade brasileira os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) em 1997, que passou a orientar metodologicamente a implantação do tema nas escolas, onde, entre os objetivos propostos, destaca-se que os alunos sejam capazes de: - perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente. PCN – pág. 7 – Livro Amarelo. 19
  • 20. É preciso, no entanto, cuidado ao referir-se a temática ambiental, para que esta não se torne um tema ou termo vazio, tão amplo e absoluto que não se consiga colocar em prática. Quanto a esta preocupação, “é preciso difundir a conservação do meio ambiente, dos recursos naturais, mas também preparar para a cidadania, para o convívio com outros seres. Educação Ambiental tem, hoje, uma dimensão ampla”, nos alerta o Professor Eduardo Mazzaferro Ehlers, Coordenador do Curso de Tecnologia e Gestão Ambiental da Faculdade do SENAC. A partir destes pressupostos entende-se que questões relacionadas à Educação Ambiental, dão ênfase, as relações existentes entre os aspectos filosóficos, sociais, econômicos e culturais, já mencionados, que imprimem um caráter interdisciplinar a Educação. O próprio papel da escola, conceitos de currículo, formação de professor, inter-relações sociais, econômicas, políticas e filosóficas precisam ser consideradas na definição dos objetivos e metas desta, A Educação Ambiental deve promover uma tomada de consciência e uma compreensão da evolução do meio social e físico e sua totalidade, seus recursos naturais, artificiais, culturais e espirituais, junto ao uso e a conservação racional desses recursos par o desenvolvimento. (Conferência de Educadores Africanos, Membassa, Kenia, 1968, apud Mayha – Nunes, 1991,p.65). A construção coletiva origina-se da participação e a escola é o espaço ideal para o seu desenvolvimento. É onde o indivíduo pode se preparar para o exercício da cidadania, para a co-responsabilidade na tomada de decisões que afetam o coletivo para o engajamento na tarefa de construir uma sociedade comprometida pois: se a escola pretende estar em consonância com as demandas atuais da sociedade, é necessário, segundo os PCN, que trate de questões que interferem na vida diária dos alunos, contribuindo para a formação do cidadão participativo, plenamente reconhecido e consciente de seu papel na sociedade. A definição oficial da Educação Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente, diz mais ou menos a mesma coisa: Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os torna aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros. Ministério do Meio Ambiente. 20
  • 21. A Educação Ambiental deve pautar-se nos valores da solidariedade, da cooperação, do respeito e do compromisso com o coletivo, da participação e da responsabilidade. Estes, vinculando-se as finalidades da Educação Ambiental de: • Ajudar a compreender claramente a existência e a importância da interdependência ecológica, social e política nas zonas urbanas e rurais. • Proporcionar para todas as pessoas a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as aptidões para proteger o meio ambiente. • Apontar novas pautas de conduta aos indivíduos, aos grupos sociais e a sociedade em conjunto, de respeito ao meio ambiente. Assim, o desenvolvimento da Educação Ambiental, hoje, objetiva a uma nova concepção de sociedade, outro modo de vida, que depende de um novo homem, sujeito de uma nova educação, pois não se preocupa apenas do conhecimento sobre o meio ambiente, mas busca sobretudo uma mudança significativa de comportamento. 21
  • 22. 2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Ainda que suas raízes intelectuais sejam antigas, a Educação Ambiental, tal como se descreveu em Estocolmo, é um conceito relativamente novo, (...). (MAYNÉ-NUNES, 1991, in Revista de la Confederación Interamericana de Educación Católica, p.65). 2.1 Educação Ambiental: ontem e hoje O surgimento e desenvolvimento da Educação Ambiental, cuja origem data dos anos 60, nasceu na tomada de consciência de que a Revolução Industrial e o desenvolvimento tecnológico, ao lado dos benefícios gerados para a humanidade, provocaram uma série de conseqüências desastrosas, o que tornou urgente e necessária a sensibilização das populações quanto à responsabilidade de cada indivíduo. Em várias partes do mundo, a poluição causada pelas industrias estava destruindo os rios e tornando o ar das cidades muito carregado de gases venenosos e poeira tóxica. Além disso, o uso abusivo e incorreto de fertilizantes e biocidas (inseticidas, fungicidas, herbicidas...) estava envenenando as águas e os solos causando o desaparecimento de espécies de animais e vegetais. Em 1962, a jornalista Raquel Carson em seu livro “Primavera Silenciosa”, denunciava a ação destruidora do homem, em todo o mundo, degradando o ambiente. Em 1968, a Unesco realizou um estudo comparativo, respondido por 79 países, sobre o trabalho desenvolvido pelas escolas com relação ao meio ambiente. 22
  • 23. Nesse estudo, formularam-se proposições que depois seriam aceitas internacionalmente, entre elas: • a Educação Ambiental não deve se constituir numa disciplina; • por “ambiente” entende-se não apenas o entorno físico, mas também os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos inter-relacionados. (p.229). Mas, somente em 1972 a Organização dos Estados Unidos (ONU), após uma grande discussão internacional, promoveu a Conferencia da ONU sobre o Ambiente Humano, realizado em Estocolmo, Suécia. Compareceram representantes de 119 países, inclusive o Brasil. Ao final da Conferência de Estocolmo – como ficou conhecida – recomendou- se a criação de um Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA) e reconheceu-se que o seu desenvolvimento era fundamental para o combate à crise ambiental no mundo. Especialistas de 65 países reuniram-se em Belgrado, Iugoslávia (1975), para formular os princípios e orientações para o PIEA. Então, a UNESCO (Organização das Nações Unidas Para Educação, Ciência e Cultura), em cooperação com o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), realizou em Tbilisi (Geórgia, ex-URSS) a Primeira Conferência Intergovernamental Sobre Educação Ambiental (1977). A Conferência de Tbilisi – como ficou conhecida – foi o encontro decisivo para os rumos da Educação Ambiental no mundo. Ficaram definidos seus objetivos, características, estratégias e recomendações. A Educação Ambiental teria por objetivo considerar o meio ambiente em sua totalidade, ser continua, atingir todos, ocorrer dentro e fora da escola e examinar as questões ambientais locais, nacionais e internacionais, sob enfoque interdisciplinar. 23
  • 24. A Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jontien, Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990, reitera: (...) confere aos membros de uma sociedade a possibilidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua herança cultura, lingüística e espiritual, de promover a educação de outros, de defender a causa da justiça social, de proteger o meio ambiente (...). É neste contexto que começa a ser preparada a Conferência Rio-92, cuja grande preocupação se centra nos problemas ambientais globais e nas questões do desenvolvimento sustentável. Aqui são lançados os desafios fundamentais às políticas dos governos das nações para o próximo milênio. Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio-92, cujo principal documento assinado pelas partes foi a Agenda 21, define ações fundamentais nas quais os governos deverão basear-se para elaboração de suas políticas nacionais. Em seu capítulo 36 [grifados por mim] – Promoção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento – propõe a reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento sustentável e enfatiza a importância da educação permanente sobre o meio ambiente, centrado em problemas locais. Historicamente a Educação Ambiental é um processo educacional criado ao longo de muitos anos através de estudos de milhares de especialistas, que tem uma visão global das necessidades do homem e da natureza entrelaçadas em um objetivo comum que é a manutenção da qualidade de vida de todos os seres do planeta. Em vista da existência de problemas ambientais em quase todas as regiões do país, torna-se importantíssimo o desenvolvimento e implantação de programas educacionais ambientais, os quais são de suma importância na tentativa de se reverter ou minimizar dos danos ambientais. 2.1.1 Educação Ambiental no Brasil: ontem e hoje 24
  • 25. No Brasil, a questão ambiental é histórica e está embasada no próprio processo de formação político, econômico e social do país que tem sua história, ou seja, a história de Colônia, profundamente ligada às diretrizes do Mercantilismo. É importante salientar, que o Mercantilismo foi a política adotada pelas potências européias do século XVI ao XVIII, a fim de promover a prosperidade nacional e aumentar o poder do Estado. Os objetivos mercantilistas levaram os países europeus, as metrópoles, a se lançarem em navegações marítimas, na busca de colônias em regiões distantes, sobretudo na América, para exploração econômica através do domínio do território e imposição de uma cultura diferente. A nossa colonização foi sobretudo obra dos portugueses, dominando vasto território e suas populações, assumiram o controle e direção de tudo, aqui atuando em forma dominadora durante três séculos, deixando-nos como herdeiros daquilo que realizaram e que constitui o nosso passado colonial. O grande objetivo da Colonização Portuguesa no Brasil: explorar as riquezas naturais da terra recém descoberta, assim, (...) era do Brasil que saia a tinta que coloria os tecidos e servia para escrever; o açúcar e o cacau que a Europa consumia; o couro com que se fazia os calçados e o algodão com que os ingleses se vestiam; o ouro que adorna os palácios e igrejas; o tabaco e a aguardente para a África... (AQUINO, 1999, p.77). Dessa forma, o Brasil iniciou sua historia propriamente dita, num contexto de exploração ambiental onde a Mata Atlântica, que em 1500, cobria aproximadamente 12 % do território brasileiro, apresenta apenas 7% da sua extensão original, (IBGE 2000), espalhados ao longo da costa e algumas regiões do interior. A cultura da cana-de-açúcar provocou o esgotamento dos solos, devido a utilização sucessiva da mesma terra ao longo dos anos, assim como a prática da queimada como forma de limpeza dos canaviais e florestas, devastando-as juntamente com elas os animais. Subverteu o equilíbrio ecológico do Nordeste, legando para o futuro, uma terra àrida, incapacitada para as culturas de plantas alimentares, sujeita a ciclos de seca e fome até os dias de hoje. 25
  • 26. Infelizmente, no Brasil, a Educação Ambiental foi confundida apenas como Ecologia e iniciou-se de forma errada. Passados dez anos da Conferência de Tbilisi, a UNESCO e o PNUMA promoveram o Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambientais, em Moscou, Rússia (1987), quando foram analisadas as conquistas e dificuldades da Educação Ambiental em todo o mundo e traçadas as metas para o futuro. Naquele encontro o Brasil não teve muito a apresentar. Então, somente dez anos após Tbilisi, o Ministério da Educação e Cultura – MEC – pronunciava-se sobre Educação Ambiental (Parecer do Conselho federal de Educação, 1987). Até então, produzia-se no Brasil, livros com temas de Ciências ou da Ecologia rotulados de Educação Ambiental. Os cursos de treinamento eram escassos e assim os professores tinham dificuldade de ter acesso às informações sobre Educação Ambiental. Neste Parecer, no documento final, Estratégia Internacional de ação em matéria de Educação e Formação Ambiental para o decênio de 90, ressalta-se a necessidade de atender, prioritariamente, à formação de recursos humanos, [salientado por mim], nas áreas formais e não formais da Educação Ambiental, e na inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino. Paralelamente, aceleram-se os fatores de globalização do sistema econômico. Os fatores globais adquirem maior importância na definição das políticas nacionais. Há uma redefinição do papel do Estado na economia nacional, uma crescente reorganização ou polarização da economia e uma paulatina marginalização de algumas regiões ou países, em relação à dinâmica do sistema econômico mundial. Os países que dependem dos produtos básicos são debilitados. 26
  • 27. Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil em 1988, conquistamos um capítulo especial sobre o Meio Ambiente (Cap.VI), e um item específico sobre a Educação Ambiental (Art.225, item VI), que diz: Cabe ao Poder Público promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Porém, na prática, pouco se fez. O país continua sem uma política definida para a Educação Ambiental e a maioria dos professores, querendo desenvolver atividades de Educação Ambiental, continuam sem receber materiais, treinamentos ou qualquer orientação para o assunto. Em 1990, uma nova proposta do MEC, através da Assessoria de Educação Ambiental, promoveu encontros nacionais e regionais, criando centros de Educação Ambiental, promovendo treinamentos e estabelecendo uma Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Mesmo sendo praticada no Brasil desde a década de 50, de ser objeto de Conferências Internacionais desde 1975, e de fazer parte da Resolução do Conselho Federal de Educação, em 1987, a Educação Ambiental é, apenas agora, transformada em lei, devendo, em conseqüência disso, tornar-se prática e oficial por parte de todos os setores da sociedade. É o que diz a Lei nº 9795/99, que “(...) dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências”... sancionada pelo presidente da República, em 27 de abril de 1999, após quase cinco anos de debates e discussões. Esta lei reconhece, enfim, a Educação Ambiental como um componente urgente, essencial e permanente em todo processo educativo, formal e ou não formal. A responsabilidade, individual e coletiva, da sociedade na implementação e prática da Educação Ambiental já estava expressa no artigo 225, inciso VI, da Constituição Federal de 1988: “Cabe ao Poder Público promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. O caput do mesmo artigo constitucional incorpora 27
  • 28. o papel da sociedade para a manutenção do ambiente equilibrado: cabe ao “Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. A Lei que institui a Política Nacional de Educação Ambiental reflete este princípio constitucional quando envolve e chama a atenção de toda a sociedade para a sua responsabilidade e o seu comprometimento de promover a Educação Ambiental. A Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 1º, define Educação Ambiental da seguinte maneira: (...) entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. E complementa: “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal” (art.2º). Avança ainda ao incorporar os conceitos expressos na definição de Tbilisi como objetivos e princípios da Educação Ambiental. Diz a PNEA no artigo 4º que são princípios básicos da Educação Ambiental: o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo – afinal, o uso, ocupação e transformação do meio ambiente é um processo que gera conflitos de interesses entre diferentes atores sociais. Estes conflitos determinam não só o modo como os atores intervêm no meio ambiente, mas também o modo de distribuição na sociedade dos custos e benefícios conseqüentes desta intervenção; o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade, respeitando assim a autonomia do aluno; a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; a permanente avaliação crítica do processo educativo; a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural, considerando que cada cultura delineia diferentes modos de relações sociais e de relações com a natureza, inclusive de entendimento, percepção, valores e atitudes em relação a esta natureza. 28
  • 29. Após a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), no Rio de Janeiro, quando foram reforçadas as recomendações de Tbilisi e definida as bases da Educação Ambiental adotadas pela maioria dos países em todo o mundo e também pelo Brasil, que se resume em que: a) A Educação Ambiental deve promover a compreensão da existência e a importância da interdependência econômica, social, política e ecológica entre as zonas urbanas e rurais; b) Proporcionar a todos a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente; c) Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade em seu conjunto a respeito do meio ambiente. As instituições governamentais brasileiras adotaram como prioridade desta Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, de Tbilisi (outubro de 1977), promovida pela UNESCO, o marco para o estabelecimento dos princípios e recomendações a serem desenvolvidos em Educação Ambiental nas escolas. As resoluções quanto ao que deva ser Educação Ambiental no Brasil – que constam no documento do MEC, Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), editado em 1997 e distribuído a todas as escolas públicas do país – são, resumidamente, as seguintes: •Considerar o meio ambiente em sua totalidade: em seus aspectos naturais e construídos, tecnológicos e sociais (econômico, político, histórico, técnico, moral e estético); •Construir um processo permanente e contínuo – desde o início da educação infantil – durante toda as fases do ensino formal; •Aplicar enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada área, de modo que se consiga uma perspectiva global da questão ambiental; •Examinar as principais questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e internacional; •Concentrar-se nas questões ambientais atuais e naquelas que podem surgir, levando em conta uma perspectiva histórica; insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional para prevenir os problemas ambientais; •Considerar de maneira explícita os problemas ambientais nos planos de desenvolvimento e crescimento; •Promover a participação dos alunos na organização de suas experiências de aprendizagem, dando-lhes a oportunidade de tomar decisões e aceitar suas conseqüências; •Estabelecer, para os alunos de todas as idades, uma relação entre sensibilização ao meio ambiente, a aquisição de conhecimentos, a 29
  • 30. atitude para resolver os problemas e a clarificação de valores, procurando, principalmente, sensibilizar os mais jovens para os problemas ambientais existentes na sua própria comunidade; •Ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; ressaltar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a necessidade de desenvolver o sentido crítico e as atitudes necessárias para resolvê-los; utilizar diversos ambientes com a finalidade educativa e uma ampla gama de métodos para transmitir e adquirir conhecimento sobre o meio ambiente, ressaltando principalmente as atividades praticas e as experiências pessoais. Como conquista a sociedade brasileira conta com uma legislação que: (...) impõe ao Poder Público a implantação da disciplina de Educação Ambiental nos seus cursos públicos, bem como o obriga a incentivar e propiciar desenvolvimento de projetos e programas educacionais ambientais tanto formais quanto informais, de maneira que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem cumprir sua obrigação legal colaborando assim com o importante processo de conscientização ambiental. Somente assim poderemos tentar melhorar a qualidade de vida de todos e, conseqüentemente, cumprirmos o disposto no art. 225 da nossa Constituição Federal de 1988, onde diz, em poucas palavras, que o meio ambiente sadio é um direito de todos. 2.2 Aspectos legais A Educação Ambiental foi a forma encontrada internacionalmente par promover mudanças de mentalidade, investindo na conscientização das pessoas para que adotem posturas, tanto de proteção a vida no planeta em geral, quanto de melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida das comunidades, uma vez que transformou-se em instrumento indispensável pelas sociedades contemporâneas para criar e aplicar formas sustentáveis de interação sociedade-natureza. Assim, existem hoje, uma série de documentos com referência a Educação Ambiental. Resultantes de vários eventos internacionais promovidos pela UNESCO – Estocolmo em 1972, Belgrado em 1975 e Tbilisi em 1977, entre outros adotados pelo Brasil e pela maioria dos países membros da ONU. 30
  • 31. Entre os vários documentos existentes que norteiam a Educação Ambiental destacam-se: • CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO - Em 1972 realizou-se, a Conferência de Estocolmo, que contou com representantes de 113 países. Nesta conferência foi concebido o Plano de Ação Mundial, e, em particular, foram dadas diretrizes para um Programa Internacional de Educação Ambiental. Apesar da sua importância, esta conferência configurou-se mais como um ponto centralizado para identificar os problemas ambientais, do que um começo de ação para resolvê-los. • CARTA DE BELGRADO - Em 1975, a UNESCO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em resposta à recomendação 96 da Conferência de Estocolmo, cria o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA). • CONFERÊNCIA DE TBILISI – Em Outubro de 1977, em Tbilisi (URSS), acontece a Primeira Conferência Internacional em Educação Ambiental, que constitui o ponto culminante do Programa Internacional de Educação Ambiental. Nesta conferência, definiram-se objetivos e estratégias, a nível nacional e internacional. Postulou-se que a Educação Ambiental é um elemento essencial para uma educação formal e não formal, e que dela resultarão benefícios para a Humanidade. Chegou-se à conclusão que a educação deveria, simultaneamente, preocupar-se com a consciencialização, a transmissão de informação, o desenvolvimento de hábitos e a promoção de valores, bem como o estabelecimento de critérios e orientações para a resolução de problemas. Nesta perspectiva forma estabelecidas estratégias internacionais para ações no campo da educação e formação ambiental. • 1979 - Ecologia – uma proposta para o Ensino de 1º e 2º graus, de 1979, publicado pelo Departamento do Ensino Médio – MEC e a CETESB-SP. • Lei Nº 6938/81 - que estava voltada para a política nacional do meio ambiente. Foi a primeira conquista de grupos ambientalistas, porém a Educação Ambiental 31
  • 32. continuou restrita a questões ligadas à natureza (extinção de animais, poluição dos rios, devastação da natureza, etc.). Não se pode negar que esses temas são importantes, mas é preciso que se discutam, também, as questões sociais, econômicas e políticas do país. Dispõe sobre fins, mecanismos de formulação e aplicação da Política Nacional do Meio Ambiente, consagra a Educação Ambiental e estende, no seu Artigo 2º, inciso X, a: Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. • Decreto Nº 88.351/83 - que regulamenta esta lei, estabelece que compete às diferentes esferas do Poder Público: orientar a educação, em todos os níveis, para a participação efetiva do cidadão e da comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando para que os currículos escolares das diversas matérias obrigatórias complementem o estudo de ecologia. • Parecer Nº 819/85 – MEC – reforça a necessidade da inclusão de conteúdos ecológicos, ao longo do processo de formação que se desenvolve no ensino de 1º e 2º graus, integrados a todas as áreas do conhecimento, de forma sistematizada e progressiva, possibilitando a formação da consciência ecológica do futuro cidadão. • Congresso Internacional sobre Educação Relativa ao Meio Ambiente, em Moscovo, promovido pela UNESCO, 1987. No documento final, Estratégia internacional de ação em matéria de educação e formação ambiental para o decênio de 90, ressalta--se a necessidade de atender, prioritariamente, à formação de recursos humanos, nas áreas formais e não formais da Educação Ambiental, e na inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino. • Parecer do Conselho Federal de Educação Nº 226/87 - aprovado por unanimidade, considera a necessidade da inclusão da Educação Ambiental dentre os conteúdos a serem explorados nas propostas curriculares das escolas de 1º e 2º graus. Recomenda, ainda, a incorporação de temas ambientais da 32
  • 33. realidade local compatível com o desenvolvimento social e cognitivo dos alunos e a integração escola-comunidade como estratégia de aprendizagem. • Constituição da República Federativa do Brasil -1988 - Em termos propriamente dito, vemos que no Brasil o parágrafo 1º, VI, do art. 225 da Constituição Federal, determina ao Poder Público a promoção da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino. Mas, apesar desta previsão constitucional, bem como o fato de a Educação Ambiental já ser conhecida mundialmente como ciência educacional e também recomendada pela UNESCO e a Agenda 21, pouco era feito no Brasil para a sua implantação concreta no ensino. O que existia era fruto dos esforços de alguns abnegados professores e educadores, não havendo a atenção que merece o tema pelo Poder Público e as entidades particulares de ensino. • Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jontien, Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990, reitera: (...) confere aos membros de uma sociedade a possibilidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua herança cultura, lingüística e espiritual, de promover a educação de outros, de defender a causa da justiça social, de proteger o meio ambiente (...). • Portaria Nº 678/91 – MEC - de 1991 – determinou que a educação escolar deveria contemplar a Educação Ambiental permeando todo o currículo dos diferentes níveis e modalidades de ensino. • Portaria n. 2.421/91 do MEC de 1991 – institui em caráter permanente um Grupo de Trabalho para Educação Ambiental com o objetivo de definir, com as Secretarias Estaduais de Educação, as metas e estratégias para a implantação da Educação Ambiental no país, elaborar proposta de atuação do MEC na área de educação formal e não-formal para a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. • Carta Brasileira para EA – Na Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – RIO/92 – o MEC promoveu um Workshop sobre EA com 33
  • 34. objetivo de socializar os resultados das experiências em EA, integrar a cooperação do desenvolvimento em EA nacional e internacionalmente, e discutir metodologia e currículo para a EA. Deste encontro resultou a carta brasileira. • Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global – de caráter não-oficial, foi celebrado por diversas organizações da sociedade civil, por ocasião da Conferência Rio/92. Reconhece a “educação como um processo dinâmico em permanente construção” que deve propiciar a reflexão, o debate e a autotransformação das pessoas. Reconhece, ainda, que a “educação ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um processo de aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas de vida.” • Plano Decenal de Educação Para Todos – 1993-2003, do Ministério da Educação – seus objetivos são referentes à satisfação das necessidades básicas das crianças, jovens e adultos e à ampliação dos meios e do alcance da sua educação básica, tendo a dimensão ambiental como um de seus componentes. • Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio-92 – destacou-se a necessidade de reorientar a Educação para o desenvolvimento sustentável, e falou-se em analfabetismo ambiental. • Proposta do Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA, de 1994, elaborada pelo MEC/MMA/MINC/MCT, com o objetivo de “capacitar o sistema de educação formal e não-formal, supletivo e profissionalizante, em seus diversos níveis e modalidades”. • Parâmetros Curriculares Nacionais, de 1997. A elaboração dos PCN de 1ª a 4ª séries e de 5ª a 8ª séries absorve a dimensão ambiental como um Tema Transversal nos currículos do Ensino Fundamental. Os PCN são lançados como subsídio para apoiar o projeto da escola na elaboração do seu currículo. A grande novidade desta iniciativa é a inserção dos Temas Transversais, que inclui Ética, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Saúde, Pluralidade Cultural e Trabalho e Consumo, que permeiam todas as disciplinas, buscando ajudar a escola a 34
  • 35. cumprir seu papel institucional de fortalecimento da cidadania. Como explicitado no volume 9 dos (PCNs): (...) o trabalho de aluno deve ser desenvolvido a fim de ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio (...). . (...) neste sentido, as situações de ensino devem se organizar de forma a propiciar oportunidade para que aluno possa utilizar o conhecimento sobre o meio ambiente para compreender sua realidade e atuar sobre ela (...). • Lei Nº 9.795/99 – de 27 de abril de 1999. Porém, com a publicação da Lei 9.795/99, que dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e dá outras providências, a questão tomou força, pois a implantação e aplicação da Educação Ambiental como disciplina passou a ser obrigatória. A citada lei define juridicamente a Educação Ambiental como: (...) processo por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constrói valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e de sua sustentabilidade. (art 1º). 35
  • 36. 3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR A Educação Ambiental é um processo que consiste em reconhecer valores e explicar conceitos, com o objetivo de fomentar atitudes necessárias para compreender e apreciar as inter-relações entre o homem, sua cultura e seu meio biofísico. A Educação Ambiental aproveita também a tomada de decisões, e na própria na própria elaboração de um código de comportamento com respeito às questões relacionadas com a qualidade do meio ambiente. (Comissão de Educação de IUCN, Paris, 1970, apud – Maynes-Nunes, 1991, p.65). 3.1 A QUESTÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO Ao se abordar a questão ambiental, lembra-se que tem cada vez menos sentido tratá-la de forma independente, tanto no plano político-social quanto reivindicativo. Não podemos aceitar ou estaremos correndo o risco de contradições explosivas, desenvolver dois conjuntos paralelos de medidas, um para responder as necessidades sociais (‘’salvar a humanidade’’) e outro para responder aos danos ecológicos (‘‘salvar o planeta’’). O objetivo atual é combinar estas duas exigências solidárias em um mesmo programa de ação que seja, de fato, coerente. Isto vale também para o planto teórico: a questão ambiental não deveria ser reduzida à ecologia, mas fazer parte dos questionamentos contemporâneos que impõem uma revisão geral das concepções ecológicas, hoje direcionadas para Educação Ambiental. O desenvolvimento econômico provocou, no passado, inúmeras crises ecológicas de dinâmica global, produzida pela humanidade. Sistemas de produção não-capitalistas (por exemplo, na União Soviética) tiveram conseqüências ecológicas desastrosas mas a crise contemporânea é incitada pela lógica essencial ao capitalismo (da “produção pela produção”). Esta foi a base dos desenvolvimentos 36
  • 37. econômicos posteriores a Segunda Guerra Mundial que conferiram às crises ecológicas localizadas uma nova dinâmica global (expansão e adensamento do mercado mundial como a petroquímica e a agroindústria, a explosão dos transportes, etc.). a globalização liberal em curso tende a agravar ainda mais esta questão. O custo humano da crise ecológica já é muito alto. Porém, são as próprias condições de existência humana na Terra que serão qualitativamente fragilizadas se uma mudança radical na produção não se operar. A problemática ambiental exige mudanças de comportamentos, de discussão e construção de formas de pensar e agir na relação com a Natureza. Este alerta ganha repercussão, pelo lado da chamada “globalização econômica”, temos a “globalização dos problemas ambientais”. De maneira, o combate ecológico exige uma modificação do funcionamento das sociedades humanas, ou seja, uma transformação social que só é possível através da Educação dos homens. A complexidade da questão ambiental esta no caráter múltiplo de suas causas e nas profundas mudanças que são necessárias para minimizá-las. Daí a importância da Educação, cujos fundamentos, de múltiplas dimensões, constituem-se em poderosos recursos para serem utilizados no processo de mudança individual e coletiva. A Educação Ambiental, que hoje faz parte da Legislação Educacional Brasileira destacado como o “compromisso com a construção da cidadania” pelo Governo Federal – é apresentada nos PCNs como uma necessidade, pois: (...) a questão ambiental impõe às sociedades a busca de novas formas de pensar e agir, individual e coletivamente, de novos caminhos e modelos de produção de bens, para suprir necessidades humanas, e relações sociais que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e, ao mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo universo de valores no qual a educação tem um importante papel a desempenhar. (Comissão de Educação de IUCN, Paris, 1970, apud – Maynes-Nunes, 1991, p.180). 37
  • 38. A proposta do MEC para a prática da Educação Ambiental na escola, implementada pela Coordenação Geral de Educação Ambiental, é a inserção da temática ambiental nos currículos, aliada a adoção de uma nova postura – de práticas e atitudes – de toda comunidade escolar, que pode ser exercitada em projetos de Educação Ambiental articulados como o projeto educativo da escola. E os professores são os principais agentes da implantação da Educação Ambiental na escola. Por isso mesmo, é necessário oferecer-lhes formação para desenvolver a capacidade de compreender, refletir e ensinar os temas relacionados ao meio ambiente. O processo educacional entra neste contexto por fundamentar-se no respeito a vivencia e ao conhecimento como pré-requisito para a construção de saberes e de ações no ambiente, onde a Educação Ambiental é: o processo no qual o individuo assimila conceitos e interioriza atitudes, de modo a adquirir capacidades e comportamentos, que lhe permitam compreender e avaliar as relações de interdependência estabelecidas entre a sociedade em que vive e seu meio biofísico, bem como para atuar em consonância com a análise efetuada. (Seminário Piloto de Educação Ambiental, 1983, apud MEDINA, 1994b). Conclui-se, então, que a Educação Ambiental nada mais é que Educação, recuperando seu sentido como processo, que permite ao homem dotar- se em e para a transformação do mundo, a partir das bases filosóficas deste, da sustentabilidade e da ética concentrada na vida. 3.1.1 Educação Ambiental, Meio ambiente e Cidadania Educação é uma das grandes questões deste século, e está na pauta das discussões mundiais, despontando como única alternativa de transformação dos homens e, conseqüentemente, da sociedade. Uma educação compatível com as necessidades da sociedade tem sido o objetivo de todo o Sistema de Ensino, em todos os momentos históricos, 38
  • 39. porque é nessa sociedade que os sujeitos da educação estabelecem os seus espaço de vida social, emocional e de desenvolvimento cognitivo. No Brasil, a educação faz parte das discussões de toda a sociedade civil organizada, que preocupada com o futuro da sociedade brasileira debatem os problemas educacionais e buscam soluções. Assim, o Brasil vem participando de encontros internacionais convocados pela UNESCO, UNICEF, PNUD e Banco Mundial, com o objetivo de buscar alternativas ao mesmo tempo em que vem comprometendo-se com mudanças no sentido de reconhecer a educação como instrumento da promoção dos valores humanos universais, da qualidade de recursos humanos e do respeito pela diversidade cultural. A busca da Cidadania está intimamente ligada à educação, uma vez que esta também é imprescindível para a construção de uma sociedade democrática, pois educar para a Cidadania exige que as questões sociais sejam trabalhadas didaticamente, para que os alunos possam aprender sua complexidade e dinâmica, ao refletirem as mesmas. Estas concepções aparecem nos PCNs – na defesa que: “com isso o currículo ganha em flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser priorizados e contextualizados de acordo com as diferentes realidades locais e regionais (...)”, - PCNs Amarelo, (Temas Transversais) p.25, entre eles, destaca-se o Meio Ambiente, que passa a fazer parte dos Temas Transversais. O Meio Ambiente passa a fazer parte do currículo com a função de: contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. PCNs, p.175 – Temas Transversais. Os desafios que se impõem são muitos, mas, talvez o principal seja de reinterpretarmos o lugar do homem no mundo e reavaliarmos os referenciais que tem orientado as ações das diferentes sociedades e culturas diante da natureza e na construção de ambientes. A educação torna-se fator fundamental para a promoção 39
  • 40. do desenvolvimento sustentável e de uma efetiva participação na tomada de decisões. A idéia de Educação Ambiental é concebida no interior do movimento ambientalista como um instrumento para envolver os cidadãos em ações ambientalmente correta em busca de uma sociedade sustentável, e, foi no universo da educação que o termo Educação Ambiental foi criado, com a recomendação de que deveria tornar-se parte essencial da educação de todos os cidadãos. (Conferência de Educação e Universidade de Koele, Inglaterra, 1965). Mas o conceito de Educação Ambiental também foi mudado ao longo do tempo e ainda está em construção. Originalmente, a dimensão de Educação Ambiental, tal qual a do meio ambiente, estava vinculada ao conceito de natureza e ao modo como esta era percebida. Hoje se acentua a necessidade de considerar os diversos aspectos de uma dada situação ambiental e também o conceito de Educação Ambiental incorpora às dimensões socioeconômicas, política, cultural e histórica. A Primeira Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental – Tbilisi/77 – define Educação Ambiental como “uma dimensão dada ao conteúdo e a prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade”. Através da Educação Ambiental é possível desenvolver um conjunto de valores fundamentais, necessários à formação da Cidadania e uma relação mais harmônica com o ambiente em geral. Então, como perspectiva educativa, a Educação Ambiental pode estar presente em todas as disciplinas quando analisa temas que permitem enfocar as relações entre a humanidade e o meio natural, e as relações sociais, sem deixar de lado as suas especificidades. A Educação Ambiental escolar deve enfatizar o estudo do meio ambiente onde vive o aluno, procurando levantar os principais problemas da comunidade, as contribuições da ciência, os conhecimentos necessários e as possibilidades concretas par a solução deles. Ainda, deve remeter os alunos à reflexão sobre os problemas que afetam a sua vida, a de sua comunidade, a de seu país e do planeta, conforme 40
  • 41. direcionam os PCNs (p.189) – no entendimento de que “para que essas informações os sensibilizem e provoquem o início de um processo de mudança de comportamento é preciso que o aprendizado seja significativo”. A Educação Ambiental pode influir decisivamente par isso, quando forma cidadãos, conscientes dos seus direitos e deveres. Nesta perspectiva a Educação Ambiental é uma proposta de educação para refletir sobre as formas de relações entre as sociedades e a natureza, entre os diferentes grupos sociais, sobre a ética e o direito à vida em todos os aspectos. A Educação Ambiental se propõe, ainda, a dar condições aos educandos de se posicionarem e agirem em busca de caminhos mais justos e solidários para os desafios do processo de construção, ocupação e transformação do mundo natural, social, cultural e ético. O ensino para o meio ambiente deve contribuir principalmente par o exercício da cidadania, estimulando a ação transformadora, alem de buscar aprofundar os conhecimentos sobre as questões ambientais, as melhores tecnologias, estimular mudança de comportamento e a construção de novos valores éticos menos antropocêntricos. É preciso ficar claro que a Educação Ambiental é fundamentalmente uma pedagogia de ação. Não basta se tornar mais consciente dos problemas ambientais, sem se tornar também mais ativo, crítico e participativo. Em outras palavras, o comportamento dos cidadãos em relação ao seu meio ambiente é indissociável do exercício da cidadania. 3.1.2 O Aprender a Aprender na visão de Pedro Demo. A Educação Ambiental, permeia todas as áreas do currículo escolar e suas temáticas complexas necessitando da participação de todos os conhecimentos escolares, exigindo um trabalho conjunto dos conhecimentos significativos e ações participativas e responsáveis no meio em que vivem. Pois, para que exista educação é necessário que haja construção e participação. 41
  • 42. Para DEMO: Educação é o suporte essencial, porque, no lado formal, instrumenta a pessoa com a habilidade crucial de manejar a arma mais potente de combate que é o conhecimento e, no lado político, alimenta a cidadania. Sociedade educada é aquela composta de cidadãos críticos e criativos, capazes de indicar o rumo histórico, coletivamente pretendido, sobretudo desenvolver, maximamente, a oportunidade histórica disponível. DEMO, Educação e Qualidade. 3ª ed. Campinas, SP, Papirus, 1996. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). O conhecimento faz parte do dia-a-dia. A todo o momento estamos adquirindo novos conhecimentos. Isto não quer dizer que se esteja construindo esses conhecimentos. Significa que apenas estamos acumulando novos conhecimentos. A aquisição de novos conhecimentos, nem sempre está ligada a uma ação reflexiva sobre os mesmos. Para que a apropriação do conhecimento se dê, o sujeito precisa vivenciar situações que o coloquem em contato com o meio. E mais, precisa agir sobre o que se constitui o objeto de conhecimento para que se torne possível a sua inclusão num sistema de relações. Neste sentido, o caminho da produção do conhecimento, preocupação essencial na modernidade, tem encontrado suporte em metodologias que se proponham a ultrapassar a reprodução, a repetição e a cópia dos meios acadêmicos. Para DEMO, O que marcaria a modernidade educativa séria a didática do aprender a aprender, ou do saber pensar, englobando, num todo só, a necessidade de apropriação do conhecimento disponível e seu manejo criativo e crítico. A primeira necessidade é da ordem dos insumos instrumentais, enquanto a segunda perfaz mais propriamente o desafio humano da qualidade. A competência que a escola deve consolidar e sempre renovar é aquela fundada na propriedade do conhecimento como instrumento mais eficaz da emancipação das pessoas e da sociedade. Neste contexto, mera transmissão é pouco, embora insumo seja indispensável. Em termos emancipatórios, competência jamais coincidiria com cópia, reprodução, imitação. Torna-se essencial construir atitude positiva construtiva, crítica e criativa, típica do aprender a aprender. (DEMO, 1992, p.25). A Metodologia proposta por Demo, enfatiza: (...) que o aluno precisa abandonar, definitivamente, a condição de objeto de 42
  • 43. aprendizagem. Sua função não é copiar e reproduzir, mais que ver muita coisa pela via da aula e sua cópia deve tomar temas e aprofundá-los exercitar aplicações do conhecimento, ensaiar deduções e induções, elaborar criativamente, argumentar com prioridade, pesquisar sistematicamente. Despertar interesse cientifico desafio primordial para o professor, a escola e o sistema como tal. (DEMO,1994, p.87). Nesta perspectiva, o professor passa a ter uma nova proposição metodológica de trabalho, pois se torna o articulador do processo pedagógico. Atua em parceria com os alunos, propõe atendimento diferenciado, freqüenta biblioteca junto com os estudantes, abre os laboratórios (historicamente chaveados no sistema escolar vigente, para não estragar...), torna a escola um espaço aberto para criação, provoca situações desafiadoras, instiga o aluno a buscar e a investigar novos caminhos, acolhe os estudantes que passam a freqüentar a escola também em horários alternativos, motiva a resolução nos meios acadêmicos reprodutivos. Os subsídios fortes para o desenvolvimento desta metodologia convergem com duas expectativas para o mundo moderno: Ao comentar que Aprender faz parte do aprender a aprender, DEMO afirma: O processo educativo se manifesta caracteristicamente na habilidade de refazer críticas e criativamente o conhecimento disponível, superando a condição de cópia meramente aprendida. Aprender é coisa do discípulo, que tem em vista imitar o mestre. Aprender a aprender é típico do mestre, que busca ser sujeito autônomo e formula proposta própria. Demo, propõe assim, uma metodologia que proponha desenvolvimento e responsabilidade do aluno como construtor do seu próprio saber esbarra no papel central do professor como dono da sala de aula, uma vez que, a educação é fator fundamental para a conquista da cidadania, devendo ser entendida como “um processo histórico de conquista popular, através do qual a sociedade adquire, progressivamente, as condições de tornar-se sujeito histórico consciente e organizado, com capacidade de conceber e efetivar-se “projeto próprio”. DEMO, Pedro. Cidadania menor. Petrópolis. Vozes, 1992. 43
  • 44. 3.1.3 Contribuições para a Educação Ambiental na visão de Piaget e Vygotski A atual crise ambiental vem trazer uma crítica ao modelo de desenvolvimento e também ao modelo epistemológico. O desafio está em repensar a Educação em sua totalidade, enfrentando a fragmentação do conhecimento. Educar ambientalmente pressupõe investigar e refletir sobre as complexas relações socioambientais existentes e possíveis, de acordo com a realidade. Neste sentido, são de grande importância as contribuições de PIAGET e VYGOTSKI, para o desenvolvimento das questões ambientais, o aprendizado ambiental e ecológico é colocado como forma de aquisição de conhecimento. Segundo a concepção sócio-histórica ou sócio-interacionista, o sujeito se constrói a partir de suas interações com o meio. Tais interações são consideradas de fundamental importância para o desenvolvimento da inteligência, bem como para o amadurecimento dos indivíduos. No que se refere ao desenvolvimento da Educação Ambiental no currículo, esta que tem o propósito de mostrar a interdependência entre os aspectos biológicos e físicos, ou seja, “entra” no currículo tecendo uma rede de relações entre todas disciplinas, pois é interdisciplinar, encontra embasamento na teoria de PIAGET, onde este contesta a excessiva “disciplinarização”. [...] se explica, com efeito, pelos preconceitos positivistas. Em uma perspectiva onde apenas contam os observáveis, que cumpre simplesmente descrever e analisar para então daí extrair as leis funcionais, é inevitável que as diferentes disciplinas pareçam separadas por fronteiras mais ou menos definidas ou mesmo fixas, já que estas se relacionam com a diversidade das categorias observáveis que, por sua vez, estão relacionadas com nossos instrumentos subjetivos e objetivos de registro (percepções e aparelhos). [...] Mas, para Piaget, a excessiva “disciplinarização” [...] se aplica, com efeito, pelos preconceitos positivistas. Em uma perspectiva onde apenas contam os observáveis, que cumpre simplesmente descrever e analisar para então daí extrair as leis funcionais, é inevitável que as diferentes disciplinas pareçam separadas por fronteiras mais ou menos definidas ou mesmo fixas, já que estas se relacionam com a diversidade das categorias de observáveis que, por sua vez, estão relacionadas com nossos instrumentos subjetivos e objetivos de registro (percepções e aparelhos) [...] Por outro lado, logo que, ao violar as regras positivistas, [...] se procura explicar os fenômenos e suas leis, ao invés de apenas descrevê-los, forçosamente se estará ultrapassando as fronteiras do observável, já que toda causalidade decorre da necessidade inferencial, isto é, de deduções e estruturas operatórias irredutíveis à simples constatação [...] Nesse caso, a realidade fundamental não é mais o fenômeno observável, e sim a estrutura subjacente, reconstruída por dedução e que fornece uma explicação para os dados observados. Mas, por isso mesmo, 44
  • 45. tendem a desaparecer as fronteiras entre as disciplinas, pois as estruturas ou são comuns (tal como entre a Física e a Química [...]) ou solidárias umas com as outras (como, sem dúvida, haverá de ser o caso de Biologia e a Físico-Química). PCN – ENSINO MÉDIO, p.89. Piaget, por ser biólogo, inspira sua teoria no modelo biológico, na relação com a Educação Ambiental poderia ser encontrada no envolvimento das crianças com temas sobre o meio, a natureza, a significação de conceitos e símbolos na perspectiva psicológica, como, por exemplo, a curiosidade dos indivíduos sobre sua vida, seu nascimento e crescimento que tende a levar os mesmos à reflexão sobre o meio em que vivem. Em sua obra, Epistemologia Genética, explica a formação do conhecimento físico, biológico e matemático do indivíduo epistêmico, por meio do organismo com o objeto do conhecimento. Quanto a abordagem dos conteúdos, o professor ao trabalhar os conteúdos referentes a Questão Ambiental, deve permitir ao aluno compreender que os processos na natureza não são estanques, nem no tempo e nem no espaço. Pelo contrário, há sempre vários fluxos de transformações, com reincorporação de materiais a novos seres vivos, enfim, com interações que engendram mudanças no mundo. É necessário destacar que esta compreensão é abstrata, cabendo ao professor buscar fundamentações. Para Piaget o pensamento se constrói através da ação. Desta forma, o desenvolvimento infantil se dá a partir das relações que as crianças estabelecem com o mundo. Ele considera que um dos principais objetivos da educação infantil deve ser o de ensinar a criança a observar os fatos, cuidadosamente, em especial, quando estes estão contrários aos previstos por ela. Observar, perguntar, interpretar, registrar os fatos, devem fazer parte das atividades nesta fase de desenvolvimento. Piaget também destaca outro aspecto fundamental que no desenvolvimento da habilidade de comunicação, pois não basta realizar ações, mas é preciso falar sobre elas, sistematizá-las, através da reconstituição por via narrativa 45
  • 46. de tais experiências, aprendendo a descrevê-las e expressá-las. Tanto pra a sociabilização da criança como para seu desenvolvimento intelectual, é fundamental que ela trabalhe em grupo. Assim, a psicologia piagetiana propõe explicações sobre as características e mudanças ocorridas nas formas de pensamento, bem como sobre as razões e mecanismos que as promovem. Destaca-se na análise de SANTOMÉ: por definir que em cada etapa do desenvolvimento evolutivo de uma pessoa, o desenvolvimento da inteligência ocorre com base em determinadas operações cognitivas que condicionam as informações com as quais é possível entrar em contato e as operações que podem ser realizadas com elas. (SANTOMÉ, 1998, p.37). Já, as contribuições de Vygotski são mais decisivas no que se refere as propostas didáticas relacionadas às peculiaridades das maneiras das pessoas aprenderem, das suas características psicológicas. Em seu livro Psicologia Histórico-cultural, aparecem as significativas contribuições deste teórico-soviético que defendeu que a formação de uma conscientização do individuo a partir de compreensão do conhecimento construído. A perspectiva ambiental deve remeter os alunos a uma reflexão sobre condições humanas e aos problemas que afetam sua vida, a de sua comunidade, a de seu país e do planeta. Para tanto, é preciso que o aprendizado seja significativo. Lev S. Vygotski contribui com esta, uma vez que sua teoria histórica- cultural ressalta o papel decisivo desempenhado pelos adultos, pelo meio social e pela instrução na aprendizagem e desenvolvimentos humanos. Ressalta ainda a importância da mediação como idéia central para a compreensão do desenvolvimento humano. Para ele, o conhecimento é mediado através dos recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos disponíveis numa dada cultura. Ainda, é interessante destacar que: a) a Educação Ambiental ao ser denominada como um dos Temas Transversais dos PCNs, passa pelo compromisso de ser trabalhada pelos educadores com 46
  • 47. propostas de trabalho integrado, não constituindo uma matéria especificado currículo tradicional, podendo facilmente explorar; b) as contribuições da pedagogia piagetiana apontam claramente na aprendizagem da Educação Ambiental pois os conflitos cognitivos ou desequilíbrios são os motores das aprendizagens e que isto só acontece na medida em que estiver ligada aos interesses das pessoas; c) a psicologia Vygotskiana ressalta que as possibilidades de aprendizagem de cada pessoa mantêm estreita relação com o nível de desenvolvimento atingido. 3.2 O Professor e a Educação Ambiental O professor, enquanto sujeito-agente, integrando o coletivo dos educadores de sua escola, tem o papel fundamental na produção e gerenciamento das políticas e práticas curriculares. Deixa de ser um repassador de matrizes de conteúdos prontos, respostas pré-determinadas, para ser um estudioso e mobilizador da ação pedagógica construída na relação interativa com seus alunos, colegas professores e comunidade. É ele o pedagogo da sala de aula, capaz do diálogo com a realidade interna de suas práticas e externa a elas enquanto campo de relações que produzem o conhecimento. É provocador para as descobertas e organizador de situações favoráveis ao ensinar e ao aprender. Para isso, precisa cuidar de sua competência teórico-metodológica, identificando e produzindo espaços para a ação coletora, para o debate das questões pedagógicas, para o estudo organizado. O professor já não pode se entender simplesmente como o professor da série ou da turma, mas como um educador responsável, atuando no currículo com visão ampla e total do que ali se coloca como proposta de educação. É impossível separar a atuação do professor de sua visão de educação e de sua perspectiva de vida. Não há neutralidade. A teoria de aprendizagem, que 47
  • 48. fundamenta sua ação, revela e explica sua crença de como o ser humano aprende, determinando o modelo pedagógico da sala de aula e, no conjunto, o da escola. A escola é um espaço que só pode existir através de uma autonomia consciente, que contemple uma proposta pedagógica qualificada, que atenda as demandas de aprendizagem de sua comunidade e da sociedade. O espírito, que mobiliza e dá vida à essa escola, é o professor aberto ao convívio, permeável às mudanças, evoluções e interações; é o professor o agente transformador, o auto da ruptura da relação de dominação professor/aluno; o professor que não é mais o “sujeito que ensina”, porque os alunos não são mais “os sujeitos que aprendem”. Ensinar/aprender é uma ação continuada e compartilhada entre professores e alunos. O saber concluído, não tem mais sentido, a determinação do conteúdo verdadeiro, porque, na sociedade do conhecimento que vivemos hoje, ele estará sendo continuadamente processado e reconstruído. Essas reconstruções implicam no desenvolvimento de novas atitudes e habilidade frente ao conhecimento e ao processo individual e coletivo de aprender. No que se refere a Educação Ambiental, é imprescindível que a postura do professor seja a de orientador do processo ensino-aprendizagem. GADOTTI, ao educador compete refazer a educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação democrática seja possível, criar umas alternativas pedagógicas, que favoreça o aparecimento de um novo tipo de pessoa, solidário, preocupado em superar o individualismo criado pela exploração capitalista do trabalho, preocupado com um novo projeto social e político que construa uma sociedade mais justa, mais igualitária. (O Papel do Professor – Uma Questão Apenas, SEC, 1965, p.23). Mas é preciso também que o professor tenha consciência de que o trabalhar com a temática ambiental ele deve reavivar o debate entre alunos de varias idades e classes, entre toda a comunidade escolar; que ao refletir conjuntamente sobre o trabalho ambiental, sobre os objetivos que se pretende atingir e sobre as formas de conseguir isso, esclareça o papel de cada um nesta 48
  • 49. tarefa. Preciso ainda avaliar bem o nível de informações dos alunos, pois embora seja elevado devido aos meios de comunicação, as informações são desconectadas, insuficientes, distantes da realidade do aluno e, portanto, inúteis enquanto instrumento de transformação de sua realidade. Cabe ao professor dar sentido a todo esse banco de dados aparentemente desordenado, transformando a informação em conhecimento. Talvez a maior tarefa do professor comprometido com a Educação Ambiental seja a de desenvolver em seus alunos sua condição de ser humano ao desenvolver relações ser humano/ser humano, e, ser humano/natureza, em suas atividades – o que exigirá uma mudança de comportamento também no próprio professor,como diz ARROYO: “só há educação humana na comunicação, no diálogo, na interação entre humanos” e este é um dos grandes desafios que a educação para o meio ambiente traz para o professor, mais acostumado a ser um mero transmissor de conhecimentos e seus alunos simples espectadores, cujo objetivo final é tirar boas notas nos testes. Agora o objetivo final é a transformação, uma pedagogia voltada para a ação, aqui e agora. A primeira tarefa do professor deve ser aproximar o aluno com o meio ambiente, sensibilizando-o especialmente pelos problemas de sua comunidade, onde deverá ser agente transformador. 3.3 A Formação de Professores e a Educação Ambiental A escola – de todos os níveis – está intimamente relacionada com a sociedade, e esta define sua função social ao interessar-se pelos grandes problemas nacionais e, em função desse interesse, tornar-se agente de mobilização social e de consciência crítica da própria sociedade que a mantém. A discussão sobre a função da escola deve implicar necessariamente nas reais condições em que esta se encontra. Condições estas caracterizadas pela situação de precariedade vivida pelos educadores, expressa nos baixos salários, na falta de condições de trabalho, de metas a serem alcançadas, de prestígio social que provoca um descrédito na transformação da situação. A desvalorização objetiva 49
  • 50. do magistério acaba bloqueando as motivações e representa, para a maioria dos professores, um desânimo para se engajar nos projetos de trabalho propostos. Neste contexto, é urgente que a escola, para exercer sua função social, precisa possibilitar o desenvolvimento dos bens culturais e sociais, considerando as expectativas e necessidades dos alunos, dos pais, dos membros da comunidade, e dos professores envolvidos diretamente no processo educativo. Nessa perspectiva, é essencial a vinculação da escola com as questões sociais e com os valores democráticos, para isso, é necessário que, no processo de ensino aprendizagem – na formação de professores – sejam trabalhados: a aprendizagem de metodologias capazes de priorizar a construção de estratégias de verificação e comprovação de hipóteses na construção do conhecimento, a construção de argumentos capazes de controlar os resultados deste processo, o desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer a criatividade, a compreensão dos limites e alcance lógicos das explicações propostas. É necessário o comprometimento da escola em preparar professores das séries iniciais com competência intelectual e técnica, criatividade, consciência profissional e política com características pessoais que contribuam para sua formação. A formação de professores implica assim, na organização curricular da escola (Curso Normal) priorizando uma prática social que inter-relaciona as dimensões epistêmicas, metodológicas, culturais e organizativas da educação e que as redefine na atuação integrada no nível da pesquisa, da docência, das ações nos campos de desenvolvimento social e do exercício das competências profissionais. O desdobramento da estrutura curricular faz-se através das disciplinas específicas teórico-práticas, através da pesquisa e de ações de integração Escola-Comunidade, mediante projetos e atividades de extensão e atualização. Esta formação implica ainda o direcionamento de uma concepção de que o conhecimento se constrói na ação e na palavra dos homens que dão sentido as suas relações intersubjetivas e as suas objetivas sempre reconstruídas no mundo em que vive e que constituem para viver, projetando a educação como uma 50
  • 51. atividade prática em que vinculam as gerações ente si no intuito de darem sentido à práxis coletiva em que aliem seus interesses cognitivos e expressivas a seus interesses emancipatórios de transformação social. Assim, a formar professores para trabalharem a Educação Ambiental exige das instituições de ensino toda uma compreensão de Educação que possibilite aos alunos a aquisição do saber (conhecimento significativo), do saber fazer, (agir na realidade com responsabilidade e exercer a tomada de decisões democráticas, reconhecendo a importância de sua participação na definição do futuro de sua comunidade, o que possibilita a prática da cidadania) e permite ao mesmo tempo, o trabalho coletivo, incentiva a elaboração de seu próprio ser, (cognitivo, efetivo e espiritual) e aprecia a importância dos processos do conviver com os outros, a partir do reconhecimento e da aceitação deste. A atuação de professor demanda competências diversas – como organizar os materiais no espaço da sala de aula, fazer planejamento, construir instrumentos de avaliação, corrigir trabalhos de alunos, dialogar com os familiares dos alunos, trabalhar coletivamente com seus pares – e que envolvem diferentes tipos de saberes. É importante deixar claro que a definição de competências profissionais de um professor serve em primeiro lugar para orientar a formação naquilo que ela deve promover – e não para estigmatizar negativa ou positivamente os professores. Na formação profissional, o desenvolvimento das competências se dá pela aprendizagem de conteúdos significativos, segundo uma metodologia que crie situações nas quais o sujeito que aprende coloca em uso seus diversos conhecimentos, realizando efetivamente as práticas que compõem seu exercício profissional; e pela reflexão sistemática e compartilhada, de preferência com parceiros mais experientes. RUBEM ALVES, nos remete a um questionamento de como formar educadores ao afirmar: “Não sei como preparar o Educador. Talvez que isso não seja nem necessário nem possível... É necessário acorda-los. Basta que o chamemos do seu sono por um ato de amor e coragem. E talvez, acordado, ele repetirá o milagre da instauração de novos mundos”. 51
  • 52. 4 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O FAZER PEDAGÓGICO Educador Ambiental. Um novo “tipo de professor”, especializado em Educação Ambiental, capaz de atuar a nível de formação inicial, a nível de capacitação de docentes já graduados em disciplinas tradicionais e na orientação comunitária. (HENNIG, Georg J. Metodologia do Ensino de Ciências – MEC- FAE, 1994, p,397). Estamos vivendo em uma sociedade que demanda muita agilidade, competitividade, eficiência, trabalho em grupo, ampliação e construção dos conhecimentos de forma criativa e a formação integral do homem em uma visão holística. Este paradigma implica na educação para a formação do homem e o despertar da consciência para uma cultura de harmonia e de paz, onde o aprendiz expressa um modo de ser e pensar conscientizando de sua responsabilidade em beneficiar o Universo com sua passagem. A Educação Ambiental entendida como um caminho para formação de indivíduos em questões essenciais para a qualidade de vida e para a construção da cidadania, tais como, solidariedade, saúde, ética, natureza, diversidade cultural e de idéias de responsabilidade está na escola. Hoje, a escola está buscando formar cidadãos, conforme as referências dos Parâmetros Curriculares, organizados pelo MEC (Ministério de Educação e Cultura), e da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) Nº 9.394/96 – da Educação Nacional, como indivíduos que olhem e vejam a realidade, que a compreendam e tenham 52
  • 53. capacidade de criticá-la, que se preocupe com o destino coletivo e saiba se posicionar diante dos desafios do mundo. Então, trabalhar a Educação Ambiental dentro de um Projeto Político Pedagógico (PPP), sonhado e concebido por uma Comunidade Escolar, nos leva a interrogar: - Como educar para o meio ambiente? Dessa forma, buscamos organizar nossa prática pedagógica embasada numa relação dialética entre nossos objetivos propostos e a CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL e as aspirações norteadoras do Projeto Político Pedagógico da Escola. O Projeto da Escola prioriza as atividades envolvendo: • o planejamento das atividades em um processo dinâmico, democrático, participativo e dialógico; • que os envolvidos no processo ensino-aprendizagem sejam concebidos como sujeitos sociais, comprometidos com a história, a sociedade e a cultura; • a valorização do magistério – formação inicial de professores; • a concepção de homem, mundo, objetivando transformação da sociedade; • o desenvolvimento de projetos através de um trabalho disciplinar, buscando o desenvolvimento integral do aluno, respeitando suas individualidades; • prioridade de sessões de estudos, palestras, encontros de formação e, porque não, de uma experiência das atividades práticas voltadas à natureza, às plantas, em especial, às hortaliças; • avaliação das atividades como prática de reflexão e crítica constante, entre outros. Assim, organizamos o fazer pedagógico, priorizando o desenvolvimento de atitudes e posturas éticas e o domínio de procedimentos sobre a apropriação de conceitos, através de atividades organizadas em momentos distintos. 53
  • 54. Na busca de uma relação dinâmica com os objetivos da escola, fundamentamos nosso trabalho partindo de alguns requisitos pedagógicos citados por HENNIG: A problemática ambiental pode ser resumida assim: • complementaridade de educação teórica e prática ambiental; • possibilidade de utilização da escola com o recurso fundamental para ligar a educação formal ao trabalho ambiental produtivo; • instrumentação da educação com procedimentos que promovam a Iniciação Científica, possibilitem a Compreensão da Ciência bem fundamentada, em uma expectativa de Educação Científica Ambiental, permitindo resolver problemas ambientais; • possibilidade de diálogo (crítica-argumentação) e trabalho interdisciplinar entre educadores e alunos. HENNIG, Georg J. Metodologia do Ensino de Ciências, 2ªEd.MEC-FAE,1994, p.398. 4.1 O Planejamento Participativo e a Proposta Pedagógica da Escola Entendendo a educação como um processo inserido no contexto das relações e interesses que determinam nossa formação social, é necessário priorisar os aspectos filosóficos, políticos, sociológicos e epistemológicos da educação de um curso que pretenda formar um educador consciente de sua missão histórica e preparado para agir junto a outros seres humanos, assumindo uma atitude crítica e comprometida com a transformação social. Partindo desses aspectos considero que a educação, o ensino e toda a ação pedagógica a ser desencadeada pela escola deve ser planejada para propiciar melhores condições sociais, culturais, intelectuais ao ser humano. Aos profissionais da educação então, compete, planejar a ação educativa para a construção do conhecimento e das suas relações com a sociedade. Assim, deve ser objetivo primordial da escola a produtividade e a eficiência, no que se refere a construção do conhecimento para poder melhorar a qualidade do ensino, priorizando as exigências individuais e sociais, o direito de todos a uma educação melhor e às exigências da sociedade. 54
  • 55. A escola que objetiva inovar, construir, transformar, deve realizar com eficácia a tarefa de planejar. Essa renovação da prática educativa somente acontece através de um planejamento crítico, consciente e participativo. Como LUCKESI afirma que: “uma escola para funcionar coerentemente, necessita do planejamento e da ação coletiva do corpo docente, juntamente com as outras instancias pedagógicas e administrativas” (LUCKESI, Cipriano Carlos. Prática Docente e Avaliação. Rio de Janeiro: ABT,1990, p.30). Ao definir o meu projeto de trabalho, após o contato com a Direção da Escola, coincidentemente, em anos anteriores, esta mesma direção já havia me questionado da possibilidade de se fazer um trabalho junto às alunas do Curso Normal, considerando, entre tantas razões, a necessidade delas terem uma consciência da nossa realidade social-econômica, e poucas são as que têm essa vivência das atividades agrícolas da nossa região. De imediato se partiu para a analise da Proposta Pedagógica da Escola de aplicação, conforme segue: A Proposta Pedagógica da Escola – Instituto Estadual de Educação Menna Barreto – chamado pela Comunidade Escolar de PPP – PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO – foi o resultado de um amplo processo coletivo mobilizador de toda a Comunidade Escolar, que propiciou a: integração dos segmentos da Comunidade Escolar, consolidou-se de forma solidária, fortalecendo a escola como espaço democrático e de discussão através da ação coletiva da PARTICIPAÇAO de pessoas que cada vez mais se constituem em sujeitos das transformações sociais. (PPP, p.06) Reflete a defesa de: Princípios éticos voltados para a busca de igualdade de condições que propiciem acesso e permanência dos alunos na escola, com qualidade para todos – com gestão democrática através da participação de todos nas decisões/ações administrativo- pedagógicas e pela valorização do magistério – formação inicial – continuada com condições de trabalho e remuneração.(PPP, p.07). Ao destacar que: As concepções de homem, mundo, sociedade, democracia, educaçao, escola, autonomia, gestão, currículo, avaliação e outros indicam um referencial maior: transformar a sociedade, tornando-a cada vez mais democrática. (PPP, p.07). 55
  • 56. Organizar suas atividades, baseada na concepção de homem enquanto sujeito histórico, e na filosofia de que: A Escola fundamenta suas atividades nos princípios e diretrizes legais vigentes, na crença, no homem como ser individual, inteligente e incluso, capaz de descobrir, assumir sua realização pessoal e de atuar como elemento de uma sociedade em mudança, em busca de SER MAIS”. (Art. 2º - Regimento Escolar). Em seu diagnóstico, apresenta as preocupações de Comunidade ao questionar: AFINAL, QUE ESCOLA TEMOS, PARA QUE SERVE E PARA QUE ENSINO? (PPP, p.07). A Escola Menna Barreto, situa-se no centro de nossa cidade, oferecendo Educação Básica em três turnos de funcionamento: • Educação Infantil – Pré-escola, nível B (2 turmas- diurno); • Ensino Fundamental : o de 1ª a 8ª séries (19 turmas – diurno); o de 6ª a 8ª séries (05 turmas – noturno); • Ensino Médio: o Curso Normal (1ª a 4ª séries – 05 turmas – diurno); o De 1ª a 3ª séries (07 turmas – noturno). Apesar da posição central da Escola, que conta com 1650 alunos regularmente matriculados, aproximadamente, apresenta uma clientela heterogênea. •O corpo docente caracteriza-se com professores habilitados em áreas diversas, alguns apresentando especialização nas áreas específicas de titulação, em Educação, Psicopedagogia, um Psicólogo e um mestre em Química, com um regime de trabalho predominante de 40 horas semanais. •Os funcionários são em número de quinze, apenas dois apresentando titulação superior, com uma jornada de trabalho de 40 horas semanais.( PPP, p.08). Quanto as taxas de evasão, reprovação e repetência, observa-se: • Grande número de evadidos no Ensino Noturno, especialmente nas primeiras séries do Ensino Médio; • No Ensino Médio – Curso Normal – a evasão acontece em todas as séries, provavelmente pela falta de perspectiva do Curso, em relação à Legislação vigente; • Tanto no Ensino Fundamental, quanto no Ensino Médio, o índice de reprovação é considerado relativamente baixo, embora no Ensino Noturno, o grande número de faltas constado prejudica o sucesso do 56