O documento discute a educação ambiental como instrumento para a formação do pensamento crítico nas séries iniciais. Aborda a importância da educação ambiental e seu papel no desenvolvimento de valores sustentáveis. Defende que ensinar crianças sobre meio ambiente nas primeiras séries pode ajudar a formar uma consciência cidadã e reflexiva.
1. FACULDADE DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E TEOLOGIA
DO NORTE DO BRASIL - FACETEN
PÓS - GRADUAÇÃO LATU SENSO
ANTONIIO GUSMÃO DOS SANTOS
GLEIDSON ROGERIO SOUSA DE CRISTO
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO
PARA A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO CRÍTICO NAS SÉRIES
INICIAIS.
BOA VISTA/RR
OUTUBRO/2012
2. ANTONIIO GUSMÃO DOS SANTOS1
GLEIDSON ROGERIO SOUSA DE CRISTO2
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO
PARA A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO CRÍTICO NAS SÉRIES
INICIAIS.
Artigo apresentado ao Centro de Pós-
Graduação da Faculdade de Ciências,
Educação e Teologia do Norte do Brasil -
FACETEN, como requisito para obtenção do
Título de Especialista Lato Senso.
Boa Vista
2012
1
Graduado em Pedagogia pela Faculdade Roraimense de Educação Superior – FARES/RR
2
Graduado em Pedagogia pela Faculdade Roraimense de Educação Superior – FARES/RR
3. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA A FORMAÇÃO DO
PENSAMENTO CRÍTICO NAS SÉRIES INICIAIS3.
RESUMO
A pesquisa aqui apresentada abordará sobre a temática envolvendo a educação
ambiental inserida na educação infantil, especificamente, nas séries iniciais. O entendimento
inicial é de que a educação ambiental, pela natureza da sua dimensão estética, se torna melhor
aplicável à educação infantil, propiciando não somente uma conscientização ambiental acerca
da minimização na geração de resíduos e a um uso sustentável dos recursos naturais
existentes, mas principalmente envolve o aspecto da formação de uma consciência cidadã.
Assim, o estudo se pautou na abordagem que trata do início da "análise do pensamento
ambiental” a partir da preocupação social com o futuro do planeta, passando também pelos
ditames inseridos na LDB e nos PCNs, como base suplementar da importância e da
necessidade de se estender a educação ambiental aos níveis básicos das séries iniciais. A
Educação Ambiental se tornou elemento fundamental para o processo educacional nos
últimos anos em virtude de se mostrar como uma das estratégias mais eficazes e adequadas
para a transformação de valores e atitudes na população. Compreender como os indivíduos
percebem e interpretam o meio ao seu redor, tem se mostrado como etapa primordial,
subsidiando a concepção e a execução de projetos e ações pedagógicas voltadas à proteção do
Meio Ambiente.
Palavras-chave: meio ambiente; educação ambiental; consciência ambiental.
3
Artigo apresentado ao Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil -
FACETEN, como requisito para obtenção do Título de Especialista Lato Senso.
4. ENVIRONMENTAL EDUCATION AS A TOOL FOR THE FORMATION OF A
CRITICAL THINKING IN EARLY SERIES.
ABSTRACT
The presented research here will discuss about the issue involving environmental
education embedded in early childhood education, specifically in the early grades. The initial
understanding is that environmental education, by nature of their aesthetic dimension,
becomes best applicable to early childhood education, providing not only an environmental
awareness about minimizing waste generation and sustainable use of natural resources, but
mainly involves aspect of the formation of a civic conscience. Thus, the study was based on
the approach that is the beginning of "environmental thinking" from the social concern over
the future of the planet, also going by the dictates inserted in the LDB and PCNs, as the basis
of further importance and the need to extend environmental education to basic levels of the
initial series. Environmental Education became a fundamental element to the educational
process in the recent years due to show how one of the most effective and appropriate
strategies for the transformation of values and attitudes in the population. Understanding how
people perceive and interpret the environment around them, has proven essential step,
supporting the design and implementation of projects and educational activities aimed at
protecting the Environment.
Keywords: environment, environmental education, environmental awareness.
5. INTRODUÇÃO
Há alguns anos, muitas pessoas perceberam que a preservação do planeta Terra
significa também a preservação da própria vida. Inicialmente, a preocupação era com a
extinção da fauna, mais tarde a questão da destruição da flora, a poluição do ar. Em seguida, a
poluição industrial e agrícola e também a preocupação com a poluição gerada nos países em
fase de desenvolvimento, pela falta de infraestrutura urbana. Finalmente foram identificadas
as grandes consequências da poluição mundial e seus riscos, como o efeito estufa e a
destruição da camada de ozônio.
À medida que a sociedade se sensibiliza sobre o grau de desperdício que o pratica,
os problemas causados ao meio ambiente com esse hábito e da divulgação nas mídias de
iniciativas que visam o uso de produtos denominados "verdes", se tem a convicção do
desenvolvimento de esperanças na redução das quantidades per capita de resíduos gerados,
bem como do consumo sustentável das fontes de energia no mundo.
É com essa preocupação que se manifesta o interesse pelo tema abordado: entende-se
que a educação ambiental assumiu status de importância fundamental, bem como se entende
também que essa educação tenha de ser formada ainda no seu aspecto basilar, nos primeiros
momentos de vida dos seres humanos.
Por isso, justifica-se a pesquisa doravante apresentada, pela consideração de que a
formação de uma consciência ambiental ainda nas primeiras séries iniciais do estudo pode
facultar ao indivíduo, ator do aprendizado, a oportunidade de modificar a forma como o
mundo é tratado atualmente, ainda que pareça um sonho distante essa afirmação. A educação,
como fenômeno e fato social não se organiza e desenvolve desvinculada de outros fenômenos,
fatos e sistemas que tratam do ser humano na sua integralidade e realidade cultural, sanitária,
habitacional, ambiental, familiar, agregativa, produtiva e evolutiva.
Observa-se que os estudos sobre a educação ambiental inseridos nas Séries Iniciais
se imbricam na educação formal e informal, e têm percorrido várias vertentes no âmbito
educacional. Com base nesses pressupostos, estipulou-se uma problemática que norteia a
presente pesquisa, que consiste na seguinte indagação: de que modo a educação ambiental
pode contribuir para a formação do pensamento reflexivo nas Séries Iniciais?
A hipótese que poderia responder essa pergunta é de fácil explicação, e assume ares
de unanimidade por toda a classe de professores e pelas pessoas que detém a preocupação
com a preservação do planeta, o que, por conseguinte, representa a preservação da própria
6. espécie humana: educando-se a criança para agir com respeito ao meio ambiente, se estará
formando uma cultura cidadã, onde o caráter reflexivo se fundamenta pela questão de que esta
criança também formará concepções em seu convívio familiar e no contexto social em que se
insere.
Portanto, tendo firmado o problema que se intenciona investigar, estipulou-se, como
objetivo geral da pesquisa: apresentar considerações fundamentadas que possam demonstrar,
que a educação ambiental pode ser formadora de um caráter reflexivo nos sujeitos, quando
inserida nas séries iniciais.
Como objetivos específicos, elegeram-se: a) coletar informações que subsidiem a
importância da discussão sobre a questão ambiental, tanto no contexto da geração de resíduos,
quanto da utilização parcimoniosa dos recursos disponíveis; b) apresentar considerações
colhidas na literatura e nos Parâmetros Curiculares Nacionals (PCNs), que retratem a
relevância da inclusão de ensinamentos sobre educação ambiental na educação infantil; c)
promover uma conclusão reflexiológica acerca de como a educação ambiental poderia ser
atrelada à educação infantil, não só em seus aspectos teóricos, mas sobretudo pela vivência
prática dos aprendentes.
Para a consecução desses objetivos, optou-se por um percurso metodológico
estritamente bibliográfico, justificado pela constatação do enorme manancial de publicações
que tratam dessa questão, bem como pela atualidade do tema, o que permite a inferência de
resultados expressivos na coleta e análise das informações.
Para tanto, recorreu-se ao fichamento de diversas obras de fontes secundárias, como
livros e artigos científicos, recolhidos das bases de dados presentes nos meios virtuais de
informação. A pesquisa, portanto, tem formato de qualitativa e exploratória, e seus resultados
foram analisados à luz das convergências autorais sobre o assunto ora enfocado.
1 O MEIO AMBIENTE E O PAPEL DA EDUCAÇÃO
No Brasil a Educação Ambiental assume uma perspectiva mais abrangente, não
restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas incorporando
fortemente a proposta de construção de sociedades sustentáveis. Mais do que um segmento da
Educação, a Educação em sua complexidade e completude.
A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1999. A Lei N° 9.795 – Lei da
Educação Ambiental, em seu Art. 2° afirma: “A educação ambiental é um componente
7. essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em
todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”.
"A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade
educativa têm a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os
homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e
suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a
comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação
superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no
educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação."
"Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade."
Art. 1o da Lei no 9.795 de abril de 1999
"Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a
questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo
para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das
questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando
trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a
crise ambiental como uma questão ética e política."
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - sugerem que o tema meio ambiente
seja de cunho transversal.
Os problemas causados pelo aquecimento global obrigaram o mundo a refletir sobre
a necessidade de impulsionar a educação ambiental. O cenário é muito preocupante e deve ser
levado a sério, pois as consequências vão atingir a todos, sem distinção.
Trata-se de processo pedagógico participativo permanente para incutir uma
consciência crítica sobre a problemática ambiental, estendendo à sociedade a capacidade de
captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.
Aquele que prática a educação ambiental no âmbito de ensino, é conhecido como
Educador ambiental e não necessariamente trata-se de um professor. Qualquer indivíduo da
sociedade pode-se tornar um educador ambiental desde que tenha seu trabalhado voltado aos
temas ligados. Ver mais em Educador ambiental. No entanto, conforme preconizado pela
Resolução CFBio nº 010/2003 é atribuído ao biólogo a expertise de atuar na área, uma vez
que, tratando-se de uma atividade que envolve múltiplos conhecimentos e, tratando-se este de
8. um profissional de abrangência e conhecimento ímpar, por mais que outras áreas atuem neste
campo do conhecimento, cabe ao biólogo desenvolver de fato esta área do saber.
Segundo Pessoa (2005), a qualificação ambiental incorporada ao conceito de
educação surge e consolida-se a partir da década de 1970, como consequência da mudança de
leitura que o homem começa a realizar do cenário de sua vida. Esta leitura, mais pessimista,
contrasta com as ilusões e triunfalismos de épocas anteriores, em que se tinha a sensação de
utilizar uma fonte de energia praticamente inesgotável, de que o desenvolvimento econômico
possibilitaria o progresso de todas as nações e que a ciência e a tecnologia seriam capazes de
dar solução a qualquer acontecimento imprevisto.
Diante dessa vertente, Guimarães (2000) mostra sua preocupação com a educação
ambiental e o homem em si, que vem surgido como estratégias para enfrentar os problemas
ambientais e evitar uma possível catástrofe: a extinção do homem. Tinha como objetivo,
basicamente, desenvolver um progressivo senso de preocupação com o meio ambiente,
baseado em um completo e sensível entendimento das relações do homem com o ambiente a
sua volta.
Como afirma Dias (2000), apesar de se perceber a necessidade de se instaurar novos
comportamentos e valores, uma reflexão mais profunda da educação ambiental se inicia
apenas a partir dos trabalhos elaborados no quadro do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA) desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), organismo da ONU responsável pela divulgação e
realização dessa nova perspectiva educativa.
As discussões em relação à natureza da educação ambiental, então, passaram a ser
desencadeadas e os pontos consensuais foram reunidos nos Princípios de Educação
Ambiental, estabelecidos no seminário realizado em Tammi, pela Comissão Nacional
Finlandesa para a UNESCO, em 1974. Esse seminário considerou que a educação ambiental
permite alcançar os objetivos de proteção ambiental e que não se trata de um ramo da ciência
ou uma matéria de estudos separada, mas de uma educação integral permanente.
Em cumprimento às recomendações da Agenda 21 estabelecida na Conferencia
ECO-92 aos preceitos constitucionais, foi aprovado no Brasil o Programa Nacional de
Educação Ambiental (PRONEA), que previa ações nos âmbitos de Educação Ambiental
formal e não-formal. Na década de 1990, o Ministério da Educação (MEC), o Ministério do
Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) desenvolveram diversas ações para consolidar a educação ambiental no
Brasil (DIAS, 2000).
9. Várias Organizações Estaduais do Meio Ambiente (OEMA) implantaram programas
de educação ambiental, e municípios criaram suas secretarias municipais de meio ambiente,
as quais, entre outras funções, desenvolvem atividades de educação ambiental. Paralelamente,
as Organizações Não-Governamentais (ONGs) têm desempenhado importante papel no
processo de aprofundamento e expansão das ações de educação ambiental que completam e,
muitas vezes, impulsionam iniciativas governamentais.
2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO SOCIAL
Segundo Guimarães (2000), a educação ambiental se faz presente em praticamente
todos os currículos escolares, na legislação ambiental, e em programas governamentais, entre
outros. Porém, subjacente a esse aparente consenso, permeiam muitas concepções divergentes
sobre o tema, orientando práticas qualitativamente distintas. Ainda de acordo com o autor
citado:
Medina (1995) distingue duas principais vertentes na educação ambiental, as quais
denominaram de "ecológico-conservacionista e sócio-ambiental". A primeira vertente,
frequente nas práticas ambientais disseminadas pelo Brasil, apresenta uma concepção de
educação ambiental de caráter essencialmente técnico, reduzindo a questão ambiental a um
compartimento disciplinar, num contexto apolítico e a-histórico.
Esse tipo de prática educativa caracteriza-se por enfatizar a educação ambiental
conjuntamente ao ensino de biologia ou ecologia, onde a apreensão de conceitos ecológicos é
um pré-requisito básico para uma mudança de comportamento por parte dos indivíduos,
instaurador de uma nova ética que resolveria a crise ambiental, não dando importância a todo
o contexto político, econômico e social onde as questões ambientais estão vinculadas.
A ausência de um discurso crítico – camuflando a complexidade social e a dinâmica
das inter-relações dialéticas construídas ao longo do processo histórico entre as modalidades
de organizações políticas, sociais, econômicas, culturais e o substrato biofísico – propicia uma
educação que não produz nenhuma mudança efetiva, refletindo uma concepção e formulando
um projeto educacional comprometido com a manutenção do próprio modelo de sociedade
que gerou a crise ambiental (GRUN, 1996, p. 58)
É uma pedagogia de sentido dubio, como bem observa Gonçalves (2000), e pautada
num discurso que nega aquilo que ela própria pretende afirmar, ou seja, um discurso que visa
preservar a natureza, introduzindo, imperceptivelmente ou não, aqueles mesmos instrumentos
10. responsáveis por sua degradação (autonomia da razão, natureza transformada em objeto, cisão
entre natureza e cultura, etc.).
A outra vertente proposta por Medina (1995) - vertente sócio-ambiental - parte da
compreensão do ambiente como processo histórico de relações mútuas entre as sociedades
humanas e os ecossistemas naturais e postula uma compreensão dessas inter-relações mediada
pela análise dos modelos de desenvolvimento.
O modelo burguês mercantilista em desenvolvimento utilizou o conhecimento
científico emergente, não porque fosse inovador ou verdadeiro, e sim para justificar a sua
forma de dominação, com uma suposta neutralidade científica. Por outro lado, a ciência
moderna só pôde se desenvolver e se consolidar na contemporaneidade, graças ao sistema
capitalista que proporcionou as condições materiais, sociais e culturais para a sua expansão.
Leff (2001) afiança que alguns autores ambientalistas destacam o caráter universal da
ciência e da razão, como possibilitador da sedimentação do poder hegemônica, exercido pela
burguesia, no processo histórico que se denominou sociedade moderna. Para este autor, a
ciência moderna surgiu na Idade Média, influenciada pela nova casta que surgia, os burgos.
Graças a esse novo clima que surgia, teorias que confrontavam as teorias sustentadas pela
Igreja Católica obtiveram um maior respaldo.
Esse modelo de civilização, responsável pelo atual processo de degradação
ambiental, se constituiu sobre a dicotomia homem-natureza, num processo de dominação do
homem sobre a natureza e do homem sobre o homem. A história do esforço do homem por
sujeitar a natureza é também a história da sujeição do homem por parte do homem.
Para Dias (2000), é indispensável à construção do pensamento complexo, haja vista
que este prevê uma via heurística para analisar o processo de inter-relacionamentos que
culminam nas mudanças sócio-ambientais, enquanto que a dialética, como pensamento
utópico, orienta uma revolução permanente no pensamento que mobiliza a sociedade para a
construção de racionalidade ambiental. Assim, "o indivíduo é parte constituinte da sociedade,
porém a sociedade, na sua totalidade, também está presente em busca do indivíduo - através
da sua linguagem, cultura, normas e condutas" (MORIN, 2000, p. 87).
Opõe-se, portanto, ao processo de homogeneização cultural, valorizando a alteridade.
Como explica Freire (1977), favorece, dessa maneira, uma educação integral e integradora,
que atinja as necessidades cognitivas, afetivas e de geração de aptidões para uma atividade
responsável ética do indivíduo como agente social transformador, situado historicamente e
olhando prospectivamente a construção de um futuro mais equilibrado em relação ao uso dos
11. recursos naturais, e justo, quanto às relações entre os homens, eliminadas as condições de
exploração e pobreza vigentes hoje.
3 A CRIANÇA DAS SÉRIES INICIAIS E SUA RELAÇÃO COM O MEIO
AMBIENTE
Há pouco tempo atrás, quando se falava sobre "criança", entendia-se que se tratava
do nascimento até uma determinada idade, ou seja, a primeira infância (de 0 a 3 anos), a
segunda infância (de 3 aos 6 anos) ou a terceira infância (dos 7 aos 11 anos). Hoje, tem que se
considerar, no mínimo, que a fase anterior ao nascimento desempenha um papel importante na
vida do ser humano. Em vista disso, pode-se pensar que não é por acaso os chineses
consideram a idade da criança desde a concepção e não a partir do dia do nascimento
(OLIVEIRA, 1995).
Concebe-se, então, que as características de cada indivíduo vão sendo formadas a
partir das inúmeras e constantes interações do indivíduo com o meio, compreendido como
contexto físico e social, que inclui as dimensões interpessoal e cultural.
Nesse processo dinâmico, ativo e singular, o indivíduo estabelece, desde o seu
nascimento e durante toda a sua vida, trocas recíprocas com o meio, já que, ao mesmo tempo
que internaliza as formas culturais, as transforma e intervém no universo que o cerca
(TRISTÃO, 2002).
Assim, as características do funcionamento psicológico - como o comportamento de
cada ser humano - são, nesta perspectiva, construídos ao longo da vida do indivíduo através
de um processo de interação com o seu meio social, que possibilita a apropriação da cultura
elaborada pelas gerações precedentes.
Para os educadores de Educação Infantil ou quaisquer outros ciclos da educação
básica, é muito mais que ensinar a relacionar sons às letras através de códigos de leitura e
escrita por alfabetização; é um sentido amplo na vida do educador. As ações diárias exigem
do cidadão aprendizagem constante, assim se torna importante compreender o significado
deste aprendizado, a função social da leitura e escrita com o meio.
Ao se considerar o aspecto de instrumentação criativa da educação em seu contexto
emancipatório, vincula-se a aprendizagem e a criação. Logo, a educação infantil dá ênfase na
articulação do ser humano como processo da sua mudança com o meio ambiente, tornando-se
um dos instrumentos essenciais para a educação ambiental e sua sustentabilidade.
12. CONCLUSÃO
Na presente pesquisa, apresentou-se uma reflexão sobre a importância da educação
ambiental para a formação do aprendizado infantil, levando-se em conta outros aspectos que
se fundem nessa questão, como cidadania e a formação de professores.
Identifica-se, por conseguinte, que esta pesquisa representa, acima de tudo, uma
contribuição para os educadores de educação infantil, que contribuem, diretamente ou
indiretamente, com a educação ambiental.
Enquanto categoria emergente dos processos educativo, esta forma de "ver" a
natureza e pensar o próprio ato educativo representa um processo de construção de uma ação
interdisciplinar em educação ambiental.
A sociedade contemporânea exige educadores atentos a essas questões. A educação
ambiental, pelo elogio à diversidade nela pressuposto, abre as portas a diferentes práticas
pedagógicas na ação educativa das crianças. Cabe ao orientador, agente singular da
construção desses processos, a missão, igualmente singular, de articular tais transformações
como uma verdadeira "reforma do pensamento".
Portanto, a pesquisa desenvolvida serviu, acima de tudo, para despertar e tornar
visíveis muitos aspectos que devem ser aprofundados, principalmente no que diz respeito à
construção de uma consciência cidadã ainda nas primeiras séries, mas, principalmente, uma
consciência ambiental crítica.
Entende-se que a escola formaliza os conhecimentos e desenvolve sujeitos com
consciência crítica, participativos e ativos na sociedade. Para que o desenvolvimento deste
indivíduo ocorra, torna-se necessário que o desenvolvimento também atinja os níveis de
educação em todos os níveis, pois só assim essa consciência crítica se fortalecerá.
Na condição de educadores, pode-se perceber a importância de uma educação
abrangente e igualitária, reflexiva e analítica. Assim, a equalização de todos os níveis de
educação, principalmente aquela voltada para a consciência ambiental, se faz necessária, já
que esse pensamento reflexivo propiciará não só o desenvolvimento do nível cognitivo, mas
principalmente de um aspecto de vida onde o que importa não são as ações isoladas de
membros da comunidade, mas a própria sociedade, em seu contexto global.
Dessa forma, a verificação efetuada, com base no elenco de autores selecionados,
pôde favorecer uma abrangência maior do conhecimento dessas inter-relações, na expectativa
de que os métodos empregados na educação ambiental inserida na educação infantil possam,
13. oportunamente, estar realmente surtindo os efeitos necessários à assimilação dos
conhecimentos transmitidos.
A educação ambiental não comporta esse viés, já que se fundamenta sobre tudo pela
compreensão, é produzida socialmente e, por isso mesmo, também se sujeita às regras
encontradas no conjunto da estrutura social. Dessa forma, há uma política burguesa de
reprodução correspondente a uma falta de compromisso e uma atitude frente aos objetos
culturalmente estereotipados.
Conclusivamente, considera-se como atingidos os objetivos norteadores do presente
trabalho, já que foi possível coletar informações substanciais que propiciaram um debate
reflexivo sobre a questão ambiental, em todos os contextos, desde a geração de resíduos até a
utilização parcimoniosa dos recursos naturais disponíveis, foram apresentadas considerações,
notadamente no âmbito dos aspectos oficiais, como os inseridos na LDB e nos PCNs, que
enfocam sobre a relevância da inclusão de ensinamentos sobre educação ambiental na
educação infantil e foi possível, através desta conclusão, apresentar um desfecho reflexível
sobre como a educação ambiental pode ser atrelada à educação infantil, principalmente do
ponto de vista da vivência prática dos alunos em aprendizagem, uma vez que a educação
ambiental, nessas séries, não se coaduna com práticas pedagógicas estritamente teóricas.
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providências. Brasília: 1999.
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PCNs. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BUARQUE, C. O pensamento em um mundo Terceiro Mundo. In: BURSZTYN, M. (Org.)
Para pensar o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Brasiliense, 1993.
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GRUN, M. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. 2. ed. Campinas: Papirus,
1996.
GUIMARÃES, M. Educação ambiental: no consenso um embate? Campinas: Papirus, 2000.
LEFF, E. A complexidade ambiental. São Paulo: Cortez, 2003.
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MEDINA, N. M. Amazônia: uma proposta interdisciplinar de educação. Brasília: IBAMA,
1995.
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico.
São Paulo: Scipione, 1995.
PESSOA, J. O. S. Educação infantil: uma contribuição na educação ambiental. Monografia
(Especialização em Didática do Ensino Superior) – Faculdade de Educação da Serra-FASE,
Manaus: FASE, 2005.
15. TRISTÃO, M. As dimensões e os desafios da educação ambiental na sociedade do
conhecimento. In: RUSHEINSKY, A. (Org.). Educação ambiental: abordagens múltiplas.
Porto Alegre: Artmed, 2002.