2. “(...) Ismael reúne no
espaço os seus dedicados
companheiros de luta e,
organizada a venerável
assembleia, o grande
mensageiro do Senhor
esclarece a todos sobre os
seus elevados
objetivos.(...)”
3. “(...) encaminhando-se para um dos dedicados e fiéis discípulos,
falou-lhe assim:
—Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as
nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo
sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos
dispersos, com as dedicações do teu espírito, afim de que
possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro
dos elevados propósitos de reforma e regeneração.
Não precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza dessa
missão; mas, com a plena observância do código de Jesus e com
a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos, à
força de perseverança e de humildade, consolidando os
primórdios de nossa obra, que é a de Jesus, no seio da pátria do
seu Evangelho. Se a luta vai ser grande, considera que não será
menor a compensação do Senhor, que é o caminho, a verdade e
a vida.(...)”
4. “(...) Havia em toda a assembleia espiritual um divino silêncio. O
discípulo escolhido nada pudera responder, com o coração
palpitante de doces e esperançosas emoções, mas as lágrimas de
reconhecimento lhe caíam copiosamente dos olhos. (...) Relâmpagos
de luminosidade estranha e misericordiosa clareavam o pensamento
de quantos assistiam ao maravilhoso espetáculo, enquanto uma
chuva de aromas inundava a atmosfera de perfumes balsâmicos e
suavíssimos.
Sob aquela bênção maravilhosa, a grande assembleia dos operários
do Bem se dissolveu.
Daí a algum tempo, no dia 29 de agosto de 1831, em Riacho do
Sangue, no Estado do Ceará, nascia Adolfo Bezerra de Menezes, o
grande discípulo de Ismael, que vinha cumprir no Brasil uma
elevada missão.”
Do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de Humberto de
Campos, psicografia de Chico Xavier, capítulo Bezerra de Menezes.
5. • 1857 – Lançamento de “O Livro dos Espíritos”.
• 1858 – Lançamento da “Revista Espírita”.
• 1859 – Lançamento do livro “O que é o Espiritismo”.
• 1861 – É publicado “O Livro dos Médiuns”.
• 1862 – Lançamento do livro “Viagem Espírita em 1862”.
• 1864 – Lançamento do livro “Evangelho segundo o Espiritismo”.
• 1865 – É publicado o livro “O Céu e o Inferno".
• 1868 – Lançamento do livro “A Gênese”.
CRONOLOGIA DAS OBRAS DE ALLAN KARDEC (1857-1868)
6. Adolfo Bezerra de
Menezes Cavalcanti
(Riacho do Sangue, Ceará, 29 de
agosto de 1831 — Rio de Janeiro,
11 de abril de 1900)
foi médico, militar,
escritor, jornalista,
político e expoente
da Doutrina Espírita
no Brasil.
7. Em 1838, no interior do Ceará, conheceu as primeiras letras,
estando à altura do saber de seu mestre em 10 meses.
Aprendeu latim em dois anos, a ponto de substituir o
professor.
ESTUDOS
Bezerra queria tornar-se médico, mas o pai, que enfrentava
dificuldades financeiras, não podia custear-lhe os estudos.
Em 1851, aos 19 anos, tomou ele a iniciativa de ir para o Rio
de Janeiro, a então capital do Império, a fim de cursar
medicina, levando consigo pequena importância réis, que os
parentes lhe deram para ajudar na viagem.
Para poder estudar, dava aula de filosofia e matemática.
Formou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro.
8. Em 6 de novembro de 1858, casou-se
com a Sra. Maria Cândida de Lacerda,
que desencarnou no início de 1863,
deixando-lhe um casal de filhos.
FAMÍLIA
Em 21 de janeiro de 1865, casou-
se, em segunda núpcias com Dona
Cândida Augusta de Lacerda
Machado, irmã materna de sua
primeira esposa, com quem teve
sete filhos.
Em 1859 passou a atuar como
redator dos "Anais Brasilienses de
Medicina", da Academia Imperial
de Medicina, atividade que
exerceu até 1861.
9. Foi justamente o respeito e o reconhecimento de
numerosos amigos que o levaram à política, que
definiu como “a ciência de criar o bem de todos”.
Elegeu-se vereador do Rio de Janeiro em 1860,
pelo Partido Liberal.
Em 1867, foi eleito deputado-geral (deputado
federal) pelo Rio de Janeiro.
Em 1885, atingiu o fim de suas atividades políticas.
Bezerra de Menezes atuou 30 anos na vida
parlamentar.
POLÍTICA
10. Em sua carreira
política, escreveu um
artigo sobre a
importância da
abolição da escravatura
no Brasil e medidas
que o governo deveria
tomar após a libertação
dos negros.
11. ... Outra missão o aguardava, esta mais nobre
ainda, aquela de que o incumbira Ismael, não
para o coroar de glórias, que perecem, mas para
trazer sua mensagem à imortalidade.
12. Ao receber de presente a primeira
tradução brasileira de O Livro dos
Espíritos, em 1875, diz:
“Lia, mas não encontravanadaque
fosse novo parameu espírito,
entretanto tudo aquilo era novo para
mim [...]. Eu já tinha lido ou ouvido
tudo o que se achavano Livro dos
Espíritos [...]. Preocupei-me
seriamente com este fato maravilhoso
e a mim mesmo dizia: parece que eu
era espíritainconsciente, ou mesmo,
como se diz vulgarmente, de
nascença”.
13. Mais que um adepto, Bezerra de Menezes foi um defensor e
um divulgador da Doutrina Espírita.
Com o lançamento do periódico Reformador (que existe até
hoje), em 1883, passou a colaborar com a redação de artigos
doutrinários.
ESPIRITISMO
Embora sua participação tivesse sido marcante até então,
somente em 16 de agosto de 1886, aos 55 anos de idade,
Bezerra de Menezes, perante grande público, em torno de
1.500 a 2.000 pessoas, no salão de Conferência da Guarda
Velha, em longa alocução, justificou a sua opção definitiva de
abraçar os princípios da consoladora doutrina.
14. Em 1889, Bezerra foi percebido como o
único capaz de superar as divisões,
vindo a ser eleito presidente da
Federação Espírita Brasileira.
Movimentos separatistas
Nesse período, iniciou o estudo
sistemático de O Livro dos Espíritos
nas reuniões públicas, passando a
redigir o Reformador; exerceu ainda a
tarefa de doutrinador de espíritos
obsessores.
Organizou e presidiu um Congresso
Espírita Nacional, com a presença de
34 delegações de instituições de
diversos estados.
15. Assumiu a presidência do Centro da União Espírita do Brasil
a 21 de Abril e, a 22 de Dezembro de 1890, oficiou ao então
presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca, em
defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra
certos artigos do Código Penal Brasileiro de 1890.
De 1890 a 1891 foi vice-presidente da FEB, época em que
traduziu o livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec,
publicado em 1892.
Em 1895 reassumiu a presidência da FEB, função que
exerceu até à data de seu falecimento. Nesta gestão iniciou
o estudo semanal de O Evangelho segundo o Espiritismo,
fundou a primeira livraria espírita no país e ocorreu a
vinculação da instituição ao Grupo Ismael e à Assistência
aos Necessitados.
16. Foi membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Auxiliadora
da Indústria Nacional, da Sociedade Físicoquímica, sócio e benfeitor da
Sociedade Propagadora das Belas-Artes, membro do Conselho do Liceu de
Artes e presidente da Sociedade Beneficente Cearense.
Escreveu em jornais como “O Paiz”, redigiu “Sentinela da Liberdade”, os
“Anais Brasilienses de Medicina”, colaborou na “Reforma”, na “Revista da
Sociedade Físico-química” e no “Reformador”. Utilizava os pseudônimos de
Max e Frei Gil.
Mais de quarenta obras escritas e publicadas. São teses, romances, biografias,
artigos, estudos, relatórios, etc.
17. Até hoje é conhecido
como Médico dos
Pobres, pois nunca
cobrava consultas de
quem não podia pagar.
Chegava a pagar até
mesmo o medicamento
homeopático dos
pacientes.
Atualmente, o local onde Dr.
Bezerra de Menezes atendia seus
O Médico
18. Desencarnou em 11 de abril de 1900, tendo ao lado a
dedicada companheira de tantos anos, Cândida Augusta.
Por ocasião de sua morte, assim se pronunciou Léon
Denis, um dos maiores discípulos de Kardec:
DESENCARNE
“Quando tais homens deixam de existir, enluta-se não
somente o Brasil, mas os espíritas de todo o mundo”.
Num diálogo com o médium Divaldo Pereira Franco, Dr.
Bezerra relata como foi sua passagem para o plano
espiritual:
19. (...) “ajoelha-se e,
agradecendo, entre
lagrimas, à Mãe das Mães a
graça recebida, suplica-lhe,
por intermédio de Sua
Enviada Sublime, para ficar
no seu humilde Posto, junto
à Terra, a fim de continuar
atendendo aos pedidos de
seus irmãos terrestres, que
tantas provas lhe dão,
continuadamente, de estima
e gratidão.”
Notas do Editor
O veterinário de Deus
Certa vez, quando era estudante de medicina ficou em sérias dificuldades financeiras, pois precisava de uma certa quantia para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o dono, sem nenhuma gentileza, ameaçava despejá-lo. Desesperado, uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus. Poucos dias após bateram- lhe à sua porta. Um moço simpático e de atitudes polidas pretendia ter aulas de Matemática. Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando- se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar. O moço pediu para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, aceitou. O moço entregou- lhe então a quantia de cinquenta mil réis. O visitante despediu- se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade. Procurou livros na biblioteca pública para se preparar para a aula, mas o rapaz nunca mais apareceu. Era, na verdade, um aluno do "outro mundo".
Caso de sua filha, família humanidade.
Em 1863, ainda no exercício do primeiro mandato como vereador, perde, vitimada por súbita e galopante enfermidade, a querida esposa, que o deixa com dois filhos pequenos, um de três anos e outro de um ano. O golpe foi profundo, abalando-o de tal forma, física e moralmente, que o leva a um estado de prostração, aborrecido das glórias mundanas que por ela, a amada esposa, vinha conquistando.
Mas, como tudo tem a sua razão de ser, e Bezerra de Menezes era um enviado do Senhor para semear a luz na escuridão moral das plagas terrenas, a viuvez o atrai mais fortemente para as cogitações de ordem espiritual. Um seu companheiro de consultório lhe oferece belo exemplar da Bíblia, e nas fontes das letras sagradas o entendimento e o sentimento do grande missionário se dessedentam, se asserenam.
“ — Li toda a Bíblia, e quanto mais lia, mais vontade tinha de continuar, sentindo doce consolação com aquela leitura.
Quando acabei, eu sentia necessidade de crer, não dessa crença imposta à fé, mas da crença firmada na razão e na consciência.
Onde descobrir-lhe a fonte?
Atirei-me à leitura dos livros sagrados, com ardor, com sede; mas sempreuma falha, ao que meu espírito reclamava.
Caso: Não perdoar
Por essa época, e até mesmo antes, Bezerra foi ardoroso abolicionista, apresentando,em livro, medidas que extinguissem a escravidão no Brasil, sem maiores danos para a Nação. Também apresentaria, em 1877, soluções para o problema das secas no nordeste brasileiro. (Artigo: Bezerra de Menezes. Centenário da Desencarnação. Revista Reformador – 04/2000).
Logo que apareceu a primeira tradução brasileira de “O Livro dos Espíritos”, em 1875, foi oferecido a Bezerra de Menezes um exemplar. O episódio foi descrito assim por ele: "Deu- mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar- me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi- me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro dos Espíritos". Preocupei- me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".
A cisão era profunda entre os chamados "místicos" e "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico. (Vida e Obra Dr. Bezerra de Menezes. Antonio Nóbrega Filho. Humberto Mauro Mendonça Machado.).
Em 1887, dá início, nas páginas de O Paiz, um dos mais conceituados órgão da imprensa carioca, com o pseudônimo Max, a uma série de artigos doutrinários sob a epígrafe “Espiritismo — Estudos Filosóficos”, sem que fosse interrompida a sua colaboração em REFORMADOR.
O seu consultório, depois do meio dia, enchia-se de gente pobre e rica, tipos humildes de proletários e figuras da alta sociedade. Cobrava apenas daqueles que pudessem pagar, e ainda com o dinheiro que ganhava ajudava os doentes, com a compra de alimentos e remédios . Receitava pelo coração e pela mente. Pelo coração, conselhos cristãos; pela mente, homeopatia, água fluídica e passes. Cada doente deixava seu consultório, satisfeito, melhorado, pois que havia deixado lá dentro o seu peso, a sua tristeza, algo que o oprimia.
Certa vez, diante de um pai de família que perde a sua esposa, deixando filhos doentes menores e famintos, tira do dedo o anel simbólico de Médico e o entrega ao irmão necessitado, pois não havia encontrado dinheiro nos seus bolsos.
“Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito lhe bate à porta. O que não acode por estar com visita, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro; o que, sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro, - esse não é médico, é negociante da medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito a, única que jamais se perderá no vaivém da vida”. (Lindos casos de Bezerra de Menezes. O apostolado da medicina. Ramiro Gama).
Num diálogo com o médium Divaldo Pereira Franco, Dr. Bezerra relata como foi sua passagem para o plano espiritual:
Um dia, perguntei ao Dr. Bezerra de Menezes, qual foi a sua maior felicidade quando chegou ao plano espiritual.
Ele respondeu-me:
- A minha maior felicidade, meu filho, foi quando Celina, a mensageira de Maria Santíssima, se aproximou do leito em que eu ainda estava dormindo, e, tocando-me, falou, suavemente:
- Bezerra, acorde, Bezerra!
Abri os olhos e vi-a, bela e radiosa.
- Minha filha, é você, Celina?!
- Sim, sou eu, meu amigo. A Mãe de Jesus pediu-me que lhe dissesse que você já se encontra na Vida Maior, havendo atravessado a porta da imortalidade. Agora, Bezerra, desperte feliz.
Chegaram os meus familiares, os companheiros queridos das hostes espíritas que me vinham saudar.
Mas, eu ouvia um murmúrio, que me parecia vir de fora.
Então, Celina, me disse:
- Venha ver, Bezerra.
Ajudando-me a erguer-me do leito, amparou-me até uma sacada, e eu vi, meu filho, uma multidão que me acenava, com ternura e lágrimas nos olhos.
- Quem são, Celina? - perguntei-lhe ? - não conheço a ninguém. Quem são?
São aqueles a quem você consolou, sem nunca perguntar-lhes o nome. São aqueles Espíritos atormentados, que chegaram às sessões mediúnicas e a sua palavra caiu sobre eles como um bálsamo numa ferida em chaga viva; são os esquecidos da Terra, os destroçados do mundo, a quem você estimulou e guiou. São eles, que o vêm saudar no pórtico da eternidade...
E o Dr. Bezerra concluiu: - A felicidade sem limites existe, meu filho, como decorrência do bem que fazemos, das lágrimas que enxugamos, das palavras que semeamos no caminho, para atapetar a senda que um dia percorreremos. (O semeador de Estrelas. Suely Caldas Schubert).
Uma festa na espiritualidade: Relata-se também que completados 50 anos do seu desencarne , Celina, convoca Bezerra a subir a planos mais elevados, pois já cumprira sua tarefa junto ao planeta Terra. Mas ele solicita à emissária que leve à Maria Santíssima um pedido: Desejava permanecer junto à Terra ainda algum tempo mais, a fim de continuar atendendo aos pedidos de seus irmãos terrestres, pois, enquanto houvesse um gemido de dor, ele não conseguiria ser feliz e, tampouco sentir-se-ia à vontade, sabendo que o sofrimento continuava entre seus irmãos. Decorrido algum tempo, Celina retornou, e lhe disse que a Senhora considerou o seu pedido e lhe concedia o tempo que ele achasse necessário para aqui permanecer.