O documento discute a violência obstétrica contra mulheres no Brasil e as diferenças entre as práticas de parteiras tradicionais e médicos obstetras. Inclui uma entrevista com uma parteira diplomada que aprendeu empíricamente antes de se formar na USP e critica a abordagem racionalista e intervencionista dos médicos versus a abordagem mais flexível e sensível das parteiras.
3. A germinação e a educação energética são ensinadas e aprendidas. Nas
sociedades de tradição oral, esses ensinamentos se dão de boca perfumada a ouvidos
doces e limpos, complementando-os com a Kk’antu-tika, a “flor que se abre”, a
iniciação da menina-mulher. Nas sociedades civilizadas da escrita, as iniciações
femininas para a preservação do ideal das atitudes, das virtudes e das práticas
energéticas da menina-mulher não são transmitidas nem oralmente e nem através da
leitura.
4.
5. --- Parte ll
Universo visível e invisível das parteiras obstetras
-.‘Ser curiosa’ foi a base para ser parteira diplomada
-. Entrevista com uma parteira curiosa, diplomada na Universidade de São Paulo, USP
-. Origens de uma parteira diplomada:
experiências práticas de uma parteira curiosa até se tornar uma parteira diplomada
pela Universidade de São Paulo, USP
-. Formação empírica da parteira diplomada:
a prática empírica é um bom estímulo para uma aprimorada formação acadêmica
-. Parteira de linha baixa ou parteira de via baixa na mesa ginecológica:
parto natural é fazer tudo natural, é dar tempo e espaço para a mãe e a criança
-. Consultório particular da parteira diplomada
-. Exame de gravidez
-. Tipos de diagnóstico: sonar, pinar, ouvido direto, ultrassom, estetoscópio
-. Parto a domicílio: a mecânica do ‘ovo’ na residência
-. Episiotomia: não ruptura do períneo em casa!
-. Hemorragia pós-parto e distensão uterina: a conservação do globo de seguridade
garante a retração uterina e evita hemorragias
-. A fragmentação da medicina institucional: “nós, parteiras, temos mais prática que os
próprios médicos”
-. Abortos: declínio e desaparecimento da arte das parteiras diplomadas
6.
7. Diagrama 22
*Pacas Mili e o Kheno da Pacas Mili
Configuração do campo eletromagnético do ventre feminino
Dada a importância das narrativas na educação de aptidões, de valores e de
virtudes e considerando-se a formação pluriétnica dos complementos no Continente
Aywa-Yala, mostra-se necessário procurar fazer ouvir a voz dos primeiros e principais
segmentos que compõem os povos originários da Terra sem Males.
8. PACAS MILI E O KHENO DA PACAS MILI
CONFIGURAÇÃO DO CAMPO ELETROMAGNÉTICO FEMININO
Os fundamentos energéticos iniciação infanto-juvenil feminina
As primeiras relações dos movimentos
eletromagnéticos do ventre feminino tem sua
origem dentro de um potencial energético, nas
*Etãs, ovários, as quais se localizam
5. dentro do Kheno da Pacas Mili.
Elas tem uma função claramente definida:
fazer a *Poraceí, óvulo, dar o seu primeiro
impulso de dentro da Etã para fora dela.
A Poraceí é atraída pelo siwayru (ímã), através
10. das emanações da energia funcional, até alcançar a
*Poty-maru, trompa.
Assim, realizam-se os primeiros movimentos
binários complementários no ventre feminino entre
a Etã e a Poraceí, e entre a Poraceí e a Poty-maru,
15. no campo eletromagnético do Kheno da Pacas Mili.
* Guarany Anhangatu amazônicas
9. Esta é uma pequena introdução de uma arte do siwyru (eletromagnético) que procura
elucidar e entender os mistérios do poder sobrenatural das iniciações femininas, a Kk’antu-tika,
a existência, a vida, em toda a extensão amazônica etnográfica e nas grandes áreas da cultura
andina.
2. Trata-se da *Kk’antu-tika que nunca foi utilizada antes pela cultura cosmopolita. No
entanto, é uma combinação da inovadora medicina itinerante Kallawaya andina com a medicina
prática das Mães d’Umbigo Raizeiras amazônicas, medicinas tradicionias regionais. Essa
iniciação foi desenvolvida especificamente para a prevenção energética e para as emanações
energéticas do ventre feminino.
3. A Pacas Mili e o Kheno da Pacas Mili, campos eletromagnéticos do ventre feminino, o
Universo das correspondências complementares não chegou a ser desenvolvido na cultura
moderna como tema da iniciação infanto-juvenil por causa do conhecimento limitado a respeito
dos fluidos eletromagéticos no ventre feminino.
4. A maior atitude de sabedoria da menina-mulher seria conhecer-se a si mesma, se cuidar,
aprender a lidar com os fluidos de seu ventre e obter o aconchego através das grandes
emanações energéticas vibratórias e às relações dos movimentos eletromagnéticos femininos.
5. Durante a primeira estação úmida, período de transição, de mudanças fisiológicas e
hormonais na menina-mulher, a sabedoria dos fluidos energéticos da primeira ovulação e da
menarca, Oguapy, deixam uma íntima sensação revigorante no complemento binário do Kheno
da Pacas Mili, fonte eletromagnética feminina, promovendo um ambiente confidencial.
*Kk’antu-tika, a “flor que se abre”, a iniciação da menina-mulher. www.mallkuchanez.com.
10. 6. Os fenômenos como o tear energético sobrenatural fundamentadas nas relações de
movimento energético, recebem influências recíprocas a partir da Etã e da Poraceí. Elas se
estimulam e se atraem mutuamente como a Poraceí e a Poty–maru. Os fluxos do Universo
energético e das nove esferas das emanações eletromagnéticas do ventre feminino vão se
sucedendo com grande mutabilidade e intercâmbio até chegarem à Mãe do Corpo, útero.
7. Na prática, os povos originários amazônicos e andinos não tem conseguido encontrar
oportunidade de mostrar a íntima e tênue realidade do ventre femenino, apesar de há muito tempo
estarem nos propondo a educação do ‘pé da barriga’, ventre femenino.
8. A trancendência energética, a Aliptaña Pachakutij, os símbolos, as superstições e os contos da
milenar tradição da Terra Sem Males preservam e vinculam imagens arquetípicas, cujo poder
pedagógico e terapêutico tem sido abundantemente comprovado através das pesquisas e das
práticas educacionais e médicas modernas.
9. É de estimado valor sensibilizar as meninas-mulheres e as mulheres-mães quanto a
importância do tear energético, dos fluidos eletromagnéticos da iniciação feminina: a ovulação e a
menstruação, a abstinência; a concepção, a prenhes, etc
.*Notas extraídas do livro Kk’antu-tika, a “flor que se abre”, a iniciação da menina-mulher (não
publicado)
11. Diagrama 23
Kheno da Pacas Mili
Configuração eletromagnética do ventre feminino
Os complementos binários do ventre feminino
Etã – ovário Poraceí - óvulo ...
12. DIFERENÇAS FILOSÓFICAS ENTRE OS MÉTODOS
GINECOLÓGICOS DOS EUROACADÊMICOS
A razão e a irracionalidade
Os obstetras racionais, duros, frios e religiosos; e as práticas
flexíveis irracionais das parteiras diplomadas
Quando o tema é acompanhar o desenvolvimento dos partos ginecológicos, há quem
ofereça assistência formalista ou purista e há quem preste assistência informal ou realista.
2. Esses contrastes extraordinariamente complexos expressam as diferenças entre as abstrações
racionalistas dos obstetras duros e frios e as práticas flexíveis das parteiras diplomadas:
a) as empiristas parteiras diplomadas são pessoas que amam a sua natureza e são sensíveis
aos fatos instintivos, às vivências reais.
b) os puristas, obstetras racionais religiosos são devotos dos princípios abstratos eternos.
Caracterizam-se como cientistas da lógica abstrata e negam a sua irracionalidade, o seu
oposto.
13. 3. Ninguém consegue viver sem fazer fluir as grandes emanações de forças energéticas
vibratórias, a qual se relaciona com os movimentos energéticos naturais e sobrenaturais,
Luquiqaman tink’u, a transcendência energética, sem fatos reais, sem pensamentos ou princípios
abstratos e a sensibilidade vibratória.
4. Não obstante, os civilizados eurointelectuais, os médicos obstetras, fazem questão de semear
antipatias e mordazes lutas contra todas aquelas pessoas que fazem questão de conceber de
forma diferente seu Universo energético aberto, mediante a adoção total da sobrenatureza como
fazem a etnia da Olho d’Água, a Mãe do Rio, a Mãe d’Umbigo e a Mãe d’Água, e, outras, mediante
a adoção natural como o fazem o Universo energético das parteiras tradicionais, as parteiras
técnicas e das parteiras obstetras.
5. Assim, ocorrem diferenças de temperamentos e de tendências filosóficas entre os civilizados um
problema psicossocial crucial. Essas ações ou comportamentos nos revelam um grande abismo
entre as parteiras obstetras e os médicos obstetras onde esta focalizado uma oposição
intransigente, acirrada entre o homem e a mulher, um contraste simples entre o calor e o frio, o
duro e o mole, o rígido e o flexível. A natureza orgânica sensorial admite todo tipo de permutações,
combinações e arranjos, por exemplo, entre mãe e pai, entre flexíveis e inflexíveis, entre os polos
opostos complementares.
6. Desta maneira, podem-se definir mais amplamente as caraterísticas dos civilizados: os
temperamentos racionais dos obstetras e a natureza instintiva das empiristas como é o caso
das parteiras diplomadas.
14. 7. Historicamente, encontramos os termos intelectualismo e sensacionalismo sendo
empregados como sinônimos de racionalismo e empirismo:
a)o temperamento racionalista-irracionalista parece combinar frequentemente com o
intelectualismo materialista e com a tendência idealista e intervencionista. O racionalismo
obstétrico surge separando as partes do corpo, sem enxergar o todo do organismo sensorial
feminino. O glaucoma irracionalista do técnico especialista permite enxergar só um conglomerado
de coisas nebulosas, divididas, prestes a serem manipuladas e separadas.
b) a natureza das empiristas-sensíveis as parteiras obstetras, por outro lado, é frequentemente
legítima, autêntica; seu otimismo é considerado decididamente realista. Partem do todo e do
universal e dão ênfases à unidade dos organismos vivos, a mulher-mãe e a criança.
c)o racionalista obstetra, em geral, se considera mais religioso que a empirista, porém se mostra
calculista e frio. A empirista se identifica com a natureza e segue os princípios da incerteza da
natureza.
8. Livre-arbítrio
A empirista reivindica, sem dúvida, o que se chama de livre-arbítrio (ar-livre), o direito
de ir e vir da gestante até que a bolsa amniótica se abre naturalmente. O racionalista
obstetra, por sua vez, se mostra um fatalista, inevitavelmente intervencionista e rígido. Faz
questão de cortar ou estourar a bolsa amniótica mecanicamente e sadicamente realizar a
episiotomia sem perguntar ou consultar a mãe-gestante ou a mulher-gestante
15. 9. Atitude e mentalidade rígida, dogmática, do obstetra
Ele se guia por princípios abstratos, racionais e irracionais, intelectualistas, monistas,
idealistas, pessimistas, religiosos e deterministas. O racionalista é de temperamento
dogmaticamente duro em suas afirmações e de ações irracionais, como a realização de
‘curetagens ao frio’, sem anestesia, procurando sempre o custo-benefício.
10. Atitude e mentalidade flexível da empirista
A empirista se guia por fatos reais. Em sua natureza, é mais otimista; talvez seja mais
ascética, prática, flexível e sensível, mais disposta a ouvir, tocar e sentir, mais aberta a seu
universo cósmico. Ela espera paciente e intuitivamente o tempo passar para pegar a criança. Ela
irradia seus sentimentos em benefício da mãe da criança.
11. Encontramos pessoas de natureza flexível e prática, e pessoas com mentalidade
sistematicamente dura e intervencionista, de fato, atuando na medicina ocidental contemporânea.
Seria de sua escolha um técnico racionalista apressado e intervencionista ou uma parteira
pacientemente flexível. Sem dúvida, este binômio é um bom exemplo desses personagens do
cotidiano, muito questionados hoje em dia.
12. A mentalidade racional, comercial, competitiva tem uma má opinião formada de seu contrário,
do humor empirista e vice-versa. Seus antagonismos, suas diferenças, onde queira que se
encontrem, prevalecerão latentes. O temperamento racional monista e o humor empírico realista
se manifestarão com intensidade e flexibilidade na prática clínica. A escolha é unicamente da
mulher-mãe.
16. Diagrama 24
Etã, Poraceí - ovário, óvulo
Da Etã e Poraceí emanam o eletromagnetismo e a sensibilidade vibratória que
dão autenticidade à transcendência energética. Etã e Poraceí encerram
mistérios ocultos, segredos de um berço recôndito.
17. CORPUS DO PECADO
O trabalho de parto ginecológico, uma guerra angustiante contra a dor
A saúde obstétrica, a demolição emocional pelo tormento
Dividir o corpus do pecado
através de cortes e furos é o
objetivo da máquina intervencionista.
O corpus da contração uterina é submetido à
5. guerra pela ingerência médica obstétrica.
As velhas verdades dos
povos originários, o
sincretismo religioso das
parteiras tradicionais, a flexibilidade da
10. empirista das parteiras obstetras
foram abortadas e arrancadas pela
intervenção sádica do obstetra e
pela prática dos partos induzidos.
A espera resignada e inevitável no
15. parto vaginal pôde ser
18. revogada com a revelação da
fisiopatologia do ventre materno.
Isso permitiu o controle sobre as
contrações uterinas, encurtando as suas
20. fases e provocando o parto induzido.
O aperfeiçoamento da
anestesiologia tornou
indolor o nascimento,
propulsionando, mais tarde, a
25. realização e a popularização do
parto abominável, a
operação cesariana,
gerando, assim, inúmeras sequelas
energéticas, orgânicas, psícossocias,
30. físicas, neurológicas e espirituais.
O braço de ferro dos trancos ventrais se fundamenta na filosofia teísta da medicina
obstétrica contemporânea
2. O obstetra é o cabeça, o líder que submete a parteira obstetra, a enfermeira e a mulher-mãe
que são a cabeça, ‘parte insignificante do corpo e da maternidade’. Dividir o corpus do pecado,
realizar o ‘trabalho de parto’ é o objetivo do braço de ferro do obstetra, que imobiliza a mulher-
mãe.
19. 3. Os duros, os rígidos de sangue frio pensam que as flexíveis são sentimentais e
moles. As flexíveis e suaves pensam que os dogmáticos são vulgares, covardes,
brutais, bárbaros, insensíveis e sem nenhuma prática ginecológica. Cada um considera
o outro inferior a si, ainda que a desconsideração de cada profissional venha pela falta
de apreço um pelo outro.
4. Os fatos reais são valores práticos e bons, dizem as parteiras obstetras. Os
princípios lógicos intervencionistas são bons, dizem os dogmáticos-obstetras. É
indiscutível que cada um tem seu mundo idealizado e arquitetado. Porém, cada uma
das meninas-mulheres e das mulheres-mães deveriam observar esses mundos
idealizados de mais além, de fora da ‘maternidade racional e irracional’ (que ironia do
destino nos prega esta maternidade varonil?) com muita atenção, intuição, sensitividade
e carinho. E então, deveria realizar sua critica e sua escolha sobre qual seria a
verdadeira filosofia médica ou prática clínica contemporânea a seguir.
20. Diagrama 26
Mesa ginecológica
“Deitada na mesa da morte, eu tinha a sensação de que a
cabeça da criança ia se dirigindo para meus peitos,
para minha boca, para ela poder sair.
Ela ia me rasgando toda. Fui perdendo ar,
me sentindo sufocada e, ao mesmo
tempo, fui perdendo os sentidos!”
21. Diagrama 27
Tesoura imantada. O parto na cama mecânica é comparável a
‘murros na ponta de uma tesoura afiada e imantada’
As mulheres-mães associam este tipo de parto cosmopolita à ponta de uma tesoura
imantada (pélvis) que atrai a ponta do alfinete (a cabeça da criança), mas não o deixa
passar!
22. O PARTO TRABALHADO A SECO E A FRIO
A pélvis resiste traumatizada e angustiada
O parto em mesas obstétricas que causa calafrios de morte, é o método das
obesas europeias da corte francesa do século XVIII
O parto deitado na mesa ginecológica
provoca frio na púbis da mulher-mãe.
Esse tipo de parto torna-se
lentamente angustiante, pois provoca pontadas.
5. A dor é afiada, seca e mecânica, relatam as mães.
A pélvis angustiada se fecha à nova vida.
Abrem-se caminhos para a
depressão pós-parto.
A rigidez fria toma conta de todo
10. o corpo da gestante.
Nessa posição, a pélvis endurece, se fecha e
não dá passagem a nenhum fluido.
A pélvis congestionada resiste, imobiliza a
mãe com a dor, e ela
15. passa a sentir dificuldades para respirar.
23. Podemos associar esse tipo de parto à
ponta de uma tesoura imantada
que atrai para si a ponta de um alfinete.
A ‘tesoura’, a pélvis, resiste mecanicamente.
20. Esse mecanismo imantado atrai a
cabeça da criança, mas não a deixa passar.
A pélvis e a criança, com grande poder de
magnetização, se atraem, se detém e se imobilizam.
.Esse mecanismo perverso oferece
25. pontas magnetizadas, afiadas e resistentes, e
gera um bloqueio energético perverso.
O bloqueio energético, por sua vez, provoca uma
congestão dolorosa no corpo da criança e da mãe.
É como dar murros na ponta de uma tesoura afiada.
35. A cabeça da criança é comparável à ponta de um
alfinete que se confronta com a ponta afiada de uma tesoura.
A dor se torna insuportável no pé da barriga da mama’e.
24. Quando a mulher-mãe atinge seu tempo favorável, o ápice de seu desprendimento, a
pélvis e a criança se atraem num processo sobrenatural dinâmico, mas o campo
eletromagnético e o equilíbrio nato, os quais fazem a criança deslizar para o canal de
nascimento, acabam sendo bloqueados, enfraquecidos, abandonados e substituídos, se a
mulher-mãe estiver deitada na mesa ginecológica.
2. Segundo os depoimentos e os relatos das Mães d’Água, (mama’es que tiveram a experiência
de ter a primeira criança sentada em casa assistidas por Mães d’Umbigo) a dor provocada pelo
bloqueio e pela inversão energética da pélvis é algo brutal e impiedoso.
3. As mães entrevistadas relataram as sensações de pavor, de aflição e de falta de ar. “Senti a
minha criança se debater no pé da minha barriga, como se quisesse sair para não se afogar em
águas profundas”. “Minha criança, ao invés de se deslizar com as águas em direção às minhas
pernas, subia ao peito e queria sair pela minha boca”.
4. O que essas Mães d’Água querem nos dizer a respeito do nascimento de suas crianças é
muito significativo. O parto em posição ginecológica bloqueia mecanicamente o nascimento da
criança, no término de sua evolução, quando chega ao ápice de seu desprendimento, deixando a
mãe numa posição incômoda, turbulenta e desgarradora e a criança, com falta de ar. ‘Se ela
consegue atravessar, nasce preta, escura, de tanto tempo que ficou retida no canal de
nascimento para nascer’.
25. 5. Como se percebe, quando o pequeno alienador, o obstetra, entra em cena para realizar o
trabalho de parto, a ordem energética entra em colapso no ventre materno porque a energia
perversa estimulada pela lógica do técnico medíocre não zela pelo movimento complementar
da mulher-mãe e da criança.
6. O pequeno homem civilizado não possui os bens energéticos femininos primordiais para a
realização do acompanhamento da mulher-mãe e de seu brotinha (criança). O desconhecimento
motivado pela ausência da ovulação, dos ciclos menstruais, por exemplo, que dão um grande
poder de intuição e de instinto à Mãe d’Água, faz com que o ser-homem, o ser-humano seja frio,
calculista, medroso perante o poder de transcendência universal da atração energética do
ventre feminino complementar.
7. Nos partos horizontais, como nos partos abomináveis, nas cesáreas e outros, entram em
atividade os mecanismos de ‘trabalhos de parto’, em evidência na atualidade. Nesses
momentos, o olhar técnico patriarcal faz com que a mulher-mãe e a criança sejam percebidas
como objetos materiais manipuláveis e por isso interferem nelas, furando bolsas, cortando
períneos, deslocando bacias através de trancos braçais, de cotovelos, de joelhos, de mãos e
de tabuas, acelerando e desacelerando quimicamente o ‘motor do útero’ ou dilacerando
ventres.
26. 8. Os pequenos técnicos como os obstetras e os anestesistas, em sua singela ignorância,
intervém interrompendo os fluidos energéticos e cortando o campo energético da mãe que está
ligado initerruptamente ao campo energético da criança. Esse corte se dá exatamente no
momento em que os fluidos eletromagnéticos se apresentam em plenitude de seu
desenvolvimento para o nascimento.
9. A mulher-mãe chega a sentir a dor perversa ventral que a prática civilizada do obstetra tem
incutido na mente das gestantes modernas e que trouxe tanto dano se colocando a favor das
mutilações pélvicas e ventrais. Institucionalizou-se uma nova doença entre a gestante e o
médico - a iatrogênia cultural - choque de valores culturais, psícossocias, fisiológicos, etc.
10. Desta maneira, estão sendo criadas patologias que se mantem na atualidade e na ordem do
dia - fantasias dramáticas preconceituosas sobre a dor do parto, estendendo-se essa epidemia
psicossocial aos nascimentos naturais. É por isso que aparentemente as cesáreas são normais
para as gestantes modernas que ‘fujem do endemoniado dor de parto’!.
11. As dores do parto preocupam fantasticamente as mama’es primíparas, as mama’es de
primeira viagem, e isso faz com que desistam facilmente da transcendência energética e das
emanações eletromagnéticas dos nascimentos naturais.
12. Só a educação eletromagnética do ventre feminino, através do método da Pacas Mili e do
Kheno da Pacas Mili, da medicina Kallawaya itinerante andina, farão com que os fluxos
energéticos dentro dos campos eletromagnéticos dos nascimentos naturais se restabeleçam
para um bem comum das mulheres-mães.
28. O BEM-ESTAR OU O MAL-ESTAR DO CABEÇA E DA CABEÇA
As diferenças se complementam e deveriam ser respeitadas sempre
O dirigente do bem-estar e do ‘bem-viver’ das partes civilizadas e refinadas é o cabeça,
o braço de ferro, é aquele que domina e ordena; e a cabeça é quem simplesmente o obedece.
2. É preciso combinar as atitudes decadentes do obstetra com o valor prático da parteira realista
diplomada para tentar a aproximação das grandes emanações energéticas vibratórias das relações
dos movimentos eletromagnéticos femininos das mestras Mães d’Umbigo Raizeiras e da Mãe
d’Água.
3. A filosofia teísta da obstetrícia, das alavancas e dos trancos do braço de ferro, desatenta a
sua própria insensibilidade, sensitividade e a sua desorganização especializada, desencadeia por
si só um sistema mecânico, um compasso árido para as grávidas contemporâneas de acordo com
a suas tentações econômicas. Pleiteiam às mães-grávidas o lugar, o dia e a hora do ‘azougue
institucionalizado’ em que primeiro estouram a bolsa amniótica, depois, cortam o períneo
mecanicamente, simulam, disfarçam, fingem que nada aconteceu para depois perguntarem.
4. Os racionalistas intervencionistas se transformam em meros espectadores de sua atuação
teatral mecânica, vazia e inexpressiva, encenada em seu próprio palco, já que são ‘leigos’ na
‘filosofia flexível’, na dilatação da ilíaco-pélvis, nos agouros maternais e na praticidade das
parteiras diplomadas. Eles são atletas aficionados de fim de semana. Sua logica demostra muita
29. inconsistência e vacilação à verdade da natureza, temor à dor, aos gritos e às vibrações
energéticas femininas; e em sua pressa se tornam míopes e lhes falta até o ar.
5. Já na triagem, a “equipe multidisciplinar cai em verdadeiro êxtase mental: sentem falta de ar,
desesperam-se, agonizam-se desorientados como baratas tontas”. Nos desencadeamentos de
nascimentos lentos e prolongados, não conseguem permanecer longe de seus ‘amuletos
químicos intoxicantes’, sempre acabam por apelar ao uso das drogas artificiais. Evidenciam
pavor em relação à ‘vida’ e o que é ‘natural’ se torna algo sufocante e desorientador.
6. Os médicos e as médicas cosmopolitas não poderão conservar uma boa consciência intelectual
ou profissional enquanto prosseguirem misturando caracteres incompatíveis ao juramento da
medicina ocidental de Hipócrates.
7. Nunca se ouviu tantos apelos das mulheres-mães civilizadas ou não para uma inclinação tão
decidida a favor do método empírico flexível das parteiras, para os “nascimentos lentos e
prolongados em casa, sem o uso de drogas artificiais intoxicantes”. Esta é uma grande
iniciativa para compreender o que é realmente um nascimento por via baixa, sem interferência
alguma do técnico computadorizado, religioso, de remédios artificiais e dos trancos e barrancos
do braço e do joelho de ferro, etc.
8. Pois bem, então, que tipo de filosofia médica cosmopolita se oferecerá às futuras mulheres-
mães para a satisfação de suas necessidades maternais hoje? Anestesia para adormecê-las junto
com suas consequências desastrosas futuras? Remédios para depressão pós parto e insônia para
o resto de suas vidas?
30. 9. Pode-se até afirmar que as crianças contemporâneas nascem cientificamente quase dopadas
por motivos inquestionáveis, ou seja, pelas infiltrações de coquetéis que suas mães recebem
antes delas nascerem. As sequelas que virão depois resultam ser muito caras para inibir a dor de
puxo e a grande dor do nascimento.
10. Porém, a devoção aos fatos artificiais e intoxicantes não tem neutralizado a religiosidade.
O materialista obstetra é devoto a ser salvador num primeiro momento e num outro momento, ele
admite ser carrasco, quer irradiar castigos permanentes, dizendo que as mulheres-mães são
carne de segunda e de terceira.
11. As mulheres-mães desejam afeição, receptividade, solidariedade, generosidade e práticas
naturais reais. Elas querem, também, ciência dedutiva, religião, filosofia, ar-livre e livre-arbítrio.
Querem energia cósmica e espiritualidade; não gostam de ser aprisionadas, acondicionadas,
empacotadas, sufocadas num recinto fechado. Não querem silicone nos seios, querem amamentar
a suas crianças. Querem menstruar, não querem ter partos secos e nem ser paralisadas,
amputadas pela filosofia teísta, pelo temperamento arrogante árido-religioso.
12. Na filosofia empírica ocidental, observa-se algo que não é radicalmente religioso ou
salvador. A natureza das parteiras tradicionais e das parteiras obstetras é suficientemente real
para elas lograrem seu propósito profissional perante as mulheres-mães: o da expulsão por via
baixa, o parto em casa sem interferências insanas das alavancas de mão, de cotovelo e de
joelho.
13. O não retorno em direção às práticas e aos procedimentos reais das parteiras tradicionais e
diplomadas resultará, se é que já não resultou, num caos na saúde. A salvação civilizada estará
indo para baixo do brejo.
31. .14. Os programas de cunho obstétrico como a realização de cesáreas, o rompimento artificial das
bolsas d’água, a curetagem a sangue frio, a prática dos cortes no períneo tem sido colocados em
ação a todo vapor.
15. O rompimento espontâneo da bolsa d’água serve como referência para que a grávida
perceba que a criança já está acomodada, pronta para nascer. Quando o “gênio” obstetra
interfere e provoca o rompimento artificial da bolsa, anula-se a referência sobre o momento do
nascimento da criança, criando-se, assim, um “conflito entre a ciência religiosa” dos obstetras e a
natureza empirista das parteiras. Nisso tudo, a grande prejudicada é a mulher-mãe.
16. Esses conflitos, há tempos, alcançaram seu ápice; ainda assim as curetagens a frio
continuam a ser realizadas, mesmo em caso de hemorragias não provocadas por ‘abortos
domésticos’, como uma forma de prejulgamento e de punição às mulheres pecadoras da
comunidade. Elas são conduzidas até os “porões dos hospitais”, onde sucedem os danos e a
violência obstétrica.
17 A religião e a religiosidade poderiam continuar existindo cautelosamente, aliás, vão seguir
existindo. Não deveriam, porém, mostrar seus ferozes tentáculos da Inquisição (sem
derramamento de sangue) nos “porões dos hospitais”, realizando curetagens a frio ou a ‘seco’.
Por que realizar cirurgias sem anestesia no interior do ventre energético feminino?
18. Durante os últimos duzentos anos, o progresso da ciência religiosa tem sido sinônimo somente
da expansão do universo material castrador, pois tem ocorrido a discriminação e a diminuição do
valor à vida. A importância dada às questões que dizem respeito às mulheres tem sido
praticamente irrelevante e as mulheres-mães continuam a ser tratadas humanamente, sendo
submetidas desnecessariamente a cesáreas, sendo dilaceradas psíquica e fisicamente e deixadas
33. com várias sequelas como hipersensibilidade, dores tormentosos, hemorragias por tempos na
região do períneo, as quais poderão até terminar em separação de casais.
19. O homem obstétrico frio e calculista nunca foi o legislador da natureza; é bem mais um
absorvente de má qualidade da indústria química, um sugador de vidas, um fura bolsas. Todas
essas mutilações rápidas poderiam ser definidas como um crescimento violento do
intervencionismo obstétrico.
20. A sobrenatureza feminina assim como a Mãe Natureza e a Mãe Cósmica mantem-se
dinamicamente fortes e firmes; elas, sim, são criadoras naturais. O ‘médico obstetra’ deveria
descer do pedestal para assimilar as exigências e as consequências dos fenômenos femininos
em si.
21. A espontaneidade, a solidariedade, a generosidade, a prática e o valor sentimental das
parteiras diplomadas não mais existem. Regulamentado, só existe o sentimento frio e
depressivo dos obstetras que despontam com bisturi nas mãos nas salas frias de inibição.
22. Estas verdades contemporâneas dilacerantes que se afirmam e se mostram através das
ações mecânicas e das anestesias inibidoras deixam o organismo sensorial feminino inerte,
em pânico, em angústia e com medo do próprio medo.
23. O que deveria fluir espontaneamente ou “ser expulso” naturalmente por via-baixa é
trabalhado, aberto, costurado, colado e recomposto por cima do ventre dilacerado. A mãe
fica completamente desnorteada e drogada. No final, denominam todo esse procedimento insano
de ‘natural, normal’, chamando-o de parto humanizado (civilizado).
34. 24. A mulher-mãe é reduzida a nada. “Eles não pensam em mim, na mulher, consideram-nos um
objeto, uma coisa, uma peça mecânica, uma expressão ínfima. A gravidez não é uma doença, é
vida”.
25. O paradigma obstétrico recomenda e propõe um universo rígido e depressivo que inclui
somente os possuidores de uma mentalidade dura e dogmática em busca de sua satisfação
intelectual, não se importando com sua paralisia emocional.
26. A mulher-mãe sensitiva, instintiva, aceita ser amante de sua natureza, dos nascimentos ao
ar-livre, do universo energético aberto, integrando-se às grandes emanações energéticas
vibratórias e às relações dos movimentos eletromagnéticos femininos. Assim mesmo, as mulheres-
mães encontram ferraduras e pregos enferrujados que produzem tétano nas provocações e
desaprovações oriundas do temperamento racionalista religioso e do intelectualismo materialista
sobre todos os seres ‘inferiores’ a eles.
27. As mama’es sobrevivem aos porões fechados dos laboratórios e ao racionalismo obstétrico.
Os obstetras e os laboratórios vão de mãos dadas, são irmãos e irmãs, gêmeos confidentes,
organizam-se com fundamento empresarial, o custo-benefício.
28. A maior parte dos absolutistas e teístas obstétricos versam sobre um pedestal de metal
dentro das maternidades, se encontram acima do corcovado, num nível alto de abstração divina.
Nem sequer tentam se mexer ou descer para poder cheirar, enxergar e tocar uma outra forma de
sua realidade. Acham-se imortais.
35. 29. O pensamento lógico absolutista nos oferece a mente depressiva, a mente da insônia, este
câncer psicossocial que cria seu próprio universo absoluto, uma prática racionalista doentia. O
deus teísta obstetra se transforma num preceito estéril. Os pesquisadores químicos e médicos
teístas vivem como deuses em dimensões e planos de abstração similar ao do absoluto. O
teísmo, o fundamentalismo e o absolutismo são seguidores dos primitivos deuses deístas e
teístas, insensíveis, frios, distantes e vazios. O que procura o ser ‘humano civilizado’ com
essas atitudes?
30. Destarte, as mulheres-mães deveriam recopilar informações e compreender o que procurar e
o que irá encontrar: algo que não somente lhes permita exercitar a sua capacidade intelectual
aberta, mas, também, que lhes permita uma conexão energética positiva e negativa com o mundo
real da vida finita da transcendência pessoal, dentro de um universo energético para a realização
de suas próprias escolhas.
31. Deste modo, a mulher-mãe o seu renascimento e o nascimento de sua criança não
devem ser considerados uma doença, mas algo que teve início prazeroso e delicioso e que
terminará numa grande transcendência pessoal em que a energia potencial se transformará em
energia funcional. O obstetra, ao converter o renascimento e o nascimento em doença, rompe
mecanicamente a bolsa d’água, realiza episiotomia sem consentimento da mulher-mãe e dilacera
o seu ventre com cesárea abominável, provocando dor, medo e frustração na mama’e. A mulher-
mãe entra sã e sai da maternidade doente, com traumas energéticos, físicos, psíquicos.
36. Diagrama 27
Y’Mayu, canal de nascimento de via baixa
O canal de energia permite a passagem da força maisO canal de energia permite a passagem da força mais
poderosa do fluido vermelho, a menarca.poderosa do fluido vermelho, a menarca.
37.
38. 4. As Olhos d’Água, continuamente inspiradas e dispostas à espontaneidade de seus movimentos
complementares na concepção e na transcendência, são como a energia solar na excitação do
meio-dia, quando seus raios brilhantes e coloridos penetram na floresta e se irradiam entre os
braços das árvores, criando um contraste natural entre sombras e luzes. As germinações
tradicionais das Olhos d’Água sempre se imporão às modernas como o manancial que
forma os rios que alcançarão o mar.
5. Por outro lado, paira no meio do nevoeiro obscuro a barbárie da humanidade civilizada. A
razão contemporânea inventou o paradoxo da tempestade artificial e da devastação natural,
objetivando a aridez de uma prática física estagnada, sem nenhum sopro do ideal das
combinações dos movimentos complementares que se anseia por sua espontaneidade.
6. O cabeça, o líder, o obstetra, e a cabeça, o bagaço, a parteira, são regras e instrumentos de
um dilema filosófico inventado pelos civilizados: fazem questão de separar irremediavelmente seus
desejos e seus resquícios aparentemente contraditórios.
7. No empirismo das parteiras diplomadas, a cabeça, encontra-se a reminiscência da flexibilidade
pélvica, da espontaneidade e do sentimento intuitivo. Elas se encontram estagnadas, amarradas
às realidades de sua religiosidade humanizada enquanto o cabeça, o obstetra, lidera a filosofia
teísta e friamente pratica o trabalho de parto de intervenção racionalista.
8. Essa intervenção religiosa salvadora mantem os obstetras distantes da vida real, das alegrias,
das tristezas, das penas, das dores naturais e do calor maternal. Antes de recorrerem aos
medicamentos, amuletos artificiais intoxicantes, deveriam se religar energeticamente ao cordão
umbilical de sua ancestralidade, às suas mães, as quais os presentearam com as grandes
emanações energéticas da vida.
39. 9. Nos sistemas racionalistas abstratos machistas, os fatos reais, os sentimentos, as emoções
das(os) outras(os) são brutalmente repelidos, descartados e sucateados. Nas aulas de filosofia
médica, por exemplo, os estudantes encontram um universo totalmente distinto da realidade
observada nas ruas, nas palafitas, nas comunidades, nas florestas, nos rios e nas capoeiras.
10. Esse universo filosófico não tem nada em comum com a prática médica diária, com o universo
do estudante diferenciado, tornando impossível llidar com essa realidade através de sua
mentalidade isolada, sua sensibilidade vibratória e sua energia praticamente nulas. Ele é treinado
para se asilar como sangue estagnado num corpo morto , o que o torna incapaz de sentir os
fluidos da vida psicossocial em sua totalidade.
11. A população, civilizada ou não, precisa de médicas e médicos, mas, também, lhe são
imprescindíveis as parteiras tradicionais, as parteiras profissionais e as Mães d’Umbigo
Raizeiras originárias da região amazônica, para o alcance dos domínios misteriosos e profundos
da vida e nela fluir.
12. Formar ‘profissionais naturalistas’ em cada região é uma opção indispensável, hoje, para a
prevenção e para o tratamento da comunidade. Seria a reconstituição, a conservação e a
divulgação da medicina regional originária como a das Mães d’Umbigo Raizeiras amazônicas e a
Medicina Tradicional Itinerante Kallawaya andina, reconhecida oficialmente pelo Estado
Plurinacional da Bolívia.
40. Diagrama 28
Y’ Guaçu (as grandes águas), clitórisY’ Guaçu (as grandes águas), clitóris
A Transcendência de um orgão sensível de uso exclusivoA Transcendência de um orgão sensível de uso exclusivo
para o prazer dapara o prazer da Mãe d’Água,Mãe d’Água, Y’SyY’Sy
41. 13. A medicina amazônica das Mães d’Umbigo Raizeiras pertence ao universo de
experiências e de valores concretos das Olhos d’Água, das Mães do Rio e das Mães
d’Água. Esse universo é incerto, é multiforme, é complexo, é doloroso, mas, também, é
cheio de compensações, de prazer, de coragem, de ferocidade, de tristeza, de
melancolia, de alegria, de agressividade, de formosura, de beleza, de
luminosidade, de altivez, de dignidade, de sublimidade. Esse tipo de medicina
permite respirar o ar da natureza, proporciona encadeamentos rápidos, fáceis e
sensíveis nos nascimentos, ao contrário dos encadeamentos longos, difíceis, dolorosos
e dependentes dos nascimentos na mesa ginecológica.
14. Os complementos da vida real, a cultura da formosura, da agressividade, da
ferocidade e da coragem nos renascimentos e nascimentos das Olhos d’Água não estão
presentes no código ético dos obstetras de mentalidade racionalista religiosa. Sua
arquitetura irracional acompanha a sua barbárie junto a seus trancos braçais e de
joelhos em mulheres-mães volumosas e inchadas por seu estado natural,
dilacerando os ventres delas, transformando o toque melodioso delas em tons
melancólicos, em matizes cinzentos dogmáticos de sua razão.
15. A razão e a crueldade são indícios dominantes nos obstetras perante os ventres
maternos. As suas interferências, com suas necessidades lógicas, se tornaram siderais.
O melhor que os obstetras podem expressar é sua pureza imaculada, sua frieza divina,
sua indiferença emocional em relação às mulheres-mães que por mudanças
hormonais naturais se encontram volumosas com emoções a flor da pele.
42. 16. O temperamento racionalista e irracionalista dos obstetras e a flexibildade das
parteiras se encontram completamente distantes da sobrenatureza tropical amazônica
e dos povos originários andinos
17. O aprimoramento, o refinamento delicado, a especialidade médica e a química
intoxicante trouxeram suas consequências: dividiram e demoliram a vida e o corpus
em fragmentos, fato que mais caracteriza as filosofias intelectuais abstratas.
18. Fazendo uma analogia contemporânea, é possível dizer que eles satisfazem
esquisitamente seu paladar, chupando balas adoçadas com ‘açúcar refinado’ e
embranquecido com arsênico, que pulveriza os ossos, ou comendo carne de aves, os
quais recebem uma infiltração de formol quinze dias após o nascimento para deixá-
los aparentemente saudáveis ou gordinhos, já que em quarenta e cinco dias deverão
ser abatidos para o consumo.
19. Os técnicos contemporâneos ignoram e não querem aceitar o conhecimento da
transcendência energética, Aliptanha Pachakutij, contido na terapêutica Omopuã
Pachalea. Seus sentimentos, suas emoções e suas incertezas os deixam paralisados e
frios.
43. 20. Não há dúvidas de que o aprimoramento e as especialidades aparecem aqui, ali.
Chamam-nos de progresso, porém é uma filosofia de cunho exclusivamente
contemporâneo e teísta em que se enraíza a inquestionabilidade do cabeça em
detrimento da consideração do organismo sensorial na sua totalidade.
21. Esse aperfeiçoamento nunca será capaz de satisfazer a serenidade espiritual das
parteiras tradicionais, a tranquilidade mental, os sonhos, as ilusões e os valores práticos
das mulheres-mães. Simplesmente, estarão lhes oferecendo dilacerações, trabalhos de
parto longos, doídos, difíceis, sequelas emocionais e tantos outros.
22. Portanto, se você aprecia intuitivamente o ar-livre e a liberdade de escolha, está
convidada a se supervisionar, a se auto-observar a reflexionar, a prestar mais atenção
ao seu redor e a perceber esse universo colossal e sideral que é a transcendência
energética, Luquiqamam Tink’u.
45. Uma temática da política psicossocial autoritária com as
vítimas de assédio, do preconceito, da descriminação,
da repressão obstétrica e da omissão estatal
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