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MallkuChanez
VIOLÊNCIAOBSTÉTRICANOBRASIL
Atorturaobstétricaemmulheresmãesbrasileiras
Diagrama 31
Pachakana Andina e Amazônica
A Pachakana é formada pela energia positiva, TU’Y, e negativa, PU’Y.
O TU’Y e o PU’Y são os dois lados de todo fenômeno, pessoa ou objeto.
Tudo ao nosso redor pode ser descrito como TU’Y ou PU’Y da Pachakana.
Parte llI
Luquiqamam Tink’u: Transcendência Energética
O valor energético e o valor social para uso próprio
7. O siwayru da Pachakana: O eletromagnetismo da Pachakana
9. O valor energético e o valor social da Pachakana andina e amazônica:
A força d’alento energética, TU’Y , e a força d’alento social, PU’Y
14. O valor energético de uso próprio:
Vibrações sensitivas e fluidos energéticos positivos e negativos da menina-mulher,
da mulher e da mulher-mãe
21. A realidade social só aparece numa atitude viva, a força d’alento social
29. Valores de utilidade social:
Relações sociais que envolvem o ‘pé da barriga’ e o partejar das parteiras e os
ventres maternos e as aparadeiras-obstetras
35. O uso servicial da menina-mulher e da mulher-mãe como objetos descartáveis nas
tramas obstétricas
Parte lll
*Luquiqamam Tink’u, Transcendência Energética
O VALOR ENERGÉTICO E O
VALOR SOCIAL PARA USO PRÓPRIO
*Ver IKA: O Grande Sonho Primordial no Ritual de Apresentação Social da Menina-mulherO Grande Sonho Primordial no Ritual de Apresentação Social da Menina-mulher
Diagrama 32
A violência e a repressão obstétrica tão comum nos nossos dias são ideológicas e não
acadêmicas; elas provocam uma desolação brutal, cruel e uma grande crise de identidade na
mulher-mãe. Se ela perceber o valor do equilíbrio entre o valor energético e o valor social ira
buscá-lo persistentemente, e poderá encontrá-lo numa relação cheia de compreensão, ajuda e
cumplicidade entre a parteira e a mulher-mãe prestes a dar à luz.
O SIWAYRU DA PACHAKANA
O eletromagnetismo da Pachakana
As forças impetuosas que fazem as sementes das
árvores brotarem, crescerem e estenderem as suas
raízes vem da essência da Pachakana.
A Pachakana é formada pela energia
positiva, TU’Y, e negativa, PU’Y, que se associam
com o tempo-movimento e o tempo-espaço.
A semente-mãe se movimenta no tempo
e no espaço em todas as direções da
Pacas Mili, Mãe Terra,
buscando contribuir com sua energia potencial para
a formação de seus frutos andinos e amazônicos.
O TU’Y e o PU’Y são os dois lados de todo
fenômeno, pessoa ou objeto. Tudo ao nosso
redor pode ser descrito como
TU’Y ou PU’Y da Pachakana.
O VALOR ENERGÉTICO E O VALOR SOCIAL
DA PACHAKANA ANDINA E AMAZÔNICA
A FORÇA D’ALENTO ENERGÉTICA, TU’Y E A
FORÇA D’ALENTO SOCIAL, PU’Y
As prenhas, as grávidas e as gestantes, ou seja, as mulheres-mães, criam um valor
energético e social para uso próprio, pois passam a se relacionar energeticamente e
socialmente com a Y’Agury (criança que está dentro das águas do ‘pé da barriga’ da mama’e) e
com a parteira, utilizando as suas qualidades e seus valores eletromagnéticos vibratórios,
sensíveis, intuitivos e instintivos poderosos. Elas vão acrescentando continuamente diversos
valores de uso próprio a sua comunidade.
2. A energia dos fluidos do tempo-movimento da Y’Agury no tempo-espaço (dentro do ventre da
mulher-mãe em plenitude para seu nascimento) expressa concepções que revelam a
interdependência permanente e a reciprocidade constante entre o valor da Força d’Alento
Energético e o valor da Força d’Alento Social para uso próprio, até que ocorra o renascimento da
mulher-mãe e o nascimento da Y’Agury.
3. A reprocidade constante entre a Força d’Alento Energético e a Força d’Alento Social, entre o
tempo-movimento e o tempo-espaço através da troca de vibrações, energias e forças vitais, de
conhecimentos, habilidades e capacidades da mama’e e da Y’Agury são para uma convivência
dinâmica. Tal convivência se fundamenta na necessidade absoluta da interação harmoniosa entre
estas duas forças vitais (pacifismo e a generosidade para consigo mesma).
9.-A harmonização e a sincronização da Pachakana ajudam a estabelecer a relação energética e
social entre o partejar da parteira e a mulher-mãe, as quais estarão integradas na realização do
renascimento da mulher-mãe e do nascimento expulsivo da criança. Observa-se uma verdadeira
relação de vida na transcendência energética, valorizada pelas mulheres-mães, Mães d’Água
amazônicas.
10.-Os nascimentos de transcendência energética se desenvolvem em harmonia e sintonia entre a
Mãe d’Umbigo e a Mãe d’Água amazônica. Essa confiança recíproca, essa relação social, essa
sensitividade vibratória reside na espontaneidade inalterável das relações delas com a Mãe
Terra e com a Mãe Cósmica.
11.-Geralmente, o partejar do período expulsivo prolongado tem duração de 19 a 24 horas, e isso
é sinônimo de “sofrimento fetal” para os técnicos médios. O sistema patriarcal fechado do parto
absoluto humanitário ou obstétrico é diferente do partejar assistido pelas parteiras tradicionais que
possuem o valor e a experiência em métodos práticos antigos e eficazes.
12.-Considere-se que todo tempo-movimento e tempo-espaço da mulher-mãe implicam em gastos
energéticos sobrenaturais de forma produtiva e útil. Esse valor energético de uso próprio ajuda
no momento do seu renascimento e do nascimento da criança de termo (criança que chegou aos
nove meses de gestação) pela via fluvial baixa.
Diagrama 34
Pela abertura do canal de nascimento, originam -se os impulsos vibratórios energéticos e as
contrações uterinas, até chegar ao ápice da expulsão total da criança pela via fluvial baixa.
O VALOR ENERGÉTICO DE USO PRÓPRIO
Vibrações sensitivas e fluidos energéticos positivos e negativos da
menina-mulher, da mulher e da mulher-mãe
Toda menina-mulher, mulher e mulher-mãe que se inspira em seu campo
eletromagnético produz vibrações energéticas sensitivas positivas e negativas que satisfazem suas
próprias necessidades. Assim, cria valores de uso por sua própria conta, dos quais brotam
grandes fluidos e vibrações eletromagnéticas de prazer e desprazer.
2. As vibrações sensitivas energéticas, produtos da Força d’Alento Energética, são qualidades
inquestionáveis dos órgãos sensoriais femininos
O TU’Y, positivo, e PU’Y, negativo, são produtos harmonizados da Força d’Alento Energética, das
vibrações energéticas, dos valores complementares e das qualidades inquestionáveis dos órgãos
sensoriais femininos.
3. O movimento de circulação das energias produz vibrações sensitivas e fluidos energéticos.
A eliminação destes fluidos acabam resultando em medo.
A eliminação dos valores transcendentais - a fluidez de energia associada ao tempo-
movimento e ao tempo-espaço que são o valor de uso da mulher-mãe no momento do seu
renascimento e do nascimento de sua criança – transforma a mulher-mãe em mercancia, em
objeto de manipulação, em objeto de desejo, de engodo, tornando-a passível de sofrer,
intervenções no períneo, na bolsa d’água, etc. Não é sufuciente ao poder autoritário exercer a
repressão que ordena e prescreve as normas de vida. O poder autoritário impõe-se
violentamente como um sistema interno de controles. Assim, ocorrem as torturas obstétricas.
4. Circulação de fluidos - negativos e positivos -
A energia flui entre a mulher-mãe e a parteira quando há uma relação social
harmoniosa. Essa energia poderá se apresentar na forma de valores de uso positivos ou
negativos.
Numa relação social cujo valor de uso é obstetricamente negativo, obsoleto, como se
vê nos produtos de trabalhos obstétricos mecânicos realizados em instituições hospitalares,
manifesta-se um valor de manipulação dispensável, o qual provoca danos físicos e energéticos
na mulher-mãe.
1ª Exemplo:
Primeiro. Uma menina-mulher em seu comportamento extremo desenvolve uma
gravidez precoce. Por desespero e para evitar dar explicações a familiares, busca resolver a sua
frustração individual isoladamente, provocando aborto caseiro ou aborto clandestino. Depois de
um abortamento infeliz, advém a hemorragia e ela procura uma instituição hospitalar para receber
ajuda. No entanto, em muitos casos, lhe será oferecido tratamento de choque, algo como uma
curetagem a sangue frio, sem anestesia, por haver ficado precocemente grávida.
2ª Exemplo:
Segundo. Uma mulher prestes a ser mãe procura uma maternidade. Dependendo da
situação física, da maternidade e da situação emocional do obstetra, a mulher poderá ser
considerada uma mercancia, um objeto de uso. O adormecido trabalho de parto esgota-a, e
sua vida passa a fazer parte de um sistema friamente calculado. De acordo com as qualidades
racionais e irracionais que aparecerem em seu uso obstétrico, esta peça, coisa poderá resultar em
‘produto de trabalho mecânico obstétrico’. Nesse caso, o(a) médico(a) acabará por fazer da
circulação energética um valor de uso negativo de repressão, apelando para a mente absoluta, à
violência obstétrica.
5. A prenhez aumenta o volume do organismo sensorial mediante a elevação de sua temperatura
numa íntima relação energética
A circulação da energia funcional e os hormônios fazem aumentar a temperatura e o
volume do organismo sensorial da mulher-mãe antes de seu renascimento e do nascimento da
criança. A multiplicação dos movimentos mais íntimos na mulher-mãe como as contrações e a
dilatação a conduzirão para uma transformação física e para a sua transcendência energética.
6.-Materialização de *Luquiqamam Tink’u: transcendência energética
As mulheres-mães sempre revelaram e revelam que em seu poderoso feito de dar à luz
se consome uma energia inimaginável, principalmente quando a púbis e o ilíaco se dilatam,
abre-se o canal de nascimento para a expulsão da criança pela via fluvial baixa e a transcendência
energética atinge o seu ápice.
7. As mulheres-mães, através de seu valor energético de uso próprio, deixam fluir as forças
eletromagnéticas vibratórias sensitivas como o orvalho que cai sobre a relva, tanto é que se
fazem verdadeiras testemunhas da materialização da transcendência energética, da relação
complementar entre o tempo-movimento e o tempo-espaço no momento de seu renascimento e no
do nascimento da criança.
Diagrama 35
Depois de uma conexão energética prolongada, o
movimento e o tempo-espaço espontâneo é que
determinam o valor do nascimento da criança.
valor do nascimento da criança, pois ocorrerá ao mesmo tempo em que a mulher-mãe estará
energicamente conectada e vibrando através da transcendência energética.
11. Quando o renascimento da mulher-mãe e o nascimento da criança acontece espontaneamente
em casa, amparada pelo partejar da parteira, sem ser ameaçada ou oprimida pelas instituições
intervencionistas que impõem um pesado entorpecimento obstétrico, a mulher-mãe se sentirá
beneficiada pela grandeza eletromagnética e perceberá o valor energético e social do seu
renascimento e do nascimento da criança.
12. A transcendência energética virtudes da medicina tradicional dos povos originários amazônicos
Os povos originários, em específico as guaranys anhangatus amazônicas, realizam os
renascimentos e os nascimentos de transcendência energética. Esses renascimentos e
nascimentos desenvolve-se numa grande sintonia entre a *Mãe d’Umbigo Raizeira, que apara a
Y’Agury, e a Mãe d’Água, que gera e faz fluir a criança recém-nascida e a placenta pelo canal de
nascimento via baixa. A relação harmoniosa concebida pela reciprocidade complementar, reside
no cumprimento da lei da Força d’Alento Social e da Força d’Alento Energética.
13. Cabe notar que o valor da Força d’Alento Social e o valor da Força d’Alento Energética
fundamentam-se nas forças TU’Y, positivo, e o PU’Y, negativo, de uma força produtiva. Trata-se de
produzir pela transformação pélvisilíaco a transcendência energética, o valor de uso do
siwayru, o qual faz fluir a força energética vibratória no organismo sensorial da Mãe d’Água.
*A Mãe d’Umbigo e a Mãe d’Água: pesquisa realizada pelo autor, obra não publicada
Diagrama 36
Piraguaçu, útero
A finalidadefinalidade do fogo incandescenteogo incandescente é possibilitar a transcendência energéticaranscendência energética dodo PiraguaçuPiraguaçu..
OO úteroútero encontra-se totalmente corroído e imerso nos protótipos impostos pelaencontra-se totalmente corroído e imerso nos protótipos impostos pela
colonização cultural dos civilizados, os quais negam a germinação dascolonização cultural dos civilizados, os quais negam a germinação das
Mãe d’Umbigo e das Mães d’Água das guaranys anhangatus amazônicas.Mãe d’Umbigo e das Mães d’Água das guaranys anhangatus amazônicas.
A REALIDADE SOCIAL SÓ APARECE NUMA
ATITUDE VIVA, A FORÇA D’ALENTO SOCIAL
As gestantes podem ser consideradas, ao mesmo tempo, objetos de utilidade
pública e mercadorias portadoras de valores dentro dos protótipos impostos pela
colonização cultural dos civilizados, os quais negam as germinações das Mães
d’Umbigo e das Mães d’Água.
2. As gestantes só poderão se ingressar no círculo do custo-benefício ao se
apresentarem sob forma conjugada (casada) de gestante natural e de valor
econômico. Em ambos os casos, terão uma forma palpável, natural de um objeto
descartável (útil), passível de intervenção no parto. Por exemplo, em um parto
abdominal -cesárea sem necessidade fisiológica-, esse objeto útil tem um preço no
mercado e o trabalho mecânico do parto é considerado uma mercancia.
3. Interferência ou indução do parto
As Mães d’Água tem opinião formada sobre os riscos que se corre numa
intervenção ou na indução do parto, por isso elas não deixam os médicos interferirem
no parto. Elas aprenderam a lidar com seu próprio organismo sensorial. As gestantes
manipuláveis, no entanto, constantemente deixam o médico interferir no processo da
abertura e da flexibilização da pélvisilíaco, não se importando com as consequências
nem com o futuro da família.
Manter o valor social primordial do nascimento, que se manifesta somente nas
relações do partejar das parteiras com as mulheres-mães, é a condição básica da
transação social entre elas.
7. A relação entre o partejar da parteira e a mulher-mãe é de utilidade social
Nas transações sociais ocorre uma troca de valores ou de produtos. Revela-
se nessa relação social, uma existência social distinta de sua existência material e essa
forma complementar revela as relações de utilidade social.
8. Relação social ou relação de câmbio: um fenômeno espontâneo?
Se o valor se revela na relação social, este fertiliza e fecunda o valor do
aparar do partejar da parteira. “Nosso conhecimento e nossa prática é muito
expressiva para elas. Passamos para as futuras mães, uma imensa segurança de
coragem e de alegria que inunda seus corações”.
9. O interior da mulher-mãe nunca cessa de se mover
Com o surgimento das contrações fisiológicas espontâneas, o organismo
sensorial da mulher-mãe vai se adaptando. A pélvis e o ilíaco suscita movimentos de
vaivém. As vibrações sensitivas da parturiente estimula os fluidos eletromagnéticos,
os quais liberam a endorfina e outras substâncias hormonais de que irá precisar para
o desencadeamento do parto.
O organismo sensorial da mulher-mãe irá se transformando e aceitando as
mudanças estruturais energéticas e físicas, adquirindo a tão esperada flexibilidade e
elasticidade do ilíaco e da pélvis para conseguir lidar com o vaivém da dor de puxo e
com a dor do parto.
10. O bom siso, a sensatez, o tino geram a intimidade na unidade partejar da
parteira–mulher-mãe
A atração e a conexão entre o partejar da parteira e a mulher-mãe
estabelecem uma relação social entre elas. A importância dessa unidade em sua
forma primordial é que as partes que a constituem são diferentes em seu uso
espontâneo, porém apresentam substâncias em comum: o prestígio, o peso da
qualidade energética profunda, pois ambas são mulheres-mães e ambas tem a Mãe do
Corpo, útero. No entanto, elas são unidas não apenas pelas qualidades energéticas,
mas, também, pelos seus valores exclusivamente sociais e primordiais.
11. O partejar da parteira e o valor de sua utilidade social
A parteira que tem duplo aspecto social -mulher e mãe- é uma pessoa de
utilidade, de coragem e de valor. Quando ela deixa de ser considerada isoladamente e é
colocada numa relação com a mulher-mãe, sua possibilidade de ser complementada
faz vir à tona o seu valor, estabelecendo-se entre as duas, uma relação social. Este
contato social produz por si só, uma potência energética que resulta da união de duas
forças que leva à capacidade complementar de excitação e da realização do partejar
caseiro.
Diagrama 37
K’oñi- CEPA andina, energia Andinaandina, energia Andina
15. Essa transcendência energética se apresentava primeiramente nas relações entre
a Olho d’Água e a Mãe do Fogo, depois, entre as Mães d’Umbigo e as Mães d’Água
amazônicas. Mais tarde, surgiram as parteiras curiosas, as parteiras benzedeiras e as
parteiras propriamente ditas, as quais foram esfriando o ventre materno com seu
sincretismo religioso. Posteriormente, com as parteiras técnicas diplomadas e com as
obstetrizes modernas, a transcendência energética foi sendo esquecida nos
renascimentos das mulheres-mães e nos nascimentos das Y’Agurys.
16. Atualmente, as relações sociais de produção de nascimentos cosmopolitas se
realizam exclusivamente por mediação social das parteiras obstétricas, porém não
são finalizadas por elas, já que se limitam a exercer função de damas de companhia
ou de assistentes turísticas das gestantes nos hospitaishotéis.
17. A forma parteira/obstetra e a gestante nas metrópoles aparece como a forma mais
natural de reivindicação social moderna. Nos nossos dias, a forma de unidade
parteira/obstetra—gestante é tomada como medida geral de valor a ser encarnada e
reivindicada na sociedade feminina metropolitana. É uma exclamação popular contra
a opressão, a escravidão, a repressão, a tortura obstétrica e a morte das gestantes
brasileiras e das Mães d’Água .
18. Algumas das mulheres-mães e das ‘aparadeiras-obstetras’ reivindicam direitos de
relações de utilidade social pela realização de nascimentos por via baixa, já que esse
valor é um erário milenar das OLHOS D’ÁGUA amazônicas.
Diagrama 38
Nuk’e Atipay, energia primordial Kallawaya
VALORES DE UTILIDADE SOCIAL
Relações sociais que envolvem o ‘pé da barriga’ e o partejar das parteiras e os
ventres maternos e as aparadeiras-obstetras
São invisíveis as formas dos fluidos maternos,
a circulação de energia dentro
da Mãe do corpo, útero,
mas as formas do partejar das parteiras e das
5. aparadeiras-obstetras são visíveis.
A íntima relação
entre essas formas opostas,
o visível e o não visível, mostra a
importância real do
10. partejar da parteira mulher-mãe e da
aparadeira-obstetraventres maternos
que transformam o
renascimento da mulher-mãe e o
nascimento da Y’Agury em
15. valores de utilidade social.
A força e a energia do partejar das parteiras não chegam sozinhas à comunidade nem as
residências. Houve uma época em que a procura por parteiras era muito intensa entre as
mulheres-mães brasileiras. Presentemente, para colocá-las em contato com as mulheres-mães, se
mostra necessário o estabelecimento de uma relação de complementariedade, de modo que cada
uma se aproprie da força potencialmente oposta, entregando a sua, por meio de atos voluntários e
espontâneos.
2. Contrato simbólico: a colaboração dinâmica e a transformação do ventre materno
A parteira deverá transmitir confiança à mulher-mãe para encorajá-la, esperando pela
sua transcendência energética. Para que a transformação seja recíproca, as possuidoras de
valores devem se reconhecer antecipadamente e tacitamente como proprietárias privadas das
formas energéticas engendradas.
3. Relação das atitudes maternas no contrato simbólico
Nessa relação representativa das atitudes e vontades, cujo contrato é simbólico, reflete-
se a soma da relação social e econômica. Em tais casos, a unidade o partejar da
parteira/mulher-mãe só existe a título de representações das forças sociais energéticas e
econômicas que cada uma delas possui.
4. Ventre materno – detentora do valor energético
Quando são procuradas pelas prenhas que querem sua assistência, a força energética das
parteiras se transforma em utilidade social, a qual complementada com sua experiência se torna
vantajosa às mulheres-mães da comunidade.
Nessa relação, o ventre materno passa a ser detentor do valor energético e econômico.
Realizado o contrato simbólico, cujo valor (uso do tempo do partejar-parteira e o espaço e o
tempo da mãe) será para a satisfação das necessidades de ambas as partes, a parteira se
encarregará de assistir na transformação da mulher-mãe e no partejar da criança.
5. Variação dos valores de uso da parteira e da obstetriz
a) “Vire enfermeira obstetriz para ser parteira”-
Exemplo de valores de uso negativo:
“A incredulidade e a perda de confiança no ventre materno vão contra o vínculo secular
e ancestral do “pé da barriga”, no modo de conceber, perceber, reconhecer, cuidar do recém-
nascido, apontando para um mundo muito distante da realidade vivenciada pelas avós. A mãe
moderna questiona inflexivelmente a sabedoria, o amor da mãe, da avó e a experiência da
parteira-obstetriz. Para a gestante metropolitana, todos são seus adversários, acha que todos
conspiram contra ela”. A ‘mãe moderna’ prefere a racionalidade do obstetra mecânico.
b) “Ser curiosa foi a base para ser parteira diplomada”
Exemplo de valores de uso positivo:
“A prática empírica, o conhecimento baseado na experiência é um bom estímulo para
uma boa formação acadêmica: ser parteira de linha baixa ou parteira de via baixa”. Como essas
experiências são processos relativos, é necessário que as mães modernas percebam tais
possibilidades no momento de realizar a sua escolha.
.
6. Valores de utilidade social
Na vida comunitária, a relação partejar-parteira/mulher-mãe se revela como valor de
utilidade social. Por meio dessa relação social é que a aparadeira virá a ser admitida como valor
de uso comunitário por uma nova gestante.
É necessário que os projetos de vida comunitários se manifestem como valores de
utilidade social antes de se materializarem como valores de uso energético. Em suma, só
quando os projetos de vida são úteis à comunidade como relação social (partejar-parteira/mulher-
mãe) é que poderão ser considerados valores de utilidade social.
7. A relação social partejar-parteira/mulher-mãe se fundamenta na confiança mútua
A parteira obstetriz de linha baixa na mesa ginecológica e a aparadeira do fluxo de via baixa em
casa são forças matriarcais que revelam seu valor ao serem comparadas a uma terceira, a qual
não apresenta relação com a tradição natural da mulher-mãe e cuja utilidade está pontificada na
mentalidade abstrata que são sintomáticos às realizações experimentais nos laboratórios
monistas.
Observa-se entre as partejar-parteira e a mulher-mãe uma relação de valor social que se
fundamenta numa relação social profunda de fluidos energéticos instantâneos e espontâneos em
casa, a qual ajuda a mulher-mãe a ser preservada dos sofrimentos e das perturbações medievais.
8. Transtornos e tribulações psicossociais
No terceiro caso, a inexistência de uma relação de valor social entre o obstetra e a mulher-
mãe não garante a esta nenhum recurso para o seu resguardo. Muitas mães ficam em estado de
impotência perante o terror a que são submetidas nas experiências obstétricas, pois são
rejeitadas, mal avaliadas e sujeitadas às ingerências criminosas no parto.
Diagrama 39Diagrama 39
OguapyOguapy
A LuaA Lua da primeira ovulação e a Lua da menarca da menina-mulherovulação e a Lua da menarca da menina-mulher
O USO SERVICIAL DA MENINA-MULHER E DA
MULHER-MÃE COMO OBJETOS DESCARTÁVEIS
NAS TRAMAS OBSTÉTRICAS
As meninas-mulheres, as mulheres e as mulheres-mães
não são servas, escravas a serem destinadas ao
sofrimento e ao aniquilamento obstétrico.
Não são objetos descartáveis a serem corrompidos
5. pelo *tatanismo e pelo *sadismo obstétrico.
Fazer uso do tatanismo e do sadismo obstétrico para aumentar a riqueza e o poder são
algumas das formas mais elementares utilizadas pelos hospitais-maternidades, onde impera o
regime de produção de cunho estatal e capitalista: a mutilação e o corte no períneo, a curetagem a
sangue frio, o rompimento forçado da bolsa d’água ou a intervenção no ventre com trancos e
manobras mecânicas pesadas que estouram os órgãos internos, pulverizam o ilíacopélvis e
levam as meninas-mulheres e as mulheres-mães à morte em vida, à depressão pós-parto. A
opressão, a repressão, as humilhações, as torturas obstétricas a que as meninas-mulheres e as
mulheres-mães são submetidas são alguns dos aspectos da realidade viva a serem questionados.
*TATANISMO: excesso de instinto de morte, fazendo sofrer as outras pessoas; o aniquilamento da menina-mulher e da
mulher-mãe.
*SADISMO: destrutividade, prazer em fazer sofrer, humilhar, agredir.
4. Deitada no corredor da morte, a mulher-mãe fica desesperada
O silêncio lhe grita a mil vozes sua condição de ‘delinquente’, de ‘marginal’; de ‘objeto de terceira’
e aí começa sua demolição, sua destruição como pessoa, provocando-lhe danos que jamais
serão reparados. Quando a mulher-mãe prestes a dar à luz é nivelada a criminosos comuns por
delinquentes acadêmicos, ela se vê diante de provas evidentes de que está sendo excluída da
sociedade civilizada brasileira como um todo pelo estado-gestor que “nunca sabe nada de
nada” e pelo capitalismo opressor, repressor, vazio e mentiroso, os quais provocam desprezo,
preconceito e discriminação.
5. Processos repressivos de maior ou menor magnitude através da episiotomia
Após essa recepção tão ‘acolhedora’, a mulher-mãe é adormecida por seus próprios
traumas e ainda é destinada a quem a forja e intervém mecanicamente no seu ventre. O obstetra
lhe lança o primeiro estilhaço de vidro: manifesta o aniquilamento cortando o períneo ou fura a
bolsa d’água com um instrumento afiado sem sua autorização, antes do termo da criança, para
satisfazer as necessidades sádicas obstétricas conforme suas conveniências.
6. Ao simples piscar dos olhos, o lastimável reducionismo obstétrico ( furam a bolsa, praticam a
episiotomia e fazem a cesárea sem necessidade) faz chorar, dilacera a integridade e deixa
desolada a mulher-mãe. O reducionismo sintético, a violência e o dano praticados pela hegemonia
obstétrica interfere no nascimento da criança, arrancando violentamente a criança do ventre
materno.
7. A experiência nos ensina e nos mostra que a reeducação de qualquer movimento e tempo-
espaço nos nascimentos interfere nas múltiplas transformações do ventre energético dinâmico da
mulher-mãe e na sua adaptação às distintas necessidades dos nascimentos fase a fase pelo canal
de nascimento.
8. A parteira obstetriz fica apenas cuidando da gestante até ela dar o sinal de trabalho de parto. O
médico obstetra chega e toma conta de tudo, vem para fazer o parto simples e interfere nele. A
médica obstetra aplica citocina, a qual acelera o parto, e sobe na parturiente. O médico obstetra
fura a bolsa d’água e rompe o períneo. Ambos retiram violentamente a criança. São fundamentos
obstétricos tremendamente lamentáveis com efeitos devastadores no presente e a longo prazo.
9. É possível perceber os diferentes tipos de trabalhos de parto simples realizados pelos
obstetras e pelas obstetras com excesso de ego que se deleitam e tropeçam em sua própria
ignorância e crueldade. Assim, engendram a atrocidade, a debilitação e a morte prematura,
privando a mulher-mãe de conceber espontaneamente a sua criança.
10. Quem deseja dar à luz pelo canal de nascimento via baixa é torpemente maltratada
Os médicos obstetras usurpam da assistência das parteiras, destratando as parturientes. Ao
considerarmos o trabalho simples realizado pelo obstetra, ele leva em consideração o seu próprio
tempo intoxicante e não o da parturiente e da criança. A força que ele despende ao tomar
atitudes intransigentes no seu ambiente de trabalho, na sala de parto, se equipara a de qualquer
usurpador sem formação e educação especial. Este profundo dano se não for reparado
psicossocialmente persistirá nas futuras gerações.
11. Assistência superior das parteiras graduadas ou técnicas
Não é outra coisa a não ser o trabalho simples multiplicado por cem. O depoimento de uma
parteira graduada ilustra bem este fato: “o ‘doutorzinho’ pega tudo prontinho, se intromete
manipulando, controlando e interferindo, transformando o nascimento natural em parto mecânico”.
Trabalho simples de intervenção no parto é, por exemplo, realizar dez episiotomias num período
de uma hora e isso não pode ser equiparado a uma assistência de trabalho superior das parteiras
técnicas e das parteiras obstetras, as quais esperam e respeitam o movimento e o tempo de
flexibilidade espontânea do ilíacopélvis e a abertura do canal de nascimento da mulher-mãe que
leva aproximadamente 24 horas.
12. Por regra geral do custo-benefício, existem métodos diferenciados para as mães privilegiadas
Se a produtividade injustificada de trabalho mecanizado (cesárea) aumenta, diminui o tempo
necessário para a produção de um nascimento via fluvial baixa pelo canal de nascimento, o
qual acaba por se transformar num artigo de luxo. O indigesto obstetra só pensa em obter lucro,
sem se preocupar com a saúde ou a vida da parturiente. É verdade que, considerando as coisas
em conjunto, isto não depende também da má ou boa vontade do obstetra. A competência anula
as vontades individuais e submete os obstetras às leis imperiosas da produção alienada.
13. Só as mães de poder aquisitivo alto podem pagar por este artigo luxuoso. Para a classe
diferenciada ou classe média alta, várias opções são oferecidas. São lhes sugeridos e oferecidos
diversos tipos de partos, a saber, parto na penumbra, parto em água, parto lateral, parto Laboyer,
parto de cócoras. Seu custo, dependendo do método e do lugar, é altíssimo.
14. Quando se fala em aumento de produtividade, enquanto ela aumenta de um para dois nos
nascimentos de período expulsivo prolongado pelo canal de nascimento, no caso das cesáreas
abomináveis, aumenta para vinte ou mais.
15. O trabalho mecanizado leva a riqueza do material obstétrico. Quanto mais cesáreas forem
realizadas, a quantidade de artigos rentáveis que esse trabalho simples proporciona aumenta. Por
essa razão, se tramam enganos ao pé do ouvido, traumatizando o pé da barriga da parturiente,
para que elas sejam usadas e sejam transformadas em objetos obstétricos com sequelas
permanentes e irreversíveis.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
NO BRASIL
“Minhas mamas e meu peito oprimidos e
o meu ventre
comprimido e dilacerado”
Mallku Chanez
www.mallkuchanez.com
e-mail: mallkuchanez.site@gmail.com
Facebook: Mallku Chanez
IKA: Instituto Kallawaya de Pesquisa Andino

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VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL - A tortura obstétrica em mulheres mães brasileiras

  • 2.
  • 3. Diagrama 31 Pachakana Andina e Amazônica A Pachakana é formada pela energia positiva, TU’Y, e negativa, PU’Y. O TU’Y e o PU’Y são os dois lados de todo fenômeno, pessoa ou objeto. Tudo ao nosso redor pode ser descrito como TU’Y ou PU’Y da Pachakana.
  • 4. Parte llI Luquiqamam Tink’u: Transcendência Energética O valor energético e o valor social para uso próprio 7. O siwayru da Pachakana: O eletromagnetismo da Pachakana 9. O valor energético e o valor social da Pachakana andina e amazônica: A força d’alento energética, TU’Y , e a força d’alento social, PU’Y 14. O valor energético de uso próprio: Vibrações sensitivas e fluidos energéticos positivos e negativos da menina-mulher, da mulher e da mulher-mãe 21. A realidade social só aparece numa atitude viva, a força d’alento social 29. Valores de utilidade social: Relações sociais que envolvem o ‘pé da barriga’ e o partejar das parteiras e os ventres maternos e as aparadeiras-obstetras 35. O uso servicial da menina-mulher e da mulher-mãe como objetos descartáveis nas tramas obstétricas
  • 5. Parte lll *Luquiqamam Tink’u, Transcendência Energética O VALOR ENERGÉTICO E O VALOR SOCIAL PARA USO PRÓPRIO *Ver IKA: O Grande Sonho Primordial no Ritual de Apresentação Social da Menina-mulherO Grande Sonho Primordial no Ritual de Apresentação Social da Menina-mulher
  • 6. Diagrama 32 A violência e a repressão obstétrica tão comum nos nossos dias são ideológicas e não acadêmicas; elas provocam uma desolação brutal, cruel e uma grande crise de identidade na mulher-mãe. Se ela perceber o valor do equilíbrio entre o valor energético e o valor social ira buscá-lo persistentemente, e poderá encontrá-lo numa relação cheia de compreensão, ajuda e cumplicidade entre a parteira e a mulher-mãe prestes a dar à luz.
  • 7. O SIWAYRU DA PACHAKANA O eletromagnetismo da Pachakana As forças impetuosas que fazem as sementes das árvores brotarem, crescerem e estenderem as suas raízes vem da essência da Pachakana. A Pachakana é formada pela energia positiva, TU’Y, e negativa, PU’Y, que se associam com o tempo-movimento e o tempo-espaço. A semente-mãe se movimenta no tempo e no espaço em todas as direções da Pacas Mili, Mãe Terra, buscando contribuir com sua energia potencial para a formação de seus frutos andinos e amazônicos. O TU’Y e o PU’Y são os dois lados de todo fenômeno, pessoa ou objeto. Tudo ao nosso redor pode ser descrito como TU’Y ou PU’Y da Pachakana.
  • 8.
  • 9. O VALOR ENERGÉTICO E O VALOR SOCIAL DA PACHAKANA ANDINA E AMAZÔNICA A FORÇA D’ALENTO ENERGÉTICA, TU’Y E A FORÇA D’ALENTO SOCIAL, PU’Y As prenhas, as grávidas e as gestantes, ou seja, as mulheres-mães, criam um valor energético e social para uso próprio, pois passam a se relacionar energeticamente e socialmente com a Y’Agury (criança que está dentro das águas do ‘pé da barriga’ da mama’e) e com a parteira, utilizando as suas qualidades e seus valores eletromagnéticos vibratórios, sensíveis, intuitivos e instintivos poderosos. Elas vão acrescentando continuamente diversos valores de uso próprio a sua comunidade. 2. A energia dos fluidos do tempo-movimento da Y’Agury no tempo-espaço (dentro do ventre da mulher-mãe em plenitude para seu nascimento) expressa concepções que revelam a interdependência permanente e a reciprocidade constante entre o valor da Força d’Alento Energético e o valor da Força d’Alento Social para uso próprio, até que ocorra o renascimento da mulher-mãe e o nascimento da Y’Agury. 3. A reprocidade constante entre a Força d’Alento Energético e a Força d’Alento Social, entre o tempo-movimento e o tempo-espaço através da troca de vibrações, energias e forças vitais, de conhecimentos, habilidades e capacidades da mama’e e da Y’Agury são para uma convivência dinâmica. Tal convivência se fundamenta na necessidade absoluta da interação harmoniosa entre estas duas forças vitais (pacifismo e a generosidade para consigo mesma).
  • 10.
  • 11. 9.-A harmonização e a sincronização da Pachakana ajudam a estabelecer a relação energética e social entre o partejar da parteira e a mulher-mãe, as quais estarão integradas na realização do renascimento da mulher-mãe e do nascimento expulsivo da criança. Observa-se uma verdadeira relação de vida na transcendência energética, valorizada pelas mulheres-mães, Mães d’Água amazônicas. 10.-Os nascimentos de transcendência energética se desenvolvem em harmonia e sintonia entre a Mãe d’Umbigo e a Mãe d’Água amazônica. Essa confiança recíproca, essa relação social, essa sensitividade vibratória reside na espontaneidade inalterável das relações delas com a Mãe Terra e com a Mãe Cósmica. 11.-Geralmente, o partejar do período expulsivo prolongado tem duração de 19 a 24 horas, e isso é sinônimo de “sofrimento fetal” para os técnicos médios. O sistema patriarcal fechado do parto absoluto humanitário ou obstétrico é diferente do partejar assistido pelas parteiras tradicionais que possuem o valor e a experiência em métodos práticos antigos e eficazes. 12.-Considere-se que todo tempo-movimento e tempo-espaço da mulher-mãe implicam em gastos energéticos sobrenaturais de forma produtiva e útil. Esse valor energético de uso próprio ajuda no momento do seu renascimento e do nascimento da criança de termo (criança que chegou aos nove meses de gestação) pela via fluvial baixa.
  • 12.
  • 13. Diagrama 34 Pela abertura do canal de nascimento, originam -se os impulsos vibratórios energéticos e as contrações uterinas, até chegar ao ápice da expulsão total da criança pela via fluvial baixa.
  • 14. O VALOR ENERGÉTICO DE USO PRÓPRIO Vibrações sensitivas e fluidos energéticos positivos e negativos da menina-mulher, da mulher e da mulher-mãe Toda menina-mulher, mulher e mulher-mãe que se inspira em seu campo eletromagnético produz vibrações energéticas sensitivas positivas e negativas que satisfazem suas próprias necessidades. Assim, cria valores de uso por sua própria conta, dos quais brotam grandes fluidos e vibrações eletromagnéticas de prazer e desprazer. 2. As vibrações sensitivas energéticas, produtos da Força d’Alento Energética, são qualidades inquestionáveis dos órgãos sensoriais femininos O TU’Y, positivo, e PU’Y, negativo, são produtos harmonizados da Força d’Alento Energética, das vibrações energéticas, dos valores complementares e das qualidades inquestionáveis dos órgãos sensoriais femininos. 3. O movimento de circulação das energias produz vibrações sensitivas e fluidos energéticos. A eliminação destes fluidos acabam resultando em medo. A eliminação dos valores transcendentais - a fluidez de energia associada ao tempo- movimento e ao tempo-espaço que são o valor de uso da mulher-mãe no momento do seu renascimento e do nascimento de sua criança – transforma a mulher-mãe em mercancia, em objeto de manipulação, em objeto de desejo, de engodo, tornando-a passível de sofrer,
  • 15. intervenções no períneo, na bolsa d’água, etc. Não é sufuciente ao poder autoritário exercer a repressão que ordena e prescreve as normas de vida. O poder autoritário impõe-se violentamente como um sistema interno de controles. Assim, ocorrem as torturas obstétricas. 4. Circulação de fluidos - negativos e positivos - A energia flui entre a mulher-mãe e a parteira quando há uma relação social harmoniosa. Essa energia poderá se apresentar na forma de valores de uso positivos ou negativos. Numa relação social cujo valor de uso é obstetricamente negativo, obsoleto, como se vê nos produtos de trabalhos obstétricos mecânicos realizados em instituições hospitalares, manifesta-se um valor de manipulação dispensável, o qual provoca danos físicos e energéticos na mulher-mãe. 1ª Exemplo: Primeiro. Uma menina-mulher em seu comportamento extremo desenvolve uma gravidez precoce. Por desespero e para evitar dar explicações a familiares, busca resolver a sua frustração individual isoladamente, provocando aborto caseiro ou aborto clandestino. Depois de um abortamento infeliz, advém a hemorragia e ela procura uma instituição hospitalar para receber ajuda. No entanto, em muitos casos, lhe será oferecido tratamento de choque, algo como uma curetagem a sangue frio, sem anestesia, por haver ficado precocemente grávida. 2ª Exemplo: Segundo. Uma mulher prestes a ser mãe procura uma maternidade. Dependendo da situação física, da maternidade e da situação emocional do obstetra, a mulher poderá ser considerada uma mercancia, um objeto de uso. O adormecido trabalho de parto esgota-a, e
  • 16. sua vida passa a fazer parte de um sistema friamente calculado. De acordo com as qualidades racionais e irracionais que aparecerem em seu uso obstétrico, esta peça, coisa poderá resultar em ‘produto de trabalho mecânico obstétrico’. Nesse caso, o(a) médico(a) acabará por fazer da circulação energética um valor de uso negativo de repressão, apelando para a mente absoluta, à violência obstétrica. 5. A prenhez aumenta o volume do organismo sensorial mediante a elevação de sua temperatura numa íntima relação energética A circulação da energia funcional e os hormônios fazem aumentar a temperatura e o volume do organismo sensorial da mulher-mãe antes de seu renascimento e do nascimento da criança. A multiplicação dos movimentos mais íntimos na mulher-mãe como as contrações e a dilatação a conduzirão para uma transformação física e para a sua transcendência energética. 6.-Materialização de *Luquiqamam Tink’u: transcendência energética As mulheres-mães sempre revelaram e revelam que em seu poderoso feito de dar à luz se consome uma energia inimaginável, principalmente quando a púbis e o ilíaco se dilatam, abre-se o canal de nascimento para a expulsão da criança pela via fluvial baixa e a transcendência energética atinge o seu ápice. 7. As mulheres-mães, através de seu valor energético de uso próprio, deixam fluir as forças eletromagnéticas vibratórias sensitivas como o orvalho que cai sobre a relva, tanto é que se fazem verdadeiras testemunhas da materialização da transcendência energética, da relação complementar entre o tempo-movimento e o tempo-espaço no momento de seu renascimento e no do nascimento da criança.
  • 17. Diagrama 35 Depois de uma conexão energética prolongada, o movimento e o tempo-espaço espontâneo é que determinam o valor do nascimento da criança.
  • 18.
  • 19. valor do nascimento da criança, pois ocorrerá ao mesmo tempo em que a mulher-mãe estará energicamente conectada e vibrando através da transcendência energética. 11. Quando o renascimento da mulher-mãe e o nascimento da criança acontece espontaneamente em casa, amparada pelo partejar da parteira, sem ser ameaçada ou oprimida pelas instituições intervencionistas que impõem um pesado entorpecimento obstétrico, a mulher-mãe se sentirá beneficiada pela grandeza eletromagnética e perceberá o valor energético e social do seu renascimento e do nascimento da criança. 12. A transcendência energética virtudes da medicina tradicional dos povos originários amazônicos Os povos originários, em específico as guaranys anhangatus amazônicas, realizam os renascimentos e os nascimentos de transcendência energética. Esses renascimentos e nascimentos desenvolve-se numa grande sintonia entre a *Mãe d’Umbigo Raizeira, que apara a Y’Agury, e a Mãe d’Água, que gera e faz fluir a criança recém-nascida e a placenta pelo canal de nascimento via baixa. A relação harmoniosa concebida pela reciprocidade complementar, reside no cumprimento da lei da Força d’Alento Social e da Força d’Alento Energética. 13. Cabe notar que o valor da Força d’Alento Social e o valor da Força d’Alento Energética fundamentam-se nas forças TU’Y, positivo, e o PU’Y, negativo, de uma força produtiva. Trata-se de produzir pela transformação pélvisilíaco a transcendência energética, o valor de uso do siwayru, o qual faz fluir a força energética vibratória no organismo sensorial da Mãe d’Água. *A Mãe d’Umbigo e a Mãe d’Água: pesquisa realizada pelo autor, obra não publicada
  • 20. Diagrama 36 Piraguaçu, útero A finalidadefinalidade do fogo incandescenteogo incandescente é possibilitar a transcendência energéticaranscendência energética dodo PiraguaçuPiraguaçu.. OO úteroútero encontra-se totalmente corroído e imerso nos protótipos impostos pelaencontra-se totalmente corroído e imerso nos protótipos impostos pela colonização cultural dos civilizados, os quais negam a germinação dascolonização cultural dos civilizados, os quais negam a germinação das Mãe d’Umbigo e das Mães d’Água das guaranys anhangatus amazônicas.Mãe d’Umbigo e das Mães d’Água das guaranys anhangatus amazônicas.
  • 21. A REALIDADE SOCIAL SÓ APARECE NUMA ATITUDE VIVA, A FORÇA D’ALENTO SOCIAL As gestantes podem ser consideradas, ao mesmo tempo, objetos de utilidade pública e mercadorias portadoras de valores dentro dos protótipos impostos pela colonização cultural dos civilizados, os quais negam as germinações das Mães d’Umbigo e das Mães d’Água. 2. As gestantes só poderão se ingressar no círculo do custo-benefício ao se apresentarem sob forma conjugada (casada) de gestante natural e de valor econômico. Em ambos os casos, terão uma forma palpável, natural de um objeto descartável (útil), passível de intervenção no parto. Por exemplo, em um parto abdominal -cesárea sem necessidade fisiológica-, esse objeto útil tem um preço no mercado e o trabalho mecânico do parto é considerado uma mercancia. 3. Interferência ou indução do parto As Mães d’Água tem opinião formada sobre os riscos que se corre numa intervenção ou na indução do parto, por isso elas não deixam os médicos interferirem no parto. Elas aprenderam a lidar com seu próprio organismo sensorial. As gestantes manipuláveis, no entanto, constantemente deixam o médico interferir no processo da abertura e da flexibilização da pélvisilíaco, não se importando com as consequências nem com o futuro da família.
  • 22.
  • 23. Manter o valor social primordial do nascimento, que se manifesta somente nas relações do partejar das parteiras com as mulheres-mães, é a condição básica da transação social entre elas. 7. A relação entre o partejar da parteira e a mulher-mãe é de utilidade social Nas transações sociais ocorre uma troca de valores ou de produtos. Revela- se nessa relação social, uma existência social distinta de sua existência material e essa forma complementar revela as relações de utilidade social. 8. Relação social ou relação de câmbio: um fenômeno espontâneo? Se o valor se revela na relação social, este fertiliza e fecunda o valor do aparar do partejar da parteira. “Nosso conhecimento e nossa prática é muito expressiva para elas. Passamos para as futuras mães, uma imensa segurança de coragem e de alegria que inunda seus corações”. 9. O interior da mulher-mãe nunca cessa de se mover Com o surgimento das contrações fisiológicas espontâneas, o organismo sensorial da mulher-mãe vai se adaptando. A pélvis e o ilíaco suscita movimentos de vaivém. As vibrações sensitivas da parturiente estimula os fluidos eletromagnéticos, os quais liberam a endorfina e outras substâncias hormonais de que irá precisar para o desencadeamento do parto.
  • 24. O organismo sensorial da mulher-mãe irá se transformando e aceitando as mudanças estruturais energéticas e físicas, adquirindo a tão esperada flexibilidade e elasticidade do ilíaco e da pélvis para conseguir lidar com o vaivém da dor de puxo e com a dor do parto. 10. O bom siso, a sensatez, o tino geram a intimidade na unidade partejar da parteira–mulher-mãe A atração e a conexão entre o partejar da parteira e a mulher-mãe estabelecem uma relação social entre elas. A importância dessa unidade em sua forma primordial é que as partes que a constituem são diferentes em seu uso espontâneo, porém apresentam substâncias em comum: o prestígio, o peso da qualidade energética profunda, pois ambas são mulheres-mães e ambas tem a Mãe do Corpo, útero. No entanto, elas são unidas não apenas pelas qualidades energéticas, mas, também, pelos seus valores exclusivamente sociais e primordiais. 11. O partejar da parteira e o valor de sua utilidade social A parteira que tem duplo aspecto social -mulher e mãe- é uma pessoa de utilidade, de coragem e de valor. Quando ela deixa de ser considerada isoladamente e é colocada numa relação com a mulher-mãe, sua possibilidade de ser complementada faz vir à tona o seu valor, estabelecendo-se entre as duas, uma relação social. Este contato social produz por si só, uma potência energética que resulta da união de duas forças que leva à capacidade complementar de excitação e da realização do partejar caseiro.
  • 25. Diagrama 37 K’oñi- CEPA andina, energia Andinaandina, energia Andina
  • 26.
  • 27. 15. Essa transcendência energética se apresentava primeiramente nas relações entre a Olho d’Água e a Mãe do Fogo, depois, entre as Mães d’Umbigo e as Mães d’Água amazônicas. Mais tarde, surgiram as parteiras curiosas, as parteiras benzedeiras e as parteiras propriamente ditas, as quais foram esfriando o ventre materno com seu sincretismo religioso. Posteriormente, com as parteiras técnicas diplomadas e com as obstetrizes modernas, a transcendência energética foi sendo esquecida nos renascimentos das mulheres-mães e nos nascimentos das Y’Agurys. 16. Atualmente, as relações sociais de produção de nascimentos cosmopolitas se realizam exclusivamente por mediação social das parteiras obstétricas, porém não são finalizadas por elas, já que se limitam a exercer função de damas de companhia ou de assistentes turísticas das gestantes nos hospitaishotéis. 17. A forma parteira/obstetra e a gestante nas metrópoles aparece como a forma mais natural de reivindicação social moderna. Nos nossos dias, a forma de unidade parteira/obstetra—gestante é tomada como medida geral de valor a ser encarnada e reivindicada na sociedade feminina metropolitana. É uma exclamação popular contra a opressão, a escravidão, a repressão, a tortura obstétrica e a morte das gestantes brasileiras e das Mães d’Água . 18. Algumas das mulheres-mães e das ‘aparadeiras-obstetras’ reivindicam direitos de relações de utilidade social pela realização de nascimentos por via baixa, já que esse valor é um erário milenar das OLHOS D’ÁGUA amazônicas.
  • 28. Diagrama 38 Nuk’e Atipay, energia primordial Kallawaya
  • 29. VALORES DE UTILIDADE SOCIAL Relações sociais que envolvem o ‘pé da barriga’ e o partejar das parteiras e os ventres maternos e as aparadeiras-obstetras São invisíveis as formas dos fluidos maternos, a circulação de energia dentro da Mãe do corpo, útero, mas as formas do partejar das parteiras e das 5. aparadeiras-obstetras são visíveis. A íntima relação entre essas formas opostas, o visível e o não visível, mostra a importância real do 10. partejar da parteira mulher-mãe e da aparadeira-obstetraventres maternos que transformam o renascimento da mulher-mãe e o nascimento da Y’Agury em 15. valores de utilidade social.
  • 30. A força e a energia do partejar das parteiras não chegam sozinhas à comunidade nem as residências. Houve uma época em que a procura por parteiras era muito intensa entre as mulheres-mães brasileiras. Presentemente, para colocá-las em contato com as mulheres-mães, se mostra necessário o estabelecimento de uma relação de complementariedade, de modo que cada uma se aproprie da força potencialmente oposta, entregando a sua, por meio de atos voluntários e espontâneos. 2. Contrato simbólico: a colaboração dinâmica e a transformação do ventre materno A parteira deverá transmitir confiança à mulher-mãe para encorajá-la, esperando pela sua transcendência energética. Para que a transformação seja recíproca, as possuidoras de valores devem se reconhecer antecipadamente e tacitamente como proprietárias privadas das formas energéticas engendradas. 3. Relação das atitudes maternas no contrato simbólico Nessa relação representativa das atitudes e vontades, cujo contrato é simbólico, reflete- se a soma da relação social e econômica. Em tais casos, a unidade o partejar da parteira/mulher-mãe só existe a título de representações das forças sociais energéticas e econômicas que cada uma delas possui. 4. Ventre materno – detentora do valor energético Quando são procuradas pelas prenhas que querem sua assistência, a força energética das parteiras se transforma em utilidade social, a qual complementada com sua experiência se torna vantajosa às mulheres-mães da comunidade.
  • 31. Nessa relação, o ventre materno passa a ser detentor do valor energético e econômico. Realizado o contrato simbólico, cujo valor (uso do tempo do partejar-parteira e o espaço e o tempo da mãe) será para a satisfação das necessidades de ambas as partes, a parteira se encarregará de assistir na transformação da mulher-mãe e no partejar da criança. 5. Variação dos valores de uso da parteira e da obstetriz a) “Vire enfermeira obstetriz para ser parteira”- Exemplo de valores de uso negativo: “A incredulidade e a perda de confiança no ventre materno vão contra o vínculo secular e ancestral do “pé da barriga”, no modo de conceber, perceber, reconhecer, cuidar do recém- nascido, apontando para um mundo muito distante da realidade vivenciada pelas avós. A mãe moderna questiona inflexivelmente a sabedoria, o amor da mãe, da avó e a experiência da parteira-obstetriz. Para a gestante metropolitana, todos são seus adversários, acha que todos conspiram contra ela”. A ‘mãe moderna’ prefere a racionalidade do obstetra mecânico. b) “Ser curiosa foi a base para ser parteira diplomada” Exemplo de valores de uso positivo: “A prática empírica, o conhecimento baseado na experiência é um bom estímulo para uma boa formação acadêmica: ser parteira de linha baixa ou parteira de via baixa”. Como essas experiências são processos relativos, é necessário que as mães modernas percebam tais possibilidades no momento de realizar a sua escolha. .
  • 32. 6. Valores de utilidade social Na vida comunitária, a relação partejar-parteira/mulher-mãe se revela como valor de utilidade social. Por meio dessa relação social é que a aparadeira virá a ser admitida como valor de uso comunitário por uma nova gestante. É necessário que os projetos de vida comunitários se manifestem como valores de utilidade social antes de se materializarem como valores de uso energético. Em suma, só quando os projetos de vida são úteis à comunidade como relação social (partejar-parteira/mulher- mãe) é que poderão ser considerados valores de utilidade social. 7. A relação social partejar-parteira/mulher-mãe se fundamenta na confiança mútua A parteira obstetriz de linha baixa na mesa ginecológica e a aparadeira do fluxo de via baixa em casa são forças matriarcais que revelam seu valor ao serem comparadas a uma terceira, a qual não apresenta relação com a tradição natural da mulher-mãe e cuja utilidade está pontificada na mentalidade abstrata que são sintomáticos às realizações experimentais nos laboratórios monistas. Observa-se entre as partejar-parteira e a mulher-mãe uma relação de valor social que se fundamenta numa relação social profunda de fluidos energéticos instantâneos e espontâneos em casa, a qual ajuda a mulher-mãe a ser preservada dos sofrimentos e das perturbações medievais. 8. Transtornos e tribulações psicossociais No terceiro caso, a inexistência de uma relação de valor social entre o obstetra e a mulher- mãe não garante a esta nenhum recurso para o seu resguardo. Muitas mães ficam em estado de impotência perante o terror a que são submetidas nas experiências obstétricas, pois são rejeitadas, mal avaliadas e sujeitadas às ingerências criminosas no parto.
  • 33.
  • 34. Diagrama 39Diagrama 39 OguapyOguapy A LuaA Lua da primeira ovulação e a Lua da menarca da menina-mulherovulação e a Lua da menarca da menina-mulher
  • 35. O USO SERVICIAL DA MENINA-MULHER E DA MULHER-MÃE COMO OBJETOS DESCARTÁVEIS NAS TRAMAS OBSTÉTRICAS As meninas-mulheres, as mulheres e as mulheres-mães não são servas, escravas a serem destinadas ao sofrimento e ao aniquilamento obstétrico. Não são objetos descartáveis a serem corrompidos 5. pelo *tatanismo e pelo *sadismo obstétrico. Fazer uso do tatanismo e do sadismo obstétrico para aumentar a riqueza e o poder são algumas das formas mais elementares utilizadas pelos hospitais-maternidades, onde impera o regime de produção de cunho estatal e capitalista: a mutilação e o corte no períneo, a curetagem a sangue frio, o rompimento forçado da bolsa d’água ou a intervenção no ventre com trancos e manobras mecânicas pesadas que estouram os órgãos internos, pulverizam o ilíacopélvis e levam as meninas-mulheres e as mulheres-mães à morte em vida, à depressão pós-parto. A opressão, a repressão, as humilhações, as torturas obstétricas a que as meninas-mulheres e as mulheres-mães são submetidas são alguns dos aspectos da realidade viva a serem questionados. *TATANISMO: excesso de instinto de morte, fazendo sofrer as outras pessoas; o aniquilamento da menina-mulher e da mulher-mãe. *SADISMO: destrutividade, prazer em fazer sofrer, humilhar, agredir.
  • 36.
  • 37. 4. Deitada no corredor da morte, a mulher-mãe fica desesperada O silêncio lhe grita a mil vozes sua condição de ‘delinquente’, de ‘marginal’; de ‘objeto de terceira’ e aí começa sua demolição, sua destruição como pessoa, provocando-lhe danos que jamais serão reparados. Quando a mulher-mãe prestes a dar à luz é nivelada a criminosos comuns por delinquentes acadêmicos, ela se vê diante de provas evidentes de que está sendo excluída da sociedade civilizada brasileira como um todo pelo estado-gestor que “nunca sabe nada de nada” e pelo capitalismo opressor, repressor, vazio e mentiroso, os quais provocam desprezo, preconceito e discriminação. 5. Processos repressivos de maior ou menor magnitude através da episiotomia Após essa recepção tão ‘acolhedora’, a mulher-mãe é adormecida por seus próprios traumas e ainda é destinada a quem a forja e intervém mecanicamente no seu ventre. O obstetra lhe lança o primeiro estilhaço de vidro: manifesta o aniquilamento cortando o períneo ou fura a bolsa d’água com um instrumento afiado sem sua autorização, antes do termo da criança, para satisfazer as necessidades sádicas obstétricas conforme suas conveniências. 6. Ao simples piscar dos olhos, o lastimável reducionismo obstétrico ( furam a bolsa, praticam a episiotomia e fazem a cesárea sem necessidade) faz chorar, dilacera a integridade e deixa desolada a mulher-mãe. O reducionismo sintético, a violência e o dano praticados pela hegemonia obstétrica interfere no nascimento da criança, arrancando violentamente a criança do ventre materno.
  • 38. 7. A experiência nos ensina e nos mostra que a reeducação de qualquer movimento e tempo- espaço nos nascimentos interfere nas múltiplas transformações do ventre energético dinâmico da mulher-mãe e na sua adaptação às distintas necessidades dos nascimentos fase a fase pelo canal de nascimento. 8. A parteira obstetriz fica apenas cuidando da gestante até ela dar o sinal de trabalho de parto. O médico obstetra chega e toma conta de tudo, vem para fazer o parto simples e interfere nele. A médica obstetra aplica citocina, a qual acelera o parto, e sobe na parturiente. O médico obstetra fura a bolsa d’água e rompe o períneo. Ambos retiram violentamente a criança. São fundamentos obstétricos tremendamente lamentáveis com efeitos devastadores no presente e a longo prazo. 9. É possível perceber os diferentes tipos de trabalhos de parto simples realizados pelos obstetras e pelas obstetras com excesso de ego que se deleitam e tropeçam em sua própria ignorância e crueldade. Assim, engendram a atrocidade, a debilitação e a morte prematura, privando a mulher-mãe de conceber espontaneamente a sua criança. 10. Quem deseja dar à luz pelo canal de nascimento via baixa é torpemente maltratada Os médicos obstetras usurpam da assistência das parteiras, destratando as parturientes. Ao considerarmos o trabalho simples realizado pelo obstetra, ele leva em consideração o seu próprio tempo intoxicante e não o da parturiente e da criança. A força que ele despende ao tomar atitudes intransigentes no seu ambiente de trabalho, na sala de parto, se equipara a de qualquer usurpador sem formação e educação especial. Este profundo dano se não for reparado psicossocialmente persistirá nas futuras gerações.
  • 39. 11. Assistência superior das parteiras graduadas ou técnicas Não é outra coisa a não ser o trabalho simples multiplicado por cem. O depoimento de uma parteira graduada ilustra bem este fato: “o ‘doutorzinho’ pega tudo prontinho, se intromete manipulando, controlando e interferindo, transformando o nascimento natural em parto mecânico”. Trabalho simples de intervenção no parto é, por exemplo, realizar dez episiotomias num período de uma hora e isso não pode ser equiparado a uma assistência de trabalho superior das parteiras técnicas e das parteiras obstetras, as quais esperam e respeitam o movimento e o tempo de flexibilidade espontânea do ilíacopélvis e a abertura do canal de nascimento da mulher-mãe que leva aproximadamente 24 horas. 12. Por regra geral do custo-benefício, existem métodos diferenciados para as mães privilegiadas Se a produtividade injustificada de trabalho mecanizado (cesárea) aumenta, diminui o tempo necessário para a produção de um nascimento via fluvial baixa pelo canal de nascimento, o qual acaba por se transformar num artigo de luxo. O indigesto obstetra só pensa em obter lucro, sem se preocupar com a saúde ou a vida da parturiente. É verdade que, considerando as coisas em conjunto, isto não depende também da má ou boa vontade do obstetra. A competência anula as vontades individuais e submete os obstetras às leis imperiosas da produção alienada. 13. Só as mães de poder aquisitivo alto podem pagar por este artigo luxuoso. Para a classe diferenciada ou classe média alta, várias opções são oferecidas. São lhes sugeridos e oferecidos diversos tipos de partos, a saber, parto na penumbra, parto em água, parto lateral, parto Laboyer, parto de cócoras. Seu custo, dependendo do método e do lugar, é altíssimo.
  • 40. 14. Quando se fala em aumento de produtividade, enquanto ela aumenta de um para dois nos nascimentos de período expulsivo prolongado pelo canal de nascimento, no caso das cesáreas abomináveis, aumenta para vinte ou mais. 15. O trabalho mecanizado leva a riqueza do material obstétrico. Quanto mais cesáreas forem realizadas, a quantidade de artigos rentáveis que esse trabalho simples proporciona aumenta. Por essa razão, se tramam enganos ao pé do ouvido, traumatizando o pé da barriga da parturiente, para que elas sejam usadas e sejam transformadas em objetos obstétricos com sequelas permanentes e irreversíveis.
  • 41. VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL “Minhas mamas e meu peito oprimidos e o meu ventre comprimido e dilacerado” Mallku Chanez
  • 42. www.mallkuchanez.com e-mail: mallkuchanez.site@gmail.com Facebook: Mallku Chanez IKA: Instituto Kallawaya de Pesquisa Andino