O documento descreve os princípios do realismo como estilo literário, enfatizando a importância da observação da realidade de forma detalhada e sem idealizações.
2. REALISMO
linhas gerais
O
meu
desejo
é
eu
te
faças
grande
e
ilustre,
ou
pelo
menos
notável,
que
te
levantes
acima
da
obscuridade
comum.
[...]
Uma
vez
na
carreira,
dever
pôr
todo
o
cuidado
nas
ideias
que
houveres
de
nutrir
para
uso
alheio
e
próprio.
O
melhor
será
não
as
ter
absolutamente.
[...]
Tu,
meu
filho,
[...]
pareces
dotado
da
perfeita
inópia
mental,
conveniente
ao
uso
deste
nobre
oFcio.
[...]
As
livrarias,
ou
por
causa
da
atmosfera
do
lugar,
ou
por
qualquer
outra
razão
que
me
escapa,
não
são
propícias
ao
nosso
fim;
e,
não
obstante,
há
grande
conveniência
em
entrar
por
elas,
de
quando
em
quando,
não
digo
às
ocultas,
mas
às
escancaras.
Podes
resolver
a
dificuldade
de
um
modo
simples:
vai
ali
falar
do
boato
do
dia,
da
anedota
da
semana,
de
um
contrabando,
de
uma
calúnia,
de
um
cometa,
de
qualquer
coisa.
[...]
Proíbo-‐te
que
chegues
a
outras
conclusões
que
não
sejam
as
já
achadas
por
outros.
Foge
a
tudo
que
possa
cheirar
reflexão,
originalidade,
etc.
ASSIS,
Machado
de.
Teoria
do
medalhão.
Disponível
em:
hXp://manoelneves.com
análise
psicológica
classes
médias
urbanas
fins
do
século
XIX
engajamento
social
desidealização
descrições
detalhadas
an>rroman>smo
arrivismo
social
ce>cismo
e
niilismo
humor
negro
conflito
aparência
x
essência
3. INSTRUÇÃO
o realismo
No
trecho
a
seguir,
o
narrador,
ao
descrever
a
personagem,
cri[ca
su[lmente
um
outro
es[lo
de
época:
o
roman[smo.
4. TEXTO
o realismo
Naquele
tempo
contava
apenas
uns
quinze
ou
dezesseis
anos;
era
talvez
a
mais
atrevida
criatura
da
nossa
raça,
e,
com
certeza,
a
mais
voluntariosa.
Não
digo
que
já
lhe
coubesse
a
primazia
da
beleza,
entre
as
mocinhas
do
tempo,
porque
isto
não
é
romance,
em
que
o
autor
sobredoura
a
realidade
e
fecha
os
olhos
às
sardas
e
espinhas;
mas
também
não
digo
que
lhe
maculasse
o
rosto
nenhuma
sarda
ou
espinha,
não.
Era
bonita,
fresca,
saía
das
mãos
da
natureza,
cheia
daquele
fei[ço,
precário
e
eterno,
que
o
indivíduo
passa
a
outro
indivíduo,
para
os
fins
secretos
da
criação.
ASSIS,
Machado
de.
Memórias
Póstumas
de
Brás
Cubas.
Rio
de
Janeiro:
Jackson,1957.
5. QUESTÃO 01
ENEM-2001
A
frase
do
texto
em
que
se
percebe
a
crí[ca
do
narrador
ao
roman[smo
está
transcrita
na
alterna[va:
...o
autor
sobredoura
a
realidade
e
fecha
os
olhos
às
sardas
e
espinhas...
...era
talvez
a
mais
atrevida
criatura
da
nossa
raça...
Era
bonita,
fresca,
saía
das
mãos
da
natureza,
cheia
daquele
fei[ço,
precário
e
eterno...
Naquele
tempo
contava
apenas
uns
quinze
ou
dezesseis
anos...
...o
indivíduo
passa
a
outro
indivíduo,
para
os
fins
secretos
da
criação.
6. SOLUÇÃO COMENTADA
ENEM-2001
Na
alterna[va
“a”,
o
locutor,
através
do
recurso
da
metalinguagem,
cri[ca
a
idealização
das
personagens
femininas
promovidas
pelos
narradores
român[cos.
Tal
crí[ca
se
dá
através
da
afirmação
que
o
locutor
dos
textos
român[cos
sobredoura
a
realidade
e
fecha
os
olhos
às
sardas
e
espinhas.
7. TEXTO
o realismo
Um
criado
trouxe
o
café.
Rubião
pegou
na
xícara
e,
enquanto
lhe
deitava
açúcar,
ia
disfarçadamente
mirando
a
bandeja,
que
era
de
prata
lavrada.
Prata,
ouro,
eram
os
metais
que
amava
de
coração;
não
gostava
de
bronze,
mas
o
amigo
Palha
disse-‐lhe
que
era
matéria
de
preço,
e
assim
se
explica
este
par
de
figuras
que
aqui
está
na
sala:
um
Mefistófeles
e
um
Fausto.
Tivesse,
porém,
de
escolher,
escolheria
a
bandeja,
-‐
primor
de
argentaria,
execução
fina
e
acabada.
O
criado
esperava
teso
e
sério.
Era
espanhol;
e
não
foi
sem
resistência
que
Rubião
o
aceitou
das
mãos
de
Cris[ano;
por
mais
que
lhe
dissesse
que
estava
acostumado
aos
seus
crioulos
de
Minas,
e
não
queria
línguas
estrangeiras
em
casa,
o
amigo
Palha
insis[u,
demonstrando-‐lhe
a
necessidade
de
ter
criados
brancos.
Rubião
cedeu
com
pena.
O
seu
bom
pajem,
que
ele
queria
pôr
na
sala,
como
um
pedaço
da
província,
nem
o
pôde
deixar
na
cozinha,
onde
reinava
um
francês,
Jean;
foi
degradado
a
outros
serviços.
ASSIS,
Machado
de.
Memórias
Póstumas
de
Brás
Cubas.
Rio
de
Janeiro:
Jackson,1957.
8. QUESTÃO 02
ENEM-2010
Quincas
Borba
situa-‐se
entre
as
obras-‐primas
do
autor
e
da
literatura
brasileira.
No
fragmento
apresentado,
a
peculiaridade
do
texto
que
garante
a
universalização
de
sua
abordagem
reside
no
conflito
entre
o
passado
pobre
e
o
presente
rico,
que
simboliza
o
triunfo
da
aparência
sobre
a
essência.
no
sen[mento
de
nostalgia
do
passado
devido
à
subs[tuição
da
mão
de
obra
escrava
pela
dos
imigrantes.
na
referência
a
Fausto
e
Mefistófeles,
que
representam
o
desejo
de
eternização
de
Rubião.
na
admiração
dos
metais
por
parte
de
Rubião,
que
metaforicamente
representam
a
durabilidade
dos
bens
produzidos
pelo
trabalho.
na
resistência
de
Rubião
aos
criados
estrangeiros,
que
reproduz
o
sen[mento
de
xenofobia.
9. SOLUÇÃO COMENTADA
ENEM-2010
O
caráter
universal
da
cena
advém
do
fato
de
o
narrador
focalizar
um
novo-‐rico
contrapondo
seus
valores
pregressos
[provincianismo
e
apego
à
escravidão]
aos
novos
[apreço
por
metais
nobres
e
criadagem
estrangeira].
O
desejo
do
protagonista
[essência]
é
obnubilado
pela
necessidade
de
parecer
refinado
[aparência].
Marque-‐se,
pois,
a
alterna[va
“a”.
10. O CASO MACHADO DE ASSIS
linhas gerais
Começo
a
arrepender-‐me
deste
livro.
Não
que
ele
me
canse;
eu
não
tenho
que
fazer;
e,
realmente,
expedir
alguns
magros
capítulos
para
esse
mundo
sempre
é
tarefa
que
distrai
um
pouco
da
eternidade.
Mas
o
livro
é
enfadonho,
cheira
a
sepulcro,
traz
certa
contração
cadavérica;
vício
grave,
e
aliás
ínfimo,
porque
o
maior
defeito
deste
livro
és
tu,
leitor.
Tu
tens
pressa
de
envelhecer,
e
o
livro
anda
devagar;
tu
amas
a
narração
direita
e
nutrida,
o
es[lo
regular
e
fluente,
e
este
livro
e
o
meu
es[lo
são
como
os
ébrios,
guinam
à
direita
e
à
esquerda,
andam
e
param,
resmungam,
urram,
gargalham,
ameaçam
o
céu,
escorregam
e
caem...
ASSIS,
Machado
de.
Memórias
póstumas
de
Brás
Cubas.
São
Paulo:
Á[ca,
2005.
conversa
com
o
leitor
metalinguagem
digressão
11. QUESTÃO 03
o realismo
(Mackenzie)
Por
suas
caracterís[cas,
não
se
encaixa
na
prosa
machadiana
o
trecho
que
aparece
na
alterna[va:
Este
úl[mo
capítulo
é
todo
de
nega[vas.
Não
alcancei
a
celebridade
do
emplasto,
não
fui
ministro,
não
fui
califa,
não
conheci
o
casamento.
A
leitora,
que
é
minha
amiga
e
abriu
este
livro
com
o
fim
de
descansar
da
cava[na
de
ontem
para
a
valsa
de
hoje,
quer
fechá-‐lo
ás
pressas,
ao
ver
que
beiramos
um
abismo.
Não
faça
isso
querida;
eu
mudo
de
rumo.
Não
sei
se
lhe
me[
algumas
rabugens
de
pessimismo.
Pode
ser.
Obra
de
finado.
Escrevia-‐a
com
a
pena
da
galhofa
e
a
[nta
da
melancolia,
e
não
é
diFcil
antever
o
que
poderá
sair
desse
conúbio.
Não
sou
criança,
nem
idiota;
vivo
só
e
vejo
de
longe;
mas
vejo.
Não
pode
imaginar.
Os
gênios
fazem
aqui
dois
sexos
como
se
fosse
uma
escala
mista.
Os
rapazes
mmidos,
ingênuos,
sem
sangue,
são
brandamente
impelidos
para
o
sexo
da
fraqueza;
são
dominados,.
O
pior
é
que
era
coxa.
Uns
olhos
tão
lúcidos,
uma
boca
tão
fresca,
uma
compostura
tão
senhoril;
e
coxa!
Esse
contraste
faria
suspeitar
que
a
natureza
é
às
vezes
um
imenso
escárnio.
Por
que
bonita,
se
coxa?
Por
que
coxa,
se
bonita?
12. SOLUÇÃO COMENTADA
o realismo
O
fragmento
transcrito
na
alterna[va
“d”
apresenta
caráter
claramente
determinista.
13. TEXTO
o realismo
Imagine
a
leitora
que
está
em
1813,
na
Igreja
do
Carmo,
ouvindo
uma
daquelas
boas
festas
amigas,
que
eram
todo
o
recreio
público
e
toda
a
arte
musical.
Sabem
o
que
é
uma
missa
cantada;
podem
imaginar
o
que
seria
uma
missa
cantada
daqueles
tempos
remotos.
Não
lhe
chamo
a
atenção
para
os
padres
e
os
sacristãos,
nem
para
o
sermão,
nem
para
os
olhos
das
moças
cariocas,
que
já
eram
bonitos
nesse
tempo,
nem
para
as
man[lhas,
das
senhoras
graves,
os
calções,
as
cabeleiras,
as
sanefas,
as
luzes,
os
incensos,
nada.
Não
falo
sequer
da
orquestra,
que
é
excelente;
limito-‐me
a
mostrar-‐lhes
uma
cabeça
branca,
a
cabeça
desse
velho
que
rege
a
orquestra,
com
alma
e
devoção.
ASSIS,
Machado
de.
Can[ga
de
esponsais.
Disponível
em:
hXp://www.releituras.com/machadodeassis_can[ga.asp
14. QUESTÃO 04
o realismo
(Mackenzie)
O
trecho
anterior,
que
inicia
“Can[ga
de
esponsais”,
extraordinário
conto
de
Machado
de
Assis,
apresenta
uma
das
caracterís[cas
de
sua
prosa.
Trata-‐se:
do
pessimismo.
do
humor.
da
denúncia
da
hipocrisia
e
do
egoísmo.
da
análise
psicológica
da
personagem.
do
leitor
incluso.
15. SOLUÇÃO COMENTADA
o realismo
No
fragmento
transcrito,
percebe-‐se
a
inclusão
do
leitor.
Marque-‐se,
pois,
a
letra
“e”.
16. TEXTO
o realismo
Quincas
Borba
mal
podia
encobrir
a
sa[sfação
do
triunfo.
Tinha
uma
asa
de
frango
no
prato,
e
trincava-‐a
com
filosófica
serenidade.
Eu
fiz-‐lhe
ainda
algumas
objeções,
mas
tão
frouxas,
que
ele
não
gastou
muito
tempo
em
destruí-‐las.
—
Para
entender
bem
o
meu
sistema,
concluiu
ele,
importa
não
esquecer
nunca
o
princípio
universal,
repar[do
e
resumido
em
cada
homem.
Olha:
a
guerra,
que
parece
uma
calamidade,
é
uma
operação
conveniente,
como
se
disséssemos
o
estalar
dos
dedos
de
Humanitas;
a
fome
(e
ele
chupava
filosoficamente
a
asa
do
frango),
a
fome
é
uma
prova
a
que
Humanitas
submete
a
própria
víscera.
Mas
eu
não
quero
outro
documento
da
sublimidade
do
meu
sistema,
senão
este
mesmo
frango.
Nutriu-‐se
de
milho,
que
foi
plantado
por
um
africano,
suponhamos,
importado
de
Angola.
Nasceu
esse
africano,
cresceu,
foi
vendido;
um
navio
o
trouxe,
um
navio
construído
de
madeira
cortada
no
mato
por
dez
ou
doze
homens,
levado
por
velas,
que
oito
ou
dez
homens
teceram,
sem
contar
a
cordoalha
e
outras
partes
do
aparelho
náu[co.
Assim,
este
frango,
que
eu
almocei
agora
mesmo,
é
o
resultado
de
uma
mul[dão
de
esforços
e
lutas,
executadas
com
o
único
fim
de
dar
mate
ao
meu
ape[te.
ASSIS,
Machado
de.
Can[ga
de
esponsais.
Disponível
em:
hXp://www.releituras.com/machadodeassis_can[ga.asp
17. QUESTÃO 05
ENEM-2010
A
filosofia
de
Quincas
Borba
–
a
Humanitas
-‐
contém
princípios
que,
conforme
a
explanação
do
personagem,
consideram
a
cooperação
entre
as
pessoas
uma
forma
de
lutar
pelo
bem
da
cole[vidade.
atender
a
interesses
pessoais.
erradicar
a
desigualdade
social.
minimizar
as
diferenças
individuais.
estabelecer
vínculos
sociais
profundos.
18. SOLUÇÃO COMENTADA
o realismo
O
humani[smo,
teoria
exposta
pela
personagem
Quincas
Borba,
é
uma
paródia
do
darwinismo
social,
espécie
de
Lei
do
Mais
Forte.
No
fragmento
transcrito,
o
filósofo
afirma
que
todas
as
ações
que
envolveram
a
chegada
da
comida
a
seu
prato
se
deram
exclusivamente
para
matar
sua
fome,
o
que
permite,
parafras[camente,
afirmar
que
a
cooperação
entre
as
pessoas
é
uma
forma
de
atender
a
interesses
pessoais.
Assinale-‐se
a
alterna[va
“b”.