2. INSTRUÇÃO
teoria da literatura no ENEM
O
autor
do
texto
a
seguir
cri/ca,
ainda
que
em
linguagem
metafórica,
a
sociedade
contemporânea
em
relação
aos
seus
hábitos
alimentares.
3. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Vocês
que
têm
mais
de
15
anos,
se
lembram
quando
a
gente
comprava
leite
em
garrafa,
na
leiteria
da
esquina?
[...]
Mas
vocês
não
se
lembram
de
nada,
pô!
Vai
ver
nem
sabem
o
que
é
vaca.
Nem
o
que
é
leite.
Estou
falando
isso
porque
agora
mesmo
peguei
um
pacote
de
leite
–
leite
em
pacote,
imagina,
Tereza!
–
na
porta
dos
fundos
e
estava
escrito
que
é
pasterizado,
ou
pasteurizado,
sei
lá,
tem
vitamina,
é
garan/do
pela
embromatologia,
foi
enriquecido
e
o
escambau.
Será
que
isso
é
mesmo
leite?
No
dicionário
diz
que
leite
é
outra
coisa:
‘Líquido
branco,
contendo
água,
proteína,
açúcar
e
sais
minerais’.
Um
alimento
pra
ninguém
botar
defeito.
O
ser
humano
o
usa
há
mais
de
5.000
anos.
É
o
único
alimento
só
alimento.
A
carne
serve
pro
animal
andar,
a
fruta
serve
pra
fazer
outra
fruta,
o
ovo
serve
pra
fazer
outra
galinha
[...]
O
leite
é
só
leite.
Ou
toma
ou
bota
fora.
Esse
aqui
examinando
bem,
é
só
pra
botar
fora.
Tem
chumbo,
tem
benzina,
tem
mais
água
do
que
leite,
tem
serragem,
sou
capaz
de
jurar
que
nem
vaca
tem
por
trás
desse
negócio.
Depois
o
pessoal
ainda
acha
estranho
que
os
meninos
não
gostem
de
leite.
Mas,
como
não
gostam?
Não
gostam
como?
Nunca
tomaram!
Múúúúúúú!
FERNANDES,
Millôr.
O
Estado
de
S.
Paulo,
22
de
agosto
de
1999.
4. QUESTÃO 01
ENEM-2000
A
crí&ca
do
autor
é
dirigida:
ao
desconhecimento,
pelas
novas
gerações,
da
importância
do
gado
leiteiro
para
a
economia
nacional.
à
diminuição
da
produção
de
leite
após
o
desenvolvimento
de
tecnologias
que
têm
subs/tuído
os
produtos
naturais
por
produtos
ar/ficiais.
à
ar/ficialização
abusiva
de
alimentos
tradicionais,
com
perda
de
critério
para
julgar
sua
qualidade
e
sabor.
à
permanência
de
hábitos
alimentares
a
par/r
da
revolução
agrícola
e
da
domes/cação
de
animais
iniciada
há
5.000
anos.
à
importância
dada
ao
pacote
de
leite
para
a
conservação
de
um
produto
perecível
e
que
necessita
de
aperfeiçoamento
tecnológico.
5. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
Logo
nos
primeiros
parágrafos,
percebe-‐se
que
a
temá/ca
do
texto
é
a
sociedade
contemporânea.
A
crônica
contrapõe
presente
a
passado.
O
elemento
que
propicia
a
comparação
é
o
leite.
Afirma-‐se
que
o
leite
moderno
é
de
má
qualidade.
A
perda
de
qualidade
se
jus/fica
porque,
neste
leite,
segundo
o
locutor,
tem
chumbo,
tem
benzina,
tem
mais
água
do
que
leite,
tem
serragem.
Tais
elementos,
segundo
a
argumentação
do
locutor,
fizeram
o
leite
perder
a
qualidade
e
o
sabor.
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna/va
“c”.
6. QUESTÃO 02
ENEM-2000
A
palavra
embromatologia
usada
pelo
autor
é:
um
termo
ciengfico
que
significa
estudo
dos
bromatos.
uma
composição
do
termo
de
gíria
“embromação”
(enganação)
com
bromatologia,
que
é
o
estudo
dos
alimentos.
uma
junção
do
termo
de
gíria
“embromação”
(enganação)
com
lactologia,
que
é
o
estudo
das
embalagens
para
leite.
um
neologismo
da
química
orgânica
que
significa
a
técnica
de
re/rar
bromatos
dos
la/cínios.
uma
corruptela
de
termo
da
agropecuária
que
significa
a
ordenha
mecânica.
7. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
O
neologismo
embromatologia,
apesar
de
derivado
de
bromatologia
[estudo
dos
alimentos]
remete,
no
texto,
imediatamente,
ao
substan/vo
embromar
[regionalismo
que
significa
enganar,
calotear
usando
de
lábia].
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna/va
“b”.
8. QUESTÃO 03
ENEM-2001
Os
provérbios
cons&tuem
um
produto
da
sabedoria
popular
e,
em
geral,
pretendem
transmi&r
um
ensinamento.
A
alterna&va
em
que
os
dois
provérbios
remetem
a
ensinamentos
semelhantes
é:
“Quem
diz
o
que
quer,
ouve
o
que
não
quer”
e
“Quem
ama
o
feio,
bonito
lhe
parece”.
“Devagar
se
vai
ao
longe”
e
“De
grão
em
grão,
a
galinha
enche
o
papo”.
“Mais
vale
um
pássaro
na
mão
do
que
dois
voando”
e
“Não
se
deve
a/rar
pérolas
aos
porcos”.
“Quem
casa
quer
casa”
e
“Santo
de
casa
não
faz
milagre”.
“Quem
com
ferro
fere,
com
ferro
será
ferido”
e
“Casa
de
ferreiro,
espeto
de
pau”.
9. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
Em
“a”,
o
provérbio
Quem
diz
o
que
quer,
ouve
o
que
não
quer
sugere
que
se
deve
assumir
a
responsabilidade
por
aquilo
que
se
faz.
Já
Quem
ama
o
feio,
bonito
lhe
parece
sugere
que
o
amor
cega
as
pessoas.
Em
“b”,
o
provérbio
Devagar
se
vai
ao
longe
sugere
que
se
deve
ter
paciência.
O
provérbio
De
grão
em
grão,
a
galinha
enche
o
papo
também
sugere
que
se
deve
ser
perseverante,
paciente.
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna/va
“b”.
Em
“c”,
o
provérbio
Mais
vale
um
pássaro
na
mão
do
que
dois
voando
sugere
que
se
deve
valorizar
aquilo
que
se
tem.
Já
Não
se
deve
aDrar
pérolas
aos
porcos
sugere
que
não
se
deve
perder
tempo
em
tarefas
inúteis.
Em
“d”,
o
provérbio
Quem
casa
quer
casa
indica,
quase
que
literalmente,
que
as
pessoas
que
casam
almejam
uma
vida
a
dois
e
as
responsabilidades
advindas
dessa
escolha.
Já
em
Santo
de
casa
não
faz
milagre,
sugere-‐se
que
não
se
deve
esperar
muito
das
pessoas
mais
próximas.
Em
“e”,
o
provérbio
Quem
com
ferro
fere,
com
ferro
será
ferido
indica
que
quem
comete
uma
má
ação
receberá
a
mesma
em
troca.
Já
Casa
de
ferreiro,
espeto
de
pau,
sugere-‐se
que
as
pessoas,
em
geral,
não
usam
as
habilidades
que
possuem
em
benemcio
próprio.
10. MIGUILIM
João Guimarães Rosa
De
repente
lá
vinha
um
homem
a
cavalo.
Eram
dois.
Um
senhor
de
fora,
o
claro
de
roupa.
Miguilim
saudou,
pedindo
a
bênção.
O
homem
trouxe
o
cavalo
cá
bem
junto.
Ele
era
de
óculos,
corado,
alto,
com
um
chapéu
diferente,
mesmo.
–
Deus
te
abençoe,
pequenino.
Como
é
teu
nome?
–
Miguilim.
Eu
sou
irmão
do
Dito.
–
E
o
seu
irmão
Dito
é
o
dono
daqui?
–
Não,
meu
senhor.
O
Di/nho
está
em
glória.
O
homem
esbarrava
o
avanço
do
cavalo,
que
era
zelado,
manteúdo,
formoso
como
nenhum
outro.
Redizia:
–
Ah,
não
sabia,
não.
Deus
o
tenha
em
sua
guarda...
Mas
que
é
que
há,
Miguilim?
Miguilim
queria
ver
se
o
homem
estava
mesmo
sorrindo
para
ele,
por
isso
é
que
o
encarava.
11. MIGUILIM
João Guimarães Rosa
–
Por
que
você
aperta
os
olhos
assim?
Você
não
é
limpo
de
vista?
Vamos
até
lá.
Quem
é
que
está
em
tua
casa?
–
É
Mãe,
e
os
meninos...
Estava
Mãe,
estava
/o
Terez,
estavam
todos.
O
senhor
alto
e
claro
se
apeou.
O
outro,
que
vinha
com
ele,
era
um
camarada.
O
senhor
perguntava
à
Mãe
muitas
coisas
do
Miguilim.
Depois
perguntava
a
ele
mesmo:
...
Miguilim,
espia
daí:
quantos
dedos
da
minha
mão
você
está
enxergando?
E
agora?.
ROSA,
João
Guimarães.
Manuelzão
e
Miguilim.
9ª
ed.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Fronteira,
1984.
12. QUESTÃO 04
ENEM-2002
Esta
história,
com
narrador
observador
em
terceira
pessoa,
apresenta
os
acontecimentos
da
perspec&va
de
Miguilim.
O
fato
de
o
ponto
de
vista
do
narrador
ter
Miguilim
como
referência,
inclusive
espacial,
fica
explicitado
em:
O
homem
trouxe
o
cavalo
cá
bem
junto.
Ele
era
de
óculos,
corado,
alto
(...)
O
homem
esbarrava
o
avanço
do
cavalo,
(...)
Miguilim
queria
ver
se
o
homem
estava
mesmo
sorrindo
para
ele,
(...)
Estava
Mãe,
estava
/o
Terez,
estavam
todos
13. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
O
advérbio
de
lugar
cá
indica
proximidade
[no
trecho
em
que
aparece,
indica
o
lugar
de
onde
o
locutor
emite
o
discurso].
Como
no
enunciado
da
questão
afirma-‐se
que
o
narrador
de
terceira
pessoa
apresenta
a
história
sob
a
perspec/va
de
Miguilim
e
esta
personagem
é
a
protagonista
do
trecho
em
questão,
deve-‐se
assinalar
a
alterna/va
“a”.
14. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Narizinho
correu
os
olhos
pela
assistência.
Não
podia
haver
nada
mais
curioso.
Besourinhos
de
fraque
e
flores
na
lapela
conversavam
com
bara/nhas
de
man/lha
e
miosó/s
nos
cabelos.
Abelhas
douradas,
verdes
e
azuis,
falavam
mal
das
vespas
de
cintura
fina
–
achando
que
era
exagero
usarem
coletes
tão
apertados.
Sardinhas
aos
centos
cri/cavam
os
cuidados
excessivos
que
as
borboletas
de
toucados
de
gaze
/nham
com
o
pó
das
suas
asas.
Mamangavas
de
ferrões
amarrados
para
não
morderem.
E
canários
cantando,
e
beija-‐flores
beijando
flores,
e
camarões
camaronando,
e
caranguejos
caranguejando,
tudo
que
é
pequenino
e
não
morde,
pequeninando
e
não
mordendo.
LOBATO,
Monteiro.
Reinações
de
Narizinho.
São
Paulo:
Brasiliense,
1947.
15. QUESTÃO 05
ENEM-2002
No
úl&mo
período
do
trecho,
há
uma
série
de
verbos
no
gerúndio
que
contribuem
para
caracterizar
o
ambiente
fantás&co
descrito.
Expressões
como
“camaronando”,
“caranguejando”
e
“pequeninando
e
não
mordendo”
criam,
principalmente,
efeitos
de
esvaziamento
de
sen/do.
monotonia
do
ambiente.
esta/cidade
dos
animais.
interrupção
dos
movimentos.
dinamicidade
do
cenário.
16. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
Posto
que
o
gerúndio
indica
uma
ação
que
transcorre
no
momento
em
que
se
fala,
infere-‐se
que
o
uso
do
gerúndio,
nos
fragmentos
destacados
no
enunciado
da
questão,
sugerem
o
movimento
dos
seres
e,
por
extensão,
a
dinamicidade
do
cenário.
Por
isso,
assinale-‐se
a
alterna/va
“e”.
17. INSTRUÇÃO
teoria da literatura no ENEM
Em
1958,
a
seleção
brasileira
foi
campeã
mundial
pela
primeira
vez.
O
texto
foi
extraído
da
crônica
“A
alegria
de
ser
brasileiro”,
do
dramaturgo
Nelson
Rodrigues,
publicada
naquele
ano
pelo
jornal
ÚlDma
hora.
18. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Agora,
com
a
chegada
da
equipe
imortal,
as
lágrimas
rolam.
Convenhamos
que
a
seleção
as
merece.
Merece
por
tudo:
não
só
pelo
futebol,
que
foi
o
mais
belo
que
os
olhos
mortais
já
contemplaram,
como
também
pelo
seu
maravilhoso
índice
disciplinar.
Até
este
Campeonato,
o
brasileiro
julgava-‐se
um
cafajeste
nato
e
hereditário.
Olhava
o
inglês
e
/nha-‐lhe
inveja.
Achava
o
inglês
o
sujeito
mais
fino,
mais
sóbrio,
de
uma
polidez
e
de
uma
cerimônia
inenarráveis.
E,
súbito,
há
o
Mundial.
Todo
mundo
baixou
o
sarrafo
no
Brasil.
Suecos,
britânicos,
alemães,
franceses,
checos,
russos,
davam
bo/nadas
em
penca.
Só
o
brasileiro
se
man/nha
ferozmente
dentro
dos
limites
rígidos
da
espor/vidade.
Então,
se
verificou
o
seguinte:
o
inglês,
tal
como
o
concebíamos,
não
existe.
O
único
inglês
que
apareceu
no
Mundial
foi
o
brasileiro.
Por
tantos
mo/vos,
vamos
perder
a
vergonha
(...),
vamos
sentar
no
meio-‐fio
e
chorar.
Porque
é
uma
alegria
ser
brasileiro,
amigos.
RODRIGUES,
Nelson.
A
alegria
de
ser
brasileiro.
s.n.t
19. QUESTÃO 06
ENEM-2002
Além
de
destacar
a
beleza
do
futebol
brasileiro,
Nelson
Rodrigues
quis
dizer
que
o
comportamento
dos
jogadores
dentro
do
campo
foi
prejudicial
para
a
equipe
e
quase
pôs
a
perder
a
conquista
da
copa
do
mundo.
mostrou
que
os
brasileiros
/nham
as
mesmas
qualidades
que
admiravam
nos
europeus,
principalmente
nos
ingleses.
ressaltou
o
sen/mento
de
inferioridade
dos
jogadores
brasileiros
em
relação
aos
europeus,
o
que
os
impediu
de
revidar
as
agressões
sofridas.
mostrou
que
o
choro
poderia
aliviar
o
sen/mento
de
que
os
europeus
eram
superiores
aos
brasileiros.
mostrou
que
os
brasileiros
eram
iguais
aos
europeus,
podendo
comportar-‐se
como
eles,
que
não
respeitavam
os
limites
da
espor/vidade.
20. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
No
fragmento
da
crônica
“A
alegria
de
ser
brasileiro”,
afirma-‐se
que
o
brasileiro
invejava
o
futebol
inglês,
pela
sua
fineza,
sobriedade,
polidez
e
cerimônia.
Durante
a
Copa
do
Mundo,
entretanto,
verificou-‐se
que
os
europeus
[e,
principalmente,
os
ingleses],
diante
do
futebol
brasileiro,
não
man/veram
as
caracterís/cas
aludidas
acima,
mas
davam
boDnadas
em
penca.
O
/me
brasileiro,
por
sua
vez,
se
manDnha
ferozmente
dentro
dos
limites
rígidos
da
esporDvidade
e
apresentou
as
mesmas
qualidades
que
admirava
no
futebol
europeu,
principalmente
no
inglês.
Por
isso,
deve-‐se
assinalar
a
alterna/va
“b”.
21. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
A
palavra
tatuagem
é
rela/vamente
recente.
Toda
a
gente
sabe
que
foi
o
navegador
Cook
que
a
introduziu
no
Ocidente,
e
esse
escrevia
taMou,
termo
da
Polinésia
de
tatou
ou
tutahou,
“desenho”.
Desde
os
mais
remotos
tempos,
vemo-‐la
a
transformar-‐se:
dis/n/vo
honorífico
entre
uns
homens,
ferrete
de
ignomínia
entre
outros,
meio
de
assustar
o
adversário
para
os
bretões,
marca
de
uma
classe
de
selvagens
das
ilhas
marquesas
(...)
sinal
de
amor,
de
desprezo,
de
ódio
(...).
Há
três
casos
de
tatuagem
no
Rio,
completamente
diversos
na
sua
significação
moral:
os
negros,
os
turcos
com
o
fundo
religioso
e
o
bando
de
meretrizes,
dos
rufiões
e
dos
humildes,
que
se
marcam
por
crime
ou
por
ociosidade.
RIO,
João
do.
Os
Tatuadores.
Revista
Kosmos.
1904,
apud:
A
alma
encantadora
das
ruas,
SP:
Cia
das
Letras,
1999
22. QUESTÃO 07
ENEM-2002
Com
base
no
texto
são
feitas
as
seguintes
afirmações:
João
do
Rio
revela
como
a
tatuagem
já
estava
presente
na
cidade
do
Rio
de
Janeiro,
pelo
menos
desde
o
início
do
século
XX,
e
era
mais
u/lizada
por
alguns
setores
da
população.
A
tatuagem,
de
origem
polinésia,
difundiu-‐se
no
ocidente
com
a
caracterís/ca
que
permanece
até
hoje:
u/lização
entre
os
jovens
com
função
estritamente
esté/ca.
O
texto
mostra
como
a
tatuagem
é
uma
prá/ca
que
se
transforma
no
tempo
e
que
alcança
inúmeros
sen/dos
nos
diversos
setores
das
sociedades
e
para
as
diferentes
culturas.
Está
CORRETO
apenas
o
que
se
afirma
em:
III
II
I
I
e
II
I
e
III
23. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
No
trecho
da
crônica
de
João
do
Rio,
datado
de
1904,
mostra-‐se
que
a
tatuagem
já
estava
presente
no
Rio
de
Janeiro,
no
início
do
século
XX
e
era
de
uso
específico
de
uma
camada
da
população.
Por
isso,
o
que
se
afirma
em
I
é
verdadeiro.
O
texto
evidencia,
ainda,
que
em
cada
sociedade
a
tatuagem
assume
um
valor
cultural
diferente
–
mo/vo
de
honra
em
alguns
lugares,
é
mo/vo
de
discriminação
em
outros,
o
que
nos
leva
a
afirmar
que
o
item
III
também
é
verdadeiro.
24. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Havia
sempre
rei
e
rainha,
nos
seus
contos,
e
forca
e
adivinhações.
E
muito
da
vida,
com
as
suas
maldades
e
as
suas
grandezas,
a
gente
encontrava
naqueles
heróis
e
naqueles
intrigantes,
que
eram
sempre
cas/gados
com
mortes
horríveis!
O
que
fazia
a
velha
Totonha
mais
curiosa
era
a
cor
local
que
ela
punha
nos
seus
descri/vos.
Quando
ela
queria
pintar
um
reino
era
como
se
es/vesse
falando
dum
engenho
fabuloso.
Os
rios
e
florestas
por
onde
andavam
os
seus
personagens
se
pareciam
muito
com
a
Paraíba
e
a
Mata
do
Rolo.
O
seu
Barba-‐Azul
era
um
senhor
de
engenho
de
Pernambuco.
José
Lins
do
Rego.
Menino
de
engenho.
Rio
de
Janeiro:
José
Olympio,
1980,
p.
49-‐51
(com
adaptações).
25. QUESTÃO 08
ENEM-2003
A
cor
local
que
a
personagem
velha
Totonha
colocava
em
suas
histórias
é
ilustrada,
pelo
autor,
na
seguinte
passagem
O
seu
Barba-‐Azul
era
um
senhor
de
engenho
de
Pernambuco.
Havia
sempre
rei
e
rainha,
nos
seus
contos,
e
forca
e
adivinhações.
Era
uma
grande
arDsta
para
dramaDzar.
Tinha
uma
memória
de
prodígio.
Andava
léguas
e
léguas
a
pé,
como
uma
edição
viva
das
Mil
e
uma
noites.
Recitava
contos
inteiros
em
versos,
intercalando
pedaços
de
prosa,
como
notas
explicaDvas.
26. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
cor
local
aparece
no
fragmento
transcrito
na
alterna/va
"a",
no
qual
o
locutor
afirma
que
a
personagem
ambienta
as
histórias
fantás/cas
no
interior
do
Nordeste.
27. JIVARO
Rubem Braga
Um
Sr.
Ma}er,
que
fez
uma
viagem
de
exploração
à
América
do
Sul,
conta
a
um
jornal
sua
conversa
com
um
índio
jivaro,
desses
que
sabem
reduzir
a
cabeça
de
um
morto
até
ela
ficar
bem
pequenina.
Queria
assis/r
a
uma
dessas
operações,
e
o
índio
lhe
disse
que
exatamente
ele
/nha
contas
a
acertar
com
um
inimigo.
O
Sr.
Ma}er:
―
Não,
não!
Um
homem,
não.
Faça
isso
com
a
cabeça
de
um
macaco.
E
o
índio:
―
Por
que
um
macaco?
Ele
não
me
fez
nenhum
mal!
28. QUESTÃO 09
ENEM-2004
O
assunto
de
uma
crônica
pode
ser
uma
experiência
pessoal
do
cronista,
uma
informação
ob&da
por
ele
ou
um
caso
imaginário.
O
modo
de
apresentar
o
assunto
também
varia:
pode
ser
uma
descrição
obje&va,
uma
exposição
argumenta&va
ou
uma
narra&va
suges&va.
Quanto
à
finalidade
pretendida,
pode-‐se
promover
uma
reflexão,
definir
um
sen&mento
ou
tão-‐
somente
provocar
o
riso.
Na
crônica
O
jivaro,
escrita
a
par&r
da
reportagem
de
um
jornal,
Rubem
Braga
se
vale
dos
seguintes
elementos:
assunto
modo
de
apresentar
finalidade
caso
imaginário
descrição
obje/va
provocar
o
riso
informação
colhida
narra/va
suges/va
promover
reflexão
informação
colhida
descrição
obje/va
definir
um
sen/mento
experiência
pessoal
narra/va
suges/va
provocar
o
riso
experiência
pessoal
exposição
argumenta/va
promover
reflexão
29. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
crônica
em
análise
nesta
questão
apresenta
sequências
predominantemente
narra/vas,
o
que
se
constata
pela
presença
de
narrador,
personagens,
tempo,
espaço,
enredo
e
verbos
de
ação.
Pode-‐se
afirmar
que
o
obje/vo
do
locutor
é
provocar
a
reflexão
acerca
do
modo
como
o
homem
[civilizado]
trata
os
animais.
Sendo
assim,
assinale-‐se
a
alterna/va
“b”.
30. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
ÓBITO
DO
AUTOR:
expirei
às
duas
horas
da
tarde
de
uma
sexta-‐feira
do
mês
de
agosto
de
1869,
na
minha
bela
chácara
de
Catumbi.
Tinha
uns
sessenta
e
quatro
anos,
rijos
e
prósperos,
era
solteiro,
possuía
cerca
de
trezentos
contos
e
fui
acompanhado
ao
cemitério
por
onze
amigos.
Onze
amigos!
Verdade
é
que
não
houve
cartas
nem
anúncios.
Acresce
que
chovia
−
peneirava
−
uma
chuvinha
miúda,
triste
e
constante,
tão
constante
e
tão
triste,
que
levou
um
daqueles
fiéis
da
úl/ma
hora
a
intercalar
esta
engenhosa
ideia
no
discurso
que
proferiu
à
beira
de
minha
cova:
−”Vós,
que
o
conhecestes,
meus
senhores,
vós
podeis
dizer
comigo
que
a
natureza
parece
estar
chorando
a
perda
irreparável
de
um
dos
mais
belos
caracteres
que
tem
honrado
a
humanidade.
Este
ar
sombrio,
estas
gotas
do
céu,
aquelas
nuvens
escuras
que
cobrem
o
azul
como
um
crepe
funéreo,
tudo
isto
é
a
dor
crua
e
má
que
lhe
rói
à
natureza
as
mais
ín/mas
entranhas;
tudo
isso
é
um
sublime
louvor
ao
nosso
ilustre
finado.”
ASSIS,
Machado
de.
Memórias
póstumas
de
Brás
Cubas.
31.
32. QUESTÃO 10
ENEM-2005
Compare
o
texto
de
Machado
de
Assis
com
a
ilustração
de
Por&nari.
É
correto
afirmar
que
a
ilustração
do
pintor
apresenta
detalhes
ausentes
na
cena
descrita
no
texto
verbal.
retrata
fielmente
a
cena
descrita
por
Machado
de
Assis.
distorce
a
cena
descrita
no
romance.
expressa
um
sen/mento
inadequado
à
situação.
contraria
o
que
descreve
Machado
de
Assis.
33. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
cena
retratada
por
Por/nari
apresenta
detalhes
que
não
foram
apresentados
no
texto
machadiano,
tais
como
o
caixão,
as
outras
covas,
a
roupa
dos
presentes
e
a
paisagem.
Assinale-‐
se,
pois,
a
alterna/va
“a”.
34. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Não
se
conformou:
devia
haver
engano.
(...)
Com
certeza
havia
um
erro
no
papel
do
branco.
Não
se
descobriu
o
erro,
e
Fabiano
perdeu
os
estribos.
Passar
a
vida
inteira
assim
no
toco,
entregando
o
que
era
dele
de
mão
beijada!
Estava
direito
aquilo?
Trabalhar
como
negro
e
nunca
arranjar
carta
de
alforria?
O
patrão
zangou-‐se,
repeliu
a
insolência,
achou
bom
que
o
vaqueiro
fosse
procurar
serviço
noutra
fazenda.
Aí
Fabiano
baixou
a
pancada
e
amunhecou.
Bem,
bem.
Não
era
preciso
barulho
não.
Graciliano
Ramos.
Vidas
secas.
91.ª
ed.
Rio
de
Janeiro:
Record,
2003.
35. QUESTÃO 11
ENEM-2006
No
fragmento
transcrito,
o
padrão
formal
da
linguagem
convive
com
marcas
de
regionalismo
e
de
coloquialismo
no
vocabulário.
Pertence
à
variedade
do
padrão
formal
da
linguagem
o
seguinte
trecho:
“Não
se
conformou:
devia
haver
engano”.
“e
Fabiano
perdeu
os
estribos”.
“Passar
a
vida
inteira
assim
no
toco”.
“entregando
o
que
era
dele
de
mão
beijada!”.
“Aí
Fabiano
baixou
a
pancada
e
amunhecou”.
37. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
São
Paulo
vai
se
recensear.
O
governo
quer
saber
quantas
pessoas
governa.
A
indagação
a/ngirá
a
fauna
e
a
flora
domes/cadas.
Bois,
mulheres
e
algodoeiros
serão
reduzidos
a
números
e
inver/dos
em
estags/cas.
O
homem
do
censo
entrará
pelos
bangalôs,
pelas
pensões,
pelas
casas
de
barro
e
de
cimento
armado,
pelo
sobradinho
e
pelo
apartamento,
pelo
cor/ço
e
pelo
hotel,
perguntando:
—
Quantos
são
aqui?
Pergunta
triste,
de
resto.
Um
homem
dirá:
—
Aqui
havia
mulheres
e
criancinhas.
Agora,
felizmente,
só
há
pulgas
e
ratos.
E
outro:
—
Amigo,
tenho
aqui
esta
mulher,
este
papagaio,
esta
sogra
e
algumas
baratas.
Tome
nota
dos
seus
nomes,
se
quiser.
Querendo
levar
todos,
é
favor...
E
outro:
—
Dois,
cidadão,
somos
dois.
Naturalmente
o
sr.
não
a
vê.
Mas
ela
está
aqui,
está,
está!
A
sua
saudade
jamais
sairá
de
meu
quarto
e
de
meu
peito!
Rubem
Braga.
Para
gostar
de
ler.
v.
3.
São
Paulo:
Á/ca,
1998,
p.
32-‐3
(fragmento).
38. QUESTÃO 12
ENEM-2008
O
fragmento
acima,
em
que
há
referência
a
um
fato
sócio
histórico
—
o
recenseamento
—,
apresenta
caracterís&ca
marcante
do
gênero
crônica
ao
expressar
o
tema
de
forma
abstrata,
evocando
imagens
e
buscando
apresentar
a
ideia
de
uma
coisa
por
meio
de
outra.
manter-‐se
fiel
aos
acontecimentos,
retratando
os
personagens
em
um
só
tempo
e
um
só
espaço.
contar
história
centrada
na
solução
de
um
enigma,
construindo
os
personagens
psicologicamente
e
revelando-‐os
pouco
a
pouco.
evocar,
de
maneira
sagrica,
a
vida
na
cidade,
visando
transmi/r
ensinamentos
prá/cos
do
co/diano,
para
manter
as
pessoas
informadas.
valer-‐se
de
tema
do
co/diano
como
ponto
de
par/da
para
a
construção
de
texto
que
recebe
tratamento
esté/co.
39. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
crônica
é
a
única
espécime
literária
em
que
o
locutor
parte
de
um
evento
do
real
e
o
reelabora
ar/s/camente.
A
definição
que
mais
se
aproxima
da
anterior
é
a
transcrita
na
alterna/va
“e”.
40. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
A
velha
Totonha
de
quando
em
vez
ba/a
no
engenho.
E
era
um
acontecimento
para
a
meninada...
Que
talento
ela
possuía
para
contar
as
suas
histórias,
com
um
jeito
admirável
de
falar
em
nome
de
todos
os
personagens,
sem
nenhum
dente
na
boca,
e
com
uma
voz
que
dava
todos
os
tons
às
palavras!
Havia
sempre
rei
e
rainha,
nos
seus
contos,
e
forca
e
adivinhações.
E
muito
da
vida,
com
as
suas
maldades
e
as
suas
grandezas,
a
gente
encontrava
naqueles
heróis
e
naqueles
intrigantes,
que
eram
sempre
cas/gados
com
mortes
horríveis!
O
que
fazia
a
velha
Totonha
mais
curiosa
era
a
cor
local
que
ela
punha
nos
seus
descri/vos.
Quando
ela
queria
pintar
um
reino
era
como
se
es/vesse
falando
dum
engenho
fabuloso.
Os
rios
e
florestas
por
onde
andavam
os
seus
personagens
se
pareciam
muito
com
a
Paraíba
e
a
Mata
do
Rolo.
O
seu
Barba-‐Azul
era
um
senhor
de
engenho
de
Pernambuco.
José
Lins
do
Rego.
Menino
de
engenho.
Rio
de
Janeiro:
José
Olympio,
1980,
p.
49-‐51
(com
adaptações).
41. QUESTÃO 13
ENEM-2008
Na
construção
da
personagem
“velha
Totonha”,
é
possível
iden&ficar
traços
que
revelam
marcas
do
processo
de
colonização
e
de
civilização
do
país.
Considerando
o
texto
acima,
infere-‐se
que
a
velha
Totonha
/ra
o
seu
sustento
da
produção
da
literatura,
apesar
de
suas
condições
de
vida
e
de
trabalho,
que
denotam
que
ela
enfrenta
situação
econômica
muito
adversa.
compõe,
em
suas
histórias,
narra/vas
épicas
e
realistas
da
história
do
país
colonizado,
livres
da
influência
de
temas
e
modelos
não
representa/vos
da
realidade
nacional.
retrata,
na
cons/tuição
do
espaço
dos
contos,
a
civilização
urbana
europeia
em
concomitância
com
a
representação
literária
de
engenhos,
rios
e
florestas
do
Brasil.
aproxima-‐se,
ao
incluir
elementos
fabulosos
nos
contos,
do
próprio
romancista,
o
qual
pretende
retratar
a
realidade
brasileira
de
forma
tão
grandiosa
quanto
a
europeia.
imprime
marcas
da
realidade
local
a
suas
narra/vas,
que
têm
como
modelo
e
origem
as
fontes
da
literatura
e
da
cultura
europeia
universalizada.
42. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
personagem
Velha
Totonha
conta
histórias
de
origem
europeia
[contos
de
fadas],
adaptando-‐
os
à
realidade
local,
principalmente
no
que
diz
respeito
às
notações
espaciais.
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna/va
“e”.
43. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Acordei
pela
madrugada.
A
princípio
com
tranquilidade,
e
logo
com
obs/nação,
quis
novamente
dormir.
Inú/l,
o
sono
esgotara-‐se.
Com
precaução,
acendi
um
fósforo:
passava
das
três.
Restava-‐
me,
portanto,
menos
de
duas
horas,
pois
o
trem
chegaria
às
cinco.
Veio-‐me
então
o
desejo
de
não
passar
mais
nem
uma
hora
naquela
casa.
Par/r,
sem
dizer
nada,
deixar
quanto
antes
minhas
cadeias
de
disciplina
e
de
amor.
Com
receio
de
fazer
barulho,
dirigi-‐me
à
cozinha,
lavei
o
rosto,
os
dentes,
penteei-‐me
e,
voltando
ao
meu
quarto,
ves/-‐me.
Calcei
os
sapatos,
sentei-‐me
um
instante
à
beira
da
cama.
Minha
avó
con/nuava
dormindo.
Deveria
fugir
ou
falar
com
ela?
Ora,
algumas
palavras...
Que
me
custava
acordá-‐la,
dizer-‐lhe
adeus?
LINS,
O.
A
par/da.
Melhores
contos.
Seleção
e
prefácio
de
Sandra
Nitrini.
São
Paulo:
Global,
2003.
44. QUESTÃO 14
ENEM-2009
No
texto,
o
personagem
narrador,
na
iminência
da
par&da,
descreve
a
sua
hesitação
em
separar-‐se
da
avó.
Esse
sen&mento
contraditório
fica
claramente
expresso
no
trecho:
“A
princípio
com
tranquilidade,
e
logo
com
obs/nação,
quis
novamente
dormir”.
“Restava-‐me,
portanto,
menos
de
duas
horas,
pois
o
trem
chegaria
às
cinco”.
“Calcei
os
sapatos,
sentei-‐me
um
instante
à
beira
da
cama”.
“Par/r,
sem
dizer
nada,
deixar
quanto
antes
minhas
cadeias
de
disciplina
e
amor”.
“Deveria
fugir
ou
falar
com
ela?
Ora,
algumas
palavras...”.
45. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
hesitação
entre
cortar
os
vínculos
[fugir]
ou
mantê-‐los
[falar
com
ela]
está
expressa
na
frase
transcrita
na
alterna/va
“e”.
46. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
[...]
já
foi
o
tempo
em
que
via
a
convivência
como
viável,
só
exigindo
deste
bem
comum,
piedosamente,
o
meu
quinhão,
já
foi
o
tempo
em
que
consen/a
num
contrato,
deixando
muitas
coisas
de
fora
sem
ceder
contudo
no
que
me
era
vital,
já
foi
o
tempo
em
que
reconhecia
a
existência
escandalosa
de
imaginados
valores,
coluna
vertebral
de
toda
‘ordem’;
mas
não
/ve
sequer
o
sopro
necessário,
e,
negado
o
respiro,
me
foi
imposto
o
sufoco;
é
esta
consciência
que
me
libera,
é
ela
hoje
que
me
empurra,
são
outras
agora
minhas
preocupações,
é
hoje
outro
o
meu
universo
de
problemas;
num
mundo
estapafúrdio
—
defini/vamente
fora
de
foco
—
cedo
ou
tarde
tudo
acaba
se
reduzindo
a
um
ponto
de
vista,
e
você
que
vive
paparicando
as
ciências
humanas,
nem
suspeita
que
paparica
uma
piada:
impossível
ordenar
o
mundo
dos
valores,
ninguém
arruma
a
casa
do
capeta;
me
recuso
pois
a
pensar
naquilo
em
que
não
mais
acredito,
seja
o
amor,
a
amizade,
a
família,
a
igreja,
a
humanidade;
me
lixo
com
tudo
isso!
me
apavora
ainda
a
existência,
mas
não
tenho
medo
de
ficar
sozinho,
foi
conscientemente
que
escolhi
o
exílio,
me
bastando
hoje
o
cinismo
dos
grandes
indiferentes
[...].
NASSAR,
R.
Um
copo
de
cólera.
São
Paulo:
Companhia
das
Letras,
1992.
47. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Raduan
Nassar
lançou
a
novela
Um
copo
de
cólera
em
1978,
fervilhante
narra/va
de
um
confronto
verbal
entre
amantes,
em
que
a
fúria
das
palavras
cortantes
se
es/lhaçava
no
ar.
O
embate
conjugal
ecoava
o
autoritário
discurso
do
poder
e
da
submissão
de
um
Brasil
que
vivia
sob
o
jugo
da
ditadura
militar.
COMODO,
R.
Um
silêncio
inquietante.
IstoÉ.
Disponível
em:
h}p://www.terra.com.br.
Acesso
em:
15
jul.
2009.
48. QUESTÃO 15
ENEM-2009
Considerando-‐se
os
textos
apresentados
e
o
contexto
polí&co
e
social
no
qual
foi
produzida
a
obra
Um
copo
de
cólera,
verifica-‐se
que
o
narrador,
ao
dirigir-‐se
à
sua
parceira,
nessa
novela,
tece
um
discurso
conformista,
que
procura
defender
as
ins/tuições
nas
quais
repousava
a
autoridade
do
regime
militar
no
Brasil,
a
saber:
a
Igreja,
a
família
e
o
Estado.
pacifista,
que
procura
defender
os
ideais
libertários
representa/vos
da
intelectualidade
brasileira
opositora
à
ditadura
militar
na
década
de
70
do
século
passado.
desmis/ficador,
escrito
em
um
discurso
ágil
e
contundente,
que
cri/ca
os
grandes
princípios
humanitários
supostamente
defendidos
por
sua
interlocutora.
poli/zado,
pois
apela
para
o
engajamento
nas
causas
sociais
e
para
a
defesa
dos
direitos
humanos
como
uma
única
forma
de
salvamento
para
a
humanidade.
contraditório,
ao
acusar
a
sua
interlocutora
de
compactuar
com
o
regime
repressor
da
ditadura
militar,
por
meio
da
defesa
de
ins/tuições
como
a
família
e
a
Igreja.
49. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
Não
há
complacência
por
parte
do
locutor.
Por
intermédio
de
um
discurso
cáus/co,
ele
acaba
por
cri/car
os
ideais
de
humanidade,
bondade
e
certeza.
Marque-‐se,
pois,
a
alterna/va
“c”.
50. QUESTÃO 16
ENEM-2009
Na
novela
Um
copo
de
cólera,
o
autor
lança
mão
de
recursos
es&lís&cos
e
expressivos
Zpicos
da
literatura
produzida
na
década
de
70
do
século
passado
no
Brasil,
que,
nas
palavras
do
crí&co
Antonio
Candido,
aliam
“vanguarda
esté&ca
e
amargura
polí&ca”.
Com
relação
à
temá&ca
abordada
e
à
concepção
narra&va
da
novela,
o
texto
I
é
escrito
em
terceira
pessoa,
com
narrador
onisciente,
apresentando
a
disputa
entre
um
homem
e
uma
mulher
em
linguagem
sóbria,
condizente
com
a
seriedade
da
temá/ca
polí/co-‐
social
do
período
da
ditadura
militar.
ar/cula
o
discurso
dos
interlocutores
em
torno
de
uma
luta
verbal,
veiculada
por
meio
de
linguagem
simples
e
obje/va,
que
busca
traduzir
a
situação
de
exclusão
social
do
narrador.
representa
a
literatura
dos
anos
70
do
século
XX
e
aborda,
por
meio
de
expressão
clara
e
obje/va
e
de
ponto
de
vista
distanciado,
os
problemas
da
urbanização
das
grandes
metrópoles
brasileiras.
evidencia
uma
crí/ca
à
sociedade
em
que
vivem
os
personagens,
por
meio
de
fluxo
verbal
congnuo
de
tom
agressivo.
traduz,
em
linguagem
subje/va
e
in/mista,
a
par/r
do
ponto
de
vista
interno,
os
dramas
psicológicos
da
mulher
moderna,
às
voltas
com
a
questão
da
priorização
do
trabalho
em
detrimento
da
vida
familiar
e
amorosa.
51. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
Assinale-‐se
a
alterna/va
“d”,
porque,
no
fragmento
01,
há
um
locutor
de
primeira
pessoa
que,
por
intermédio
de
uma
linguagem
altamente
agressiva
e
congnua
[fluxo
de
consciência]
faz
considerações
crí/cas
acerca
da
sociedade.
53. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Ó
meio-‐dia
confuso,
ó
vinte-‐e-‐um
de
abril
sinistro,
que
intrigas
de
ouro
e
de
sonho
houve
em
tua
formação?
Quem
ordena,
julga
e
pune?
Quem
é
culpado
e
inocente?
Na
mesma
cova
do
tempo
cai
o
cas/go
e
o
perdão.
Morre
a
/nta
das
sentenças
e
o
sangue
dos
enforcados...
—
liras,
espadas
e
cruzes
pura
cinza
agora
são.
Na
mesma
cova,
as
palavras,
o
secreto
pensamento,
as
coroas
e
os
machados,
men/ra
e
verdade
estão.
MEIRELES,
C.
Romanceiro
da
Inconfi
dência.
Rio
de
Janeiro:
Aguilar,
1972.
(fragmento)
54. QUESTÃO 17
ENEM-2009
O
poema
de
Cecília
Meireles
tem
como
ponto
de
par&da
um
fato
da
história
nacional,
a
Inconfidência
Mineira.
Nesse
poema,
a
relação
entre
texto
literário
e
contexto
histórico
indica
que
a
produção
literária
é
sempre
uma
recriação
da
realidade,
mesmo
quando
faz
referência
a
um
fato
histórico
determinado.
No
poema
de
Cecília
Meireles,
a
recriação
se
concre&za
por
meio
do
ques/onamento
da
ocorrência
do
próprio
fato,
que,
recriado,
passa
a
exis/r
como
forma
poé/ca
desassociada
da
história
nacional.
da
descrição
idealizada
e
fantasiosa
do
fato
histórico,
transformado
em
batalha
épica
que
exalta
a
força
dos
ideais
dos
Inconfidentes.
da
recusa
da
autora
de
inserir
nos
versos
o
desfecho
histórico
do
movimento
da
Inconfidência:
a
derrota,
a
prisão
e
a
morte
dos
Inconfidentes.
do
distanciamento
entre
o
tempo
da
escrita
e
o
da
Inconfidência,
que,
ques/onada
poe/camente,
alcança
sua
dimensão
histórica
mais
profunda.
do
caráter
trágico,
que,
mesmo
sem
corresponder
à
realidade,
foi
atribuído
ao
fato
histórico
pela
autora,
a
fim
de
exaltar
o
heroísmo
dos
Inconfidentes.
55. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
forma
como
o
poema,
publicado
em
1953,
retoma
os
eventos
ligados
à
Inconfidência
Mineira
demonstra
que
a
autora
não
se
preocupou
em
relatar
exatamente
o
que
aconteceu,
mas
em
apresentar
uma
versão
ar_sDca
daquele
episódio
da
história
nacional.
Ao
evocar
o
21
de
abril
—
dia
de
1792
em
que
Tiradentes
foi
enforcado
—,
o
texto
mostra
que,
com
o
passar
dos
anos,
os
fatos
da
Inconfidência
vão
caindo
na
“cova
do
tempo”
e
ficando
cada
vez
mais
indisDntos:
misturam-‐se
então
“culpado
e
inocente”,
“menDra
e
verdade”,
“casDgo
e
perdão”.
Ao
ser
cantado
em
verso,
aquele
movimento
políDco
aDngiu
uma
dimensão
histórica
profunda,
inserindo-‐se
no
imaginário
do
povo
brasileiro,
igualando-‐se
a
grandes
eventos
da
civilização
ocidental
que
moDvaram
poemas,
tais
como:
a
Guerra
de
Tróia,
tema
da
Ilíada,
e
o
retorno
de
Ulisses
a
Ítaca,
tema
da
A
Odisséia
(ambos
poemas
do
grego
Homero);
a
viagem
de
Vasco
da
Gama
às
Índias
e
Os
Lusíadas,
de
Luís
de
Camões.
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna/va
“d”.
56. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Principiei
a
leitura
de
má
vontade.
E
logo
emperrei
na
história
de
um
menino
vadio
que,
dirigindo-‐se
à
escola,
se
retardava
a
conversar
com
os
passarinhos
e
recebia
deles
opiniões
sisudas
e
bons
conselhos.
Em
seguida
vinham
outros
irracionais,
igualmente
bem-‐intencionados
e
bem
falantes.
Havia
a
moscazinha
que
morava
na
parede
de
uma
chaminé
e
voava
à
toa,
desobedecendo
às
ordens
maternas,
e
tanto
voou
que
afinal
caiu
no
fogo.
Esses
contos
me
intrigaram
com
o
[livro]
Barão
de
Macaúbas.
Infelizmente
um
doutor,
u/lizando
bichinhos,
impunha-‐nos
a
linguagem
dos
doutores.
—
Queres
tu
brincar
comigo?
O
passarinho,
no
galho,
respondia
com
preceito
e
moral,
e
a
mosca
usava
adje/vos
colhidos
no
dicionário.
A
figura
do
barão
manchava
o
fron/spício
do
livro,
e
a
gente
percebia
que
era
dele
o
pedan/smo
atribuído
à
mosca
e
ao
passarinho.
Ridículo
um
indivíduo
hirsuto
e
grave,
doutor
e
barão,
pipilar
conselhos,
zumbir
admoestações.
RAMOS,
G.
Infância.
Rio
de
Janeiro:
Record,
1986
(adaptado).
57. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Dado
que
a
literatura,
como
a
vida,
ensina
na
medida
em
que
atua
com
toda
sua
gama,
é
ar/ficial
querer
que
ela
funcione
como
os
manuais
de
virtude
e
boa
conduta.
E
a
sociedade
não
pode
senão
escolher
o
que
em
cada
momento
lhe
parece
adaptado
aos
seus
fins,
enfrentando
ainda
assim
os
mais
curiosos
paradoxos,
pois
mesmo
as
obras
consideradas
indispensáveis
para
a
formação
do
moço
trazem
frequentemente
o
que
as
convenções
desejariam
banir.
Aliás,
essa
espécie
de
inevitável
contrabando
é
um
dos
meios
por
que
o
jovem
entra
em
contato
com
realidades
que
se
tenciona
escamotear-‐lhe.
CANDIDO,
A.
A
literatura
e
a
formação
do
homem.
Duas
Cidades.
São
Paulo:
Ed.
34,
2002
(adaptado).
58. QUESTÃO 18
ENEM-2009
Os
dois
textos
acima,
com
enfoques
diferentes,
abordam
um
mesmo
problema,
que
se
refere,
simultaneamente,
ao
campo
literário
e
ao
social.
Considerando-‐se
a
relação
entre
os
dois
textos,
verifica-‐se
que
eles
têm
em
comum
o
fato
de
que
tratam
do
mesmo
tema,
embora
com
opiniões
divergentes,
expressas
no
primeiro
texto
por
meio
da
ficção
e,
no
segundo,
por
análise
sociológica.
foi
usada,
em
ambos,
linguagem
de
caráter
moralista
em
defesa
de
uma
mesma
tese:
a
literatura,
muitas
vezes,
é
nociva
à
formação
do
jovem
estudante.
são
u/lizadas
linguagens
diferentes
nos
dois
textos,
que
apresentam
um
mesmo
ponto
de
vista:
a
literatura
deixa
ver
o
que
se
pretende
esconder.
a
linguagem
figurada
é
predominante
em
ambos,
embora
o
primeiro
seja
uma
fábula
e
o
segundo,
um
texto
ciengfico.
o
tom
humorís/co
caracteriza
a
linguagem
de
ambos
os
textos,
em
que
se
defende
o
caráter
pedagógico
da
literatura.
59. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
Assinale-‐se
a
alterna/va
“c”,
pois
tanto
o
texto
de
Graciliano
Ramos
quanto
o
de
Antonio
Candido
apontam
para
o
caráter
pedagógico,
didáDco,
didá/co
que
a
literatura
pode
vir
a
ter.
60. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
NEGRINHA
Negrinha
era
uma
pobre
órfã
de
sete
anos.
Preta?
Não;
fusca,
mula/nha
escura,
de
cabelos
ruços
e
olhos
assustados.
Nascera
na
senzala,
de
mãe
escrava,
e
seus
primeiros
anos
vivera-‐os
pelos
cantos
escuros
da
cozinha,
sobre
velha
esteira
e
trapos
imundos.
Sempre
escondida,
que
a
patroa
não
gostava
de
crianças.
Excelente
senhora,
a
patroa.
Gorda,
rica,
dona
do
mundo,
amimada
dos
padres,
com
lugar
certo
na
igreja
e
camarote
de
luxo
reservado
no
céu.
Entaladas
as
banhas
no
trono
(uma
cadeira
de
balanço
na
sala
de
jantar),
ali
bordava,
recebia
as
amigas
e
o
vigário,
dando
audiências,
discu/ndo
o
tempo.
Uma
virtuosa
senhora
em
suma
–
“dama
de
grandes
virtudes
apostólicas,
esteio
da
religião
e
da
moral”,
dizia
o
reverendo.
Ó/ma,
a
dona
Inácia.
Mas
não
admi/a
choro
de
criança.
Ai!
Punha-‐lhe
os
nervos
em
carne
viva.
[...]
A
excelente
dona
Inácia
era
mestra
na
arte
de
judiar
de
crianças.
Vinha
da
escravidão,
fora
senhora
de
escravos
–
e
daquelas
ferozes,
amigas
de
ouvir
cantar
o
bolo
e
estalar
o
bacalhau.
Nunca
se
afizera
ao
regime
novo
–
essa
indecência
de
negro
igual.
LOBATO,
Monteiro.
Negrinha.
In.:
Os
cem
melhores
contos
brasileiros
do
século.
Rio
de
Janeiro:
Obje/va,
2000.
[fragmento]
61. QUESTÃO 19
ENEM-2010
A
narra&va
focaliza
um
momento
histórico-‐social
de
valores
contraditórios.
Essa
contradição
infere-‐se,
no
contexto,
pela
falta
de
aproximação
entre
a
menina
e
a
senhora,
preocupada
com
as
amigas.
recep/vidade
da
senhora
para
com
os
padres,
mas
deselegante
para
com
as
beatas.
ironia
do
padre
a
respeito
da
senhora,
que
era
perversa
com
as
crianças.
resistência
da
senhora
em
aceitar
a
liberdade
dos
negros,
evidenciada
no
final
do
texto.
rejeição
aos
criados
por
parte
da
senhora,
que
preferia
tratá-‐los
com
cas/gos.
62. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
contradição
presente
no
texto
se
refere
ao
fato
de,
numa
sociedade
de
iguais,
a
senhora
tratar
os
negros
como
diferentes.
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna/va
“d”.
63. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
CEGUEIRA
Afastou-‐me
da
escola,
atrasou-‐me;
enquanto
os
filhos
de
seu
José
Galvão
se
internavam
em
grandes
volumes
coloridos,
a
doença
de
olhos
me
perseguia
na
meninice.
Torturava-‐me
semanas
e
semanas,
eu
vivia
na
treva,
o
rosto
oculto
num
pano
escuro,
tropeçando
nos
móveis,
guiando-‐me
às
apalpadelas,
ao
longo
das
paredes.
As
pálpebras
inflamadas
colavam-‐se.
Para
descerrá-‐las,
eu
ficava
tempo
sem
fim
mergulhando
a
cara
na
bacia
de
água,
lavando-‐me
vagarosamente,
pois
o
contato
dos
dedos
era
doloroso
em
excesso.
Finda
a
operação
extensa,
o
espelho
da
sala
de
visitas
mostrava-‐me
dois
bugalhos
sangrentos,
que
se
molhavam
depressa
e
queriam
esconder-‐se.
Os
objetos
surgiam
empastados
e
brumosos.
Voltava
a
abrigar-‐me
sob
o
pano
escuro,
mas
isto
não
atenuava
o
padecimento.
Qualquer
luz
me
deslumbrava,
feria-‐me
como
pontas
de
agulha.
[...]
Sem
dúvida
o
meu
espectro
era
desagradável,
inspirava
repugnância.
E
a
gente
da
casa
se
impacientava.
Minha
mãe
/nha
a
franqueza
de
manifestar-‐me
viva
an/pa/a.
Dava-‐me
dois
apelidos:
bezerro-‐encourado
e
cabra-‐cega.
RAMOS,
G.
Infância.
Rio
de
Janeiro:
Record,
1984.
(fragmento)
64. QUESTÃO 20
SEGUNDA APLICAÇÃO DO ENEM-2012
O
impacto
da
doença,
na
infância,
revela-‐se
no
texto
memorialista
de
Graciliano
Ramos
através
de
uma
a&tude
marcada
por
uma
tenta/va
de
esquecer
os
efeitos
da
doença.
preservar
a
sua
condição
de
ví/ma
da
negligência
materna.
apontar
a
precariedade
do
tratamento
médico
no
sertão.
registrar
a
falta
de
solidariedade
dos
amigos
e
familiares.
recompor,
em
minúcias
e
sem
autopiedade,
a
sensação
de
dor.
65. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
alterna/va
que
se
aproxima
do
que
leva
o
locutor
a
reconstruir
sua
memória
é
a
letra
“e”.
66. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
E
como
manejava
bem
os
cordéis
de
seus
gteres,
ou
ele
mesmo,
gtere
voluntário
e
consciente,
como
entregava
o
braço,
as
pernas,
a
cabeça,
o
tronco,
como
se
desfazia
de
suas
ar/culações
e
de
seus
reflexos
quando
achava
nisso
conveniência.
Também
ele
soubera
apoderar-‐se
dessa
arte,
mais
ar/mcio,
toda
feita
de
su/lezas
e
grosserias,
de
expecta/va
e
oportunidade,
de
insolência
e
submissão,
de
silêncios
e
rompantes,
de
anulação
e
prepotência.
Conhecia
a
palavra
exata
para
o
momento
preciso,
a
frase
picante
ou
obscena
no
ambiente
adequado,
o
tom
humilde
diante
do
superior
ú/l,
o
grosseiro
diante
do
inferior,
o
arrogante
quando
o
poderoso
em
nada
o
podia
prejudicar.
Sabia
desfazer
situações
equívocas,
e
armar
intrigas
das
quais
se
saía
sempre
bem,
e
sabia,
por
experiência
própria,
que
a
fortuna
se
ganha
com
uma
frase,
num
dado
momento,
que
este
momento
único,
irrecuperável,
irreversível,
exige
um
estado
de
alerta
para
a
sua
apropriação.
RAWET,
S.
O
aprendizado.
In.:
Diálogo.
Rio
de
Janeiro:
GRD,
1963.
(fragmento)
67. QUESTÃO 21
PRIMEIRA APLICAÇÃO DO ENEM-2012
No
conto,
o
autor
retrata
cri&camente
a
habilidade
do
personagem
no
manejo
de
discursos
diferentes
segundo
a
posição
do
interlocutor
na
sociedade.
A
crí&ca
à
conduta
do
personagem
está
centrada
na
imagem
do
gtere
ou
fantoche
em
que
o
personagem
acaba
por
se
transformar,
acreditando
dominar
os
jogos
de
poder
na
linguagem.
na
alusão
à
falta
de
ar/culações
e
reflexos
do
personagem,
dando
a
entender
que
ele
não
possui
o
manejo
dos
jogos
discursivos
em
todas
as
situações.
no
comentário,
feito
em
tom
de
censura
pelo
autor,
sobre
as
frases
obscenas
que
o
personagem
emite
em
determinados
ambientes
sociais.
nas
expressões
que
mostram
tons
opostos
nos
discursos
empregados
aleatoriamente
pelo
personagem
em
conversas
com
interlocutores
variados.
no
falso
elogio
à
originalidade
atribuída
a
esse
personagem,
responsável
por
seu
sucesso
no
aprendizado
das
regras
de
linguagem
da
sociedade.
68. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
No
trecho
lido,
por
intermédio
do
uso
da
imagem
do
gtere,
obje/va-‐se
sugerir
que
o
sujeito
que
aparentemente
comanda
o
discurso
é
também
por
ele
comandado.
O
comentário
que
melhor
condiz
com
a
imagem
presente
no
texto
e
referida
no
comando
da
questão
é
o
da
letra
“a”.
69. TEXTO
teoria da literatura no ENEM
Quem
é
pobre,
pouco
se
apega,
é
um
giro-‐o-‐giro
no
vago
dos
gerais,
que
nem
os
pássaros
de
rios
e
lagoas.
O
senhor
vê:
o
Zé-‐Zim,
o
melhor
meeiro
meu
aqui,
risonho
e
habilidoso.
Pergunto:
–
Zé-‐Zim,
por
que
é
que
você
não
cria
galinhas-‐d'angola,
como
todo
o
mundo
faz?
–
Quero
criar
nada
não…
–
me
deu
resposta:
–
Eu
gosto
muito
de
mudar…
[…]
Belo
um
dia,
ele
tora.
Ninguém
discrepa.
Eu,
tantas,
mesmo
digo.
Eu
dou
proteção.
[…]
Essa
não
faltou
também
à
minha
mãe,
quando
eu
era
menino,
no
sertãozinho
de
minha
terra.
[…]
Gente
melhor
do
lugar
eram
todos
dessa
família
Guedes,
Jidião
Guedes;
quando
saíram
de
lá,
nos
trouxeram
junto,
minha
mãe
e
eu.
Ficamos
exis/ndo
em
território
baixio
da
Sirga,
da
outra
banda,
ali
onde
o
de-‐Janeiro
vai
no
São
Francisco,
o
senhor
sabe.
ROSA,
J.
G.
Grande
sertão:
veredas.
Rio
de
Janeiro:
José
Olympio,
s.d.
70. QUESTÃO 22
ENEM-2011
Na
passagem
citada,
Riobaldo
expõe
uma
situação
decorrente
de
uma
desigualdade
social
Zpica
das
áreas
rurais
brasileiras
marcadas
pela
concentração
de
terras
e
pela
relação
de
dependência
entre
agregados
e
fazendeiros.
No
texto,
destaca-‐se
essa
relação
porque
o
personagem-‐narrador
relata
a
seu
interlocutor
a
história
de
Zé-‐Zim,
demonstrando
sua
pouca
disposição
em
ajudar
seus
agregados,
uma
vez
que
superou
essa
condição
graças
à
sua
força
de
trabalho.
descreve
o
processo
e
transformação
de
um
meeiro
-‐
espécie
de
agregado
-‐
em
proprietário
de
terra.
denuncia
a
falta
de
compromisso
e
a
desocupação
dos
moradores,
que
pouco
se
envolvem
no
trabalho
da
terra.
mostra
como
a
condição
material
da
vida
do
sertanejo
é
dificultada
pela
sua
dupla
condição
de
homem
livre
e,
ao
mesmo
tempo,
dependente.
mantém
o
distanciamento
narra/vo
condizente
com
sua
posição
social,
de
proprietário
de
terras.
71. SOLUÇÃO COMENTADA
teoria da literatura no ENEM
A
alterna/va
mais
condizente
com
o
fragmento
transcrito
de
Grande
sertão:
veredas
é
a
alterna/va
“d”.
No
trecho,
entrevê-‐se
que
ao
agregado
é
facultado
trabalhar
na
terra,
mas,
se
ele
quiser
par/r,
nada
levará
de
seu
–
eis
a
condição
paradoxal:
é
livre
para
dispor
de
si
quando
quiser,
mas
seu
trabalho
não
resulta
em
ganho
que
o
permi/ria
fixar-‐se
na
terra.
72. TEXTO
ENEM-2010
Logo
depois
transferiram
para
o
trapiche
o
depósito
dos
objetos
que
o
trabalho
do
dia
lhes
proporcionava.
Estranhas
coisas
entraram
então
para
o
trapiche.
Não
mais
estranhas,
porém,
que
aqueles
meninos,
moleques
de
todas
as
cores
e
de
idades
as
mais
variadas,
desde
os
nove
aos
dezesseis
anos,
que
à
noite
se
estendiam
pelo
assoalho
e
por
debaixo
da
ponte
e
dormiam,
indiferentes
ao
vento
que
circundava
o
casarão
uivando,
indiferentes
à
chuva
que
muitas
vezes
os
lavava,
mas
com
os
olhos
puxados
para
as
luzes
dos
navios,
com
os
ouvidos
presos
às
canções
que
vinham
das
embarcações...
AMADO,
J.
Capitães
da
areia.
São
Paulo:
Companhia
das
Letras,
2008
(fragmento).
73. TEXTO
ENEM-2010
À
margem
esquerda
do
rio
Belém,
nos
fundos
do
mercado
de
peixe,
ergue-‐se
o
velho
ingazeiro
-‐
ali
os
bêbados
são
felizes.
Curi/ba
os
considera
animais
sagrados,
provê
as
suas
necessidades
de
cachaça
e
pirão.
No
trivial
contentavam-‐se
com
as
sobras
do
mercado.
TREVISAN,
D.
35
noites
de
paixão:
contos
escolhidos.
Rio
de
Janeiro:
BestBolso,
2009
(fragmento).
74. QUESTÃO 23
ENEM-2010
Sob
diferentes
perspec&vas,
os
fragmentos
citados
são
exemplos
de
uma
abordagem
literária
recorrente
na
literatura
brasileira
do
século
XX.
Em
ambos
os
textos,
a
linguagem
afe/va
aproxima
os
narradores
dos
personagens
marginalizados.
a
ironia
marca
o
distanciamento
dos
narradores
em
relação
aos
personagens.
o
detalhamento
do
co/diano
dos
personagens
revela
a
sua
origem
social.
o
espaço
onde
vivem
os
personagens
é
uma
das
marcas
de
sua
exclusão.
a
crí/ca
à
indiferença
da
sociedade
pelos
marginalizados
é
direta.
75. QUESTÃO 23
solução comentada
Apenas
na
alterna/va
“d”
há
um
comentário
per/nente
aos
dois
textos
–
os
lugares
a
que
se
refere
o
narrador
são
marcados
pela
exclusão
social,
a
saber,
um
casarão
abandonado
e
uma
árvore.
76. TEXTO
ENEM-2010
CAPÍTULO
III
Um
criado
trouxe
o
café.
Rubião
pegou
na
xícara
e,
enquanto
lhe
deitava
açúcar,
ia
disfarçadamente
mirando
a
bandeja,
que
era
de
prata
lavrada.
Prata,
ouro,
eram
os
metais
que
amava
de
coração;
não
gostava
de
bronze,
mas
o
amigo
Palha
disse-‐lhe
que
era
matéria
de
preço,
e
assim
se
explica
este
par
de
figuras
que
aqui
está
na
sala:
um
Mefistófeles
e
um
Fausto.
Tivesse,
porém,
de
escolher,
escolheria
a
bandeja,
-‐
primor
de
argentaria,
execução
fina
e
acabada.
O
criado
esperava
teso
e
sério.
Era
espanhol;
e
não
foi
sem
resistência
que
Rubião
o
aceitou
das
mãos
de
Cris/ano;
por
mais
que
lhe
dissesse
que
estava
acostumado
aos
seus
crioulos
de
Minas,
e
não
queria
línguas
estrangeiras
em
casa,
o
amigo
Palha
insis/u,
demonstrando-‐lhe
a
necessidade
de
ter
criados
brancos.
Rubião
cedeu
com
pena.
O
seu
bom
pajem,
que
ele
queria
pôr
na
sala,
como
um
pedaço
da
província,
nem
o
pôde
deixar
na
cozinha,
onde
reinava
um
francês,
Jean;
foi
degradado
a
outros
serviços.
ASSIS,
M.
Quincas
Borba.
In:
Obra
completa.
v.1.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Aguilar,
1993.
(fragmento).
77. QUESTÃO 24
ENEM-2010
Quincas
Borba
situa-‐se
entre
as
obras-‐primas
do
autor
e
da
literatura
brasileira.
No
fragmento
apresentado,
a
peculiaridade
do
texto
que
garante
a
universalização
de
sua
abordagem
reside
no
conflito
entre
o
passado
pobre
e
o
presente
rico,
que
simboliza
o
triunfo
da
aparência
sobre
a
essência.
no
sen/mento
de
nostalgia
do
passado
devido
à
subs/tuição
da
mão
de
obra
escrava
pela
dos
imigrantes.
na
referência
a
Fausto
e
Mefistófeles,
que
representam
o
desejo
de
eternização
de
Rubião.
na
admiração
dos
metais
por
parte
de
Rubião,
que
metaforicamente
representam
a
durabilidade
dos
bens
produzidos
pelo
trabalho.
na
resistência
de
Rubião
aos
criados
estrangeiros,
que
reproduz
o
sen/mento
de
xenofobia.
78. QUESTÃO 24
solução comentada
O
caráter
universal
da
cena
advém
do
fato
de
o
narrador
focalizar
um
novo-‐rico
contrapondo
seus
valores
pregressos
[provincianismo
e
apego
à
escravidão]
aos
novos
[apreço
por
metais
nobres
e
criadagem
estrangeira].
O
desejo
do
protagonista
[essência]
é
obnubilado
pela
necessidade
de
parecer
refinado
[aparência].
Marque-‐se,
pois,
a
alterna/va
“a”.
79. TEXTO
ENEM-2010
Eu
amo
a
rua.
Esse
sen/mento
de
natureza
toda
ín/ma
não
vos
seria
revelado
por
mim
se
não
julgasse,
e
razões
não
/vesse
para
julgar,
que
este
amor
assim
absoluto
e
assim
exagerado
é
par/lhado
por
todos
vós.
Nós
somos
irmãos,
nós
nos
sen/mos
parecidos
e
iguais;
nas
cidades,
nas
aldeias,
nos
povoados,
não
porque
soframos,
com
a
dor
e
os
desprazeres,
a
lei
e
a
polícia,
mas
porque
nos
une,
nivela
e
agremia
o
amor
da
rua.
É
este
mesmo
o
sen/mento
imperturbável
e
indissolúvel,
o
único
que,
como
a
própria
vida,
resiste
às
idades
e
às
épocas.
RIO,
J.
A
rua.
In:
A
alma
encantadora
das
ruas.
São
Paulo:
Companhia
das
Letras,
2008
(fragmento).
80. TEXTO
ENEM-2010
A
rua
dava-‐lhe
uma
força
de
fisionomia,
mais
consciência
dela.
Como
se
sen/a
estar
no
seu
reino,
na
região
em
que
era
rainha
e
imperatriz.
O
olhar
cobiçoso
dos
homens
e
o
de
inveja
das
mulheres
acabavam
o
sen/mento
de
sua
personalidade,
exaltavam-‐no
até.
Dirigiu-‐se
para
a
rua
do
Catete
com
o
seu
passo
miúdo
e
sólido.
[...]
No
caminho
trocou
cumprimento
com
as
raparigas
pobres
de
uma
casa
de
cômodos
da
vizinhança.
[...]
E
debaixo
dos
olhares
maravilhados
das
pobres
raparigas,
ela
con/nuou
o
seu
caminho,
arrepanhando
a
saia,
sa/sfeita
que
nem
uma
duquesa
atravessando
os
seus
domínios.
BARRETO,
Lima.
Um
e
outro.
In:
Clara
dos
Anjos.
Rio
de
Janeiro:
Editora
Mérito.
(fragmento)
81. QUESTÃO 25
ENEM-2010
A
experiência
urbana
é
um
tema
recorrente
em
crônicas,
contos
e
romances
do
final
do
século
XIX
e
início
do
XX,
muitos
dos
quais
elegem
a
rua
para
explorar
essa
experiência.
Nos
fragmentos
I
e
II,
a
rua
é
vista,
respec&vamente,
como
lugar
que
desperta
sensações
contraditórias
e
desejo
de
reconhecimento.
favorece
o
cul/vo
da
in/midade
e
a
exposição
dos
dotes
msicos.
possibilita
vínculos
pessoais
duradouros
e
encontros
casuais.
propicia
o
sen/do
de
comunidade
e
a
exibição
pessoal.
promove
o
anonimato
e
a
segregação
social.
82. QUESTÃO 25
solução comentada
No
texto
de
João
do
Rio,
o
sen/mento
que
a
rua
propicia
é
o
de
união,
comunidade.
Para
o
locutor
do
texto
01,
na
tua
todos
são
iguais.
O
texto
de
Barreto,
por
sua
vez,
apresenta
a
rua
como
um
pedestal
onde
a
personagem
se
exibe
e
é
reconhecida
por
sua
beleza.
Assina-‐se,
pois,
a
alterna/va
“d”.
83. TEXTO
SEGUNDA PROVA DO ENEM-2010
Quincas
Borba
mal
podia
encobrir
a
sa/sfação
do
triunfo.
Tinha
uma
asa
de
frango
no
prato,
e
trincava-‐a
com
filosófica
serenidade.
Eu
fiz-‐lhe
ainda
algumas
objeções,
mas
tão
frouxas,
que
ele
não
gastou
muito
tempo
em
destruí-‐las.
—
Para
entender
bem
o
meu
sistema,
concluiu
ele,
importa
não
esquecer
nunca
o
princípio
universal,
repar/do
e
resumido
em
cada
homem.
Olha:
a
guerra,
que
parece
uma
calamidade,
é
uma
operação
conveniente,
como
se
disséssemos
o
estalar
dos
dedos
de
Humanitas;
a
fome
(e
ele
chupava
filosoficamente
a
asa
do
frango),
a
fome
é
uma
prova
a
que
Humanitas
submete
a
própria
víscera.
Mas
eu
não
quero
outro
documento
da
sublimidade
do
meu
sistema,
senão
este
mesmo
frango.
Nutriu-‐se
de
milho,
que
foi
plantado
por
um
africano,
suponhamos,
importado
de
Angola.
Nasceu
esse
africano,
cresceu,
foi
vendido;
um
navio
o
trouxe,
um
navio
construído
de
madeira
cortada
no
mato
por
dez
ou
doze
homens,
levado
por
velas,
que
oito
ou
dez
homens
teceram,
sem
contar
a
cordoalha
e
outras
partes
do
aparelho
náu/co.
Assim,
este
frango,
que
eu
almocei
agora
mesmo,
é
o
resultado
de
uma
mul/dão
de
esforços
e
lutas,
executadas
com
o
único
fim
de
dar
mate
ao
meu
ape/te.
ASSIS,
M.
Memórias
póstumas
de
Brás
Cubas.
Rio
de
Janeiro:
Civilização
Brasiliense,
1975.
84. QUESTÃO 26
SEGUNDA PROVA DO ENEM-2010
A
filosofia
de
Quincas
Borba
–
a
Humanitas
-‐
contém
princípios
que,
conforme
a
explanação
do
personagem,
consideram
a
cooperação
entre
as
pessoas
uma
forma
de
lutar
pelo
bem
da
cole/vidade.
atender
a
interesses
pessoais.
erradicar
a
desigualdade
social.
minimizar
as
diferenças
individuais.
estabelecer
vínculos
sociais
profundos.
85. QUESTÃO 26
solução comentada
O
humani/smo,
teoria
exposta
pela
personagem
Quincas
Borba,
é
uma
paródia
do
darwinismo
social,
espécie
de
Lei
do
Mais
Forte.
No
fragmento
transcrito,
o
filósofo
afirma
que
todas
as
ações
que
envolveram
a
chegada
da
comida
a
seu
prato
se
deram
exclusivamente
para
matar
sua
fome,
o
que
permite,
parafras/camente,
afirmar
que
a
cooperação
entre
as
pessoas
é
uma
forma
de
atender
a
interesses
pessoais.
Assinale-‐se
a
alterna/va
“b”.
86. TEXTO
SEGUNDA PROVA DO ENEM-2010
Você
volta
para
casa
depois
de
ter
ido
jantar
com
sua
amiga
dos
olhos
verdes.
Verdes.
Às
vezes
quando
você
sai
do
escritório
você
quer
se
distrair
um
pouco.
Você
não
suporta
mais
tem
seu
trabalho
de
desenhista.
Cópias
plantas
réguas
milímetros
nanquim
compasso
360º.
de
cercado
cerco.
Antes
de
dormir
você
quer
estudar
para
a
prova
de
história
da
arte
mas
sua
menina
menor
tem
febre
e
chama
você.
A
mão
dela
na
sua
mão
é
um
peixe
sem
sol
em
irradiações
noturnas.
Quentes
ondas.
Seu
marido
se
aproxima
os
pés
calçados
de
meias
nos
chinelos
folgados.
Ele
olha
as
horas
nos
dois
relógios
de
pulso.
Ele
acusa
você
de
ter
ficado
fora
de
casa
o
dia
todo
até
tarde
da
noite
enquanto
a
menina
ardia
em
febre.
Ponto
e
ponta.
Dor
perfume
crescente...
CUNHA,
H.
P.
As
doze
cores
do
vermelho.
Rio
de
Janeiro:
Tempo
Brasileiro,
2009.
87. QUESTÃO 27
SEGUNDA PROVA DO ENEM-2010
A
literatura
brasileira
contemporânea
tem
abordado,
sob
diferentes
perspec/vas,
questões
relacionadas
ao
universo
feminino.
No
fragmento,
entre
os
recursos
expressivos
u/lizados
na
construção
da
narra/va,
destaca-‐se
a
repe/ção
de
“você”,
que
se
refere
ao
interlocutor
da
personagem.
ausência
de
vírgulas,
que
marca
o
discurso
irritado
da
personagem.
descrição
minuciosa
do
espaço
do
trabalho,
que
se
opõe
ao
da
casa.
autoironia,
que
ameniza
o
sen/mento
de
opressão
da
personagem.
ausência
de
metáforas,
que
é
responsável
pela
obje/vidade
do
texto.
88. QUESTÃO 27
solução comentada
Um
dos
principais
traços
es/lís/cos
do
texto
em
análise
é
a
ausência
de
pontuação
[constatada,
por
exemplo,
nas
frases
três
e
cinco],
que
sugerem
um
discurso
verborrágico,
direto,
rápido.
Outro
traço
que
merece
destaque
é
que
o
locutor
[uma
mulher
moderna]
ar/cula
sua
narra/va
como
uma
confissão
que
versa
seu
co/diano
[de
mulher
moderna,
que
trabalha
e
estuda
e
ainda
tem
marido
e
filhos].
O
traço
confessional
e
in/mista
permite
aproximar
seu
discurso
das
narra/vas
femininas
contemporâneas.
A
única
opção
que
apresenta
um
comentário
per/nente
ao
texto
é
a
letra
“b”.
89. TEXTO
SEGUNDA PROVA DO ENEM-2011
MUDANÇA
Na
planície
avermelhada
os
juazeiros
alargavam
duas
manchas
verdes.
Os
infelizes
/nham
caminhado
o
dia
inteiro,
estavam
cansados
e
famintos.
Ordinariamente
andavam
pouco,
mas
como
haviam
repousado
bastante
na
areia
do
rio
seco,
a
viagem
progredira
bem
três
léguas.
Fazia
horas
que
procuravam
uma
sombra.
A
folhagem
dos
juazeiros
apareceu
longe,
através
dos
galhos
pelados
da
ca/nga
rala.
Arrastaram-‐se
para
lá,
devagar,
sinhá
Vitória
com
o
filho
mais
novo
escanchado
no
quarto
e
o
baú
de
folha
na
cabeça,
Fabiano
sombrio,
cambaio.
As
manchas
dos
juazeiros
tornaram
a
aparecer,
Fabiano
aligeirou
o
passo,
esqueceu
a
fome,
a
canseira
e
os
ferimentos.
Deixaram
a
margem
do
rio,
acompanharam
a
cerca,
subiram
uma
ladeira,
chegaram
aos
juazeiros.
Fazia
tempo
que
não
viam
sombra.
RAMOS,
G.
Vidas
secas.
Rio
de
Janeiro:
Record,
2008.
90. QUESTÃO 27
SEGUNDA PROVA DO ENEM-2011
Valendo-‐se
de
uma
narra/va
que
mantém
o
distanciamento
na
abordagem
da
realidade
social
em
questão,
o
texto
expõe
a
condição
de
extrema
carência
dos
personagens
acuados
pela
miséria.
O
recurso
u/lizado
na
construção
dessa
passagem,
que
comprova
a
postura
distanciada
do
narrador
é
a
caracterização
pitoresca
da
paisagem
natural.
descrição
equilibrada
entre
os
referentes
msicos
e
psicológicos
dos
personagens.
narração
marcada
pela
sobriedade
lexical
e
sequência
temporal
linear.
caricatura
dos
personagens,
compagvel
com
o
aspecto
degradado
que
apresentam.
metaforização
do
espaço
sertanejo,
alinhada
com
o
projeto
de
crí/ca
social.
91. QUESTÃO 27
solução comentada
O
distanciamento
do
narrador
é
percebido
pela
seleção
vocabular
precisa,
direta,
com
poucos
comentários
e
pela
apresentação
cronológica
dos
eventos.
Assinale-‐se,
pois,
a
letra
“c”.
Em
tempo,
a
paisagem
é,
sim,
pitoresca,
singular,
mas
isso
não
explica
o
distanciamento
do
narrador.