2. Portefólio de Carolina Gonçalves
O BEIJO
Um beijo pode ser de amizade, de bondade ou apenas porque se tem von-
tade.
Pode ser um beijo de amor. Com raiva ou com desejo.
Um beijo de carinho, de respeito ou para fazer as pazes.
Há beijos apertados. De despedidas e reencontros.
Beijos com reticências e beijos com exclamação!
Beijos para adormecer, beijos para sonhar e beijos para despertar.
Beijos de morrer! E beijos que dão vida.
Há beijos técnicos e beijos improvisados. Uns dados, outros roubados.
Há beijos que se vão sempre guardar e outros que se vão atirar.
Beijos pequeninos e beijos molhados. Beijos criativos e beijos repenicados.
Beijos que são silêncios, beijos que dizem tudo!
Um beijo bem dado abre a porta da emoção, do sentimento, da ligação.
Há todo o tipo de beijos. Beijar não faz mal a ninguém e ser beijado só bem
faz! Beijar aproxima e aquece.
Muito cabe num beijo. Mil e uma palavras, esperança e sonhos. A desculpa
de um pecado enorme e um perdão ainda maior.
Muito mais é um só beijo. Um beijo salva o mundo.
COMBOIO
Como este comboio pinta tão bem a vida.
Segue no seu caminho. Para mim para a frente, para outros para trás. A ja-
nela transforma-nos em meros espectadores daquilo que, apesar de tão perto
não conseguimos alcançar.
E como ela corre, ou foge de nós. Quantos terão a coragem de sair em es-
tações desconhecidas e se tornarem seres vivos? Quantos de nós abdicarão
da viagem para viver num sítio apenas? Viver é conformarmo-nos com um só
destino? Ou seguir viagem e parar quando o comboio chegar?
3. ALFAMA
Por muitas palavras que se usem, estas nunca farão justiça àquilo que és.
Não há palavras onde caiba toda a magia que te envolve.
Pediram-me que te descrevesse sem dizer o teu nome. Pediram-me que te
descrevesse sem lhes poder mostrar o que me dás.
Assim descrever-te-ei pelos sentimentos que em mim suscitas. Perder-me
em ti, é perder-me em mil histórias contadas e sabidas por todos aqueles que
te cruzam. Não há segredos entre as tuas paredes e a tua história confunde-
-se com as histórias de vida das tuas gentes.
O teu fado é o único que é ouvido e tocado pelo coração. É o que tem mais
alma!
A alegria com que marchas é a mesma com que as crianças esfolam os
joelhos na tua calçada quente do sol.
És rainha com um castelo por coroa, e com um rio por jardim.
A tua alegria é tanta que até o santo te visita para comer a tua sardinha e
dançar contigo.
Quem vem a Lisboa e não te visita, no final nunca visitou Lisboa. Não sabe
da sua genuinidade nem da sua saudade, pois o seu espírito só a ti pertence.
Quem te visitou não te esquecerá. Deixaste-lhe uma marca no peito.
ROTINA
No silêncio de um gira-discos e da lenha que estilhaça no lume, chegas a
casa. Chegas a mim.
Tira esse casaco que pesa todo um dia de cansaço e frustrações. Alimen-
ta-te de mim, do meu abraço, do meu beijo, do meu toque. É de mim a maior
fome que sentes. Aninha-te em mim. Fiquemos apenas a ver o frenesim das
chamas.
Deixa-me interromper esse mundo de palavras que te ocupam e roubar a
tua mão desse vinho que já nem te sabe.
Vamos estar os dois apenas. Dancemos numa partitura longe daqui, num
momento. Sejamos acordados! Ao invés dos nossos filhos que perseguem já
sonhos que nunca recordarão, vamos nós! Vamos recordar os nossos. Deixa
os nossos lábios se encontrarem nas pausas que fazemos da vida.
Este sofá despertará amanhã com todas as cicatrizes e marcas da noite em
que nos salvámos.
4. ME, MYSELF AND SLOGAN
When I think about me, I like to think, that there is no substitute (Porsche).
My main objective is to extend this definition to my professional life. My
goal is to be indispensable and undeniable.
I am a strong believer that quality never goes out of style (Levi’s) therefore
I challenge everything (EA), specially myself. I live by pushing my boundaries
ever further and working hard to prove that nothing is impossible (Adidas)
when you make all efforts to reach your target.
Creating, exploring perspectives, transporting thoughts and mixing up rea-
lities, It’s the real thing (Coca-Cola). It’s what I want to do, how I want to live.
I want my life to be the happiest place on Earth (Disneyland). To achieve it I
need to travel, laugh, have friends, and to have a demanding yet rewarding job.
I want to create uniqueness!
I will always make the most of now (Vodafone) gazing into the future with all
finish and unfinished plans, knowing that I will be ready for whatever comes.
After all, success is a mind game (Tagheuer) if you don’t take your chance,
then you might never win. Losing is nothing as fas as I know it was worth
trying.
Portefólio de Carolina Gonçalves
11 MILHÕES
Saquem de todas as armas! Saquem de vuvuzelas, gaitas, bombos, apitos.
Porra! Saquem até de testos e panelas, se for preciso. Cumpram todos os ri-
tuais, obedeçam a todas as superstições. Vejam o jogo no mesmo sítio, com
as mesmas pessoas, bebam a mesma cerveja, usem o mesmo cachecol, vis-
tam a mesma camisola, agarrem-se à mesma bandeira. Pintem a cara, pintem
PORTUGAL! E o mundo com as cores da nossa bandeira! Afinem as vozes e
cantem o hino em uníssono! Arrepiem-se, torçam, sofram, mandem bitaites...
As unhas aguentam-se!
Hoje são onze que entram em campo, onze que lutam pela vitória, onze que
lutam por um sonho. ONZE MILHOES! Hoje é para ir com tudo! Hoje é para dar
tudo! Hoje é para partir tudo! HOJE É PORTUGAL!
5. MAIS QUE UM CARRO
O meu carro pode não ter o melhor rádio, mas toca a banda sonora da mi-
nha vida.
Os pneus não roubam olhares, mas levam-me em segurança.
Não é um carro descapotável, mas tem a melhor vista de todos!
Os estofos não são em pele, mas os passageiros são de excelência.
Mesmo sem ar condicionado, o clima é sempre acolhedor.
Tem muitos quilómetros, mas tem ainda mais aventuras. São quilómetros
de amigos, conversas, histórias e viagens.
O motor não entoa, mas ouve os meus desejos.
O volante não sabe o caminho, mas leva-me ao sítio certo.
A manete é firme, mas como eu procura a mudança.
Os faróis não iluminam, dão luz ao meu caminho.
O meu carro, não é só um carro. O meu carro conduz a minha vida.
GERAÇÃO CHEIA
Eles dizem que não criamos laços, mas os cafés e os bares estão cheios.
Dizem que não temos espírito mas os festivais estão pelas costuras!
Dizem que não sabemos nada do mundo mas nos aeroportos somos mul-
tidões.
Dizem que não somos criativos, mas a arte saiu à rua e invadiu os espaços!
Acusam-nos de preguiça mas o digital está cheio de projectos.
Dizem que estamos à rasca, mas para nós o copo está sempre meio cheio!
Podem dizer o que quiserem...mas o coração é nosso. E queremo-lo cheio!