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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO MARANHÃO
            DIRETORIA DE ENSINO SUPERIOR
     DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO




           FERNANDO ANTONIO DE MELO LIMA




ESTUDO DOS ACIDENTES DE TRABALHO PESSOAIS OCORRIDOS
     EM UMA EMPRESA DE LOGÍSTICA NO ANO DE 2008




                      São Luís
                       2008
RESUMO




A empresa tem como meta atingir a Excelência em Saúde e Segurança, zerando os
acidentes fatais e diminuindo as doenças e a ocorrência dos demais acidentes, por
meio da evolução do comportamento dos seus empregados e prestadores de
serviço e da melhoria contínua de suas instalações. Em consonância com essa
meta, o presente trabalho objetivou contribuir, através de um estudo dos acidentes
ocorridos em 2008 (até setembro) para redução do número de acidentes de
trabalho. Os acidentes foram estratificados por gerência, tipo (típico ou trajeto), mês,
dia da semana, classificação da lesão e parte do corpo atingida e foi feito diagrama
de causa e efeito para se chegar as causas principais. A partir dos dados levantados
observou-se que 53% dos acidentes ocorreram na gerência de manutenção, e que a
grande maioria dos acidentes ocorreram com empregados das empresas
terceirizadas. De acordo com os dados levantados, a principal parte do corpo
atingida foram os dedos das mãos. E esses acidentes estão relacionados às
atividades de levantamento, descarga e/ou transporte manual de cargas. As
principais causas dos acidentes estão relacionadas com o fator humano como
descuido e desatenção, quebra de procedimento e falta de percepção de riscos.
Para evitar a reincidência de acidentes é necessário: acompanhar o cumprimento
das ações propostas nos planos de ação; atuar preventivamente através da
antecipação e reconhecimento dos riscos associados às atividades, equipamentos e
instalações; garantir a participação de todos empregados, inclusive da liderança, em
campanhas educativas e de conscientização sobre a atuação prevencionista;
premiar e disseminar as boas práticas desenvolvidas no âmbito da empresa;
estender seus programas de saúde e segurança aos empregados das empresas
contratadas ou fazer com que elas tenham seus próprios programas; estabelecer
regras contratuais (administrativas) que possibilitem a empresa contratante cobrar
ações de saúde e segurança da contratada; e por fim estabelecer medidas que
visem regular a contratação de empregados e empresas que tenham seus valores
em consonância com os valores de saúde e segurança que a empresa preconiza.


Palavras-Chaves: Acidentes de Trabalho, Fator humano, Causas dos Acidentes.
LISTA DE FIGURAS


Figura 01 – Ciclo PDCA ............................................................................................17

Figura 02 – Gráfico de Pareto dos Acidentes por Gerência ......................................19

Figura 03 – Nº de Acidentes com empregados próprios e terceiros..........................20

Figura 04 – Pirâmide de Bird - Logística ...................................................................24

Figura 05 – Pirâmide de Bird – Manutenção .............................................................25

Figura 06 – Pirâmide de Bird - Engenharia ...............................................................26

Figura 07 – Pirâmide de Bird - Operação..................................................................27

Figura 08 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de

manutenção de via permanente - Manutenção .........................................................31

Figura 09 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de

construção de dreno profundo - Engenharia .............................................................32

Figura 10 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de

movimentação de cargas - Engenharia.....................................................................33

Figura 11 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de

acoplamento/desacoplamento de vagões e locomotivas – Operação.......................34
LISTA DE TABELAS



Tabela 01 – Estratificação dos acidentes por mês ....................................................21

Tabela 02 – Estratificação dos acidentes por dia da semana ...................................22

Tabela 03 – Estratificação dos acidentes por turno de trabalho................................23

Tabela 04 – Nº de acidentes por gerência de acordo com a gravidade da lesão

(OSHA)......................................................................................................................23

Tabela 05 – Relação entre os acidentes - Logística..................................................25

Tabela 06 – Relação entre os acidentes - Manutenção ............................................26

Tabela 07 – Relação entre os acidentes da Engenharia...........................................26

Tabela 08 – Relação entre os acidentes da Operação .............................................27

Tabela 09 – Partes do corpo atingidas – Manutenção ..............................................28

Tabela 10 – Partes do corpo atingidas – Engenharia................................................29

Tabela 11 – Partes do corpo atingidas – Operação ..................................................30
LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS



%       Percentual
APR     Análise Preliminar de Risco
CAF     Acidente de Trabalho com Afastamento
CF      Coeficiente de Freqüência
CG      Coeficiente de Gravidade
DD      Dias Debitados
DP      Dias Perdidos
FAC     First Aid Case (Primeiros Socorros)
FAT     Fatalidade
HAZOP   Hazardous and Operability
HHER    Horas-Homem de Exposição ao Risco
IA      Índice de Acidente
INSS    Instituto Nacional de Seguridade Nacional
LWC     Lost Workday Case
MTC     Medical Treatment Case
NA      Número de acidentes
NBR     Norma Brasileira
NR      Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego
PDCA    Ciclo de Deming (Plan, Do, Check e Act)
QA      Quase Acidente
RWC     Restricted Workday Case
SAF     Acidente de Trabalho sem Afastamento
S&S     Saúde e Segurança
SRTE    Superintendência Regional do Trabalho e Emprego
TF      Taxa de Freqüência
SUMÁRIO



1.     INTRODUÇÃO....................................................................................................6

1.1. OBJETIVOS ........................................................................................................7

1.1.1. Objetivo Geral .................................................................................................7

1.1.2. Objetivos Específicos ....................................................................................7

2.     FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................8

3.     METODOLOGIA DA PESQUISA .....................................................................16

3.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ................................16

3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS APLICADOS ....................................16

4.     APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................19

4.1. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO PROBLEMA..............................19

4.2. ANÁLISE DOS ACIDENTES PESSOAIS ..........................................................21

5.     CONCLUSÃO...................................................................................................35

6.     RECOMENDAÇÕES DE AÇÕES DE MELHORIA...........................................38

REFERÊNCIAS.........................................................................................................40
6
1. INTRODUÇÃO




             Trabalhar em um local sadio e seguro é o que todos os trabalhadores
desejam, independentemente da sua área de atuação. O empregador, por sua vez,
deve garantir um ambiente de trabalho adequado às condições psicofisiológicas dos
trabalhadores.
             Essa condição ambiental é garantida por lei aos trabalhadores,
começando pela Lei Maior, passando pelas leis infraconstitucionais e chegando até
as leis infralegais (Decretos, Portarias Ministeriais, Normas Regulamentadoras
(NR’s) e instruções normativas). E são fiscalizadas pelas Superintendências
Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE’s) através de auditorias, nas empresas,
pelos Auditores Fiscais do Trabalho.
             Um ambiente de trabalho desorganizado, com condições inseguras,
contribui para a ocorrência de acidentes de trabalho. E esses acidentes de trabalho
impactam a produtividade da empresa, bem como sua imagem e credibilidade frente
a seus clientes e empregados.
             Outro fator que contribui para a ocorrência de acidentes de trabalho é a
negligência de questões relacionadas à segurança das atividades, em detrimento da
produtividade.
             Historicamente, as causas dos acidentes de trabalho têm sido entendidas
como as circunstâncias ou os fatores que, se retirados a tempo, teriam evitado a
ocorrência do infortúnio laboral. Por décadas, as causas acidentárias têm sido
agrupadas em duas categorias básicas: Condições Inseguras e Atos Inseguros.
             Na empresa de logística em estudo, muitos acidentes de trabalho vêm
ocorrendo. As causas são várias e para evitar a ocorrência desses infortúnios é
necessário estudar as causas dos acidentes, atuar preventivamente e eliminar os
agentes causadores de acidentes.
             Com base no exposto o presente trabalho é um estudo dos acidentes de
trabalho pessoais ocorridos em uma empresa de logística, no ano 2008 (até
setembro), e visa identificar e entender suas causas fundamentais. E assim atuar
preventivamente fazendo o gerenciamento dos riscos e evitando a reincidência de
acidentes.
7
1.1.   OBJETIVOS




1.1.1. Objetivo Geral




               Estudar os acidentes do trabalho pessoais ocorridos no ano 2008 (até
setembro).




1.1.2. Objetivos Específicos




               Estratificar os acidentes por gerência geral, gerência de área, tipo
(típico ou trajeto), mês, dia da semana, classificação da lesão e parte do corpo
atingida;
               Verificar a relação entre os acidentes de gravidades diferentes;
               Identificar e analisar através de diagrama de causa e efeito e
metodologia dos 6M’s (Mão de Obra, Materiais, Método, Meio Ambiente, Medida e
Matéria-Prima), as causas dos principais acidentes;
8
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA




             Nos últimos anos, tem surgido um amplo debate em relação à qualidade
de vida no trabalho, como forma de propiciar ao trabalhador condições de poder
exercer sua função dentro de um ambiente sadio, seguro e que seja adequado às
suas necessidades, não somente laborais, mas também no aspecto humano, de
forma que o trabalhador possa desempenhar suas atividades de forma prazerosa e
produtiva.
             As pessoas, em particular as adultas, costumam passar uma boa parcela
de suas vidas trabalhando. Para uma jornada de 44 horas semanais, são cerca de
2.200 horas por ano e 77.000 horas ao longo dos 35 anos necessários para se
aposentar. Tanto tempo, em ambiente e situações muitas vezes insalubres e
perigosas, certamente irá influenciar na qualidade de vida dessas pessoas (UCHÔA
et al., 2000 apud ARAÚJO, 2003).
             O trabalho em condições sadias e seguras é garantido por lei. É possível
afirmar que o Brasil possui uma das melhores e mais abrangentes legislações de
segurança e saúde no trabalho do mundo, o que se evidencia não só porque nossa
Lei Maior contém vários dispositivos que, de maneira direta ou indireta, guardam
correlação com a segurança e saúde no trabalho, mas principalmente, pela
existência de vários diplomas legais infraconstitucionais, decretos regulamentares,
portarias ministeriais e normas regulamentadoras específicas, assim como um
respeitável acervo jurisprundencial já sedimentado por nossas mais altas Cortes de
Justiça e pertinente a essa temática (GONÇALVEZ, 2006, p.31).
             De acordo com Zócchio apud Campello (1987) “segurança do trabalho é o
conjunto de medidas técnicas, administrativas, educacionais e psicológicas,
empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando condições inseguras do
ambiente, quer instruindo ou convencendo pessoas na implantação de práticas
preventivas”.
             A   segurança   é,   na   sua   mais   ampla   acepção,   um   conceito
substancialmente unido ao do ser humano, individual ou socialmente considerado. O
seu desenvolvimento e evolução circunscrevem-se ao progresso humano com a
mesma relevância de outros aspectos que são facetas do mesmo poliedro, tais
como a Ecologia, o bem-estar social, a estabilização das pressões sociais; em suma,
a qualidade de vida em todas as suas componentes e circunstâncias.
9
Historicamente, a segurança como sinônimo de Prevenção de Acidentes evoluiu de
uma forma crescente, englobando um número cada vez maior de fatores e
atividades, desde as primeiras ações de reparação de danos até um conceito mais
amplo onde se buscou a prevenção de todas as situações geradoras de efeitos
indesejados para o trabalho (LAGO, 2006).
          Acidente de Trabalho significa qualquer acidente que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho (art. 19 da Lei n. 8.213/91).
          O acidente de trabalho é uma cadeia de eventos que freqüentemente tem
como ponto de partida um incidente, uma perturbação do sistema no qual estão
inseridos o trabalhador e sua tarefa, e que, após uma série mais ou menos longa de
sua ocorrência termine por determinar uma lesão ao indivíduo (COLETA, 1991).
          Sob o aspecto prevencionista, acidente de trabalho pode ser definido
como a ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere
no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ou lesões
nos trabalhadores e/ou danos materiais (GONÇALVEZ, 2006, p.1050).
          O conceito prevencionista é mais abrangente do que o conceito legal, pois
este último se restringe apenas às hipóteses de ocorrência de lesões e/ou
perturbações funcionais ou mentais nos trabalhadores, enquanto que o conceito
prevencionista contempla, além das hipóteses legais, as situações de perda de
tempo útil e/ou danos materiais para a empresa.
          O acidente de trabalho pode ocorrer no próprio ambiente de execução da
atividade ou durante o percurso casa-trabalho-casa; pode ser conseqüência de uma
doença adquirida no exercício do trabalho, ou pela exposição do trabalhador a
condições inadequadas de saúde e higiene.
          De acordo com a NBR 14.280 de 2001, os acidentes de trabalho podem
ser pessoal ou impessoal. Os acidentes pessoais podem ser típicos, quando
ocorridos durante a execução de sua atividade laboral, ou de trajeto quando
acontece durante o percurso da residência para o trabalho ou do trabalho para
residência, sendo esse percurso habitual e considerando ainda a distância e o
tempo gasto no percurso. O acidente inclui tanto ocorrências que podem ser
identificadas em relação a um momento determinado, quanto ocorrências ou
exposições contínuas ou intermitentes, que só podem ser identificadas em termos
de período de tempo provável, como são os casos de doenças profissionais e
10
doenças do trabalho. A lesão pessoal inclui tanto lesões traumáticas e doenças,
quanto efeitos prejudiciais mentais, neurológicos ou sistêmicos, resultantes de
exposições ou circunstâncias verificadas na vigência do exercício do trabalho. Vale
salientar que no período destinado a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este,
o empregado é considerado no exercício do trabalho.
          Os acidentes de trabalho, para fins de análise, são agrupados em duas
categorias básicas: Acidentes sem Afastamento e Acidentes com Afastamento. Os
acidentes sem afastamento verificam-se quando o acidentado retorna ao trabalho no
mesmo dia ou no dia seguinte, no início do expediente normal de trabalho; pelo que
se diz que não houve dia perdido de trabalho, pois, sabidamente, o dia da ocorrência
do acidente é considerado como dia trabalhado integralmente, independente da hora
em que tenha ocorrido, se no começo, no meio, ou no fim da jornada laboral.
Quando, porém, do infortúnio resultar incapacidade temporária ou permanente do
trabalhador para exercer a mesma ou outra atividade profissional, resultando na
impossibilidade de trabalhar no dia seguinte, configura-se a hipótese de acidente de
trabalho com afastamento. Em qualquer hipótese, o dia do acidente é considerado
trabalhado   por   inteiro,     independentemente   da   hora   de   sua   ocorrência
(GONÇALVEZ, 2006).
          A incapacidade temporária para o trabalho é aquela que impossibilita o
acidentado de desenvolver atividades profissionais pelo menos no dia seguinte ao
do acidente e que após recuperado das lesões o trabalhador tem condições de
desempenhar suas atividades habituais. Durante a incapacidade temporária, o
trabalhador perceberá sua remuneração diretamente da empresa como se estivesse
em atividade e caso ultrapasse quinze dias, o trabalhador fará jus ao Auxílio-Doença
a partir do décimo sexto dia.
          A incapacidade parcial e permanente para o trabalho é aquela em que o
acidentado tem a perda de um membro e/ou função que reduza parcialmente sua
capacidade produtiva, e nesse caso fará jus ao Auxílio-Acidente.
          Já a incapacidade total e permanente é aquela em que o acidentado é
considerado pela perícia médica oficial, definitivamente incapacitado de exercer
qualquer atividade laboral, e nesse caso fará jus à Aposentadoria por Invalidez.
          Na empresa em estudo, as lesões decorrentes dos acidentes de trabalho
são classificadas segundo a NBR 14280.
11
          O acidente do trabalho interfere diretamente no processo produtivo, além
de prejudicar a imagem e a credibilidade da empresa. Gonçalves (2006) aponta, em
uma análise mais ampla, que as conseqüências dos acidentes são múltiplas e
variadas para os três segmentos envolvidos na relação trabalhista: Empregado,
Empregador e Governo Federal.
          As conseqüências dos acidentes para o Governo Federal, através do
INSS, são:
            Pagamentos de benefícios previdenciários como: Auxílio-Doença,
             Auxílio-Acidente, Aposentadoria por Invalidez, Pensão por Morte;
            Despesas médico-hospitalares do trabalhador acidentado;
            Despesas com a reabilitação profissional do acidentado, inclusive
             fornecendo-lhe aparelhos de prótese e/ou órtese, conforme o caso.


          Para o empregador, as conseqüências mais visíveis são:


            Pagamento salarial ao trabalhador acidentado durante os quinze
             primeiros dias subseqüentes ao do acidente;
            Danos ou avarias nos equipamentos, máquinas e ferramentas;
            Paralisação do processo produtivo gerando lucro cessante;
            Reflexos negativos no ambiente de trabalho onde ocorreu o acidente,
             com a conseqüente queda de produtividade;
            Reflexos depreciativos na imagem e credibilidade da empresa.


          Todavia, a parte mais afetada com a ocorrência de acidentes do trabalho
é o empregado, em razão de seus prejuízos extrapolarem a órbita essencialmente
material ou financeira, em face das possíveis conseqüências graves para sua saúde
física e mental como também para sua família como um todo, como decorrência de
eventuais transtornos resultantes de seqüelas (incapacidade permanente) ou
mesmo na morte do próprio trabalhador, normalmente um chefe de família. Em
síntese, os prejuízos para o trabalhador podem ser resumidos nos seguintes fatores
(GONÇALVEZ, 2006):


            Sofrimento físico, dor, lesão incapacitante, parcial ou total, temporária
             ou permanente, quando não ocorrer a própria morte;
12
            Reflexos psicológicos negativos decorrentes de eventuais seqüelas
             acidentárias, inclusive propiciando distúrbios familiares, dependendo
             do grau da incapacidade sofrida;
            Redução financeira no orçamento familiar, pois os benefícios
             previdenciários normalmente são pagos em valores inferiores à
             remuneração auferida em atividade.
          Os acidentes de trabalho devem ser evitados a todo custo. E para evitar a
ocorrência desses infortúnios é necessários estudar as causas dos acidentes, atuar
preventivamente e eliminar os agentes causadores de acidentes.
          Historicamente, as causas dos acidentes de trabalho têm sido entendidas
como as circunstâncias ou os fatores que, se retirados a tempo, teriam evitado a
ocorrência do infortúnio laboral. Por décadas, as causas acidentárias têm sido
agrupadas em duas categorias básicas: Condições Inseguras e Atos Inseguros.
          Segundo Cox apud Melo (1989), “os atos inseguros são as causas que
residem exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução
de tarefas de uma forma contrária as normas de segurança”.
          São vários os elementos que podem acarretar o surgimento de disfunção,
e conseqüentemente os acidentes de trabalho. Todo e qualquer elemento que
participe do processo de trabalho é potencialmente gerador de disfunção, sendo
assim, as causas dos acidentes de trabalho podem advir de três fatores de ordem
geral:


          Pessoal;
          Equipamentos e Instalações;
          Procedimentos.


          Para uma se chegar às causas fundamentais dos acidentes de trabalho,
ferramentas e metodologias de análise e investigação de acidentes de trabalho são
utilizadas e planos de ação são elaborados para evitar a reincidência desses
acidentes. Por isso uma investigação eficiente é primordial para que as medidas
mitigadoras adotadas atuem nas verdadeiras causas dos acidentes.
          No Brasil, grande parte das investigações de acidentes, realizadas por
força de normas legais pela maioria das empresas, ainda baseia-se na concepção
dicotômica   de   ato   inseguro   e   de   condições   inseguras,   freqüentemente
desembocando na atribuição de culpa ao trabalhador pelo evento que o vitimou e
13
recomendando          medidas    de     prevenção      orientadas   para   mudanças   de
comportamento, sabidamente as mais frágeis (BINDER e ALMEIDA, 1997).
             Todos os acidentes devem ser investigados, mesmo os de menor
gravidade, apontando no mínimo: o que o trabalhador estava executando no
momento do acidente; de que forma aconteceu o acidente; quais foram as
conseqüências; que causas contribuíram direta ou indiretamente; quando e onde
ocorreu; quanto tempo na função tinha o acidentado; qual a fonte da lesão; qual o
agente da lesão; qual a natureza da lesão; qual a(s) parte(s) atingida(s); quais os
fatores pessoais de insegurança e de meio ambiente; e etc.
             É importante que a empresa, além de fazer os registros dos acidentes,
fazer também um controle estatístico dos acidentes. Esse controle estatístico
permite a empresa traçar comparativos das taxas de acidentes do ano corrente com
anos anteriores, fazer estudos sobre as causas e os custos dos acidentes e
desenvolver programas que visem à redução do número de acidentes, gerenciando
os riscos.
             A metodologia mais elementar e mais utilizada no estudo estatístico de
acidentes de trabalho são os Coeficientes de Freqüência e de Gravidade. Esses
coeficientes permitem verificar a eficácia ou não dos programas de prevenção de
acidentes desenvolvidos na empresa e são obtidos pelas seguintes fórmulas:


                                      CF = (NA x 1.000.000) / HHER
                                 CG = ((DPxDD) x 1.000.000) / HHER


             Onde:
                    NA = Número total de acidentes com afastamento ocorridos durante
                     o período que se quer calcular.
                    DP = Somatório de dias não trabalhados de cada trabalhador
                     acidentado; conta-se a partir do dia seguinte ao do acidente, até o
                     dia imediatamente anterior ao retorno do trabalhador à atividade na
                     empresa.
                    DD = São dias estimados, como forma de representar a gravidade
                     das lesões. São considerados nos casos em que se verifica a perda
                     de membro ou órgão funcional do trabalhador, ou, ainda, quando
                     resultar na sua morte. Os dias debitados são obtidos diretamente
14
                  da Tabela de Dias Debitados contida na redação anterior da NR-05:
                  CIPA, ou do Quadro 1 da NBR 14.280.
                 HHER = Horas-Homem de Exposição ao Risco correspondem ao
                  total de horas efetivamente trabalhadas por todos os empregados,
                  considerando-se as horas normais, acrescidas das horas extras,
                  porventura ocorridas.


          O Coeficiente de Freqüência indica o número de acidentes do trabalho
com afastamento possível de ocorrer a cada um milhão de horas-homem
trabalhadas, desde que mantidas as mesmas condições existentes. Por sua vez o
Coeficiente de Gravidade estima a gravidade dos acidentes ocorridos pela perda de
tempo total (dias perdidos e dias debitados), considerando-se, também, um milhão
de horas-homem trabalhadas, desde que mantidas as mesmas condições de
trabalho existentes.
          Outras Variantes dos Coeficientes Acidentários são a Taxa de Freqüência
de Acidentes e o Índice de Acidente.
          A Taxa de Freqüência (TF) considera como número de acidentes (NA)
todos os acidentes ocorridos, Com e Sem Afastamento e em nada difere do
Coeficiente de Freqüência, aplicando-se a mesma fórmula no seu cálculo; Já o
Índice de Acidente corresponde tanto a freqüência quanto a gravidade dos
acidentes, servindo apenas como referencial na estatística acidentária, uma vez que
não é reconhecido oficialmente. O Índice de Acidente (IA) pode ser calculado
através da seguinte fórmula:


                                IA = (CF x CG) / 1.000


          Onde:
              CF = Coeficiente de Freqüência
              CG = Coeficiente de Gravidade


          Na empresa em estudo, várias ferramentas da Qualidade são aplicadas
no estudo dos acidentes de trabalho. E o uso correto dessas ferramentas garante
um eficiente gerenciamento dos riscos e, por conseguinte contribui para a prevenção
de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.
15
         De maneira geral quando os conceitos e ferramentas da Qualidade são
aplicados, resultam, além de uma considerável e contínua melhoria de produção e
serviços, em otimização, integração e efetivo controle dos fatores humanos e
operacionais da empresas, de modo a atender o objetivo de satisfazer as
necessidades   de   seus   empregados,   independentemente    da   atividade-fim
(PACHÊCO JR., 1995).
16


3. METODOLOGIA DA PESQUISA



3.1.   PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA




           Os procedimentos metodológicos aplicados no presente estudo, baseado
nas considerações de Gil (2002), classificam este trabalho como bibliográfico,
documental, descritivo, qualitativo e quantitativo.


                          a) Bibliográfico e Documental, pois foi realizada pesquisa
             bibliográfica e documental, com o intuito de dar o embasamento teórico
             adequado ao tema e levantar os dados necessários do cenário deste
             estudo.


                          b) Descritivo, pois foram descritas as características do
             cenário estudado, possibilitando e estabelecendo as relações entre as
             variáveis.


                          c) Qualitativo, pois o enfoque deste estudo foi identificar o
             perfil dos acidentes pessoais ocorridos na empresa no período
             estudado.


                          d) Quantitativo, pois foram levantadas e mensuradas as
             ocorrências de acidentes pessoais, a fim de possibilitar o entendimento
             do cenário.




3.2.   PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS APLICADOS




           Para realização do estudo dos acidentes pessoais ocorridos, seguiu-se a
metodologia do PDCA (Plan, Do, Check e Act) e foram utilizadas as ferramentas de
17
gerenciamento da Qualidade (Estratificação, Gráfico de Pareto e Diagrama de
Causa e Efeito).
           O conceito de melhoria contínua implica literalmente num processo sem
fim, questionando repetidamente e requestionando as atividades detalhadas de uma
operação. A natureza repetida e cíclica da melhoria contínua é melhor resumida pelo
que é chamado ciclo PDCA (ou ciclo de Deming) (Figura 01). É a seqüência de
atividades que são percorridas de maneira cíclica para melhorar atividades
(PESSOA, 2008).




                                 Figura 01 – Ciclo PDCA1

           Os procedimentos adotados nesse estudo foram:


               Pesquisa bibliográfica através de uma revisão da literatura nacional,
                especialmente a Legislação brasileira de Segurança e Medicina do
                Trabalho;
               Levantamento dos registros dos acidentes pessoais ocorridos no ano
                2008 (até setembro);
               Estratificação dos acidentes por gerência, classificação da lesão,
                mês, dia de semana, turno e tipo (típico ou trajeto);
               Gráfico de Pareto e Pirâmide de Bird a partir das estratificações;
               Verificação de quais as atividades tem maior ocorrência de acidentes
                pessoais;




1
 Ciclo PDCA. Disponível em Fonte: http://www.cefet-ma.br/imagens. Acessado em 22 de outubro de
2008.
18
              Análise das causas dos principais acidentes, através de diagrama de
               causa e efeito e metodologia dos 6M’s (Mão de Obra, Materiais,
               Método, Meio Ambiente, Medida e Matéria-Prima), identificando os
               fatores comportamentais, de ferramentas e procedimentos;


          A metodologia do PDCA e as ferramentas gerenciais da Qualidade
utilizadas nesse trabalho objetivaram refinar os resultados por meio de uma eficiente
identificação, observação e análise do problema.
          É importante salientar que a utilização da metodologia do PDCA para
esse estudo refere-se apenas à etapa de Planejamento (identificação, observação
do problema e a elaboração de propostas de melhorias).
19
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS




4.1.          IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO PROBLEMA




                 A partir do levantamento dos registros dos acidentes pessoais ocorridos
no ano 2008 (até setembro), foram feitas estratificações, gráficos de pareto e
construidas pirâmides de Bird, com o intuito de identificar onde e quais os acidentes
que ocorrem com maior frequência.
                 É importante ressaltar que não é objetivo desse trabalho avaliar/identificar
qual a gerência onde mais ocorreu acidentes, mas sim buscar um relação entre as
causas a fim de entender e então atuar na prevenção desses infortúnios.
                 Até o final de setembro ocorreram 115 acidentes pessoais envolvendo
empregados próprios e de contratadas. A Figura 02 apresenta o Gráfico de Pareto
desses acidentes por gerência.



                      Figura 02 – Gráfico de Pareto dos Acidentes por Gerência

                                        Gráfico de Pareto

                                                                                 100,0
                        100                                                      90,0
                                                                                 80,0
                                                                                 70,0
                                                                                         % acumulado
                         80
 Freqüência




                                                                                 60,0
                         60                                                      50,0
                                                                                 40,0
                         40
                                                                                 30,0
                         20                                                      20,0
                                                                                 10,0
                          0                                                      0,0
                              Manutenção Engenharia    Operação      Outras

              Total               61          28          21            5
              % acumulado       53,00       77,30      95,60         99,90
                                                Gerências




                 O gráfico de pareto mostrado na Figura 02 indica que 53% dos acidentes
ocorreram na gerência de manutenção, e que 24% dos acidentes ocorreram na
20
gerência de engenharia, totalizando, nessas duas gerências, 77% dos acidentes
pessoais ocorridos no período estudado.
          Vale salientar que o efetivo da gerência de manutenção é cerca de 50%
do total da empresa, e por ter um maior HHT (Homem Hora Trabalhada) existe um
maior números de trabalhadores expostos aos riscos e consequentemente há uma
maior probabilidade de ocorrência de acidentes nessa área.
          Sabendo-se que o efetivo de terceiros é consideravelmente maior que o
efetivo próprio das gerências de manutenção e engenharia, a probalidade dos
acidentes terem ocorrido com terceiros é maior que com empregados próprios.
Enquanto que na gerência de operação, por ter seu efetivo total quase todo
composto por próprios, é esperado os acidentes dessa gerência tenham ocorrido
apenas com empregados próprios, inclusive porque nessa gerência os terceiros não
estão diretamente envolvidos com a operação.
          A fim de atestar as informações citadas anteriormente, os acidentes
dessas gerências foram estratificados, separando-os em acidentes com empregados
próprios e acidentes com terceiros, conforme apresentado no gráfico da Figura 03.




         Figura 03 – Nº de Acidentes com empregados próprios e terceiros

          Conforme observado na Figura 03, todos os acidentes da gerência de
operação ocorreram com empregados próprios. Na gerência de engenharia, a
maioria dos acidentes ocorreram com terceiros, porque, além do efetivo de terceiros
ser maior, as atividades de mão de obra operacional são todas executadas por
empregados das empresas contratadas. Já na gerência de manutenção, 61% dos
21
  acidentes ocorreram com empregados terceirizados, conquanto que 39% dos
  acidentes ocorreram com empregados próprios. Esse pequeno equilíbrio, inexistente
  nas outras gerêcias gerais, ocorre devido à gerência de manutenção, embora com
  efetivo de empregados próprios menor que de terceiros, possuir empregados
  próprios dividindo a mão de obra operacional com os empregados de terceiros,
  estando os dois efetivos, próprios e terceiros, expostos aos mesmos riscos, estresse
  e fadiga inerentes às atividades operacionais.




  4.2.    ANÁLISE DOS ACIDENTES PESSOAIS




             Os acidentes ocorridos em cada gerência no ano de 2008 (até setembro)
  foram estratificados por mês e por dia da semana, conforme apresentado nas
  Tabelas 04 e 05.


                     Tabela 01 – Estratificação dos acidentes por mês
 Gerência      JAN       FEV     MAR     ABR       MAI    JUN      JUL    AGO      SET

MANUTENÇÃO      4         6       8        5        9      16       1       5       7

ENGENHARIA      1         1       1        3        2       8       7       3       2

 OPERAÇÃO       2         3       1        2        2       3       5       1       2
  SMS E
                0         0       1        0        0       0       1       0       0
QUALIDADE
  OUTRAS        0         0       0        0        0       2       0       0       1

  TOTAL         7        10       11      10       13      29      14       9       12


             De acordo com a Tabela 01, ficou evidenciado que a média foi de 13
  acidentes por mês. Porém no mês de junho ocorreram 29 acidentes, sendo 24
  acidentes nas gerências de manutenção e engenharia. Analisando esses 29
  acidentes, verificou-se que 12 acidentes foram por picada de abelha ou
  marimbondo, sendo 8 só na gerência de manutenção.


             Com relação ao número de acidentes ocorridos por dia da semana, a
  Tabela 02 apresenta a estratificação dos acidentes de cada gerência por dia da
  semana.
22
             Tabela 02 – Estratificação dos acidentes por dia da semana

    Gerência Geral    SEG     TER      QUA       QUI       SEX     SÁB      DOM

    MANUTENÇÃO        10       11        7       13         8       9        3

     ENGENHARIA        6        3        2        4         9       2        2

     OPERAÇÃO          3        2        4        2         5       2        3
       SMS E
     QUALIDADE         1        0        1        0         0       0        0

       OUTRAS          0        2        0        0         1       0        0

        TOTAL         20       18       14       19        23       13       8


           De acordo com a Tabela 02, os dias da semana em que mais ocorreram
acidentes em todas as gerências foram na segunda-feira e sexta-feira, com exceção
da gerência de manutenção em que os acidentes ocorreram com maior frequência
na quinta-feira.
           É necessário um estudo mais aprofundado para atribuir de forma correta
a(s) razão(ões) pela qual os acidentes ocorreram com maior frequência em dias de
segunda-feira e sexta-feira. Entretanto é suscitado a hipótese dos acidente que
ocorreram com maior frequência nas segundas e sextas-feira sejam atrubuidos à
fatores psicofisiológicos como raciocínio lento, falta de atenção e falta de dinamismo
para os acidentes ocorridos nas segundas-feira, e ansiedade, pressa e também falta
de atenção para os acidentes ocorridos nas sextas-feiras
           É importante observar também que o número de acidentes ocorridos em
dias de sábado ou domingo é menor, pois nesses dias o efetivo é reduzido,
principalmente no domingo, com exceção da gerência de operação onde uma
grande parte do efetivo trabalha em turnos e por isso não há alteração significativa
no seu efetivo nos finais de semana.
           Com relação aos períodos diários de trabalho, os acidentes foram
estratificados por turno de trabalho (manhã, tarde e noite) para cada gerência geral,
conforme Tabela 03.
23
               Tabela 03 – Estratificação dos acidentes por turno de trabalho
                     Gerência Geral        Manhã             Tarde      Noite

                     MANUTENÇÃO               27              28          6

                      ENGENHARIA              14              11          3

                       OPERAÇÃO               6                8          7
                         SMS E
                                              2                0          0
                       QUALIDADE
                        OUTRAS                2                1          0

                         TOTAL                51              48         16


              De acordo com a Tabela 03, 86% dos acidentes ocorreram nos períodos
da manhã e da tarde, que são os períodos com maior número de atividades e por
conseguinte um maior efetivo nesses períodos.
              A gravidade do acidente está diretamente relacionada com a gravidade da
lesão e com o potencial de gravidade do acidente. Os acidentes pessoais são
classificados quanto à gravidade da lesão, segundo critérios da OSHA2 e estão
apresentados na Tabela 04.


      Tabela 04 – Nº de acidentes por gerência de acordo com a gravidade da lesão
                                        (OSHA)
                          FAC (nº de     MTC (nº de        RWC (nº de   LWC (nº de   FAT (nº de
    GERÊNCIA GERAL        acidentes)     acidentes)        acidentes)   acidentes)   acidentes)

     MANUTENÇÃO               39             10                8              4          0

      ENGENHARIA              19             2                 5              2          0

       OPERAÇÃO               12             1                 5              2          1

    SMS E QUALIDADE            1             0                 1              0          0

        OUTRAS                 2             1                 0              0          0

         TOTAL                73             14               19              8          1


Legenda:
FAC – First Aid Case (Primeiros Socorros)
MTC – Medical Treatment Case (Tratamento médico)
RWC – Restricted Workday Case (Com restrição ao trabalho)
LWC – Lost Workday Case (Afastamento do trabalho)
FAT – Fatalidade


2
    Occupational Safety and Health Administration (OSHA)
24
                            De acordo com a Tabela 01, a maioria, 63% dos acidentes ocorridos no
período estudado, são FAC, 29% MTC e RWC e quase 8% LWC e FAT.
                            Após os acidentes terem sido estratificados de acordo com a gravidade
da lesão e com base no nº de quase acidentes, foi possível traçar correlações e
verificar as proporções entre os tipos de acidente e os quase acidentes, através da
Pirâmide de Bird. A Figura 04 apresenta a pirâmide de Bird dos acidentes.



                                            Pirâmide de Bird - Logística



                                                                  9
                                                              33
                      450
                                                             73
                      400
                      350
    Nº de Acidentes




                      300
                      250
                                                            303
                      200
                      150
                      100

                      50
                       0
                                                    DILN
                                               QA   FAC    MTC + RWC   CAF

                                       Figura 04 – Pirâmide de Bird - Logística

Legenda:
QA – Quase Acidente
FAC – First Aid Case (Primeiros Socorros)
MTC – Medical Treatment Case (Tratamento médico)
RWC – Restricted Workday Case (Com restrição ao trabalho)
CAF - Acidente com Afastamento (LWC e FAT)


                            De acordo com a pirâmide de Bird mostrada na Figura 04, os quase
acidentes e os acidentes se correlacionam na seguinte proporção apresentada na
Tabela 05.
25
                                  Tabela 05 – Relação entre os acidentes - Logística
                                                 Relação entre os acidentes
                                        1 Acidente FAC 1 acidente MTC ou RWC   1 Acidente CAF
                            Nº de QA's        4,2                  9,2               33,7
                            Nº de FAC's                            2,2               8,1
                            MTC + RWC                                                3,7


                            Os dados da Tabela 05 indicam que para ocorrência de 1 acidente com
afastamento (CAF) se tem 34 quase acidentes (QA), 8 acidentes tipo FAC e 4
acidentes tipo MTC e/ou RWC.
                            Estratificando os quase acidentes e os acidentes por gerência geral foi
possível contruir a pirâmide de Bird para cada gerência.
                            Haja vista que as gerências de manutenção, engenharia e eoperação
tenham apresentado quase o total de acidentes ocorridos na empresa no período
estudado, decidiu-se trabalhar apenas com essas gerências, já que elas retratam a
realidade da empresa.
                            A Figura 05 mostra a pirêmide de Bird da gerência de manutenção e a
Tabela 06 apresenta as proporções entre os Quase Acidentes e os Acidentes.



                                           Pirâmide de Bird - Manutenção



                                                                   4

                                                                  18

                      200                                     39
                      180
                      160
                      140
    Nº de Acidentes




                      120
                      100
                                                            136
                       80
                       60
                       40
                       20
                        0
                                                    GEMEG
                                               QA    FAC    MTC + RWC   CAF

                                     Figura 05 – Pirâmide de Bird – Manutenção
26


                                Tabela 06 – Relação entre os acidentes - Manutenção
                                                 Relação entre os acidentes
                                        1 Acidente FAC 1 acidente MTC ou RWC   1 Acidente CAF
                            Nº de QA's        3,5                  7,6               34,0
                            Nº de FAC's                            2,2               9,8
                            MTC + RWC                                                4,5


                            De acordo com a Figura 05 e a Tabela 06, 1 acidente com afastamento
(CAF) corresponde a ocorrência de 34 quase acidentes (QA), 10 acidentes FAC e
aproximadamente 5 acidentes MTC e/ou RWC.
                            Com relação a gerência de engenharia, a Figura 06 mostra a pirâmide de
Bird da gerência de engenharia e a Tabela 07 apresenta as proporções entre os
acidentes.



                                            Pirâmide de Bird - Engenharia



                                                                    2
                                                                    7
                      100
                                                                   19
                       90
                       80
                       70
    Nº de Acidentes




                       60
                       50
                                                              67
                       40
                       30
                       20
                       10
                        0
                                                     GEENG
                                                QA    FAC    MTC + RWC   CAF

                                      Figura 06 – Pirâmide de Bird - Engenharia

                                Tabela 07 – Relação entre os acidentes da Engenharia
                                                 Relação entre os acidentes
                                        1 Acidente FAC 1 acidente MTC ou RWC 1 Acidente CAF
                            Nº de QA's              3,5                     9,6         33,5
                            Nº de FAC's                                     2,7          9,5
                            MTC + RWC                                                    3,5
27
                           De acordo com o gráfico da Figura 06 e os dados da Tabela 07, podemos
inferir que a proporção entre os acidentes da gerência de engenharia, também é
bem semelhante ao da empresa e da gerência de manutenção.
                           Na gerência de engenharia, para a ocorrência de 1 acidente CAF, tem-se
a ocorrência de aproximadamente 34 quase acidentes (QA), 10 acidentes FAC e 4
acidentes MTC e/ou RWC.
                           Com relação à gerência de operação, a Figura 07 e a Tabela 08
apresentam, respectivamente, a pirâmide de Bird e as proporção entre os acidentes
no período estudado.



                                            Pirâmide de Bird - Operação



                                                                3
                                                                6
                                                                12
                     120

                     100
   Nº de Acidentes




                      80

                      60                                   94


                      40

                      20


                       0
                                                   GENOG
                                              QA    FAC    MTC + RWC   CAF

                                      Figura 07 – Pirâmide de Bird - Operação

                                Tabela 08 – Relação entre os acidentes da Operação
                                                Relação entre os acidentes
                                       1 Acidente FAC 1 acidente MTC ou RWC 1 Acidente CAF
                           Nº de QA's              7,8                     15,7        31,3
                           Nº de FAC's                                      2,0         4,0
                           MTC + RWC                                                    2,0


                           De acordo com a pirâmide de Bird, apresentada na Figura 07 e com os
dados da Tabela 08, para a ocorrência de um acidente CAF, tem-se
aproximadamente 31 quase acidentes(QA), 4 acidentes FAC e 2 acidentes MTC
e/ou RWC.
28
             Na gerência de Operação a proporção entre acidentes CAF e quase
acidentes (QA) é aproximadamente a mesma que nas outras gerências e também
na empresa como um todo. No entanto a proporção entre acidentes CAF e acidentes
FAC, assim como entre acidentes CAF e acidentes MTC/RWC é menor quando
comparada com a empresa como um todo e com as outras gerências. Isso indica
que na gerência de operação esses infortúnios acontecem de forma mais fortuita
que nas outras gerências e são um tanto mais críticos, pois a relação entre entre os
acidentes CAF e RWC/MTC e entre RWC/MTC e FAC é menor que nas outras
gerências.
             Os acidentes também foram estratificados por parte do corpo atingida,
com a finalidade de fazer associações entre a atividade executada no momento de
atividade e a parte do corpo atingida.
             A Tabela 09 apresenta a estratificação dos acidentes ocorridos na
gerênciade manutenção por parte do corpo atingida.


                 Tabela 09 – Partes do corpo atingidas – Manutenção

                     Parte do corpo atingida        Quant.    Total

                              Dedo                    12
                                                               15
                              Mão                     3
                            Cotovelo                  3
                            Antebraço                 2
                                                               10
                              Braço                   2
                             Ombro                    3
                              Face                    6
                              Testa                   1
                            Supercílio                1        13
                            Mandíbula                 3
                              Boca                    2
                             Joelho                   4
                                                                8
                              Perna                   4
                               Pé                     3         3
                            Tornozelo                 3         3

                 Outros (Pescoço, Quadris, Dorso,
                                                      9         9
                          Parte Múltiplas)
29
          De acordo com os dados da Tabela 09, as principais partes do corpo
atingida foram os dedos e as mãos. E essas partes do corpo estão relacionadas,
principalmente, com as atividades de transporte, carregamento e armazenamento
manual de materiais, ocorrendo na maioria das vezes prensamento e corte. Houve 3
acidentes envolvendo entorse do pé, lesionando a articulação do tornozelo, sendo
que dois deles ocorreram durante deslocamento sobre o lastro.
          Na gerência de Engenharia, as principais partes do corpo atingidas são
apresentadas na Tabela 10.


               Tabela 10 – Partes do corpo atingidas – Engenharia

                 Parte do corpo atingida    Quant.        Total


                          Dedo                9
                                                           13
                          Mão                 4

                    Braço e Antebraço         2
                                                           3
                         Ombro                1

                          Face                3
                                                           4
                       Supercílio             1

                         Tronco               1            1

                         Joelho               1
                                                           3
                         Perna                2

                       Tornozelo              4            4




          Na gerência de Engenharia, as principais partes atingidas são dedos e
mãos. E assim como na gerência de manutenção, esses acidentes também ocorrem
principalmente nas atividades de transporte,carregamento e armazenamento manual
de materiais, ocasionando na maioria das vezes prensamento e corte. Já os
acidentes em que tiveram o tornozelo como parte do corpo lesionada ocorreram com
empregados durante deslocamento.
          Já na gerência de operação, as principais partes do corpo atingidas são
apresentadas na Tabela 11.
30
                   Tabela 11 – Partes do corpo atingidas – Operação
                  Parte do corpo atingida    Quant.          Total

                           Dedo                 8
                                                               9
                           Mão                  1

                    Braço e Antebraço           3              3

                           Face                 2              2

                          Joelho                1
                                                               5
                          Perna                 4

                        Tornozelo               2              2


             De acordo com a Tabela 11, os acidentes ocorridos na gerência de
operação tiveram como principais partes do corpo atingidas, também, as mãos e os
dedos. Esses acidentes ocorreram principalmente por prensamento e por batida
contra. E diferentemente das outras gerências nenhuma das lesões nas mãos ou
dedos se relacionam com atividades de carregamento e/ou transporte manual de
materiais, mas sim com prensamento em portas de veículos e ao bater contra.
             Os acidentes que ocorreram com maior frequência nessas 3 gerências
Engenharia, Manutenção e Operação, tiveram suas principais causas relacionadas
com o fator humano comportamento, segundo os relatórios de investigação desse
acidentes.
             Os principais acidentes ocorridos na empresa de logísticao no ano 2008
(até setembro), foram analisados através de Diagrama de Causa e Efeito e utlizou-
se a metodologia dos 6M’s (Materiais, Método, Matéria-Prima, Meio Ambiente, Mão
de Obra e Medida) a fim de facilitar a elaboração de medidas mitigadoras para
eliminação de cada causa específica.
             Haja vista o grande número de acidentes para análise, foram
identificados, nas gerências de Manutenção, Operação e Engenharia, as atividades
com maior frequência de ocorrências de acidentes ou a atividade em que os
acidentes apresentaram maior grau de gravidade ou potencial de gravidade, e a
partir dessas atividades foram elaborados diagramas de causa e efeito, tendo como
base o registro das investigações dos acidentes, e em seguida foram        feitas a
identificação de cada causa de acordo com a metodologia 6M’s (Materiais, Método,
Matéria-Prima, Meio Ambiente, Mão de Obra e Medida).
31
          Na gerência de Manutenção, a atividade em que ocorreu mais acidentes
foi na manutenção da Via Permanente (27 acidentes), principalmente nas trocas de
dormentes, trilhos e na fixação/retirada de grampos.
          Na Figura 08 é mostrado o diagrama de causa e efeito para a macro
atividade de manutenção de via permanente que compreende fixação e retirada de
grampos, troca de trilhos e dormentes, e todas outras atividades que direta ou
indiretamente contribuem para realização da atividade de manutenção da via
permanente.




Figura 08 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de
                  manutenção de via permanente - Manutenção

          De acordo com o diagrama de causa e efeito mostrado na Figura 08, a
maioria das causas são relacionada com o fator humano e com procedimento.
          Já na gerência de Engenharia, os acidentes pessoais que mais
chamaram atenção, não pela frequência com que ocorreram, mas sim pelo potencial
de gravidade , foram as atividades de construção de dreno profundo e
32
movimentação de cargas. Na gerência de Engneharia, os acidentes que ocorreram
com maior frequência foram acidentes envolvendo picadas de abelha ou
marimbondo e foram todos FAC (First Aid Case – Primeiros Socorros). Logo, devido
a maior importância dos acidentes ocorridos na atividades de construção de dreno
profundo e na atividade de movimentação de cargas, essas atividades foram
analisadas por diagrama de causa e efeito, conforme mostrado nas Figuras 10 e 11
respectivamente.




Figura 09 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de
                   construção de dreno profundo - Engenharia

          De acordo com a Figura 09, as principais causas então relacionadas ao
procedimento que, ou não conteplava todos os riscos da atividade ou que o método
era arriscado e faltou a aplicação de métodos de bloqueio/eliminação do risco, nesse
caso, o risco de desmoronamento.
33




Figura 10 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de
                     movimentação de cargas - Engenharia

          De acordo com a Figura 10, a maioria das causas dos acidentes nas
atividades de movimentação de cargas tiveram causas relacionadas com o fator
humano. No entanto, a causa relacionada ao meio ambiente, espaço restrito, foi a
causa raíz desses acidentes, uma vez que essa causa, por si só, teria potencial para
gerar o acidente. Ao passo que as outras causas desse acidente, embora
isoladamente não tenham potencial para gerar o acidente, juntas contribuem para
que o acidente tenha potencial de ocorrer, não significando dizer que pelo fato delas
estarem presentes, o acidente deverá acontecer.
          Com relação a gerência de Operação, os acidentes que ocorreram com
maior frequência e que merecem mais atenção por envolver quebra de
procedimento por parte dos empregados e também por ter ocasionado dois
afastamentos, são os acidentes que ocorreram na atividade de “Acoplamento/
Desacoplamento de Vagões e/ ou Locomotivas”.
          A Figura 11, mostra o diagrama de causa e efeito para os acidentes
ocorridos nessa atividade.
34




Figura 11 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de
       acoplamento/desacoplamento de vagões e locomotivas – Operação.

          De acordo com a Figura 11, a grande maioria das causas estão
relacionadas com o fator humano, comportamento. Nesse caso, embora exista um
procedimento onde há regras que visam garantir a segurança do empregado, ele é
ignorado e os acidentes são recorrentes.
35
5. CONCLUSÃO




           Com base nas estratificações verificou-se que a quantidade de
ocorrências de acidente de trabalho da empresa de logísticas é ditada pelo
desempenho da gerência de manutenção. Pois, foi nessa gerência onde ocorreu
mais acidentes (53%) e é a gerência com maior efetivo total, considerando próprios
e terceiros.
           O desempenho das gerências, por sua vez, é muito influenciado pelo
desempenho de suas contratadas, que geralmente possui um efetivo maior que as
gerências a que prestam serviço. No caso da gerência de manutenção, 61% do total
de acidentes ocorreram com empregados das contratadas. Já na gerência geral de
engenharia, 86% dos acidentes ocorreram com empregados de contratadas. A
exceção é a gerência de operação, onde todos seus acidentes ocorreram com
empregados próprios, pois ela tem um número bastante reduzido de empregados de
contratadas e que não participam diretamente das atividades operacionais.
           Até setembro, a média foi de 13 acidentes por mês. Porém no mês de
junho ocorreram 29 acidentes, sendo 24 acidentes nas gerências de manutenção e
engenharia. Analisando esses 29 acidentes, verificou-se que 12 acidentes foram por
picada de abelha ou marimbondo, sendo 8 só na manutenção.
           Os dias da semana em que mais ocorreram acidentes foram na segunda-
feira e sexta-feira, com exceção da gerência de manutenção, em que os acidentes
ocorreram com maior frequência na quinta-feira. É necessário um estudo mais
aprofundado para atribuir de forma correta a(s) razão(ões) pela qual os acidentes
ocorreram com maior frequência em dias de segunda-feira e sexta-feira. Entretanto
é suscitado a hipótese de que estejam ligados à fatores psicofisiológicos, como
raciocínio lento, falta de atenção e falta de dinamismo para os acidentes ocorridos
nas segundas-feira, e ansiedade, pressa e também falta de atenção para os
acidentes ocorridos nas sextas-feiras.
           Com relação aos períodos de trabalho, foi verificado que 86% dos
acidentes ocorreram nos períodos da manhã e da tarde, que são os períodos com
maior efetivo e maior número de atividades, logo há uma maior probabilidade de
ocorrência de acidentes nesses períodos.
           Quanto a estratificação por classificação da lesão, foi observado que 63%
dos acidentes ocorridos são FAC, 29% MTC e RWC e quase 8% LWC e FAT.
36
          Com base nesses números e no nº de quase acidentes ocorridos,
verificou-se através da pirâmide de Bird que para ocorrência de 1 acidente com
afastamento (CAF) se tem 34 quase acidentes (QA), 8 acidentes tipo FAC e 4
acidentes tipo MTC e/ou RWC.
          Foi observado também que, as gerências de manutenção e engenharia,
apresentaram proporções bem semelhantes entre esses indicadores. Porém na
gerência operação, a relação entre entre os acidentes CAF e RWC/MTC e entre
RWC/MTC e FAC foi menor que nas outras gerências. Isso é um indicativo de que
na operação esses infortúnios acontecem de forma mais fortuita que nas outras
gerências e são um tanto mais críticos.
          Com relação à parte do corpo atingida, verificou-se que dos 115 acidentes
ocorridos na empresa de logística, 30 acidentes tiveram como parte do corpo
lesionada, o dedo da mão. E esses acidentes ocorreram, em sua grande maioria, em
atividades relacionadas com levantamento, descarregamento ou transporte manual
de cargas. Já os acidentes que tiveram como parte do corpo lesionada a articulação
do tornozelo (9 acidentes), ocorreram durante deslocamento a pé.
          Os acidentes que ocorreram com maior frequência nas três principais
gerências, manutenção, operação e engenharia, tiveram suas principais causas
relacionadas com o fator humano comportamento, segundo os relatórios de
investigação desse acidentes.
          Na gerência de manutenção, a atividade em que ocorreu mais acidentes
foi na manutenção da Via Permanente (27 acidentes), principalmente nas trocas de
dormentes, trilhos e na fixação/ retirada de grampos. E através do diagrama de
causa e efeito dessa atividade, foi observado que a maioria das causas são
relacionadas com o fator humano e com procedimento.
          Já na gerência de engenharia, os acidentes pessoais que mais chamaram
atenção, não pela frequência com que ocorreram, mas sim pelo potencial de
gravidade , foram as atividades de construção de dreno profundo e movimentação
de cargas. Os acidentes que ocorreram durante a construção de dreno profundo
tiveram suas principais causas relacionadas ao procedimento que não conteplava
todos os riscos da atividade e com a falta de métodos de bloqueio/eliminação do
risco, nesse caso, o risco de desmoronamento. Já os acidentes que ocorreram na
atividade de movimentação de cargas tiveram suas principais causas relacionadas
com o fator humano. No entanto, a causa relacionada ao meio ambiente, espaço
37
restrito, foi a causa raíz desses acidentes, uma vez que essa causa, por si só, já
teria potencial para gerar o acidente.
           Com relação a gerência operação, os acidentes que ocorreram com maior
frequência e que merecem mais atenção por envolver quebra de procedimento por
parte dos empregados e também por ter ocasionado dois afastamentos, são os
acidentes que ocorreram na atividade de “Acoplamento/ Desacoplamento de Vagões
e/ ou Locomotivas”.
38
6. RECOMENDAÇÕES DE AÇÕES DE MELHORIA




         As recomendações suscitadas nesse capítulo são de ordem geral e
pretendem ajudar na elaboração de propostas mais específicas para cada ponto
problemático que venham a ser elaborados.
         A fim de reduzir, senão evitar a ocorrência de acidentes de trabalho no
contexto deste estudo, algumas recomendações de ordem geral são:


                Realizar um estudo mais aprofundado das causas dos acidentes
                 de trabalho;
                Melhorar a qualidade das investigações de acidentes, para que as
                 ações não sejam nos efeitos, mas sim nas causas;
                Revisar os procedimentos sempre que houver necessidade, quer
                 seja pela ocorrência de acidente, quer seja pela percepção de
                 algum risco que não era contemplado anteriormente;
                Acompanhar o cumprimento das ações propostas nos planos de
                 ação das investigações;
                Atuar preventivamente através da antecipação e reconhecimento
                 dos riscos associados às atividades, equipamentos e instalações,
                 principalmente através das ferramentas de análise de riscos, APR
                 e HAZOP, e em seguida atuar no gerenciamento dos riscos;
                Realizar e acompanhar programas periódicos de treinamentos
                 (específicos e de segurança) e reciclagem dos empregados e
                 garantir a participação de todos;
                Elaborar campanhas educativas e de conscientização sobre a
                 atuação prevencionista, garantindo a participação de todos,
                 inclusive da liderança, enfatizando, premiando e disseminando as
                 boas práticas desenvolvidas no âmbito da empresa;
                Estender seus programas de S&S às empresas contratadas ou
                 incentivar que elas elaborem seus próprios programas e que
                 garantam a participação de todos os seus empregados;
                Estabelecer regras contratuais (administrativas) que possibilitem a
                 empresa contratante cobrar ações de saúde e segurança por parte
                 da contratada; e
39
   Possuir um programa de contratação de empregados e empresas
    terceirizadas que tenham seus valores em consonância com os
    valores de saúde e segurança que a empresa preconiza e garantir
    que esses valores sejam valorizados e seguidos.
40
REFERÊNCIAS



ARAÚJO, A. K., Avaliação dos riscos ambientais da divisão de produtos do
laboratório central de saúde pública do ceará – LACEN/CE. 2003. 74 f.
Monografia (Especialização) – Universidade Federal do Ceará. 2003.


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 14280:
Cadastro de acidentes do trabalho – procedimento e classificação. Rio de Janeiro,
2001.


BINDER, M. C. P., DE ALMEIDA, I. M., Estudo de caso de dois acidentes do
trabalho investigados com o método de árvore de causas, Cad. Saúde Pública.,
Rio de Janeiro, 13(4):749-760, out-dez, 1997.


BRASIL. Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios
da Previdência Social e dá outras providências. Brasília. 1991.


CAMPELLO, F. C. B., Aspectos de segurança e medicina do trabalho: nos arranjos
físicos de canteiros de obras. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO,VII,1987.São Carlos, Anais...São Carlos. Associação Brasileira de
Engenharia de Produção. p.337-349.


COLETA, José Augusto. Acidentes de trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas,1991.


DA COSTA, FLÁVIO MARTINS. Absenteísmo e rotatividade de pessoal. Gestão e
Sucesso. 2004. Disponível em:
http://www.gestaoesucesso.com.br/gestao_de_recursos_humanos4.htm. Acesso em
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GIL, Antônio Carlos, Como elaborar projetos de pesquisa. 4a ed. São Paulo:
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PESSOA, Gerisval Alves. Gestão da Qualidade Total. Curso de Pós-Graduação em
Engenharia Ferroviária. São Luis – MA, 2008.


GONÇALVEZ, Edwar Abreu. Manual de segurança e medicina do trabalho. 3ª ed.
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LAGO, E. M. G., Proposta de sistema de gestão em segurança no trabalho para
empresas de construção civil, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil,
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), 2006.
41
MELO, Maria Bernadete F. V. de. Segurança do trabalho na construção de
edifícios, Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, Universidade
Federal da Paraíba (UFPB), 1989.


PACHECO JR., WALDEMAR, Qualidade na segurança e higiene do trabalho: série
SHT 9000, Normas para a gestão e garantia da segurança e higiene do
trabalho. São Paulo/SP, Atlas, 1995.

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Logística acidentes

  • 1. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO MARANHÃO DIRETORIA DE ENSINO SUPERIOR DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO FERNANDO ANTONIO DE MELO LIMA ESTUDO DOS ACIDENTES DE TRABALHO PESSOAIS OCORRIDOS EM UMA EMPRESA DE LOGÍSTICA NO ANO DE 2008 São Luís 2008
  • 2. RESUMO A empresa tem como meta atingir a Excelência em Saúde e Segurança, zerando os acidentes fatais e diminuindo as doenças e a ocorrência dos demais acidentes, por meio da evolução do comportamento dos seus empregados e prestadores de serviço e da melhoria contínua de suas instalações. Em consonância com essa meta, o presente trabalho objetivou contribuir, através de um estudo dos acidentes ocorridos em 2008 (até setembro) para redução do número de acidentes de trabalho. Os acidentes foram estratificados por gerência, tipo (típico ou trajeto), mês, dia da semana, classificação da lesão e parte do corpo atingida e foi feito diagrama de causa e efeito para se chegar as causas principais. A partir dos dados levantados observou-se que 53% dos acidentes ocorreram na gerência de manutenção, e que a grande maioria dos acidentes ocorreram com empregados das empresas terceirizadas. De acordo com os dados levantados, a principal parte do corpo atingida foram os dedos das mãos. E esses acidentes estão relacionados às atividades de levantamento, descarga e/ou transporte manual de cargas. As principais causas dos acidentes estão relacionadas com o fator humano como descuido e desatenção, quebra de procedimento e falta de percepção de riscos. Para evitar a reincidência de acidentes é necessário: acompanhar o cumprimento das ações propostas nos planos de ação; atuar preventivamente através da antecipação e reconhecimento dos riscos associados às atividades, equipamentos e instalações; garantir a participação de todos empregados, inclusive da liderança, em campanhas educativas e de conscientização sobre a atuação prevencionista; premiar e disseminar as boas práticas desenvolvidas no âmbito da empresa; estender seus programas de saúde e segurança aos empregados das empresas contratadas ou fazer com que elas tenham seus próprios programas; estabelecer regras contratuais (administrativas) que possibilitem a empresa contratante cobrar ações de saúde e segurança da contratada; e por fim estabelecer medidas que visem regular a contratação de empregados e empresas que tenham seus valores em consonância com os valores de saúde e segurança que a empresa preconiza. Palavras-Chaves: Acidentes de Trabalho, Fator humano, Causas dos Acidentes.
  • 3. LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Ciclo PDCA ............................................................................................17 Figura 02 – Gráfico de Pareto dos Acidentes por Gerência ......................................19 Figura 03 – Nº de Acidentes com empregados próprios e terceiros..........................20 Figura 04 – Pirâmide de Bird - Logística ...................................................................24 Figura 05 – Pirâmide de Bird – Manutenção .............................................................25 Figura 06 – Pirâmide de Bird - Engenharia ...............................................................26 Figura 07 – Pirâmide de Bird - Operação..................................................................27 Figura 08 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de manutenção de via permanente - Manutenção .........................................................31 Figura 09 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de construção de dreno profundo - Engenharia .............................................................32 Figura 10 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de movimentação de cargas - Engenharia.....................................................................33 Figura 11 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de acoplamento/desacoplamento de vagões e locomotivas – Operação.......................34
  • 4. LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Estratificação dos acidentes por mês ....................................................21 Tabela 02 – Estratificação dos acidentes por dia da semana ...................................22 Tabela 03 – Estratificação dos acidentes por turno de trabalho................................23 Tabela 04 – Nº de acidentes por gerência de acordo com a gravidade da lesão (OSHA)......................................................................................................................23 Tabela 05 – Relação entre os acidentes - Logística..................................................25 Tabela 06 – Relação entre os acidentes - Manutenção ............................................26 Tabela 07 – Relação entre os acidentes da Engenharia...........................................26 Tabela 08 – Relação entre os acidentes da Operação .............................................27 Tabela 09 – Partes do corpo atingidas – Manutenção ..............................................28 Tabela 10 – Partes do corpo atingidas – Engenharia................................................29 Tabela 11 – Partes do corpo atingidas – Operação ..................................................30
  • 5. LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS % Percentual APR Análise Preliminar de Risco CAF Acidente de Trabalho com Afastamento CF Coeficiente de Freqüência CG Coeficiente de Gravidade DD Dias Debitados DP Dias Perdidos FAC First Aid Case (Primeiros Socorros) FAT Fatalidade HAZOP Hazardous and Operability HHER Horas-Homem de Exposição ao Risco IA Índice de Acidente INSS Instituto Nacional de Seguridade Nacional LWC Lost Workday Case MTC Medical Treatment Case NA Número de acidentes NBR Norma Brasileira NR Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego PDCA Ciclo de Deming (Plan, Do, Check e Act) QA Quase Acidente RWC Restricted Workday Case SAF Acidente de Trabalho sem Afastamento S&S Saúde e Segurança SRTE Superintendência Regional do Trabalho e Emprego TF Taxa de Freqüência
  • 6. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................6 1.1. OBJETIVOS ........................................................................................................7 1.1.1. Objetivo Geral .................................................................................................7 1.1.2. Objetivos Específicos ....................................................................................7 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................8 3. METODOLOGIA DA PESQUISA .....................................................................16 3.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ................................16 3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS APLICADOS ....................................16 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................19 4.1. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO PROBLEMA..............................19 4.2. ANÁLISE DOS ACIDENTES PESSOAIS ..........................................................21 5. CONCLUSÃO...................................................................................................35 6. RECOMENDAÇÕES DE AÇÕES DE MELHORIA...........................................38 REFERÊNCIAS.........................................................................................................40
  • 7. 6 1. INTRODUÇÃO Trabalhar em um local sadio e seguro é o que todos os trabalhadores desejam, independentemente da sua área de atuação. O empregador, por sua vez, deve garantir um ambiente de trabalho adequado às condições psicofisiológicas dos trabalhadores. Essa condição ambiental é garantida por lei aos trabalhadores, começando pela Lei Maior, passando pelas leis infraconstitucionais e chegando até as leis infralegais (Decretos, Portarias Ministeriais, Normas Regulamentadoras (NR’s) e instruções normativas). E são fiscalizadas pelas Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE’s) através de auditorias, nas empresas, pelos Auditores Fiscais do Trabalho. Um ambiente de trabalho desorganizado, com condições inseguras, contribui para a ocorrência de acidentes de trabalho. E esses acidentes de trabalho impactam a produtividade da empresa, bem como sua imagem e credibilidade frente a seus clientes e empregados. Outro fator que contribui para a ocorrência de acidentes de trabalho é a negligência de questões relacionadas à segurança das atividades, em detrimento da produtividade. Historicamente, as causas dos acidentes de trabalho têm sido entendidas como as circunstâncias ou os fatores que, se retirados a tempo, teriam evitado a ocorrência do infortúnio laboral. Por décadas, as causas acidentárias têm sido agrupadas em duas categorias básicas: Condições Inseguras e Atos Inseguros. Na empresa de logística em estudo, muitos acidentes de trabalho vêm ocorrendo. As causas são várias e para evitar a ocorrência desses infortúnios é necessário estudar as causas dos acidentes, atuar preventivamente e eliminar os agentes causadores de acidentes. Com base no exposto o presente trabalho é um estudo dos acidentes de trabalho pessoais ocorridos em uma empresa de logística, no ano 2008 (até setembro), e visa identificar e entender suas causas fundamentais. E assim atuar preventivamente fazendo o gerenciamento dos riscos e evitando a reincidência de acidentes.
  • 8. 7 1.1. OBJETIVOS 1.1.1. Objetivo Geral  Estudar os acidentes do trabalho pessoais ocorridos no ano 2008 (até setembro). 1.1.2. Objetivos Específicos  Estratificar os acidentes por gerência geral, gerência de área, tipo (típico ou trajeto), mês, dia da semana, classificação da lesão e parte do corpo atingida;  Verificar a relação entre os acidentes de gravidades diferentes;  Identificar e analisar através de diagrama de causa e efeito e metodologia dos 6M’s (Mão de Obra, Materiais, Método, Meio Ambiente, Medida e Matéria-Prima), as causas dos principais acidentes;
  • 9. 8 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nos últimos anos, tem surgido um amplo debate em relação à qualidade de vida no trabalho, como forma de propiciar ao trabalhador condições de poder exercer sua função dentro de um ambiente sadio, seguro e que seja adequado às suas necessidades, não somente laborais, mas também no aspecto humano, de forma que o trabalhador possa desempenhar suas atividades de forma prazerosa e produtiva. As pessoas, em particular as adultas, costumam passar uma boa parcela de suas vidas trabalhando. Para uma jornada de 44 horas semanais, são cerca de 2.200 horas por ano e 77.000 horas ao longo dos 35 anos necessários para se aposentar. Tanto tempo, em ambiente e situações muitas vezes insalubres e perigosas, certamente irá influenciar na qualidade de vida dessas pessoas (UCHÔA et al., 2000 apud ARAÚJO, 2003). O trabalho em condições sadias e seguras é garantido por lei. É possível afirmar que o Brasil possui uma das melhores e mais abrangentes legislações de segurança e saúde no trabalho do mundo, o que se evidencia não só porque nossa Lei Maior contém vários dispositivos que, de maneira direta ou indireta, guardam correlação com a segurança e saúde no trabalho, mas principalmente, pela existência de vários diplomas legais infraconstitucionais, decretos regulamentares, portarias ministeriais e normas regulamentadoras específicas, assim como um respeitável acervo jurisprundencial já sedimentado por nossas mais altas Cortes de Justiça e pertinente a essa temática (GONÇALVEZ, 2006, p.31). De acordo com Zócchio apud Campello (1987) “segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, administrativas, educacionais e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo pessoas na implantação de práticas preventivas”. A segurança é, na sua mais ampla acepção, um conceito substancialmente unido ao do ser humano, individual ou socialmente considerado. O seu desenvolvimento e evolução circunscrevem-se ao progresso humano com a mesma relevância de outros aspectos que são facetas do mesmo poliedro, tais como a Ecologia, o bem-estar social, a estabilização das pressões sociais; em suma, a qualidade de vida em todas as suas componentes e circunstâncias.
  • 10. 9 Historicamente, a segurança como sinônimo de Prevenção de Acidentes evoluiu de uma forma crescente, englobando um número cada vez maior de fatores e atividades, desde as primeiras ações de reparação de danos até um conceito mais amplo onde se buscou a prevenção de todas as situações geradoras de efeitos indesejados para o trabalho (LAGO, 2006). Acidente de Trabalho significa qualquer acidente que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (art. 19 da Lei n. 8.213/91). O acidente de trabalho é uma cadeia de eventos que freqüentemente tem como ponto de partida um incidente, uma perturbação do sistema no qual estão inseridos o trabalhador e sua tarefa, e que, após uma série mais ou menos longa de sua ocorrência termine por determinar uma lesão ao indivíduo (COLETA, 1991). Sob o aspecto prevencionista, acidente de trabalho pode ser definido como a ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais (GONÇALVEZ, 2006, p.1050). O conceito prevencionista é mais abrangente do que o conceito legal, pois este último se restringe apenas às hipóteses de ocorrência de lesões e/ou perturbações funcionais ou mentais nos trabalhadores, enquanto que o conceito prevencionista contempla, além das hipóteses legais, as situações de perda de tempo útil e/ou danos materiais para a empresa. O acidente de trabalho pode ocorrer no próprio ambiente de execução da atividade ou durante o percurso casa-trabalho-casa; pode ser conseqüência de uma doença adquirida no exercício do trabalho, ou pela exposição do trabalhador a condições inadequadas de saúde e higiene. De acordo com a NBR 14.280 de 2001, os acidentes de trabalho podem ser pessoal ou impessoal. Os acidentes pessoais podem ser típicos, quando ocorridos durante a execução de sua atividade laboral, ou de trajeto quando acontece durante o percurso da residência para o trabalho ou do trabalho para residência, sendo esse percurso habitual e considerando ainda a distância e o tempo gasto no percurso. O acidente inclui tanto ocorrências que podem ser identificadas em relação a um momento determinado, quanto ocorrências ou exposições contínuas ou intermitentes, que só podem ser identificadas em termos de período de tempo provável, como são os casos de doenças profissionais e
  • 11. 10 doenças do trabalho. A lesão pessoal inclui tanto lesões traumáticas e doenças, quanto efeitos prejudiciais mentais, neurológicos ou sistêmicos, resultantes de exposições ou circunstâncias verificadas na vigência do exercício do trabalho. Vale salientar que no período destinado a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. Os acidentes de trabalho, para fins de análise, são agrupados em duas categorias básicas: Acidentes sem Afastamento e Acidentes com Afastamento. Os acidentes sem afastamento verificam-se quando o acidentado retorna ao trabalho no mesmo dia ou no dia seguinte, no início do expediente normal de trabalho; pelo que se diz que não houve dia perdido de trabalho, pois, sabidamente, o dia da ocorrência do acidente é considerado como dia trabalhado integralmente, independente da hora em que tenha ocorrido, se no começo, no meio, ou no fim da jornada laboral. Quando, porém, do infortúnio resultar incapacidade temporária ou permanente do trabalhador para exercer a mesma ou outra atividade profissional, resultando na impossibilidade de trabalhar no dia seguinte, configura-se a hipótese de acidente de trabalho com afastamento. Em qualquer hipótese, o dia do acidente é considerado trabalhado por inteiro, independentemente da hora de sua ocorrência (GONÇALVEZ, 2006). A incapacidade temporária para o trabalho é aquela que impossibilita o acidentado de desenvolver atividades profissionais pelo menos no dia seguinte ao do acidente e que após recuperado das lesões o trabalhador tem condições de desempenhar suas atividades habituais. Durante a incapacidade temporária, o trabalhador perceberá sua remuneração diretamente da empresa como se estivesse em atividade e caso ultrapasse quinze dias, o trabalhador fará jus ao Auxílio-Doença a partir do décimo sexto dia. A incapacidade parcial e permanente para o trabalho é aquela em que o acidentado tem a perda de um membro e/ou função que reduza parcialmente sua capacidade produtiva, e nesse caso fará jus ao Auxílio-Acidente. Já a incapacidade total e permanente é aquela em que o acidentado é considerado pela perícia médica oficial, definitivamente incapacitado de exercer qualquer atividade laboral, e nesse caso fará jus à Aposentadoria por Invalidez. Na empresa em estudo, as lesões decorrentes dos acidentes de trabalho são classificadas segundo a NBR 14280.
  • 12. 11 O acidente do trabalho interfere diretamente no processo produtivo, além de prejudicar a imagem e a credibilidade da empresa. Gonçalves (2006) aponta, em uma análise mais ampla, que as conseqüências dos acidentes são múltiplas e variadas para os três segmentos envolvidos na relação trabalhista: Empregado, Empregador e Governo Federal. As conseqüências dos acidentes para o Governo Federal, através do INSS, são:  Pagamentos de benefícios previdenciários como: Auxílio-Doença, Auxílio-Acidente, Aposentadoria por Invalidez, Pensão por Morte;  Despesas médico-hospitalares do trabalhador acidentado;  Despesas com a reabilitação profissional do acidentado, inclusive fornecendo-lhe aparelhos de prótese e/ou órtese, conforme o caso. Para o empregador, as conseqüências mais visíveis são:  Pagamento salarial ao trabalhador acidentado durante os quinze primeiros dias subseqüentes ao do acidente;  Danos ou avarias nos equipamentos, máquinas e ferramentas;  Paralisação do processo produtivo gerando lucro cessante;  Reflexos negativos no ambiente de trabalho onde ocorreu o acidente, com a conseqüente queda de produtividade;  Reflexos depreciativos na imagem e credibilidade da empresa. Todavia, a parte mais afetada com a ocorrência de acidentes do trabalho é o empregado, em razão de seus prejuízos extrapolarem a órbita essencialmente material ou financeira, em face das possíveis conseqüências graves para sua saúde física e mental como também para sua família como um todo, como decorrência de eventuais transtornos resultantes de seqüelas (incapacidade permanente) ou mesmo na morte do próprio trabalhador, normalmente um chefe de família. Em síntese, os prejuízos para o trabalhador podem ser resumidos nos seguintes fatores (GONÇALVEZ, 2006):  Sofrimento físico, dor, lesão incapacitante, parcial ou total, temporária ou permanente, quando não ocorrer a própria morte;
  • 13. 12  Reflexos psicológicos negativos decorrentes de eventuais seqüelas acidentárias, inclusive propiciando distúrbios familiares, dependendo do grau da incapacidade sofrida;  Redução financeira no orçamento familiar, pois os benefícios previdenciários normalmente são pagos em valores inferiores à remuneração auferida em atividade. Os acidentes de trabalho devem ser evitados a todo custo. E para evitar a ocorrência desses infortúnios é necessários estudar as causas dos acidentes, atuar preventivamente e eliminar os agentes causadores de acidentes. Historicamente, as causas dos acidentes de trabalho têm sido entendidas como as circunstâncias ou os fatores que, se retirados a tempo, teriam evitado a ocorrência do infortúnio laboral. Por décadas, as causas acidentárias têm sido agrupadas em duas categorias básicas: Condições Inseguras e Atos Inseguros. Segundo Cox apud Melo (1989), “os atos inseguros são as causas que residem exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução de tarefas de uma forma contrária as normas de segurança”. São vários os elementos que podem acarretar o surgimento de disfunção, e conseqüentemente os acidentes de trabalho. Todo e qualquer elemento que participe do processo de trabalho é potencialmente gerador de disfunção, sendo assim, as causas dos acidentes de trabalho podem advir de três fatores de ordem geral:  Pessoal;  Equipamentos e Instalações;  Procedimentos. Para uma se chegar às causas fundamentais dos acidentes de trabalho, ferramentas e metodologias de análise e investigação de acidentes de trabalho são utilizadas e planos de ação são elaborados para evitar a reincidência desses acidentes. Por isso uma investigação eficiente é primordial para que as medidas mitigadoras adotadas atuem nas verdadeiras causas dos acidentes. No Brasil, grande parte das investigações de acidentes, realizadas por força de normas legais pela maioria das empresas, ainda baseia-se na concepção dicotômica de ato inseguro e de condições inseguras, freqüentemente desembocando na atribuição de culpa ao trabalhador pelo evento que o vitimou e
  • 14. 13 recomendando medidas de prevenção orientadas para mudanças de comportamento, sabidamente as mais frágeis (BINDER e ALMEIDA, 1997). Todos os acidentes devem ser investigados, mesmo os de menor gravidade, apontando no mínimo: o que o trabalhador estava executando no momento do acidente; de que forma aconteceu o acidente; quais foram as conseqüências; que causas contribuíram direta ou indiretamente; quando e onde ocorreu; quanto tempo na função tinha o acidentado; qual a fonte da lesão; qual o agente da lesão; qual a natureza da lesão; qual a(s) parte(s) atingida(s); quais os fatores pessoais de insegurança e de meio ambiente; e etc. É importante que a empresa, além de fazer os registros dos acidentes, fazer também um controle estatístico dos acidentes. Esse controle estatístico permite a empresa traçar comparativos das taxas de acidentes do ano corrente com anos anteriores, fazer estudos sobre as causas e os custos dos acidentes e desenvolver programas que visem à redução do número de acidentes, gerenciando os riscos. A metodologia mais elementar e mais utilizada no estudo estatístico de acidentes de trabalho são os Coeficientes de Freqüência e de Gravidade. Esses coeficientes permitem verificar a eficácia ou não dos programas de prevenção de acidentes desenvolvidos na empresa e são obtidos pelas seguintes fórmulas: CF = (NA x 1.000.000) / HHER CG = ((DPxDD) x 1.000.000) / HHER Onde:  NA = Número total de acidentes com afastamento ocorridos durante o período que se quer calcular.  DP = Somatório de dias não trabalhados de cada trabalhador acidentado; conta-se a partir do dia seguinte ao do acidente, até o dia imediatamente anterior ao retorno do trabalhador à atividade na empresa.  DD = São dias estimados, como forma de representar a gravidade das lesões. São considerados nos casos em que se verifica a perda de membro ou órgão funcional do trabalhador, ou, ainda, quando resultar na sua morte. Os dias debitados são obtidos diretamente
  • 15. 14 da Tabela de Dias Debitados contida na redação anterior da NR-05: CIPA, ou do Quadro 1 da NBR 14.280.  HHER = Horas-Homem de Exposição ao Risco correspondem ao total de horas efetivamente trabalhadas por todos os empregados, considerando-se as horas normais, acrescidas das horas extras, porventura ocorridas. O Coeficiente de Freqüência indica o número de acidentes do trabalho com afastamento possível de ocorrer a cada um milhão de horas-homem trabalhadas, desde que mantidas as mesmas condições existentes. Por sua vez o Coeficiente de Gravidade estima a gravidade dos acidentes ocorridos pela perda de tempo total (dias perdidos e dias debitados), considerando-se, também, um milhão de horas-homem trabalhadas, desde que mantidas as mesmas condições de trabalho existentes. Outras Variantes dos Coeficientes Acidentários são a Taxa de Freqüência de Acidentes e o Índice de Acidente. A Taxa de Freqüência (TF) considera como número de acidentes (NA) todos os acidentes ocorridos, Com e Sem Afastamento e em nada difere do Coeficiente de Freqüência, aplicando-se a mesma fórmula no seu cálculo; Já o Índice de Acidente corresponde tanto a freqüência quanto a gravidade dos acidentes, servindo apenas como referencial na estatística acidentária, uma vez que não é reconhecido oficialmente. O Índice de Acidente (IA) pode ser calculado através da seguinte fórmula: IA = (CF x CG) / 1.000 Onde:  CF = Coeficiente de Freqüência  CG = Coeficiente de Gravidade Na empresa em estudo, várias ferramentas da Qualidade são aplicadas no estudo dos acidentes de trabalho. E o uso correto dessas ferramentas garante um eficiente gerenciamento dos riscos e, por conseguinte contribui para a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.
  • 16. 15 De maneira geral quando os conceitos e ferramentas da Qualidade são aplicados, resultam, além de uma considerável e contínua melhoria de produção e serviços, em otimização, integração e efetivo controle dos fatores humanos e operacionais da empresas, de modo a atender o objetivo de satisfazer as necessidades de seus empregados, independentemente da atividade-fim (PACHÊCO JR., 1995).
  • 17. 16 3. METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA Os procedimentos metodológicos aplicados no presente estudo, baseado nas considerações de Gil (2002), classificam este trabalho como bibliográfico, documental, descritivo, qualitativo e quantitativo. a) Bibliográfico e Documental, pois foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, com o intuito de dar o embasamento teórico adequado ao tema e levantar os dados necessários do cenário deste estudo. b) Descritivo, pois foram descritas as características do cenário estudado, possibilitando e estabelecendo as relações entre as variáveis. c) Qualitativo, pois o enfoque deste estudo foi identificar o perfil dos acidentes pessoais ocorridos na empresa no período estudado. d) Quantitativo, pois foram levantadas e mensuradas as ocorrências de acidentes pessoais, a fim de possibilitar o entendimento do cenário. 3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS APLICADOS Para realização do estudo dos acidentes pessoais ocorridos, seguiu-se a metodologia do PDCA (Plan, Do, Check e Act) e foram utilizadas as ferramentas de
  • 18. 17 gerenciamento da Qualidade (Estratificação, Gráfico de Pareto e Diagrama de Causa e Efeito). O conceito de melhoria contínua implica literalmente num processo sem fim, questionando repetidamente e requestionando as atividades detalhadas de uma operação. A natureza repetida e cíclica da melhoria contínua é melhor resumida pelo que é chamado ciclo PDCA (ou ciclo de Deming) (Figura 01). É a seqüência de atividades que são percorridas de maneira cíclica para melhorar atividades (PESSOA, 2008). Figura 01 – Ciclo PDCA1 Os procedimentos adotados nesse estudo foram:  Pesquisa bibliográfica através de uma revisão da literatura nacional, especialmente a Legislação brasileira de Segurança e Medicina do Trabalho;  Levantamento dos registros dos acidentes pessoais ocorridos no ano 2008 (até setembro);  Estratificação dos acidentes por gerência, classificação da lesão, mês, dia de semana, turno e tipo (típico ou trajeto);  Gráfico de Pareto e Pirâmide de Bird a partir das estratificações;  Verificação de quais as atividades tem maior ocorrência de acidentes pessoais; 1 Ciclo PDCA. Disponível em Fonte: http://www.cefet-ma.br/imagens. Acessado em 22 de outubro de 2008.
  • 19. 18  Análise das causas dos principais acidentes, através de diagrama de causa e efeito e metodologia dos 6M’s (Mão de Obra, Materiais, Método, Meio Ambiente, Medida e Matéria-Prima), identificando os fatores comportamentais, de ferramentas e procedimentos; A metodologia do PDCA e as ferramentas gerenciais da Qualidade utilizadas nesse trabalho objetivaram refinar os resultados por meio de uma eficiente identificação, observação e análise do problema. É importante salientar que a utilização da metodologia do PDCA para esse estudo refere-se apenas à etapa de Planejamento (identificação, observação do problema e a elaboração de propostas de melhorias).
  • 20. 19 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO PROBLEMA A partir do levantamento dos registros dos acidentes pessoais ocorridos no ano 2008 (até setembro), foram feitas estratificações, gráficos de pareto e construidas pirâmides de Bird, com o intuito de identificar onde e quais os acidentes que ocorrem com maior frequência. É importante ressaltar que não é objetivo desse trabalho avaliar/identificar qual a gerência onde mais ocorreu acidentes, mas sim buscar um relação entre as causas a fim de entender e então atuar na prevenção desses infortúnios. Até o final de setembro ocorreram 115 acidentes pessoais envolvendo empregados próprios e de contratadas. A Figura 02 apresenta o Gráfico de Pareto desses acidentes por gerência. Figura 02 – Gráfico de Pareto dos Acidentes por Gerência Gráfico de Pareto 100,0 100 90,0 80,0 70,0 % acumulado 80 Freqüência 60,0 60 50,0 40,0 40 30,0 20 20,0 10,0 0 0,0 Manutenção Engenharia Operação Outras Total 61 28 21 5 % acumulado 53,00 77,30 95,60 99,90 Gerências O gráfico de pareto mostrado na Figura 02 indica que 53% dos acidentes ocorreram na gerência de manutenção, e que 24% dos acidentes ocorreram na
  • 21. 20 gerência de engenharia, totalizando, nessas duas gerências, 77% dos acidentes pessoais ocorridos no período estudado. Vale salientar que o efetivo da gerência de manutenção é cerca de 50% do total da empresa, e por ter um maior HHT (Homem Hora Trabalhada) existe um maior números de trabalhadores expostos aos riscos e consequentemente há uma maior probabilidade de ocorrência de acidentes nessa área. Sabendo-se que o efetivo de terceiros é consideravelmente maior que o efetivo próprio das gerências de manutenção e engenharia, a probalidade dos acidentes terem ocorrido com terceiros é maior que com empregados próprios. Enquanto que na gerência de operação, por ter seu efetivo total quase todo composto por próprios, é esperado os acidentes dessa gerência tenham ocorrido apenas com empregados próprios, inclusive porque nessa gerência os terceiros não estão diretamente envolvidos com a operação. A fim de atestar as informações citadas anteriormente, os acidentes dessas gerências foram estratificados, separando-os em acidentes com empregados próprios e acidentes com terceiros, conforme apresentado no gráfico da Figura 03. Figura 03 – Nº de Acidentes com empregados próprios e terceiros Conforme observado na Figura 03, todos os acidentes da gerência de operação ocorreram com empregados próprios. Na gerência de engenharia, a maioria dos acidentes ocorreram com terceiros, porque, além do efetivo de terceiros ser maior, as atividades de mão de obra operacional são todas executadas por empregados das empresas contratadas. Já na gerência de manutenção, 61% dos
  • 22. 21 acidentes ocorreram com empregados terceirizados, conquanto que 39% dos acidentes ocorreram com empregados próprios. Esse pequeno equilíbrio, inexistente nas outras gerêcias gerais, ocorre devido à gerência de manutenção, embora com efetivo de empregados próprios menor que de terceiros, possuir empregados próprios dividindo a mão de obra operacional com os empregados de terceiros, estando os dois efetivos, próprios e terceiros, expostos aos mesmos riscos, estresse e fadiga inerentes às atividades operacionais. 4.2. ANÁLISE DOS ACIDENTES PESSOAIS Os acidentes ocorridos em cada gerência no ano de 2008 (até setembro) foram estratificados por mês e por dia da semana, conforme apresentado nas Tabelas 04 e 05. Tabela 01 – Estratificação dos acidentes por mês Gerência JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET MANUTENÇÃO 4 6 8 5 9 16 1 5 7 ENGENHARIA 1 1 1 3 2 8 7 3 2 OPERAÇÃO 2 3 1 2 2 3 5 1 2 SMS E 0 0 1 0 0 0 1 0 0 QUALIDADE OUTRAS 0 0 0 0 0 2 0 0 1 TOTAL 7 10 11 10 13 29 14 9 12 De acordo com a Tabela 01, ficou evidenciado que a média foi de 13 acidentes por mês. Porém no mês de junho ocorreram 29 acidentes, sendo 24 acidentes nas gerências de manutenção e engenharia. Analisando esses 29 acidentes, verificou-se que 12 acidentes foram por picada de abelha ou marimbondo, sendo 8 só na gerência de manutenção. Com relação ao número de acidentes ocorridos por dia da semana, a Tabela 02 apresenta a estratificação dos acidentes de cada gerência por dia da semana.
  • 23. 22 Tabela 02 – Estratificação dos acidentes por dia da semana Gerência Geral SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM MANUTENÇÃO 10 11 7 13 8 9 3 ENGENHARIA 6 3 2 4 9 2 2 OPERAÇÃO 3 2 4 2 5 2 3 SMS E QUALIDADE 1 0 1 0 0 0 0 OUTRAS 0 2 0 0 1 0 0 TOTAL 20 18 14 19 23 13 8 De acordo com a Tabela 02, os dias da semana em que mais ocorreram acidentes em todas as gerências foram na segunda-feira e sexta-feira, com exceção da gerência de manutenção em que os acidentes ocorreram com maior frequência na quinta-feira. É necessário um estudo mais aprofundado para atribuir de forma correta a(s) razão(ões) pela qual os acidentes ocorreram com maior frequência em dias de segunda-feira e sexta-feira. Entretanto é suscitado a hipótese dos acidente que ocorreram com maior frequência nas segundas e sextas-feira sejam atrubuidos à fatores psicofisiológicos como raciocínio lento, falta de atenção e falta de dinamismo para os acidentes ocorridos nas segundas-feira, e ansiedade, pressa e também falta de atenção para os acidentes ocorridos nas sextas-feiras É importante observar também que o número de acidentes ocorridos em dias de sábado ou domingo é menor, pois nesses dias o efetivo é reduzido, principalmente no domingo, com exceção da gerência de operação onde uma grande parte do efetivo trabalha em turnos e por isso não há alteração significativa no seu efetivo nos finais de semana. Com relação aos períodos diários de trabalho, os acidentes foram estratificados por turno de trabalho (manhã, tarde e noite) para cada gerência geral, conforme Tabela 03.
  • 24. 23 Tabela 03 – Estratificação dos acidentes por turno de trabalho Gerência Geral Manhã Tarde Noite MANUTENÇÃO 27 28 6 ENGENHARIA 14 11 3 OPERAÇÃO 6 8 7 SMS E 2 0 0 QUALIDADE OUTRAS 2 1 0 TOTAL 51 48 16 De acordo com a Tabela 03, 86% dos acidentes ocorreram nos períodos da manhã e da tarde, que são os períodos com maior número de atividades e por conseguinte um maior efetivo nesses períodos. A gravidade do acidente está diretamente relacionada com a gravidade da lesão e com o potencial de gravidade do acidente. Os acidentes pessoais são classificados quanto à gravidade da lesão, segundo critérios da OSHA2 e estão apresentados na Tabela 04. Tabela 04 – Nº de acidentes por gerência de acordo com a gravidade da lesão (OSHA) FAC (nº de MTC (nº de RWC (nº de LWC (nº de FAT (nº de GERÊNCIA GERAL acidentes) acidentes) acidentes) acidentes) acidentes) MANUTENÇÃO 39 10 8 4 0 ENGENHARIA 19 2 5 2 0 OPERAÇÃO 12 1 5 2 1 SMS E QUALIDADE 1 0 1 0 0 OUTRAS 2 1 0 0 0 TOTAL 73 14 19 8 1 Legenda: FAC – First Aid Case (Primeiros Socorros) MTC – Medical Treatment Case (Tratamento médico) RWC – Restricted Workday Case (Com restrição ao trabalho) LWC – Lost Workday Case (Afastamento do trabalho) FAT – Fatalidade 2 Occupational Safety and Health Administration (OSHA)
  • 25. 24 De acordo com a Tabela 01, a maioria, 63% dos acidentes ocorridos no período estudado, são FAC, 29% MTC e RWC e quase 8% LWC e FAT. Após os acidentes terem sido estratificados de acordo com a gravidade da lesão e com base no nº de quase acidentes, foi possível traçar correlações e verificar as proporções entre os tipos de acidente e os quase acidentes, através da Pirâmide de Bird. A Figura 04 apresenta a pirâmide de Bird dos acidentes. Pirâmide de Bird - Logística 9 33 450 73 400 350 Nº de Acidentes 300 250 303 200 150 100 50 0 DILN QA FAC MTC + RWC CAF Figura 04 – Pirâmide de Bird - Logística Legenda: QA – Quase Acidente FAC – First Aid Case (Primeiros Socorros) MTC – Medical Treatment Case (Tratamento médico) RWC – Restricted Workday Case (Com restrição ao trabalho) CAF - Acidente com Afastamento (LWC e FAT) De acordo com a pirâmide de Bird mostrada na Figura 04, os quase acidentes e os acidentes se correlacionam na seguinte proporção apresentada na Tabela 05.
  • 26. 25 Tabela 05 – Relação entre os acidentes - Logística Relação entre os acidentes 1 Acidente FAC 1 acidente MTC ou RWC 1 Acidente CAF Nº de QA's 4,2 9,2 33,7 Nº de FAC's 2,2 8,1 MTC + RWC 3,7 Os dados da Tabela 05 indicam que para ocorrência de 1 acidente com afastamento (CAF) se tem 34 quase acidentes (QA), 8 acidentes tipo FAC e 4 acidentes tipo MTC e/ou RWC. Estratificando os quase acidentes e os acidentes por gerência geral foi possível contruir a pirâmide de Bird para cada gerência. Haja vista que as gerências de manutenção, engenharia e eoperação tenham apresentado quase o total de acidentes ocorridos na empresa no período estudado, decidiu-se trabalhar apenas com essas gerências, já que elas retratam a realidade da empresa. A Figura 05 mostra a pirêmide de Bird da gerência de manutenção e a Tabela 06 apresenta as proporções entre os Quase Acidentes e os Acidentes. Pirâmide de Bird - Manutenção 4 18 200 39 180 160 140 Nº de Acidentes 120 100 136 80 60 40 20 0 GEMEG QA FAC MTC + RWC CAF Figura 05 – Pirâmide de Bird – Manutenção
  • 27. 26 Tabela 06 – Relação entre os acidentes - Manutenção Relação entre os acidentes 1 Acidente FAC 1 acidente MTC ou RWC 1 Acidente CAF Nº de QA's 3,5 7,6 34,0 Nº de FAC's 2,2 9,8 MTC + RWC 4,5 De acordo com a Figura 05 e a Tabela 06, 1 acidente com afastamento (CAF) corresponde a ocorrência de 34 quase acidentes (QA), 10 acidentes FAC e aproximadamente 5 acidentes MTC e/ou RWC. Com relação a gerência de engenharia, a Figura 06 mostra a pirâmide de Bird da gerência de engenharia e a Tabela 07 apresenta as proporções entre os acidentes. Pirâmide de Bird - Engenharia 2 7 100 19 90 80 70 Nº de Acidentes 60 50 67 40 30 20 10 0 GEENG QA FAC MTC + RWC CAF Figura 06 – Pirâmide de Bird - Engenharia Tabela 07 – Relação entre os acidentes da Engenharia Relação entre os acidentes 1 Acidente FAC 1 acidente MTC ou RWC 1 Acidente CAF Nº de QA's 3,5 9,6 33,5 Nº de FAC's 2,7 9,5 MTC + RWC 3,5
  • 28. 27 De acordo com o gráfico da Figura 06 e os dados da Tabela 07, podemos inferir que a proporção entre os acidentes da gerência de engenharia, também é bem semelhante ao da empresa e da gerência de manutenção. Na gerência de engenharia, para a ocorrência de 1 acidente CAF, tem-se a ocorrência de aproximadamente 34 quase acidentes (QA), 10 acidentes FAC e 4 acidentes MTC e/ou RWC. Com relação à gerência de operação, a Figura 07 e a Tabela 08 apresentam, respectivamente, a pirâmide de Bird e as proporção entre os acidentes no período estudado. Pirâmide de Bird - Operação 3 6 12 120 100 Nº de Acidentes 80 60 94 40 20 0 GENOG QA FAC MTC + RWC CAF Figura 07 – Pirâmide de Bird - Operação Tabela 08 – Relação entre os acidentes da Operação Relação entre os acidentes 1 Acidente FAC 1 acidente MTC ou RWC 1 Acidente CAF Nº de QA's 7,8 15,7 31,3 Nº de FAC's 2,0 4,0 MTC + RWC 2,0 De acordo com a pirâmide de Bird, apresentada na Figura 07 e com os dados da Tabela 08, para a ocorrência de um acidente CAF, tem-se aproximadamente 31 quase acidentes(QA), 4 acidentes FAC e 2 acidentes MTC e/ou RWC.
  • 29. 28 Na gerência de Operação a proporção entre acidentes CAF e quase acidentes (QA) é aproximadamente a mesma que nas outras gerências e também na empresa como um todo. No entanto a proporção entre acidentes CAF e acidentes FAC, assim como entre acidentes CAF e acidentes MTC/RWC é menor quando comparada com a empresa como um todo e com as outras gerências. Isso indica que na gerência de operação esses infortúnios acontecem de forma mais fortuita que nas outras gerências e são um tanto mais críticos, pois a relação entre entre os acidentes CAF e RWC/MTC e entre RWC/MTC e FAC é menor que nas outras gerências. Os acidentes também foram estratificados por parte do corpo atingida, com a finalidade de fazer associações entre a atividade executada no momento de atividade e a parte do corpo atingida. A Tabela 09 apresenta a estratificação dos acidentes ocorridos na gerênciade manutenção por parte do corpo atingida. Tabela 09 – Partes do corpo atingidas – Manutenção Parte do corpo atingida Quant. Total Dedo 12 15 Mão 3 Cotovelo 3 Antebraço 2 10 Braço 2 Ombro 3 Face 6 Testa 1 Supercílio 1 13 Mandíbula 3 Boca 2 Joelho 4 8 Perna 4 Pé 3 3 Tornozelo 3 3 Outros (Pescoço, Quadris, Dorso, 9 9 Parte Múltiplas)
  • 30. 29 De acordo com os dados da Tabela 09, as principais partes do corpo atingida foram os dedos e as mãos. E essas partes do corpo estão relacionadas, principalmente, com as atividades de transporte, carregamento e armazenamento manual de materiais, ocorrendo na maioria das vezes prensamento e corte. Houve 3 acidentes envolvendo entorse do pé, lesionando a articulação do tornozelo, sendo que dois deles ocorreram durante deslocamento sobre o lastro. Na gerência de Engenharia, as principais partes do corpo atingidas são apresentadas na Tabela 10. Tabela 10 – Partes do corpo atingidas – Engenharia Parte do corpo atingida Quant. Total Dedo 9 13 Mão 4 Braço e Antebraço 2 3 Ombro 1 Face 3 4 Supercílio 1 Tronco 1 1 Joelho 1 3 Perna 2 Tornozelo 4 4 Na gerência de Engenharia, as principais partes atingidas são dedos e mãos. E assim como na gerência de manutenção, esses acidentes também ocorrem principalmente nas atividades de transporte,carregamento e armazenamento manual de materiais, ocasionando na maioria das vezes prensamento e corte. Já os acidentes em que tiveram o tornozelo como parte do corpo lesionada ocorreram com empregados durante deslocamento. Já na gerência de operação, as principais partes do corpo atingidas são apresentadas na Tabela 11.
  • 31. 30 Tabela 11 – Partes do corpo atingidas – Operação Parte do corpo atingida Quant. Total Dedo 8 9 Mão 1 Braço e Antebraço 3 3 Face 2 2 Joelho 1 5 Perna 4 Tornozelo 2 2 De acordo com a Tabela 11, os acidentes ocorridos na gerência de operação tiveram como principais partes do corpo atingidas, também, as mãos e os dedos. Esses acidentes ocorreram principalmente por prensamento e por batida contra. E diferentemente das outras gerências nenhuma das lesões nas mãos ou dedos se relacionam com atividades de carregamento e/ou transporte manual de materiais, mas sim com prensamento em portas de veículos e ao bater contra. Os acidentes que ocorreram com maior frequência nessas 3 gerências Engenharia, Manutenção e Operação, tiveram suas principais causas relacionadas com o fator humano comportamento, segundo os relatórios de investigação desse acidentes. Os principais acidentes ocorridos na empresa de logísticao no ano 2008 (até setembro), foram analisados através de Diagrama de Causa e Efeito e utlizou- se a metodologia dos 6M’s (Materiais, Método, Matéria-Prima, Meio Ambiente, Mão de Obra e Medida) a fim de facilitar a elaboração de medidas mitigadoras para eliminação de cada causa específica. Haja vista o grande número de acidentes para análise, foram identificados, nas gerências de Manutenção, Operação e Engenharia, as atividades com maior frequência de ocorrências de acidentes ou a atividade em que os acidentes apresentaram maior grau de gravidade ou potencial de gravidade, e a partir dessas atividades foram elaborados diagramas de causa e efeito, tendo como base o registro das investigações dos acidentes, e em seguida foram feitas a identificação de cada causa de acordo com a metodologia 6M’s (Materiais, Método, Matéria-Prima, Meio Ambiente, Mão de Obra e Medida).
  • 32. 31 Na gerência de Manutenção, a atividade em que ocorreu mais acidentes foi na manutenção da Via Permanente (27 acidentes), principalmente nas trocas de dormentes, trilhos e na fixação/retirada de grampos. Na Figura 08 é mostrado o diagrama de causa e efeito para a macro atividade de manutenção de via permanente que compreende fixação e retirada de grampos, troca de trilhos e dormentes, e todas outras atividades que direta ou indiretamente contribuem para realização da atividade de manutenção da via permanente. Figura 08 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de manutenção de via permanente - Manutenção De acordo com o diagrama de causa e efeito mostrado na Figura 08, a maioria das causas são relacionada com o fator humano e com procedimento. Já na gerência de Engenharia, os acidentes pessoais que mais chamaram atenção, não pela frequência com que ocorreram, mas sim pelo potencial de gravidade , foram as atividades de construção de dreno profundo e
  • 33. 32 movimentação de cargas. Na gerência de Engneharia, os acidentes que ocorreram com maior frequência foram acidentes envolvendo picadas de abelha ou marimbondo e foram todos FAC (First Aid Case – Primeiros Socorros). Logo, devido a maior importância dos acidentes ocorridos na atividades de construção de dreno profundo e na atividade de movimentação de cargas, essas atividades foram analisadas por diagrama de causa e efeito, conforme mostrado nas Figuras 10 e 11 respectivamente. Figura 09 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de construção de dreno profundo - Engenharia De acordo com a Figura 09, as principais causas então relacionadas ao procedimento que, ou não conteplava todos os riscos da atividade ou que o método era arriscado e faltou a aplicação de métodos de bloqueio/eliminação do risco, nesse caso, o risco de desmoronamento.
  • 34. 33 Figura 10 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de movimentação de cargas - Engenharia De acordo com a Figura 10, a maioria das causas dos acidentes nas atividades de movimentação de cargas tiveram causas relacionadas com o fator humano. No entanto, a causa relacionada ao meio ambiente, espaço restrito, foi a causa raíz desses acidentes, uma vez que essa causa, por si só, teria potencial para gerar o acidente. Ao passo que as outras causas desse acidente, embora isoladamente não tenham potencial para gerar o acidente, juntas contribuem para que o acidente tenha potencial de ocorrer, não significando dizer que pelo fato delas estarem presentes, o acidente deverá acontecer. Com relação a gerência de Operação, os acidentes que ocorreram com maior frequência e que merecem mais atenção por envolver quebra de procedimento por parte dos empregados e também por ter ocasionado dois afastamentos, são os acidentes que ocorreram na atividade de “Acoplamento/ Desacoplamento de Vagões e/ ou Locomotivas”. A Figura 11, mostra o diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos nessa atividade.
  • 35. 34 Figura 11 – Diagrama de causa e efeito para os acidentes ocorridos na atividade de acoplamento/desacoplamento de vagões e locomotivas – Operação. De acordo com a Figura 11, a grande maioria das causas estão relacionadas com o fator humano, comportamento. Nesse caso, embora exista um procedimento onde há regras que visam garantir a segurança do empregado, ele é ignorado e os acidentes são recorrentes.
  • 36. 35 5. CONCLUSÃO Com base nas estratificações verificou-se que a quantidade de ocorrências de acidente de trabalho da empresa de logísticas é ditada pelo desempenho da gerência de manutenção. Pois, foi nessa gerência onde ocorreu mais acidentes (53%) e é a gerência com maior efetivo total, considerando próprios e terceiros. O desempenho das gerências, por sua vez, é muito influenciado pelo desempenho de suas contratadas, que geralmente possui um efetivo maior que as gerências a que prestam serviço. No caso da gerência de manutenção, 61% do total de acidentes ocorreram com empregados das contratadas. Já na gerência geral de engenharia, 86% dos acidentes ocorreram com empregados de contratadas. A exceção é a gerência de operação, onde todos seus acidentes ocorreram com empregados próprios, pois ela tem um número bastante reduzido de empregados de contratadas e que não participam diretamente das atividades operacionais. Até setembro, a média foi de 13 acidentes por mês. Porém no mês de junho ocorreram 29 acidentes, sendo 24 acidentes nas gerências de manutenção e engenharia. Analisando esses 29 acidentes, verificou-se que 12 acidentes foram por picada de abelha ou marimbondo, sendo 8 só na manutenção. Os dias da semana em que mais ocorreram acidentes foram na segunda- feira e sexta-feira, com exceção da gerência de manutenção, em que os acidentes ocorreram com maior frequência na quinta-feira. É necessário um estudo mais aprofundado para atribuir de forma correta a(s) razão(ões) pela qual os acidentes ocorreram com maior frequência em dias de segunda-feira e sexta-feira. Entretanto é suscitado a hipótese de que estejam ligados à fatores psicofisiológicos, como raciocínio lento, falta de atenção e falta de dinamismo para os acidentes ocorridos nas segundas-feira, e ansiedade, pressa e também falta de atenção para os acidentes ocorridos nas sextas-feiras. Com relação aos períodos de trabalho, foi verificado que 86% dos acidentes ocorreram nos períodos da manhã e da tarde, que são os períodos com maior efetivo e maior número de atividades, logo há uma maior probabilidade de ocorrência de acidentes nesses períodos. Quanto a estratificação por classificação da lesão, foi observado que 63% dos acidentes ocorridos são FAC, 29% MTC e RWC e quase 8% LWC e FAT.
  • 37. 36 Com base nesses números e no nº de quase acidentes ocorridos, verificou-se através da pirâmide de Bird que para ocorrência de 1 acidente com afastamento (CAF) se tem 34 quase acidentes (QA), 8 acidentes tipo FAC e 4 acidentes tipo MTC e/ou RWC. Foi observado também que, as gerências de manutenção e engenharia, apresentaram proporções bem semelhantes entre esses indicadores. Porém na gerência operação, a relação entre entre os acidentes CAF e RWC/MTC e entre RWC/MTC e FAC foi menor que nas outras gerências. Isso é um indicativo de que na operação esses infortúnios acontecem de forma mais fortuita que nas outras gerências e são um tanto mais críticos. Com relação à parte do corpo atingida, verificou-se que dos 115 acidentes ocorridos na empresa de logística, 30 acidentes tiveram como parte do corpo lesionada, o dedo da mão. E esses acidentes ocorreram, em sua grande maioria, em atividades relacionadas com levantamento, descarregamento ou transporte manual de cargas. Já os acidentes que tiveram como parte do corpo lesionada a articulação do tornozelo (9 acidentes), ocorreram durante deslocamento a pé. Os acidentes que ocorreram com maior frequência nas três principais gerências, manutenção, operação e engenharia, tiveram suas principais causas relacionadas com o fator humano comportamento, segundo os relatórios de investigação desse acidentes. Na gerência de manutenção, a atividade em que ocorreu mais acidentes foi na manutenção da Via Permanente (27 acidentes), principalmente nas trocas de dormentes, trilhos e na fixação/ retirada de grampos. E através do diagrama de causa e efeito dessa atividade, foi observado que a maioria das causas são relacionadas com o fator humano e com procedimento. Já na gerência de engenharia, os acidentes pessoais que mais chamaram atenção, não pela frequência com que ocorreram, mas sim pelo potencial de gravidade , foram as atividades de construção de dreno profundo e movimentação de cargas. Os acidentes que ocorreram durante a construção de dreno profundo tiveram suas principais causas relacionadas ao procedimento que não conteplava todos os riscos da atividade e com a falta de métodos de bloqueio/eliminação do risco, nesse caso, o risco de desmoronamento. Já os acidentes que ocorreram na atividade de movimentação de cargas tiveram suas principais causas relacionadas com o fator humano. No entanto, a causa relacionada ao meio ambiente, espaço
  • 38. 37 restrito, foi a causa raíz desses acidentes, uma vez que essa causa, por si só, já teria potencial para gerar o acidente. Com relação a gerência operação, os acidentes que ocorreram com maior frequência e que merecem mais atenção por envolver quebra de procedimento por parte dos empregados e também por ter ocasionado dois afastamentos, são os acidentes que ocorreram na atividade de “Acoplamento/ Desacoplamento de Vagões e/ ou Locomotivas”.
  • 39. 38 6. RECOMENDAÇÕES DE AÇÕES DE MELHORIA As recomendações suscitadas nesse capítulo são de ordem geral e pretendem ajudar na elaboração de propostas mais específicas para cada ponto problemático que venham a ser elaborados. A fim de reduzir, senão evitar a ocorrência de acidentes de trabalho no contexto deste estudo, algumas recomendações de ordem geral são:  Realizar um estudo mais aprofundado das causas dos acidentes de trabalho;  Melhorar a qualidade das investigações de acidentes, para que as ações não sejam nos efeitos, mas sim nas causas;  Revisar os procedimentos sempre que houver necessidade, quer seja pela ocorrência de acidente, quer seja pela percepção de algum risco que não era contemplado anteriormente;  Acompanhar o cumprimento das ações propostas nos planos de ação das investigações;  Atuar preventivamente através da antecipação e reconhecimento dos riscos associados às atividades, equipamentos e instalações, principalmente através das ferramentas de análise de riscos, APR e HAZOP, e em seguida atuar no gerenciamento dos riscos;  Realizar e acompanhar programas periódicos de treinamentos (específicos e de segurança) e reciclagem dos empregados e garantir a participação de todos;  Elaborar campanhas educativas e de conscientização sobre a atuação prevencionista, garantindo a participação de todos, inclusive da liderança, enfatizando, premiando e disseminando as boas práticas desenvolvidas no âmbito da empresa;  Estender seus programas de S&S às empresas contratadas ou incentivar que elas elaborem seus próprios programas e que garantam a participação de todos os seus empregados;  Estabelecer regras contratuais (administrativas) que possibilitem a empresa contratante cobrar ações de saúde e segurança por parte da contratada; e
  • 40. 39  Possuir um programa de contratação de empregados e empresas terceirizadas que tenham seus valores em consonância com os valores de saúde e segurança que a empresa preconiza e garantir que esses valores sejam valorizados e seguidos.
  • 41. 40 REFERÊNCIAS ARAÚJO, A. K., Avaliação dos riscos ambientais da divisão de produtos do laboratório central de saúde pública do ceará – LACEN/CE. 2003. 74 f. Monografia (Especialização) – Universidade Federal do Ceará. 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 14280: Cadastro de acidentes do trabalho – procedimento e classificação. Rio de Janeiro, 2001. BINDER, M. C. P., DE ALMEIDA, I. M., Estudo de caso de dois acidentes do trabalho investigados com o método de árvore de causas, Cad. Saúde Pública., Rio de Janeiro, 13(4):749-760, out-dez, 1997. BRASIL. Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília. 1991. CAMPELLO, F. C. B., Aspectos de segurança e medicina do trabalho: nos arranjos físicos de canteiros de obras. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO,VII,1987.São Carlos, Anais...São Carlos. Associação Brasileira de Engenharia de Produção. p.337-349. COLETA, José Augusto. Acidentes de trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas,1991. DA COSTA, FLÁVIO MARTINS. Absenteísmo e rotatividade de pessoal. Gestão e Sucesso. 2004. Disponível em: http://www.gestaoesucesso.com.br/gestao_de_recursos_humanos4.htm. Acesso em 07 de Maio de 2008. GIL, Antônio Carlos, Como elaborar projetos de pesquisa. 4a ed. São Paulo: Atlas, 2002. PESSOA, Gerisval Alves. Gestão da Qualidade Total. Curso de Pós-Graduação em Engenharia Ferroviária. São Luis – MA, 2008. GONÇALVEZ, Edwar Abreu. Manual de segurança e medicina do trabalho. 3ª ed. São Paulo/SP, LTr, 2006. LAGO, E. M. G., Proposta de sistema de gestão em segurança no trabalho para empresas de construção civil, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), 2006.
  • 42. 41 MELO, Maria Bernadete F. V. de. Segurança do trabalho na construção de edifícios, Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), 1989. PACHECO JR., WALDEMAR, Qualidade na segurança e higiene do trabalho: série SHT 9000, Normas para a gestão e garantia da segurança e higiene do trabalho. São Paulo/SP, Atlas, 1995.