O documento discute as interações entre formigas, plantas e insetos no cerrado brasileiro. Especificamente, descreve como as formigas protegem plantas e insetos herbívoros de predadores através da presença de nectários extraflorais nas plantas e da proteção direta de insetos como cigarrinhas. Além disso, destaca como as interações entre formigas e a borboleta Eunica bechina ilustram mecanismos de defesa de herbívoros contra formigas predadoras.
2. Defesas bióticas contra herbívoros em
plantas do cerrado: interações entre
formigas, nectários extraflorais e insetos
trofobiontes
Paulo S. Oliveira¹, Sebastian F. Sendoya², Kleber Del
Claro³
3. As formigas são abundantes nos ecossistemas
terrestres (BOLTON, 2007).
Isso se deve ao fato de que assim como
abelhas e outros, são insetos sociais e
vivem em colônias.
10 mil
espécies
4. A presença constante
de formigas na
vegetação é devida a
existência de fontes
renováveis de
alimentos líquidos nas
folhagens
fundamentais para a
sobrevivência destes
insetos, sendo um
recurso que nutre e
permite um melhor
desenvolvimento de
suas colônias.
A
B
A- Nectários extraflorais; B- Ninfa da cigarrinha
(Guayaquila xiphias).
A
A
5. Outras fontes
são as
secreções
açucaradas
de
hemípteros
sugadores
de seiva e
herbívoros
trofobiontes.
C- operarias de camponotus
atendendo a agregação de
cigarrinhas. D- Lagarta de
borboleta sendo atendida por
operarias de pheidole. E- operaria
de Pachycondyla villosa atacando
lagarta. F- camponotus sugando
nectário extrafloral.
C
D
C
DE
6. As formigas na vegetação de
cerrado
Levantamentos florísticos indicam que plantas
com nectários extraflorais representam 25%
das espécies lenhosas, englobando cerca de
30% do total de indivíduos amostrados. A
presença de formigas na folhagem representa
um risco de predação para os insetos
herbívoros.
7. A existência de líquidos pode
resultar em proteção indireta
as plantas. As formigas
Então atuariam com uma
Das plantas contra
herbívoros.
Defesa biótica
8. Interações entre o pequizeiro (Caryocar
brasiliense) sua formigas visitantes e a
borboleta Eunica bechina
9. Principais espécies:
• Camponotus e Chephalotes – néctar extrafloral em
botões e folhas jovens.
• Borboleta Eunica bechina (lagartas) – folhas jovens
• Percevejo sugador Edesa rufomarginata – seiva
vegetal
• Mosca Prodiplosis floricola – botões florais
• Vespas galhadoras – tecido vegetal de folhas e
ramos.
10. A interação que mais
chama a atenção é entre
as formigas e as lagartas
da borboleta E. bechina.
Uma vez que o risco de
predação é alto as
lagartas além de
possuírem espinhos,
regurgitam um liquido
defensivo quando
atacadas por formigas.
F- formiga atacando a lagarta de e.
bechina. G- lagarta predando formiga
F
G
11. A lagarta constrói
pontes de fezes no
fim das folhas para
que as formigas
visitantes que são
agressivas não
consigam predar suas
proles.
CURIOSIDADE
12. Os resultados experimentais com E. bechina, fornecem a
primeira demonstração de que um inseto pode detectar a
presença de inimigos na plantas e selecionar para
oviposição locais que sejam menos arriscados para a
sobrevivência da prole. ( FREITAS, OLIVEIRA 1997;
SENDOYA, 2009)
15. A cigarrinha G. xiphias
é atendida dia e noite
por mais de 20
especies de formigas
sobre a mandioquinha-
do-cerrado. Os
resultados demonstram
um beneficio para as G.
xiphias, uma vez que as
formigas proporcionam
segurança durante seu
desenvolvimento.
Cigarrinhas g. xiphias e formigas camponotus.
16. Formigas protegem a cigarrinha G. xiphias
contra inimigos naturais.
Vespas
parasitoides
Aranhas Larvas
predadoras
18. O intenso patrulhamento de formigas sobre
a planta com G. xiphias tem efeito negativo
na abundancia de inimigos naturais na
planta. Os experimentos comprovaram que
vespas, aranhas e larvas de dípteros
sirfideos são mais abundantes sobre a
planta das quais as formigas foram
excluídas.