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Parasitologia e Análises
Parasitológicas
3º Ano - 2º Semestre Jaime Oliveira MICF FFUC
Jaime Oliveira 1
Parasitologia:
-É a ciência que estuda os parasitas.
-Ciência biológica que estudo o fenómeno do parasitismo.
-O homem alberga mais de 300 espécies de
vermes parasitas e 70 espécies de protozoários.
Associações entre os seres vivos:
-Simbiose
-Comensalismo
-Mutualismo
-Parasitismo: Associação entre seres vivos onde existe unilateridade de benefícios. O
hospedeiro passa a constituir o meio ecológico onde vive o parasita, observando-se uma
dependência metabólica de grau variável.
Parasitismo:
-O parasitismo tem vários graus:
-Parasitismo obrigatório:
-Parasitismo temporário
-Parasitismo temporário
-Parasitismo facultativo
-Parasitismo acidental
Especificidade parasitária:
Classificação dos parasitas tendo em conta a sua localização:
-Endoparasitas: vivem no interior do hospedeiro
-Ectoparasitas: vivem no exterior do hospedeiro
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Ecossistema parasitário:
-Os parasitas não se distribuem ao acaso no globo terreste.
-Existe um foco natural de uma parasitose: área onde a circulação do parasita se mantém
no ciclo do hospedeiro – vetor – hospedeiro.
-Estes locais requerem:
-presença simultânea de hospedeiros e vetores
-potencial biótico elevado
-elevada incidência populacional
-condições ambientais apropriadas
Ciclos de vidas:
-Podem ser:
-Monoxenos: todas as transformações do parasita ocorrem apenas em 1 hospedeiro
-Heteroxenos: todas as transformações do parasita ocorrem em mais do que 1
hospedeiro
-Distinguem-se:
-Ciclos de vida diretos: não envolvem hospedeiros intermediários; o parasita
desenvolve-se completamente num hospedeiro. Uma nova contaminação pode aplicar
mecanismos de autoinfeção, dispondo também o parasita de formas resistentes que se
disseminam no meio exterior para repetir o ciclo direto noutros hospedeiros da mesma
espécie.
-Ciclos de vida indiretos: envolvem um ou mais hospedeiros intermediários e
envolvem um hospedeiro definitivo que alberga a forma adulta do parasita ou no qual
ocorre a fase sexuada do ciclo de vida.
Transmissão das parasitoses:
-Transmissão: é a ação de transferir formas infetantes do parasita de um hospedeiro para
outro.
-Esta transmissão pode ser:
-Direta
-Indireta: água, solo, alimentos, ar, vetores
Transmissão de parasitoses:
-Vetor: É um artrópode, molusco ou outro veículo que transmita o parasita entre dois
hospedeiros.
-Os vetores podem ser:
-Vetores biológicos
-Quando o parasita se multiplica ou se desenvolve no vetor.
Jaime Oliveira 3
-Vetores mecânicos
-Quando o parasita não se multiplicar nem se desenvolve no vetor sendo
simplesmente transportado.
-Vetores inanimados ou fómites
-Quando objetos inanimados podem veicular parasitas entre hospedeiros.
Ex: As moscas são vetores de uma grande variedade de protozoários parasitas com
importância para a saúde pública.
Localização das parasitoses:
-Intestino
-Aparelho genito-urinário
-Sangue e linfa
-Fígado e vias biliares
-Coração
-Sistema nervoso central
-Pulmão
-Pele
Prevenção e controlo das parasitoses:
-Redução da fonte humana como transmissor da infeção
-Tratamento antiparasitário adequado
-Profilaxia pessoal de modo a evitar transmissão
-Controlo do meio ambiente, água e alimentos
-Destruição ou controlo dos reservatórios animais e vetores
-Criação de barreiras biológicas de transmissão
Fatores de disseminação de parasitoses:
-Viagens internacionais
-Uso de antibióticos
-Resistência a antiparasitários
-Resistência dos artrópodes vetores
-Zoonoses emergentes
-Parasitoses oportunistas em indivíduos imunodeprimidos
-Movimento de populações de zonas endémicas
-Contaminação da água de consumo municipal e rural
Jaime Oliveira 4
-Infantários, creches, centros de dia
-Popularidade de animais de estimação domésticos
-Popularidade de comidas exóticas
-Pobreza e instabilidade política de muitos países
-Crescente deterioração do meio ambiente e do saneamento básico
-Realização de projectos de desflorestação, irrigação e construção de barragens e
represas
-Também existem fatores de disseminação que estão inerentes ao parasita:
-Potencial biótico
-Ascaris lumbricoides- 200 000 ovos/dia
-Trichuris trichiura- 7 000 ovos/dia
-Taenia saginata cada proglotis grávido 30 000 a 80 000 ovos
-Hospedeiro com Giardia lamblia pode eliminar 900 milhões de
quistos/dia
-Hospedeiro com Cryptosporidium pode eliminar 10 000 milhões de
quistos/dia
-Capacidade de evasão à resposta imunológica do hospedeiro
-Dificuldade na produção de vacinas e a sua utilização
Jaime Oliveira 1
Principais grupos de parasitas
Protozoários (Reino Protista, Sub-Reino Protozoa)
-Filo Sarcomastigophora
-Filo Apicomplexa
-Filo Microspora
Metazoários (Reino Animalia, Sub-Reino Metazoa)
-Filo Plathyhelminthes
-Filo Nemathelmintes
-Filo Arthropoda
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Jaime Oliveira 3
Jaime Oliveira 1
Interação Hospedeiro-Parasita
Imunidade e estratégias de evasão imunitária
Características comuns às infeções parasitárias:
-Existem muitos antigénios e em grande variedade:
-Há uma elevada estimulação do sistema imunológico.
-Variação antigénica:
-Por exemplo, o Tripanossoma cruzei e a Giadia lamblia fazem variações antigénicas.
-Temos o antigénio do parasita, o qual vai ser identificado pelo nosso sistema imune
que vai produzir uma resposta contra esse antigénio. Vamos ter uma resposta eficaz, mas,
entretanto, o parasita começou a desenvolver outros antigénios, tornando a nossa reposta
imune ineficaz.
-Respostas específicas do estádio de desenvolvimento:
-Por exemplo, na malária, o parasita está no fígado, está nos GV, etc. Temos vários
estádios de desenvolvimento do parasita que afetam vários órgãos. O nosso sistema imune
tem respostas diferentes consoante o local da infeção. Quanto maior o número de estádios
mais complexa será a nossa resposta imune.
-Modos de entrada especiais:
-Existem parasitas que para entrar dentro das células necessitam de interagir com
recetores que existem à superfície dessas células. Esta interação pode disparar a nossa
resposta imune contra o parasita.
-Hospedeiros específicos:
-A maioria dos parasitas tem hospedeiros específicos.
-Cronicidade:
-Os parasitas podem provocar infeções crónicas. Há inflamação crónica, há uma
resposta imune descontrolada, que não é benéfica para o hospedeiro. São
imunopatologias.
-Complexa defesa do hospedeiro:
-O hospedeiro tenta defender-se do parasita da melhor maneira possível.
-Devido a estas características das infeções parasitárias justifica-se a elevada dificuldade
em fazer vacinas que sejam eficazes.
Mecanismos de defesa do hospedeiro:
-Imunidade inata:
-A resposta imune inata é a primeira linha de defesa e permite uma rápida resposta
à invasão.
-Esta resposta está sempre pronta para atuar, não dura muito tempo, e não é
especifica.
Jaime Oliveira 2
-A imunidade inata depende de várias células:
-Monócitos/Macrófagos/Neutrófilos/Eosinófilos que são células fagocitárias e
que destroem os patogéneos, são célula “sentinela”.
-Mastócitos e basófilos, são células granuladas que libertam fatores
necessários para o processamento da resposta imune.
-Células NK
-Plaquetas, complemento e citocinas fazem parte da imunidade não
específica.
-As nossas células do sistema imune têm vários recetores que vão reconhecer os parasitas
através dos PAMPs.
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Recetores TLRs na ativação das células T:
-Os patogéneos são reconhecidos pelos recetores TLRs. Vai haver a internalização do
patogéneo pela célula apresentadora de antigénio que vai colocar na sua membrana os
antigénios que vai apresentar às células T Naive.
-Consoante o tipo de parasita há diferentes respostas imunes.
-Se o patogéneo for o S. mansoni e se detetar a proteína Lyso-PS vamos produzir IL-4 que
vai levar à ativação dos Thelper 2 que vão produzir IL-4, IL-5, IL-10 e IL-13. É uma resposta
anticorpo.
-Se o patogéneo for o T. cruzei e se detetar a proteína GPI anchor ou Tc52, vai haver
produção de IL-12, IL-18 que vão estimular os Thelper 1 a produzir INF-Ɣ.	É uma resposta
inflamatória.	
-Há reconhecimento do patogéneo pelo TLRs. A ligação do parasita à APC determina o
fenótipo da resposta imune adquirida. Consoante a ligação teremos uma resposta TH1 ou
TH2.	
	
	 	 IL-4 à Th2 à Resposta anticorpo
IL-12/18 à Th1 à Resposta inflamatória
-As células Th1 e Th2 vão determinar as diferentes respostas imunológicas.
Parasitas intracelulares à resposta Th1
Parasitas extracelulares à resposta Th2
Vermes à resposta anticorpo auxiliada da resposta celular
Jaime Oliveira 4
	
-Consoante haja produção de IL-4 ou IL-12 há um equilíbrio (tipo balança)
-Se houver uma resposta imune Th2, a IL-4 que ativa as células Tnaive, vai impedir que
haja proliferação das Th1. Ou seja, a produção de IL-4 e IL-10 vai impedir a IL-12.
-Há uma regulação do tipo de resposta imune!
-Se temos resposta imune do tipo Th1 ela inibe a Th2 e vice-versa.
Protozoários – resposta imune:
Resposta anticorpo:
-O anticorpo liga-se
diretamente ao
parasita.
-A IgM liga-se à VSG (proteína de superfície) e vai destruir o parasita.
-Primeiro produzimos IgM e IgA depois produzimos IgG.
-O parasita está
ligado a vários
anticorpos que vão
facilitar a fagocitose
por parte do
macrófago.
Jaime Oliveira 5
Resposta Linfócitos T:
Resposta imune – Infeção por Leishmania
Jaime Oliveira 6
-Nos macrófagos vai haver a produção de TNF e IL-1B que vão ativar os macrófagos.
-Os macrófagos ao serem ativados vão formar espécies reativas (RDI, RNI) que vão destruir
o parasita invasor.
-As APC podem estar contaminadas com Leishmania. Elas vão produzir IL-12 que vai ativar
a diferenciação dos Th1 que vão produzir TNF-Ɣ	que vai ativar os macrófagos e eles vão
destruir o parasita.
-Também há ativação dos Th17 que por um mecanismo desconhecido vão destruir os
amastigotas.
-Entretanto, as células B também estão a produzir anticorpos. Não sabemos como vai
afetar a Leishmania.
Resposta imune – Infeção por Malária:
Jaime Oliveira 7
-As células dendríticas têm um parastia. O PRR, que é um recetor que reconhece o
parasita, ativa esta célula e vai produzir IL-12, vamos ter uma resposta Th1, vamos produzir
INF-Ɣ	que vai ativar os macrófagos. Vão formar-se espécies reativas que destroiem os
parasitas.
-O parasita também pode ser opsonizados pelas IgG, isto vai ser reconhecido por um
recetor no macrófago que vai destruir o parasita. Quando este macrófago é ativado vai
produzir IL-1 / IL-6 / TNF-alfa que vão promover a febre.
-As Th1 estimulam a produção de anticorpos pelas células B
Resposta imune: Helmintas
-A maioria dos helmintas são extracelulares e são demasiado grandes para a fagocitose.
-O hospedeiro pode desenvolver inflamação e hipersensibilidade.
-Eosinófilos e IgE iniciam a resposta inflamatória no intestino/pulmões.
	
	
	
	
	
-Os APC são ativados pelo parasita e vão produzir IL-4/IL-10 qe vão ativar as Th-2 a
produzirem mais interleucinas.
-Os macrófagos também podem ser ativados pela via alternativa e vão bloquar as Th1 e
as Th17.
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Imunopatologia: Toxoplasmose e Malária
	
Parasitas adaptaram-se com sucesso à resposta imune:
Estratégias utilizadas pelos parasitas para evasão imunitária:
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Giardia lamblia:
Giardíase
-A Giardia lamblia é um parasita intestinal, eucariota, unicelular,
flagelado.
-Pode infetar o homem e animais.
-Causa a Giardíase que é uma doença diarreica (dá sintomas
gastrointestinais). A giardíase é uma infeção emergente (tem
havido um aumento de surtos em creches e infantários). Afeta
principalmente crianças de 8 meses aos 12 anos com um predomínio na faixa dos 6 anos.
-Tem uma prevalência de 1-7% em países desenvolvidos e de 8-50% em países em vias
de desenvolvimento.
-Estima-se que hajam cerca de 280 milhões de infeções anuais.
Espécies de Giardia:
-Existem várias espécies de Giardia
sendo que a única que infecta o
homem é a G. duodenalis
-Nota: G. duodenalis = G. lamblia =
G. intestinalis
-A G. lamblia pode encontrar-se em dois estádios: trofozoíto ou quisto.
-Os trofozoítos da G. lamblia parasitam o homem e uma grande variedade de mamíferos
mas embora haja uma similaridade morfológica, a análise genética revelou uma
surpreendente heterogeneidade! (dentro da G. lamblia há muitas diferenças).
-A análise genética é feita a partir da análise de sequências de pequenas unidades do
RNAr, triosefosfato isomerase (tpi) e glutamato desidrogenase (gdh).
Caracterização genética da G. lamblia:
-Pela análise da tabela
verifica-se que a
assemblage A e B são as
responsáveis pela infeção
no homem.
Jaime Oliveira 2
-Existem várias assemblages
que apenas aparecem em
animais, ou só em homens e
animais.
-Podemos afirmar que a G.
lamblia é um complexo de
espécies.
-Uma análise mais profunda à
assemblage A e B permitiu a sua
classificação em sub-assemblages,
sendo que dentro do grupo A e B temos
várias sub-assemblages.
-A G. lamblia A-II é a específica do
homem!
-Um estudo realizado por investigadores da UC conclui que o predomínio do genótipo AI
sugere que os animais de companhia e animais selvagens podem desempenhar um
papel importante em ciclos de transmissão zoonótica de G. lamblia.
Características da G. lamblia:
-Em 1981, a OMS inclui a G. lamblia na lista
de parasitas patogénicos para o Homem.
-É um parasita eucariótica
-É um protozoário flagelado
-O seu ciclo de vida contempla duas formas
de vida: Trofozoíto e Quisto, ambas são
morfologicamente distintas.
-Um quisto origina dois trofozoítos.
Trofozoíto:
-O trofozoíto é a forma de resistência. No
entanto é pouco resistente no meio
exterior, é um anaeróbio aerotolerante.
-Possui dois núcleos iguais, que são
equivalentes em quantidades de DNA e na
sua actividade de transcrição, possuem
um grande cariossoma central sem
cromatina periférica
Parece um rosto, possui
simetria bilateral e
estruturas duplas.
Possui uma parede
quística e estruturas
duplas.
Jaime Oliveira 3
-Não possui mitocôndrias, peroxissomas e nucléolos.
-Tem várias proteínas de superfície: proteínas variáveis de superfície (VSPs) que são
ricas em cisteína (é um aminoácido que tem resíduos de S-H que formam pontes
dissulfureto, dão resistências), glicoproteína GP-49, lectina. Tudo isto são fatores de
virulência.
-Os Trofozoítos vivem nas primeiras porções do duodeno e jejuno.
Quisto:
-Têm um tamanho de 8-12 µm de
comprimento e 5-8 µm de largura.
-Têm um aspeto ovoide ou arredondado,
consegue distinguir-se:
-flagelos intracitoplasmáticos em
forma de S refringente
-4 núcleos (normalmente nos extremos do quisto)
-corpos parabasais em forma de vírgula
-parede refráctil
-Os quistos têm galactosamina na forma de N-acetilgalactosamina (GalNAc) que é o açúcar
maioritário da parede quística (dá resistência).
-A atividade metabólica é reduzida cerca de 10-20% em relação ao trofozoíto. (porque o
quisto é a forma de resistência).
-O quisto pode sobreviver vários meses no meio ambiente.
Ciclo de vida da G. lamblia:
-É um ciclo de vida monóxeno, apenas precisa de
1 hospedeiro, ou seja, nenhuma fase deste ciclo
precisa de passar por outro hospedeiro para que
este se complete.
-O Homem ingere alimentos contaminados com
quisto de G. lamblia. Os quistos ao passarem no
intestino, devido ao pH ácido que é um indutor do
desequistamento, vão originar 2 trofozoítos que
ficam a habitar no jejuno/duodeno.
-Estes trofozoítos não toleram oxigénio e não
toleram pH elevado.
-Os trofozoítos vão aderir à mucosa intestinal e vão
formar colónias.
-Quando os trofozoítos saiam da mucosa e
avançam ao longo do trato digestivo, vão se
transformando em quistos porque vai haver cada vez menos oxigénio disponível.
Jaime Oliveira 4
-Os trofozoítos vão enquistar e vão ser libertados para o exterior.
-O quisto pode ser ingerido por animais ou por homens.
-Este quisto é a forma infectante para o Homem.
Transmissão de G. lamblia:
-A transmissão de giardia pode ser feita através de:
-Água contaminada
-água de consumo e sistemas de água privados, piscinas, etc...
-Alimentos
-frutas e legumes (alface)
-refeições e alimentos manufaturados
-alimentos contaminados por vetores mecânicos
-Transmissão pessoa-pessoa
-Transmissão animal-pessoa
Giardiose:
-As giardoses podem ter manifestações clínicas que são:
-Infeções assintomáticas:
-É a infeção típica do portador assintomático, que são bastante problemáticos
porque não são tratados e permitem uma maior disseminação.
-Nas áreas endémicas cerca de 60% dos infectados não apresentam
sintomas.
-Infeções sintomáticas:
-Têm 2 fases:
-Fase aguda: pode ser autolimitada (1-3 semanas) e causa diarreias,
dores abdominais, náuseas e vómitos.
-Fase crónica: causa diarreia intermitente, má absorção de lípidos,
vitamina B12 e vitamina A, ácido fólico, lactose, D-xilose e proteínas, causa perda de peso,
podendo resultar num atraso do crescimento e psicomotor.
Nota: Existem pessoas que não conseguem resolver a infeção na fase aguda e passam para uma fase
crónica. Estes indivíduos vão desenvolver um síndrome de má absorção que interfere na absorção de
vitaminas lipossolúveis e outros nutrientes necessários. Devido a estas alterações estes indivíduos podem
ter alterações nas fezes (fezes gordurosas – esteatorreia)
-Podemos afirmar que a Giardiose é uma doença multifatorial.
-Depende de vários fatores
-Hospedeiro: Resposta imunológica, estado nutricional, flora intestinal, défice
de IgA, Hipogamaglobulinémia
-Parasita: Virulência, Aderência, VSP, Proteases.
-Transmissão fecal-oral
Jaime Oliveira 5
Mecanismos da doença:
Mecanismo de defesa do hospedeiro:
1: A mucosa da parede intestinal é uma barreira física que nos protege contra o parasita.
2: As células de Paneth produzem AMP que são peptídeos antimicrobianos.
3: Se o hospedeiro tiver uma microbiota saudável ela vai competir com a giardia para locais
de adesão.
4: A desgranulação dos mastócitos é muito importante na resposta imune, vai produzir IL6
que é necessária para a produção de IgA que são muito eficazes contra a giardia. A
desgranulação dos mastócitos também promove os movimentos de peristaltismo, é um
mecanismo de defesa porque aumenta o transito intestinal e assim elas não conseguem
aderir à mucosa.
5: A produção de NO pelas células epiteliais promove os movimentos de peristaltismo.
6/7/8/9/10: O uptake e a apresentação de antigénios promovem a libertação de IL6 que é
essencial para a produção de IgA que vão neutralizar as giardias que se encontram no
lúmen intestinal. As células dendríticas podem fazer um prolongamento e captar o
antigénio que está do lado de fora.
Jaime Oliveira 6
Fatores de virulência da Giardia spp.
-A libertação de proteínas é
um fator de virulência muito
importante porque a giardia
utiliza a arginina no seu
metabolismo. No entanto, a
arginina também é utilizada
pelos macrófagos para
produzir NO, mas como a
giardia está a consumir a
arginina a velocidades
maiores, o macrófago não
vai ter capacidade de utilizar
a arginina.
Associação entre sintomatologia e genótipo:
Diagnóstico: Giardia e Giardíase
Exames parasitológicos:
-Nas fezes formadas- pesquisa de quistos com salino ou lugol (exame de rotina)
-Nas fezes diarreicas- pesquisa de trofozoítos ou quistos
-No fluido duodenal- pesquisa de trofozoítos
-Biópsia do jejuno- pesquisa de trofozoítos
-É necessário recolher 3 amostras de dias alternados (janela de 10 dias). Podemos afirmar
que a pessoas está + para giardia se uma análise der positiva, no entanto para podermos
dar um resultado negativo temos de analisar as 3 amostras, porque os quistos de giardia
não são eliminados de forma contínua. (Um resultado negativo requer análise de 3 fezes).
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Exames imunológicos:
-Soro: fazemos a pesquisa de anticorpos por ELISA ou IFI.
-Fezes: pesquisa de antigénios por ELISA, imunocromatografia, imunofluorescência
-A pesquisa de anticorpos é específica para a giardia, mas não nos indica o estadio da
infeção. Não se faz por rotina porque podemos ter anticorpos positivos que sejam de uma
infeção antiga.
-A pesquisa por antigénios é cara e identifica os antigénios presentes na parede quística.
Exames Moleculares:
-Amostra de fezes- fazemos a pesquisa de DNA parasitário por PCR
-Este método é o mais sensível e o mais específico. Tem algumas desvantagens podendo
dar falsos negativos, como a inibição da TAC polimerase por vários constituintes existente
nas fezes. (a TAC polimerase é muito inibida por sais biliares).
Exames microscópicos:
-No exame microscópico fazemos a pesquisa de trofozoítos ou de quistos consoante a
amostra que temos.
-Num exame parasitológico a fresco as giardias são identificadas por se movimentarem
por sacudidelas frenéticas.
Jaime Oliveira 8
Métodos moleculares
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Prevenção:
-Boas práticas de higiene
-Evitar beber água que possa estar contaminada (a fervura e cristais de iodo destroem os
quistos)
-Evitar alimentos que possam estar contaminados
Controlo:
-Identificação dos reservatórios animais e tratamento.
-Tratamento das pessoas infetadas.
Tratamento:
-Nitroimidazois: metronidazol, tinidazol, ornidazol e secnidazol (80-100% eficácia)
-Benzimidazois: albendazol e mebendazol (60-80% eficácia)
-Nitazoxanida (>90% eficácia)
-Furazolidona (80-96% eficácia)
-Paromomicina (55-95% eficácia)
-Quinacrina (95% eficácia)
-Os nitroimidazois para terem atividade têm de ser reduzidos. A forma reduzia estabelece
ligações com o DNA induzindo a perda de estrutura.
-Os benzimidazois atuam nas tubulinas. No citoesqueleto do disco ventral existem
tubulinas alfa e beta que são o alvo destes fármacos.
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Trichomonas vaginalis:
Tricomoníase
-O trichomonas vaginalis aparece tanto na mulher como no homem. É um parasita do
aparelho genitourinário e pode ter uma transmissão sexual ou por fómites.
Características da Trichomonas vaginalis:
Trofozoíto:
-Tem um comprimento de 10-30 µm e uma largura
de 7-15 µm.
-Possui um grande núcleo ovoide.
-Tem 4 flagelos livres e 1 flagelo aderente ao corpo
celular – membrana ondulante.
-Tem várias estruturas fibrilares como:
-Axóstilo que percorre toda a extensão do
corpo
-Costa rodeada de hidrogenossomas
-Corpo basal: conjunto das fibras parabasais
com o aparelho de golgi
-É um anaeróbio que pode permanecer em ambientes com H2O.
-Não possui quistos!
Ciclo de vida:
-É um ciclo de vida monóxeno.
-Não há a formação de quistos.
Jaime Oliveira 2
Sintomatologia:
-Na mulher:
-Os sintomas podem aparecer durante a menstruação ou exacerbarem-se durante
esse período.
-Dor ou irritação vulvovaginal
-Vulvite
-Prurido vulvar
-Disúria (dor a urinar)
-5% das mulheres infetadas apresentam dor abdominal importante, que pode sugerir
a presença de doenças pélvicas inflamatórias.
-Há um corrimento vaginal abundante (leucorreia), purulento e
amarelo-esverdeado.
-Mau odor
-Eritema vaginal, petequiado (pontos vermelhos)
Diagnóstico parasitológico:
-Fazemos a observação ao microscópio dos trofozoítos:
-Mulher: pesquisa no corrimento vaginal e uretral
-Homem: pesquisa no corrimento uretral e prostático ou na urina
-Podemos fazer culturas in vivo (pouco utilizado)
-PCR
Epidemiologia:
-É um cosmopolita
-É comum nos países desenvolvidos com prevalência de 5-20% nas mulheres e de 2-10%
nos homens.
-A incidência anual é estimada em 180 milhões.
-É mais frequente na mulher com a vida sexual ativa
-A via de transmissão mais frequente é através de relações sexuais ou por água ou por
fómites (roupa intima, etc).
Jaime Oliveira 3
Prevenção:
-Educação sanitária sobre a parasitose e sobre os seus mecanismos de transmissão.
-Práticas sexuais seguras
-Cuidados com os elementos do banho e evitar banhos públicos
-Não partilhar roupa interior ou toalhas com outras mulheres
Controlo:
-Tratamento das pessoas infetadas.
-O homem com sintomas ou assintomático, cuja parceira sexual está infetada, deve ser
tratado.
-Efetuar o diagnóstico laboratorial em todos os indivíduos sintomáticos.
Tratamento:
-Metronidazol
-Tinidazol
-Ornidazol
-Nimorazol
Jaime Oliveira 1
Leishmaniose
-A Leishmanione é endémica em 88 países.
-Tem uma prevalência global de 12 milhões de pessoas
infetadas.
-Há uma incidência de 2 milhões de novos casos.
Classificação taxonómica:
-O género Leishmania tem dois sub-géneros que têm diferenças estruturais entre si.
-No sub-género Leishmania apenas se multiplica um amastigota por cada vacúolo
enquanto que no sub-género viannia podemos observar mais do que 1 parasita no vacúolo
parasitóforo.
Morfologia:
Jaime Oliveira 2
-A forma amastigota é a forma intracelular.
-A forma promastigota desenvolve-se no hospedeiro invertebrado.
Vetores:
-Apenas as fêmeas são hematófagas (só ela é que suga sangue que é necessário para a
maturação dos seus ovos).
-Estes vetores têm atividade do entardecer ao amanhecer.
-Os mosquitos são muito pequenos, também são conhecidos como mosquito palha.
-Em Portugal: temos P. perniciosus e P. ariasi
Reservatórios:
-Animais selvagens:
-raposa
-chacal
-roedores
-Animais domésticos:
-cão (é o principal reservatório da L. infantum).
Ciclo de Vida:
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-É um ciclo de vida heteroxeno. O parasita necessita de 2 hospedeiros para completar o
ciclo. São necessários 2 hospedeiros e 1 vetor.
-A fêmea do mosquito tem no seu estômago promastigotas metaciclicos (que são a forma
infetante para o Homem). Quando a fêmea se está a alimentar de sangue humano precisa
de arranjar espaço no estomago, então vai regurgitar estes promastigotas metaciclicos
para o Homem. Os promastigotas metaciclicos vão invadir os macrófagos onde se vão
desenvolver e multiplicar. Os macrófagos criam pseudópodes que vão invaginar o parasita
e vão criar um vacúolo parasitóforo. Os promastigotas metaciclicos vão originar por divisão
binária simples (reprodução assexuada) amastigotas.
-Estes amastigota podem voltar a infetar outros macrófagos ou então ficam na corrente
sanguínea e vão ser chupados pela fêmea do mosquito. Quando a fêmea pica o Homem,
vai ingerir os amastigotas que depois vão-se transformar em promastigotas prociclicos que
por divisão simples (reprodução assexuada) vão originar promastigotas metaciclicos que
são a forma infetante para o homem.
-Estes promastigotas metaciclicos vão migrar para a válvula faríngea.
Nota: Quando o macrófago rebenta, vão existir muitos amastigotas na corrente sanguínea. No entanto o sangue
humano não é bom para detetar leishmaniose porque a fase em que os amastigotas andam no sangue é
pequena. No entanto, no cão eles permanecem mais tempo, sendo uma boa amostra para o diagnóstico.
-A resposta imunológica do hospedeiro varia consoante a espécie de Leishmânia.
Jaime Oliveira 4
Leishmanioses:
-Existem vários tipos de leishmanioses:
-A Leishmaniose Visceral é a mais perigosa, também é conhecida como febre negra. É
caracterizada por um aumento do fígado e do baço.
-A Leishmaniose Cutânea pode ser autolimitada. Um hospedeiro que é imunocompetente
pode controlar esta parasitose. As espécies L. tropica, L. major, L. aethiopica são as que
existem no continente Europeu, enquanto que as outras espécies existem no continente
Americano.
-A Leishmaniose mucocutânea pode ser crónica e pode ser uma complicação das outras.
Leishmanioses Visceral ou “Kala-azar”:
-A Leishmaniose visceral pode ser
causada por:
-L. donovani
-L. infantum
-L. chagasi
-Os parasitas invadem as vísceras, localizando-se de preferência no sistema macrofágico
do baço, fígado, medula óssea e órgão linfoides.
-Para diagnóstico não vamos recolher sangue, vamos recolher punções de gânglio, medula
óssea, fígado ou baço (muito perigoso).
Jaime Oliveira 5
-A L. chagasi é semelhante à L. infatum.
-A Leishmaniose foi descrita como “um grau extremo de caquexia, um tipo de febre
irregular e intermitente, anemia grave, atrofia muscular progressiva e grande aumento do
baço”.
Patologia:
-As células que são profissionais para matar (defesa
imunológica) são infetadas, no entanto há uma estimulação da
sua produção por parte do parasito, forma-se um ciclo.
-A leishmaniose canina não tem cura, o animal morre de
insuficiência renal.
-Há um período de incubação muito longo, são vários meses (2-8 meses). O flebótomo
pica o hospedeiro e só temos sintomas passados 2-8 meses.
-Na fase inicial da doença temos alguns sintomas como:
-Nódulo endurecido no local da picada
-Perda de apetite
-Palidez
-Ligeiro aumento do baço
-Febre
-No decorrer da doença vamos ter vários sintomas como: febre irregular e de longa
duração, esplenomegalia, hepatomegalia, linfoadenopatia, anemia, hipergamaglobulinemia
(estimulação da produção de linfócitos), emagrecimento acentuado, glomerunefrites
(devido à formação de complexos Ag-Ac).
-Pode haver uma evolução rápida, levando o doente à caquexia e morte ou pode assumir
um curso crónico.
Índia
Bacia mediterrânia
América do Sul
Jaime Oliveira 6
Formas clínicas:
-Assintomática, lactente ou fustre
-Aguda
-rápida: 20-40 dias depois da picada
-fatal, principalmente em crianças com menos de 2 anos
-Sub-aguda
-5 meses a 1 ano de evolução
-crianças leva à morte
-Crónica
-é a mais comum
-anos de evolução
-adolescentes e adultos
-responde melhor ao tratamento
-As crianças são um grupo de risco para a Leishmaniose Visceral.
Leishmaniose Visceral (LV) como doença oportunista:
-Co-infecção com HIV
-A co-infeção de Leishmaniose visceral e HIV é um problema emergente de saúde
pública. Está em ascensão em várias zonas do globo.
-Na Europa, 70% dos adultos com LV estão associados a HIV
-A doença segue um curso crónico com frequentes reativações da infeção
-Há uma baixa esperança média de vida, com elevadas taxas de recidivas (ao fim de
12 meses 90% dos doentes apresentam uma nova infeção).
-Têm febre, esplenomegalia, hepatomegalia, pancitopenia.
-A LV e o HIV têm um efeito potenciador entre si, a LV vai aumentar a replicação do
vírus e o HIV vai aumentar a sobrevivência da LV. Tanto a LV como o HIV são intracelulares
e potenciam-se uns aos outros.
-Esta co-infeção pode progredir lentamente lembrando a spesis bacteriana.
-Têm sintomas atípicos no caso da imunodepressão ser severa: comprometimento
do aparelho gastrointestinal, pulmões, cavidade pleural e peritoneal e epiderme.
-30% dos doentes com LV/HIV morrem durante ou até 1 mês após o tratamento anti-
leishmania
-Têm uma média de vida de 12 meses.
-Apenas 16% sobrevivem mais do que 3 anos.
-Têm um mau prognóstico se não forem submetidos a terapia HAART.
Jaime Oliveira 7
Leishmanioses Dérmica Pós-Kala-Azar (PKDL)
-As pessoas que tiveram uma Leishmaniose visceral podem ter lesões cutâneas passado
algum tempo da sua cura.
-Esta leishmaniose só acontece quando foi L. donovani
-É comum na África e na Índia
-É caracterizada pelo aparecimento de lesões cutâneas após a cura aparente do quadro
sistémico
-Provoca descoloração da pele, aparecimento de nódulos cheios de parasitas por todo o
corpo, é difusa do tipo lepra.
-É de notar que isto não é uma recidiva! Uma recidiva é ter a mesma doença de novo, isto
trata-se de uma doença diferente!
Leishmanioses Cutânea:
-Há uma picada que vai
introduzir parasitas no
sangue, o nosso sistema
imune vai detetar este
parasita e vai responder
produzindo macrófagos e
outras células para
eliminarem o parasita.
-No local da picada há
necrose da epiderme que
depois será cicatrizada.
Jaime Oliveira 8
Leishmanioses Cutânea do Velho Mundo:
-A Leishmaniose Cutânea do Velho Mundo diz respeito à Europa.
-Forma Seca (urbana)
-L. tropica – Médio oriente e Índia
-L. infantum (MON24) – Sul da Europa
-O reservatório é o cão
-Tem um grande período de incubação: 2-8 meses (até 24 meses)
-Lesão seca, só forma úlceras passados vários meses
-É uma lesão única, situada na face, que pode ter cura espontânea 1-2 anos
-Pode progredir para uma forma crónica – leishmaniose recidivante que é de
difícil tratamento.
-Também é conhecido como “Botão do oriente”
-Forma Húmida (rural)
-L. major
-África do Norte, Ocidental e Orienta e Médio-Oriente
-O reservatório são os roedores
-Tem um período de incubação de 2-6 semanas (<4 meses) – mais curto
-Forma múltiplas lesões, inflamadas, localizam-se nos membros inferiores.
-Estas lesões formam úlceras rapidamente.
-As cicatrizes são inestéticas e podem ser incapacitantes.
Leishmanioses Cutânea do Novo Mundo:
Jaime Oliveira 9
Leishmanioses Cutânea Difusa (LCD):
-A LCD existe tanto no Novo Mundo como no Velho Mundo.
-Velho Mundo: L. aethiopica
-Novo mundo: L. pifanoi, L. amazonensis
-Tem uma forma anérgica com evolução mortal (não reagimos)
-Infeção na derme
-Não ataca as mucosas e não existe compromisso visceral
-Lesão cutânea inicial (úlcera primária) a partir da qual se observam lesões satélites em
todo o corpo
-Nódulos
-“Tumores” (histiocitomas)
-Pessoas que tenham uma deficiência imunológica grave não reagem ao facto de terem
leishmaniose.
Leishmanioses mucocutânea:
-É um parasita da pele e mucosas
-Não invade as vísceras
-Dão lesões cutâneas (úlceras) múltiplas e grandes
-Tem uma evolução crónica
-Chama-se de “espúndia” ou “ferida brava”
-Há uma disseminação sanguínea ou linfática do parasita:
-Invasão da mucosa oral e nasal e há uma destruição da cartilagem (nariz, palato,
maciço facial).
-Faringe e laringe são afetadas.
-A cura espontânea é muito rara
-As recidivas são muito frequentes mesmo com tratamento.
Diagnóstico:
Diagnóstico clínico:
-Onde viajou, quanto tempo esteve, há quanto tempo foi – dados epidemiológicos.
-Febre recorrente
-Características das lesões cutâneas
-Envolvimento linfohepático
-Esplenomegalia
-Caquexia
Jaime Oliveira 10
Diagnóstico Laboratorial:
-Exame parasitológico:
-Esfregaços corados com Giemsa ou Leishman
-Utilizamos material de raspados, aspirados ou biopsias
(Leishmaniose cutânea)
-Punção ou biópsia de gânglios, medula óssea, fígado ou baço. A biópsia é
menos eficaz (50%) sendo preferível punções.
(Leishmaniose visceral)
-Culturas in vitro
-Utilizamos aspirados ou punções/biopsias
-meio NNN ou meio Schneider
-Fazemos um exame microscópico (2x semana/4 semanas)
-Culturas in vivo
-Inoculação em animais
-PCR
Jaime Oliveira 11
-Exame Imunológico:
-Teste de Montenegro: é um teste intradérmico, temos um cultura de promastigotas
inativos que são injetados no antebraço (semelhante ao teste para o BCG)
-Testes serológicos:
-DAT
-ELISA
-IFI
-Western-Blot
Tratamento:
-Recorremos à quimioterapia, mas temos grandes limitações:
-Custo
-Dificuldade de administração
-Toxicidade
-Resistência
Jaime Oliveira 12
Quimioterapia por via parental:
-Eles atuam na via bioenergética do
parasita. O parasita fica sem energia e
não consegue sobreviver.
-Também atuam em proteínas com S-H
-Atuam no DNA, impedem a sua replicação
-Atua ligando-se aos lípidos da membrana
citoplasmática e ao ergosterol. A ligação do
fármaco à membrana promove a abertura de
buracos na membrana citoplasmática.
-Pode ser utilizado em terapêutica
combinada (reduz toxicidade).
Quimioterapia por via oral:
-É um anti-cancerígeno
-Atuam na síntese do ergosterol (atuam na fase de dimetilação)
Imunoterapia:
-Estão em fase experimental a Leishvacin e o Interferon-Ɣ	
	
Regimes terapêuticos:
Jaime Oliveira 13
Prevenção:
-Proteção individual:
-Evitar sair desde o anoitecer ao amanhecer
-Utilizar repelentes
-Telas de proteção
-Não há vacinação!
Controle:
-Eliminação do vetor: utilizamos inseticidas
-Identificação dos reservatórios animais
-Tratamento das pessoas infetadas
-Se uma pessoa viajar para países endémicos de LV – não pode dar sangue durante 2
anos após o regresso.
Jaime Oliveira 1
Trypanosoma cruzi:
Doença de chagas
-Distribui-se do sul do EUA ao sul da Argentina e do Chile. América do Sul
-Infeta cerca de 16-18 milhões de pessoas.
-Há uma população de risco: 100 milhões de pessoas
-Causa cerca de 13.000 mortes por ano
Reservatório:
-Tatus, Gambás, Ratos, Cães, Gatos, Macacos, Morcegos, Raposas, Coelhos.
-Há uma enorme diversidade de reservatórios, sendo de difícil controlo.
Vetores:
-O inseto transmissor da doença de chagas são os triatomíneos.
-Todos os estadios são hematófagos e transmissores!
Jaime Oliveira 2
Ciclo de vida:
-É um ciclo de vida heteroxeno. Envolve um
hospedeiro invertebrado e um hospedeiro
vertebrado.
Ciclo no homem:
-O triatomíneo fêmea (ou “barbeiro”) pica o
homem para se alimentar. Enquanto se alimenta
ele defeca e urina ao mesmo tempo, sendo que
este triatomíneo pode estar infetado com
tripomastigotas metaciclicos que são a forma
infetante para o homem.
-A picada fica próxima do local de defecação o
que permite a entrada da forma infetante.
-O parasita pode entrar na pele por via da picada
ou por via de uma lesão cutânea.
-Quando entra no corpo humano os
tripomastigotas metaciclicos vão invadir várias
células como os macrófagos do baço, do fígado, da medula óssea, células musculares
cardíacas, lisas e esqueléticas, células epiteliais e neurónios.
-O tripomastigota metaciclicos vai transformar-se em amastigota. Vai haver multiplicação
do parasita por reprodução assexuada (divisão binária) e vai haver um aumento do número
de amastigotas que vão maturar e originar tripomastigotas metaciclicos (formas com
elevada mobilidade) que vão rebentar a célula que infetada, libertando vários
tripomastigotas metaciclicos para a corrente sanguínea. Agora os tripomastigotas
metaciclicos vão infetar outras células.
Ciclo no triatomíneo:
-O triatomíneo infeta-se quando pica um hospedeiro
que tenha na corrente sanguínea tripomastigotas
metaciclicos. Agora estas formas do parasita vão
diferencia-se em epimastigotas ou esferomastigotas.
-Estas formas de transição são digeridas pelo
triatomíneo. As formas epimastigotas que sobrevivem
vão alcançar o intestino e vão-se dividir por divisão
binária e vão aderir devido ao seu flagelo às membranas
intestinais.
-Os epimastigotas soltam-se e vão para o reto. Aqui vão
diferenciar-se novamente e vão originar os
tripomastigotas metaciclicos.
Jaime Oliveira 3
Transmissão:
-Vetor: tem uma elevada importância epidemiológica
-Transfusão: importante em áreas urbanas
-Acidental: inoculação por agulha
-Transplante de órgãos
-Congénita: tem uma importância relativamente baixa porque é raro
-Ingestão: leite materno, alimentos contaminados com fezes de triatomíneos
Doença de Chagas:
Patogenia:
-Quando há rutura vai haver
disseminação para a corrente
sanguínea e linfática.
-A fase aguda pode ser
autolimitada e curar-se. Este
parasita tem preferência na
invasão de células do sistema
mononuclear macrofágico.
-Existem mega órgãos porque há
destruição da parte nervosa e os
órgãos aumentam de tamanho
para compensar isso.
-A idade média com que se adquire a doença é de 4 anos.
-85% dos casos agudos ocorrem em crianças com menos de 10anos
-O período de incubação é de 5-14 dias após a picada
-Apenas 10-30% desenvolvem doença de chagas sintomática, a maioria são
assintomáticos.
-Os são sintomáticos têm cardiopatias e só 15-20% têm mega órgãos.
Fase aguda:
-A fase aguda da doença de chagas tem vários sintomas como:
-Inflamação no local
-Existem os chagomas de inoculação
-Sinal de Romaña (10% dos casos)
-Adenopatias
-Febre
-Astenia, Cefaleia, Mialgia
Jaime Oliveira 4
-Hepatomegalia (volumosa e dolorosa)
-Esplenomegalia (moderada)
-Miocardite aguda (fatal em crianças com menos de 5 anos)
-Meningoencefalite (geralmente é fatal)
-Numa fase em que haja parasitémia (parasitas no sangue) temos um bom prognóstico
porque é uma fase com boa resposta ao tratamento.
Fase crónica:
-Temos duas formas, a forma assintomática ou a forma sintomática:
-Forma assintomática:
-Corresponde a mais de 50% dos casos.
-Caracteriza-se por:
-presença de Ac anti-T.cruzi
-ausência de tripanossomas circulantes
-ausência de sintomas de doença
-eletrocardiogramas e exames radiológicos normais
-Forma crónica sintomática:
Forma cardiopatia
-Há um longo período de incubação (10-20anos), seropositividade com
baixas/nulas parasitémias.
-Há uma elevada prevalência de alterações no ECG
-Aumento do coração e dilatação dos ventrículos
-Extensa fibrose
-Clinicamente temos:
-Insuficiências cardíacas congestiva
-Arritmias e distúrbios de condução
-Tromboembolias
Jaime Oliveira 5
Forma digestiva
-Causa megacólon e megaesófago
-Causam:
-Disfagia, refluxo gastro-esofágico
-Obstipação intestinal
-Morte
Patogenia:
Imunopatologia:
-Temos autoantigénios nas nossas células. Quando o parasita está dentro das células a
proliferar, ao rebentar as células, vamos ter na circulação sanguínea proteínas endógenas
como a ProtA que vão promover a expansão de células T efectoras contra outra células
que não estão infetadas mas que apresentam a ProtA.
-Há antígenos de T. cruzei que são responsáveis pela formação de anticorpos com reação
cruzada contra proteínas do hospedeiro- mimetismo celular
-Os anticorpos são produzidos contra o
parasita mas vão-se ligar aos recetores
B-adrenérgicos.
-Os anticorpos matam os tripomastigotas mas também vão reagir com as nossas células
nervosas, levando à sua destruição.
-Células T citotóxicas (TCD8), predominantemente no tecido cardíaco em indivíduos com
miocardite chagásica crónica.
-TCD4
-Temos a proteína B13 de T. cruzei e a Miosina cardíaca (reação cruzada)
Jaime Oliveira 6
-Há uma hipersensibilidade retardada: “IFN-gama e TNF-alfa”
-A proteína B13 é do parasita. OS CD4 vão
produzir IL-12 e INF-gama, mas os TCD4+,
por um mecanismo de hipersensibilidade
retardada em vez de reconhecerem a
proteína B13 vão passar a reconhecer a
miosina e vão atacar a miosina (que é a
proteína contráctil).
Diagnóstico Clínico:
-Temos de saber a região de precedência do indivíduo
-Se tem vivido ou pernoitado em habitação com triatomíneos
-Transfusão sanguínea
-Chagoma, sina de Romaña
-Crianças com febre, adenopatias, hepatoesplenogegalia e sintoma sintomas cardíacos.
-Jovens com arritmias e insuficiências circulatórias
Diagnóstico Laboratorial:
-Na fase aguda:
-O parasita encontra-se no sangue e na medula óssea e há formação de anticorpos
-Exame parasitológicos direto
-Serologia
-Imunofluorescência
-Hemaglutinação
-ELISA
-Na fase crónica:
-Existe baixa parasitémia, mas existem anticorpos
-Serologia
-Cultura
-Xenodiagnóstico
-PCR
Jaime Oliveira 7
Exame parasitológico:
-Utilizamos como amostras:
-Sangue
-Punção, biópsia: gânglio, medula óssea, músculo
-Exame direto: a fresco e após coloração (esfregaços e gota espessa)
-Cultura
-Inoculação em animal
-Xenodiagnóstico
-PCR
Tratamento:
-Terapêutica sintomática:
-Cardiotónicos, antiarrítmicos
-Cirurgias corretivas do esófago e do colon
Jaime Oliveira 8
-Terapêutica específica (antiparasitária)
-Benznidazol (composto imidazólico)
-Atua no DNA
-É específico da fase aguda
-O tratamento tem uma duração de 60 dias
-Nifurtimox (composto nitrofurânico)
-Aumenta o stress oxidativo pela produção de radicais livres
-O tratamento tem duração de 90 dias
-Allopurinol (experimental)
-Anti-fúngicos (experimental)
Prevenção e controle:
-Melhorar as condições de vida no campo
-Melhorar os anexos peridomiciliares
-Selecionar os dadores de sangue
-Efetuar o tratamento de pessoas infetadas
-Inseticidas (deltametrina -12 meses), vão matar o vetor biológico.
Jaime Oliveira 1
Trypanosoma brucei
Doença do sono – Tripanossomose Africana:
-Existem cerca de 300 000 casos por ano.
-Causa cerca de 50 000 mortes por ano.
-Tem uma população de risco avaliada em 60 milhões.
-África Central Ocidental – Trypanosoma brucei gambiense (doença crónica)
-África Sul Oriental – Trypanosoma brucei rhodesiense (doença aguda)
Reservatório:
- Trypanosoma brucei gambiense
-O seu reservatório é o porco.
- Trypanosoma brucei rhodesiense
-O seu reservatório são animais de caça e animais domésticos
Vetores:
-O principal vetor é a mosca Tsé Tsé, porem cada Trypanosoma tem espécies diferentes.
Jaime Oliveira 2
Ciclo de Vida:
-A mosca pica o Homem para se alimentar e vai injetar no Homem a forma tripomastigota
metaciclica que se encontra nas glândulas salivares. Eles vão transformar-se em
tripomastigotas sanguíneos, os quais se vão reproduzir assexuadamente, vão-se
multiplicar e vão invadir vários órgãos e tecidos.
-Quando a mosca se alimenta de sangue vai ingerir tripomastigotas sanguíneos. Na mosca
vão transformar-se em tripomastigotas prociclicos que vão multiplicar-se por divisão
binária e transformam-se em epimastigotas que vão migrar até as glândulas salivares da
mosca onde vão permanecer.
-Neste ciclo só temos formas extracelulares enquanto que no Trypanosoma Cruzi temos a
forma amastigota que é intracelular.
-No Trypanosoma brucei não há células invadidas.
Jaime Oliveira 3
-O período de incubação em zonas endémicas ou em Africanos é maior.
-Há pessoas que são picadas pela mosca Tsé-Tsé, têm o parasita no sangue, mas a
infeção é auto-resolvida.
-Quando eles atingem a linfa começa a sintomatologia.
-Quando atingem o encéfalo causam meningoencefalias.
-O sinal de Winterbottom aparece na fase linfática.
-No sítio da picado do mosquito aparece um nódulo inflamatório – “cancro tripanossómico”
-Na fase 1 o parasita pode andar no sangue e na linfa, enquanto que na fase 2 anda nas
meninges.
Fase 2
Fase 1
Jaime Oliveira 4
Trypanosoma brucei gambiense:
-Há uma evolução lenta – doença crónica leva meses a anos
-Temos baixas parasitémias
-Sintomas:
-Febre irregular
-Dores musculares
-Anorexia
-Cefaleias
-Sonolência diurna
-Distúrbios do sono
-Desequilíbrios psiquiátricos e neurológicos
-Coma
-Sinais:
-Há um aumento dos nódulos linfáticos
-Há hepatoesplenomegalia
-Rosto edematoso
Trypanosoma brucei rhodesiense:
-Há uma evolução rápida – doença aguda leva semanas a meses
-Temos uma elevada quantidade de parasitas no sangue
-Raras linfoadenopatias (ao contrário da doeça crónica)
-Sintomas:
-Febres e calafrios
-Cefaleias
-Confusão
-Alterações do estado de consciência
-Alterações de personalidade
-Na ausência de tratamento ocorre a morte (9 meses a 1 ano após o início da infeção)
Diagnóstico Laboratorial:
Exame Parasitológico:
-Sangue
-LCR
-Medula óssea
-Gânglios Linfáticos
-Fazemos o exame direto a fresco após a coloração por Giemsa
-Após concentração fazemos: tripla centrifugação ou leucoconcentração
-Pela análise microscópica/morfológica não se distingue as espécies.
Jaime Oliveira 5
Exame imunológico:
-Fazemos a pesquisa de anticorpos:
-LCR
-Sangue
-Imunofluorescência
-ELISA
-Há uma elevada hipergamaglobulinémia e elevados
níveis de IgM no sangue e no LCR, há uma variação
imunológica elevada!
-Se um paciente fizer uma punção medular e o
resultado for negativo, a infeção está tratada.
Tratamento:
-Só há tratamentos efetivos e seguros para a fase 1 da doença:
-A Suramina atua nas duas sub-espécies, na 1ª fase.
-Provoca uma inibição enzimática inespecífica.
-Pode levar a falência renal e neuropatias periféricas
-A Pentamidina atua apenas no gambiense, na 1ª fase
-O Melarsoprol atua nas duas sub-espécies, na 2ª fase
-É um composto derivado do arsénico, e provoca uma
inibição enzimática inespecífica.
-A Eflornitina atua apenas no gambiense, na 2ª fase
-Inibe a ODC – ornitina descarboxilase que está envolvida
na síntese de poliaminas e ácidos nucleicos.
Jaime Oliveira 6
Prevenção
-Proteção individual
-uso de roupa adequada, tela e mosquiteiros para as camas, repelentes
-Não há vacinação
Controle
-Eliminação do vetor
-remoçao dos arbustos ao longo dos cursos de água, uso de insecticidas
-Tratamento das pessoas infectadas.
Jaime Oliveira 1
Amebas:
Amebíase; Negleríase; Acantamebíase
Características das amebas:
-Protozoários que se movem por pseudópedes
-Possuem uma forma vegetativa – trofozoíto – que se multiplica por divisão binária e
uma forma de resistência – quisto.
Jaime Oliveira 2
Entamoeba histolytica / E. díspar / E. moshkovskii
Epidemiologia:
-Infeções ocorrem em cerca de 10% da população mundial
-Existem 48 milhões de casos de amebíase por ano
-40-100 mil mortes
-É a maior causa de morte parasitária a seguir à malária e à esquistossomose
-Existe nas áreas tropicais e subtropicais e também em climas frios (o quisto é resistente)
-Existem em locais onde as fezes humanas são utilizadas como fertilizantes, áreas sem
saneamento, hospitais psiquiátricos, prisões e lares
-As principais fontes de infeção são os pacientes assintomáticos e crónicos
Morfologia:
Trofozoíto:
-Forma magna, histolítica ou forma grande hematófaga
-Forma minuta ou forma pequena comensal
-É uma forma sensível, aguenta pouco tempo.
Quisto:
-Forma de resistência e infectante
-Esférico, possui 4 núcleos
Ciclo de Vida:
Jaime Oliveira 3
-Tem um ciclo de vida monóxeno
-Vamos ingerir um quisto que quando chega ao intestino vai desenquistar devido ao pH
ácido. Vai originar um trofozoíto que se vai dividir e vai colonizar uma parte do intestino.
-Se ele sair do intestino vai enquistar por vai encontrar condições adversas vai formar um
quisto. Vai ser expulso nas fezes.
-Os trofozoítos podem invadir as células da mucosa intestinal e causar necrose, que via
levar à disenteria amebiana. Pode existir sangue e muco nas fezes.
-Os trofozoítos também podem ir para os pulmões e cérebro onde formam abcessos
amebianos (ou botões de camisa).
Clínica:
-A sintomatologia depende:
-Localização do parasita no hospedeiro
-Extensão da invasão dos tecidos
Amebíase Intestinal Não-Invasiva – Assintomática:
-Ausência de sintomatologia (portadores assintomáticos)
-Parasita de baixa virulência
-Associado a baixos inóculos no hospedeiro (ingestão de baixo material parasitário)
-Sistema imunológico competente
Amebíase Intestinal Invasiva – Sintomática:
-É do tipo necrosante com úlceras na muscosa e causa Colite amebiana ou disenteria
amebiana:
-Dores abdominais, febre, diarreia, flatulência, obstipação alternada ou não com
diarreia.
-Fezes com sangue ou pus e muco
-Infeções bacterianas secundárias
-Perda de peso, anorexia, fadiga crónica, nervosismo.
Amebíase Extraintestinal – Sintomática:
-Temos vários tipos de amebíase:
-Amebíase hepática
-Abcesso hepático com ou sem pneumonia
amebiana
-Febre irregular e intermitente, com calafrios, suores,
náuseas e vómitos
-Fígado aumentado e doloroso
-Pode ocorrer icterícia
-Fraqueza e perda de peso
Jaime Oliveira 4
-Amebíase encefálica
-Amebíase cutânea
-Amebíase vaginal
-Amebíase pulmonar
-Temos vários sintomas como:
-Dispneia
-Febre
-Dores toráxicas
-Tosse
-No estádio de abcesso:
-A expetoração aumenta, pode tornar-se hemorrágica
-Vómito cor de chocolate onde raramente se encontram amebas
Diagnóstico Parasitológico:
-Utilizamos como amostras:
-Matéria fecal
-Material da sigmoidoscopia e de abcessos
-Fazemos a observação ao microscópico de preparações a fresco com e sem o soluto de
lugol e de preparações definitivas (coloração com hematoxilina-férrica).
-Identificação de quistos / trofozoítos nas fezes
-Identificação de trofozoítos nas biopsias e punções
-No exame a fresco podemos aquecer a lâmina para ver as amebas a mexerem.
-Podemos utilizar:
-Culturas
-Deteção de antigénio nas fezes
-ELISA
-EIA
-Imunocromotográficos
-PCR
Diagnóstico imunológico:
-Vamos pesquisar anticorpos no Soro:
-ELISA
-IFI
-Hemaglutinação indireta
-Na Entamoeba histolytica as IgG ficam positivas durante muito tempo. A IgM é um
indicador da resposta aguda recente que é de menor tempo porque é produzida durante
pouco tempo. Se uma IgM anti-histolytica der positivo a pessoa tem uma infeção!
Jaime Oliveira 5
Jaime Oliveira 6
Jaime Oliveira 7
Tratamento:
-Amebíase sintomática:
-Nitroimidazois- tem de ser reduzido para ter atividade
-metronidazol, tinidazol, ornidazol
-Amebíase assintomática:
-Dicloroacetamidas- impede a divisão que ocorre no lúmen intestinal
-furosemida, etofamida, cefamida
-Paromomicina
Prevenção e controlo:
-Descontaminação da agua (fervura e cristais de iodo)
-Lavagem adequada dos alimentos
-Evitar o uso de fezes como fertilizantes
-Boa higiene pessoal
-Proteção da comida das moscas e baratas
-Evitar o sexo não protegido
Jaime Oliveira 1
Protozoários:
Phylum Apicomplexa
-Têm um complexo apical
-Núcleo de um só tipo
-Ausência de cílios e flagelos
-São parasitas intracelulares obrigatórios
-Podem formar quistos
-Os estádios moveis, esporozoítos ou merozoítos, invadem as células do hospedeiro
-Têm ciclos de vida complexos:
-Reprodução sexuada por singamia
-Reprodução assexuada por esquizogonoia ou endodiogenia
Jaime Oliveira 2
-Há uma adesão do parasita às células, ele vai-se reorientar de modo a que haja uma
adesão do complexo apical às células.
-Existe ligação entre proteínas que são a AMA1-RON que vai permitir a invasão do parasita.
-As roptrias segregam material e os micronemas colocam a AMA-1 no exterior para puder
interagir com a RON e formam um complexo proteico.
-De seguida há um recrutamento de actina da célula hospedeira e o parasita começa a
invadir a célula.
Jaime Oliveira 1
Plasmodium spp:
Malária
-A malária é um problema global que afeta mais de 100 países
-Cerca de 2 biliões de pessoas vivem em áreas endémicas de malária: América central e
América do Sul, África, Índia, China, Sudeste Asiático, Oceânia.
-Existem cerca de 200-300 milhões de casos clínicos por ano
-Destes casos clínicos entre 1-3 milhões morrem, sendo que 75% são crianças (90%
África). Isto traduz-se em 3-5 crianças por minuto.
-A resistência à cloroquina é responsável pelo aumento da mortalidade (4-8vezes).
Plasmodium spp:
-É o agente etiológico da malária
-Existem cerca de 155 espécies
-Os hospedeiros vertebrados podem ser répteis, aves, roedores, macacos e o homem.
-Especificidade para o hospedeiro e vetor
-O vetor biológico é o mosquito Anopheles
-Existem 5 espécies que afetam o homem:
-Plasmodium falciparum
-Plasmodium vivax
-Plamodium malariae
-Plasmodium ovale
-Plasmodium knowlesi
Etiologia:
-Cada espécie de malária que afeta o homem causa diferentes febres:
-Plasmodium falciparum – febre terçã maligna (é o que mais mata)
-Plasmodium vivax – febre terçã
-Plasmodium knowlesi – febre terçã
-Plasmodium ovale – febre terçã
-Plamodium malariae – febre quartã
Jaime Oliveira 2
Distribuição geográfica:
-Plasmodium falciparum
-Zona tropicais e sub-tropicais
-Plasmodium vivax
-Distribuição ampla, é encontrado na maioria das regiões endémicas
-Plamodium malariae
-Zonas tropicais e sub-tropicais, semelhante à do P. falciparum
-Plasmodium ovale
-É raro, encontrado principalmente em África
Nota: O P. knowlesi tem origem nos primatas (símios), o primeiro caso reportado em humanos foi
descrito em 1965, o seu vetor é o Anopheles hackeri e o A. latens, são descritos casos graves e
óbitos e pode-se confundir morfologicamente com o P. falciparum e com o P. malariae
Transmissão:
-Podemos ter a chamada “malária importada” devido a viagens a áreas endémicas, ou a
emigrantes de zonas endémicas. Isto causou o aparecimento de Malária na Europa e nos
USA.
-Também temos o “paludismo dos aeroportos”, o mosquito pode embarcar a bordo dos
aviões durante escalas em zonas endémicas.
Vias de transmissão:
-A malária transmite-se através:
-Picada de insetos fêmea da família Culidae, do género Anopheles (é o vetor
biológico)
-Transfusão sanguínea
-Transmissão congénita (raro)
-Transplante hepático
-Por via acidental, por exemplo seringas e agulhas nos toxicodependentes.
Jaime Oliveira 3
Ciclo de Vida:
-A fêmea injeta o esporozoíto para o sangue do Homem. Este esporozoíto vai para o fígado
e vai formar um esquizonte exo-eritrocitário (esquizogonia), que depois vai rebentar a célula
hepática de onde vão sair merozoitos que vão para a corrente sanguínea.
-Na corrente sanguínea os merozoitos vão aderir, vão-se reorientar e vão invadir os GV.
Dentro dos GV vão desenvolver-se e vão originar trofozoítos em forma de anel que vão
amadurecer até darem esquizontes eritrocitários e vão rebentar o GV-
-Quando rebentam o GV vão sair merozoitos que vão novamente infetar os GV e assim se
completa o ciclo.
-Na fase A (fase exo-heritocitária / fase hepática) não há sintomas.
-Na fase B (fase eritrocitária) há sintomas, o pico febril começa quando rebentam os GV.
-A fase A e B são fazes assexuadas.
-Paralelamente, ao fim de algumas esquizogonias (processo de reprodução assexuada no
qual uma célula se fragmenta e origina várias outras) vão ser formados os percursores dos
gâmetas (7) de seguida há formação dos gametócitos masculinos e femininos
(gamecitogénese- génese das células percursoras dos gâmetas, no nosso sangue apenas
se encontram os percursores dos gâmetas.).
Jaime Oliveira 4
-No mosquito só há continuidade para os gametócitos. O mosquito quando se alimenta do
nosso sangue vai adquirir gametócitos.
-Os gametócitos no intestino do parasita vão desenvolver-se e vão originar gâmetas
femininos e gâmetas masculinos.
-O microgametócito sofre uma exflagelação. Temos agora macrogametóctios e
microgametócito exflagelados.
-O microgametócito exflagelado vai entrar no macrogametócito e vai ser fecundado, forma-
se o oocineto.
-O oocineto tem mobilidade e tem capacidade invasora das células do estomago do
mosquito e vai formar um ooquisto.
-Dentro do ooquisto vai haver esporogonia, vai haver formação de esporozoítos que depois
vão migrar para a glândula salivar e vão ser libertados quando a fêmea se alimenta.
-Os ooquistos têm membranas muito frágeis, não precisam de ser resistentes, eles só vão
libertar os esporozoítos.
-O ciclo C é a esporogonia porque se formam esporogonias.
-Gametogonia- formação dos gâmetas
-Gametocitogénse- formação dos gametócitos
-Aqui o hospedeiro é infetado pela injeção de saliva, não necessita de entrar sangue
no estômago.
Merozoítos:
-Existem várias proteínas de superfície e nos organelos apicais dos merozoitos que
medeiam o reconhecimento e a invasão do GV.
- A EBA-175 e EBA-140 existem
nos micronemas.
-A MSP-1 é uma proteína de
superfície que é muito importante
para a invasão celular.
-Por exemplo, a RON-1 é uma
proteína que faz a chamada da
miosina que promove a entrada
do parasita na célula.
Jaime Oliveira 5
Degradação da hemoglobina e o vacúolo digestivo:
-O parasita precisa de utilizar a
hemoglobina para se multiplicar.
A malária não se transmite de
forma congénita porque a
hemoglobina fetal não serve ao
parasita.
-O parasita vai entrar no GV e vai
formar um vacúolo parasitóforo.
Neste vacúolo existe um pH
ácido.
-Este pH acido é fundamental
para a degradação de
hemoglobina.
-No vacúolo digestivo existem protéases (protéases aspárticas: plasmepsinas I, II, III;
protéases da cisteína: falcipainas; Metalo-proteases: falcilisina) que vão fragmentar a
hemoglobina. Vamos ter fragmentos de globinas que, por ação das metalo-proteases, vão
originar peptídeos e depois as aminopeptidases vão degradar os peptídeos em peptídeos
de menor tamanho que vêm para o exterior com custo de ATP.
-No citoplasma existem outras aminopeptidases que vão originar os aminoácidos que são
essenciais para que o parasita sobreviva.
-Assim a hemoglobina é muito importante na sobrevivência do parasita, alterações a nível
da hemoglobina dão resistência, por exemplo uma anemia falciforme.
Malária:
-A malária pode ser conhecida como:
-Paludismo, impaludismo, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã
maligna, febre quartã.
-No brasil é conhecida por maleira, sezão, tremedeira, batedeira ou febre palustre.
-A malária é caracterizada por:
-É uma doença infeciosa febril aguda, causada por um protozoário unicelular do
género Plasmodium caracterizado por ser acompanhado de calafrios, suores, cefaleias
que ocorrem de forma cíclica dependendo das espécies do parasita infetante.
-O período de incubação depende da espécie:
Jaime Oliveira 6
-O inicio da doença
-Cerca de 2-3 dias antes do 1º acesso febril temos dores de cabeça, fadiga, dores
musculares e ósseas, náuseas e anorexia (sintomas de gripe).
-Os acessos febris (ou acesso palustre ou malárico)
-São episódios periódicos febris alternando com períodos sem sintomatologia
-Inicialmente a febre pode ser irregular (assincroonia da esquizogonia)
-Causa Esplenomegalia, hepatomegalia e anemia no progresso da infeção.
-Trombocitopenia e nefrite
-Problemas neurológicos
Acesso malárico simples (palustre simples):
-Os 1º sintomas do ciclo
eritrocitário são:
-Arrepios
-Febre (a temperatura
sobe durante 3-8 horas,
máx:40-42ºC)
-Suores profusos,
diminuição da febre e estado
de fadiga
-Estes acessos febris podem
durar entre 6-13 horas.
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Acesso pernicioso:
-Causa:
-Febre 40-41ºC
-Anemia
-Icterícia
-Hemoglobinúria
-Insuficiência renal aguda
-Insuficiência pulmonar aguda
-Problemas neurológicos – malária cerebral (pode dar convulsões que dão ataques
parecidos com epilepsia e que podem ser semelhantes a meningoencefalites).
-Estes acessos perniciosos nas crianças e adultos não imunes dão morte no espaço de 3
dias.
-No entanto, sob tratamentos rápidos os problemas desaparecem normalmente sem
sequelas.
-As crianças podem ficar com algumas sequelas, nomeadamente problemas neurológicos
residuais
Malária grave em lactentes e crianças:
-Nos primeiros meses de vida não é afetado porque tem a imunidade passiva recebida da
mãe.
-1 ano- há 80-90% de incidência parasitária
-Nos primeiros 5 anos de vida – grave e fatal
-Taxa de mortalidade máxima nos primeiro 2 anos de vida
-A partir dos 5 anos de vida há um elevado nível de imunidade (75% parasitémias
assintomáticas).
Malária grave em Grávidas:
-Morte
-Pré-eclâmpsia e eclâmpsia (o bebé é tóxico para a mãe)
-Toxemias nefríticas
-Hipoglicémia
-Aborto, morte fetal, prematuridade, sofrimento fetal
Malária cerebral:
-Responsável por 80% das mortes
-Os sintomas podem variar consideravelmente, normalmente sugere uma encefalite ou de
meningite, outras vezes alcoolismo, tétano, epilepsia.
-Pode causar encefalopatias difusa com perda de consciência
Jaime Oliveira 8
-O acesso pode ser rápido ou gradual
-Confusão mental
-Não há resposta a estímulos de dor, visuais ou verbais
-Convulsões
-Coma e Morte
-A citoaderência é um grande problema da malaria cerebral! Como há zonas de isquémia,
vão existir problemas circulatórios o que provoca bloqueios!
-Num vaso sanguíneo se existir um bloqueio, vai haver isquémia, os GV não vão permitir a
passagem de sangue porque se acumularam. Isto é grave a nível cerebral a nível da
microvasculatura.
-Há uma aderência dos GV parasitados ao
endotélio.
-Os GV parasitados têm uma composição
diferente dos GV não parasitados.
-As proteínas do parasita são exportadas
para a superfície da membrana do GV.
-Estas proteínas do parasita vão interagir
com as células endoteliais.
Patofisiologia:
-O GV vai interagir com o endotélio através do PfEMP-1 e ICAM-1. Esta ligação vai fazer
que dentro da célula endotelial haja um aumento da produção de NO. Este NO é tóxico e
está envolvido na apoptose das células endoteliais.
Jaime Oliveira 9
-Além de matar as células endoteliais vai fazer com que haja um aumento da expressão do
recetor ICAM-1 nas células endoteliais.
-A interação entre estes dois recetores vai levar à morte celular e ao aumento da expressão
do recetor-> isto é problemático porque cada vez vai haver maior aderência de parasitas.
-Vai haver um aumento do número de plaquetas (estão relacionadas com os processos de
apoptose). Há um recetor, que é o CD-36 que vai levar à produção de TGF-B1 que leva à
apoptose da célula.
-A interação de linfócitos, via IL-10, com os monócitos promove a sua ativação com
consequente libertação de NO, TNF e INF-Ɣ.	Isto vai levar a alterações nas células.
-Os linfócitos têm um efeito direto e citotóxico, promovem a morte celular, há rutura da
BHE.	
Imunopatologia:
-Há anemia devido à destruição dos GV dos parasitas
e dos GV normais!
-O GV quando está infetado vai rebentar e vamos ter
menores quantidade de hemoglobina.
-No caso A, temos o GV com o parasita, forma-se o
esquizonte que vai rebentar e vão libertar antigénios
solúveis. São detetados pelas células do sistema
imune.
-No caso B, temos o GV com o parasita envolvido por
anticorpos. Os anticorpos estão a opsonizar o GV e
assim facilitam a sua fagocitose.
-No caso C, temos GV sem parasita que são
envolvidos por anticorpos que são destruídos pelas
células. Estamos a produzir auto-anticorpos que vão
destruir GV saudáveis.
-O facto de os GV parasitados rebentarem não explica a anemia porque há uma renovação
dos GV. A anemia provocada por esta parasitose é muito grave, porque há vários
mecanismos adjacentes a ela (ver esquema).
-Temos vários GV parasitados e vários GV não parasitados a serem destruídos!
-Os antigénios solúveis levam a um aumento dos níveis de TNF, o TNF vai inibir a medula
óssea de produzir novos GV.
-Esta situação é grave no P. falciparum porque ele parasita cerca de 50% dos GV.
Jaime Oliveira 10
-Esta resposta imune do hospedeiro causa:
-Esplenomegalia (há um aumento do baço, na infeção há produção de um número
elevado de imunoglobulinas, há produção em larga escala, e vai sobrecarregar o baço, dai
o seu aumento).
-Temos células B esplénicas
-Existe IgM no soro, e Anticorpos específicos.
-Complicações renais
-Há deposição de complexos Ag-Ac no glomérulo.
-Ocorre com mais frequência no P. malariae
Diagnóstico Clínico:
-Sintomas: arrepios, febre, suores, dores de cabeça (acessos palustres)
-Febre com carácter intermitente (periodicidade de 48-72H)
-Residência ou procedência de zona endémica de malária
-História clínica anterior semelhante
-Esplenomegalia
-Anemia
-Mas há uma resposta favorável e rápida a fármacos anti-maláricos
Diagnóstico Laboratorial:
-Esfregaço sanguíneo
-Fazemos a observação microscópica do parasita no sangue periférico
-Deteção de antigénios parasitários
-Deteção de DNA parasitário
-Deteção de anticorpos
-Recolha de informação sobre o doente:
-Onde esteve?
-Já teve malaria? Qual espécie de Plasmodium?
-Que profilaxia utilizou? (porque pode atrasar os 1ºs sintomas)
-Fez alguma transfusão de sangue?
-Houve risco de transmissão por picada de agulha?
-Na altura da colheita estava com febre?
-A febre tem tido periodicidade?
-A observação ao microscópio é feita com recurso a coloração por Giemsa.
-Podemos fazer o teste da gota espessa, dando + ou –
-O esfregaço sanguíneo permite distinguir a espécies, grau de parasitémia e as várias
formas do parasita.
Jaime Oliveira 11
Formas sanguíneas:
Jaime Oliveira 12
Jaime Oliveira 13
Deteção de antigénios parasitários:
-Realizam-se testes de diagnóstico rápido (TDRs) – Testes imunocromatográficos
Diagnóstico molecular – PCR
-É específico para cada espécie
Tratamento da Malária:
-Destruição de 3 formas parasitárias:
-O esquizonte hepático não tem
sintomatologia, é essencial
eliminar porque ele vai libertar
merozoitos que vão para o GV.
-No esquizonte eritrocitário já
temos sintomas.
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-4-aminoquinolina:
-Temos a cloroquina e amodiaquina
-A cloroquina era o fármaco de excelência porque atua em todas as espécies de
Plasmodium, mas não atua no gametócito do Plasmodium falciparum.
-Atua na degradação da hemoglobina. Impede que o parasita utilize a hemoglobina.
-Apesar de existirem resistências, se a sua utilização cessar verifica-se que os
parasitas ficam sensíveis à cloroquina passado algum tempo.
-8-aminoquinolinas:
-Temos a primaquina
-Atua no esquizonte hepático
-Evita as recidivas do Plasmodium Ovale
-Inibidores DHFR e DHPS
-Inibem a síntese do ácido fólico e inibem a síntese de DNA.
-São inibidores da replicação de DNA
-Estas enzimas são diferentes das nossas, portanto a utilização destes fármacos não
interfere com as nossas células.
-Artemisinina
-É um sesquiterpeno extraído da planta Artemisia annua L. originária da china,
utilizado na medicina tradicional chinesa há mais de 2000 anos.
-Foi isolado pela primeira vez em 1972
-Tem vários derivados como o: artemeter, artesunato, arteter e artelinato
-O grupo peroxido é o
responsável pela sua ação.
-Podem formar-se radicais
livres que podem alquilar
proteínas, etc...
Qual a terapêutica indicada?
-A terapêutica muda consoante a espécie.
-No caso do Plasmodium falciparum varia consoante a parasitose seja complicada ou não
complicada. Uma malária complicada tem sintomas mais graves, há o envolvimento de
órgãos (ex: malária cerebral).
-Recomenda-se a utilização de terapêuticas combinadas.
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Tratamento da Malaria não complicada – P. falciparum:
-A malária não complicada não afeta os órgãos, mas tem os acessos febris.
-Podemos utilizar uma terapêutica:
-Terapêutica combinada baseada em não-artemisina:
-Sulfadoxine-pyrimethamine plus chloroquine (SP+CQ)
-Sulfadoxine-pyrimethamine plus amodiaquine (SP+AQ)
-Terapêutica combinada baseada na artemisina:
-Dentro desta terapêutica existem duas opções:
-Áreas sem resistência:
-Artesunate plus amodiaquine (AS+AQ)
-Artesunate plus sulfadoxine-pyrimethamine (AS+SP)
-Áreas com resistência:
-Artesunato plus mefloquine (AS+MQ)
-Artemether plus lumefantrine (AL)
-Dihydroartemisinin plus piperaquine
-Terapêutica para a Malária nas Grávidas:
-Depende do trimestre da gravidez:
-1º trimestre:
-Quinica, chloroquine, clindamycin and proguanil
-2º e 3º trimestre:
-Derivados da artemisina, mefloquina em monoterapia,
sulfadoxine-pyrimethamine, clindamycin-quinine
-De notar que não podemos utilizar primaquine anda tetracyclines na
gravidez!
-Terapêutica para viajantes que regressam a países sem Malária:
-Atovaquone + proguanil
-Artemther + lumefantrine
-Dihydroartemisinin + piperaquine
-Quinine + doxycycline + clindamycin
Tratamento da Malaria complicada – P. falciparum
-Esta malária mata e pode afetar vários órgãos (ex: malária cerebral).
-Temos Artesunato (parental) ou Arthemeter (parental) ou Quinine (parental).
-A cloroquina por via parental não é recomendada.
-A sulfadoxine-pyrimethamine por via intramuscular não é recomendada.
Jaime Oliveira 16
Tratamento da Malaria - P. vivax, P. ovale ou P. malariae
-Se estas espécies não desenvolveram resistência utilizamos preferencialmente
Cloroquina.
-Para uma cura eficaz do P. vivax e do P. ovale devemos utilizar Cloroquina + Primaquina.
Esta combinação vai atuar no esquizonte nas formas hepáticas! É especialmente
importante nestas espécies porque por vezes elas ficam em formas latentes no fígado!
-Para P. vivax que seja resistente à cloroquina damos Amodiaquine, mefloquina e
quinina.
-Quando temos malária severa causada por P. vivax devemos
utilizar o mesmo tratamento que fazemos para a malária
severa e complicada do P. falciparum. (A malária do P. vivax
pode ser tão grave quanto a do P. falciparum).
-O P. vivax pode causar sintomas clínicos de largo espectro,
podendo afetar apenas um órgão ou vários órgãos.
Prevenção da Malária em viajantes:
-Não existem vacinas disponíveis (mas já existem vacinas em fase clínica)
-Proteção contra a picada dos mosquitos
-Medicação preventiva
-A quimioprofilaxia não é 100% eficaz
Jaime Oliveira 17
Controle da malaria:
-Reduzir o contacto homem-mosquito
-Reduzir o vetor
-Modificação ambiental
-Larvicidas / insecticidas
-Reduzir o reservatório do parasita
-Diagnóstico e tratamento
-Profilaxia terapêutica
Jaime Oliveira 18
Jaime Oliveira 1
Resistência aos antimaláricos:
Malária:
-Se um mosquito injetar 10 esporozoítos vamos ter 10 esquizontes (cada esquizonte tem
cerca de 10 000 merozoítos) então vamos ter entre 100 000 e 300 000 merozoítos na
corrente sanguínea.
-Esta quantidade de merozoítos pode encontrar níveis residuais de antimaláricos no
sangue provenientes de tratamentos anteriores! Podem criar resistências!
-Estes merozoítos vão invadir os GV e recomeçam o ciclo. São necessários pelo menos 3
ciclos assexuados para que apareçam os sintomas.
-Em países com população imune são necessários mais 2 ciclos para aparecerem
sintomas. A população imune existe em países de elevada transmissão.
-Zonas de baixa transmissão -> menos de 3x por ano
-Zonas de alta transmissão -> ocorrem infeções ao longo da vida do hospedeiro
Controlo da Malária:
-Podemos atuar:
-No vetor (fêmea do mosquito anopheles):
-Podemos remover os locais de reprodução (poças de água, riachos),
podemos utilizar inseticidas e podemos prevenir o contacto com os humanos através
do uso de repelentes, redes mosquiteiras, etc.
-O problema na atuação do vetor é a resistência dos mosquitos aos inseticidas
utilizados.
Jaime Oliveira 2
-Tratamento:
-Utilizamos antimaláricos que vão atuar nas diferentes formas do ciclo de vida.
-O problema reside no aumento da resistência aos antimaláricos
-Vacina:
-Ainda não existem vacinas disponíveis
-Há vacinas experimentais como a RTS,S/AS01 (P. falciparum)
Resistência dos mosquitos aos inseticidas:
-Os inseticidas são um meio eficaz de controlar a disseminação da Malária. No entanto, os
mosquitos reproduzem-se rapidamente podendo haver disseminação elevada de
resistências contra os inseticidas.
-Os mais utilizados são os piretoides, no entanto apresentam algumas resistências já
reportadas. São seguros e baratos. Estão aprovados pela OMS para utilizar nas redes
mosquiteiras.
Resistência dos parasitas aos antimaláricos:
-A terapêutica combinada desacelera a emergia da resistência.
-A primeira escolha no tratamento são os ACT (terapêuticas combinadas de Artemisinina
ou derivados).
-Estas espécies já são resistentes a alguns dos fármacos disponíveis no arsenal
terapêutico.
Jaime Oliveira 3
Fracasso do tratamento:
-O fracasso terapêutica está relacionado com a resistência aos antimaláricos, mas não
quer dizer que o fármaco seja ineficaz, pode haver outros fatores que condicionem o
sucesso como uma dose incorreta, uma fraca adesão à terapêutica, a qualidade do
fármaco, possíveis interações com outros fármacos e variações individuais.
Resistência aos antimaláricos:
-Tem muitas causas:
-Uso indevido
-Alterações genéticas
-Custo biológico do mecanismo de resistência: é o gasto energético que o parasita
tem de ter para manter aquele mecanismo.
-Elevada parasitémia
Emergência da resistência aos antimaláricos:
-A emergência aos antimaláricos contempla duas fases:
1)Evento genético inicial
2)Seleção
-Há um evento genético inicial que cria uma população que é resistente ao fármaco. Este
evento ocorre independentemente da presença do fármaco!! O fármaco é importante na
seleção!
-Depois deste evento genético vai haver seleção de parasitas. A seleção dos parasitas é
condicionada por vários fatores como a imunidade, as resistências cruzadas e fármacos
com eliminações longas.
-Na seleção do parasita, é mais provável que ocorra seleção da resistência em zonas de
baixa transmissão porque não existe imunidade ao parasita, ele pode desenvolver-se
melhor e selecionar a população que é resistente ao fármaco.
Jaime Oliveira 4
-Podem ocorrer mecanismos de resistência cruzada se o mecanismo de resistência de um
antimaláricos for semelhante ao novo fármaco. Pode nunca haver contacto com o novo
fármaco, mas o parasita é resistente!
-Estes fatores culminam numa pressão seletiva que vai matar as formas sensíveis,
sobrevivendo as formas resistentes!
-De seguida há disseminação da população resistente, que depende do número de
gametócitos com o gene de resistência.
Base molecular:
-Os mecanismos de resistência aos antimaláricos estão relacionados com mutações em
genes ou com amplificações da cópia do número de genes.
-As alterações genéticas estão relacionadas com:
-Alvos terapêuticos
-Bombas de influxo/efluxo
Resistência a Cloroquina (CQ):
-A cloroquina tem um baixo custo, é eficaz e segura,
no entanto têm aparecido resistências nos últimos
anos.
-Atualmente há uma resistência em todas as áreas
endémicas em P. falciparum e uma resistência
crescente em P. vivax.
Mecanismo de ação da cloroquina:
-O Plasmodium para adquire
energia através da degradação
da hemoglobina.
-O parasita ao degradar a
hemoglobina vai formar
aminoácidos e o grupo heme,
no entanto este grupo heme em
grandes concentrações torna-
se toxico para o parasita!
-O parasita desenvolveu
mecanismos de proteção, ele
vai polimerizar o heme e vai
formar biocristais inertes de
hemozoína.
Jaime Oliveira 5
-A cloroquina vai atuar na via de degradação do grupo heme.
-A cloroquina é uma base fraca que circula no sangue com carga neutra o que permite que
permite fluida livremente entre membranas. Ela entra por difusão no vacúolo, mas como
aqui o pH é acido, a cloroquina vai ficar protonada (carregada positivamente) e não vai
conseguir sair do vacúolo.
-A cloroquina vai-se ligar a alguns monómeros do heme e vai impedir a sua polimerização,
vamos ter muitos grupos heme acumulados na célula que o parasita não vai conseguir
remover. Vai haver lise do parasita e do GV.
-A cloroquina também pode levar à inibição da degradação da hemoglobina, a presença
de cloroquina no vacúolo digestivo impede a entrada de enzimas que são necessárias para
a degradação da hemoglobina. Como a cloroquina é uma base, vai aumentar o pH do meio
o que vai inativar certas enzimas que iam degradar a hemoglobina. Assim não há
fornecimento de energia ao parasita e ele morre.
- A cloroquina atua nas formas sanguíneas:
-Esquizonticida hemático e gametocitocida
-Não atua no gametócito P. falciparum
Mecanismo de resistência da cloroquina:
-A resistência ocorre no gene pfcrt.
-A lisina (carga +) na posição 76 vai ser
substituída por uma tirosina (carga
neutra).
-Esta mutação permite que haja o
transporte da cloroquina que se escontra dentro do vacúolo para fora do vacúolo.
-Esta mutação dá níveis moderados de resistência à cloroquina.
-Podem ocorrer mutações no gene
MDR1.
-Esta mutação vai afetar o transporte
da cloroquina para o interior do
vacúolo que é o seu local de ação
-Tanto a mutação 1 como a mutação 2 vão afastar a cloroquina do seu local de ação.
-A mutação no gene pfmrp vai fazer
com que a cloroquina saia do parasita
Jaime Oliveira 6
Fitness:
-O Fitness está relacionado com o custo biológico. O custo biológico é o custo energético
que a célula tem para manter o mecanismo de resistência.
-Quanto maior o custo biológico menor o fitness.
-Quanto maior o custo biológico menor a taxa de crescimento do parasita porque
não tem energia disponível para tal
-Quando existe uma mutação há um consumo adicional de energia para a manter:
-Se o parasita estiver na presença de um antimalárico, esta mutação é vantajosa, ele
pode manter esta mutação.
-Se o parasita não estiver na presença de um antimalárico, está apenas a perder
energia para manter uma mutação que não precisa. Aqui a seleção natural vai atuar no
sentido de remover esta mutação visto que não é precisa e está a prejudicar o parasita do
ponto de vista energético.
-Um parasita que é resistente tem um fitness inferior ao não resistente.
-Uma célula com uma mutação que consome muita enérgica tem baixo fitness.
-O fitness pode ser avaliado a partir de observações clínicas.
-Verifica-se que quando se remove a cloroquina, há uma diminuição da resistência, porque
há uma diminuição da mutação, o que vai permitir reintroduzir o fármaco mais tarde para
o tratamento.
-A remoção da pressão seletiva exercida pelo antimalárico permite a reemergência dos
parasitas sensíveis.
Resistência à Sulfadoxina-pirimetamina (SP):
Jaime Oliveira 7
Mecanismo de ação da Sulfadoxina-pirimetamina:
- A sulfadoxina é um
esquizonticida hemático,
apenas tem ação a nível
hemático.
-A pirimetamina é um
esquizonticida tecidular.
-A sua combinação tem
ação em todas as formas
assexuadas.
-São antifolatos. Vão inibir
a síntede do ácido fólico
que é essencial na síntese
de aminoácidos e ácidos
nucleicos.
-A sulfadoxina vai inibir a ação da DHPS (dihidropteruato sintetase)
-A pirimetamina vai inibir a ação da DHFR (dihidrofolato redutadse)
-A combinação destes dois fármacos vai culminar em níveis reduzidos de tetrahidrofolato
reduzido que é um cofator essencial na produção das pirimidinas. Havendo baixos níveis,
vai haver menor produção de pirimidinas. Vamos inibir a replicação do DNA que vai inibir
a divisão celular do Plasmodium, impedindo o seu crescimento.
Mecanismo de resistência da Pirimetamina:
-Há uma aquisição sequencial de mutações que leva a um
decréscimo gradual da sensibilidade do antimalárico.
-Ocorre uma mutação no gene dhfr que codifica a DHFR.
-No P. falciparum as mutações ocorrem com uma certa ordem.
-A 1ª mutação não vai afetar a suscetibilidade ao fármaco.
-Aquando da 2ª e da 3ª mutação já vai haver resistências ao fármaco, mas ainda há ação
clínica.
-A 4ª mutação dá uma resistência total ao fármaco.
-Estas mutações no gene do P. falciparum ocorrem perto do centro ativo da enzima. Assim
a Pirimetamina perde a sua complementaridade, deixa de haver ligação, não há efeito do
fármaco.
-No P. vivax também ocorrem estas
mutações, mas em posições diferentes.
Jaime Oliveira 8
Mecanismo de resistência da Sulfadoxina:
-Na resistência à sulfadoxina há uma mutação no
gene dhps que codifica a DHPS.
-Estas mutações ocorrem perto do centro ativo da enzima. Assim a Sulfadoxina perde a
sua complementaridade, deixa de haver ligação, não há efeito do fármaco.
Resistência à Mefloquina (MQ):
Mecanismo de ação da Mefloquina:
-A Mefloquina é uma base mais fraca do que a cloroquina.
Em condições fisiológicas circula com carga positiva
(monoprotonada) pelo que, como tem carga +, não consegue
entrar por difusão passiva no vacúolo digestivo.
-A Mefloquina vai formar complexos com o grupo heme que
vão ser tóxicos para o parasita e vai levar à lise do parasita e
do GV.
-A Mefloquina vai atuar na via de desintoxicação do heme no
vacúolo digestivo e vai inibir o influxo de solutos para dentro
do VD.
-Existe outro alvo da Mefloquina fora do VD mas não
sabemos qual é.
-A Mefloquina é um esquizonticida hemático (forma sanguínea hemática).
Mecanismo de resistência da Mefloquina:
-O mecanismo de resistência está associado a uma amplificação do
gene pfmdr1. Vai haver um aumento do número de cópias deste gene.
-Este gene codifica um transportador que se encontra na membrana do vacúolo digestivo,
vai haver uma sobrepressão do transportador. Vai haver um efluxo enorme de Mefloquina
para o interior do vacúolo digestivo.
-Estamos a afastar a Mefloquina do seu local de ação principal (outro alvo no citoplasma).
-Esta amplificação ocorre no gene wild-type.
-É um evento relativamente frequente visto ser mais fácil
fazer amplificações do que mutações.
Jaime Oliveira 9
Fitness:
-Fazendo uma co-cultura de parasitas
com diferentes números de cópias do
gene pfmdr1 na ausência da Mefloquina
verifica-se que o número de cópias do
gene é estável em monocultura, ou seja,
múltiplas cópias do gene representam
um menor fitness do parasita.
-Manter um número elevado de cópias
representa um custo biológico, sendo
que um parasita com mais cópias tem um
fitness inferior.
-Verifica-se que com o passar do tempo o número de cópias tende a estabilizar, isto é
possível porque as cópias do gene são estáveis. Se as cópias do gene do parasita não
fossem estáveis o parasita tinha capacidade de desamplificar o número de cópias.
Resistência aos derivados da Artemisinina (ART):
-Temos o Artesunato, Artemeter e a Dihidroartemisina.
-Houve uma emergência na resistência na fronteira do Cambodja-Tailândia.
-Não se verifica uma disseminação da resistência, mas sim o aparecimento de casos
independentes.
-A resistência aos derivados da Artemisina reflete-se num atraso da clearance do parasita,
há um atraso na eliminação do parasita, é uma resistência parcial.
Mecanismo de ação dos derivados da Artemisinina:
-A ponte endoperóxido tem de ser ativa
para que este fármaco tenha atividade.
-Este fármaco é ativado pela clivagem da
ponte endoperóxido promovida pelo ferro
na forma reduzida que vem da degradação
da hemoglobina dentro do vacúolo.
-O ferro ao clivar a ponte endoperóxido
vai formar radicais livres que vão poder
interagir com proteínas, elas vão ser
alquiladas. Vai haver uma desregulação
do metabolismo do parasita, que vai
levar a danos celulares e à morte do
parasita.
-Este fármaco é mais ativo nos trofozoítos maduros (é um esquizonticida hemático) porque
é nesta faze que há maior importação de hemoglobina para dentro do vacúolo digestivo.
Vai haver mais ferro livre para ativar mais moléculas.
Jaime Oliveira 10
Mecanismo de resistência dos derivados da Artemisinina:
-O gene K13 é
um regulador
da qualidade
proteica e está
envolvido em
processos de ubiquitinação (marcação
de proteínas com que vão ser
degradadas no proteossoma).
-Quando há uma mutação neste gene
deixa de haver a possibilidade da adição
de moléculas de ubiquitina. Não há
destruição celular!
-A destruição de proteínas no ciclo celular é
essencial para que a célula tenha uma divisão
celular controlada.
-Esta destruição é essencial, mas não havendo
ubiquitinação de proteínas não há destruição
das mesmas.
-Se não há destruição das proteínas o parasita
não se consegue desenvolver, vai entrar num
estado de dormência. Nos mutantes K13 há um bloqueio da divisão celular. O parasita
neste estado de dormência permanece na forma de trofozoíto que é menos suscetível aos
derivados da Artemisinina.
-AS mutações alteram a sua função e impedem a ligação do substrato ao domínio kelch,
os níveis de ubiquitinação vão estar diminuídos e vai haver um bloqueio da divisão celular:
vão ficar no estadio de anel prolongado e o ciclo celular é mais longo. Há um atraso no
crescimento porque os parasitas entram num estado de dormência.
-Estes genes não estão fortemente relacionados com a
resistência à Artemisinina, podem contribuir para a
diminuição da suscetibilidade, mas não são os principais
responsáveis.
-A utilização de terapêutica combina é uma boa solução para
diminuir a emergência da resistência.
-A grande maioria dos parasitas morrem devido aos
derivados da Artemisinina enquanto que os parasitas
residuais morrem devido à ação do outro fármaco
administrado paralelamente.
Jaime Oliveira 11
Resistência à terapêutica combinada de Artemisinina (ACT):
Dihidroartemisinina + piperaquina (DHA-PQ):
-É a combinação mais utilizada
-É a primeira linha de tratamento para a malária não complicada
-Houve uma emergência da resistência no Cambodja em 2010
-Houve disseminação da resistência na Tailândia, Laos e Vietnam em 2013
Mecanismo de ação da Dihidroartemisinina + piperaquina (DHA-PQ):
-O mecanismo da ação da Dihidroartemisinina está descrito na
página 10.
-A piperaquina tem vários grupos N que são passíveis de serem
protonados. A piperaquina vai acumular-se no vacúolo digestivo
(é o seu local de ação) e vai bloquear a proteólise da hemoglobina
e inibe a polimerização do heme, não se vai formar hemozoína e vão ficar grupos heme
livres nas células que são tóxicos para o parasita.
-A piperaquina é eficaz contra estirpes de Plasmodium
que são resistentes à cloroquina porque a piperaquina é
de maiores dimensões, vai inibir o efluxo do vacúolo
digestivo.
-Quando há resistência há cloroquina há um
transportador que a transporta para fora do seu local de
ação, mas como a piperaquina é maior, não vai conseguir
passar por esse transportador, portanto fica dentro do
vacúolo. Isto também explica o facto de haver poucas
resistências cruzadas.
Mecanismo de resistência da Dihidroartemisinina + piperaquina (DHA-PQ):
-O gene plasmepsin 2-3 codifica protéases que são hemoglobinases,
que participam na degradação da hemoglobina.
-Vai haver amplificação deste gene.
-Se vamos ter amplificação deste gene, vai haver maior degradação
da hemoglobina, como temos muita degradação da hemoglobina, vamos ter muita
formação do grupo heme. Não vamos ter antimalárico suficiente para impedir a
polimerização do grupo heme, sendo assim fica algum grupo heme disponível para formar
hemozoína.
-Vão deixar de haver grupos hemes livres e vai haver diminuição da resistência.
-A amplificação do gene promove o aumento do número de aminoácidos disponíveis para
a síntese proteica e para a formação de hemozoína.
Jaime Oliveira 12
-O gene pfcrt codifica um transportador da membrana do VD. Quando há resistência este
transportador vai levar à saída da cloroquina para fora do VD, vai remover a cloroquina do
seu local de ação.
-Se existir uma mutação na posição 101 vai haver suscetibilidade à cloroquina, o
transportador não mete a cloroquina para fora do VD e assim ela pode exercer a sua ação,
no entanto o transportador ganha capacidade de transportar para o exterior a piperaquina.
Abordagens no combate à resistência aos antimaláricos:
1-Prevenir o desenvolvimento das resistências:
2-Reagir à resistência:
Jaime Oliveira 13
3-Reagir à resistência clínica total:
Jaime Oliveira 1
Toxoplasma gondii
Toxoplasmose
-O Toxoplasma gondii foi descrita pela 1ª vez em 1908 no Brasil e no Norte de África.
-A toxoplasmose foi descrita como sendo uma doença que causa quisto oculares e pode
ter origem congénita (passar da mãe par ao filho).
-A toxoplasmose está muito ligada a sintomas neuro-oculares.
Epidemiologia:
-O toxoplasma gondii é o agente etiológico da toxoplasmose.
-É um parasita intracelular obrigatório
-A toxoplasmose é uma antropozoonose cosmopolita.
-A prevalência de infeção na população aumenta com a idade.
-Seroprevalência de 50-60% da população mundial (OMS).
-O seu reservatório são mamíferos e aves.
-O hospedeiro definitivo é o gato doméstico.
-É um parasita oportunista em indivíduos imunodeprimidos.
Morfologia:
Taquizoíto:
-Forma invasiva resultante da reprodução assexuada
-Observa-se durante a fase aguda da infeção
-Multiplica-se rapidamente nas células nucleadas dos
hospedeiros definitivos e intermediários
-Forma de meia lua com a extremidade anterior mais afilada
que a posterior.
-4-6 µm de comprimento e 2-3 µm de largura.
Quisto:
-Contem no seu interior bradizoítos. São as formas assexuadas do
metabolismo lento.
-Encontram-se normalmente no cérebro, retina, músculos esqueléticos
e cardíacos.
-São destruídos pela dissecação, congelação e pelo calor.
-Estes quistos podem estar presentes em todos os animais.
-Quando se ingere carne é necessário cozinhar a carne completamente para eliminar o
risco de sermos contaminados com os quistos.
-Pode estar na forma de latência em tecidos e órgãos. É perigo se houver um período de
imunodepressão porque eles podem-se ativar e originar uma infeção.
Jaime Oliveira 2
Ooquisto:
-Resulta da reprodução sexuada do parasita que
ocorre no intestino delgado do gato.
-Forma imatura é excretada nas fezes dos felinos e
não é infectante.
-Necessita de 2-5 dias no meio ambiente para
maturar.
-O ooquisto esporolado contém 2 esporoquistos.
Cada esporoquisto contém 4 esporozoítos.
-O ooquisto maduro é infectate.
-Como o ooquisto necessita de alguns dias para maturar, a forma que sai no gato, é uma
forma não infectante!
Ciclo de vida:
Reprodução assexuada:
-Há a ingestão de ooquistos esporulados
(contêm esporozoítos) ou de quistos
(contêm bradizoítos) que vão invadir as
células do intestino e diferenciam-se em
taquizoítos.
-Vão para a circulação sanguínea e vão
invadir células nucleadas.
-De seguida vão invadir órgãos e tecidos.
-O GV não é invadido porque não tem
núcleo.
Reprodução sexuada:
-A reprodução assexuada
acontece no gato, que é o seu
hospedeiro definitivo.
-O gato pode ser infetado por
bradizoítos, taquizoítos ou
esporozoítos, que vão
penetrar as células epiteliais
nas quais se vão dividir
assexuadamente.
Jaime Oliveira 3
-Passados 10-12 dias vão formar os percursores dos gametas, que são os
microgametócito e os macrogametócitos.
-De seguida vão formar um zigoto, e há eliminação do ooquisto nas fezes. Este ooquisto
não é infectante! Precisa de maturar no meio ambiente 2-5 dias.
Vias de Transmissão:
-As fezes do gato expelem ooquistos
para o meio ambiente. No solo podem
contaminar vários animais, água,
vegetação.
-Os animais de campo podem ingerir os
ooquistos e depois ficam com formas de
latência, os quistos, nos seus tecidos e
órgãos.
-O Homem quando come carne mal
passada, ou legumes mal lavados, ou
trata da higiene do gato, pode ficar
infetado com ooquistos ou quistos.
-Também pode ser infetado por quistos
que existam em transplantes de órgãos
ou sangue que contenha taquizoítos.
Patogenia:
-A infeção aguda, nos
imunocompetentes, faz lembrar
os sintomas de uma gripe.
-Na infeção latente ou crónica o
indivíduo já tem quistos nos
seus tecidos ou órgãos e possui
as IgM positivas.
Jaime Oliveira 4
Clínica:
-É a forma mais comum.
-Os sintomas são parecidos
com os de uma gripe grave.
-Pós-Natal
-Há manifestações por todo o corpo.
Se ocorrer no feto, no 1º trimestre, ele
morre.
-Pós-Natal
-O estrabismo pode ser uma consequência de uma
toxoplasmose congénita.
-Pós-Natal
-A toxoplasmose, na gravidez, é grave para o feto.
-A forma ganglionar é a forma mais frequente na criança em idade pré-escolar e escolar.
-Estas formas clínicas podem ocorrer em:
-Imunodeprimidos
-Imunocompetentes
-Grávidas- são o maior grupo de risco, porque podem transmitir a infeção ao feto.
Toxoplasmose em Imunocompetentes:
Jaime Oliveira 5
Toxoplasmose em Imunodeprimidos:
-Pode haver uma reativação da infeção pela
existência de quistos na forma de latência.
-Nos imunodeprimidos, os CD4 baixam. Isto
permite que os parasitas se disseminem.
-Nos doentes com SIDA:
-A encefalite toxoplásmica ocorre
em 10-50% dos indivíduos com SIDA.
-Nos doentes transplantados:
-Nos doentes com linfomas, leucemias:
-Ocorrem sintomas neurológicos como encefalopatias difusas e meningoencefalites.
Toxoplasmose na Mulher Grávida:
Infeção 1ª aguda e toxoplasmose congénita
Toxoplasmose congénita:
-A toxoplasmose congénita é a passagem da toxoplasmose da mãe ao feto.
-Cerca de 40% das mulheres grávidas com primo-infeção (infeção primária aguda)
transmitem a infeção ao feto. Nestes casos é necessário fazer o diagnóstico pré-natal.
-O tratamento materno precoce diminui o risco de transmissão ao feto e reduz a gravidade
das lesões fetais. Dai a importância do diagnóstico precoce e da instituição terapêutica.
-Na maioria dos casos a primo-infeção é assintomática. É recomendado realizar exames
periódicos.
Jaime Oliveira 6
-Não há ligação entre o risco de infeção fetal e o facto de a mãe ser sintomática ou
assintomática.
-A incidência da toxoplasmose congénita é variável, ocorrendo em 1:1000 a 1:12 000 dos
nascimentos.
-A incidência da infeção aumenta com o tempo
de gravidez.
-A gravidade da doença aumenta com o aumento
da gravidez.
-O risco para o feto é maior no 1º trimestre da
gravidez, porque é quando há formação dos
órgãos. No entanto há menor incidência da doença porque a placenta é muito isolante
(sendo que nos finais da gravidez a placenta já deixa passar mais substâncias)
-Quanto mais tarde se apanhar toxoplasmose melhor será para o feto.
1º e 2º trimestres:
-Se a toxoplasmose ocorrer no 1º e 2º semestre
da gravidez é problemático para o feto, porque o
parasita vai invadir todos os órgãos fetais e
causar inúmeras patologias que vão culminar na
morte fetal ou no aborto.
-Se estes fetos sobreviverem vão ter anomalias
ou atrasos físicos e mentais.
-Por vezes o quadro agudo pode regredir
e originar um quadro sub-agudo.
-O feto não morre, mas fica com
alterações neuro-oculares.
-Isto ocorre em 20-30% das infeções
neonatais. Quando o feto nasce são
visíveis alterações oculares.
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  • 1. Parasitologia e Análises Parasitológicas 3º Ano - 2º Semestre Jaime Oliveira MICF FFUC
  • 2. Jaime Oliveira 1 Parasitologia: -É a ciência que estuda os parasitas. -Ciência biológica que estudo o fenómeno do parasitismo. -O homem alberga mais de 300 espécies de vermes parasitas e 70 espécies de protozoários. Associações entre os seres vivos: -Simbiose -Comensalismo -Mutualismo -Parasitismo: Associação entre seres vivos onde existe unilateridade de benefícios. O hospedeiro passa a constituir o meio ecológico onde vive o parasita, observando-se uma dependência metabólica de grau variável. Parasitismo: -O parasitismo tem vários graus: -Parasitismo obrigatório: -Parasitismo temporário -Parasitismo temporário -Parasitismo facultativo -Parasitismo acidental Especificidade parasitária: Classificação dos parasitas tendo em conta a sua localização: -Endoparasitas: vivem no interior do hospedeiro -Ectoparasitas: vivem no exterior do hospedeiro
  • 3. Jaime Oliveira 2 Ecossistema parasitário: -Os parasitas não se distribuem ao acaso no globo terreste. -Existe um foco natural de uma parasitose: área onde a circulação do parasita se mantém no ciclo do hospedeiro – vetor – hospedeiro. -Estes locais requerem: -presença simultânea de hospedeiros e vetores -potencial biótico elevado -elevada incidência populacional -condições ambientais apropriadas Ciclos de vidas: -Podem ser: -Monoxenos: todas as transformações do parasita ocorrem apenas em 1 hospedeiro -Heteroxenos: todas as transformações do parasita ocorrem em mais do que 1 hospedeiro -Distinguem-se: -Ciclos de vida diretos: não envolvem hospedeiros intermediários; o parasita desenvolve-se completamente num hospedeiro. Uma nova contaminação pode aplicar mecanismos de autoinfeção, dispondo também o parasita de formas resistentes que se disseminam no meio exterior para repetir o ciclo direto noutros hospedeiros da mesma espécie. -Ciclos de vida indiretos: envolvem um ou mais hospedeiros intermediários e envolvem um hospedeiro definitivo que alberga a forma adulta do parasita ou no qual ocorre a fase sexuada do ciclo de vida. Transmissão das parasitoses: -Transmissão: é a ação de transferir formas infetantes do parasita de um hospedeiro para outro. -Esta transmissão pode ser: -Direta -Indireta: água, solo, alimentos, ar, vetores Transmissão de parasitoses: -Vetor: É um artrópode, molusco ou outro veículo que transmita o parasita entre dois hospedeiros. -Os vetores podem ser: -Vetores biológicos -Quando o parasita se multiplica ou se desenvolve no vetor.
  • 4. Jaime Oliveira 3 -Vetores mecânicos -Quando o parasita não se multiplicar nem se desenvolve no vetor sendo simplesmente transportado. -Vetores inanimados ou fómites -Quando objetos inanimados podem veicular parasitas entre hospedeiros. Ex: As moscas são vetores de uma grande variedade de protozoários parasitas com importância para a saúde pública. Localização das parasitoses: -Intestino -Aparelho genito-urinário -Sangue e linfa -Fígado e vias biliares -Coração -Sistema nervoso central -Pulmão -Pele Prevenção e controlo das parasitoses: -Redução da fonte humana como transmissor da infeção -Tratamento antiparasitário adequado -Profilaxia pessoal de modo a evitar transmissão -Controlo do meio ambiente, água e alimentos -Destruição ou controlo dos reservatórios animais e vetores -Criação de barreiras biológicas de transmissão Fatores de disseminação de parasitoses: -Viagens internacionais -Uso de antibióticos -Resistência a antiparasitários -Resistência dos artrópodes vetores -Zoonoses emergentes -Parasitoses oportunistas em indivíduos imunodeprimidos -Movimento de populações de zonas endémicas -Contaminação da água de consumo municipal e rural
  • 5. Jaime Oliveira 4 -Infantários, creches, centros de dia -Popularidade de animais de estimação domésticos -Popularidade de comidas exóticas -Pobreza e instabilidade política de muitos países -Crescente deterioração do meio ambiente e do saneamento básico -Realização de projectos de desflorestação, irrigação e construção de barragens e represas -Também existem fatores de disseminação que estão inerentes ao parasita: -Potencial biótico -Ascaris lumbricoides- 200 000 ovos/dia -Trichuris trichiura- 7 000 ovos/dia -Taenia saginata cada proglotis grávido 30 000 a 80 000 ovos -Hospedeiro com Giardia lamblia pode eliminar 900 milhões de quistos/dia -Hospedeiro com Cryptosporidium pode eliminar 10 000 milhões de quistos/dia -Capacidade de evasão à resposta imunológica do hospedeiro -Dificuldade na produção de vacinas e a sua utilização
  • 6. Jaime Oliveira 1 Principais grupos de parasitas Protozoários (Reino Protista, Sub-Reino Protozoa) -Filo Sarcomastigophora -Filo Apicomplexa -Filo Microspora Metazoários (Reino Animalia, Sub-Reino Metazoa) -Filo Plathyhelminthes -Filo Nemathelmintes -Filo Arthropoda
  • 9. Jaime Oliveira 1 Interação Hospedeiro-Parasita Imunidade e estratégias de evasão imunitária Características comuns às infeções parasitárias: -Existem muitos antigénios e em grande variedade: -Há uma elevada estimulação do sistema imunológico. -Variação antigénica: -Por exemplo, o Tripanossoma cruzei e a Giadia lamblia fazem variações antigénicas. -Temos o antigénio do parasita, o qual vai ser identificado pelo nosso sistema imune que vai produzir uma resposta contra esse antigénio. Vamos ter uma resposta eficaz, mas, entretanto, o parasita começou a desenvolver outros antigénios, tornando a nossa reposta imune ineficaz. -Respostas específicas do estádio de desenvolvimento: -Por exemplo, na malária, o parasita está no fígado, está nos GV, etc. Temos vários estádios de desenvolvimento do parasita que afetam vários órgãos. O nosso sistema imune tem respostas diferentes consoante o local da infeção. Quanto maior o número de estádios mais complexa será a nossa resposta imune. -Modos de entrada especiais: -Existem parasitas que para entrar dentro das células necessitam de interagir com recetores que existem à superfície dessas células. Esta interação pode disparar a nossa resposta imune contra o parasita. -Hospedeiros específicos: -A maioria dos parasitas tem hospedeiros específicos. -Cronicidade: -Os parasitas podem provocar infeções crónicas. Há inflamação crónica, há uma resposta imune descontrolada, que não é benéfica para o hospedeiro. São imunopatologias. -Complexa defesa do hospedeiro: -O hospedeiro tenta defender-se do parasita da melhor maneira possível. -Devido a estas características das infeções parasitárias justifica-se a elevada dificuldade em fazer vacinas que sejam eficazes. Mecanismos de defesa do hospedeiro: -Imunidade inata: -A resposta imune inata é a primeira linha de defesa e permite uma rápida resposta à invasão. -Esta resposta está sempre pronta para atuar, não dura muito tempo, e não é especifica.
  • 10. Jaime Oliveira 2 -A imunidade inata depende de várias células: -Monócitos/Macrófagos/Neutrófilos/Eosinófilos que são células fagocitárias e que destroem os patogéneos, são célula “sentinela”. -Mastócitos e basófilos, são células granuladas que libertam fatores necessários para o processamento da resposta imune. -Células NK -Plaquetas, complemento e citocinas fazem parte da imunidade não específica. -As nossas células do sistema imune têm vários recetores que vão reconhecer os parasitas através dos PAMPs.
  • 11. Jaime Oliveira 3 Recetores TLRs na ativação das células T: -Os patogéneos são reconhecidos pelos recetores TLRs. Vai haver a internalização do patogéneo pela célula apresentadora de antigénio que vai colocar na sua membrana os antigénios que vai apresentar às células T Naive. -Consoante o tipo de parasita há diferentes respostas imunes. -Se o patogéneo for o S. mansoni e se detetar a proteína Lyso-PS vamos produzir IL-4 que vai levar à ativação dos Thelper 2 que vão produzir IL-4, IL-5, IL-10 e IL-13. É uma resposta anticorpo. -Se o patogéneo for o T. cruzei e se detetar a proteína GPI anchor ou Tc52, vai haver produção de IL-12, IL-18 que vão estimular os Thelper 1 a produzir INF-Ɣ. É uma resposta inflamatória. -Há reconhecimento do patogéneo pelo TLRs. A ligação do parasita à APC determina o fenótipo da resposta imune adquirida. Consoante a ligação teremos uma resposta TH1 ou TH2. IL-4 à Th2 à Resposta anticorpo IL-12/18 à Th1 à Resposta inflamatória -As células Th1 e Th2 vão determinar as diferentes respostas imunológicas. Parasitas intracelulares à resposta Th1 Parasitas extracelulares à resposta Th2 Vermes à resposta anticorpo auxiliada da resposta celular
  • 12. Jaime Oliveira 4 -Consoante haja produção de IL-4 ou IL-12 há um equilíbrio (tipo balança) -Se houver uma resposta imune Th2, a IL-4 que ativa as células Tnaive, vai impedir que haja proliferação das Th1. Ou seja, a produção de IL-4 e IL-10 vai impedir a IL-12. -Há uma regulação do tipo de resposta imune! -Se temos resposta imune do tipo Th1 ela inibe a Th2 e vice-versa. Protozoários – resposta imune: Resposta anticorpo: -O anticorpo liga-se diretamente ao parasita. -A IgM liga-se à VSG (proteína de superfície) e vai destruir o parasita. -Primeiro produzimos IgM e IgA depois produzimos IgG. -O parasita está ligado a vários anticorpos que vão facilitar a fagocitose por parte do macrófago.
  • 13. Jaime Oliveira 5 Resposta Linfócitos T: Resposta imune – Infeção por Leishmania
  • 14. Jaime Oliveira 6 -Nos macrófagos vai haver a produção de TNF e IL-1B que vão ativar os macrófagos. -Os macrófagos ao serem ativados vão formar espécies reativas (RDI, RNI) que vão destruir o parasita invasor. -As APC podem estar contaminadas com Leishmania. Elas vão produzir IL-12 que vai ativar a diferenciação dos Th1 que vão produzir TNF-Ɣ que vai ativar os macrófagos e eles vão destruir o parasita. -Também há ativação dos Th17 que por um mecanismo desconhecido vão destruir os amastigotas. -Entretanto, as células B também estão a produzir anticorpos. Não sabemos como vai afetar a Leishmania. Resposta imune – Infeção por Malária:
  • 15. Jaime Oliveira 7 -As células dendríticas têm um parastia. O PRR, que é um recetor que reconhece o parasita, ativa esta célula e vai produzir IL-12, vamos ter uma resposta Th1, vamos produzir INF-Ɣ que vai ativar os macrófagos. Vão formar-se espécies reativas que destroiem os parasitas. -O parasita também pode ser opsonizados pelas IgG, isto vai ser reconhecido por um recetor no macrófago que vai destruir o parasita. Quando este macrófago é ativado vai produzir IL-1 / IL-6 / TNF-alfa que vão promover a febre. -As Th1 estimulam a produção de anticorpos pelas células B Resposta imune: Helmintas -A maioria dos helmintas são extracelulares e são demasiado grandes para a fagocitose. -O hospedeiro pode desenvolver inflamação e hipersensibilidade. -Eosinófilos e IgE iniciam a resposta inflamatória no intestino/pulmões. -Os APC são ativados pelo parasita e vão produzir IL-4/IL-10 qe vão ativar as Th-2 a produzirem mais interleucinas. -Os macrófagos também podem ser ativados pela via alternativa e vão bloquar as Th1 e as Th17.
  • 16. Jaime Oliveira 8 Imunopatologia: Toxoplasmose e Malária Parasitas adaptaram-se com sucesso à resposta imune: Estratégias utilizadas pelos parasitas para evasão imunitária:
  • 22. Jaime Oliveira 1 Giardia lamblia: Giardíase -A Giardia lamblia é um parasita intestinal, eucariota, unicelular, flagelado. -Pode infetar o homem e animais. -Causa a Giardíase que é uma doença diarreica (dá sintomas gastrointestinais). A giardíase é uma infeção emergente (tem havido um aumento de surtos em creches e infantários). Afeta principalmente crianças de 8 meses aos 12 anos com um predomínio na faixa dos 6 anos. -Tem uma prevalência de 1-7% em países desenvolvidos e de 8-50% em países em vias de desenvolvimento. -Estima-se que hajam cerca de 280 milhões de infeções anuais. Espécies de Giardia: -Existem várias espécies de Giardia sendo que a única que infecta o homem é a G. duodenalis -Nota: G. duodenalis = G. lamblia = G. intestinalis -A G. lamblia pode encontrar-se em dois estádios: trofozoíto ou quisto. -Os trofozoítos da G. lamblia parasitam o homem e uma grande variedade de mamíferos mas embora haja uma similaridade morfológica, a análise genética revelou uma surpreendente heterogeneidade! (dentro da G. lamblia há muitas diferenças). -A análise genética é feita a partir da análise de sequências de pequenas unidades do RNAr, triosefosfato isomerase (tpi) e glutamato desidrogenase (gdh). Caracterização genética da G. lamblia: -Pela análise da tabela verifica-se que a assemblage A e B são as responsáveis pela infeção no homem.
  • 23. Jaime Oliveira 2 -Existem várias assemblages que apenas aparecem em animais, ou só em homens e animais. -Podemos afirmar que a G. lamblia é um complexo de espécies. -Uma análise mais profunda à assemblage A e B permitiu a sua classificação em sub-assemblages, sendo que dentro do grupo A e B temos várias sub-assemblages. -A G. lamblia A-II é a específica do homem! -Um estudo realizado por investigadores da UC conclui que o predomínio do genótipo AI sugere que os animais de companhia e animais selvagens podem desempenhar um papel importante em ciclos de transmissão zoonótica de G. lamblia. Características da G. lamblia: -Em 1981, a OMS inclui a G. lamblia na lista de parasitas patogénicos para o Homem. -É um parasita eucariótica -É um protozoário flagelado -O seu ciclo de vida contempla duas formas de vida: Trofozoíto e Quisto, ambas são morfologicamente distintas. -Um quisto origina dois trofozoítos. Trofozoíto: -O trofozoíto é a forma de resistência. No entanto é pouco resistente no meio exterior, é um anaeróbio aerotolerante. -Possui dois núcleos iguais, que são equivalentes em quantidades de DNA e na sua actividade de transcrição, possuem um grande cariossoma central sem cromatina periférica Parece um rosto, possui simetria bilateral e estruturas duplas. Possui uma parede quística e estruturas duplas.
  • 24. Jaime Oliveira 3 -Não possui mitocôndrias, peroxissomas e nucléolos. -Tem várias proteínas de superfície: proteínas variáveis de superfície (VSPs) que são ricas em cisteína (é um aminoácido que tem resíduos de S-H que formam pontes dissulfureto, dão resistências), glicoproteína GP-49, lectina. Tudo isto são fatores de virulência. -Os Trofozoítos vivem nas primeiras porções do duodeno e jejuno. Quisto: -Têm um tamanho de 8-12 µm de comprimento e 5-8 µm de largura. -Têm um aspeto ovoide ou arredondado, consegue distinguir-se: -flagelos intracitoplasmáticos em forma de S refringente -4 núcleos (normalmente nos extremos do quisto) -corpos parabasais em forma de vírgula -parede refráctil -Os quistos têm galactosamina na forma de N-acetilgalactosamina (GalNAc) que é o açúcar maioritário da parede quística (dá resistência). -A atividade metabólica é reduzida cerca de 10-20% em relação ao trofozoíto. (porque o quisto é a forma de resistência). -O quisto pode sobreviver vários meses no meio ambiente. Ciclo de vida da G. lamblia: -É um ciclo de vida monóxeno, apenas precisa de 1 hospedeiro, ou seja, nenhuma fase deste ciclo precisa de passar por outro hospedeiro para que este se complete. -O Homem ingere alimentos contaminados com quisto de G. lamblia. Os quistos ao passarem no intestino, devido ao pH ácido que é um indutor do desequistamento, vão originar 2 trofozoítos que ficam a habitar no jejuno/duodeno. -Estes trofozoítos não toleram oxigénio e não toleram pH elevado. -Os trofozoítos vão aderir à mucosa intestinal e vão formar colónias. -Quando os trofozoítos saiam da mucosa e avançam ao longo do trato digestivo, vão se transformando em quistos porque vai haver cada vez menos oxigénio disponível.
  • 25. Jaime Oliveira 4 -Os trofozoítos vão enquistar e vão ser libertados para o exterior. -O quisto pode ser ingerido por animais ou por homens. -Este quisto é a forma infectante para o Homem. Transmissão de G. lamblia: -A transmissão de giardia pode ser feita através de: -Água contaminada -água de consumo e sistemas de água privados, piscinas, etc... -Alimentos -frutas e legumes (alface) -refeições e alimentos manufaturados -alimentos contaminados por vetores mecânicos -Transmissão pessoa-pessoa -Transmissão animal-pessoa Giardiose: -As giardoses podem ter manifestações clínicas que são: -Infeções assintomáticas: -É a infeção típica do portador assintomático, que são bastante problemáticos porque não são tratados e permitem uma maior disseminação. -Nas áreas endémicas cerca de 60% dos infectados não apresentam sintomas. -Infeções sintomáticas: -Têm 2 fases: -Fase aguda: pode ser autolimitada (1-3 semanas) e causa diarreias, dores abdominais, náuseas e vómitos. -Fase crónica: causa diarreia intermitente, má absorção de lípidos, vitamina B12 e vitamina A, ácido fólico, lactose, D-xilose e proteínas, causa perda de peso, podendo resultar num atraso do crescimento e psicomotor. Nota: Existem pessoas que não conseguem resolver a infeção na fase aguda e passam para uma fase crónica. Estes indivíduos vão desenvolver um síndrome de má absorção que interfere na absorção de vitaminas lipossolúveis e outros nutrientes necessários. Devido a estas alterações estes indivíduos podem ter alterações nas fezes (fezes gordurosas – esteatorreia) -Podemos afirmar que a Giardiose é uma doença multifatorial. -Depende de vários fatores -Hospedeiro: Resposta imunológica, estado nutricional, flora intestinal, défice de IgA, Hipogamaglobulinémia -Parasita: Virulência, Aderência, VSP, Proteases. -Transmissão fecal-oral
  • 26. Jaime Oliveira 5 Mecanismos da doença: Mecanismo de defesa do hospedeiro: 1: A mucosa da parede intestinal é uma barreira física que nos protege contra o parasita. 2: As células de Paneth produzem AMP que são peptídeos antimicrobianos. 3: Se o hospedeiro tiver uma microbiota saudável ela vai competir com a giardia para locais de adesão. 4: A desgranulação dos mastócitos é muito importante na resposta imune, vai produzir IL6 que é necessária para a produção de IgA que são muito eficazes contra a giardia. A desgranulação dos mastócitos também promove os movimentos de peristaltismo, é um mecanismo de defesa porque aumenta o transito intestinal e assim elas não conseguem aderir à mucosa. 5: A produção de NO pelas células epiteliais promove os movimentos de peristaltismo. 6/7/8/9/10: O uptake e a apresentação de antigénios promovem a libertação de IL6 que é essencial para a produção de IgA que vão neutralizar as giardias que se encontram no lúmen intestinal. As células dendríticas podem fazer um prolongamento e captar o antigénio que está do lado de fora.
  • 27. Jaime Oliveira 6 Fatores de virulência da Giardia spp. -A libertação de proteínas é um fator de virulência muito importante porque a giardia utiliza a arginina no seu metabolismo. No entanto, a arginina também é utilizada pelos macrófagos para produzir NO, mas como a giardia está a consumir a arginina a velocidades maiores, o macrófago não vai ter capacidade de utilizar a arginina. Associação entre sintomatologia e genótipo: Diagnóstico: Giardia e Giardíase Exames parasitológicos: -Nas fezes formadas- pesquisa de quistos com salino ou lugol (exame de rotina) -Nas fezes diarreicas- pesquisa de trofozoítos ou quistos -No fluido duodenal- pesquisa de trofozoítos -Biópsia do jejuno- pesquisa de trofozoítos -É necessário recolher 3 amostras de dias alternados (janela de 10 dias). Podemos afirmar que a pessoas está + para giardia se uma análise der positiva, no entanto para podermos dar um resultado negativo temos de analisar as 3 amostras, porque os quistos de giardia não são eliminados de forma contínua. (Um resultado negativo requer análise de 3 fezes).
  • 28. Jaime Oliveira 7 Exames imunológicos: -Soro: fazemos a pesquisa de anticorpos por ELISA ou IFI. -Fezes: pesquisa de antigénios por ELISA, imunocromatografia, imunofluorescência -A pesquisa de anticorpos é específica para a giardia, mas não nos indica o estadio da infeção. Não se faz por rotina porque podemos ter anticorpos positivos que sejam de uma infeção antiga. -A pesquisa por antigénios é cara e identifica os antigénios presentes na parede quística. Exames Moleculares: -Amostra de fezes- fazemos a pesquisa de DNA parasitário por PCR -Este método é o mais sensível e o mais específico. Tem algumas desvantagens podendo dar falsos negativos, como a inibição da TAC polimerase por vários constituintes existente nas fezes. (a TAC polimerase é muito inibida por sais biliares). Exames microscópicos: -No exame microscópico fazemos a pesquisa de trofozoítos ou de quistos consoante a amostra que temos. -Num exame parasitológico a fresco as giardias são identificadas por se movimentarem por sacudidelas frenéticas.
  • 30. Jaime Oliveira 9 Prevenção: -Boas práticas de higiene -Evitar beber água que possa estar contaminada (a fervura e cristais de iodo destroem os quistos) -Evitar alimentos que possam estar contaminados Controlo: -Identificação dos reservatórios animais e tratamento. -Tratamento das pessoas infetadas. Tratamento: -Nitroimidazois: metronidazol, tinidazol, ornidazol e secnidazol (80-100% eficácia) -Benzimidazois: albendazol e mebendazol (60-80% eficácia) -Nitazoxanida (>90% eficácia) -Furazolidona (80-96% eficácia) -Paromomicina (55-95% eficácia) -Quinacrina (95% eficácia) -Os nitroimidazois para terem atividade têm de ser reduzidos. A forma reduzia estabelece ligações com o DNA induzindo a perda de estrutura. -Os benzimidazois atuam nas tubulinas. No citoesqueleto do disco ventral existem tubulinas alfa e beta que são o alvo destes fármacos.
  • 31. Jaime Oliveira 1 Trichomonas vaginalis: Tricomoníase -O trichomonas vaginalis aparece tanto na mulher como no homem. É um parasita do aparelho genitourinário e pode ter uma transmissão sexual ou por fómites. Características da Trichomonas vaginalis: Trofozoíto: -Tem um comprimento de 10-30 µm e uma largura de 7-15 µm. -Possui um grande núcleo ovoide. -Tem 4 flagelos livres e 1 flagelo aderente ao corpo celular – membrana ondulante. -Tem várias estruturas fibrilares como: -Axóstilo que percorre toda a extensão do corpo -Costa rodeada de hidrogenossomas -Corpo basal: conjunto das fibras parabasais com o aparelho de golgi -É um anaeróbio que pode permanecer em ambientes com H2O. -Não possui quistos! Ciclo de vida: -É um ciclo de vida monóxeno. -Não há a formação de quistos.
  • 32. Jaime Oliveira 2 Sintomatologia: -Na mulher: -Os sintomas podem aparecer durante a menstruação ou exacerbarem-se durante esse período. -Dor ou irritação vulvovaginal -Vulvite -Prurido vulvar -Disúria (dor a urinar) -5% das mulheres infetadas apresentam dor abdominal importante, que pode sugerir a presença de doenças pélvicas inflamatórias. -Há um corrimento vaginal abundante (leucorreia), purulento e amarelo-esverdeado. -Mau odor -Eritema vaginal, petequiado (pontos vermelhos) Diagnóstico parasitológico: -Fazemos a observação ao microscópio dos trofozoítos: -Mulher: pesquisa no corrimento vaginal e uretral -Homem: pesquisa no corrimento uretral e prostático ou na urina -Podemos fazer culturas in vivo (pouco utilizado) -PCR Epidemiologia: -É um cosmopolita -É comum nos países desenvolvidos com prevalência de 5-20% nas mulheres e de 2-10% nos homens. -A incidência anual é estimada em 180 milhões. -É mais frequente na mulher com a vida sexual ativa -A via de transmissão mais frequente é através de relações sexuais ou por água ou por fómites (roupa intima, etc).
  • 33. Jaime Oliveira 3 Prevenção: -Educação sanitária sobre a parasitose e sobre os seus mecanismos de transmissão. -Práticas sexuais seguras -Cuidados com os elementos do banho e evitar banhos públicos -Não partilhar roupa interior ou toalhas com outras mulheres Controlo: -Tratamento das pessoas infetadas. -O homem com sintomas ou assintomático, cuja parceira sexual está infetada, deve ser tratado. -Efetuar o diagnóstico laboratorial em todos os indivíduos sintomáticos. Tratamento: -Metronidazol -Tinidazol -Ornidazol -Nimorazol
  • 34. Jaime Oliveira 1 Leishmaniose -A Leishmanione é endémica em 88 países. -Tem uma prevalência global de 12 milhões de pessoas infetadas. -Há uma incidência de 2 milhões de novos casos. Classificação taxonómica: -O género Leishmania tem dois sub-géneros que têm diferenças estruturais entre si. -No sub-género Leishmania apenas se multiplica um amastigota por cada vacúolo enquanto que no sub-género viannia podemos observar mais do que 1 parasita no vacúolo parasitóforo. Morfologia:
  • 35. Jaime Oliveira 2 -A forma amastigota é a forma intracelular. -A forma promastigota desenvolve-se no hospedeiro invertebrado. Vetores: -Apenas as fêmeas são hematófagas (só ela é que suga sangue que é necessário para a maturação dos seus ovos). -Estes vetores têm atividade do entardecer ao amanhecer. -Os mosquitos são muito pequenos, também são conhecidos como mosquito palha. -Em Portugal: temos P. perniciosus e P. ariasi Reservatórios: -Animais selvagens: -raposa -chacal -roedores -Animais domésticos: -cão (é o principal reservatório da L. infantum). Ciclo de Vida:
  • 36. Jaime Oliveira 3 -É um ciclo de vida heteroxeno. O parasita necessita de 2 hospedeiros para completar o ciclo. São necessários 2 hospedeiros e 1 vetor. -A fêmea do mosquito tem no seu estômago promastigotas metaciclicos (que são a forma infetante para o Homem). Quando a fêmea se está a alimentar de sangue humano precisa de arranjar espaço no estomago, então vai regurgitar estes promastigotas metaciclicos para o Homem. Os promastigotas metaciclicos vão invadir os macrófagos onde se vão desenvolver e multiplicar. Os macrófagos criam pseudópodes que vão invaginar o parasita e vão criar um vacúolo parasitóforo. Os promastigotas metaciclicos vão originar por divisão binária simples (reprodução assexuada) amastigotas. -Estes amastigota podem voltar a infetar outros macrófagos ou então ficam na corrente sanguínea e vão ser chupados pela fêmea do mosquito. Quando a fêmea pica o Homem, vai ingerir os amastigotas que depois vão-se transformar em promastigotas prociclicos que por divisão simples (reprodução assexuada) vão originar promastigotas metaciclicos que são a forma infetante para o homem. -Estes promastigotas metaciclicos vão migrar para a válvula faríngea. Nota: Quando o macrófago rebenta, vão existir muitos amastigotas na corrente sanguínea. No entanto o sangue humano não é bom para detetar leishmaniose porque a fase em que os amastigotas andam no sangue é pequena. No entanto, no cão eles permanecem mais tempo, sendo uma boa amostra para o diagnóstico. -A resposta imunológica do hospedeiro varia consoante a espécie de Leishmânia.
  • 37. Jaime Oliveira 4 Leishmanioses: -Existem vários tipos de leishmanioses: -A Leishmaniose Visceral é a mais perigosa, também é conhecida como febre negra. É caracterizada por um aumento do fígado e do baço. -A Leishmaniose Cutânea pode ser autolimitada. Um hospedeiro que é imunocompetente pode controlar esta parasitose. As espécies L. tropica, L. major, L. aethiopica são as que existem no continente Europeu, enquanto que as outras espécies existem no continente Americano. -A Leishmaniose mucocutânea pode ser crónica e pode ser uma complicação das outras. Leishmanioses Visceral ou “Kala-azar”: -A Leishmaniose visceral pode ser causada por: -L. donovani -L. infantum -L. chagasi -Os parasitas invadem as vísceras, localizando-se de preferência no sistema macrofágico do baço, fígado, medula óssea e órgão linfoides. -Para diagnóstico não vamos recolher sangue, vamos recolher punções de gânglio, medula óssea, fígado ou baço (muito perigoso).
  • 38. Jaime Oliveira 5 -A L. chagasi é semelhante à L. infatum. -A Leishmaniose foi descrita como “um grau extremo de caquexia, um tipo de febre irregular e intermitente, anemia grave, atrofia muscular progressiva e grande aumento do baço”. Patologia: -As células que são profissionais para matar (defesa imunológica) são infetadas, no entanto há uma estimulação da sua produção por parte do parasito, forma-se um ciclo. -A leishmaniose canina não tem cura, o animal morre de insuficiência renal. -Há um período de incubação muito longo, são vários meses (2-8 meses). O flebótomo pica o hospedeiro e só temos sintomas passados 2-8 meses. -Na fase inicial da doença temos alguns sintomas como: -Nódulo endurecido no local da picada -Perda de apetite -Palidez -Ligeiro aumento do baço -Febre -No decorrer da doença vamos ter vários sintomas como: febre irregular e de longa duração, esplenomegalia, hepatomegalia, linfoadenopatia, anemia, hipergamaglobulinemia (estimulação da produção de linfócitos), emagrecimento acentuado, glomerunefrites (devido à formação de complexos Ag-Ac). -Pode haver uma evolução rápida, levando o doente à caquexia e morte ou pode assumir um curso crónico. Índia Bacia mediterrânia América do Sul
  • 39. Jaime Oliveira 6 Formas clínicas: -Assintomática, lactente ou fustre -Aguda -rápida: 20-40 dias depois da picada -fatal, principalmente em crianças com menos de 2 anos -Sub-aguda -5 meses a 1 ano de evolução -crianças leva à morte -Crónica -é a mais comum -anos de evolução -adolescentes e adultos -responde melhor ao tratamento -As crianças são um grupo de risco para a Leishmaniose Visceral. Leishmaniose Visceral (LV) como doença oportunista: -Co-infecção com HIV -A co-infeção de Leishmaniose visceral e HIV é um problema emergente de saúde pública. Está em ascensão em várias zonas do globo. -Na Europa, 70% dos adultos com LV estão associados a HIV -A doença segue um curso crónico com frequentes reativações da infeção -Há uma baixa esperança média de vida, com elevadas taxas de recidivas (ao fim de 12 meses 90% dos doentes apresentam uma nova infeção). -Têm febre, esplenomegalia, hepatomegalia, pancitopenia. -A LV e o HIV têm um efeito potenciador entre si, a LV vai aumentar a replicação do vírus e o HIV vai aumentar a sobrevivência da LV. Tanto a LV como o HIV são intracelulares e potenciam-se uns aos outros. -Esta co-infeção pode progredir lentamente lembrando a spesis bacteriana. -Têm sintomas atípicos no caso da imunodepressão ser severa: comprometimento do aparelho gastrointestinal, pulmões, cavidade pleural e peritoneal e epiderme. -30% dos doentes com LV/HIV morrem durante ou até 1 mês após o tratamento anti- leishmania -Têm uma média de vida de 12 meses. -Apenas 16% sobrevivem mais do que 3 anos. -Têm um mau prognóstico se não forem submetidos a terapia HAART.
  • 40. Jaime Oliveira 7 Leishmanioses Dérmica Pós-Kala-Azar (PKDL) -As pessoas que tiveram uma Leishmaniose visceral podem ter lesões cutâneas passado algum tempo da sua cura. -Esta leishmaniose só acontece quando foi L. donovani -É comum na África e na Índia -É caracterizada pelo aparecimento de lesões cutâneas após a cura aparente do quadro sistémico -Provoca descoloração da pele, aparecimento de nódulos cheios de parasitas por todo o corpo, é difusa do tipo lepra. -É de notar que isto não é uma recidiva! Uma recidiva é ter a mesma doença de novo, isto trata-se de uma doença diferente! Leishmanioses Cutânea: -Há uma picada que vai introduzir parasitas no sangue, o nosso sistema imune vai detetar este parasita e vai responder produzindo macrófagos e outras células para eliminarem o parasita. -No local da picada há necrose da epiderme que depois será cicatrizada.
  • 41. Jaime Oliveira 8 Leishmanioses Cutânea do Velho Mundo: -A Leishmaniose Cutânea do Velho Mundo diz respeito à Europa. -Forma Seca (urbana) -L. tropica – Médio oriente e Índia -L. infantum (MON24) – Sul da Europa -O reservatório é o cão -Tem um grande período de incubação: 2-8 meses (até 24 meses) -Lesão seca, só forma úlceras passados vários meses -É uma lesão única, situada na face, que pode ter cura espontânea 1-2 anos -Pode progredir para uma forma crónica – leishmaniose recidivante que é de difícil tratamento. -Também é conhecido como “Botão do oriente” -Forma Húmida (rural) -L. major -África do Norte, Ocidental e Orienta e Médio-Oriente -O reservatório são os roedores -Tem um período de incubação de 2-6 semanas (<4 meses) – mais curto -Forma múltiplas lesões, inflamadas, localizam-se nos membros inferiores. -Estas lesões formam úlceras rapidamente. -As cicatrizes são inestéticas e podem ser incapacitantes. Leishmanioses Cutânea do Novo Mundo:
  • 42. Jaime Oliveira 9 Leishmanioses Cutânea Difusa (LCD): -A LCD existe tanto no Novo Mundo como no Velho Mundo. -Velho Mundo: L. aethiopica -Novo mundo: L. pifanoi, L. amazonensis -Tem uma forma anérgica com evolução mortal (não reagimos) -Infeção na derme -Não ataca as mucosas e não existe compromisso visceral -Lesão cutânea inicial (úlcera primária) a partir da qual se observam lesões satélites em todo o corpo -Nódulos -“Tumores” (histiocitomas) -Pessoas que tenham uma deficiência imunológica grave não reagem ao facto de terem leishmaniose. Leishmanioses mucocutânea: -É um parasita da pele e mucosas -Não invade as vísceras -Dão lesões cutâneas (úlceras) múltiplas e grandes -Tem uma evolução crónica -Chama-se de “espúndia” ou “ferida brava” -Há uma disseminação sanguínea ou linfática do parasita: -Invasão da mucosa oral e nasal e há uma destruição da cartilagem (nariz, palato, maciço facial). -Faringe e laringe são afetadas. -A cura espontânea é muito rara -As recidivas são muito frequentes mesmo com tratamento. Diagnóstico: Diagnóstico clínico: -Onde viajou, quanto tempo esteve, há quanto tempo foi – dados epidemiológicos. -Febre recorrente -Características das lesões cutâneas -Envolvimento linfohepático -Esplenomegalia -Caquexia
  • 43. Jaime Oliveira 10 Diagnóstico Laboratorial: -Exame parasitológico: -Esfregaços corados com Giemsa ou Leishman -Utilizamos material de raspados, aspirados ou biopsias (Leishmaniose cutânea) -Punção ou biópsia de gânglios, medula óssea, fígado ou baço. A biópsia é menos eficaz (50%) sendo preferível punções. (Leishmaniose visceral) -Culturas in vitro -Utilizamos aspirados ou punções/biopsias -meio NNN ou meio Schneider -Fazemos um exame microscópico (2x semana/4 semanas) -Culturas in vivo -Inoculação em animais -PCR
  • 44. Jaime Oliveira 11 -Exame Imunológico: -Teste de Montenegro: é um teste intradérmico, temos um cultura de promastigotas inativos que são injetados no antebraço (semelhante ao teste para o BCG) -Testes serológicos: -DAT -ELISA -IFI -Western-Blot Tratamento: -Recorremos à quimioterapia, mas temos grandes limitações: -Custo -Dificuldade de administração -Toxicidade -Resistência
  • 45. Jaime Oliveira 12 Quimioterapia por via parental: -Eles atuam na via bioenergética do parasita. O parasita fica sem energia e não consegue sobreviver. -Também atuam em proteínas com S-H -Atuam no DNA, impedem a sua replicação -Atua ligando-se aos lípidos da membrana citoplasmática e ao ergosterol. A ligação do fármaco à membrana promove a abertura de buracos na membrana citoplasmática. -Pode ser utilizado em terapêutica combinada (reduz toxicidade). Quimioterapia por via oral: -É um anti-cancerígeno -Atuam na síntese do ergosterol (atuam na fase de dimetilação) Imunoterapia: -Estão em fase experimental a Leishvacin e o Interferon-Ɣ Regimes terapêuticos:
  • 46. Jaime Oliveira 13 Prevenção: -Proteção individual: -Evitar sair desde o anoitecer ao amanhecer -Utilizar repelentes -Telas de proteção -Não há vacinação! Controle: -Eliminação do vetor: utilizamos inseticidas -Identificação dos reservatórios animais -Tratamento das pessoas infetadas -Se uma pessoa viajar para países endémicos de LV – não pode dar sangue durante 2 anos após o regresso.
  • 47. Jaime Oliveira 1 Trypanosoma cruzi: Doença de chagas -Distribui-se do sul do EUA ao sul da Argentina e do Chile. América do Sul -Infeta cerca de 16-18 milhões de pessoas. -Há uma população de risco: 100 milhões de pessoas -Causa cerca de 13.000 mortes por ano Reservatório: -Tatus, Gambás, Ratos, Cães, Gatos, Macacos, Morcegos, Raposas, Coelhos. -Há uma enorme diversidade de reservatórios, sendo de difícil controlo. Vetores: -O inseto transmissor da doença de chagas são os triatomíneos. -Todos os estadios são hematófagos e transmissores!
  • 48. Jaime Oliveira 2 Ciclo de vida: -É um ciclo de vida heteroxeno. Envolve um hospedeiro invertebrado e um hospedeiro vertebrado. Ciclo no homem: -O triatomíneo fêmea (ou “barbeiro”) pica o homem para se alimentar. Enquanto se alimenta ele defeca e urina ao mesmo tempo, sendo que este triatomíneo pode estar infetado com tripomastigotas metaciclicos que são a forma infetante para o homem. -A picada fica próxima do local de defecação o que permite a entrada da forma infetante. -O parasita pode entrar na pele por via da picada ou por via de uma lesão cutânea. -Quando entra no corpo humano os tripomastigotas metaciclicos vão invadir várias células como os macrófagos do baço, do fígado, da medula óssea, células musculares cardíacas, lisas e esqueléticas, células epiteliais e neurónios. -O tripomastigota metaciclicos vai transformar-se em amastigota. Vai haver multiplicação do parasita por reprodução assexuada (divisão binária) e vai haver um aumento do número de amastigotas que vão maturar e originar tripomastigotas metaciclicos (formas com elevada mobilidade) que vão rebentar a célula que infetada, libertando vários tripomastigotas metaciclicos para a corrente sanguínea. Agora os tripomastigotas metaciclicos vão infetar outras células. Ciclo no triatomíneo: -O triatomíneo infeta-se quando pica um hospedeiro que tenha na corrente sanguínea tripomastigotas metaciclicos. Agora estas formas do parasita vão diferencia-se em epimastigotas ou esferomastigotas. -Estas formas de transição são digeridas pelo triatomíneo. As formas epimastigotas que sobrevivem vão alcançar o intestino e vão-se dividir por divisão binária e vão aderir devido ao seu flagelo às membranas intestinais. -Os epimastigotas soltam-se e vão para o reto. Aqui vão diferenciar-se novamente e vão originar os tripomastigotas metaciclicos.
  • 49. Jaime Oliveira 3 Transmissão: -Vetor: tem uma elevada importância epidemiológica -Transfusão: importante em áreas urbanas -Acidental: inoculação por agulha -Transplante de órgãos -Congénita: tem uma importância relativamente baixa porque é raro -Ingestão: leite materno, alimentos contaminados com fezes de triatomíneos Doença de Chagas: Patogenia: -Quando há rutura vai haver disseminação para a corrente sanguínea e linfática. -A fase aguda pode ser autolimitada e curar-se. Este parasita tem preferência na invasão de células do sistema mononuclear macrofágico. -Existem mega órgãos porque há destruição da parte nervosa e os órgãos aumentam de tamanho para compensar isso. -A idade média com que se adquire a doença é de 4 anos. -85% dos casos agudos ocorrem em crianças com menos de 10anos -O período de incubação é de 5-14 dias após a picada -Apenas 10-30% desenvolvem doença de chagas sintomática, a maioria são assintomáticos. -Os são sintomáticos têm cardiopatias e só 15-20% têm mega órgãos. Fase aguda: -A fase aguda da doença de chagas tem vários sintomas como: -Inflamação no local -Existem os chagomas de inoculação -Sinal de Romaña (10% dos casos) -Adenopatias -Febre -Astenia, Cefaleia, Mialgia
  • 50. Jaime Oliveira 4 -Hepatomegalia (volumosa e dolorosa) -Esplenomegalia (moderada) -Miocardite aguda (fatal em crianças com menos de 5 anos) -Meningoencefalite (geralmente é fatal) -Numa fase em que haja parasitémia (parasitas no sangue) temos um bom prognóstico porque é uma fase com boa resposta ao tratamento. Fase crónica: -Temos duas formas, a forma assintomática ou a forma sintomática: -Forma assintomática: -Corresponde a mais de 50% dos casos. -Caracteriza-se por: -presença de Ac anti-T.cruzi -ausência de tripanossomas circulantes -ausência de sintomas de doença -eletrocardiogramas e exames radiológicos normais -Forma crónica sintomática: Forma cardiopatia -Há um longo período de incubação (10-20anos), seropositividade com baixas/nulas parasitémias. -Há uma elevada prevalência de alterações no ECG -Aumento do coração e dilatação dos ventrículos -Extensa fibrose -Clinicamente temos: -Insuficiências cardíacas congestiva -Arritmias e distúrbios de condução -Tromboembolias
  • 51. Jaime Oliveira 5 Forma digestiva -Causa megacólon e megaesófago -Causam: -Disfagia, refluxo gastro-esofágico -Obstipação intestinal -Morte Patogenia: Imunopatologia: -Temos autoantigénios nas nossas células. Quando o parasita está dentro das células a proliferar, ao rebentar as células, vamos ter na circulação sanguínea proteínas endógenas como a ProtA que vão promover a expansão de células T efectoras contra outra células que não estão infetadas mas que apresentam a ProtA. -Há antígenos de T. cruzei que são responsáveis pela formação de anticorpos com reação cruzada contra proteínas do hospedeiro- mimetismo celular -Os anticorpos são produzidos contra o parasita mas vão-se ligar aos recetores B-adrenérgicos. -Os anticorpos matam os tripomastigotas mas também vão reagir com as nossas células nervosas, levando à sua destruição. -Células T citotóxicas (TCD8), predominantemente no tecido cardíaco em indivíduos com miocardite chagásica crónica. -TCD4 -Temos a proteína B13 de T. cruzei e a Miosina cardíaca (reação cruzada)
  • 52. Jaime Oliveira 6 -Há uma hipersensibilidade retardada: “IFN-gama e TNF-alfa” -A proteína B13 é do parasita. OS CD4 vão produzir IL-12 e INF-gama, mas os TCD4+, por um mecanismo de hipersensibilidade retardada em vez de reconhecerem a proteína B13 vão passar a reconhecer a miosina e vão atacar a miosina (que é a proteína contráctil). Diagnóstico Clínico: -Temos de saber a região de precedência do indivíduo -Se tem vivido ou pernoitado em habitação com triatomíneos -Transfusão sanguínea -Chagoma, sina de Romaña -Crianças com febre, adenopatias, hepatoesplenogegalia e sintoma sintomas cardíacos. -Jovens com arritmias e insuficiências circulatórias Diagnóstico Laboratorial: -Na fase aguda: -O parasita encontra-se no sangue e na medula óssea e há formação de anticorpos -Exame parasitológicos direto -Serologia -Imunofluorescência -Hemaglutinação -ELISA -Na fase crónica: -Existe baixa parasitémia, mas existem anticorpos -Serologia -Cultura -Xenodiagnóstico -PCR
  • 53. Jaime Oliveira 7 Exame parasitológico: -Utilizamos como amostras: -Sangue -Punção, biópsia: gânglio, medula óssea, músculo -Exame direto: a fresco e após coloração (esfregaços e gota espessa) -Cultura -Inoculação em animal -Xenodiagnóstico -PCR Tratamento: -Terapêutica sintomática: -Cardiotónicos, antiarrítmicos -Cirurgias corretivas do esófago e do colon
  • 54. Jaime Oliveira 8 -Terapêutica específica (antiparasitária) -Benznidazol (composto imidazólico) -Atua no DNA -É específico da fase aguda -O tratamento tem uma duração de 60 dias -Nifurtimox (composto nitrofurânico) -Aumenta o stress oxidativo pela produção de radicais livres -O tratamento tem duração de 90 dias -Allopurinol (experimental) -Anti-fúngicos (experimental) Prevenção e controle: -Melhorar as condições de vida no campo -Melhorar os anexos peridomiciliares -Selecionar os dadores de sangue -Efetuar o tratamento de pessoas infetadas -Inseticidas (deltametrina -12 meses), vão matar o vetor biológico.
  • 55. Jaime Oliveira 1 Trypanosoma brucei Doença do sono – Tripanossomose Africana: -Existem cerca de 300 000 casos por ano. -Causa cerca de 50 000 mortes por ano. -Tem uma população de risco avaliada em 60 milhões. -África Central Ocidental – Trypanosoma brucei gambiense (doença crónica) -África Sul Oriental – Trypanosoma brucei rhodesiense (doença aguda) Reservatório: - Trypanosoma brucei gambiense -O seu reservatório é o porco. - Trypanosoma brucei rhodesiense -O seu reservatório são animais de caça e animais domésticos Vetores: -O principal vetor é a mosca Tsé Tsé, porem cada Trypanosoma tem espécies diferentes.
  • 56. Jaime Oliveira 2 Ciclo de Vida: -A mosca pica o Homem para se alimentar e vai injetar no Homem a forma tripomastigota metaciclica que se encontra nas glândulas salivares. Eles vão transformar-se em tripomastigotas sanguíneos, os quais se vão reproduzir assexuadamente, vão-se multiplicar e vão invadir vários órgãos e tecidos. -Quando a mosca se alimenta de sangue vai ingerir tripomastigotas sanguíneos. Na mosca vão transformar-se em tripomastigotas prociclicos que vão multiplicar-se por divisão binária e transformam-se em epimastigotas que vão migrar até as glândulas salivares da mosca onde vão permanecer. -Neste ciclo só temos formas extracelulares enquanto que no Trypanosoma Cruzi temos a forma amastigota que é intracelular. -No Trypanosoma brucei não há células invadidas.
  • 57. Jaime Oliveira 3 -O período de incubação em zonas endémicas ou em Africanos é maior. -Há pessoas que são picadas pela mosca Tsé-Tsé, têm o parasita no sangue, mas a infeção é auto-resolvida. -Quando eles atingem a linfa começa a sintomatologia. -Quando atingem o encéfalo causam meningoencefalias. -O sinal de Winterbottom aparece na fase linfática. -No sítio da picado do mosquito aparece um nódulo inflamatório – “cancro tripanossómico” -Na fase 1 o parasita pode andar no sangue e na linfa, enquanto que na fase 2 anda nas meninges. Fase 2 Fase 1
  • 58. Jaime Oliveira 4 Trypanosoma brucei gambiense: -Há uma evolução lenta – doença crónica leva meses a anos -Temos baixas parasitémias -Sintomas: -Febre irregular -Dores musculares -Anorexia -Cefaleias -Sonolência diurna -Distúrbios do sono -Desequilíbrios psiquiátricos e neurológicos -Coma -Sinais: -Há um aumento dos nódulos linfáticos -Há hepatoesplenomegalia -Rosto edematoso Trypanosoma brucei rhodesiense: -Há uma evolução rápida – doença aguda leva semanas a meses -Temos uma elevada quantidade de parasitas no sangue -Raras linfoadenopatias (ao contrário da doeça crónica) -Sintomas: -Febres e calafrios -Cefaleias -Confusão -Alterações do estado de consciência -Alterações de personalidade -Na ausência de tratamento ocorre a morte (9 meses a 1 ano após o início da infeção) Diagnóstico Laboratorial: Exame Parasitológico: -Sangue -LCR -Medula óssea -Gânglios Linfáticos -Fazemos o exame direto a fresco após a coloração por Giemsa -Após concentração fazemos: tripla centrifugação ou leucoconcentração -Pela análise microscópica/morfológica não se distingue as espécies.
  • 59. Jaime Oliveira 5 Exame imunológico: -Fazemos a pesquisa de anticorpos: -LCR -Sangue -Imunofluorescência -ELISA -Há uma elevada hipergamaglobulinémia e elevados níveis de IgM no sangue e no LCR, há uma variação imunológica elevada! -Se um paciente fizer uma punção medular e o resultado for negativo, a infeção está tratada. Tratamento: -Só há tratamentos efetivos e seguros para a fase 1 da doença: -A Suramina atua nas duas sub-espécies, na 1ª fase. -Provoca uma inibição enzimática inespecífica. -Pode levar a falência renal e neuropatias periféricas -A Pentamidina atua apenas no gambiense, na 1ª fase -O Melarsoprol atua nas duas sub-espécies, na 2ª fase -É um composto derivado do arsénico, e provoca uma inibição enzimática inespecífica. -A Eflornitina atua apenas no gambiense, na 2ª fase -Inibe a ODC – ornitina descarboxilase que está envolvida na síntese de poliaminas e ácidos nucleicos.
  • 60. Jaime Oliveira 6 Prevenção -Proteção individual -uso de roupa adequada, tela e mosquiteiros para as camas, repelentes -Não há vacinação Controle -Eliminação do vetor -remoçao dos arbustos ao longo dos cursos de água, uso de insecticidas -Tratamento das pessoas infectadas.
  • 61. Jaime Oliveira 1 Amebas: Amebíase; Negleríase; Acantamebíase Características das amebas: -Protozoários que se movem por pseudópedes -Possuem uma forma vegetativa – trofozoíto – que se multiplica por divisão binária e uma forma de resistência – quisto.
  • 62. Jaime Oliveira 2 Entamoeba histolytica / E. díspar / E. moshkovskii Epidemiologia: -Infeções ocorrem em cerca de 10% da população mundial -Existem 48 milhões de casos de amebíase por ano -40-100 mil mortes -É a maior causa de morte parasitária a seguir à malária e à esquistossomose -Existe nas áreas tropicais e subtropicais e também em climas frios (o quisto é resistente) -Existem em locais onde as fezes humanas são utilizadas como fertilizantes, áreas sem saneamento, hospitais psiquiátricos, prisões e lares -As principais fontes de infeção são os pacientes assintomáticos e crónicos Morfologia: Trofozoíto: -Forma magna, histolítica ou forma grande hematófaga -Forma minuta ou forma pequena comensal -É uma forma sensível, aguenta pouco tempo. Quisto: -Forma de resistência e infectante -Esférico, possui 4 núcleos Ciclo de Vida:
  • 63. Jaime Oliveira 3 -Tem um ciclo de vida monóxeno -Vamos ingerir um quisto que quando chega ao intestino vai desenquistar devido ao pH ácido. Vai originar um trofozoíto que se vai dividir e vai colonizar uma parte do intestino. -Se ele sair do intestino vai enquistar por vai encontrar condições adversas vai formar um quisto. Vai ser expulso nas fezes. -Os trofozoítos podem invadir as células da mucosa intestinal e causar necrose, que via levar à disenteria amebiana. Pode existir sangue e muco nas fezes. -Os trofozoítos também podem ir para os pulmões e cérebro onde formam abcessos amebianos (ou botões de camisa). Clínica: -A sintomatologia depende: -Localização do parasita no hospedeiro -Extensão da invasão dos tecidos Amebíase Intestinal Não-Invasiva – Assintomática: -Ausência de sintomatologia (portadores assintomáticos) -Parasita de baixa virulência -Associado a baixos inóculos no hospedeiro (ingestão de baixo material parasitário) -Sistema imunológico competente Amebíase Intestinal Invasiva – Sintomática: -É do tipo necrosante com úlceras na muscosa e causa Colite amebiana ou disenteria amebiana: -Dores abdominais, febre, diarreia, flatulência, obstipação alternada ou não com diarreia. -Fezes com sangue ou pus e muco -Infeções bacterianas secundárias -Perda de peso, anorexia, fadiga crónica, nervosismo. Amebíase Extraintestinal – Sintomática: -Temos vários tipos de amebíase: -Amebíase hepática -Abcesso hepático com ou sem pneumonia amebiana -Febre irregular e intermitente, com calafrios, suores, náuseas e vómitos -Fígado aumentado e doloroso -Pode ocorrer icterícia -Fraqueza e perda de peso
  • 64. Jaime Oliveira 4 -Amebíase encefálica -Amebíase cutânea -Amebíase vaginal -Amebíase pulmonar -Temos vários sintomas como: -Dispneia -Febre -Dores toráxicas -Tosse -No estádio de abcesso: -A expetoração aumenta, pode tornar-se hemorrágica -Vómito cor de chocolate onde raramente se encontram amebas Diagnóstico Parasitológico: -Utilizamos como amostras: -Matéria fecal -Material da sigmoidoscopia e de abcessos -Fazemos a observação ao microscópico de preparações a fresco com e sem o soluto de lugol e de preparações definitivas (coloração com hematoxilina-férrica). -Identificação de quistos / trofozoítos nas fezes -Identificação de trofozoítos nas biopsias e punções -No exame a fresco podemos aquecer a lâmina para ver as amebas a mexerem. -Podemos utilizar: -Culturas -Deteção de antigénio nas fezes -ELISA -EIA -Imunocromotográficos -PCR Diagnóstico imunológico: -Vamos pesquisar anticorpos no Soro: -ELISA -IFI -Hemaglutinação indireta -Na Entamoeba histolytica as IgG ficam positivas durante muito tempo. A IgM é um indicador da resposta aguda recente que é de menor tempo porque é produzida durante pouco tempo. Se uma IgM anti-histolytica der positivo a pessoa tem uma infeção!
  • 67. Jaime Oliveira 7 Tratamento: -Amebíase sintomática: -Nitroimidazois- tem de ser reduzido para ter atividade -metronidazol, tinidazol, ornidazol -Amebíase assintomática: -Dicloroacetamidas- impede a divisão que ocorre no lúmen intestinal -furosemida, etofamida, cefamida -Paromomicina Prevenção e controlo: -Descontaminação da agua (fervura e cristais de iodo) -Lavagem adequada dos alimentos -Evitar o uso de fezes como fertilizantes -Boa higiene pessoal -Proteção da comida das moscas e baratas -Evitar o sexo não protegido
  • 68. Jaime Oliveira 1 Protozoários: Phylum Apicomplexa -Têm um complexo apical -Núcleo de um só tipo -Ausência de cílios e flagelos -São parasitas intracelulares obrigatórios -Podem formar quistos -Os estádios moveis, esporozoítos ou merozoítos, invadem as células do hospedeiro -Têm ciclos de vida complexos: -Reprodução sexuada por singamia -Reprodução assexuada por esquizogonoia ou endodiogenia
  • 69. Jaime Oliveira 2 -Há uma adesão do parasita às células, ele vai-se reorientar de modo a que haja uma adesão do complexo apical às células. -Existe ligação entre proteínas que são a AMA1-RON que vai permitir a invasão do parasita. -As roptrias segregam material e os micronemas colocam a AMA-1 no exterior para puder interagir com a RON e formam um complexo proteico. -De seguida há um recrutamento de actina da célula hospedeira e o parasita começa a invadir a célula.
  • 70. Jaime Oliveira 1 Plasmodium spp: Malária -A malária é um problema global que afeta mais de 100 países -Cerca de 2 biliões de pessoas vivem em áreas endémicas de malária: América central e América do Sul, África, Índia, China, Sudeste Asiático, Oceânia. -Existem cerca de 200-300 milhões de casos clínicos por ano -Destes casos clínicos entre 1-3 milhões morrem, sendo que 75% são crianças (90% África). Isto traduz-se em 3-5 crianças por minuto. -A resistência à cloroquina é responsável pelo aumento da mortalidade (4-8vezes). Plasmodium spp: -É o agente etiológico da malária -Existem cerca de 155 espécies -Os hospedeiros vertebrados podem ser répteis, aves, roedores, macacos e o homem. -Especificidade para o hospedeiro e vetor -O vetor biológico é o mosquito Anopheles -Existem 5 espécies que afetam o homem: -Plasmodium falciparum -Plasmodium vivax -Plamodium malariae -Plasmodium ovale -Plasmodium knowlesi Etiologia: -Cada espécie de malária que afeta o homem causa diferentes febres: -Plasmodium falciparum – febre terçã maligna (é o que mais mata) -Plasmodium vivax – febre terçã -Plasmodium knowlesi – febre terçã -Plasmodium ovale – febre terçã -Plamodium malariae – febre quartã
  • 71. Jaime Oliveira 2 Distribuição geográfica: -Plasmodium falciparum -Zona tropicais e sub-tropicais -Plasmodium vivax -Distribuição ampla, é encontrado na maioria das regiões endémicas -Plamodium malariae -Zonas tropicais e sub-tropicais, semelhante à do P. falciparum -Plasmodium ovale -É raro, encontrado principalmente em África Nota: O P. knowlesi tem origem nos primatas (símios), o primeiro caso reportado em humanos foi descrito em 1965, o seu vetor é o Anopheles hackeri e o A. latens, são descritos casos graves e óbitos e pode-se confundir morfologicamente com o P. falciparum e com o P. malariae Transmissão: -Podemos ter a chamada “malária importada” devido a viagens a áreas endémicas, ou a emigrantes de zonas endémicas. Isto causou o aparecimento de Malária na Europa e nos USA. -Também temos o “paludismo dos aeroportos”, o mosquito pode embarcar a bordo dos aviões durante escalas em zonas endémicas. Vias de transmissão: -A malária transmite-se através: -Picada de insetos fêmea da família Culidae, do género Anopheles (é o vetor biológico) -Transfusão sanguínea -Transmissão congénita (raro) -Transplante hepático -Por via acidental, por exemplo seringas e agulhas nos toxicodependentes.
  • 72. Jaime Oliveira 3 Ciclo de Vida: -A fêmea injeta o esporozoíto para o sangue do Homem. Este esporozoíto vai para o fígado e vai formar um esquizonte exo-eritrocitário (esquizogonia), que depois vai rebentar a célula hepática de onde vão sair merozoitos que vão para a corrente sanguínea. -Na corrente sanguínea os merozoitos vão aderir, vão-se reorientar e vão invadir os GV. Dentro dos GV vão desenvolver-se e vão originar trofozoítos em forma de anel que vão amadurecer até darem esquizontes eritrocitários e vão rebentar o GV- -Quando rebentam o GV vão sair merozoitos que vão novamente infetar os GV e assim se completa o ciclo. -Na fase A (fase exo-heritocitária / fase hepática) não há sintomas. -Na fase B (fase eritrocitária) há sintomas, o pico febril começa quando rebentam os GV. -A fase A e B são fazes assexuadas. -Paralelamente, ao fim de algumas esquizogonias (processo de reprodução assexuada no qual uma célula se fragmenta e origina várias outras) vão ser formados os percursores dos gâmetas (7) de seguida há formação dos gametócitos masculinos e femininos (gamecitogénese- génese das células percursoras dos gâmetas, no nosso sangue apenas se encontram os percursores dos gâmetas.).
  • 73. Jaime Oliveira 4 -No mosquito só há continuidade para os gametócitos. O mosquito quando se alimenta do nosso sangue vai adquirir gametócitos. -Os gametócitos no intestino do parasita vão desenvolver-se e vão originar gâmetas femininos e gâmetas masculinos. -O microgametócito sofre uma exflagelação. Temos agora macrogametóctios e microgametócito exflagelados. -O microgametócito exflagelado vai entrar no macrogametócito e vai ser fecundado, forma- se o oocineto. -O oocineto tem mobilidade e tem capacidade invasora das células do estomago do mosquito e vai formar um ooquisto. -Dentro do ooquisto vai haver esporogonia, vai haver formação de esporozoítos que depois vão migrar para a glândula salivar e vão ser libertados quando a fêmea se alimenta. -Os ooquistos têm membranas muito frágeis, não precisam de ser resistentes, eles só vão libertar os esporozoítos. -O ciclo C é a esporogonia porque se formam esporogonias. -Gametogonia- formação dos gâmetas -Gametocitogénse- formação dos gametócitos -Aqui o hospedeiro é infetado pela injeção de saliva, não necessita de entrar sangue no estômago. Merozoítos: -Existem várias proteínas de superfície e nos organelos apicais dos merozoitos que medeiam o reconhecimento e a invasão do GV. - A EBA-175 e EBA-140 existem nos micronemas. -A MSP-1 é uma proteína de superfície que é muito importante para a invasão celular. -Por exemplo, a RON-1 é uma proteína que faz a chamada da miosina que promove a entrada do parasita na célula.
  • 74. Jaime Oliveira 5 Degradação da hemoglobina e o vacúolo digestivo: -O parasita precisa de utilizar a hemoglobina para se multiplicar. A malária não se transmite de forma congénita porque a hemoglobina fetal não serve ao parasita. -O parasita vai entrar no GV e vai formar um vacúolo parasitóforo. Neste vacúolo existe um pH ácido. -Este pH acido é fundamental para a degradação de hemoglobina. -No vacúolo digestivo existem protéases (protéases aspárticas: plasmepsinas I, II, III; protéases da cisteína: falcipainas; Metalo-proteases: falcilisina) que vão fragmentar a hemoglobina. Vamos ter fragmentos de globinas que, por ação das metalo-proteases, vão originar peptídeos e depois as aminopeptidases vão degradar os peptídeos em peptídeos de menor tamanho que vêm para o exterior com custo de ATP. -No citoplasma existem outras aminopeptidases que vão originar os aminoácidos que são essenciais para que o parasita sobreviva. -Assim a hemoglobina é muito importante na sobrevivência do parasita, alterações a nível da hemoglobina dão resistência, por exemplo uma anemia falciforme. Malária: -A malária pode ser conhecida como: -Paludismo, impaludismo, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã maligna, febre quartã. -No brasil é conhecida por maleira, sezão, tremedeira, batedeira ou febre palustre. -A malária é caracterizada por: -É uma doença infeciosa febril aguda, causada por um protozoário unicelular do género Plasmodium caracterizado por ser acompanhado de calafrios, suores, cefaleias que ocorrem de forma cíclica dependendo das espécies do parasita infetante. -O período de incubação depende da espécie:
  • 75. Jaime Oliveira 6 -O inicio da doença -Cerca de 2-3 dias antes do 1º acesso febril temos dores de cabeça, fadiga, dores musculares e ósseas, náuseas e anorexia (sintomas de gripe). -Os acessos febris (ou acesso palustre ou malárico) -São episódios periódicos febris alternando com períodos sem sintomatologia -Inicialmente a febre pode ser irregular (assincroonia da esquizogonia) -Causa Esplenomegalia, hepatomegalia e anemia no progresso da infeção. -Trombocitopenia e nefrite -Problemas neurológicos Acesso malárico simples (palustre simples): -Os 1º sintomas do ciclo eritrocitário são: -Arrepios -Febre (a temperatura sobe durante 3-8 horas, máx:40-42ºC) -Suores profusos, diminuição da febre e estado de fadiga -Estes acessos febris podem durar entre 6-13 horas.
  • 76. Jaime Oliveira 7 Acesso pernicioso: -Causa: -Febre 40-41ºC -Anemia -Icterícia -Hemoglobinúria -Insuficiência renal aguda -Insuficiência pulmonar aguda -Problemas neurológicos – malária cerebral (pode dar convulsões que dão ataques parecidos com epilepsia e que podem ser semelhantes a meningoencefalites). -Estes acessos perniciosos nas crianças e adultos não imunes dão morte no espaço de 3 dias. -No entanto, sob tratamentos rápidos os problemas desaparecem normalmente sem sequelas. -As crianças podem ficar com algumas sequelas, nomeadamente problemas neurológicos residuais Malária grave em lactentes e crianças: -Nos primeiros meses de vida não é afetado porque tem a imunidade passiva recebida da mãe. -1 ano- há 80-90% de incidência parasitária -Nos primeiros 5 anos de vida – grave e fatal -Taxa de mortalidade máxima nos primeiro 2 anos de vida -A partir dos 5 anos de vida há um elevado nível de imunidade (75% parasitémias assintomáticas). Malária grave em Grávidas: -Morte -Pré-eclâmpsia e eclâmpsia (o bebé é tóxico para a mãe) -Toxemias nefríticas -Hipoglicémia -Aborto, morte fetal, prematuridade, sofrimento fetal Malária cerebral: -Responsável por 80% das mortes -Os sintomas podem variar consideravelmente, normalmente sugere uma encefalite ou de meningite, outras vezes alcoolismo, tétano, epilepsia. -Pode causar encefalopatias difusa com perda de consciência
  • 77. Jaime Oliveira 8 -O acesso pode ser rápido ou gradual -Confusão mental -Não há resposta a estímulos de dor, visuais ou verbais -Convulsões -Coma e Morte -A citoaderência é um grande problema da malaria cerebral! Como há zonas de isquémia, vão existir problemas circulatórios o que provoca bloqueios! -Num vaso sanguíneo se existir um bloqueio, vai haver isquémia, os GV não vão permitir a passagem de sangue porque se acumularam. Isto é grave a nível cerebral a nível da microvasculatura. -Há uma aderência dos GV parasitados ao endotélio. -Os GV parasitados têm uma composição diferente dos GV não parasitados. -As proteínas do parasita são exportadas para a superfície da membrana do GV. -Estas proteínas do parasita vão interagir com as células endoteliais. Patofisiologia: -O GV vai interagir com o endotélio através do PfEMP-1 e ICAM-1. Esta ligação vai fazer que dentro da célula endotelial haja um aumento da produção de NO. Este NO é tóxico e está envolvido na apoptose das células endoteliais.
  • 78. Jaime Oliveira 9 -Além de matar as células endoteliais vai fazer com que haja um aumento da expressão do recetor ICAM-1 nas células endoteliais. -A interação entre estes dois recetores vai levar à morte celular e ao aumento da expressão do recetor-> isto é problemático porque cada vez vai haver maior aderência de parasitas. -Vai haver um aumento do número de plaquetas (estão relacionadas com os processos de apoptose). Há um recetor, que é o CD-36 que vai levar à produção de TGF-B1 que leva à apoptose da célula. -A interação de linfócitos, via IL-10, com os monócitos promove a sua ativação com consequente libertação de NO, TNF e INF-Ɣ. Isto vai levar a alterações nas células. -Os linfócitos têm um efeito direto e citotóxico, promovem a morte celular, há rutura da BHE. Imunopatologia: -Há anemia devido à destruição dos GV dos parasitas e dos GV normais! -O GV quando está infetado vai rebentar e vamos ter menores quantidade de hemoglobina. -No caso A, temos o GV com o parasita, forma-se o esquizonte que vai rebentar e vão libertar antigénios solúveis. São detetados pelas células do sistema imune. -No caso B, temos o GV com o parasita envolvido por anticorpos. Os anticorpos estão a opsonizar o GV e assim facilitam a sua fagocitose. -No caso C, temos GV sem parasita que são envolvidos por anticorpos que são destruídos pelas células. Estamos a produzir auto-anticorpos que vão destruir GV saudáveis. -O facto de os GV parasitados rebentarem não explica a anemia porque há uma renovação dos GV. A anemia provocada por esta parasitose é muito grave, porque há vários mecanismos adjacentes a ela (ver esquema). -Temos vários GV parasitados e vários GV não parasitados a serem destruídos! -Os antigénios solúveis levam a um aumento dos níveis de TNF, o TNF vai inibir a medula óssea de produzir novos GV. -Esta situação é grave no P. falciparum porque ele parasita cerca de 50% dos GV.
  • 79. Jaime Oliveira 10 -Esta resposta imune do hospedeiro causa: -Esplenomegalia (há um aumento do baço, na infeção há produção de um número elevado de imunoglobulinas, há produção em larga escala, e vai sobrecarregar o baço, dai o seu aumento). -Temos células B esplénicas -Existe IgM no soro, e Anticorpos específicos. -Complicações renais -Há deposição de complexos Ag-Ac no glomérulo. -Ocorre com mais frequência no P. malariae Diagnóstico Clínico: -Sintomas: arrepios, febre, suores, dores de cabeça (acessos palustres) -Febre com carácter intermitente (periodicidade de 48-72H) -Residência ou procedência de zona endémica de malária -História clínica anterior semelhante -Esplenomegalia -Anemia -Mas há uma resposta favorável e rápida a fármacos anti-maláricos Diagnóstico Laboratorial: -Esfregaço sanguíneo -Fazemos a observação microscópica do parasita no sangue periférico -Deteção de antigénios parasitários -Deteção de DNA parasitário -Deteção de anticorpos -Recolha de informação sobre o doente: -Onde esteve? -Já teve malaria? Qual espécie de Plasmodium? -Que profilaxia utilizou? (porque pode atrasar os 1ºs sintomas) -Fez alguma transfusão de sangue? -Houve risco de transmissão por picada de agulha? -Na altura da colheita estava com febre? -A febre tem tido periodicidade? -A observação ao microscópio é feita com recurso a coloração por Giemsa. -Podemos fazer o teste da gota espessa, dando + ou – -O esfregaço sanguíneo permite distinguir a espécies, grau de parasitémia e as várias formas do parasita.
  • 80. Jaime Oliveira 11 Formas sanguíneas:
  • 82. Jaime Oliveira 13 Deteção de antigénios parasitários: -Realizam-se testes de diagnóstico rápido (TDRs) – Testes imunocromatográficos Diagnóstico molecular – PCR -É específico para cada espécie Tratamento da Malária: -Destruição de 3 formas parasitárias: -O esquizonte hepático não tem sintomatologia, é essencial eliminar porque ele vai libertar merozoitos que vão para o GV. -No esquizonte eritrocitário já temos sintomas.
  • 83. Jaime Oliveira 14 -4-aminoquinolina: -Temos a cloroquina e amodiaquina -A cloroquina era o fármaco de excelência porque atua em todas as espécies de Plasmodium, mas não atua no gametócito do Plasmodium falciparum. -Atua na degradação da hemoglobina. Impede que o parasita utilize a hemoglobina. -Apesar de existirem resistências, se a sua utilização cessar verifica-se que os parasitas ficam sensíveis à cloroquina passado algum tempo. -8-aminoquinolinas: -Temos a primaquina -Atua no esquizonte hepático -Evita as recidivas do Plasmodium Ovale -Inibidores DHFR e DHPS -Inibem a síntese do ácido fólico e inibem a síntese de DNA. -São inibidores da replicação de DNA -Estas enzimas são diferentes das nossas, portanto a utilização destes fármacos não interfere com as nossas células. -Artemisinina -É um sesquiterpeno extraído da planta Artemisia annua L. originária da china, utilizado na medicina tradicional chinesa há mais de 2000 anos. -Foi isolado pela primeira vez em 1972 -Tem vários derivados como o: artemeter, artesunato, arteter e artelinato -O grupo peroxido é o responsável pela sua ação. -Podem formar-se radicais livres que podem alquilar proteínas, etc... Qual a terapêutica indicada? -A terapêutica muda consoante a espécie. -No caso do Plasmodium falciparum varia consoante a parasitose seja complicada ou não complicada. Uma malária complicada tem sintomas mais graves, há o envolvimento de órgãos (ex: malária cerebral). -Recomenda-se a utilização de terapêuticas combinadas.
  • 84. Jaime Oliveira 15 Tratamento da Malaria não complicada – P. falciparum: -A malária não complicada não afeta os órgãos, mas tem os acessos febris. -Podemos utilizar uma terapêutica: -Terapêutica combinada baseada em não-artemisina: -Sulfadoxine-pyrimethamine plus chloroquine (SP+CQ) -Sulfadoxine-pyrimethamine plus amodiaquine (SP+AQ) -Terapêutica combinada baseada na artemisina: -Dentro desta terapêutica existem duas opções: -Áreas sem resistência: -Artesunate plus amodiaquine (AS+AQ) -Artesunate plus sulfadoxine-pyrimethamine (AS+SP) -Áreas com resistência: -Artesunato plus mefloquine (AS+MQ) -Artemether plus lumefantrine (AL) -Dihydroartemisinin plus piperaquine -Terapêutica para a Malária nas Grávidas: -Depende do trimestre da gravidez: -1º trimestre: -Quinica, chloroquine, clindamycin and proguanil -2º e 3º trimestre: -Derivados da artemisina, mefloquina em monoterapia, sulfadoxine-pyrimethamine, clindamycin-quinine -De notar que não podemos utilizar primaquine anda tetracyclines na gravidez! -Terapêutica para viajantes que regressam a países sem Malária: -Atovaquone + proguanil -Artemther + lumefantrine -Dihydroartemisinin + piperaquine -Quinine + doxycycline + clindamycin Tratamento da Malaria complicada – P. falciparum -Esta malária mata e pode afetar vários órgãos (ex: malária cerebral). -Temos Artesunato (parental) ou Arthemeter (parental) ou Quinine (parental). -A cloroquina por via parental não é recomendada. -A sulfadoxine-pyrimethamine por via intramuscular não é recomendada.
  • 85. Jaime Oliveira 16 Tratamento da Malaria - P. vivax, P. ovale ou P. malariae -Se estas espécies não desenvolveram resistência utilizamos preferencialmente Cloroquina. -Para uma cura eficaz do P. vivax e do P. ovale devemos utilizar Cloroquina + Primaquina. Esta combinação vai atuar no esquizonte nas formas hepáticas! É especialmente importante nestas espécies porque por vezes elas ficam em formas latentes no fígado! -Para P. vivax que seja resistente à cloroquina damos Amodiaquine, mefloquina e quinina. -Quando temos malária severa causada por P. vivax devemos utilizar o mesmo tratamento que fazemos para a malária severa e complicada do P. falciparum. (A malária do P. vivax pode ser tão grave quanto a do P. falciparum). -O P. vivax pode causar sintomas clínicos de largo espectro, podendo afetar apenas um órgão ou vários órgãos. Prevenção da Malária em viajantes: -Não existem vacinas disponíveis (mas já existem vacinas em fase clínica) -Proteção contra a picada dos mosquitos -Medicação preventiva -A quimioprofilaxia não é 100% eficaz
  • 86. Jaime Oliveira 17 Controle da malaria: -Reduzir o contacto homem-mosquito -Reduzir o vetor -Modificação ambiental -Larvicidas / insecticidas -Reduzir o reservatório do parasita -Diagnóstico e tratamento -Profilaxia terapêutica
  • 88. Jaime Oliveira 1 Resistência aos antimaláricos: Malária: -Se um mosquito injetar 10 esporozoítos vamos ter 10 esquizontes (cada esquizonte tem cerca de 10 000 merozoítos) então vamos ter entre 100 000 e 300 000 merozoítos na corrente sanguínea. -Esta quantidade de merozoítos pode encontrar níveis residuais de antimaláricos no sangue provenientes de tratamentos anteriores! Podem criar resistências! -Estes merozoítos vão invadir os GV e recomeçam o ciclo. São necessários pelo menos 3 ciclos assexuados para que apareçam os sintomas. -Em países com população imune são necessários mais 2 ciclos para aparecerem sintomas. A população imune existe em países de elevada transmissão. -Zonas de baixa transmissão -> menos de 3x por ano -Zonas de alta transmissão -> ocorrem infeções ao longo da vida do hospedeiro Controlo da Malária: -Podemos atuar: -No vetor (fêmea do mosquito anopheles): -Podemos remover os locais de reprodução (poças de água, riachos), podemos utilizar inseticidas e podemos prevenir o contacto com os humanos através do uso de repelentes, redes mosquiteiras, etc. -O problema na atuação do vetor é a resistência dos mosquitos aos inseticidas utilizados.
  • 89. Jaime Oliveira 2 -Tratamento: -Utilizamos antimaláricos que vão atuar nas diferentes formas do ciclo de vida. -O problema reside no aumento da resistência aos antimaláricos -Vacina: -Ainda não existem vacinas disponíveis -Há vacinas experimentais como a RTS,S/AS01 (P. falciparum) Resistência dos mosquitos aos inseticidas: -Os inseticidas são um meio eficaz de controlar a disseminação da Malária. No entanto, os mosquitos reproduzem-se rapidamente podendo haver disseminação elevada de resistências contra os inseticidas. -Os mais utilizados são os piretoides, no entanto apresentam algumas resistências já reportadas. São seguros e baratos. Estão aprovados pela OMS para utilizar nas redes mosquiteiras. Resistência dos parasitas aos antimaláricos: -A terapêutica combinada desacelera a emergia da resistência. -A primeira escolha no tratamento são os ACT (terapêuticas combinadas de Artemisinina ou derivados). -Estas espécies já são resistentes a alguns dos fármacos disponíveis no arsenal terapêutico.
  • 90. Jaime Oliveira 3 Fracasso do tratamento: -O fracasso terapêutica está relacionado com a resistência aos antimaláricos, mas não quer dizer que o fármaco seja ineficaz, pode haver outros fatores que condicionem o sucesso como uma dose incorreta, uma fraca adesão à terapêutica, a qualidade do fármaco, possíveis interações com outros fármacos e variações individuais. Resistência aos antimaláricos: -Tem muitas causas: -Uso indevido -Alterações genéticas -Custo biológico do mecanismo de resistência: é o gasto energético que o parasita tem de ter para manter aquele mecanismo. -Elevada parasitémia Emergência da resistência aos antimaláricos: -A emergência aos antimaláricos contempla duas fases: 1)Evento genético inicial 2)Seleção -Há um evento genético inicial que cria uma população que é resistente ao fármaco. Este evento ocorre independentemente da presença do fármaco!! O fármaco é importante na seleção! -Depois deste evento genético vai haver seleção de parasitas. A seleção dos parasitas é condicionada por vários fatores como a imunidade, as resistências cruzadas e fármacos com eliminações longas. -Na seleção do parasita, é mais provável que ocorra seleção da resistência em zonas de baixa transmissão porque não existe imunidade ao parasita, ele pode desenvolver-se melhor e selecionar a população que é resistente ao fármaco.
  • 91. Jaime Oliveira 4 -Podem ocorrer mecanismos de resistência cruzada se o mecanismo de resistência de um antimaláricos for semelhante ao novo fármaco. Pode nunca haver contacto com o novo fármaco, mas o parasita é resistente! -Estes fatores culminam numa pressão seletiva que vai matar as formas sensíveis, sobrevivendo as formas resistentes! -De seguida há disseminação da população resistente, que depende do número de gametócitos com o gene de resistência. Base molecular: -Os mecanismos de resistência aos antimaláricos estão relacionados com mutações em genes ou com amplificações da cópia do número de genes. -As alterações genéticas estão relacionadas com: -Alvos terapêuticos -Bombas de influxo/efluxo Resistência a Cloroquina (CQ): -A cloroquina tem um baixo custo, é eficaz e segura, no entanto têm aparecido resistências nos últimos anos. -Atualmente há uma resistência em todas as áreas endémicas em P. falciparum e uma resistência crescente em P. vivax. Mecanismo de ação da cloroquina: -O Plasmodium para adquire energia através da degradação da hemoglobina. -O parasita ao degradar a hemoglobina vai formar aminoácidos e o grupo heme, no entanto este grupo heme em grandes concentrações torna- se toxico para o parasita! -O parasita desenvolveu mecanismos de proteção, ele vai polimerizar o heme e vai formar biocristais inertes de hemozoína.
  • 92. Jaime Oliveira 5 -A cloroquina vai atuar na via de degradação do grupo heme. -A cloroquina é uma base fraca que circula no sangue com carga neutra o que permite que permite fluida livremente entre membranas. Ela entra por difusão no vacúolo, mas como aqui o pH é acido, a cloroquina vai ficar protonada (carregada positivamente) e não vai conseguir sair do vacúolo. -A cloroquina vai-se ligar a alguns monómeros do heme e vai impedir a sua polimerização, vamos ter muitos grupos heme acumulados na célula que o parasita não vai conseguir remover. Vai haver lise do parasita e do GV. -A cloroquina também pode levar à inibição da degradação da hemoglobina, a presença de cloroquina no vacúolo digestivo impede a entrada de enzimas que são necessárias para a degradação da hemoglobina. Como a cloroquina é uma base, vai aumentar o pH do meio o que vai inativar certas enzimas que iam degradar a hemoglobina. Assim não há fornecimento de energia ao parasita e ele morre. - A cloroquina atua nas formas sanguíneas: -Esquizonticida hemático e gametocitocida -Não atua no gametócito P. falciparum Mecanismo de resistência da cloroquina: -A resistência ocorre no gene pfcrt. -A lisina (carga +) na posição 76 vai ser substituída por uma tirosina (carga neutra). -Esta mutação permite que haja o transporte da cloroquina que se escontra dentro do vacúolo para fora do vacúolo. -Esta mutação dá níveis moderados de resistência à cloroquina. -Podem ocorrer mutações no gene MDR1. -Esta mutação vai afetar o transporte da cloroquina para o interior do vacúolo que é o seu local de ação -Tanto a mutação 1 como a mutação 2 vão afastar a cloroquina do seu local de ação. -A mutação no gene pfmrp vai fazer com que a cloroquina saia do parasita
  • 93. Jaime Oliveira 6 Fitness: -O Fitness está relacionado com o custo biológico. O custo biológico é o custo energético que a célula tem para manter o mecanismo de resistência. -Quanto maior o custo biológico menor o fitness. -Quanto maior o custo biológico menor a taxa de crescimento do parasita porque não tem energia disponível para tal -Quando existe uma mutação há um consumo adicional de energia para a manter: -Se o parasita estiver na presença de um antimalárico, esta mutação é vantajosa, ele pode manter esta mutação. -Se o parasita não estiver na presença de um antimalárico, está apenas a perder energia para manter uma mutação que não precisa. Aqui a seleção natural vai atuar no sentido de remover esta mutação visto que não é precisa e está a prejudicar o parasita do ponto de vista energético. -Um parasita que é resistente tem um fitness inferior ao não resistente. -Uma célula com uma mutação que consome muita enérgica tem baixo fitness. -O fitness pode ser avaliado a partir de observações clínicas. -Verifica-se que quando se remove a cloroquina, há uma diminuição da resistência, porque há uma diminuição da mutação, o que vai permitir reintroduzir o fármaco mais tarde para o tratamento. -A remoção da pressão seletiva exercida pelo antimalárico permite a reemergência dos parasitas sensíveis. Resistência à Sulfadoxina-pirimetamina (SP):
  • 94. Jaime Oliveira 7 Mecanismo de ação da Sulfadoxina-pirimetamina: - A sulfadoxina é um esquizonticida hemático, apenas tem ação a nível hemático. -A pirimetamina é um esquizonticida tecidular. -A sua combinação tem ação em todas as formas assexuadas. -São antifolatos. Vão inibir a síntede do ácido fólico que é essencial na síntese de aminoácidos e ácidos nucleicos. -A sulfadoxina vai inibir a ação da DHPS (dihidropteruato sintetase) -A pirimetamina vai inibir a ação da DHFR (dihidrofolato redutadse) -A combinação destes dois fármacos vai culminar em níveis reduzidos de tetrahidrofolato reduzido que é um cofator essencial na produção das pirimidinas. Havendo baixos níveis, vai haver menor produção de pirimidinas. Vamos inibir a replicação do DNA que vai inibir a divisão celular do Plasmodium, impedindo o seu crescimento. Mecanismo de resistência da Pirimetamina: -Há uma aquisição sequencial de mutações que leva a um decréscimo gradual da sensibilidade do antimalárico. -Ocorre uma mutação no gene dhfr que codifica a DHFR. -No P. falciparum as mutações ocorrem com uma certa ordem. -A 1ª mutação não vai afetar a suscetibilidade ao fármaco. -Aquando da 2ª e da 3ª mutação já vai haver resistências ao fármaco, mas ainda há ação clínica. -A 4ª mutação dá uma resistência total ao fármaco. -Estas mutações no gene do P. falciparum ocorrem perto do centro ativo da enzima. Assim a Pirimetamina perde a sua complementaridade, deixa de haver ligação, não há efeito do fármaco. -No P. vivax também ocorrem estas mutações, mas em posições diferentes.
  • 95. Jaime Oliveira 8 Mecanismo de resistência da Sulfadoxina: -Na resistência à sulfadoxina há uma mutação no gene dhps que codifica a DHPS. -Estas mutações ocorrem perto do centro ativo da enzima. Assim a Sulfadoxina perde a sua complementaridade, deixa de haver ligação, não há efeito do fármaco. Resistência à Mefloquina (MQ): Mecanismo de ação da Mefloquina: -A Mefloquina é uma base mais fraca do que a cloroquina. Em condições fisiológicas circula com carga positiva (monoprotonada) pelo que, como tem carga +, não consegue entrar por difusão passiva no vacúolo digestivo. -A Mefloquina vai formar complexos com o grupo heme que vão ser tóxicos para o parasita e vai levar à lise do parasita e do GV. -A Mefloquina vai atuar na via de desintoxicação do heme no vacúolo digestivo e vai inibir o influxo de solutos para dentro do VD. -Existe outro alvo da Mefloquina fora do VD mas não sabemos qual é. -A Mefloquina é um esquizonticida hemático (forma sanguínea hemática). Mecanismo de resistência da Mefloquina: -O mecanismo de resistência está associado a uma amplificação do gene pfmdr1. Vai haver um aumento do número de cópias deste gene. -Este gene codifica um transportador que se encontra na membrana do vacúolo digestivo, vai haver uma sobrepressão do transportador. Vai haver um efluxo enorme de Mefloquina para o interior do vacúolo digestivo. -Estamos a afastar a Mefloquina do seu local de ação principal (outro alvo no citoplasma). -Esta amplificação ocorre no gene wild-type. -É um evento relativamente frequente visto ser mais fácil fazer amplificações do que mutações.
  • 96. Jaime Oliveira 9 Fitness: -Fazendo uma co-cultura de parasitas com diferentes números de cópias do gene pfmdr1 na ausência da Mefloquina verifica-se que o número de cópias do gene é estável em monocultura, ou seja, múltiplas cópias do gene representam um menor fitness do parasita. -Manter um número elevado de cópias representa um custo biológico, sendo que um parasita com mais cópias tem um fitness inferior. -Verifica-se que com o passar do tempo o número de cópias tende a estabilizar, isto é possível porque as cópias do gene são estáveis. Se as cópias do gene do parasita não fossem estáveis o parasita tinha capacidade de desamplificar o número de cópias. Resistência aos derivados da Artemisinina (ART): -Temos o Artesunato, Artemeter e a Dihidroartemisina. -Houve uma emergência na resistência na fronteira do Cambodja-Tailândia. -Não se verifica uma disseminação da resistência, mas sim o aparecimento de casos independentes. -A resistência aos derivados da Artemisina reflete-se num atraso da clearance do parasita, há um atraso na eliminação do parasita, é uma resistência parcial. Mecanismo de ação dos derivados da Artemisinina: -A ponte endoperóxido tem de ser ativa para que este fármaco tenha atividade. -Este fármaco é ativado pela clivagem da ponte endoperóxido promovida pelo ferro na forma reduzida que vem da degradação da hemoglobina dentro do vacúolo. -O ferro ao clivar a ponte endoperóxido vai formar radicais livres que vão poder interagir com proteínas, elas vão ser alquiladas. Vai haver uma desregulação do metabolismo do parasita, que vai levar a danos celulares e à morte do parasita. -Este fármaco é mais ativo nos trofozoítos maduros (é um esquizonticida hemático) porque é nesta faze que há maior importação de hemoglobina para dentro do vacúolo digestivo. Vai haver mais ferro livre para ativar mais moléculas.
  • 97. Jaime Oliveira 10 Mecanismo de resistência dos derivados da Artemisinina: -O gene K13 é um regulador da qualidade proteica e está envolvido em processos de ubiquitinação (marcação de proteínas com que vão ser degradadas no proteossoma). -Quando há uma mutação neste gene deixa de haver a possibilidade da adição de moléculas de ubiquitina. Não há destruição celular! -A destruição de proteínas no ciclo celular é essencial para que a célula tenha uma divisão celular controlada. -Esta destruição é essencial, mas não havendo ubiquitinação de proteínas não há destruição das mesmas. -Se não há destruição das proteínas o parasita não se consegue desenvolver, vai entrar num estado de dormência. Nos mutantes K13 há um bloqueio da divisão celular. O parasita neste estado de dormência permanece na forma de trofozoíto que é menos suscetível aos derivados da Artemisinina. -AS mutações alteram a sua função e impedem a ligação do substrato ao domínio kelch, os níveis de ubiquitinação vão estar diminuídos e vai haver um bloqueio da divisão celular: vão ficar no estadio de anel prolongado e o ciclo celular é mais longo. Há um atraso no crescimento porque os parasitas entram num estado de dormência. -Estes genes não estão fortemente relacionados com a resistência à Artemisinina, podem contribuir para a diminuição da suscetibilidade, mas não são os principais responsáveis. -A utilização de terapêutica combina é uma boa solução para diminuir a emergência da resistência. -A grande maioria dos parasitas morrem devido aos derivados da Artemisinina enquanto que os parasitas residuais morrem devido à ação do outro fármaco administrado paralelamente.
  • 98. Jaime Oliveira 11 Resistência à terapêutica combinada de Artemisinina (ACT): Dihidroartemisinina + piperaquina (DHA-PQ): -É a combinação mais utilizada -É a primeira linha de tratamento para a malária não complicada -Houve uma emergência da resistência no Cambodja em 2010 -Houve disseminação da resistência na Tailândia, Laos e Vietnam em 2013 Mecanismo de ação da Dihidroartemisinina + piperaquina (DHA-PQ): -O mecanismo da ação da Dihidroartemisinina está descrito na página 10. -A piperaquina tem vários grupos N que são passíveis de serem protonados. A piperaquina vai acumular-se no vacúolo digestivo (é o seu local de ação) e vai bloquear a proteólise da hemoglobina e inibe a polimerização do heme, não se vai formar hemozoína e vão ficar grupos heme livres nas células que são tóxicos para o parasita. -A piperaquina é eficaz contra estirpes de Plasmodium que são resistentes à cloroquina porque a piperaquina é de maiores dimensões, vai inibir o efluxo do vacúolo digestivo. -Quando há resistência há cloroquina há um transportador que a transporta para fora do seu local de ação, mas como a piperaquina é maior, não vai conseguir passar por esse transportador, portanto fica dentro do vacúolo. Isto também explica o facto de haver poucas resistências cruzadas. Mecanismo de resistência da Dihidroartemisinina + piperaquina (DHA-PQ): -O gene plasmepsin 2-3 codifica protéases que são hemoglobinases, que participam na degradação da hemoglobina. -Vai haver amplificação deste gene. -Se vamos ter amplificação deste gene, vai haver maior degradação da hemoglobina, como temos muita degradação da hemoglobina, vamos ter muita formação do grupo heme. Não vamos ter antimalárico suficiente para impedir a polimerização do grupo heme, sendo assim fica algum grupo heme disponível para formar hemozoína. -Vão deixar de haver grupos hemes livres e vai haver diminuição da resistência. -A amplificação do gene promove o aumento do número de aminoácidos disponíveis para a síntese proteica e para a formação de hemozoína.
  • 99. Jaime Oliveira 12 -O gene pfcrt codifica um transportador da membrana do VD. Quando há resistência este transportador vai levar à saída da cloroquina para fora do VD, vai remover a cloroquina do seu local de ação. -Se existir uma mutação na posição 101 vai haver suscetibilidade à cloroquina, o transportador não mete a cloroquina para fora do VD e assim ela pode exercer a sua ação, no entanto o transportador ganha capacidade de transportar para o exterior a piperaquina. Abordagens no combate à resistência aos antimaláricos: 1-Prevenir o desenvolvimento das resistências: 2-Reagir à resistência:
  • 100. Jaime Oliveira 13 3-Reagir à resistência clínica total:
  • 101. Jaime Oliveira 1 Toxoplasma gondii Toxoplasmose -O Toxoplasma gondii foi descrita pela 1ª vez em 1908 no Brasil e no Norte de África. -A toxoplasmose foi descrita como sendo uma doença que causa quisto oculares e pode ter origem congénita (passar da mãe par ao filho). -A toxoplasmose está muito ligada a sintomas neuro-oculares. Epidemiologia: -O toxoplasma gondii é o agente etiológico da toxoplasmose. -É um parasita intracelular obrigatório -A toxoplasmose é uma antropozoonose cosmopolita. -A prevalência de infeção na população aumenta com a idade. -Seroprevalência de 50-60% da população mundial (OMS). -O seu reservatório são mamíferos e aves. -O hospedeiro definitivo é o gato doméstico. -É um parasita oportunista em indivíduos imunodeprimidos. Morfologia: Taquizoíto: -Forma invasiva resultante da reprodução assexuada -Observa-se durante a fase aguda da infeção -Multiplica-se rapidamente nas células nucleadas dos hospedeiros definitivos e intermediários -Forma de meia lua com a extremidade anterior mais afilada que a posterior. -4-6 µm de comprimento e 2-3 µm de largura. Quisto: -Contem no seu interior bradizoítos. São as formas assexuadas do metabolismo lento. -Encontram-se normalmente no cérebro, retina, músculos esqueléticos e cardíacos. -São destruídos pela dissecação, congelação e pelo calor. -Estes quistos podem estar presentes em todos os animais. -Quando se ingere carne é necessário cozinhar a carne completamente para eliminar o risco de sermos contaminados com os quistos. -Pode estar na forma de latência em tecidos e órgãos. É perigo se houver um período de imunodepressão porque eles podem-se ativar e originar uma infeção.
  • 102. Jaime Oliveira 2 Ooquisto: -Resulta da reprodução sexuada do parasita que ocorre no intestino delgado do gato. -Forma imatura é excretada nas fezes dos felinos e não é infectante. -Necessita de 2-5 dias no meio ambiente para maturar. -O ooquisto esporolado contém 2 esporoquistos. Cada esporoquisto contém 4 esporozoítos. -O ooquisto maduro é infectate. -Como o ooquisto necessita de alguns dias para maturar, a forma que sai no gato, é uma forma não infectante! Ciclo de vida: Reprodução assexuada: -Há a ingestão de ooquistos esporulados (contêm esporozoítos) ou de quistos (contêm bradizoítos) que vão invadir as células do intestino e diferenciam-se em taquizoítos. -Vão para a circulação sanguínea e vão invadir células nucleadas. -De seguida vão invadir órgãos e tecidos. -O GV não é invadido porque não tem núcleo. Reprodução sexuada: -A reprodução assexuada acontece no gato, que é o seu hospedeiro definitivo. -O gato pode ser infetado por bradizoítos, taquizoítos ou esporozoítos, que vão penetrar as células epiteliais nas quais se vão dividir assexuadamente.
  • 103. Jaime Oliveira 3 -Passados 10-12 dias vão formar os percursores dos gametas, que são os microgametócito e os macrogametócitos. -De seguida vão formar um zigoto, e há eliminação do ooquisto nas fezes. Este ooquisto não é infectante! Precisa de maturar no meio ambiente 2-5 dias. Vias de Transmissão: -As fezes do gato expelem ooquistos para o meio ambiente. No solo podem contaminar vários animais, água, vegetação. -Os animais de campo podem ingerir os ooquistos e depois ficam com formas de latência, os quistos, nos seus tecidos e órgãos. -O Homem quando come carne mal passada, ou legumes mal lavados, ou trata da higiene do gato, pode ficar infetado com ooquistos ou quistos. -Também pode ser infetado por quistos que existam em transplantes de órgãos ou sangue que contenha taquizoítos. Patogenia: -A infeção aguda, nos imunocompetentes, faz lembrar os sintomas de uma gripe. -Na infeção latente ou crónica o indivíduo já tem quistos nos seus tecidos ou órgãos e possui as IgM positivas.
  • 104. Jaime Oliveira 4 Clínica: -É a forma mais comum. -Os sintomas são parecidos com os de uma gripe grave. -Pós-Natal -Há manifestações por todo o corpo. Se ocorrer no feto, no 1º trimestre, ele morre. -Pós-Natal -O estrabismo pode ser uma consequência de uma toxoplasmose congénita. -Pós-Natal -A toxoplasmose, na gravidez, é grave para o feto. -A forma ganglionar é a forma mais frequente na criança em idade pré-escolar e escolar. -Estas formas clínicas podem ocorrer em: -Imunodeprimidos -Imunocompetentes -Grávidas- são o maior grupo de risco, porque podem transmitir a infeção ao feto. Toxoplasmose em Imunocompetentes:
  • 105. Jaime Oliveira 5 Toxoplasmose em Imunodeprimidos: -Pode haver uma reativação da infeção pela existência de quistos na forma de latência. -Nos imunodeprimidos, os CD4 baixam. Isto permite que os parasitas se disseminem. -Nos doentes com SIDA: -A encefalite toxoplásmica ocorre em 10-50% dos indivíduos com SIDA. -Nos doentes transplantados: -Nos doentes com linfomas, leucemias: -Ocorrem sintomas neurológicos como encefalopatias difusas e meningoencefalites. Toxoplasmose na Mulher Grávida: Infeção 1ª aguda e toxoplasmose congénita Toxoplasmose congénita: -A toxoplasmose congénita é a passagem da toxoplasmose da mãe ao feto. -Cerca de 40% das mulheres grávidas com primo-infeção (infeção primária aguda) transmitem a infeção ao feto. Nestes casos é necessário fazer o diagnóstico pré-natal. -O tratamento materno precoce diminui o risco de transmissão ao feto e reduz a gravidade das lesões fetais. Dai a importância do diagnóstico precoce e da instituição terapêutica. -Na maioria dos casos a primo-infeção é assintomática. É recomendado realizar exames periódicos.
  • 106. Jaime Oliveira 6 -Não há ligação entre o risco de infeção fetal e o facto de a mãe ser sintomática ou assintomática. -A incidência da toxoplasmose congénita é variável, ocorrendo em 1:1000 a 1:12 000 dos nascimentos. -A incidência da infeção aumenta com o tempo de gravidez. -A gravidade da doença aumenta com o aumento da gravidez. -O risco para o feto é maior no 1º trimestre da gravidez, porque é quando há formação dos órgãos. No entanto há menor incidência da doença porque a placenta é muito isolante (sendo que nos finais da gravidez a placenta já deixa passar mais substâncias) -Quanto mais tarde se apanhar toxoplasmose melhor será para o feto. 1º e 2º trimestres: -Se a toxoplasmose ocorrer no 1º e 2º semestre da gravidez é problemático para o feto, porque o parasita vai invadir todos os órgãos fetais e causar inúmeras patologias que vão culminar na morte fetal ou no aborto. -Se estes fetos sobreviverem vão ter anomalias ou atrasos físicos e mentais. -Por vezes o quadro agudo pode regredir e originar um quadro sub-agudo. -O feto não morre, mas fica com alterações neuro-oculares. -Isto ocorre em 20-30% das infeções neonatais. Quando o feto nasce são visíveis alterações oculares.