Este documento é uma coletânea de poemas escritos por professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro. A coletânea inclui poemas de vários gêneros sobre diversos temas e foi organizada pelo Projeto Poesia na Escola da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
3. 3
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Eduardo Paes
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
Regina Helena Diniz Bomeny
SUBSECRETARIA MUNICIPAL DE ENSINO
Jurema Holperin
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO
Maria de Nazareth Machado de Barros Vasconcellos
E/SUBE/CED – GERÊNCIA DE MÍDIA-EDUCAÇÃO
Simone Monteiro de Araújo
EQUIPE DE COORDENAÇÃO DO PROJETO POESIA NA ESCOLA
E/SUBE/CED Gerência de Mídia-Educação
Revisão:
Ana Margarida Ferreira de Sant´Ana Fernandes ,Catharina Harriet
Machado Vasconcellos Soares Baptista, Luciane de Assis Almeida,
Martha Maria Gomes e Martha Rocha.
PROFISSIONAIS QUE COLABORARAM COM A SELEÇÃO DE POEMAS
Ana Margarida Ferreira de Sant’ Ana Fernandes
Andrea Cristina Rossi di Gioia
Angela Santana do Nascimento
Fátima Regina dos Santos França
Luciane de Assis Almeida
Mara Jane Felippe Oliveira de Carvalho
Márcia Romualdo da Silva
Rita Cassia Lima Vaz
Produção permitida, citando fonte e autores
4. 4
Prezado Leitor,
É com muita alegria que compartilhamos a edição da Coletânea
de Poemas dos Profissionais da Rede Municipal de Ensino do Rio de
Janeiro, por meio do Projeto Poesia na Escola, versão 2016.
Muitas vezes, o mundo contemporâneo e suas “vertigens”
nos oferecem um cotidiano embrutecido, fazendo-nos deixar de
lado a fruição da beleza tão instantânea da vida. Como atividade
essencialmente humana, a Arte pode ser elemento catalisador desses
momentos e ressignificar muito do que vemos, ouvimos, sentimos e
lemos.
Assim, parafraseando os versos de Carlos Drummond de
Andrade, precisamos deixar que a “poesia de hoje inunde-nos a
vida inteira”, como o fizeram, tão generosamente, os profissionais
de nossa Rede, que se debruçaram sobre diversas inspirações e
compuseram os escritos que ora apresentamos.
Parabenizamos nossos poetas por seus versos e fazemos votos
de que a poesia os persiga vida afora!
Helena Bomeny
Secretária Municipal de Educação
MENSAGEM
5. 5
SUMÁRIO
MENSAGEM....................................... 4
1.ª CRE
INVENÇÃO......................................... 8
Declev Reynier Dib Ferreira
ANDARILHO....................................... 9
Leila Barbosa Visco Vieira
CONSTATAÇÃO I .............................. 10
Carlos Eduardo Soares
O EU-LAR......................................... 11
Otávio Augusto Souza Rodrigues
A ORÍGENES LESSA .......................... 12
Mercedes Formigo Fariña
HOMENAGEM.................................. 14
Maria Inês Garcia
PALAVRAS INVERTIDAS .................... 15
Silvania Vitoria C.onceição do Nascimento
VIDA DA ESCOLA NA VIDA............... 16
Aline Moreira Barrucho
MANIFESTO FILOSÓFICO .................. 17
Antônio Manoel Lima de Holanda
GRITOS NO SILÊNCIO ....................... 19
Marcelo da Rocha Moura
SOLIDÃO.......................................... 20
Silvia da Silva Cardoso de Souza
2.ª CRE
NOSSO AMOR.................................. 21
Márcia Souza
ESCRAVIDÃO.................................... 22
Mônica Borges Menezes
3.ª CRE
AMOR SOBERANO ........................... 23
Elizabeth Frazão dos Santos
DESTINO ......................................... 24
Sandra Lima Machado
BEIJO LENTO.................................... 25
Ana Cláudia de Abreu Soares
LUTAR COM PALAVRAS .................... 26
Carlos Mauricio da Cruz
MEMÓRIAS ..................................... 27
Marisa Alves Macedo
O MENINO POBRE............................ 28
Ana Claudia Leoni
INTENSIDADE................................... 29
Beatriz da Silva Fraga Nunes
ENSINAR É... .................................... 30
Patrícia Cristina da Silva Gomes
SIMPLESMENTE ATÉ ......................... 31
Ana Lúcia da Rocha Marcelino
AMOR NÃO É SENTIMENTO ............. 32
Amanda Cristina Motta Francisco Borges
AMOR DE PROFESSOR ..................... 33
Marilene Regina Calado Julianelli
4.ª CRE
“TÁ TRANQUILO, TÁ FAVORÁVEL”..... 34
Sandra Vieira da Costa
FAZER ARTE, FAZER PARTE................ 36
Gabriela Nascimento Santos
FATO................................................ 37
Gabriela Nascimento Santos
SER AVÓ DE MENINO....................... 38
Solange Simões Alves
HORA DA HISTÓRIA ......................... 39
Ana Paula Cardoso Soares
SEJA UM DOADOR ........................... 40
Cláudia Bonavita de Oliveira
LUGAR DE SONHAR.......................... 41
Jaqueline de Araújo
PRAIA BEIRA MAR (RIO DAS OSTRAS )...42
Lúcio Carvalho Ignácio
RIO, ENCANTO MEU......................... 43
Petronilha Alice Almeida Meirelles
CORAGEM ....................................... 44
Elizete Knippél do Carmo
CANTIGA DE NINAR .........................45
Débora Cristina Rodrigues Esteves
5.ª CRE
VIDA................................................46
Liane da Cruz Alves
FELICIDADE......................................47
Maria da Penha Trajano de Oliveira
6. 6
A VIDA: DOM DE DEUS .................... 48
Jocenir Imaculada de Abreu Pereira
SER ESTUDANTE............................... 49
Leandro Gama Junqueira
DELÍRIO HUMANO ........................... 50
Rosana de Souza Pereira Carvalho
INFINITO .......................................... 51
Jéssica Guimarães Ribeiro
PARADOXO ...................................... 52
Liliana Secron Pinto
SER FRATERNAL ............................... 53
Ana Lídia Saldanha Dias Reis
POESIA!........................................... 54
Tereza de Jesus Costa Santos Rocha
CANTO............................................. 55
Murilo dos Santos Antunes
6.ª CRE
E SE? ............................................... 56
Vania Lucia Machado de Feu
A FORMA DA ÁGUA......................... 57
Luciana Nascimento de Almeida
GENTE, OLHA ESSA GENTE.............. 58
Mirian dos Santos Emerick
MAR ................................................ 59
Nice Neves Butta
POEMA DE AMANHÃ ....................... 60
Aira Bruno de Oliveira dos Santos
SONETO MEU ................................. 61
Claudia Alves Moreira
DEPRESSÃO ..................................... 62
Jorge Luiz Monteiro Peçanha
CADEIRA VAZIA................................ 63
Luís Carlos Santos Nicácio
FAZER O QUÊ? ................................. 64
Ester de Barros França
DESPEDIDA ...................................... 65
Vania Maria Rohem Bastos
7.ª CRE
PETRA.............................................. 66
Rodrigo Sant’Izabel Ribeiro
AMARÍLIS......................................... 67
Eloísa Oliveira dos Santos
PORTO – PARATY.............................. 68
Silvia Regina dos Santos e Castro
PALAVRAS SORRATEIRAS.................. 69
Érika Satlher Rolhano Messias
A VIDA E A GANGORRA ................... 70
Diogo Neves Gomes da Silva
AS LEIS DO UNIVERSO...................... 71
Sonia Regina Oliveira Villarinho
PROXIMIDADE DISTANTE ................ 72
Fátima Cristina Dória Ramirez dos Santos
O BARCO ........................................ 73
Luiz Fernando Henriques Martins
QUEM SABE, UM DIA....................... 74
Saionara Cristina da Silva
LIDERANÇA...................................... 75
Aracy de Oliveira Simões
NO MEU TEMPO... ........................... 76
Silvânia Alves dos Santos
SAMPLEANDO II............................... 77
Paulo Fleury
8.ª CRE
A VIDA TOMBA ................................ 78
Edimilson Ramos
“SUCESSO PRA TI, MAS...” ............... 79
Sérgio de Barros Morgado Júnior
PELA JANELA,... ............................... 80
Sérgio de Barros Morgado Júnior
PROFESSOR...................................... 81
Viviane Menezes Mainenti
UMA VOZ ........................................ 82
Cristina de Souza Ferreira da Silva
CALO ............................................... 83
Luciana Ribeiro Leal
ESPELHO.......................................... 85
Alzira de Cassia da Hora Motta
ESPERANÇA ..................................... 86
Ilsa Teixeira do Nascimento
QUEM SOU ...................................... 87
Neila Barsand deLeucas
SEU ESTRANHO PEDIDO DE SOCORRO....88
Katia Zandomingo Soares
9.ª CRE
LÁGRIMAS ....................................... 89
Flávio Itôr da Silva
SÓ MAIS... ....................................... 90
Lucília Lopes
7. 7
FELICIDADE NA CONTRAMÃO ......... 91
Tessa Tavares da Fontoura
VOZ DA IDADE................................. 92
Daniele Silva do Nascimento
AMORTECEDOR ............................... 93
Ana Lucia da Silva Lima Monteiro
BORBOLETA ..................................... 94
Marcela Bazilio da Silva
O TEMPO ......................................... 95
Rosilane Freitas dos Santos
SONHO............................................ 96
Ana Rogéria Gonçalves Rodrigues
FAMÍLIA - MEU MAIOR TESOURO .... 97
Marcos José Xavier Brandão
QUANDO SE TEM ALGUÉM .............. 98
Cláudia Simone Alves
10.ª CRE
MINUTOS INTENSOS ........................ 99
Margarete Aparecida dos Santos Rodrigues
Bandeira Ribeiro
LUCIDEZ ........................................ 100
Margarete Aparecida dos Santos Rodrigues
Bandeira Ribeiro
DOCE PARTIDA............................... 101
Denise Francisca Ramos
TEMPO........................................... 102
Cristiano dos Santos Lemos
VIVÊNCIA ...................................... 103
Cristiano dos Santos Lemos
SEM RIMA, SEM MÉTRICA.............. 104
Liane Costa Felizardo
SEU LOBO ...................................... 105
Carlos Eduardo Ferreira de Oliveira
MÃE ATLETA .................................. 106
Antonia Maria Gonçalves
CADÊ MINHA VÓ?.......................... 108
Micheli Pires da Silva
MINHA RAZÃO PRA TE AMAR......... 109
Eduardo Santos de Souza
A DONA ROSA ............................... 110
Cássio Luís Veríssimo
11.ª CRE
AVALIAR PARA QUÊ?......................111
Roberto da Silva Fernandes
CÁLICE NOS BASTIDORES............... 112
Vera Lúcia Bulhões Góes Bastos
VOCÁBULO ................................... 113
Giano José de Azevedo
SELENA ......................................... 114
Giano José de Azevedo
POESIA DOS MUROS ...................... 115
Karla Soares Antunes
A VIOLETA DESTA TARDE................ 116
Diego Knack
O BREVIÁRIO DO POETA................. 118
Diego Knack
REVELAÇÃO ................................... 119
Giovanna Salazar Mousinho Bergo
AMANHÃS ..................................... 120
Marcelo Carreiro Freire
O LIVRO DAS FLORES ..................... 121
Michel Serpa Santos
INSTÂNCIA..................................... 122
Manoel Marcos da Costa
CREJA
NATUREZA QUE HÁ EM MIM.......... 123
Daniel Pereira de Oliveira
DE ONDE VEM A ESPERANÇA?....... 124
Gissele Luanda Cruz da Silva Ferreira
MULHER ........................................ 125
Getúlio Rezende Benevides
8. 8
1.ª CRE
INVENÇÃO
Declev Reynier Dib Ferreira
Eu invento, reinvento, refaço
Jogo fora
E faço tudo de novo.
Eu penso, repenso, invento
Balanço a cabeça
Pra pensar de novo.
Depois eu penso em outras coisas que invento
E como este invento
Já foi inventado
Eu reinvento tudo diferente.
E vou fazendo
Até fazer como eu quero.
Mas como eu nunca faço como eu quero
Eu refaço, reinvento, repenso
Revivo
E revivendo,
Vou vivendo,
E.M. 01.01.007 Marechal Mascarenhas de Moraes
Professor I de Ciências
9. 9
ANDARILHO
Leila Barbosa Visco Vieira
Pelas relvas, pela selva
Pastos, campos a vagar
Entre sonhos da insônia
Pela serra, vale e ar
Ando pelo coração do amante
Na multidão distante
Sem rumo é meu andar
Colho mel das flores
Bebo das fontes sabores
Não me deixo descansar
Terras sem dono
Casas pequenas, rios serenos
Estrelas cadentes, luz reluzente
Meus passos vou deixar
No fosso, no esgoto, no cansaço
Da solidão me afasto
O sorriso da criança abraço
Busco curvas na esperança
É longo meu caminhar
Busco vida
Até a morte chegar.
E. M. 01.02.007 Orlando Villas Boas
Professor II
10. 10
CONSTATAÇÃO I
Carlos Eduardo Soares
Fica aqui.
Não dito,
pensado,
sentido,
imaginado.
Sufoca aqui.
Não dito,
pensado,
sentido,
imaginado.
Amarga aqui.
Não dito,
pensado,
sentido,
imaginado.
Não há som, não há escrita.
Há este aqui sufocante e amargo.
Não dito,
pensado,
sentido,
imaginado.
E. M. 01.03.001 Estados Unidos
Professor I de Artes Plásticas
11. 11
O EU-LAR
Otávio Augusto Souza Rodrigues
Eu sou todos os cômodos de uma casa
A cada instante do dia,
A cada momento sou um cômodo diferente.
Se sou varanda,
Sou observador.
Presto atenção em quem chega
Presto atenção em quem sai
O entrar e sair na minha vida
Tudo observo.
Contemplo o além de mim
Visualizo tudo ao meu redor.
Se sou sala,
Sou receptivo, sou social.
Trato a todos com cordialidade,
Sou comunicativo.
Entro em contato com o mundo.
Preocupo-me com a aparência.
Preocupo-me com o que pensam.
Se sou quarto,
Sou introspectivo
Sou reflexivo
Adormeço em minha consciência
Descanso em minhas ideias
Construo a minha identidade
Preservo a minha individualidade.
Se sou cozinha,
Sou espontâneo.
Coloco em prática o que almejo
Ajo conforme a minha vontade
Tempero a minha vida.
Cozinho o meu tempo
Coloco os problemas em banho-Maria.
Se sou banheiro,
Sou depurador.
Descarrego minhas energias.
Limpo os maus pensamentos.
Lavo a minha alma.
Me renovo.
Me transformo.
E.M. 01.03.005 Mário Cláudio
Professor I de Geografia
12. 12
A ORÍGENES LESSA
Mercedes Formigo Fariña
Suas obras me levam à infância,
A sonhar com as memórias de um cabo de vassoura,
Com as memórias de um fusca, confissões de um vira-lata ou
de Juca Jabuti.
Cresci.
Fui ler o feijão e o sonho,
Dividida, divertida, ingenuidade palavrosa,
Caindo do real para o ficcional,
Esse jogo divertido, muitas vezes sofrido.
Poesia não dá casa e comida,
Dizia minha mãe ao saber da minha opção por literatura.
Case com a Matemática! Lhe dará juros e dividendos.
Pobre personagem Campos Lara,
Alter-ego de Orígenes?
Quem poderá saber?
Mas de baixo daquela mangueira
Sonhando a vida inteira em ser,
Maria Rosa não o podia entender.
Pobre Orígenes!
Digo: pobre Campos Lara!
Sinfonia atravessada da direita para a esquerda
Não perde as convicções
De ganhar a vida como escritor.
Romancista social, representa os anos trinta.
Diga trinta e três.
Leitor paulista de Lençóis
Preso e levado para Ilha grande
Por viver sonhos de liberdade.
Às vezes, fugindo pra ficção,
Outras catando o feijão.
O feijão de cada dia.
Feijão duro de ganhar
Levantar às cinco e ir para o jornal.
Buscar notícia fresca ou contar em cordel
A vida do Coronel.
13. 13
Getúlio Vargas vai pro cordel.
Bota o homem na parede
Tira, tira da parede...
Quanta história pra contar.
Preso na Ilha Grande,
Escreve como resposta
“Não há de ser nada”
E esse original Orígenes
De tudo isso fez canção.
Ganhou pão e prêmios.
E até entrou pra academia.
Vejam, só!!!
E.M. 01.03.005 Mário Cláudio
Professor I de Língua Portuguesa
14. 14
HOMENAGEM
Maria Inês Garcia
Formosa, elegante
Graciosa e fulgurante
Desliza na avenida e na vida
Cores, matizes, espelhos, reflexo, irmãos
Para além do tempo e do espaço
Na singela engrenagem do cotidiano
Alfa e Ômega
Riscos, desafios, descobertas
Honras e homenagens ventiladas no além mar
No horizonte paciente do dia
No deslizar da noite
Canta, encanta, empolga, celebra
Convida, convive, partilha
Protege e acalenta seus filhos do luar samba
Alimenta, nutre e embala uma História
Em seus pés ... o seu bailar
Na estrada, na quadra, linguagens de esperança
Na morte, que ninguém escapa reluz seu brilho
Respeito !
Na alma de cada ser um presente, pressente uma luz
No silêncio fecundo, no ruar da cuíca
Em cada passo ofegante
Ei-la, Mangueira !
E.M.01.07.006 Marechal Trompowsky
Professor II
15. 15
PALAVRAS INVERTIDAS
Silvania Vitoria Conceição do Nascimento
EVA liberta a AVE
que esvoaça
para a AMORA
exalando
seu AROMA
até ROMA,
Cidade do AMOR
e do ATOR
que em sua
ROTA
interpreta
somente o
que lhe satisfaz
passando assim
PAZ.
E a platéia
extasiada
manda-lhe
um ZAP,
parabenizando
pelo que faz!
E.M. 01.23.002 Santa Catarina
Professor II
16. 16
VIDA DA ESCOLA NA VIDA
Aline Moreira Barrucho
Na escola da vida
Aprendi a dizer não,
Aprendi que um sorriso
Vale mais que um milhão.
Saber não é tudo,
Nem tudo é preciso saber
Saber viver é coisa rara
Que nem todos sabem fazer
A vida ensina,
Na calma ou na marra
Ou se abre ou se fecha
Ou se fala ou se cala
A razão e a emoção
São as bases da pirâmide
Há de ter um equilíbrio
Se não vira um turbilhão!
E.M. 01.23.004 Juan Antonio Samaranch
Professor I de Língua Inglesa
17. 17
MANIFESTO FILOSÓFICO
Antônio Manoel Lima de Holanda
Acorda, homem!
Traga tua alma
E espanta teus medos.
Que não haja Deus...
Que sejas Deus!
Conhece teu mundo,
Esse doce brinquedo, conquistas,
E depois te leva a vida.
Lambe teus pensamentos
E sente o gosto da esperança.
Não estamos sós,
Somos muitos.
E o homem é eterno.
Santifica teus instantes,
E conhece e ama cada coisa,
Pois amanhã, quem sabe, a morte
Roubará teus sonhos,
E não poderás mais...
Cheira a flor!
Afaga teu semelhante!
E faz o possível,
Para homens livres e iguais...
Saca teu tempo, homem,
Transforma teu minuto,
Em segundos de luz...
Dê significado a cada ação e desejo.
Te apaixona não pelo chegar
Mas pela caminhada...
Beija teu filho como se fosse
nunca mais...
Vive como a morte fosse
amanhã...
Não espere o momento especial,
18. 18
Cada instante o é...
Vista suas melhores ideias,
e saia por aí...
O tempo é sábio e tem magia;
E precisa de ti e de cada um de nós,
Para fazer valer o “estar vivo”.
Ama e conhece! E faz da tua vida,
A minha vida! A nossa vida!
Qualquer vida! Todas as vidas!!!
E.M. 01.23.004 Juan Antônio Samaranch
Professor I de Educação Física
19. 19
GRITOS NO SILÊNCIO
Marcelo da Rocha Moura
Não sinto fome,
Embora não tenha me alimentado.
Uma fraqueza me envolve o corpo
Feito o abraço que não tenho.
Essa ausência consome minha dignidade
E me lanço aos pés descalços da solidão
Suplico aos céus uma saída e é lá que eu a encontro,
Do chão sujo e seco por onde ando.
Ah, caminhos tortuosos por onde tenho andado,
Até onde me levarás?
Anseio enxergar um oásis neste deserto
E me banhar nas águas da felicidade,
E saciar minha sede,
E descansar como um trabalhador após a labuta.
Estampar um sorriso, mesmo que insano,
Mas que disfarce em mim a penumbra deste tempo.
Me leva e me eleva em direção ao sol
Onde há luz e calor.
E. M. 01.07.016 Josué de Sousa Montello
Agente Educador II
20. 20
SOLIDÃO
Silvia da Silva Cardoso de Souza
Solidão espaço sem fim
Noite de angústias
Tempo ruim
Solidão espaço vazio
Vertigens no escuro
Eco do nada
Solidão, noite vazia
Triste argumento
De quem é só.
E.M. 01.02.001 Celestino da Silva
Responsável
21. 21
NOSSO AMOR
Márcia Souza
Nosso amor baseado em desencontros
De momentos tão difíceis não deu
Mais pra segurar
Nosso amor tanto tempo dedicamos
Refizemos nossos planos
E de nada adiantou
Começamos sem começo
Era lindo o nosso apreço
Que o tempo afastou
Nosso amor
Tinha tudo pra dar certo
Era água no deserto
Foi de alma e coração
Se morrer, morro contigo
Sou teu ombro, teu amigo
Muito mais que uma paixão
Nosso amor, se perdeu
Do seu caminho.
Virou água, não deu vinho
A distância aconteceu
Insistir não vai dar jeito
Já não bate em nosso peito
Nem dispara o coração.
E.M. 02.04.010 Francisco Alves
Professor II
2.ª CRE
22. 22
ESCRAVIDÃO
Mônica Borges Menezes
Preciso me libertar
Não suporto mais esta escravidão
Me liberto então em pensamento,
através dele, faço o que quero.
Vivo livre!
A pressão me consome
A pressão me enjaula
A escrita me liberta!!!
Vivo presa...
Presa no meu corpo,
na minha casa
nos meus desejos...
Ah! Mas no meu pensamento?!
No meu pensamento voo livre...
E.M. 02.09.001 Benedito Ottoni
Professor II
23. 23
AMOR SOBERANO
Elizabeth Frazão dos Santos
Não sabemos quando nasce um grande amor.
Sabemos quando ele torna-se presente.
Existe amor proibido ou impossível?
Certo ou errado?
O amor é livre de julgamentos,
Pois liberta os escravos do medo.
Ilumina os caminhos sombrios
“Amolece” os corações “duros”
O amor...
Passaria longa horas escrevendo
Sobre esse sentimento, mas não.
Prefiro vivê-lo intensamente
Os meses se passaram
O presente é só amor.
E o futuro?
Quando se tornar passado,
Fará parte das minhas doces lembranças.
E.M. 03.13.020 Bento Ribeiro
Professor I de Ciências
3.ª CRE
24. 24
DESTINO
Sandra Lima Machado
Minh’alma eu lavo na poesia
É ela quem cura minhas tristezas
Limando as asperezas
Da vida sofrida
Angústia vivida
Em palavras
Humanidade buscada
Nesse mundo cão
Traição e confusão
Ferem o íntimo
Trazendo um turbilhão
De emoções
Que esperar de quem não se solidariza?
Que vê chorar a um irmão?
Não consola e ri bestamente
Da dor de outrém
Na solidão?
Sofre o poeta porque pensa
Que sua dor pode estar
Em qualquer um
Desnudando sua cerne
Ao infinito
Sentindo-se como um verme
Em oração
Pedindo perdão ao Pai
Por sentir raiva
Daquele que lhe feriu
Em luto deixou
Seu coração
Mas mesquinhez é comum
Na atualidade
Ó raça tão devastadora!
Que faço parte também
Em minha pequenez realidade!!
E.M. 03.13.033 Maria Isabel Bivar
Professor I de Língua Portuguesa
25. 25
BEIJO LENTO
Ana Cláudia de Abreu Soares
Corre, passa logo tempo! Entrega, limpa, arruma, faz!
Acorda agora, é pra amanhã!
Vamos, tá pronto? Envia já!
Passa poste, passa prédio, monumento, carro, trem.
Perdi o metrô!
Passa homem. Assine o contrato. É tanto retrato...
Vê mais um café?
E viva à Tecnologia!
São tantas as teclas e sempre a dançar!
Um mar de palavras que vem e que vão...
A vida, não para?
E nas entrelinhas da agenda fiel
O novo, o sutil, prestes a se revelar.
Tão branco e negro
Inocente e sábio
Infinito céu de contradições...
Envolve-me inteira sem pedir licença
O meu Amor...
Seu sorriso? Sim, tem flores!
Traz a vida, tira o chão...
Inda esqueço “desflutuar”!
Minha nossa, já são 6?!
A planilha, a caneta! O relógio despertou?
Vai, separa, sim, segura!
Corre, para, pega, solta!
Sorri agora: olha a foto! Chega, parte, apronta a mala.
Cadê o contrato? Imposto de Renda! Fez supermercado?
Pague o boleto gerado.
Cadê meu sapato? Rescinda o contrato! A festa é na sexta?
Comprei os ingressos. Vou ler meus impressos.
Cadê meu Amor?
Vou pôr nesta agenda: PRE-CI-SO-DE-BEI-JO!
E.M. 03.12.005 Dom João VI
Professor II
26. 26
LUTAR COM PALAVRAS
Carlos Mauricio da Cruz
Muito embora a luta seja vã,
conforme diz o poeta,
eis-me aqui, mais uma vez,
a lutar com as palavras.
Em meio a metáforas,
hipérboles e paradoxos,
a vida segue e nos surpreende
a cada palavra dita ou calada.
Se falo, me decifro
Se calo, me devoro
Se grito, me agito
Se indago, me exploro.
E são tantas afirmações
E negações de exclamações
Que termino reticente...
Diante da grande interrogação
Que é viver.
Resgatar o pretérito
Para viver um incerto futuro?
Ou investir num certo presente
Para constatar que o tempo
É mera ilusão?
Fingindo não me importar com o resultado,
Adjetivo nomes
Conjugo hipóteses
Discordo de regências
E pontuo concordâncias
Na luta verbal de todos os dias.
E.M. 03.13.042 Goiás
Professor I de Língua Portuguesa
27. 27
MEMÓRIAS
Marisa Alves Macedo
O dia passou
Com uma névoa
Embaçando a memória,
Que insiste em se revelar...
Cheiros
Cores
Aromas
Sabores
E sensações
Inquietam a alma,
Revisitando
Fatos
Lugares
Pessoas
Saudade...
Um vazio estranho no peito.
Que vontade de voltar no tempo!
Que vontade de rever vocês...
E.M. 03.12.006 Ministro Orosimbo Nonato
Professor I de Língua Portuguesa
28. 28
O MENINO POBRE
Ana Claudia Leoni
O menino é pobre, mas o menino pode
Acredita no menino
Pega essa criança, cuida, ama
Faça o menino sonhar
Transmuta pobreza em superação.
O menino é pobre, mas o menino pode
Menino lindo:
Pele cor de jambo, cabelo de mola, olhos de jabuticaba
Com energia de um furacão
Olha para esse menino, escuta essa criança
Ama.
Acredita nessa vida, acredita no menino humilde
Porque a pobreza é nada
Perto da alegria de ver o menino pobre
Crescer, vencer e ser feliz apesar de tantas injustiças sociais.
E.M. 03.12.032 Reverendo Álvaro Reis
PEF de Inglês
29. 29
INTENSIDADE
Beatriz da Silva Fraga Nunes
Se o amor atendesse por outro nome,
todos os poetas clamariam por apenas um:
o seu,
pois como as esmeraldas,
brilham nas bolsas de aristocratas
E as estrelas queimam incandescentes
nos mais altos céus.
Assim também meus sonhos
Vagam por espaços nunca antes imaginados.
E encontram nos seus braços
O único alento que um mortal encontraria como um bem
Mais precioso e duradouro do que a própria imortalidade
Minha vida se entrega com a suavidade de uma flor
Que se curva ante o vento para sentir seus lábios.
No seu perfume encontro a paz
que nunca imaginei existir
Seria ousadia consentir que o desejo se rende aos seus pés?
Talvez não.
Chama-me quando quiseres,
que rendida
Estou aos seus encantos.
Seus olhos me chamam
Eu simplesmente respondo:
Aqui estou!!!!!
E.M. 03.12.032 Reverendo Álvaro Reis
Professor II
30. 30
ENSINAR É...
Patrícia Cristina da Silva Gomes
Eu, professora,
nessa missão de ensinar,
aprendendo com a dor,
a profissão que se resume a doar...
Meus aprendizes pequenos,
seguindo a estudar,
são promissores doutores,
o seu valor a buscar...
Vale a pena se falar,
que o verdadeiro educador,
dedica-se a aprender
e busca sempre entender...
Precisamos ser como criança
e desvendar o dilema:
com amor, ensinar e aprender.
Como sempre, é o nosso tema.
Paciência, Tolerância e Amor.
Amor, Tolerância e Paciência.
Sem receio, necessitamos expor,
nem precisamos seguir a sequência.
Doar-se e se dar valor,
sem resistência, vale a pena.
Educação pública com ânimo e vigor,
dedicação, ensino e aprendizagem de preferência!
E.M. 03.13.013 Ministro Gama Filho
Professor I de Língua Portuguesa
31. 31
SIMPLESMENTE ATÉ
Ana Lúcia da Rocha Marcelino
Sorrisos muitos
Brincadeiras diversas
Carinho, amizade, amor...
Choros, sim. Eu chorei.
Chorei ao ver que você insistia
Em se esconder
Por trás do escuro de seus olhos
Queria provar o que nunca existiu.
Hoje me alegro ao ver
Que estás de volta
E, depois da tempestade,
Vem sempre um lindo sol.
A nossa amizade não terá nunca um ponto final
E sim um até logo
Até breve...
Ou, simplesmente,
Até!
E.M. 03.12.005 Dom João VI
Agente Educador
32. 32
AMOR NÃO É SENTIMENTO
Amanda Cristina Motta Francisco Borges
Amor não é sentimento. É decisão!
Decido amar quem me feriu
E quem nunca me estendeu a mão.
Amor não é sentimento. É decisão!
Olvido todas as mágoas
E me entrego de coração!
Amor não é sentimento. É decisão!
Abraço o que mendiga,
E não lhe nego um pedaço de pão!
Amor não é sentimento. É muito mais!
É estar em meio a uma guerra
E ainda assim ter paz.
Amor nasce no meio do nada,
Na areia mais frívola do deserto triste
Nasce no coração de quem é HUMANO
Nos lugares onde a empatia existe.
E.M. 03.13.15 República do Peru
Professor I de Língua Portuguesa
33. 33
AMOR DE PROFESSOR
Marilene Regina Calado Julianelli
De repente não há mais voz!
De repente estamos sós!
De repente houve um fim.
E você nunca mais ficará perto de mim.
Sonhos, devaneios, buscas insensatas!
Caminhos entrelaçados, amores disfarçados.
Uma noite, uma despedida!
Uma noite alguém perde a vida!
Sem busca, sem outrora, sem saída.
A moto rodou, se perdeu numa nuvem escura e fria!
O silêncio se fez,
A música parou de tocar!
Não há mais surpresas no ar!
Não há mais ideal a buscar.
Raul e Gonzaguinha, meu amor,
Vieram te encontrar!
Em meio a estrada aberta,
Um mundo ali se encerra!
E você foi embora!
Na carona das estrelas, Augusto José.
E.M. 03.13.15 República do Peru
Professor II
34. 34
“TÁ TRANQUILO, TÁ FAVORÁVEL”
Sandra Vieira da Costa
Se o dia nasceu belo
O sol a nos encantar
“Tá tranquilo, tá favorável”
Mas, se a chuva inundou cidades
Levou casas e há corpos para enterrar
“Tá tranquilo, tá favorável “
Se o meu time venceu
na segunda divisão
“Tá tranquilo, tá favorável”
Mas se há violência nos estádios
E o cartão vermelho é seu
“Tá tranquilo, tá favorável”
Se a criança nasceu
Robusta e perfeita
“Tá tranquilo, tá favorável”
Mas se a ignorância ou a maldade
Vitimou embriões
“Tá tranquilo, tá favorável”
Se a paisagem é paradisíaca
E atrai multidões
“Tá tranquilo, tá favorável”
Mas se um mísero inseto
Vira gigante e a nação adoece
“Tá tranquilo, tá favorável”
Se a minha casa é minha vida
E as bolsas estão cheias
“Tá tranquilo, tá favorável”
Mas se lares são invadidos
4.ª CRE
35. 35
Por balas perdidas
E a violência é minha vizinha
“Tá tranqüilo, ta favorável”
Se o meu grande amor me presenteia
Com flores e chocolate
“Tá tranquilo, tá favorável”
E se indiferença nos cega a vista
Vira capa de revista
“Tá tranquilo, tá favorável”
Se o subo a rampa com faixa no peito
Clamando respeito
“Tá tranquilo, tá favorável”
Mas se minha palavra tornou-se piada
Só enxergo desgraça
“Tá tranquilo, tá favorável”
Se o futuro é um gigante
Que almeja esperança
“Tá tranquilo, tá favorável”
Mas se o dinheiro dá pro feijão comprar
Pior do está não pode ficar
Será?...
E.M. 04.30.003 Bahia
Professor II
36. 36
FAZER ARTE, FAZER PARTE
Gabriela Nascimento Santos
Se você gosta de Arte
Artista pode ser.
Pontos, linhas, cores, formas
Para o desenho aparecer.
O pintor é um poeta,
Um poeta diferente.
Seus quadros são os versos
Que encantam tanta gente.
Artista ou arteiro,
Poeta ou pintor.
Da vida a Arte faz pArte
E o mundo ganha mais cor.
E.M. 04.31.023 Presidente Gronchi
Professor I de Artes Plásticas
37. 37
FATO
Gabriela Nascimento Santos
Numa terra de Chiquinha,
Joaquina e Carmem Miranda
Estupram mulheres, moças
E crianças.
Cadê a evolução?
Ficou apenas na canção.
Cadê a liberdade?
Procura-se por toda parte.
E a doce alegria?
É perdida a cada dia
Neste mar de agonia.
E.M. 04.31.023 Presidente Gronchi
Professor I de Artes Plásticas
38. 38
SER AVÓ DE MENINO
Solange Simões Alves
É jogar bola e rodar pião,
Brincar de carrinho e caminhão.
Pingue-pongue, totó,
E futebol de botão.
É subir em árvore e soltar pipa,
É brincar de barquinho de papel
E andar de carrossel.
É sonhar e brincar na imaginação.
É viajar no mundo com as histórias,
É ser princesa, protegida pelo príncipe
sem medo de bruxas e de bicho papão.
É descobrir que a melhor cor é a do céu.
É amar, é sorrir, é brincar
Ser feliz!
Descobrir nesse sonho,
Que o bem maior é ser avó.
E.M. 04.11.016 Conde de Agrolongo
Professor II
39. 39
HORA DA HISTÓRIA
Ana Paula Cardoso Soares
Cada gesto.
Cada olhar.
Cada sorriso,
A esperar.
É a hora,
Da história,
Que a Sala de Leitura,
Vai anunciar!
E já vai começar...
Se tem suspense,
Paira no ar.
Se tem mistério,
É de arrepiar!
E se tem música,
Vamos cantar?
Quando é de romance,
Coração vai acelerar.
Quando é de aventura
Quem vai se arriscar?
Cada história,
Cada sonho,
Cada sentimento.
É a leitura,
Que contagia
A todos
Aqui neste lugar!
Lugar de livros.
Lugar de criar.
Lugar de descobertas.
Lugar de sonhar.
Lugar de saborear,
Palavras escondidas.
Lugar de encontrar,
Histórias perdidas.
Lugar mágico.
Lugar feliz.
Lugar de crianças,
Ouvindo histórias...
Criando histórias...
E pedindo bis!
E.M. 04.11.016 Conde de Agrolongo
Professor II
40. 40
SEJA UM DOADOR
Cláudia Bonavita de Oliveira
Doe,
Doe com amor
Doe com o coração
Doe com alegria
E receba gratidão.
Doe,
Doe amizade
Doe compaixão
Doe gentileza
E recolha com emoção.
Doe
Doe o seu tempo
Doe o seu ouvido
Doe os seus conselhos
E ganhe um amigo.
Doe
Doe o seu corpo
Doe o seu útero
Doe o seu sangue
E dê à luz uma dádiva.
E. M. 04.31.006 São João Batista
Merendeira
41. 41
LUGAR DE SONHAR
Jaqueline de Araújo
Sabe aquele lugarzinho
Que toca o coração?
Ao passar pela porta,
Sentimos a emoção!
Lugar de gente feliz!
Feliz e muito antenada
Aqui convivem adultos, jovens
E toda criançada.
O saber, o livro e a caneta
Se tornam nossos amores
Nosso lugar de sonhos
E de muitos sabores.
Se você não adivinha
Vem com a gente conhecer.
Nossa escola de leitores,
Você vai amar
Você vai ver!
Ainda não adivinhou,
O lugar que estou falando?
É nossa escola amada
Nossa Conde de Agrolongo
E.M. 04.11.016 Conde de Agrolongo
Professor II
42. 42
PRAIA BEIRA MAR (RIO DAS OSTRAS )
Lúcio Carvalho Ignácio
Longe a espuma se espalha,
das ondas leves beijadas pelo vento.
Puro sabor de sal marinho em teu corpo.
Que percorro com os olhos.
A traçar um roteiro de desejos.
Espero em silêncio que tu percebas meu olhar
Enquanto quem te acompanha não pode me ver
E também não (sabe) contemplar-te a beleza
Como a mim, agora, é permitido por algum deus distraído . . .
Pudesse eu agora tomar o lugar deste deus
E fazer das ondas meus braços, te envolveira,
Conduzindo-a ao meu reino e a faria rainha.
Mas fico a olhar a espuma num devaneio caótico
Pois não sou um deus e o mar não me pertence.
Nem o sabor de tua pele com as rosas de sal
Poderei sentir . . .
O meu olhar não tem a força desta brisa
Que agora, te revolvem os cabelos, cobrindo-lhe o rosto,
Que te agita em gestos suaves a arrumá-los
Num sorriso sem propósito, mas tão rico de detalhes e encanto,
Concorrendo com toda beleza e imensidão desta praia . . .
Em mais esta tarde de solidão e sossego.
E.M. 04.10.016 Chile
Professor I de História
43. 43
RIO, ENCANTO MEU
Petronilha Alice Almeida Meirelles
Quantas ruas, becos e vielas
Transpassam dentro de mim
São as esquinas da vida
Que escondem meus fragmentos.
Nas largas avenidas
Que amolecem o meu pisar
Ah, princesinha do mar!
Garota encanto de Ipanema
Ah, sol da Prainha!
Barraca do Pepê
Reserva Marinha
Desenrola meu espírito.
Alô, alô!!! Realengo, Madureira, Penha!
Trilhas de profundas caminhadas
Tijuca, Andaraí e Vila Isabel
Marchinhas de muitos carnavais
Meu Império Serrano
Nascido no alto da Serrinha
Tudo cantas meu Rio de Janeiro
És tu que mora nos cantos de mim.
E.M. 04.11.014 João de Deus
Professor II
44. 44
CORAGEM
Elizete Knippél do Carmo
É preciso coragem!
Coragem para enfrentar problemas,
Desfazer dilemas...
Ir à luta,
Viver...
Ter coragem é necessário;
Para aceitar o difícil
Orientar um “irmão”
Aceitar o inaceitável...
Driblar o inevitável: dizer não!
Ter coragem dá TRA-BA-LHO...
Não o trabalho árduo do dia-a-dia.
É a dificuldade de ter controle...
É lutar para vencer dores...
É defender amores...
É saber também perder.
Ter coragem é necessário: sempre!
Ficar sem ela?
Jamais!
Mas... se fraquejar, temer...
Isso faz parte da vida, do viver.
E.M. 04.30.003 Bahia
Professor I de Língua Portuguesa
45. 45
CANTIGA DE NINAR
Débora Cristina Rodrigues Esteves
De onde vem sua luz?
Brilhava em outro lugar
Agora a vida lá fora
Sorri pra você chegar...
Teus pés pequeninos
Mal tocam o chão
Mas correm desbravando caminhos
Que se abrem em meu coração...
Pedro, pedrinha de rio,
Risos no quintal.
Parede desenhada, roupinha pendurada
Colorindo mundo e varal...
Pedro, pé de moleque,
Bolinhas de sabão.
E uma fada encantada, pede a lua emprestada
Pra enfeitar tua canção...
E.M. 04.31.023 Presidente Gronchi
Professor I de Educação Física
46. 46
VIDA
Liane da Cruz Alves
Com tolerância na vida
Nós devemos aprender
Que tudo passa
Até um novo amanhecer
Pessoas nascem
Pessoas morrem
Pessoas aprendem
A sobreviver!
Esperando uma vida
Que seja melhor
Onde a tolerância
Esteja ao nosso redor
Vida minha
Vida tua
Vida nossa
Vida misericordiosa
Vida mansa
Vida cheia
Vida que seja
Para todos maravilhosa!
E.M. 05.14.019 Rosa Bettiato Zattera
Merendeira
5.ª CRE
47. 47
FELICIDADE
Maria da Penha Trajano de Oliveira
Feliz,
idades,
felicidades.
Aos 8, cheiros de bonecas,
Goiabas tiradas do pé.
Corridas descalça,
Pele sentindo o calor do chão.
Aos 13, cabelos soltos,
Banhos demorados,
Bala de hortelã, chiclete de tuti-fruti,
Risinhos, carinhos, selinhos.
Aos 15, o primeiro amor.
O calor do corpo.
Beijos molhados.
Cheiros e paixões.
O proibido, as emoções.
Na juventude fazemos barulho.
Estamos perto e longe.
Corremos mesmo parados.
Somos filhos dos ventos.
Amantes das brisas.
Aos 30, somos donos.
Agora já temos.
Cuidamos, amamos.
Às vezes caímos,
Às vezes levantamos.
Felicidades,
Feliz idades.
Elas estão sempre conosco.
Nos nossos rostos,
Nos nossos corpos.
São marcas, sorrisos e, às vezes, lágrimas.
Viva a sua idade,
Viva a sua felicidade.
E.M. 05.015.040 Professor Souza da Silveira
Professor II
48. 48
A VIDA: DOM DE DEUS
Jocenir Imaculada de Abreu Pereira
A vida é um dom
Um presente belo e santo
Que acontece todo dia
Numa caminhada infinita
Nas estradas iluminadas
E inusitadas do nosso ser.
Existir é divino e desafiador.
Existir é empolgante e confortador
É uma luta constante
cheia de medo e de coragem
ao mesmo tempo segura
e também temerosa.
Mas é uma luta do dia a dia
intensa, profunda e verdadeira
Assim é viver e isso basta!
A vida é divina,
É corpo e alma
Sangue e divindade
Soma que nos faz livres
Nos faz filhos
De alma contida, remida, amada!
Nesta estrada, a vida se passa
A história se faz,
O coração se completa
Muitas vezes puro
Como de uma criança
Outros sábios como os de uma mulher.
Fortes como homens sensatos
Lindos como Deus na humanidade.
Somos um pedaço de tudo,
E nada que está em nós,
Nunca fica só
Pois quem tem fé
Sempre acredita no melhor
Reconhecendo que o muito
que se conquista
Compreende o Tudo
que Deus nos dá.
E.M. 05.15.004 Luís de Camões
Professor I de Língua Portuguesa
49. 49
SER ESTUDANTE
Leandro Gama Junqueira
Ser estudante é ter na mente o improvável
E sentir que pode realizar o impossível.
É ter os olhos no horizonte infinito
E fazer dele o destino da caminhada,
Da incansável imaginação.
É ter a mochila cheia de sonhos voláteis
E bolsos na calça para aquecer as mãos.
Ser estudante é ser sonhador.
É sentir instintivamente a fragrância das estações.
É beber feliz a água da chuva,
Dançando alegre sobre as poças formadas,
Sentindo na pele o peso do ar.
É ser tão plenamente leve
Capaz de, sem dificuldades, decolar.
Ser estudante é ser revolucionário
E revolucionar-se todos os dias
Evolucionando, dia-a-dia, mente e coração.
É ser espelho, referência anônima,
De todos que sonham voar.
É fazer da experiência extraordinária
O seu mais tangível cotidiano.
Ser estudante é nunca desistir,
É do pódium enxergar novos desafios
E aprender todo o tempo.
É ter tanta saudade da escola
Que a estende por tudo,
Fazendo da experiência, professora
E da vida, sala de aula.
E.M. 05.14.021 Nun’Alvares Pereira
Professor I de Língua Portuguesa
50. 50
DELÍRIO HUMANO
Rosana de Souza Pereira Carvalho
Eu tenho medo da morte,
Sofro por não ser imortal,
Mas minha alma é eterna
E essa esperança me conforta.
Enxergo a vida com amargura
Um corpo sem sangue,
Indiferente e duro,
Esperando uma onda do mar
Que venha me resgatar
Desse sentimento incontrolável
E que pode ser fatal.
E.M. 05.14.021 Nun’Alvares Pereira
Professor I de Língua Portuguesa
51. 51
INFINITO
Jéssica Guimarães Ribeiro
Anjo sublime dos meus sonhos Luz na escuridão
Tu foste meu guia na imensidão Paisagem cálida das minhas
lembranças Guardo na memória a imagem
Que em mim sustenta a esperança
De um dia ser capaz de conquistar oinalcançável
Transpor as barreiras
E desafiar o improvável.
Tempo quesetorna umalento E também um desespero Procuro
atento a solução
Para elucidar meu mistério particular Será apenas alucinação
Ou sintomas da paixão?
Só sei que não consigo controlar As batidas de meu coração.
Tento governar o infinito Mas, não há mais limites Nem mesmo
há a gravidade
Que em mím exerça aatração
Ou faça meus pés tocarem o chão E meu mundo inteiro se re-
sume Num ser angelical
Que é a minha salvação.
E.M. 05.15.020 Waldemar Falcão
SecretárioEscolar
52. 52
PARADOXO
Liliana Secron Pinto
Quero falar-te alto
Dizer-te a Deus e a quem vem
Quero gritar teus versos
Bradar teus poemas e ir além
Quero senti-los na carne
por dentro
Faze-los reverberar nas entranhas
E repeti-los até a exaustão
Porque teus versos passam longe do prazer, da placidez, da
ternura
são versos de abrir feridas, de furar com faca,
de destruir utopias, de arrancar dor.
São potência, haraquiri
Abismo.
Mas ao final, exausta
Quero deitar no aconchego de outros versos
E dormir um sono de recuperar forças
E de ter esperança.
Porque nunca se é um só
e pra tudo se tem poesia.
E.M. 05.15.038 França
Professor I de Língua Portuguesa
53. 53
SER FRATERNAL
Ana Lídia Saldanha Dias Reis
O amor é capaz
De milagres remotos
Das mãos luminosas
Que estenderam e ergueram
Crianças que antes pareciam
Jogadas ao vento
Foram amparadas por um ser
Igual a você
Demonstrar fraternidade
Aos olhos de Deus
És, por que não,
Um arcanjo
Enviado a este mundo
Pra fazer parte da poesia
Que a vida te oferecer
Compreender teu ato humilde
Impregnado de delicadeza e gentileza
Que as lágrimas não podem conter
Fazei, Senhor
Com que você sonhe
O sonho dos justos
Viva o infinito das emoções
No grande mar de estrelas
Onde se encontra
Este teu grande coração.
E.M. 05.14.013 Adlai Stevenson
Professor II
54. 54
POESIA!
Tereza de Jesus Costa Santos Rocha
Feitas de versos e encantos
Nascidas palavras
Cruzadas faladas traçadas
Trancadas por choros
L a m e n t o s !
Não sente ... se perde em palavras
Sussurros, segredos
P e n s a m e n t o s .......
Se voam no espaço da mente sadia
Fadada ao destino de ser sempre jovem
Alegre bonita de tão preenchida
Da vida escrita pensada ... editada ... e ditada !
Ensinamentos!!
Nem sempre falada !
Tão linda ... tão lida!
Jamais esgotada, nem envelhecida nunca vazia
Por mais que ditada editada
Des Mem bra da
Renascida
Apontamentos !!!
Amor, escárnio, sonetos prosas ... versos canções paixões
Corações!
Relacionamentos
Inexplicável Etmologia ...
Que afaga, apedreja acaricia jactante e singela:
Poesia!
E.M. 05.15.061 Aspirante Carlos Alfredo
Professor II
55. 55
CANTO
Murilo dos Santos Antunes
Canto neste dia que amanhece
Nessa noite que anoitece
Levo a vida a cantar!
Canto para quem de Deus esquece
Com este mundo que enlouquece
Vendo o amor se acabar
Lindo é poder viver sorrindo
É ver o sol no céu se abrindo
É ver a flor desabrochar
Triste é ver morrer uma esperança
Ouvir o chorar de uma criança
É ver a paz se acabar
Lindo é ver uma esperança
É plantar o amor no campo
É ver a paz de o amor brotar
E.M. 05.14.013 Adlai Stevenson
Responsável
56. 56
E SE?
Vania Lucia Machado de Feu
E se der uma ventania
E acabar com toda poesia,
O que irá acontecer?
O mundo perde cor
E a sua vida todo sabor
E se numa chuvarada
A aventura for acabada,
O que irá acontecer?
Sem heróis para me defender,
Sem bandidos para combater
E se passar um furacão
E acabar com toda canção,
O que irá acontecer?
Apaixonados a chorar
Sem ter o que cantar
Mas se amanhã o sol nascer,
E nas mãos de uma criança um livro eu ver,
Volta a esperança num arco-íris sem fim
Que a Literatura traz pra mim!
CIEP 06.22.203 Oswald de Andrade
Professor II
6.ª CRE
57. 57
A FORMA DA ÁGUA
Luciana Nascimento de Almeida
Vez em quando a água leva
Os sonhos e os sorrisos dela,
Os pensamentos deixados na janela,
Aquele bonito desenho de aquarela.
Mas nem tudo a água leva...
Vez por outra a água traz
Aqueles sonhos deixados pra trás,
Os sorrisos bonitos do rapaz,
Um dia lindo e cheio de paz,
De vez em quando a água traz.
De vez em quando a água leva,
De vez em quando a água traz,
Leva e traz leva e traz.
E ela nem sabe o bem que faz!
De vez em quando a água traz.
E.M. 06.25.030 Telêmaco Gonçalves Maia
PEF de Língua Portuguesa
58. 58
GENTE, OLHA ESSA GENTE
Mirian dos Santos Emerick
Olhem toda essa gente
correndo sem direção.
Eles também fazem parte
do progresso da nação.
Olhem essa gente de pé no chão
lutando por um pedaço de pão.
Gente que é gente.
Gente que é ser humano,
gente que é nosso irmão.
Olhem essa gente pequena
sofrendo sem precisão.
Deus amou os pequenos
porque eles constituem a multidão.
Gente, que gente sofrida
perseguida sem o mínimo de condição
de gritar por seus direitos
e sobressair- se da humilhação.
Gente que sofre e sofre calada
pois em suas bocas já não restam salivas
Para cuspir toda a podridão
que os fizeram engolir.
Gente, gente que é massa
que é a multidão.
Gente que embora sofrendo,
esperam...
Gente,
eles esperam a salvação!
E.M. 06.25.015 Max Fleiuss
Professor II
59. 59
MAR
Nice Neves Butta
Mar
te conjugo nas areias da praia
ao me afogar na tua imensidão.
Ondas que vêm e que vão
levando as marcas deixadas na areia.
Levaste o desenho do meu coração
mas o amor ficou.
Meus castelos desfeitos
não eram feitos de areia?
Momentos de maré alta:
felicidade,
desejo
e paixão.
Momentos de maré baixa:
tristeza,
apatia
e desilusão.
Mar, amar, amor.
Vivo num eterno
movimento das marés
que levam e lavam a minha existência.
Eterna maresia.
Mar
te conjugo nas areia da praia
ao me afogar na tua imensidão.
Mar.
São apenas três letras
que descortinam o infinito.
E.M. 06.25.015 Max Fleiuss
Professor II
60. 60
POEMA DE AMANHÃ
Aira Bruno de Oliveira dos Santos
Procura-se uma jovem
Ela estava aqui inda agora
Cadê a menina que eu fui?
Onde estão meus sonhos?
Roubaram todos
E junto levaram a juventude
A época sadia
De aprendizado e atitude
Alguém viu? Alguém sabe
Onde posso encontrar
A garota do brilho no olhar
Que sorria
Brincava
Sonhava
Amava...
Quero ela aqui
Pra me ajudar a terminar
Aquele poema
Que deixei pra amanhã
Que começou não sei onde
Que não pode acabar
O poema da vida
Da chegada e da partida...
E.M. 06.25.003 Monte Castelo
Professor I de Língua Portuguesa
61. 61
SONETO MEU
Claudia Alves Moreira
Quando surgires num clarão da mente,
Soneto meu, que há tanto tempo espero,
Hei de escrever-te num louvor sincero
E declamar-te enfim solenemente
Hoje a angústia que me corrói pungente
É saber-te em mim tão adormecido
Que tenho medo de ter-te perdido
Tal qual mãe que abortou seu inocente
A concepção, que te trará à história,
Aguardo, a crer-te na forma concreta
Da palavra exata de que estou ávida,
Pois não me basta estar de ideias grávida,
Hás de nascer e me fazer poeta,
Soneto meu, hás de alcançar a glória!
E.M. 06.25.003 Monte Castelo
Professor I de Língua Portuguesa
62. 62
DEPRESSÃO
Jorge Luiz Monteiro Peçanha
Meu coração sangra
Manifesta-se em meus olhos
A dor líquida que umedece
Minhas pálpebras
Para então, furtiva,
Escorrer-se pelo meu rosto
Contorcido de dor, febril de
Desgosto
Tenho que me apegar ao desapego
Para então flutuar no limbo etéreo
De meus próprios devaneios
Desnudo de meu próprio corpo
-Preciso voas-
Sinto que chega a hora
De voltar para as estrelas
E enamorar-me do cosmo
Bailar no vácuo da inexistência
Fundir-me ao nada
Nadar no espaço
A cada dia que amanhece
Anoiteço-me
E vejo na felicidade dos outros
O cruel escárnio do destino
Que teima em me manter
Inconsciente em minha própria
Consciência
Há um ardor amargo
Que queima em minha garganta
Lembro-me que ainda
Existo, sub-existo
Cala em meu peito
O gélido toque
De um desespero surdo
Que me castra de volúpia pela vida
E sublima minha vontade de ser
Já não consigo mais ver o concreto
E metafísico
Dá-se apenas consolo tênue que
não apaga
O fardo de flertar com aquela que
me apara a sorte
Anula-me com chaga forte, pois
É de lídimo mister este flerte com
a...
E.M. 06.22.019 Emílio Carlos
Professor I de Língua Inglesa
63. 63
CADEIRA VAZIA
Luís Carlos Santos Nicácio
A tua cadeira está vazia agora
Na minha mente surge na hora
As palavras e perguntas que não tinha outrora
E o desejo que me consome de estar contigo
E falar-te do amor que tenho por ti
De te dar o carinho que vergonhoso senti
De contar mil histórias que na vida vivi
De ter teu conselho para poder me guiar
De receber o consolo que tua voz sabia dar
Mas não estás mais aqui
E sinto-me perdido
Minha alma pedindo
Que estivesses por aqui
Para ter teu consolo
Confortar meu sono
Aliviar meus ais
Dizer-te que és meu amigo
E que a vida que hoje sigo
Tenho em ti meu modelo
Meu pai, meu herói
E então, a perversa saudade
Me enche de tristeza
E.M 06.22.022 Rose Klabin
Professor I de História
64. 64
FAZER O QUÊ?
Ester de Barros França
Há sempre esse vazio em minha alma
Esse grito contido
Que pulsa querendo sair
Mas como, se não há porta?
Há sempre essa dor infinita
Que machuca e que fica.
Há sempre essa angústia em meu peito
Essa aflição que não tem jeito
E que não me deixa dormir.
Há sempre a presença do passado
Que não quer me deixar seguir
Há sempre essa lembrança má
Por que será que é sempre assim?
Se eu chorasse,
Se eu gritasse,
Se eu falasse...
Mas como se todos os ouvidos
Estão surdos para me escutar
Então, só me resta calar!
E.M. 06.25.003 Monte Castelo
Professor II
65. 65
DESPEDIDA
Vania Maria Rohem Bastos
Todos os dias ao entardecer, a tristeza chegava,
Ela vinha mansa e sorrateira,
Olhando para o nada, via além do horizonte
Pensamentos desatentos tomavam conta da linda paisagem,
E a vida parecia sem sentido.
Longos olhares ao redor. Mas, nada surgia
E o ar de solidão era o único companheiro.
O vento soprava manso, sem alarde.
Sem se importar, a tarde continuava caindo,
Era uma despedida sofrida,
Como queria ter o poder de não deixar anoitecer.
E lhe segurar nos braços, para que não partisse.
Mas, calmamente, você se aproxima e diz:
A minha hora chegou, devo deixá-la
Todavia, você ficará em ótima companhia
A lua está cheia e lhe proporcionará momentos inesquecíveis.
Mesmo que amanhã eu não brilhe, não chore
Estarei sempre presente neste universo maravilhoso.
Tenha uma boa noite, minha princesa.
CIEP 06.22.203 Oswald de Andrade
Secretária Escolar
66. 66
PETRA
Rodrigo Sant’Izabel Ribeiro
Ser humano me atormenta.
Eu queria ser pedra.
pedra, não Pedro.
Dura, resistente, imóvel.
Montanha intransponível.
Nem a insistente água mole furaria.
Insensível.
Coração de pedra.
Não seria pedra preciosa, pedra filosofal ou pedra noventa.
Não, pedra bruta.
Eu provocaria o incômodo, o xingamento.
A pedra da topada; a pedra no sapato.
A pedra no rim; o argueiro no olho.
A pedra no feijão, imastigável.
Sim, eu quebraria dentes.
Sendo pedra, eu causaria verdadeiro estrago.
Revolucionaria.
pedra lascada, eu cortaria fundo.
Perturbaria – eu, pedra de amolar.
Eu me precipitaria.
Granizo.
A pedra na vidraça.
E como pedra, eu seria a primeira.
Aquela que ninguém ousaria atirar.
Seria a pedra no meio do caminho, de Drummond.
Seria a pedra de João Cabral, a que educa.
A pedra lançada ao mar e que devolveria à Jangada de Saramago o
seu rumo.
Seria uma pedra polida, branca e enorme,
Semelhante a um ovo pré-histórico,
Como as apresentadas por Gabriel Garcia Márquez
Em sua Macondo.
E, se pedra eu fosse, faria a minha última arte.
Eu seria meteoro.
Extinguiria, aniquilaria este mundo doente.
Pedra lápide.
E, então, eu seria, por fim (ou início?),
A pedra angular
De uma nova era.
7.ª CRE
E.M. 07.16.056 Noel Nutels
Professor I de Língua Portuguesa
67. 67
AMARÍLIS
Eloísa Oliveira dos Santos
Da minha janela eu as vejo,
da cor do carmim,
majestosas,
agora abertas.
Parecem bocas vermelhas,
prontas para o beijo.
Mas,
aprisionadas num vaso de barro.
Às vezes, sinto-as assim.
Às vezes, solitárias, ansiosas,
à espera
dos olhares embevecidos
por tanta beleza.
Contemplo-as,
de leve,
para não as machucar.
O caule que as sustenta
festeja a chegada de mais uma
que explode também em cor.
Mas uma boca vermelha
sequiosa, sedenta de amor.
Ah! Amarílis...
E.M. 07.16.047 Governador Carlos Lacerda
Professor I de Língua Portuguesa
68. 68
PORTO – PARATY
Silvia Regina dos Santos e Castro
Abrem-se os portais
Silabadas
As vozes vão percorrendo
As ruas de pedras
De um lado
O Vento...
De outro lado
O Sal
E os pés ultrapassam
Saltitantes
Só permanece
O que é voo
Aos tropeços, os descaminhos
Tomam forma
Tombo!
E mais uma vez seremos outros
Revisitados em múltiplas vozes
Que dançam
Eternizadas na memória
Para mim e para ti
E.M. 07.16.053 Professora Dyla Sylvia de Sá
Professor I de Língua Portuguesa
69. 69
PALAVRAS SORRATEIRAS
Érika Satlher Rolhano Messias
Um poeta não acontece
Ele apenas se molda
Aos desejos das palavras
Que simplesmente resolvem falar!
Elas sim são ousadas
Desejam tomar forma
Transitam por questionamentos
Brincam com os seus sons
E quando enfim amadurecem
Resolvem se unir!
Uma abraça a outra
Formam então um emaranhado
Sorrateiramente te enganam
Já não consegues ficar calado!
Quando isso enfim acontece
Entre o aqui e o acolá
Quiçá tu entenderás
Um poema novo aparece!
Surge então um belo mote
Grande tolo tu bem sentes
A cada formação de estrofe
Sou um poeta competente!
Mais uma vez,
As palavras sorrateiras
Da mente resolveram sair
Propuseram verdadeira anarquia
Fizeram um poeta surgir!
E.M. 07.16.056 Noel Nutels
Professor I de Língua Portuguesa
70. 70
A VIDA E A GANGORRA
Diogo Neves Gomes da Silva
Por qualquer parque que sempre passo
Costumo avistar esse modesto brinquedo
Nas praças, toda criança estende o braço,
Dirigindo-se a ele como um torpedo
É composto por materiais elementares:
Ferro e tábua de madeira, basicamente
Tão divertido, faz-nos voar pelos ares
Em um sobe-e-desce muito contente
Não se trata de um brinquedo egoísta
Como o balanço, o pula-pula e o escorregador
Pois ele exige que haja um antagonista
Que te levante do chão como um vencedor
Enquanto um vai descendo, o outro sobe
Para isso, é necessário um grande esforço
O que vai subir jamais pode ser esnobe
E causar, no opositor, uma dor no dorso
Se, de repente, olharmos sob outra perspectiva,
Na relação entre ambos os obstinados guerrilheiros
Podemos dizer que ocorre uma atividade desportiva
Em que os rivais, de fato, tornam-se companheiros
Desse modo, tudo muda: para que um desça,
Não basta apenas querer: depende de um salto
É preciso que o parceiro de baixo se compadeça,
Ganhe impulso e se atire, confiante para bem alto
Assim é a vida: a impotência, às vezes, nos invade
E nos sentimos como que presos numa masmorra
Mas eis que alguém nos dá uma lição de humildade
Mostrando que há altos e baixos até numa simples gangorra
Ciep 07.16.501 Carlos Drummond de Andrade
Professor I de Ciências
71. 71
AS LEIS DO UNIVERSO
Sonia Regina Oliveira Villarinho
As aves aprendem a migrar
Sem que ninguém precise ensinar.
Vão em busca de outra estação
E nunca erram a direção.
As estações do ano acontecem
Como se todas elas soubessem
A hora que devem imperar;
A cada ciclo, a vida recomeça,
Preguiçosamente e sem pressa...
Como as aves, os frutos, as flores,
O universo rege os amores,
E tem suas próprias razões
Quando aproxima dois corações.
Quem sou eu, então, pra questionar
O que nem mesmo sei explicar?
Outros países, outras cidades,
Mundos totalmente diferentes,
Não há nenhuma dificuldade
Que impeça o amor de vingar.
Pra mim é razão suficiente
Pra saber que iria te encontrar.
Não foi por acaso imagino...
Eu nunca sei que nome devo dar;
Alguns chamam isso de destino!
E.M. 07.16.031 General João Mendonça Lima
Professor II
72. 72
PROXIMIDADE DISTANTE
Fátima Cristina Dória Ramirez dos Santos
Tempo que corre...
Mais raro torna-se
Um olhar profundo
Um colo-abrigo
Um sorriso sem pressa
Tecnologia pioneira
No estímulo de toques
Fração de minutos
Além-fronteira
Abreviação
Repetição de frases
De palavras soltas
Redução
Relacionamentos surdos
Humanos suprimidos por telas
Carência de coisas simples
Café com amigos
Gestos e cumprimentos
Plenos de sentimento
Distância na proximidade
Intimidades gélidas
Olhares mendigos de atenção
Mundo tão distante e tão próximo...
Preciso de um fogo do céu
Para aquecer corações
Palavras
Olhares
A essência
A alma...
Preciso de um mundo real
Atemporal?
Que se vale do virtual
Para impactar
Surpreender
Com a arte do amor!
E.M. 07.16.041 Barão da Taquara
Professor I de Língua Portuguesa
73. 73
O BARCO
Luiz Fernando Henriques Martins
Vivo na superfície do mar agitado,
Preocupado com a dilacerante angústia das ondas
De vidas que não valem um momento
E afogo minhas ondas em outros barcos
Mostrando assim como estou
Pudera um dia meu barco naufragar,
Pois ele não é o que sou
É apenas um barco
Em que estou
E que daí eu me afogue
Na profundeza das águas
No fundo da alma
Pois só assim descobrirei o silêncio
A unidade da vida em que estamos ligados
As ondas são muitas
Os barcos são vários
Mas o fundo é um só
Chegando lá,
Não precisarei de um barco,
Apenas do leme de minha essência...
E.M. 07.16.041 Barão da Taquara
Professor I de Educação Física
74. 74
QUEM SABE, UM DIA...
Saionara Cristina da Silva
Não. Eu não sei compor belos poemas
Embora palavras encantadas me fascinem...
Também não aprendi a tocar nenhum instrumento
Mesmo tendo vivido em meio a violas e guitarras
A lista dos meus “não sei” é extensa
A única coisa que sei realmente é viver.
Vivo. E, enquanto isso, amo, choro, sonho e me alegro.
Vejo a juventude escorrer por entre os dedos e me pego con-
statando que o improvável é frequente, que milagres realmente
acontecem e que, para mim, viver sem fé é a mesma coisa que
dar murros no escuro.
Vivo e aprendo. Aprendo e vou vivendo.
E quem sabe um dia eu consiga realmente compor lindas poe-
sias e cantar a vida com mais harmonia?
Quem sabe, um dia...
E.M. 07.16.063 Sobral Pinto
Professor I de Língua Portuguesa
75. 75
LIDERANÇA
Aracy de Oliveira Simões
Ser modelo
Ser exemplo
Coragem diante dos riscos
Determinação para enfrentar os obstáculos
Assumir riscos
Ser paciente
Compreender diversidades de histórias e de pessoas
Sabedoria e equilíbrio
A palavra esperada na hora certa
Autoridade e simplicidade
Ser exposto em uma vitrine que se chama vida
E.M. 07.16.040 Eunice Weaver
Merendeira
76. 76
NO MEU TEMPO...
Silvânia Alves dos Santos
Fala de seu tempo como algo perdido.
Fala de um presente preterido.
Fala, como que já no final da vida.
Compara presente e passado, tenta apartá-los.
Fala de coisas e pessoas melhores.
Repete as frases dos seus pais,
Lamentando o que não volta mais.
Sabe em que tempo está?
Seu tempo é agora!
Hoje, o passado jaz.
E não voltará mais!
Eu sei, pois nele também parei e ansiosa fiquei.
Vivamos o bom de agora, e guardemos as coisas de outrora.
Pois, digo que só o tempo nos mostrará
As coisas boas que perdemos na vida.
Só o tempo pode revelá-las,
Pois agora, não temos tempo para notá-las.
E.M. 07.16.055 Maestro Lorenzo Fernandes
Professor II
77. 77
SAMPLEANDO II
Paulo Fleury
Tenho andado devagar...
Tenho estado a vagar...
Porque a pressa é solitária,
a pressa é solidão...
Tenho andado em terras novas,
com o cuidado que deve ter todo forasteiro...
Tenho me dado conta das incertezas
que nascem da perfeição...
Tenho buscado compreender que rir
É bom, mas que rir de tudo
pode ser apenas tolice...
Tenho procurado acreditar que cada manhã,
que cada por do sol, que cada amor são únicos...
Tenho percebido o que dizem os silêncios...
Talvez esteja reaprendendo a viver...
Sem muita pressa, sem muita precisão...
E.M. 07.16.031 General João Mendonça Lima
Professor I de História
78. 78
A VIDA TOMBA
Edimilson Ramos
A vida tomba
Quem vive na sombra
Quem serra nos bares
Quem aposta em azares
A vida tomba
O demente que zomba
Os homens sem sombras
Que abandonam os lares
A vida tomba
O marido que mente
A esposa que cede
À proposta indecente
A vida tomba
O soldado que pede
A viatura que mede
A cor do rapaz
A vida tomba
O pai que violenta
O filho que parte
E não volta jamais
A vida tomba
A mulher que ostenta
E depois se lamenta
Pela perda do gás
A vida tomba
O aluno que cola
Que guarda na cartola
A carta de Ás
A vida tomba
E só se levanta
O ser que alimenta
A pomba da paz
CIEP 08.33.503 Thomas Jefferson
Secretário Escolar
8.ª CRE
79. 79
“SUCESSO PRA TI, MAS...”
Sérgio de Barros Morgado Júnior
Não te perdoo!
Pelas conversas, pelos esporros
Os desrespeitos, os meus temores
Eu explicava, você sorria
Quero minha carta de alforria!
Não te perdoo!
Pelos gritinhos tão debochados
Pedi silêncio, fui derrotado
Rezei baixinho pro tempo andar
Controlei raiva, cheguei sonhar
Pra tempos novos eu encontrar.
Não te perdoo!
Com meus problemas, e tenho tantos
E ainda assim me dedicando
Dei o meu sangue, tu se lixando
Por fora eu rio , por dentro prantos.
Não te perdoo!
Te dei conselhos , você não ouviu
Te disse à poucos: “Tu é o Brasil !”
Em tempos tristes temor servil
Fui humilhado, você não viu.
Não te perdoo!
Chegando ao fim de sua lição
Tentei passar minha missão
Tu riu de mim, não deu atenção
Não se importou com minha intenção
Fez meu sorriso ser depressão.
Não te perdoo!
Por meus esforços, deixei meu lar
Eu implorava para falar
Tua atenção me fez implorar
“desliga o fone e o celular”.
Sucesso pra ti!
A experiência é sua lição
O teu futuro: Indecisão
Tu foi cruel e sem coração
Torço por ti , perdoar NÃO!
E.M. 08.33.042 Padre Leonel Franca
Professor I de Educação Física
80. 80
PELA JANELA,...
Sérgio de Barros Morgado Júnior
Pela janela da minha alma
Eu vejo coisas que me acalmam
Belos sorrisos, sonho infantil
Vejo o futuro do meu Brasil
Pela Janela da minha casa
Vejo a verdade e muita dor
Crianças soltas, com pouco amor
Violentadas e sem pudor.
Pela janela da minha alma
Tem tantos jovens indo a escola
Estão estudando, jogando bola
Só tem bondade aqui e agora.
Pela janela da minha casa
Vejo o estresse se propagando
O pai batendo, filho chorando
Pois o sistema está sufocando.
Pela janela da minha alma
muitas famílias vivem felizes
Se divertindo com diretrizes
Futuro certo e tão incríveis.
Pela janela da minha casa
Vejo massacre na educação
Tem professores que estão sem rumo
Sem esperança , sem solução.
E.M. 08.33.042 Padre Leonel Franca
Professor I de Educação Física
81. 81
PROFESSOR
Viviane Menezes Mainenti
Expressão de amor
Esperança e fé.
Exemplo de dedicação
Palavras, afeto e doação.
É aprender mais que ensinar
O melhor caminho apontar.
Lida com incertezas,
Alegrias e tristezas.
Tem estrelas no olhar
Nos ensina a pensar.
Seu dia é interminável
Sua bagagem é a esperança.
Tem histórias pra contar...
E muitas lembranças.
Vence obstáculos
Planeja, cria, reinventa
Veste-se de poesia
Muitas mentes alimenta.
Lida com valores
Do mundo prova seus sabores
Do amargo ao doce
Como se fácil fosse.
Educa gerações
Prepara os futuros cidadãos.
Com ternura e encantamento
Doa-se a todo momento.
É amigo, grande mestre
Quanta luta, muito amor.
Seus exemplos, suas lições
Ficarão pra sempre, professor!
E.M. 08.17.021 O’Higgins
Professor II
82. 82
UMA VOZ
Cristina de Souza Ferreira da Silva
E Ele fala comigo
E é minha inspiração.
Levanta-me, me é abrigo,
Apazigua-me a alma
E me deixa quieta.
Eis que vem mais uma vez
Entre nuvens escuras, talvez...
Sons e balas perdidas,
Gritos de guerra,
Desamor,
Caminhões desgovernados,
Inocentes calados,
Medo...
No entanto, Ele fala aos meus ouvidos,
Sereno e firme:
“ Estou contigo.
Muda o pouco que puder
Faz aquilo que há de ser feito
E o mundo, em ti, começa a ser perfeito”.
E.M. 08.17.080 Astrojildo Pereira
Professor II
83. 83
CALO
Luciana Ribeiro Leal
Na vasta escuridão do pensamento
A imagem da lembrança vívida
A fumaça do cigarro...
As lânguidas mãos...
Tão finas mãos, sem calos
Estes estavam na alma
Na memória da infância sofrida
Nas recordações da maturidade precoce
Eram Ele e a Tia... A Tia e Ele...
Os fardos de roupas lavados
As fardas cerzidas entregues
Mas as mãos, estas eram sem calos
Estes estavam na alma...
A voz clamava igualdade
A pinga embalava a alma
Mas agora eram Ele e Ela
Mais a Tia que resmungava seus calos
Enquanto um par de mãos se entrelaçava
As Dela tinha calos
Mas a alma era lisa
As crianças chegaram
A Tia partiu...
Estava velha e desgastada como o tempo
Culpa dos calos...
Ele agora tinha calos no corpo
As frustrações, os receios e a tristeza
Todos cobraram seu tempo
Fizeram Dele um calo
Mas não para Ela
Ela tinha alma lisa...
Havia muitos calos na alma
Ele era um corpo semi-inerte
Acamado
84. 84
Pseudocomatoso.
Mas a mão calosa sustentava
Porque a alma Dela era lisa...
Ele se foi...
Partiu agonizante como viveu
Ela agora tinha na alma um calo
Um único calo...
Mas não cultivava
Seguia em frente
Era a natureza da alma lisa
Vieram mais netos
Mais cabelos brancos
E o progresso incompreendido
Achou que era hora de partir
Para não criar calos na alma
Bastava aquele único
Era seu incômodo calo...
E partiu...
Foi discreta
Sem incômodos
Em silêncio como viveu
Da maneira que fazem as pessoas de alma lisa
Partiu não querendo deixar calos
Eu resisti e fiquei...
Órfã, mas não só
Aprendi a seguir
Sou um meio termo entre Ele e Ela
Mas eventualmente
Apenas eventualmente
Rumino os dois calos que me deixaram na alma
E.M.08.33.018 Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco
Professor I de Ciências
85. 85
ESPELHO
Alzira de Cassia da Hora Motta
Ela me olhava animada, com um sorriso radiante.
Em seu olhar curioso todo dia era uma festa, seu riso iluminava a
vida.
Ela não tinha mais de dezoito anos,
Sonhos era seu sobrenome.
Depois ela passou a me olhar mais intensamente
Tinha mais de um caminho para a seguir.
Ela já estava com vinte e cinco anos
Nesse momento dúvida era seu sobrenome
Mais tarde então ela me olhou, com olhos apreensivos,
Um mundo de problemas a perseguiam,
Gritos de mamãe era sua trilha sonora,
Não revelamos mais sua idade,
Primaveras somente se acumulam
Agora seu sobrenome passou a ser preocupação
Então o mundo foi passando,
Seus sonhos foram se tornando realidade
Pedaços de uma vida que o tempo somente foi avançando
Ela me olha cuidadosa, ela conhece meus medos,
Erros e acertos conhecem os enganos, as perdas e ganhos.
Sua idade está gravada, nos olhos que me fitam bondosos, altiva
e graciosa.
Já a essa altura seu sobrenome é sabedoria.
E.M. 08.17.080 Astrojildo Pereira
Merendeira
86. 86
ESPERANÇA
Ilsa Teixeira do Nascimento
Se as estrelas te parecem
Sem brilho
E o sol sem calor,
Se a natureza parece
Sem vida
E o canto dos pássaros sem vigor
Se o teu ser tende a cair
Com os acontecimentos do mundo,
Lembre-te, existe alguém
Que vive e olha por ti
Como se houvesse só você.
E.M. 08.17.080 Astrojildo Pereira
Merendeira
87. 87
QUEM SOU
Neila Barsand de Leucas
Eu sou o que rio
Sou o que choro.
Eu sou o que vejo
Sou o que escondo.
Eu sou o que quero
Sou o que detesto.
Eu sou o que espero
Sou o que desprezo.
Quem sou
Se sou o que não sou.
Me olho e me vejo
No reflexo do teu espelho.
O que vejo não entendo:
Sou o que vejo
Ou sou seu espelho.
Eu me faço
E me desfaço
Nos anseios do teu desejo.
Eu me refaço
E me entrelaço
Nos meus sonhos refeitos.
Sou quem ri,
Quem chora,
Quem se importa,
Quem desdém,
Quem se incomoda,
Quem se reporta,
Quem espera
Quem alcança
Os sonhos de criança.
Assim sou eu.
E.M. 08.17.065 Pablo Picasso
Professor II
88. 88
SEU ESTRANHO PEDIDO DE SOCORRO
Katia Zandomingo Soares
Seu estranho pedido de socorro
Como grito que sai do calabouço
Libertando a voz no infinitivo
Paralisada na madrugada
Pela banalidade bordada
Ocultando os pontos no avesso
Seu estranho pedido de socorro
De pássaro caído do ninho
Tentando voar em desalinho
Libertando-se dos internos rapinantes
Pleiteando distraídos ouvidos errantes
À cata do amor que julga perdido
E.M. 08.33.016 Mário Casasanta
Professor I de Língua Portuguesa
89. 89
LÁGRIMAS
Flávio Itôr da Silva
Como se fossem rios
De águas cristalinas
Que escorrem por minha face
E chegam
Até a minha boca
Soro natural
Sempre temporal
Onde
Face a face
Me deparo
Com minhas
Felicidades e mágoas
Sempre transparentes
Sempre reluzentes
Independente
Da emoção
Seja ela
Forte ou fraca
Nos ataca
Sem esperar
Sempre a rolar
Hoje eu diria
Com mais pura euforia
Correm felizes
Por te amar
E.M. 09.18.078 Alzira Araújo
Professor I de Geografia
9.ª CRE
90. 90
SÓ MAIS...
Lucília Lopes
Pega nada não, é só mais um...
Só mais um moleque,
Só mais um indigente,
Só mais um órfão,
Só mais um nada,
Só mais uma estatística,
Só mais uma bala.
Mas, era só mais uma possibilidade,
Era mais uma promessa,
Era só mais uma história,
Era só mais uma voz,
Era só mais um sonho,
Era só mais uma vida,
Era só mais uma esperança,
Era só mais uma oportunidade,
Era só mais um caminho
E qual a sua parte nisso?
O alívio de não ser na sua porta?
A culpa da omissão?
Estamos todos sujos do sangue da impossibilidade da mudança.
E.M. 09.18.083 Prof. Castro Rebello
Professor I de Artes Visuais
91. 91
FELICIDADE NA CONTRAMÃO
Tessa Tavares da Fontoura
Ser feliz é um estado apenas
E independe de se ter alguém
Se não consegues estar só em cena
Não conseguirás ser feliz com ninguém.
Tem gente que do amor, só entende
Que é “impossível ser feliz sozinho”.
Coitados desses! O “Poetinha” mente!
Cada um é dono do seu caminho.
Entender que não somos, de ninguém, metade
Porque nosso Pai já nos fez felizes inteiros.
Somos todos companheiros de viagem.
Valendo só e apenas se vivermos nossa verdade.
Como quisermos, só ou em um amor verdadeiro
E que se tenha o amor próprio como vantagem.
CIEP 09.18.506 Raymundo Ottoni de Castro Maya
Professor II
92. 92
VOZ DA IDADE
Daniele Silva do Nascimento
Queria, num profundo beijo,
Fazer calar toda a voz da idade.
Essa diferença cruel
Em uma sociedade ingrata.
Esse calor que queima e aumenta a chama,
Nesse corpo que grita e que te clama.
Um sussurro de amor
Da voz da idade da dor.
Ciep 09.18.508 Doutor Ernesto (Che) Guevara
Secretário Escolar
93. 93
AMORTECEDOR
Ana Lucia da Silva Lima Monteiro
No fim da tarde
Quero ouvir o som
Do mar, do ar...
Ouço o trem
Um tremor
Uma dor
Morte!
Amortecer a dor
Uma arte!
Só o amor...
Numa nova tarde!
E.M. 09.18.078 Alzira Araújo
Professor I de Geografia
94. 94
BORBOLETA
Marcela Bazilio da Silva
Com tanto lugar para descansar eternamente,
Ela escolheu um mundo preto e branco.
Um jardim secreto, encontrado no vazio de um deserto,
numa noite sem encanto.
Enquanto todos dormiam
ninguém percebia seu último suspiro ou o seu pranto
Será que triste estava?
Ou a alegria a encontrava por estar em seu canto?
Certamente sabia que este lugar da sua cor necessitava
E da sua visita precisava, cumprindo assim a missão que seu
criador lhe dava.
Sua possível dor trouxe paz, acalento e amor.
Sua, quem sabe, alegria renovou parte da esperança que morre
a cada dia.
Hoje, a luz da manhã nos traz, de surpresa, esse presente...
E admirando a perfeição de suas asas compreendo:
A vida, mesmo que frágil, pode ter mais cor.
Para isso é necessário sair do preto e branco.
Colorir tudo com o arco-íris que existe no nosso interior.
E.M. 09.18.083 Professor Castro Rebello
Professor I de Geografia
95. 95
O TEMPO
Rosilane Freitas dos Santos
Senhor da razão?
Há quem diga que não
Ele é capaz de levar ao esquecimento
Um dos piores sentimentos
A perda de uma pessoa amada
A qual não se estava preparada
Curto ou longo, sempre é um teste de paciência
Que confunde a Ciência
Quando se busca combinação exata
Entre kairós e cronos, com seus ônus e bônus
No céu ou no relógio
Ele sempre tem pressa
Corre sem parar
Em um eterno procurar
Algo para se realizar
Passa o tempo, toda hora
Sem escape e sem demora
Temos que aproveitar
As oportunidades que a vida dá
Não adianta revolta
Porque o tempo não volta
Então ame com veracidade
Aja sem maldade
Pois o tempo não vê idade
Para deixar saudade.
CIEP 09.18.504 Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda
PEF dos Anos Iniciais
96. 96
SONHO
Ana Rogéria Gonçalves Rodrigues
Quando um sonho
aquece a alma
nos consola
e nos acalma.
Faz sorrir
O Universo
Construir
Em prosa e verso.
Lança luz
Por sobre o medo
Acorda a força
Que tem no peito.
Constrói caminho
Levanta a ponte
Descortina
O horizonte.
E.M. 09.18.012 Professora Maria Luíza Lima Silva
Professor I de História
97. 97
FAMÍLIA - MEU MAIOR TESOURO
Marcos José Xavier Brandão
Família, quem diria...
Que sem você eu não viveria
Família...
Lugar de afeto e de paz
A gente que faz
Família...
De várias cores e amores
Minha família é regada a flores
Família...
Meu maior tesouro
Vale mais do que ouro
Família...
Meu eterno amor
Cheia de bom humor
Família...
Já não sei o que dizer
Mas só queria agradecer
Por sempre me enriquecer!
CIEP 09.18.504 Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda
Responsável
98. 98
QUANDO SE TEM ALGUÉM
Cláudia Simone Alves
As manhãs são frias
As noites também
O coração se aquece
Quando se tem alguém.
Alguém com quem contar
Não importa a hora
Mas sim o agora
Às vezes se aquece a alma
Nem sempre o corpo se acalma
Mas o coração se abranda
Quando se tem alguém.
E.M. 09.18.059 Halfeld.
Responsável
99. 99
MINUTOS INTENSOS
Margarete Aparecida dos Santos Rodrigues Bandeira Ribeiro
Num corredor de histórias
Pessoas que vêm
Pessoas que vão
Histórias que se repetem
Todos os dias
Como num grande carrossel
Que gira acelerado
Iluminado nas noites escuras
Os gritos parecem estridentes
As pessoas ora sorriem
Ora choram seus prantos
Correm e se escondem
Da multidão que caminha
Caminha e se alinha
Em montes de tropeços
E se encontram
Numa grande ciranda de sonhos
Eu, tu, ele, nós...
Entoando a mesma canção
Aquela que gostaríamos de ouvir
Mas todos os dias
Passamos pelos miseráveis
E não os percebemos
Jogamos esmolas ao vento
E não o alimentamos
O que você tem para dar?
O que te faz acreditar,
Que corpos caídos podem se levantar?
Não pule os que pedem
Fite-os nos olhos
Levante suas cabeças
E lhes ofereça
O que tem de mais valioso
Ofereça AMOR!!
C.M.10.26.803 Padre Carlos Henrique de Souza
Professor II
10.ª CRE
100. 100
LUCIDEZ
Margarete Aparecida dos Santos Rodrigues Bandeira Ribeiro
Não me conte teus sonhos escondidos
Não me fale de lágrimas e de lutos
Não espalhe suas amarguras e lamentos
Viva o mais novo contentamento
Sonhe com lagos de alegria
Espalhe sorrisos todos os dias
Pule as tristezas e caminhe
Entre nuvens, rios e delicadezas
Pense todos os dias
Na capacidade de mudar a história
Na possibilidade de inundar fronteiras
Na ousadia de escrever poesias
Acorde todos as manhãs
Pronta para ir à luta
Disposta a fugir do medo
Inteira para expor ideias
Capaz de dirigir seus planos
Quebre corações endurecidos
Moldure canções ao vento
Se prepare para as mudanças desta vida
Não procure entender mistérios
Não acredite nos sussurros falsos em seus ouvidos
Creia do poder que vem do alto
Firme-se todos os dias
E não deixe que lhe falte a lucidez
Me conte teus sonhos mais bonitos
Me fale de sorrisos e de esperança
Espalhe seu perfume e beleza
E viva na leveza de sua própria sensatez
C.M. 10.26.803 Padre Carlos Henrique de Souza
Professor II
101. 101
DOCE PARTIDA
Denise Francisca Ramos
Meu peito explode de dor
Nunca pensei que fosse assim
Perder um grande amor
Amor esse capaz de ultrapassar
Todos os limites da razão
E assim com sua partida
Dilacerar meu coração
Sinto a dor da despedida
Com todo o meu ser
Pois você sempre foi e será minha grande amiga
O mais lindo e puro exemplo de vida
Agora, no céu, você é meu anjo protetor
Se bem que ao seu lado eu sempre me senti protegida
Com todo o seu cuidado
Amor da minha vida
Espero continuar o seu trabalho
Trabalho este que me transformou no que sou
O mais lindo e belo exemplo de amor
E assim que permaneça para sempre
Minha eterna querida
Meu doce anjo protetor
Como fará falta em minha vida!!!
E.M. 10.19.036 Doutor José Antônio Ciraudo
Agente Educador
102. 102
TEMPO
Cristiano dos Santos Lemos
Queria voltar no tempo.
Tempo de sonhos,
Tempo da ausência de medos,
De andar juntos se completando.
Tempo de cumplicidade.
Mas o tempo não volta,
Não para, mascara.
E transforma
Lealdade em saudade.
Saudade da alegria e sorriso,
Do dia a dia, o compromisso.
Agora tenho o tempo,
Mas na verdade
Eu ando só pela cidade.
Por que o tempo faz assim?
A solidão é tão ruim.
Por que toda história tem que acabar?
Sr. Tempo me permita outra vez amar!
E.M 10.19.047 Joaquim da Silva Gomes
Professor II
103. 103
VIVÊNCIA
Cristiano dos Santos Lemos
Engraçado o ser humano,
Só somos bons enquanto nos calamos e tudo aceitamos.
Mas se negamos ou questionamos,
Somos rebeldes e não prestamos.
Julgamos e apontamos defeitos nos outros,
Mas cometemos os mesmos erros tolos.
Pedimos respeito e igualdade,
Sempre olhando nosso umbigo, pura vaidade.
Até quando seremos um só,
Brigando pelos nossos desejos e vontades.
Voltaremos todos ao pó,
E essa é a única verdade.
E.M 10.19.047 Joaquim da Silva Gomes
Professor II
104. 104
SEM RIMA, SEM MÉTRICA
Liane Costa Felizardo
Mulher e menina, dependente e apoio
Fico procurando o que falta, como ser feliz
O tempo é pouco, o que há em frente, não sei
Quero tudo agora, o que não pude e o que não sei
Nas noites sonâmbulas, o futuro, nuvem de talco
Vejo sem olhos o entrevo, a impotência inevitável
Faço de você meu sonho, minha estrela em meu palco
Sou frágil, sou forte, não sei mais; sou instável
Nas noites sem sono só vendo o futuro sem alma
Só seu corpo me estimula, só seu cheiro me perfuma
Só seu rosto me anima, só seu sorriso me acalma
Na insônia e na escuridão a mente viaja em torpor
Suor frio, pesadelo; meio acordado, meio dormindo
Busco em você a salvação, realidade, busco seu amor
E.M.10.19.040 Gandhi
Professor I de Ciências
105. 105
SEU LOBO
Carlos Eduardo Ferreira de Oliveira
Menino não sabe que o mundo
É selva sem frente e sem fundo
E não se revela a ninguém
O ciclo do tempo se esvai
No cinza da noite que cai
Enquanto seu lobo não vem.
Menino ardente e fecundo
No tempo que jaz num segundo
A roda do mal e do bem
E logo o menino é pai
A vida no giro se trai
Enquanto seu lobo não vem.
E a vida prossegue girando
Nas curvas fechadas da rota
Menino sem pai, até quando?
Eis que a esperança se mostra:
- São todos irmãos, um só pai
E o bobo do lobo não vem.
E.M. 10.26.015 Nestor Victor
Secretário Escolar
106. 106
MÃE ATLETA
Antonia Maria Gonçalves
Trabalha o dia inteiro
Faz tudo sem parar
Faz café, põe a mesa
Faz galera levantar
Toma banho, se arruma
#Partiutrabalhar
Sai à frente na largada
É maratona pra chegar!
Consulta o relógio afobada
Faz caminhada apressada
Chega no ponto de ônibus
Não tem banco pra esperar
O primeiro que não para
E o segundo a demorar...
Enfim chega ao trabalho
Tem escada a enfrentar
A patroa abre a porta
E reclama sem parar
_ Chegou tarde outra vez,
Do salário vou tirar!
Passo o pano, alonga o braço
Pra limpar vidro embaçado
Agachamento é sem descanso
Pra catar treco espalhado
É criança, é adulto,
Todo mundo relaxado!
Pega firme na vassoura
Pra esquerda, pra direita
O chão limpo aperta o passo
Bem atrás vem a sujeira
107. 107
O almoço não tá pronto
Vai correndo pro fogão
A chama parece a pira
Quase lhe queima a mão!
Põe a mesa, serve o prato
Lava a louça do patrão
No terraço, a piscina
É trabalho e ilusão
Suspira e se imagina
Fazendo natação
Queria dar piruetas
Sincronizar a emoção
Oito horas de trabalho
Mexendo pra lá e pra cá
#Pracasadescansar
Desce os degraus devagar
Como no cansaço do atleta
Antes da fita cruzar
E quando chega exausta
Não dá pra preguiçar
Tudo começa de novo
Sem direito a revezar
Nem uma medalha olímpica
Irá te coroar
Você vale mais que ouro
Mãe atleta do meu lar!
E.M. 10.26.010 Bertha Lutz
Merendeira
108. 108
CADÊ MINHA VÓ?
Micheli Pires da Silva
Cadê minha vó?
Que com comida gostosa
Ela mesma se faz prosa
Faz motivo de prosa
Com sua voz formosa
Cadê minha vó?
Contadora de histórias
Com direito a encenação
Da bruxa ao Dom Ratão
Com verruga ou orelhão
Cadê minha vó?
Que briga com educação
Que deixa a criança feliz
Até com um quadro de giz
Tornando-me sua aprendiz
Cadê minha vó?
Que com seu amor e caridade
Ajuda a quem tem necessidade
E com muita oração
Se excede em bondade
Cadê minha vó?
Que mesmo com dor
Faz a minha passar
Meu pulmão faz voltar a respirar
Por que a noite eu posso abraçar
E.M. 10.19.040 Gandhi
Professor I de Ciências
109. 109
MINHA RAZÃO PRA TE AMAR
Eduardo Santos de Souza
Lembro a primeira vez No sorriso uma flor
Quando eu te conheci Nos seus olhos vejo um coração
O seu jeito diferente No calor da sua pele
Despertou algo em mim Sinto o fogo da paixão
Os segundos não passavam Sua boca é o céu
Antes de te encontrar Seu suor, as ondas do mar
Decidi tomar coragem Isso explica o porquê
E enfim te procurar Minha razão de te amar
O meu charme te encantou
O meu jeito seduziu
Meu amor transpareceu
E num sorriso decidiu
Me pediste um motivo
Pra gostar um tanto assim
Sua voz no meu ouvido
O que é que você viu em mim?
Sem palavras eu fiquei
Pois não podia esperar
Que um amor sincero e puro
Se pudesse indagar
O silêncio então falou
Você não quis mais me ouvir
Com o coração em pedaços
Assisti você partir
Mas novamente estou aqui
Frente a frente com você
Só que vai ser diferente
Pois em vim pra te dizer
Que um dia me perguntou
O que eu via em você
Hoje achei as palavras
Pra enfim te responder
E.M.10.19.040 Gandhi
Professor I de Geografia
110. 110
A DONA ROSA
Cássio Luís Veríssimo
Ela é do tamanho de sua generosidade
E de sua responsabilidade
Seus atentos olhos de castanho sereno
Não são gafes...só verdades
É a força do encanto com um recheio
Macio e doce
É a irmã mais velha da mesma idade
Que ampara, afaga e orienta
Seu passo é firme e macio
Não tem a pressa dos apressados
Seu saber é o puro sabor
Sua fé inabalada
E.M.10.19.040 Gandhi
Professor I de Língua Espanhola
111. 111
AVALIAR PARA QUÊ?
Roberto da Silva Fernandes
Diante da turma, como não questionar?
Avaliar o quê? Avaliar para quê?
Prova, nota, resultado
mensagem que diz o que o aluno tem decorado
Pontuação rotula, marca, limita
não identifica
Aluno, será apenas esse seu potencial?
Quem estuda, passa
decora, memoriza
Quem não decora, não sai da escola
E assim funciona a Educação...
Professor, lousa e giz
aquele que tudo sabe e ensina
Behaviorismo, nada a ver
Criança precisa se desenvolver
Educação precisa mudar
Formação crítica, humanizadora
tudo a ver
A velha canção questiona a todos
“Você tem fome de quê?
Você tem sede de quê?”
Pai, mãe, aluno, educador
a responsabilidade não é só do professor
Aprendendo com alguém a aprender
é assim que deve ser
Conhecer e aprender
E para mudança real acontecer,
a escola, a comunidade deve acolher
Juntos devemos formar cidadãos
A resistência docente não pode morrer
Avaliação centrada na relação sujeito-objeto
é a que deve prevalecer
Professor,
“você tem fome de quê?
Você tem sede de quê?”
Avaliar o quê?
Avaliar para quê?
E.M.11.20.001 Cuba
Professor I de Língua Portuguesa
11.ª CRE
112. 112
CÁLICE NOS BASTIDORES
Vera Lúcia Bulhões Góes Bastos
A alma mora em mim,
animal sedento de muito,
insatisfeito com tudo.
Ermitão que habita
o rosto carrancudo.
A alma chora em mim,
na escuridão que cai.
Gemidos, escuridão, tremores.
A vida torna-se breve,
cálice nos bastidores.
A alma se perde em mim,
na memória que não finda,
na dor não extinta,
nos amores perdidos,
na busca faminta.
A alma se tranca em mim,
na noite infinita,
no dia que não chega,
na falta de amor.
Dentro estou presa.
A alma se arrasta em mim,
nas cenas sem solução ou esperança,
sem mãos dadas pra resolução.
Desespero, gatilho, matança.
A alma morre em mim,
quando o poço é fundo.
E agora?
Não há luz no fim do túnel.
A vida escorre e chora.
E.M.11.20.001 Cuba
Professor I de Língua Portuguesa
113. 113
VOCÁBULO
Giano José de Azevedo
Liberdade...
palavra pronunciada
sem certeza
ou clareza,
nascida de um desejo
ou um vício.
Grito ao vento
para todos lados
menos o de dentro,
silencio algemado
ainda que sem metal
pois trago
enterrado o medo
cravado na pele.
Não quero comprar
pois não tem preço,
conquistar eu deveria
mas como seria
viver esse vocábulo
supremo e ideal.
Restrito sou servo
crendo-me livre
ladeio sua semântica
imprecisa e densa
forjada na dor
exata e lúdica
com a qual deito
feliz a cada noite
sonhando não precisar
exigir o direito
de ser liberto
pois assim nasci
naturalmente
sem palavras
para definir-me.
E.M. 11.20.006 Amadeu Rocha
Professor I de Educação Física
114. 114
SELENA
Giano José de Azevedo
Um dia quem sabe
irei com a brisa
que você soprou
assim de leve
no primeiro sorriso.
Vou com as lágrimas
que você derramou
aqui no meu peito
antes de saber falar
e depois também.
Quem sabe
levo teu brilho
diferente a cada dia
único e intenso
para me iluminar
um pouco mais.
Não te dei a luz
mas você reluziu
todo meu ser
agora sei mais
sobre viver
sobre se dar
sobre amar.
Agora vem
de braços abertos
para um abraço
sem fim
levarei você
aonde eu for
sem nunca deixar-te.
Selena da Lua
filha sempre cheia
do nosso amor.
E.M.11.20.006 Amadeu Rocha
Professor I de Educação Física
115. 115
POESIA DOS MUROS
Karla Soares Antunes
As poesias dos muros são as melhores.
Versos jogados na cara, com uma crueza que não lhes costuma
ser peculiar.
E com lirismo ainda por cima.
Por cima do muro,
a verdade olha.
Verdade que emudece
entontece
dá náuseas.
Olha em torno, alguém reparou?
E sai ajeitando a saia...
Estampados na pedra lisa ou áspera,
muro da fábrica me deixa febril
muro da escola me deixa na dúvida
estudo ou ex-tudo?
os versos não desconversam:
vão direto no âmago
embrulham o estômago
Doem
Como pode picharem o muro?
Diz a decência dos hipócritas
escrita em suas testas.
Por cima do muro,
A verdade faz tsc tsc...
As poesias dos muros são as melhores.
A dos muros, essenciais.
E.M.11.20.019 Rodrigo Otávio
Professor I de Língua Portuguesa
116. 116
A VIOLETA DESTA TARDE
Diego Knack
I.
miro o céu
- teto perpétuo
esta tarde
violeta
esta tarde
viole(n)ta
esta tarde
viola
a sensatez de minha retina
minha rotina:
vio-rápida
esta tarde
viu rápida
que desatina a doer
violeta
arde
esta
que é em si mesma tantas
cores
são parte
da minha pobre flora vocabular.
II.
a violeta desta tarde
está
repleta de memórias
a colher
(loto o cesto)
117. 117
a violeta desta tarde
me parte
- já não há como esquecer
posto
que
a violeta que parte
é
outra
(p)arte
que pasma:
essa lírica insustentável
essa tarde insustentável
essa vida
a violeta desta tarde
me invade
- não há saída.
E.M. 11.20.501 Anísio Teixeira
PEF de História
118. 118
O BREVIÁRIO DO POETA
Diego Knack
A poesia
não vende
não anima festa
não tem freguesia
A poesia
não bate cartão
não tem hora
não pega ônibus
ou trem:
não demora.
A poesia não vai ao banco:
não entende de economia.
Mas a poesia
(ela mesma)
incendeia, alumia
É, ao mesmo tempo,
miserável
ou faz sorrir o riso
de ninguém.
Mas se tudo isso mesmo
é certeiro
não é menos
verdadeiro
que no vasto ventre
do verso
cabe, meus amigos,
o mundo inteiro.
E.M 11.20.501 Anísio Teixeira
PEF de História
119. 119
REVELAÇÃO
Giovanna Salazar Mousinho Bergo
Quero ser minha filosofia
A mais bela sinfonia
Que vem e que toca
Dentro da alma, que morta
Agora brota vida
Vou me integrar
Com a água, com o fogo e com o ar
Fazer parte do todo,
Mas única me transformar
Como uma semente que sente, sofre...
Rente do solo cresce muda e vira gente,
Às vezes inebriante, as vezes insolente
Mas firme, suave e insistente
Quero fazer parte do universo, fluir
Me entregar ao desconhecido sem medo de partir
Sentindo a dor que me atrai
A dor que me trai
A dor que faz e se desfaz...
E se...
D
e
s
f
a
z
E.M. 11.20.032 Nelson Prudêncio
Professor I de Ciências
120. 120
AMANHÃS
Marcelo Carreiro Freire
O corpo, cansado,
Indicava o final do dia.
A mente, agitada,
Abraçava o tempo
Nomear o outro,
Identificar o erro.
Houve o tempo
De viver aventuras,
De criar histórias,
De parir o fato.
O amanhã, sempre ali,
Cobrava a atenção
Da criança travessa
De artimanha à mão,
Ameaçando o estrago.
O fim do dia não chega
E hoje aqui estamos.
Não sei bem
Para onde vamos,
Mas juntos, um time,
É isso que somos.
Encarando desafios,
Superando limites,
Olhando no olho
O outro e eu, prontos,
Para o destino traçado.
E.M. 11.20.032 Nelson Prudêncio
Professor I de História
121. 121
O LIVRO DAS FLORES
Michel Serpa Santos
Não se sabe mais,
O que são flores?
Talvez as plantas refugiadas de sua terra
Tomadas na paz
Tomadas na guerra,
Guerra contra os gafanhotos,
Guerra santa ou de paz.
Serão aquelas plantas que passam fome,
Sede, frio, que vivem nos albergues e
Morrem com medo,
Jogadas nos valões,
Jogadas nos rios.
Não se sabe,
Mas o que são os cravos?
Talvez bons soldados que protegem as plantas,
Quando tem que proteger, ou
Plantas de pétalas azuis,
De uma força de paz,
Que paz a força traz?
E.M. 11.20.019 Rodrigo Otávio
Professor II
122. 122
INSTÂNCIA
Manoel Marcos da Costa
Qualidade do que é instante,
Imediato, hoje, presente...
Sabido aparentemente!
Guardado numa estante?
Sendo às vezes fugaz, não óbvia
Guardada no coração, invisível
Na mente nem eu sei todavia
Sua porção anímica.
Inadiável e tardia
Tem foro desconhecido.
Forte e claudicante...
Inaudível e gritante
Sempre insta em meu ser
Deambulando sem roteiro certo.
E.M. 11.20.032 Nelson Prudêncio
Professor I de Matemática
123. 123
NATUREZA QUE HÁ EM MIM
Daniel Pereira de Oliveira
Tem dias em que eu preciso de noites
E noites em que eu preciso do sol
Eu, hoje, preciso chover
Talvez até trovejar
Certos dias quero ser fundo do mar
E algumas noites, cume de montanha
Há dias de minha garganta secar como deserto
E noites de meus olhos marejarem feito estrelas
Há noites de sentir um vulcão dentro do peito
E dias de senti-lo feito uma geleira.
CREJA 12.02.701
Professor II
CREJA
124. 124
DE ONDE VEM A ESPERANÇA?
Gissele Luanda Cruz da Silva Ferreira
Viajando no transporte público,
Que me leva para casa,
Depois de um dia de labuta,
Penso que a vida podia ser diferente!
Penso que o trabalho é uma atividade que deveria ampliar em
mim a humanidade.
No entanto, a cada golpe sofrido,
Durante o dia, minhas forças fogem.
Mas a cada amanhecer,
Essa mesma força retorna acalentada pela esperança.
De onde vem a esperança?
Vem do abraço do amado ao acordar.
Vem dos beijinhos das filhas, acompanhados de juras de amor.
Vem do olhar de descoberta de cada aluno na viagem pelo con-
hecimento e a alegria da aprendizagem.
Vem dos sonhos mais loucos que cativo e da surpresa de saber
que não sonho só.
Neste momento sorrio tranquila,
Pois as batalhas são longas,
Mas eu sei de onde vem a esperança!
CREJA 12.02.701
Professor II
125. 125
MULHER
Getúlio Rezende Benevides
É melhor se entregar!
Mulher é ímã, quem consegue escapar?
É metal precioso, é ouro!
É teia de aranha, quem consegue fugir?
Conexão impossível de decifrar
Força da gravidade, quem consegue escapar?
Tudo gira ao redor do umbigo, o mundo todo vai pra lá
Seu cheiro, perfume, quem consegue escapar?
É peculiar, nenhuma flor pode alcançar!
Hálito, quem consegue escapar?
Brisa paralisante, só resta se entregar!
Beijo de mulher, quem consegue escapar?
É o corpo, é a alma
Radar, sensor
Não dá pra captar
Labirinto
Pisca o olho, quem consegue escapar?
Revela segredo, chama pra dançar
Mulher é diamante, é ouro!
É borboleta azul, é borboleta lilás
Sobrevoa as flores e desfila no céu
Lúdica e low-profile, quem consegue escapar?
Castelo encantado, porta do céu
Não dá mais pra voltar
É melhor se entregar!
CREJA 12.02.701
Professor I de Inglês