Maluda nasceu em Goa, Índia e viveu em Moçambique onde começou a pintar. Mudou-se para Portugal e França para estudar arte e desenvolveu um estilo único usando luz e cor. Tornou-se uma renomada pintora portuguesa, fazendo exposições e selos postais premiados até sua morte em 1999.
24. “Vim do Oriente, onde nasce a luz; passei por
África, onde aprendi a amar a vida; cheguei à
Europa, onde estudei pintura na cidade das luzes;
depois fixei-me em Lisboa. Gradualmente refiz o
percurso labiríntico em direcção à luz. Cada passo
revela, à sua maneira, esse jogo de sombras e de
luz que é a vida e a morte, a sabedoria e a
ignorância. Eu pinto. É uma aventura que não troco
por nenhuma outra.”
(Revista Galeria de Arte, nº 5, Julho/Agosto de 1996)
25. Maria de Lourdes Ribeiro, conhecida por Maluda, nasceu na cidade de Pangim, em Goa Norte, Goa, no
então Estado Português da Índia, em 15 de novembro de 1934. Viveu desde 1948 em Lourenço Marques,
atualmente Maputo, Moçambique, onde começou a pintar e onde formou, com mais quatro pintores, o grupo
que se intitulou "Os Independentes", que expôs coletivamente em 1961, 1962 e 1963. Em 1963 obteve uma
bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian e viajou para Portugal, onde trabalhou com o mestre
Roberto de Araújo, em Lisboa. Entre 1964 e 1967 viveu em Paris, com bolsa de estudos da mesma
Fundação. Aí trabalhou na Académie de la Grande Chaumière com os mestres Jean Aujame e Michel
Rodde. Foi nessa altura que se interessou pelo retrato e por composições que fazem a síntese da paisagem
urbana, com uma paleta de cores muito característica e uma utilização brilhante da luz, que conferem às
suas obras uma identidade muito própria e inconfundível.
Em 1969 realizou a sua primeira exposição individual na galeria do Diário de Notícias, em Lisboa. Em 1973
realizou uma grande exposição individual na Fundação Calouste Gulbenkian, que obteve grande sucesso,
registando cerca de 15.000 visitantes e lhe deu grande notoriedade a partir de então. Entre os anos de 1976
e 1978, novamente com bolsa da Fundação Gulbenkian, estudou em Londres e na Suiça. A partir de 1978
dedicou-se também à temática das janelas, procurando utilizá-las como metáfora da composição público-
privado. Em 1979 recebeu o "Prémio de Pintura" da Academia Nacional de Belas Artes de Lisboa. Nesse
ano realizou ainda uma exposição na Fundação Gulbenkian, em Paris.
A partir de 1985, Maluda foi convidada para fazer várias séries de selos para os CTT (Correios de Portugal). Dois selos da sua autoria ganharam, na World Government Stamp
Printers Conference, em Washington, em 1987, e em Périgueux (França), em 1989, o "Prémio Mundial" para o melhor selo.
Em 1994 recebeu o prestigiado "Prémio Bordalo Pinheiro", atribuído pela Casa da Imprensa. No âmbito da "Lisboa Capital da Cultura", realizou uma exposição individual no
Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
A 13 de Outubro de 1998 foi agraciada pelo Presidente da República Jorge Sampaio com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, ao mesmo tempo que
realizou a sua última exposição individual, "Os selos de Maluda", patrocinada pelos CTT.
Maluda morreu em Lisboa a 10 de fevereiro de 1999, aos 64 anos, vítima de câncer no pâncreas. Em testamento, a artista instituiu o "Prémio Maluda" que, durante alguns anos,
foi atribuído pela Sociedade Nacional de Belas Artes.
Em 2009 foi publicado um livro que assinala a passagem do décimo aniversário da sua morte, reunindo a quase totalidade da sua vasta obra e que contou com o Alto Patrocínio
do Presidente da República. No mesmo ano, a Assembleia da República, em Lisboa, homenageou-a com uma grande exposição retrospectiva.
26. Música: Bernardo Sasseti – Inquietude
Imagens: Pinturas de Maluda
(retiradas da Internet)
Guida Burt
(guidaburt@gmail.com)