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Não me canso de gostar ...
destes Poetas ...
LuísVaz deCamões
Portugal
Lisboa [?] c. 1524 – Lisboa 10 junho de 1579 ou 1580
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
(...)
FernandoAntónio Nogueira Pessoa
Portugal
Lisboa, 13 de junho de 1888 – Lisboa, 30 de novembro de 1935
Tabacaria
Não sou nada.
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Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim
todos os sonhos do mundo.
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Porto, 06 de novembro de 1919 – Lisboa, 02 de julho de 2004
Pudesse eu
Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
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Suspensos na surpresa dos instantes!
Natália deOliveiraCorreia
Portugal
Fajã de Baixo, 13 de setembro de 1923 – Lisboa, 16 de março de 1993
De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
(...)
Eugénio deAndrade
(pseudónimo de José Fontinhas)
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Fundão, 19 de janeiro de 1923 – Porto, 13 de junho de 2005
Cantas...
Cantas. E fica a vida suspensa.
É como se um rio cantasse:
em redor é tudo teu;
mas quando cessa o teu canto
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José deSousaSaramago
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Azinhaga, 16 de novembro de 1922 –Tías, Espanha, 18 de junho de 2010
Enigma
Um novo ser me nasce em cada hora.
O que fui, já esqueci. O que serei
Não guardará do ser que sou agora
Senão o cumprimento do que sei.
Hilda deAlmeida Prado Hilst
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Jaú, SP, 21 de abril de 1930 – Campinas, SP, 04 de fevereiro de 2004
Dez chamamentos ao amigo
Se te pareço noturna e imperfeita
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E era como se a água
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(...)
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Desespero
Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.
(...)
Invento
Deponho
suponho e descrevo
a pulso
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do despido
Porque nada é verdade
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  • 3. LuísVaz deCamões Portugal Lisboa [?] c. 1524 – Lisboa 10 junho de 1579 ou 1580 Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. (...)
  • 4. FernandoAntónio Nogueira Pessoa Portugal Lisboa, 13 de junho de 1888 – Lisboa, 30 de novembro de 1935 Tabacaria Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (...)
  • 5. Sophia de Mello BreynerAndresen Portugal Porto, 06 de novembro de 1919 – Lisboa, 02 de julho de 2004 Pudesse eu Pudesse eu não ter laços nem limites Ó vida de mil faces transbordantes Para poder responder aos teus convites Suspensos na surpresa dos instantes!
  • 6. Natália deOliveiraCorreia Portugal Fajã de Baixo, 13 de setembro de 1923 – Lisboa, 16 de março de 1993 De amor nada mais resta que um Outubro e quanto mais amada mais desisto: quanto mais tu me despes mais me cubro e quanto mais me escondo mais me avisto. (...)
  • 7. Eugénio deAndrade (pseudónimo de José Fontinhas) Portugal Fundão, 19 de janeiro de 1923 – Porto, 13 de junho de 2005 Cantas... Cantas. E fica a vida suspensa. É como se um rio cantasse: em redor é tudo teu; mas quando cessa o teu canto o silêncio é todo meu.
  • 8. José deSousaSaramago Portugal Azinhaga, 16 de novembro de 1922 –Tías, Espanha, 18 de junho de 2010 Enigma Um novo ser me nasce em cada hora. O que fui, já esqueci. O que serei Não guardará do ser que sou agora Senão o cumprimento do que sei.
  • 9. Hilda deAlmeida Prado Hilst Brasil Jaú, SP, 21 de abril de 1930 – Campinas, SP, 04 de fevereiro de 2004 Dez chamamentos ao amigo Se te pareço noturna e imperfeita Olha-me de novo. Porque esta noite Olhei-me a mim, como se tu me olhasses. E era como se a água Desejasse (...)
  • 10. JoséCarlos PereiraAry dosSantos Portugal Lisboa, 07 de dezembro de 1936 – Lisboa, 18 de janeiro de 1984 Desespero Não eram meus os olhos que te olharam Nem este corpo exausto que despi Nem os lábios sedentos que poisaram No mais secreto do que existe em ti. (...)
  • 11. Invento Deponho suponho e descrevo a pulso subindo pela fímbria do despido Porque nada é verdade se eu invento o avesso daquilo que é vestido MariaTeresa de Mascarenhas Horta Barros Portugal Lisboa, 20 de maio de 1937