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1 de 25
Julio César Araújo
http://www.julioaraujo.com
•   Objetivo do artigo: discutir sobre os desafios
    de     alfabetizar    crianças    letrando-as
    digitalmente.

•   Dados oriundos de uma pesquisa-ação:
    crianças com sérios problemas de auto-
    estima e com dificuldades na aprendizagem
    da escrita e da leitura foram expostas a
    situações concretas de usos da escrita em
    ambiente internetiano.
                                                     2
•   Percurso da pesquisa: desde o conhecimento
    sobre a manipulação do computador à
    aprendizagem da escrita para o uso de alguns
    gêneros digitais.
•   As crianças se descobriram sujeito de sua
    aprendizagem, desenvolvendo atitudes críticas
    frente ao modo de escrever de seus
    interlocutores reais.
•   Chegou-se à conclusão de que escrever na
    internet serve a diferentes propósitos.

                                                    3
•   Alfabetizar era o mesmo que investir no
    ensino da codificação e decodificação de
    letras, palavras, frases-textos do tipo vovó viu
    a uva.

•   Essa noção de alfabetização começou a se
    dissolver a partir da década de 1980 – quando
    percebeu-se a construção do processo de
    alfabetização como algo bem mais
    complexo.
                                                       4
•   Para além de não saber ler e escrever letras, palavras
    e pequenas frases, a palavra “analfabeto”, na
    verdade, escondia/esconde outras acepções que
    legitima(va)m a exclusão social dessas pessoas.

•   Mesmo um cidadão que não sabe ler e escrever o
    código tem uma representação clara acerca da
    função social da escrita, pois é capaz de realizar
    atividades   complexas     orientado    por    tal
    representação.

                                                             5
•   Letramento passou a ser o termo pelo qual poderíamos
    explicar a revolução sócio-histórica que a escrita provocou
    nas sociedades letradas.
•   Soares (1998, p.47) explica que “alfabetizar e letrar são
    duas ações distintas, mas inseparáveis, [pois] o ideal seria
    alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no
    contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de
    modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo,
    alfabetizado e letrado”.
•   Isso inclui, por exemplo, os usos de escrita que
    caracterizam a entrada do computador conectado à
    Internet na vida das pessoas.

                                                                   6
•   É preciso que o homem e a mulher deste século
    sejam sujeitos letrados também digitalmente.
•   É preciso que a escola, desde cedo, crie
    situações didáticas através das quais seja
    possível trazer para o espaço educativo
    situações concretas de escrita digital.
•   O trabalho pedagógico deve estar organizado de
    modo que as crianças sejam alfabetizadas ao
    mesmo tempo em que se tornem letradas,
    inclusive, digitalmente.

                                                     7
A  escola deve ser vista como o lugar propício
 onde se pode forjar um “novo intelectual”
 letrado digitalmente que poderá se inserir
 criticamente em uma sociedade que exige
 práticas múltiplas de letramento inclusive
 digitais.

É  importante e necessário que a escola
 desenvolva situações que oportunizem a todos
 um letramento digital cada vez mais crítico.
                                                  8
•   Estratégias de naturalização/interiorização daquilo que
    importa .

•   Para Freire (1995), o verdadeiro intelectual, aquele
    nascido da revolução cultural de que fala Gramsci, seria
    alguém que interfere, logo, não se omite.

•   O acesso ao letramento digital tem sido, notadamente,
    oportunizado muito mais aos grupos sociais
    privilegiados do que aos grupos menores, provocando
    o que pode ser entendido como exclusão digital.

                                                               9
•   Em contrapartida, não seria desproporcional a
    afirmação de que o investimento na criação e
    propagação dos softwares livres é uma reação
    dos grupos menores que trabalham em prol de
    um “novo senso comum”, o qual se levanta
    contra aquele pregado por empresas como a
    Microsoft que engenhosamente naturalizam nas
    pessoas a crença em uma acessibilidade livre e
    ilimitada quando na verdade seus produtos são
    licenciados somente para aqueles que podem
    comprar.


                                                     10
•   A escola deve se revestir de uma pedagogia renovada,
    entendendo que não basta apenas ao indivíduo saber ler
    pequenos textos para garantir o exercício da cidadania; é
    preciso que ele vá além, pois a sociedade letrada a que
    pertence elabora e exige usos sofisticados de
    conhecimentos relativos à escrita e à leitura.
•   Deste modo, conhecer o código relativo às modalidades
    escrita e oral da língua caracteriza a alfabetização;
    aplicar com desenvoltura tal conhecimento às mais
    variadas situações sociais caracteriza o letramento.
•   É por esta segunda parte que os grupos letrados se
    organizam, inclusive em práticas letradas digitais.

                                                                11
•   55% dos brasileiros ainda estão por saber o que
    significa usar um computador e 68% da nação
    jamais acessaram a Internet.
•   Abre-se uma cratera entre os que sabem e os
    que não sabem utilizar as práticas de escrita
    digital com proficiência para resolver situações
    corriqueiras, como escrever e-mails, fazer
    transferências bancárias, recadastrar o CPF ou
    mesmo namorar no chat aberto e manter um
    profile no Orkut.

                                                       12
 Resultados    de    uma     pesquisa-ação
 ambientada em uma escola particular de
 Fortaleza sobre a descoberta do letramento
 digital por crianças em fase de
 alfabetização.

 Márcia  Ribeiro (2005): não só é possível
 alfabetizar crianças, como também, ajudá-las
 a serem “letradas digitais”.
                                                13
 Como     alfabetizar     crianças    letrando-as
  digitalmente?

 Suposição: inserir o computador e a Internet nas
  práticas didáticas voltadas às atividades de
  alfabetização daquelas crianças talvez pudesse
  significar a busca pela “elevação cultural” de que
  fala Gramsci (1981, p.21), sobretudo se, através
  disso, as crianças, auxiliadas pela professora,
  chegassem “a compreensão crítica de si”.
                                                       14
A  ideia foi exatamente apostar que aquelas
 crianças podiam voltar a acreditar em si e
 reelaborar a concepção de suas realidades
 quando descobrissem que os usos do
 computador poderiam pô-las em contato com
 outras pessoas.
 Uma   das primeiras atividades realizadas foi
 investir no conhecimento e na exploração dos
 periféricos (teclado, mouse, link, etc...) que são
 acoplados ao computador.


                                                      15
 Na   medida em que avançava a experiência,
  vários gêneros digitais iam sendo apresentados
  às crianças para despertar nelas a necessidade
  da escrita.
 Assim o e-mail pessoal, o cartão digital, os chats e
  o endereço eletrônico foram alguns dos gêneros
  que mais provocaram a percepção nas crianças
  de que a escrita é uma prática necessária em
  nossa sociedade letrada.

                                                         16
 Nessa prática de escrita, um dos problemas
 enfrentados pelas crianças foi a exatidão que o
 gênero em tela exige de seus usuários.

 No entanto, a partir das dificuldades com a
 exatidão do endereço eletrônico, as crianças
 apresentaram avanços em sua aprendizagem,
 pois tiveram de observar as restrições de uso
 inerentes ao endereço eletrônico (características
 desse gênero digital).

                                                     17
   Outro ganho foi o hábito da releitura e da reescrita
    que as crianças desenvolveram quando tentavam
    descobrir a razão de o site pretendido não entrar
    depois da digitação e da pressão na tecla enter.

   Além disso, identificaram a função social da escrita
    no gênero endereço eletrônico, que é a de permitir o
    acesso aos sites.

   As atividades com os endereços eletrônicos
    despertaram os sujeitos para outros gêneros, como
    e-mails e cartões digitais.                       18
   A prática da troca de cartões digitais na sala de aula
    transformou os encontros na escola em um ambiente que
    tinha o poder de alcançar os amigos e os familiares dos
    alunos.

   Para preparar um cartão digital, era preciso manusear o
    mouse, o teclado e os muitos formulários eletrônicos que
    precisavam ser preenchidos à medida que o processo de
    construção do cartão digital ia acontecendo.

   A essa aprendizagem, chamo de letramento digital, já que,
    durante todo o processo de elaboração, a escrita está
    associada à função social da troca de cartões entre pessoas
    conhecidas.
                                                                  19
 Passarpor todos os passos de produção de
 um cartão digital pode ser visto como um
 forte indício de letramento digital não
 somente porque a criança adquiriu
 competência tecnológica necessária a esse
 ato de escrita, mas também porque a escrita
 usada no gênero tem uma função social
 clara.


                                               20
   É importante que a criança construa a concepção
    de que a Internet é um espaço humano de
    comunicação no qual o uso da escrita é
    fundamental não apenas para nos comunicar com
    amigos e familiares, mas também para
    resolvermos muitos problemas.

   A atividade de construir e enviar cartões digitais
    provocava nas crianças uma sensação de autoria,
    pois elas tinham liberdade para escolher o
    destinatário e todas as outras decisões que o
    processo exigia.                                   21
 Ascrianças não só se mostraram proficientes
 em relação ao conhecimento do código
 escrito, como também entenderam que a
 escrita tem uma função social e, por isso,
 obedece a regras que representam as
 convenções sociais do uso.

 Neste caso, temos crianças em franco
 processo não só de alfabetização, mas
 também de letramento digital.
                                                22
 Ossujeitos da pesquisa da professora Márcia
 Ribeiro não frequentam uma escola pública e,
 por isso, vivem outra realidade, bem distante
 daquela das crianças que estudam em escolas
 estruturalmente     sucateadas     e    cujos
 professores enfrentam péssimas condições
 de trabalho, sendo, talvez, eles mesmos
 excluídos digitais.

                                                 23
   Para Gramsci, a exclusão mais séria é a cultural: negar
    às crianças o direito de conhecer e de usar a escrita em
    uma sociedade que a tem como bem cultural maior é
    impensável.

   A criticidade da criança demonstrada frente à escrita
    dos adultos (exemplo da criança criticando a escrita do
    pai) também pode ser apontada como um indicativo de
    que a Internet não é em si um prejuízo à sua
    aprendizagem linguística, como alarmam alguns, mas
    um espaço sociodiscursivo para o qual o conhecimento
    da escrita se faz fundamental.
                                                               24
 Acreditoque a informática, no acentuado
 contexto de exclusão em nosso país, se
 realmente entrasse na escola pública como
 entrou nos gabinetes dos doutos senhores,
 poderia “ser um recurso que [ajudaria] a
 minimizar a exclusão de muitos sujeitos já
 excluídos em muitas outras situações”
 (COSCARELLI, 2005, p.27).

                                              25

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  • 2. Objetivo do artigo: discutir sobre os desafios de alfabetizar crianças letrando-as digitalmente. • Dados oriundos de uma pesquisa-ação: crianças com sérios problemas de auto- estima e com dificuldades na aprendizagem da escrita e da leitura foram expostas a situações concretas de usos da escrita em ambiente internetiano. 2
  • 3. Percurso da pesquisa: desde o conhecimento sobre a manipulação do computador à aprendizagem da escrita para o uso de alguns gêneros digitais. • As crianças se descobriram sujeito de sua aprendizagem, desenvolvendo atitudes críticas frente ao modo de escrever de seus interlocutores reais. • Chegou-se à conclusão de que escrever na internet serve a diferentes propósitos. 3
  • 4. Alfabetizar era o mesmo que investir no ensino da codificação e decodificação de letras, palavras, frases-textos do tipo vovó viu a uva. • Essa noção de alfabetização começou a se dissolver a partir da década de 1980 – quando percebeu-se a construção do processo de alfabetização como algo bem mais complexo. 4
  • 5. Para além de não saber ler e escrever letras, palavras e pequenas frases, a palavra “analfabeto”, na verdade, escondia/esconde outras acepções que legitima(va)m a exclusão social dessas pessoas. • Mesmo um cidadão que não sabe ler e escrever o código tem uma representação clara acerca da função social da escrita, pois é capaz de realizar atividades complexas orientado por tal representação. 5
  • 6. Letramento passou a ser o termo pelo qual poderíamos explicar a revolução sócio-histórica que a escrita provocou nas sociedades letradas. • Soares (1998, p.47) explica que “alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas inseparáveis, [pois] o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado”. • Isso inclui, por exemplo, os usos de escrita que caracterizam a entrada do computador conectado à Internet na vida das pessoas. 6
  • 7. É preciso que o homem e a mulher deste século sejam sujeitos letrados também digitalmente. • É preciso que a escola, desde cedo, crie situações didáticas através das quais seja possível trazer para o espaço educativo situações concretas de escrita digital. • O trabalho pedagógico deve estar organizado de modo que as crianças sejam alfabetizadas ao mesmo tempo em que se tornem letradas, inclusive, digitalmente. 7
  • 8. A escola deve ser vista como o lugar propício onde se pode forjar um “novo intelectual” letrado digitalmente que poderá se inserir criticamente em uma sociedade que exige práticas múltiplas de letramento inclusive digitais. É importante e necessário que a escola desenvolva situações que oportunizem a todos um letramento digital cada vez mais crítico. 8
  • 9. Estratégias de naturalização/interiorização daquilo que importa . • Para Freire (1995), o verdadeiro intelectual, aquele nascido da revolução cultural de que fala Gramsci, seria alguém que interfere, logo, não se omite. • O acesso ao letramento digital tem sido, notadamente, oportunizado muito mais aos grupos sociais privilegiados do que aos grupos menores, provocando o que pode ser entendido como exclusão digital. 9
  • 10. Em contrapartida, não seria desproporcional a afirmação de que o investimento na criação e propagação dos softwares livres é uma reação dos grupos menores que trabalham em prol de um “novo senso comum”, o qual se levanta contra aquele pregado por empresas como a Microsoft que engenhosamente naturalizam nas pessoas a crença em uma acessibilidade livre e ilimitada quando na verdade seus produtos são licenciados somente para aqueles que podem comprar. 10
  • 11. A escola deve se revestir de uma pedagogia renovada, entendendo que não basta apenas ao indivíduo saber ler pequenos textos para garantir o exercício da cidadania; é preciso que ele vá além, pois a sociedade letrada a que pertence elabora e exige usos sofisticados de conhecimentos relativos à escrita e à leitura. • Deste modo, conhecer o código relativo às modalidades escrita e oral da língua caracteriza a alfabetização; aplicar com desenvoltura tal conhecimento às mais variadas situações sociais caracteriza o letramento. • É por esta segunda parte que os grupos letrados se organizam, inclusive em práticas letradas digitais. 11
  • 12. 55% dos brasileiros ainda estão por saber o que significa usar um computador e 68% da nação jamais acessaram a Internet. • Abre-se uma cratera entre os que sabem e os que não sabem utilizar as práticas de escrita digital com proficiência para resolver situações corriqueiras, como escrever e-mails, fazer transferências bancárias, recadastrar o CPF ou mesmo namorar no chat aberto e manter um profile no Orkut. 12
  • 13.  Resultados de uma pesquisa-ação ambientada em uma escola particular de Fortaleza sobre a descoberta do letramento digital por crianças em fase de alfabetização.  Márcia Ribeiro (2005): não só é possível alfabetizar crianças, como também, ajudá-las a serem “letradas digitais”. 13
  • 14.  Como alfabetizar crianças letrando-as digitalmente?  Suposição: inserir o computador e a Internet nas práticas didáticas voltadas às atividades de alfabetização daquelas crianças talvez pudesse significar a busca pela “elevação cultural” de que fala Gramsci (1981, p.21), sobretudo se, através disso, as crianças, auxiliadas pela professora, chegassem “a compreensão crítica de si”. 14
  • 15. A ideia foi exatamente apostar que aquelas crianças podiam voltar a acreditar em si e reelaborar a concepção de suas realidades quando descobrissem que os usos do computador poderiam pô-las em contato com outras pessoas.  Uma das primeiras atividades realizadas foi investir no conhecimento e na exploração dos periféricos (teclado, mouse, link, etc...) que são acoplados ao computador. 15
  • 16.  Na medida em que avançava a experiência, vários gêneros digitais iam sendo apresentados às crianças para despertar nelas a necessidade da escrita.  Assim o e-mail pessoal, o cartão digital, os chats e o endereço eletrônico foram alguns dos gêneros que mais provocaram a percepção nas crianças de que a escrita é uma prática necessária em nossa sociedade letrada. 16
  • 17.  Nessa prática de escrita, um dos problemas enfrentados pelas crianças foi a exatidão que o gênero em tela exige de seus usuários.  No entanto, a partir das dificuldades com a exatidão do endereço eletrônico, as crianças apresentaram avanços em sua aprendizagem, pois tiveram de observar as restrições de uso inerentes ao endereço eletrônico (características desse gênero digital). 17
  • 18. Outro ganho foi o hábito da releitura e da reescrita que as crianças desenvolveram quando tentavam descobrir a razão de o site pretendido não entrar depois da digitação e da pressão na tecla enter.  Além disso, identificaram a função social da escrita no gênero endereço eletrônico, que é a de permitir o acesso aos sites.  As atividades com os endereços eletrônicos despertaram os sujeitos para outros gêneros, como e-mails e cartões digitais. 18
  • 19. A prática da troca de cartões digitais na sala de aula transformou os encontros na escola em um ambiente que tinha o poder de alcançar os amigos e os familiares dos alunos.  Para preparar um cartão digital, era preciso manusear o mouse, o teclado e os muitos formulários eletrônicos que precisavam ser preenchidos à medida que o processo de construção do cartão digital ia acontecendo.  A essa aprendizagem, chamo de letramento digital, já que, durante todo o processo de elaboração, a escrita está associada à função social da troca de cartões entre pessoas conhecidas. 19
  • 20.  Passarpor todos os passos de produção de um cartão digital pode ser visto como um forte indício de letramento digital não somente porque a criança adquiriu competência tecnológica necessária a esse ato de escrita, mas também porque a escrita usada no gênero tem uma função social clara. 20
  • 21. É importante que a criança construa a concepção de que a Internet é um espaço humano de comunicação no qual o uso da escrita é fundamental não apenas para nos comunicar com amigos e familiares, mas também para resolvermos muitos problemas.  A atividade de construir e enviar cartões digitais provocava nas crianças uma sensação de autoria, pois elas tinham liberdade para escolher o destinatário e todas as outras decisões que o processo exigia. 21
  • 22.  Ascrianças não só se mostraram proficientes em relação ao conhecimento do código escrito, como também entenderam que a escrita tem uma função social e, por isso, obedece a regras que representam as convenções sociais do uso.  Neste caso, temos crianças em franco processo não só de alfabetização, mas também de letramento digital. 22
  • 23.  Ossujeitos da pesquisa da professora Márcia Ribeiro não frequentam uma escola pública e, por isso, vivem outra realidade, bem distante daquela das crianças que estudam em escolas estruturalmente sucateadas e cujos professores enfrentam péssimas condições de trabalho, sendo, talvez, eles mesmos excluídos digitais. 23
  • 24. Para Gramsci, a exclusão mais séria é a cultural: negar às crianças o direito de conhecer e de usar a escrita em uma sociedade que a tem como bem cultural maior é impensável.  A criticidade da criança demonstrada frente à escrita dos adultos (exemplo da criança criticando a escrita do pai) também pode ser apontada como um indicativo de que a Internet não é em si um prejuízo à sua aprendizagem linguística, como alarmam alguns, mas um espaço sociodiscursivo para o qual o conhecimento da escrita se faz fundamental. 24
  • 25.  Acreditoque a informática, no acentuado contexto de exclusão em nosso país, se realmente entrasse na escola pública como entrou nos gabinetes dos doutos senhores, poderia “ser um recurso que [ajudaria] a minimizar a exclusão de muitos sujeitos já excluídos em muitas outras situações” (COSCARELLI, 2005, p.27). 25