1. NATAL BRASILEIRONATAL BRASILEIRO
Na Época do Primeiro ImpérioNa Época do Primeiro Império
Pintura de Jean Baptiste Debret
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2. Pode-se ter uma idéia de como eram
as comemorações do Natal na época do
Império de D.Pedro I, através dos relatos
de Jean Baptiste Debret no
livro
Voyage pittoresque et historique au Brésil.
Membro da missão francesa contratada para introduzir o ensino de artes plásticas no Brasil, Debret
aqui permaneceu de 1816 a 1831, freqüentando a Corte e fazendo diversas viagens de
estudo pelo País. São famosas suas pinturas retratando cenas do cotidiano.
3. Pintura de Jean Baptiste Debret
Narrativa de Debret
As festas do Natal e da Páscoa, sempre favorecidas no Brasil por
um tempo magnífico, constituem épocas de divertimentos tanto mais
generalizados quanto provocam mais de uma semana de interrupção
no trabalho das administrações e nos negócios do comércio.
4. O descanso é igualmente aproveitado pela classe média e pela
classe alta, isto é, a dos diretores de repartições e dos ricos
negociantes, todos proprietários rurais e interessados, portanto,
em fazer essa excursão em visita às suas usinas de açúcar
ou plantações de café, a sete ou oito léguas da capital.
Pintura de Johann Moritz Rugendas
5. Quanto aos artífices, reunidos na casa de seus parentes ou amigos,
proprietários de sítios vizinhos da cidade, aproveitam essas festas
para gozar em liberdade os prazeres que essas curtas e pouco
dispendiosas excursões lhes permitem.
Pintura de Johann Moritz Rugendas
6. Basta-lhes, com efeito, mandar levar sua esteira
e sua roupa pelo seu escravo.
À noite, à hora de dormir, as esteiras desenroladas
no chão, cada qual com seu pequeno travesseiro, formam
leitos de emergência, distribuídos pelas três ou quatro
salas do rés-do-chão, que constituem uma residência
desse tipo.
Pintura de Johann Moritz Rugendas
7. Pintura de Johann Moritz Rugendas
No dia seguinte, ao romper do dia,
ergue-se o acampamento, e os mais
ativos se separam para ir passear ou
banhar-se nos pequenos rios que
descem das montanhas vizinhas.
O exercício da manhã abre o apetite;
volta-se para almoçar, mas inventam-se
divertimentos mais tranqüilos para o
momento do sol forte, até uma hora
da tarde, quando se janta.
8. Pintura de Jean Baptiste Debret
Das quatro às sete dorme-se e, depois da ave-maria,
dança-se durante toda a noite ao som do violão.
Deliciosos momentos de fresca, empregados pelos velhos
na narrativa de suas aventuras do passado e pelos moços em
dar origem a alguns episódios felizes, cuja recordação
encantará um dia a sua velhice.
9. Pintura de Jean Baptiste Debret
Este ligeiro esboço dá entretanto apenas uma pobre idéia das
brilhantes recepções realizadas na mesma época nas imensas
propriedades dos ricos, que, por vaidade, reúnem numerosa
sociedade, tendo o cuidado de convidar poetas sempre dispostos
a improvisar lindas quadrinhas e músicos encarregados de
deleitaras senhoras com suas modinhazinhas.
10. Pintura de Jean Baptiste Debret
Os donos da casa também escolhem, por sua vez, alguns amigos
distintos, conselheiros acatados do proprietário na exploração da
fazenda, que visitam demoradamente com ele, ao passo que, ao
contrário, os jovens convidados, ágeis e turbulentos, entregam-se
a essa louca alegria sempre tolerada do interior.
11. Pintura de Johann Moritz Rugendas
Aí, todos os dias começam, para os homens, com uma caçada,
uma pescaria ou um passeio a cavalo; as mulheres ocupam-se
de sua toalete para o almoço das dez horas.
À uma hora todos se reúnem e se põem à mesa; depois de saborear,
durante quatro a cinco horas, com vinhos do Porto, Madeira ou
Tenerife, as diferentes espécies de aves, caça, peixes e répteis
da região, passam aos vinhos mais finos da Europa.
12. Pintura de Jean Baptiste Debret
Então o champanha estimula o poeta, anima o músico, e os
prazeres da mesa confundem-se com os do espírito, através
do perfume do café e dos licores.
A reunião prossegue em torno das mesas de jogo; à meia-noite
serve-se o chá, depois do qual cada um se retira para o seu
aposento, onde não é raro deparar com móveis, perfeitamente
conservados, de fins do século de Luís XIV.
13. Pintura de Johann Moritz Rugendas
No dia seguinte, para variar, vai-se visitar um amigo numa
propriedade mais afastada; tais cortesias aumentam ainda os
prazeres dessa semana, que sempre parece curta demais.
Alguns amigos íntimos, que dispõem de seu tempo, ficam com
a dona da casa, cuja estada se prolonga durante mais de seis
semanas ainda, em geral, depois do que todos tornam
a encontrar-se na cidade.
14. Pintura de Jean Baptiste Debret
A mulata representada aqui é da classe dos artífices abastados.
Sua filhinha abre a marcha conduzindo pela mão um negrinho,
bode expiatório a seu serviço particular; vem em seguida a
pesada mulata, em lindo traje de viagem, que se dirige a pé
para o sítio situado num dos arrabaldes da cidade
Mulata a caminho do sítio para as festas de Natal
15. Pintura de Jean Baptiste Debret
A negra criada de quarto a acompanha carregando o pássaro
predileto. A mulata contenta-se com uma criada de quarto
preta a fim de não comprometer a própria cor.
Vem logo depois da primeira negra de serviço, com o gongá,
cesto em que se coloca a roupa-branca.
16. Pintura de Jean Baptiste Debret
A terceira negra carrega o leito da senhora, elegante travesseiro
enrolado numa esteira de Angola (bastante bem imitada na Bahia).
A quarta, encarregada de trabalhos grosseiros, lavadeira quase
sempre grávida, carrega os trastes das outras companheiras; e
a negra nova acompanha humildemente o cortejo, carregando
a provisão de café torrado e a coberta de algodão com que
se envolve à noite para dormir.
17. Pintura de Jean Baptiste Debret
Presentes de Natal
Dão-se presentes no Brasil especialmente por ocasião
das festas de Natal, de 1º do Ano e de Reis.
No dia de Natal e no dia de Reis, sobretudo, são de rigor os
presentes de comestíveis, caça, aves, leitões, doces, compotas,
licores, vinhos etc. Costuma-se renovar na mesma época a
roupa dos escravos, o que leva a conceder, em geral,
gratificações aos subalternos.
18. Pintura de Jean Baptiste Debret
Entretanto, entre as pessoas de bem, os presentes de um gosto
mais apurado são mandados em bandejas de prata com toalhas
de musselina muito finas, pregueadas com arte e presas com laços
de fitas cuja cor é sempre interpretativa, linguagem erótica
complicada pela adição engenhosamente combinada
de algumas flores inocentes.
19. Pintura de Jean Baptiste Debret
A véspera do dia de Reis é igualmente festejada.
Com efeito, grupos de músicos organizam serenatas debaixo
do balcão de seus amigos, os quais, em troca, os convidam a
subir para tomar algum refresco e continuar o concerto
no salão até de madrugada.
20. Pintura de Jean Baptiste Debret
Para a classe inferior, composta de mulatos e negros livres,
essa noite constitui um carnaval improvisado; fantasiados,
em pequenos grupos escoltados por músicos, percorrem
as ruas da cidade e, quando a noite é bela, prolongam sua
excursão pelos arrabaldes, onde acabam entrando numa
venda e aí ficando até o nascer da aurora.
21. Pintura de Johann Moritz Rugendas
Outros, ao contrário, preferem organizar pequenos salões de baile,
onde se divertem ruidosamente, dançando uma espécie de lundu,
pantomima indecente que provoca os alegres aplausos
dos espectadores, durante toda a noite.
22. Pintura de Jean Baptiste Debret
Eis no que se transformou no Brasil
o aniversário da visita dos Reis Magos.
23. Pintura de Jean Baptiste Debret
o primeiro, carregado por três negros entrando por um portão,
traz a carta de congratulações entre as garrafas de vinho do Porto;
a apresentação do segundo, mais modesto e talvez galante,
é confiada à inteligência da negra encarregada de entregá-lo
num humilde rés-de-chão.
O desenho representa a entrega de dois presentes
de importância diversa:
24. Pintura de Jean Baptiste Debret
A cena se passa perto do Jardim Público, cujo muro,
que dá em parte para o Largo do Convento da Ajuda
e em parte para o mar, se percebe ao longe.
25. Autora dos Slides: Ria Ellwanger
Texto: Transcrito de NovoMilenio.InfBr Imagens:
Pinturas de Debret e Rugendas Música: Classical
Guitar - Away in a Manger