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OS BONDES FIZERAM COPACABANA
                  Com efeito, desde 12 de março de1856, quando, pelo decreto no. 1733 se
          conferiu a primeira linha de carris urbanos puxados à burros ao Conselheiro Cândido
          Baptista (1801-1865) e seu filho Luiz Plínio; e a segunda, de uma linha para a Tijuca,
          dada dias depois pelo decreto no. 1742, de 29 de março, ao médico homeopata escocês
          Thomás Cochrane (1805-1872), sogro de José de Alencar (1829-1877), ninguém podia
          imaginar a revolução que tais veículos acarretariam à cidade.
                  A linha de Cochrane, partindo do centro para a Tijuca, começou a funcionar em
          1859, mudando para tração à vapor em 1862. Não deu certo por causa da má
          conservação e faliu em 1865, dando prejuízo de 700 contos a seus diretores. Já Cândido
          Baptista desinteressou-se de sua concessão, haja vista que em 11 de outubro de 1859
          foi indicado “Presidente do Banco do Brasil”. Repassou então sua concessão por
          quarenta contos de réis pelo decreto no. 2927, de 21 de maio de 1862 ao amigo, o
          banqueiro Ireneu Evangelista de Souza, Barão e Visconde de Mauá (1813-1889). Mauá,
          receoso com o investimento, haja vista o que acontecera à linha da Tijuca, cedeu a
          concessão por cem contos de réis, formalizada pelo decreto no. 3738, de 21 de
          novembro de 1866 ao engenheiro americano Charles B. Greenough (1825-1880). Partiu
          Greenough para os Estados Unidos, onde conseguiu verbas para sua linha que
          percorreria a Zona Sul da Cidade, organizando uma companhia dois anos depois. Logo
          eram assentados os trilhos do Centro ao Catete.
                  Em 09 de outubro de 1868, começou a funcionar a “Botanical Garden Rail Road
          Company”, com sua primeira linha, da rua Gonçalves Dias até o Largo do Machado. O
          impacto sobre a cidade logo se fez sentir. Regiões que ficavam desertas, por falta de
          acesso logo se valorizaram e foram ocupadas. Bairros dominados por extensas
          chácaras, como Botafogo, logo foram repovoados. Em breve, não se vendia mais terreno
          algum na cidade sem antes o comprador fazer a pergunta: “...o bonde passa lá?”
                  Já em 1o. de janeiro de 1871 chegava o bonde ao Jardim Botânico e Gávea,
          tornando tais arrabaldes muito populares desde então. Em 1o. de abril de 1873, o bonde
          já atingia a “Olaria”, hoje “Campus da PUC”, na Rua Marquês de São Vicente, e outro
          ramal, saindo do Largo do Machado atingia a “Bica da Rainha”, no Cosme Velho. Logo
          se vislumbrou na mente de homens progressistas que o bonde era a maneira mais
          eficiente de se chegar à Copacabana, Ipanema e Leblon.
                  Entretanto, o primeiro transporte coletivo que chegou às praias da zona sul não
          foram os bondes, e sim as diligências do Dr. Francisco Bento Alexandre de Figueiredo de
          Magalhães, Conde de Figueiredo Magalhães (181?-1898), médico cirurgião formado em
          Lisboa, cujos serviços foram iniciados a 1o. de dezembro de 1878. Partiam as diligências
          da Praia de Botafogo, canto da rua São Clemente, chegando à Praia de Copacabana
          pela Ladeira do Leme. O Dr. Magalhães montara em Copacabana uma casa de saúde
          para convalescentes, com cômodos para banhistas e um hotel anexo. As diligências
          trafegavam de hora em hora, das 07:00h às 10:00h da manhã, e das 17:00h às 20:00h.
                  A primeira tentativa para se levar uma linha de bondes até a Praia de Copacabana
          data de 1874, quando a 4 de novembro, foi concedido ao Sr. Ale xandre Vieira de
          Carvalho, Conde de Lages, Mordomo dos Príncipes Conde e Condessa D`Eu, e ao seu
          sócio, Dr. Francisco Teixeira de Magalhães, a necessária autorização para sua
          construção, uso e gozo, durante cinqüenta anos, de uma linha de carris para
          Copacabana. Chegou a ser fundada a “Empresa Ferro Carril Copacabana”, cujo principal
          dono era o empresário alemão Alexandre Wagner, que adquirira a concessão dos
          herdeiros do Conde de Lages e estava comprando todos os terrenos disponíveis em
          Copacabana, do Leme até a “Pedra do Inhangá”. A obra foi até iniciada, mas muito
          combatida na justiça pela “Botanical Garden”, que alegava ter privilégio concedido


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contratualmente para exploração de linhas de carris na Zona Sul da cidade. A batalha
          judicial terminou em vitória para a “Botanical Garden”, caducando a concessão rival a 21
          de fevereiro de 1880.
                  Ano seguinte, a 13 de julho de 1881, o Ministro da Agricultura, Comércio e Obras
          Públicas colocou em concorrência pública a abertura de uma linha de carris urbanos para
          Copacabana. A “Jardim Botânico” protestou, alegando privilégio de área, sugerindo em
          ve z rediscutir seu contrato original e realizar a linha, mas o Govêrno fez “ouvidos de
          mercador” e a concorrência foi realizada. A coisa não foi adiante, tendo todas as
          concessões caducado.
                  Em 05 de outubro de 1882, um grupo de vereadores apresentou à Ilma. Câmara
          Municipal um projeto de extensão das linhas de bondes da “Companhia Ferro Carril
          Jardim Botânico” (nome que tomou a “Botanical Garden”, após sua nacionalização em
          1883), de Botafogo, para os bairros de Copacabana, Vila Ipanema e Leblon. A coisa não
          saiu de imediato.
                  Outros planos e concessões vieram e caducaram.
                  Um deles, apresentado ao Govêrno Imperial em 1883, era o de Duvivier & Cia.
          Seus autores eram Theodoro Duvivier (1848-1924) e Otto Simon, genros de Alexandre
          Wagner. Igualmente caducou.
          Um dos planos mais interessantes foi o que propôs a 10 de fevereiro de 1886 o
          engenheiro João Dantas ao Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, de
          uma ferrovia à vapor que, partindo de Botafogo, da estação da Companhia Jardim
          Botânico, no Largo dos Leões, chegaria por um túnel à Copacabana, Ipanema, Leblon,
          Barra da Tijuca, Mangaratiba, Sepetiba indo até Angra dos Reis, numa extensão de
          193km. Foi constituída em 1890 a “Companhia Estrada de Ferro Sapucaí”, que
          pretendia, dentre outras obras, fazer um prado de corridas de cavalos no Leblon, nas
          terras da chácara do português José de Guimarães Seixas, colado ao “Morro dos Dois
          Irmãos” (é onde hoje existe o “Clube Municipal”). O decreto no. 587, de 10 de outubro
          de 1891, emitido pelo Governo Federal, autorizou a mesma empresa a estender os
          trilhos até Guaratiba. Em 1891 essa concessão caducou, quando já se havia escavado
          uma estrada de quase um quilômetro pela encosta do “Morro Dois Irmãos”, estrada esta
          que, depois de muito ampliada em outubro de 1916 seria inaugurada como av.
          Niemeyer.
          No mesmo mês de fevereiro de 1886, a “Companhia Jardim Botânico” fez uma
          contraproposta ao “Plano Dantas”, sugerindo uma linha ferroviária à vapor cortando
          Copacabana, Ipanema e Leblon, saindo da estação do Largo dos Leões, em Botafogo e
          indo até “Pena”, em Jacarepaguá. Propunha também um prado de corridas no “Morro
          Dois Irmãos” . Em vez de um prado de corridas no Leblon, o engenheiro André
          Rebouças sugeriu um cemitério naquelas plagas, idéia logo enterrada. Igualmente não
          foi adiante. Ainda em 1886, por sua vez, a “Companhia” propôs ao Ministro da
          Agricultura, Comércio e Obras Públicas uma linha de bondes para Copacabana, o que
          se comprometeu por contrato assinado já na República, a 30 de agôsto de 1890 com o
          dito ministério.
          Somente dois anos depois, em maio de 1892, é que pôde ser escavado um túnel e,
          finalmente, a 06 de julho de 1892, depois de oito meses de obras, sendo dois de
          escavações na rocha, o Gerente da “Jardim Botânico”, o engenheiro pernambucano
          José Cupertino Coelho Cintra (1843-1939) inaugurou o “Túnel Velho” (hoje Alaôr Prata),
          ligando a rua Vila Rica, em Botafogo, ao areal de Copacabana. Na ocasião, o Barão de
          Ipanema arrendou terras para construção de uma estação onde hoje é a av. N. Sra. de
          Copacabana.


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JOSÉ DE CUPERTINO COELHO CINTRA - DADOS BIOGRÁFICOS
                  Engenheiro inovador, nasceu em Pernambuco a 18 de setembro de 1843.
          Bacharelou-se em matemáticas e ciências físicas e naturais, em 1865, pela Escola
          Central, hoje Faculdade Nacional de Engenharia. Seu primeiro cargo foi o de Ajudante
          da Fiscalização da Companhia City Improvements. Exerceu vários cargos pertinentes à
          profissão, quase todos no estado do Espírito Santo. Como ajudante da Inspetoria de
          Imigração, apaziguou diversas rebeliões de imigrantes naquele estado e no Rio Grande
          do Sul. Fundou diversos núcleos coloniais nos referidos estados e em São Paulo.
                  Sua lisura, capacidade e inteligente ação valeram-lhe as distinções recebidas:
          sócio Benfeitor da Sociedade Propagadora das Belas Artes; da Caixa de Socorros D.
          Pedro V; membro da Sociedade de Geografia desta Capital; sócio honorário da
          Sociedade de Artes Mecânicas e Liberais de Pernambuco; sócio dos Centros Carioca e
          Pernambucano e do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco.
                  Em 1889, passou a dirigir, como gerente, a Companhia Ferro Carril do Jardim
          Botânico. Projetou e executou, em apenas seis dias, a duplicação da linha de bondes
          de Botafogo à Escola Militar da Praia Vermelha. Estendeu as linhas de bonde até
          Copacabana, o que foi possível com a abertura do 1o. túnel para aquele bairro, a 06 de
          julho de 1892, ligando a rua Real Grandeza, em Botafogo, à rua Barroso, atual Siqueira
          Campos (Túnel Velho, ou Túnel Alaôr Prata). Esta linha ia até a Praça Malvino Reis,
          atual Serzedêlo Correia, e é considerada a certidão de batismo do futuroso bairro de
          Copacabana. Prosseguindo, atingiu a Lagoa Rodrigo de Freitas até a praça Piassava,
          onde hoje se ergue a estátua de Quintino Bocaiúva. Instalou a primeira corrente elétrica
          contínua na América do Sul, com tração elétrica dos bondes, nesta Capital. Apesar da
          forte oposição por parte dos rotineiros, pôde realizar tão ousado cometimento,
          inaugurado em 1892, pelo Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto.
                  Coelho Cintra foi ainda deputado por Pernambuco, prefeito da cidade do Recife,
          oficial de gabinete do Ministro Francisco Sá e autor de cartas corográficas e geográficas
          do Espírito Santo. Aposentou-se aos 78 anos de idade, pobre, mas digno do
          acatamento de seus concidadãos.
                  O engenheiro Coelho Cintra é hoje credor de nossa gratidão; sendo perpetuado
          em estátua de bronze em Copacabana, onde, como bandeirante que foi, recebeu as
          merecidas homenagens de sua população.
          Faleceu Coelho Cintra no Rio de Janeiro, a 12 de agosto de 1939.

                                              COPACABANA
                Copacabana é conhecida internacionalmente como um dos símbolos do Rio de
          Janeiro. Quem nunca ouviu os versos de João de Barro (conhecido como Braguinha)?
                        “Copacab ana, princesinha do mar
                        Pelas manhãs tu és a vida a cantar
                        E à tardinha o sol poente
                        Deixa sempre uma saudade na gente”.
                Originalmente a região de Copacabana era denominada, na língua tupi-guarani,
          como Sacopenapã, que significa “caminho batido pelas socós ( ave pernalta da família
          das garças ).



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A nomenclatura Copacabana é originária da língua quíchua (língua que era falada
          pelos incas) e que significa “Mirante azul”. Esta era a nomenclatura de uma península
          entre a Bolívia e o Peru, às margens do Lago Titicaca, onde os incas haviam construído
          um templo aos seus deuses. No século XVI os espanhóis destruíram o antigo santuário,
          edificando no local um templo em devoção à N. Sra. das Candeias ou Candelária. Como
          passou a ser adorada na península de Copacabana, a santa passou a receber a
          denominação de N. Sra. de Copacabana.
                 Não se sabe ao certo como uma imagem desta santa foi deixada em Sacopenapã.
          Supõe-se que peruleiros (traficantes de prata da Bolívia e Peru) tenham deixado a
          imagem no local. A imagem foi levada para a hoje Igreja de N. Sra. de Bonsucesso da
          Santa Casa de Misericórdia, onde em 1638 já era cultuada. Ainda no século XVII a
          imagem foi transferida para uma ermida (templo) no promontório onde hoje se localiza o
          Forte de Copacabana.
                 O templo original foi sucessivamente reconstruído até a edificação do Forte de
          Copacabana (inaugurado em 1914). A igrejinha manteve-se na área do forte até 1918,
          quando a Mitra vendeu seu terreno à Fazenda Federal, a fim de que no local fosse
          construído alojamento da guarnição. A imagem da santa foi recolhida pela família do
          Barão de Teffé, que a levou para seu castelo em Correias, Petrópolis.
                 Em 1918 uma nova imagem de N. Sra. de Copacabana chegou da Bolívia, sendo
          colocada na então Igreja de N. Sr. do Bonfim, hoje Matriz de N. Sra. de Copacabana.
                 O bairro de Copacabana surgiu em 6 de julho de 1892 com a abertura do Túnel
          Alaôr Prata (Túnel Velho). Este túnel foi aberto para passagem de bondes. Até então, o
          acesso para Copacabana era feito através de caminhadas pelos morros que cercam a
          região.
                 O Túnel Engenheiro Coelho Cintra (Túnel Novo) foi aberto em 1906, sendo situado
          do lado esquerdo de quem vai para Copacabana. Em 1949 foi inaugurada sua
          duplicação, denominada Túnel Marques Porto (situado do lado direito de quem vai para
          Copacabana).
                 Copacabana foi ocupada lentamente pela população até 1940; desta década
          ocorreu um aumento populacional no bairro de 74,35%. A partir desta década
          Copacabana se torna um dos bairros mais populosos da cidade.
                 Copacabana é separada do Oceano Atlântico pela Avenida Atlântica, conhecida
          mundialmente. Esta foi inaugurada em 1906, com 6 metros de largura e 4 Km de
          extensão. Em 1919 o Prefeito Paulo de Frontim realizou o alargamento desta via para
          17m. Nesta Avenida situa-se um dos prédios mais belos da cidade : o Hotel Copacabana
          Pálace. Inaugurado em outubro de 1923, funcionou até abril de 1946 como cassino. O
          hotel teve como hóspedes ilustres nomes como: Nat king cole, Clark Gab le, Eisenhower,
          Santos Dumont, Elizab eth II.
                 Num apartamento do prédio n° 2856 desta avenida, onde residia Nara Leão,
          surgiu a Bossa Nova , em 1956. Estilo musical conhecido internacionalmente teve como
          compositores importantes Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Billy Blanco, Roberto
          Menescal, Ronaldo Bôscoli, entre outros.

                         AVENIDA PRINCESA ISABEL - LEME - COPACABANA
                Foi aberta em 1901, nos terrenos de Alexandre Wagner, que em fins do século
          XIX havia comprado todos os terrenos do Leme e arruado a região em 16 de abril de
          1894. Era denominada de rua Salvador Correia, em honra ao Governador do Rio de
          Janeiro Salvador Correia de Sá, que administrou a cidade por duas vezes, de 1568 a 71
          e de 1578 a 98. Em 1904 o Prefeito Francisco Pereira Passos abriu o túnel do Leme,
          inaugurado dois anos depois. Pelo Decreto Municipal no. 6.305, de 1o. de outubro de


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1938, mudou de nome para Avenida Princesa Isabel, em comemoração aos cinqüenta
          anos da assinatura da Lei Áurea, que libertou os escravos no Brasil.
                 O engenheiro José de Oliveira Reis duplicou o túnel do Leme (ou Túnel Novo,
          como também era conhecido), de 1943 a 1946, quando então se duplicou a rua,
          tornando-se avenida, demolindo-se todo um correr de prédios. O último a ir abaixo foi o
          velho Hotel Vogue, na avenida Atlântica, em fins dos anos 50, quando então ganhou este
          logradouro as dimensões largas que possui atualmente. O atual canteiro central foi
          resultado das obras do Rio Cidade, em 1994/96, quando então se removeu do seu eixo a
          estátua do Visconde do Rio Branco, hoje na Praça Demétrio Ribeiro. Esta estátua tinha
          sido removida da Glória para Copacabana em 1938. Quando abriram seus alicerces,
          acharam uma caixa de chumbo cheia de moedas, doadas depois ao Museu do Itamaraty.
                 Hoje, o Túnel do Leme possui denominação oficial, aliás, duas: Coelho Cintra, na
          boca mais antiga, ao lado da Igreja de Santa Terezinha, e Marques Pôrto, na boca
          situada ao lado da Rua Carlos Peixoto.

               MONUMENTO À PRINCESA ISABEL – AVENIDA PRINCESA ISABEL – LEME
                 Na década de 60 existiu um monumento em memória à princesa Isabel Redentora
          na avenida que a homenageia, no Leme. Junto com a estátua do Visconde do Rio
          Branco, eram assim eternizados numa única via pública os dois maiores responsáveis
          pela emancipação dos negros no Brasil. Entretanto, na década de 70, por causa de uma
          obra, demoliram a estátua da Princesa, a qual não foi mais reconstruída depois.
          Atendendo aos rogos dos moradores locais, o Prefeito César Maia ordenou a fatura de
          uma nova estátua, a qual foi inaugurada às 10h do dia 13 de maio de 2.003, na hora e
          dia em que foi assinada por aquela titular a Lei Áurea.
                 A estátua em bronze representa a Princesa Isabel em pé, sobre um pedestal,
          tendo na mão esquerda a pena de escrever. Tem 2,50m de altura e é obra do escultor
          Edgard Duvivier Filho. Custou 80 mil reais e foi providenciada pela Fundação de Parques
          e Jardins.

                  TEATRO VILLA-LOBOS - AV. PRINCESA ISABEL, 440 - COPACABANA
                 Iniciativa da Funterj-Fundação de Teatros do Estado do Rio de Janeiro, este
          empreendimento de 1977 se implantou em terreno doado pelo governo do Estado
          durante a gestão Faria Lima. Dadas as limitações físicas, o programa foi resolvido pelo
          arquiteto Raphael Matheus Peres em patamares: a partir do nível da rua amplas
          escadarias conduzem às bilheterias, destas ao foyer e daí à platéia, que comporta 500
          pessoas. No subsolo, cujo nível foi determinado pela existência de instalações
          subterrâneas, foi implantada a escola de balé, que compreende espaços para ensaio e
          aquecimento, vestiários, camarins, serviço médico e administração. Para atender aos
          artistas, o teatro dispõe ainda de um bloco de quatro pavimentos com camarins
          individuais e coletivos, salas de ensaios e preparação e cantina. Durante a execução da
          obra, foi incorporado um pequeno terreno anexo para o qual o arquiteto projetou um
          teatro de marionetes, integrado ao conjunto por pequenos arcos que acompanham o
          ritmo da fachada principal.

                 HOTEL MERIDIEN - AV. ATLÂNTICA, 1020/AV PRINCESA ISABEL - LEME
                  O projeto dos arquitetos Paulo Casé e Luís Acioli, de 1973, beneficiou-se da
          legislação especial surgida na época que, sob alegação de incentivo ao turismo, liberou o
          gabarito de edificações destinadas a instalações hoteleiras. Assim, numa faixa litorânea
          de gabarito máximo fixado em 12 pavimentos foi inserido um edifício três vezes mais
          alto. Este hotel de alto padrão compreende 535 unidades e 33.500m2 de área


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construída. Os acessos foram localizados em função das características das vias que
          circundam o terreno, com entradas independentes para o público em geral, hóspedes,
          banhistas e serviço. A torre de apartamentos foi projetada e localizada de modo a
          atender à necessária concentração de serviços e liberar a maior parte do terreno para
          piscina e restaurantes, situados no embasamento. A implantação da piscina na esquina
          das avenidas Atlântica e Princesa Isabel favorece a visão global da praia e permite
          insolação durante a maior parte do dia. A exiguidade do terreno determinou a construção
          de um edifício-garagem privativo a 100m do hotel. Devido à limitação de altura, a caixa
          d`água superior foi substituída por uma cisterna, que comporta 1,5 milhão de litros,
          estudada volumetricamente para dar estabilidade à estrutura do prédio. As fachadas
          reafirmam a verticalidade do edifício, valorizando os elementos estruturais, revestidos de
          mármore, que se destacam sobre as superfícies envidraçadas. Apesar de não serem
          permitidas por lei, as aberturas na divisa lateral foram liberadas por serem fixas e
          indevassáveis. Também levou-se em consideração ser esta solução mais apropriada que
          a tradicional, que seria “colar” o prédio no vizinho.

                                   AVENIDA ATLÂNTICA - COPACABANA
                 A primitiva avenida foi traçada como reles rua de serviço em 1904/06 pelo Prefeito
          Pereira Passos. Só possuía quatro metros de largura, servindo apenas para pedestres.
          Com o crescimento do trânsito pela orla e o surgimento da moda dos banhos de mar, se
          tornou pequena, sendo ampliada para 19 metros de largura em 1910/11 pelo Prefeito
          Bento Ribeiro. O Prefeito Paulo de Frontin a melhorou em 1918/19, quando foi toda
          refeita. Logo depois, uma ressaca a destruiu, exigindo ser reconstruída em 1921/22. Foi
          novamente atingida por outra ressaca e refeita em 1924. De 1969 a 1971 foi duplicada
          pelo Governador Negrão de Lima, segundo sugestão do arquiteto Lúcio Costa e projeto
          do engenheiro Raimundo de Paula Soares. Na ocasião, colocou-se sob o calçadão
          central o Interceptor Oceânico da Zona Sul, a maior obra de esgotos até então efetuada
          na cidade.
                  As calçadas em mosaico de pedras portuguesas foram desenhadas por Roberto
          Burle Marx, que se utilizou de pedras de três cores, preta, branca e vermelha,
          representando os povos que formaram nossa etnia. O desenho foi imaginado para ser
          percebido de avião, à exceção do da orla, que reproduz o antigo mosaico ondulado
          imitado de Portugal. Em 1988 foram plantados coqueiros pela administração Saturnino
          Braga, na areia para suavizar a paisagem e, finalmente, em 1992, foi refeita a orla pelo
          Prefeito Marcelo Alencar, com a proibição de estacionamentos, a construção de uma
          ciclovia e a colocação de quiosques de alimentação.

              POSTOS DE SALVAMENTO – AVENIDAS ATLÂNTICA/VIEIRA SOUTO/DELFIM
                             MOREIRA – COPACABANA/IPANEMA/LEBLON
                 Em 1924, o Prefeito Alaôr Prata mandou edificar postos de salvamento na orla
          marítima da cidade, principalmente nas praias oceânicas. Colocados em intervalos
          regulares de 900 metros, acabaram por demarcar áreas específicas das praias, além, é
          claro, de cumprirem suas funções originais. Os banhistas marcavam encontros usando
          os postos como balizas. Em 1975, esses postos, em estilo art-déco, estavam já
          tecnologicamente superados e muito danificados, o que impôs sua substituição. Os
          novos postos foram projetados em 1976 pelo arquiteto Sérgio Wladimir Bernardes, e
          foram colocados em toda a orla oceânica, inclusive nas novas praias da Barra da Tijuca
          e Recreio dos Bandeirantes. Mantendo o mesmo espaçamento, são de formato
          aerodinâmico, em concreto aparente, possuindo sanitários e chuveiros para banhistas,
          além das instalações para salva vidas.


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POSTOS DE ABASTECIMENTO DA AV. ATLÂNTICA - COPACABANA
                  Concebido pela mesma equipe de arquitetos e na mesma época em que foi
          realizado o Posto Catacumba (1968, Dilson Gestal Pereira, Waldyr A . Figueiredo, Paulo
          Roberto M. de Souza e Alfredo Lemos), este projeto segue a intenção promocional do
          anterior. Planejado em quatro pontos ao longo do canteiro central da av. Atlântica,
          segundo idéia do Governo do Estado da Guanabara, de viabilizar as obras de
          alargamento da avenida através da venda dos terrenos à Petrobrás Distribuidora S.A .
          Extremamente polêmico, devido a sua situação particular, o projeto procurou se integrar
          à paisagem minimizando o atrito visual. A solução encontrada demonstra a preocupação
          dos arquitetos em amenizar o contraste com a paisagem, mantendo em destaque a praia
          de Copacabana, cartão postal do Rio de Janeiro. Novamente a cobertura domina a
          composição. Seu desenho surgiu da idéia de um cálice, ou uma papoula, e evoluiu para
          quatro pétalas em fibra de vidro que, ao se tocarem, dão rigidez à estrutura. O encontro
          dessas pétalas é marcado por uma cúpula de vidro translúcido. A continuidade visual foi
          assegurada pela solução para áreas de escritório e vendas, localizada numa caixa de
          vidro transparente, e as dependências de depósito e serviço, num pavimento enterrado,
          com iluminação zenital.

                  HOTEL INTERNACIONAL RIO - AV. ATLÂNTICA, 1500 - COPACABANA
                 O hotel foi construído em terreno reduzido de 400m2, num projeto de 1986
          elaborado por Cláudio Fortes e Roberto Victor. Projetado inicialmente como hotel-
          residência, foi modificado para uso hoteleiro, o que incentivou os arquitetos a lhe conferir
          uma personalidade marcante que caracterizasse sua nova função, destacando a
          edificação do conjunto de prédios da av. Atlântica. O volume é composto por um corpo
          de 13 pavimentos sobre embasamento e recebeu tratamento em vidos bronze e
          esquadrias pintadas de vermelho em composição com os pilares cilíndricos externos ao
          edifício revestidos em granito marrom-avermelhado. Em vista da proposta, inédita no Rio,
          de dar atenção especial aos executivos em viagens de negócios, foram criadas
          condições especiais para garantir funcionalidade no atendimento e na prestação de
          serviços extras. Além de restaurante, bares, piscina, sauna e garagem, o hotel tem
          salões de convenções, serviço de secretária bilíngüe, escritórios para hóspedes e todo
          apoio tecnológico mais avançado.

                          O PALÁCIO DO MAR - HOTEL COPACABANA PÁLACE
                 No dia 28 de outubro de 2.003, o SINDEGTUR/RJ, por intermédio de sua Diretoria
          de Capacitação, efetivou mais um evento de seu projeto cultural “Andando pelo Rio”,
          realizando importante visita técnica de Guias de Turismo às belas instalações do
          Copacabana Pálace Hotel. Aqui, nesse pequeno espaço, tento traçar apenas alguns
          dados curiosos de sua história.
                 Em 1920 o Presidente da República, Epitácio Pessoa, convocou o empresário do
          setor de hotelaria Octávio Guinle e fez-lhe a proposta para construção de um grande
          hotel de turismo no Rio de Janeiro. A iniciativa visava atender ao grande fluxo de
          visitantes previstos para a Exposição Internacional comemorativa do Centenário da
          Independência do Brasil, que se realizaria em 1922, no Castelo. Seriam concedidos
          benefícios fiscais, bem como a licença para nele funcionar um cassino, este último uma
          exigência dos Guinle. A proposta foi aceita e essa é a origem do Hotel Copacabana
          Pálace.
                 Octávio Guinle adquiriu então um alqueire de terras na Praia de Copacabana, que
          naquela época ainda era ocupada escassamente por algumas casas. O terreno dava


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frente para a Avenida Atlântica, alargada em 1919 por Paulo de Frontin. Contratou-se o
          afamado arquiteto francês Joseph Gire, o qual projetou um estabelecimento bastante
          calcado nos modelos dos hotéis Negresco e Carlton, de Nice, na Côte D`Azur. Foi
          entregue a construção ao engenheiro brasileiro César Mello e Cunha. Dificuldades de
          importação de materiais de construção, quase todos vindos da França, bem como o
          transporte dos mesmos para o Brasil e para Copacabana, assim como também os
          profundos alicerces de 14m exigidos e para a confecção dos quais ainda não tínhamos
          tecnologia, atrasaram de muito a obra, somente possível de ser inaugurada em 13 de
          agosto de 1923, quase um ano após o encerramento da dita Exposição Internacional. Na
          noite de estréia, deveria ocorrer um show com a artista francesa Mistinguett, mas seu
          contrato com o Teatro Lírico a proibiu.
                  O Presidente Arthur Bernardes, sucessor de Epitácio Pessoa, tentou em 1924
          cassar a licença para nele funcionar um cassino, haja vista que a construção do mesmo
          ultrapassara o prazo estipulado pelo Governo. Depois de longa pendência judicial, a
          família Guinle obteve ganho de causa em 1934. A visão de Octávio Guinle mostrou-se
          correta e logo se tornou o Copacabana Pálace lugar de encontro da sociedade brasileira
          e de celebridades internacionais, ultrapassando de muito a tímida visão espalhada pela
          crítica da época de que ninguém se hospedaria em hotel tão distante do centro. Nesses
          primeiros dez anos de vida, o Copacabana Pálace foi palco de eventos históricos e
          dramáticos. Ainda em construção, sofreu violenta ressaca em 1922, que lhe destruiu toda
          a avenida Atlântica e causou-lhe danos nos pavimentos inferiores. Em 1925 hospedou a
          primeira personalidade mundial, na figura do cientista Albert Einstein. Em 1928, num de
          seus salões, foi alvejado por uma bala o Presidente Washington Luís, num tiro dado por
          sua amante francesa durante um arrufo. O Presidente foi socorrido pelo médico
          Francisco de Castro e o episódio abafado. No mesmo ano, em dezembro, hospedou-se
          no Copacabana, em profunda crise de depressão, o inventor Alberto Santos Dumont, já
          com a mente bastante debilitada e muito triste ao presenciar, na sua chegada ao Brasil,
          um horrível acidente aéreo, quando o avião que jogaria pétalas de flores em seu barco
          bateu na água, na Baía de Guanabara e explodiu, matando seus doze ocupantes.
                  Em 1933 o Copacabana Pálace seria conhecido internacionalmente por um filme
          realizado em Hollywood, “Flying down to Rio”, com Dolores Del Rio, Fred Astaire e
          Ginger Roger, ambientado no hotel, mas todo realizado em estúdios nos Estados Unidos,
          com cenários pintados do Rio de Janeiro e a praia de Malibu “dublando” Copacabana. O
          filme foi um sucesso e tornou o hotel famoso mundialmente da noite para o dia. Em
          1934, foi construída a piscina do hotel, em projeto de César Mello e Cunha, depois
          ampliada em 1949. Em 1938 inaugurou-se o “Golden Room”, com show de Maurice
          Chevalier.
                  O Príncipe Edward de Gales, futuro Rei Edward VIII da Inglaterra, bem como seu
          irmão Jorge, igualmente futuro monarca britânico, se hospedaram no Copa em 1931,
          tendo Edward protagonizado um rumoroso episódio constrangedor para a Família Real
          Britânica ao se apaixonar por uma senhora brasileira, Negra Bernardez, desquitada e
          mãe de dois filhos, a qual ele queria levar de todo o jeito para a Inglaterra e com ela se
          casar. Em seus arroubos, chegou a intentar um vôo num avião experimental trazido
          desmontado em seu navio para impressionar sua amada, jogando-lhe flores do alto
          sobre sua casa, no que foi dissuadido do ato por seus assessores. Não se refez do
          episódio, tomando “homérico” porre e jogando-se todo fardado na piscina do Country
          Club de Ipanema. Anos depois, Edward, já Rei da Inglaterra, renunciaria ao trono para
          casar com a desquitada americana Lady Simpson, com quem viveu o amor de sua vida.
          Quanto à Negra Bernardez, a mulher que recusou ser rainha da Inglaterra, era mãe do
          afamado colunista social Manuel Bernardez Müller (Maneco Müller).


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A Segunda Guerra Mundial tornou o Copacabana Pálace o único hotel de turismo
          de porte capaz de hospedar a elite internacional sem sofrer do perigo de um bombardeio.
          Foram os anos áureos do hotel. A política de boa vizinhança para com os Estados
          Unidos, estabelecida em 1942, fez com que grandes personalidades daquele país nos
          visitassem e se hospedassem no Copa. Praticamente todos os grandes atores de
          Hollywood nele tiveram pouso: Clark Gable, Edward G. Robinson, Fred Astaire, Dolores
          Del Rio (finalmente no Copa!), Katerine Hepburn, Lana Turner, Marlene Dietrich (que
          realizou show memorável em 1959), Orson Welles (que “morou” seis meses no hotel em
          1942, e que num acesso de fúria jogou os móveis de seu quarto na piscina...), Walt
          Disney (que nele esboçou o personagem “Zé Carioca”), Josephine Baker (que manteve
          encontro furtivo com Le Corbusier), e muitos outros.
                  Após a guerra, com a proibição do jogo em abril de 1946, passou o Copacabana
          Pálace por ampla reforma, que lhe aumentou a capacidade, acrescentando dois andares
          ao prédio principal, mais a pérgula lateral, que se tornou ponto de encontro da sociedade
          brasileira e estrangeira, e ergueu-se o anexo nos fundos, inaugurado em 1949. No antigo
          cassino foi instalado o teatro Copacabana, responsável pelo lançamento de muitos
          talentos da dramaturgia nacional. Fez a reforma do Copa o arquiteto Wladimir Alves de
          Sousa, que soube preservar a ambiência antiga do hotel. O anexo tornou-se logo lugar
          não só para residência de hóspedes ilustres, como também para encontros furtivos
          importantes, pois existia uma elaborada passagem subterrânea, por detrás do salão de
          cabeleireiro, que conduzia quem não quisesse ser visto daquele lugar até o anexo.
          Devem ter sido encontros extremamente apaixonados, pois pelo menos dois amantes
          morreram do coração, um deles importante senador da República por São Paulo e outro
          um respeitável banqueiro carioca...
                  Quem quase morreu no Copa, mas de coração partido, foi a grande cantora
          nacional Carmem Miranda, frustrada pelo fracasso de seu casamento. Carmem trancou-
          se em seu quarto em dezembro de 1954 e pensou seriamente em se matar, desistindo
          após olhar a bela paisagem da orla de Copacabana da janela de sua suíte. Carmem,
          aliás, seria muito mais lembrada pela alegria que exarava em seus shows no Golden
          Room que por este episódio, que com o tempo lhe levaria à morte em agosto de 1955.
                  Os anos cinqüenta foram o canto-do-cisne da fase áurea do Copacabana Pálace,
          que entra em lenta decadência após a transferência da capital para Brasília em 1960.
          Continuou como um importante hotel da cidade, servindo de pouso a visitantes ilustres
          do Rio de Janeiro (como os astronautas da Apolo 11), palco da vida social da cidade,
          onde famosos cronistas sociais iam buscar matérias para suas colunas, até ser superado
          por hotéis mais modernos na década de setenta. Em 1985, quando intentaram sua
          demolição, foi tombado pelas três esferas: IPHAN (Federal), INEPAC (Estadual) e DGPC
          (Municipal). Em fins da década de oitenta a família Guinle, na figura de seu herdeiro e
          presidente José Eduardo Guinle, vendeu-o em 1989 ao grupo “Orient Express”, que o
          reabilitou, modernizando velhas instalações sem descaracterizá-las.
                  Presentemente é o Hotel Copacabana Pálace um dos mais importantes
          estabelecimentos hoteleiros da cidade, com modernas 236 acomodações palacianas e
          dos mais queridos bens culturais do Rio de Janeiro, local de confluência de vários
          episódios importantes do século XX, sendo preciosa lembrança de uma época de fastígio
          e esplendor, único bem deste gênero sobrevivente na cidade.

                 HOTEL RIO OTHON PALACE - AV. ATLÂNTICA, 3.264 - COPACABANA
                 A liberação do gabarito para edificações destinadas a serviços de hotelaria
          favoreceu a implantação desse edifício na av. Atlântica. O anteprojeto, elaborado por
          Arthur Lício Pontual, vencedor de concurso privado em 1968, foi retomado no período


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1971-72, após sua morte, por uma equipe de arquitetos encabeçada por seu irmão
          Davino Pontual. Dadas as dimensões exíguas do terreno, de 1.600m2, o partido adotado
          foi o de uma torre de 28 pavimentos afastada das divisas; sobre embasamento com sete
          pavimentos, onde estão serviços gerais e garagem, com ocupação integral do lote. A
          disposição do pavimento-tipo em “U”, abraçando a garagem vertical, possibilitou a
          liberação de três subsolos, construídos simultaneamente com a superestrutura, para
          instalação de todos os equipamentos e serviços de apoio. No térreo, a criação de uma
          rua interna facilita a circulação de hóspedes e visitantes. Externamente, o edifício
          harmoniza o emprego de elementos estruturais em concreto aparente com um jogo
          volumétrico de sacadas e superfícies brancas.

               RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR – AVENIDA ATLÂNTICA, 3.804 – COPACABANA
                 Erguida em 1927 sob projeto em estilo art-déco do arquiteto Júlio de Abreu Júnior,
          foi uma obra pioneira dentro da arquitetura moderna no Rio de Janeiro. É uma das
          últimas residências da orla de Copacabana.

           EDIFÍCIO J USTUS WALLERSTEIN – AVENIDA ATLÂNTICA, 3.958 – COPACABANA
                 Projeto moderno de Sérgio Bernardes, datado de 1960. houve especial cuidado do
          arquiteto com desenho dos elementos pré-fabricados.

             EDIFÍCIO IMPERADOR – AVENIDA ATLÂNTICA – ESQUINA DE RUA JOAQUIM
                                  NABUCO – POSTO VI – COPACABANA
                Grande edifício multifamiliar com acentuada volumetria e ângulos abaulados ou
          em curva, construído em 1938 por Cápua & Cápua engenheiros e arquitetos. Um dos
          ícones do estilo art-déco no bairro.

                 MUSEU HISTÓRICO DO EXÉRCITO E FORTE DE COPACABANA – PRAÇA
                     CORONEL EUGÊNIO FRANCO, NO. 1 - POSTO VI - COPACABANA
                  O Vice-Rei Marquês de Lavradio mandou erguer em 1776 um pequeno forte em
          alvenaria onde era a antiga ponta da Igrejinha, na praia de Sacopenapan. Sua função
          era prevenir ataques dos espanhóis, que no ano seguinte, realmente, invadiram o
          território nacional e atingiram a Capitania de Santa Catarina. O forte nunca foi terminado
          e somente foi artilhado em 1823, quando se temia um ataque português às nossas
          costas. Em 1831, foi mandado desarmar pela Regência provisória. Quando da Revolta
          da Armada, em 1893, voltou a ser artilhado, mas sua ancianidade já estava patente:
          nada pôde fazer para impedir a saída dos navios revoltosos da Baía de Guanabara. Anos
          depois, uma ameaça de guerra contra a República Argentina fez com que o Estado Maior
          do Exército encomendasse em 1898 o projeto de uma nova fortificação ao major
          engenheiro Augusto Tasso Fragoso, que elaborou um anteprojeto da Fortaleza de
          Copacabana, com seis canhões de longo alcance. A solução de uma grave questão de
          fronteira com aquela República foi resolvida diplomaticamente pelo Barão do Rio Branco,
          fazendo com que o projeto da citada fortificação fosse engavetado.
                  Tendo as relações entre a Argentina e o Brasil novamente piorado na primeira
          década do século XX, decidiu-se pela construção da fortificação, tendo sido enviado o
          projeto de Tasso Fragoso à Casa Krupp, de Essen, na Alemanha, para ser atualizado e
          orçado. Foi a obra toda recalculada para ser executada em peças de concreto pré-
          moldadas na Alemanha, sendo os canhões adaptados aos novos calibres surgidos. Fez
          as alterações o major engenheiro Otto Kuhn. Em 1908, sendo Presidente da República
          Afonso Augusto Moreira Penna e Ministro da Guerra o Marechal Hermes Rodrigues da
          Fonseca, foi dado início à obra da fortificação, que veio quase toda desmontada da


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Alemanha em 5.000 caixotes, desembarcados num cais construído especialmente para
          isso ao lado da ponta de Copacabana. Coordenou a obra o Major Arnaldo Paes de
          Andrade. Foi, finalmente inaugurado o Forte de Copacabana a 28 de setembro de 1914,
          sendo classificada na ocasião de fortificação de 1a. Classe. Era dotada de seis canhões
          Krupp de longo alcance: dois de 240mm; dois de 180mm e dois de 75mm. O alcance
          máximo atingia 28km. O útil, 21Km. Os quatro primeiros podiam girar 360o. Os dois
          últimos somente 180o. Na época não existia nada que a superasse na América Latina.
          Em 1918, foi ampliada, tendo o Exército adquirido a rua de acesso e comprado à Mitra a
          igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana, erguida ai por volta de 1715, e demolida em
          1918-19 por ficar na linha de fogo dos quatro maiores canhões. Na mesma ocasião foi
          construído o quartel de paz e ampliadas as instalações elétricas, fornecidas pela firma
          AEG, de Berlin, tão poderosas que podiam fornecer energia elétrica a todo o bairro de
          Copacabana. O artístico portal da Praça Coronel Eugênio Franco, bem como a magnífica
          entrada da Praça d`Armas, foi projeto do major engenheiro Volmér da Silveira.
                  Em princípio de julho de 1922, depois de longos atritos entre o Governo Epitácio
          Pessoa e o Exército, foi ordenada a prisão do Marechal Hermes da Fonseca, por
          insubordinação. Comandava o Forte de Copacabana, na ocasião, o Capitão Euclides
          Hermes da Fonseca, que intentou um plano para derrubar o Governo pela força das
          armas. A rebelião foi marcada para cinco de julho, mas o Governo se antecipou e trocou
          os principais comandos das guarnições das fortificações da cidade, tendo em
          consequência disso que apenas os Fortes de Copacabana e Leme, este último
          desarmado; e a Escola Militar, aderiram ao movimento, sendo que os dois últimos foram
          logo debelados. O Forte de Copacabana fez vários disparos contra o Quartel General do
          Exército, no Campo de Santana; o Ministério da Marinha, na Praça Barão de Ladário; a
          Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói; e o Forte de São João, na Urca; atingindo somente
          o primeiro, no segundo tiro. O Capitão Euclides Hermes saiu da fortificação para
          negociar e foi preso em Laranjeiras. Assumiu, então, a chefia do movimento, o Tenente
          Antônio de Siqueira Campos, que verificou a total impossibilidade de resistência, bem
          como o sacrifício que tal atitude estava custando à população da cidade, com as balas
          atingindo alvos civis. Também observou que os canhões haviam sido sabotados, e agora
          o Forte era bombardeado pelo Encouraçado São Paulo, e por aviões militares. Resolveu
          então abrir o Forte, permitindo que os desejosos de rendição assim o procedessem.
          Trezentos se renderam, ficando fiéis ao movimento apenas 28 homens. Resolveu-se
          então marchar até o Catete, num ato de protesto suicida. Às 13:00h do dia 06 de julho,
          iniciaram a marcha, juntando-se a eles o engenheiro civil Otá vio Correia, amigo de
          Siqueira Campos. Um número até hoje não especificado de integrantes se rendeu ou
          desertou, ficando ao final apenas 11 ou 13 do grupo original. Na altura da rua Barroso,
          atual Siqueira campos, foram obstaculizados por uma força legalista, iniciando-se um
          tiroteio que durou uns trinta minutos. Ao final, foram capturados, muito feridos, o Tenente
          Siqueira Campos, com um tiro no abdômem; o Capitão Eduardo Gomes, com um tiro na
          virilha; e dois soldados. Os outros morreram na ocasião ou no hospital, em consequência
          dos ferimentos recebidos.
                  A atitude de protesto contra o Governo da República Velha fôra debelada, mas o
          exemplo frutificou, originando o dito “Movimento Tenentista” e a legenda dos “Dezoito do
          Forte”(termo cunhado pela imprensa, que desconhecia o número real de participantes),
          os quais representavam uma atitude de protesto da classe média à oligarquia que nos
          governava. Dois anos depois, na mesma data, estourava movimento similar em São
          Paulo, e de 1925 a 27 o país foi palmilhado pela Coluna Prestes, com idêntico objetivo. A
          vitória dos tenentes deu-se na Revolução de 1930, com a queda do Governo e a
          ascensão de Vargas. A 24 de outubro de 1930, o Forte de Copacabana serviu de


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presídio ao presidente deposto, Dr. Washington Luís Pereira de Sousa, bem como ao
          Prefeito do Distrito Federal, Antônio Prado Júnior. Partiram ambos em exílio, direto dali
          para a Europa.
                 O Forte de Copacabana teve atuação discreta durante a Segunda Guerra Mundial,
          tendo dado seus últimos disparos efetivos em novembro de 1955, contra o Cruzador
          Tamandaré, que se rebelara e fugira para São Paulo, levando a bordo o presidente
          deposto, o Sr. Carlos Luz, bem como parte de seu ministério e aliados. Foram feitos doze
          disparos durante vinte minutos, sem, no entanto, atingir a embarcação, que estava
          desarmada e só com uma hélice funcionando. Em 1964, o Forte não aderiu ao
          movimento militar de 1o. de abril, tendo sido tomado pela força de terra enviada pelo
          Coronel Cézar Montagna, ocorrendo então o famoso “episódio da bofetada”, quando o
          dito Coronel derrubou a sentinela da entrada com um golpe de mão, invadindo e
          tomando a fortificação, sem o uso de armas. Durante o regime militar, serviu o Forte de
          Copacabana de presídio político.
                 Desativado totalmente em 1986, foi reaberto no ano seguinte como Museu
          Histórico do Exército e Forte de Copacabana, muito ampliado em meados da década de
          noventa por ordem do Ministro do Exército Zenildo de Lucena, sendo suas instalações
          equipadas com os mais modernos processos museológicos, tornando-se importante bem
          cultural da cidade e repositório de elevadas tradições militares. A área de entorno, cujos
          terrenos chegam ao Arpoador, igualmente tornou-se notável área de lazer para a
          população carioca, sendo palco de eventos marcantes, particularmente no Reveillon,
          onde há artística queima de fogos e disputada recepção.

           MONUMENTO AO POETA CARLOS DRUMMOND – AVENIDA ATLÂNTICA – POSTO
                                             VI – COPACABANA
                 Interessante monumento interativo inaugurado a 31 de outubro de 2.002 em
          homenagem ao centenário de nascimento do poeta mineiro Carlos Drummond de
          Andrade. Representa o homenageado em tamanho natural, sentado num banco de praia,
          de costas para o mar e mirando os prédios, atitude que era seu costume. Aliás,
          Drummond residia nas proximidades, na Avenida Rainha Elizabeth. Dois dias após a
          data de inauguração, a estátua foi pichada por vândalos. Vinte e três dias depois, outro
          desocupado a atacou com uma pedra, quebrando o aro dos óculos. Em ambos os casos,
          foi restaurada e agora é bem vigiada.
                  Estátua sedestre em liga de bronze, linda concepção naturalista do artista Léo
          Santana.

                      CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – DADOS BIOGRÁFICOS
                 Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de
          outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de
          Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi
          expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de
          escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do
          incipiente movimento modernista mineiro.
                 Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia
          na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar
          da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou
          no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de
          gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a
          trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em



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1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de
          1969, no Jornal do Brasil.
                 O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de
          Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a
          descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do
          autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente,
          contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num
          presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do
          transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto
          ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto,
          entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de
          ser e estar.
                 Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo,
          em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Em Sentimento do
          mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond
          lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando,
          solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais
          íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-
          primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.
                 Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano,
          alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas
          décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também
          publicado diversos livros em prosa.
                 Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac (Les
          Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos (Les Liaisons dangereuses, 1782;
          As relações perigosas), Marcel Proust (La Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña
          Rosita, la soltera o el lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François
          Mauriac (Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies
          de Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino).
                 Al vo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como
          escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de
          agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta
          Drummond de Andrade.

             PALACETE PIRATININGA – AVENIDA RAINHA ELIZABETH, 152 – POSTO VI –
                                      COPACABANA
                 Prédio em estilo art-déco, erguido na década de 1930, muito simples, onde
          devemos notar as janelas dos saguões de cada andar com interessante desenho de
          vidro e ferro, o movimentado desenho das grades e no pátio a esbelta escada.

            EDIFÍCIO MULTIFAMILIAR – AVENIDA RAINHA ELIZABETH, 729 – POSTO VI –
                                                COPACABANA
                 Grande edifício multifamiliar em estilo art-déco, projetado em 1937 pelo arquiteto
          austríaco Arnaldo Gladosh, inspirado em construções similares feitas à época em seu
          país de origem.

                                BAIRRO DO PEIXOTO – COPACABANA
                O Comendador Paulo Felisberto Peixoto da Fonseca nasceu a 14 de dezembro
          de 1864, em Portugal, vindo para o Rio de Janeiro com 11 anos. Dedicou-se ao
          comércio de secos e molhados, onde prosperou muito. Após alguns anos adquiriram


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uma mercearia. Depois de 1898 passou também a administrar bens imobiliários de
          lusitanos no Brasil, quando então adquiriu imensa chácara no areal de Copacabana,
          entre as ruas Figueiredo Magalhães e Santa Clara. Viúvo em 1929 de Da. Orminda
          Cunha, brasileira; e sem filhos, passou a se dedicar a obras de caridade. Ainda em vida
          doou todos os seus principais bens para instituições beneficentes lusitanas, sendo que
          os terrenos de Copacabana foram repartidos entre várias entidades de assistência
          social e hospitalar de Portugal e do Brasil, principalmente à Caixa de Socorros D. Pedro
          V. Esta última, solicitou à Prefeitura em 1939 o loteamento das terras de Copacabana,
          tendo o engenheiro José de Oliveira Reis projetado as ruas Henrique Oswald, Maestro
          Francisco Braga, Décio Vilares e Praça Edmundo Bittencourt, surgindo então o que se
          chamou Bairro do Peixoto.
                 Ao contrário do resto de Copacabana, somente foram autorizadas construções de
          poucos pavimentos ou unifamiliares, evitando assim a verticalização do bairro. A única
          exceção, o edifício São Luiz Rei, desabou fragorosamente em 1951, poucos dias antes
          de sua inauguração. O Comendador Peixoto faleceu no Brasil a 3 de novembro de
          1947. Hoje, seu bairro é denominado de “oásis de Copacabana”, pela tranqüilidade que
          apresenta em relação às barulhentas ruas vizinhas. O jornalista Arthur Xe xéo, morador
          do bairro, sempre que pode, elogia-o pela sua familiaridade em sua coluna no jornal O
          Globo.

              BECO DO JOGA-A-CHAVE-MEU-AMOR – RUA CARVALHO DE MENDONÇA –
                                                COPACABANA
                  Em verdade, esse beco nem chega a ser beco, e sim uma pequena rua, a
          Carvalho de Mendonça, que liga as ruas Duvivier e Rodolfo Dantas. Ladeada por dois
          edifícios apenas, ambos com muitos e minúsculos apartamentos, autênticas cabeças-
          de-porco modernas. Nos anos 50, tais apartamentos eram muito alugados por
          respeitáveis figuras para abrigarem seus encontros amorosos, ou alguma amante de
          plantão. O apelido surgiu de uma história dessa época. Conta-se que numa noite, um
          rapaz bêbado, bem apessoado, esqueceu a chave da portaria e cometeu a temeridade
          de ir para o meio da rua e gritar para o alto: “Joga a chave, meu amor.”
                  A mulherada chegou à janela e jogou tantas chaves, que um molhe mais pesado
          lhe bateu na cabeça, nocauteando-o, forçando sua ida a um hospital para ganhar uns
          pontos. A notícia se espalhou, sendo que o compositor popular João Roberto Kelly
          compôs uma alegre marchinha carnavalesca que foi um grande sucesso no carnaval de
          1965.
                  No Beco do Joga-a-chave-meu-amor os problemas foram muitos. Ali alguns bares
          tiveram pretensões a reviver a velha Lapa, abrigando mulheres de trottoir e traficantes
          de entorpecentes. Foram fechados pela polícia, reabertos por novos proprietários e,
          mais cedo ou mais tarde, tornados fora da lei. E assim foram vivendo.
                  Outros bares do mesmo local, permaneceram alheios a esses problemas, como
          acontecia com o Manhattan, de vida mais calma, ou o Kilt Club, o único bar da Zona Sul
          que exigia o uso de paletó, para os seus freqüentadores. E, como é raro se andar por
          Copacabana de paletó, o porteiro se incumbia de arranjar algum para quem quisesse
          entrar. O bar era elegante, mas os fregueses, nem sempre. Ali nunca houve o caso de
          um freguês pagar a conta, botar a carteira no bolso do paletó e depois devolve-lo à
          saída, com a carteira dentro. Donde se conclui que os bêbados do Kilt Club não eram
          tão bêbados assim.
                  Hoje, nada mais disso existe. Desde os anos 80 a rua é só de pedestres, os
          bares viraram brechós, os cubículos viraram lares familiares e as prostitutas foram
          substituídas por homossexuais e travestis, que passaram a reinar de noite.


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BECO DAS GARRAFAS – RUA DUVIVIER – COPACABANA
                  Famoso logradouro de Copacabana, sito na Rua Duvivier, entre as avenidas
          Atlântica e Copacabana, o qual não consta de qualquer catálogo de indicação, pois é
          alcunha de origem popular. Tem seu nome desde os anos 50, pelo fato de ser
          localizado num agrupamento de pequenos bares, boites e “inferninhos”, cujos
          freqüentadores provocavam tanta algazarra de madrugada, que os moradores da
          vi zinhança protestavam, jogando garrafas, sem a maior cerimônia, que vez por outra,
          atingiam um dos perturbadores da ordem. Não é só a boemia que freqüenta esse beco;
          a ambulância também, de vez em quando entra ali, para socorrer os que falam alto sem
          se valerem da proteção que lhes dá as marquises dos edifícios.
                  No Beco das Garrafas enfileiravam-se vários bares: Ma Griffe, Bottle`s, Baccará e
          Little Club. Eles tinham características diferentes: o primeiro é meio “inferninho”, o
          segundo é a catedral da Bossa Nova, o terceiro é o responsável pelo lançamento de
          muitos cantores (dali saíram para o sucesso a falecida Dolores Duran, Helena de Lima,
          etc.) e o quarto foi um dos pioneiros do show de bolso, tendo apresentado bailarinos,
          cantores, músicos e cômicos, sempre com êxito.
                  O mais famoso produtor de shows no Beco das Garrafas foi Luís Carlos Miéle,
          que promoveu ali, dentre outros, notáveis espetáculos de Luís Carlos Vinhas, Marisa
          Gata Mansa (Baccará) e Tito Madi (Little Club). O beco foi berço da cantora Nara Leão,
          ícone da Bossa Nova.
                  Desde fins da década de 60 o local entrou em decadência e hoje não apresenta
          nada de notável, abrigando bares e boites vulgares.

                                           A ESQUINA DAS COBRAS
                  Em 1958, os músicos mais mal comportados se reuniam numa esquina de
          Copacabana. A turma do rock fazia um alarido infernal no Snack Bar, um boteco bem na
          esquina das ruas Raul Pompéia e Francisco Sá, no Posto 6. Sempre era um ensaio ou
          algo parecido, do grupo The Snakes, criado pelos freqüentadores do local, um antro
          visitado a toda hora pela polícia atrás dos jovens delinqüentes. Barra pesada.
                  Olha o barulho! – grita um dos moradores do prédio onde o Snack está instalado.
                  Um desses moradores, mais impaciente, não se dava ao trabalho de emitir os
          gritos. Partia logo para a guerra. Começava a jogar cabeças-de-negro na garotada. É
          uma daquelas cenas que nem o maior ficcionista poderia imaginar, mas aconteceu
          mesmo e, quase cinqüenta anos depois, ainda é manchete. O conjunto que ensaiava no
          meio das lambretas roncantes era formado por Roberto Carlos e Tim Maia, jovens
          suburbanos da distante Tijuca. O morador desesperado que atirava as bombas era
          Lúcio Alves, um cantor sofisticadíssimo, que tinha a acompanhá-lo na ação belicosa o
          seu visitante, um jovem baiano que estava no apartamento justamente para mostrar ao
          mestre o seu primeiro 78 rotações: João Gilberto. Corria o mês de julho. O disco estava
          quentinho. Aquele som, sim, aquilo era uma verdadeira cabeça-de-negro no ringue da
          música.
                  Os roqueiros do Snack acabaram fugindo do bombardeio e Lúcio pôde finalmente
          ouvir o disco. De um lado, Chega de Saudade, de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de
          Morais. Do outro, Bim-bom, do próprio João Gilberto. Eram seis minutos de música, mas
          Lúcio teve a mesma impressão óbvia de todos os que correriam atrás do disco naqueles
          dias: a música brasileira nunca mais seria a mesma. O violão pulava de um jeito inédito,
          o cantor sussurrava. A primeira impressão podia ser um desencontro absoluto. E ali, no
          entanto, oito andares acima do Snack, estava rodando um novo país. Nunca mais se
          morreria de mal de amor nas canções.


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CONGREGAÇÃO RELIGIOSA ISRAELITA SINAGOGA BETH-EL – RUA BARATA
                                       RIBEIRO, 489 – COPACABANA
                 No ano de 1921, um grupo de judeus sefarditas fundou uma sinagoga numa casa
          de sobrado comum, na Avenida Mem de Sá, 181. Crescendo a comunidade, esta se
          transferiu alguns anos depois para a Rua Conselheiro Josino, 14. Com o pomposo nome
          de Centro Israelita Brasileiro Bené-Herzl, a sinagoga estava instalada um belo sobrado
          eclético, com dois andares e um terraço. Se tivesse sido preservado seria um importante
          bem cultural da cidade, mas o êxodo dos membros para a Copacabana, em fins da
          década de 50, levou a transferência das instalações da congregação para o novo bairro
          praiano. A velha sinagoga acabou depois demolida.
                 Adquirida uma bela casa na Rua Barata Ribeiro, 489, lá existia um salão para
          práticas religiosas, além de área de lazer e desportos.
                 Havendo necessidade de um espaço maior para as práticas religiosas, entre
          1966/7 foi construída a nova sinagoga Beth-El num terreno anexo ao casarão, um
          projeto muito sóbrio e discreto. Projetada pelo arquiteto Mauro Kleimann, a sinagoga é
          em arquitetura moderna, desprovida de qualquer luxo, exceto pelos revestimentos
          externo e interno em mármore branco imaculado. Internamente, os únicos elementos
          decorativos se resumem a uma tapeçaria moderna com o tema das Tábuas da Lei e um
          moderno Menorah em bronze.
                 Obedece, como já foi citado, ao rito Sefaradi.

          EDIFÍCIO MMM ROBERTO – AVENIDA NOSSA SENHORA DE COPACABANA, 1.267
                                              – COPACABANA
                 A característica fundamental deste edifício de apartamentos é a preocupação –
          constante na obra dos irmãos Roberto – com controle da insolação. O inventivo sistema
          de proteção contra o sol foi projetado para atender a ângulos de incidência solar
          variáveis durante o dia. As esquadrias são divididas em três partes, articuladas num
          quadriculado de concreto. Persianas ajustáveis, empregadas na face externa do vidro,
          protegem as partes superior e inferior. A parte central é sombreada no período de sol a
          pino pela disposição de treliças horizontais fixas em concreto, e a insolação da tarde é
          amenizada por um quadro móvel de persianas, também em concreto, estudado de
          forma a não prejudicar a visão da rua. Como curiosidade, vale ressaltar que este edifício
          foi erguido em 1945 onde existiu a casa da família e nasceram os três arquitetos.

          EDIFÍCIO ITAHY – AVENIDA NOSSA SENHORA DE COPACABANA, 252 – ESQUINA
                             DE RUA RONALD DE CARVALHO - COPACABANA
                  Edifício em estilo art-déco erguido em c. 1938 por Arnaldo Gladosh, arquiteto. O
          ritmo linear das verticais formadas pelas peças de majólica, cria uma moldura muito
          elegante para o ingresso, coroado por uma estupenda escultura de sereia que surge do
          mar entre peixes e estrelas do mar. O artista executor era o marido da poetisa Cecília
          Meirelles.
                  No corredor de ingresso, muito rico, pilastras da mesma majólica, que repetem o
          ritmo vertical da porta de ingresso, e nos lados da porta, duas placas com cenas do
          fundo do mar. Interessante balaústre de ferro na escada do fundo. A porta com
          interessante desenho que parece abstração de algas.

               EDIFÍCIO ITAÓCA – RUA DUVIVIER, 43 – ESQUINA DE AVENIDA NOSSA
                           SENHORA DE COPACABANA – COPACABANA



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Na esquina do Itahy, o estupendo Itaóca projetado em 1938 por Robert R.
          Prentice e Anton Floderer, autores de sucesso de numerosas residências e edifícios de
          apartamentos. O Itaóca se levanta imponente com seus claros volumes cúbicos e
          parece guardar todos os prédios art-déco das redondezas. Notar o desenho em bandas
          horizontais do primeiro e último andar, os desenhos verdes triangulares que, como
          reminiscências quase aztecas, enfeitam cada andar na fachada principal, as grades com
          desenho geométrico de módulo triangular, e sobretudo, a entrada do vestíbulo revestida
          com majólicas verdes no gênero das que empregara o arquiteto Buddeus no seu bonito
          prédio da Rua da Alfândega, no. 48 (hoje muito descaracterizado).

              EDIFÍCIO MULTIFAMILIAR – RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO, 123 –
                                           COPACABANA
               Observar desenhos art-déco na fachada e portas com grades onde sobressai o
          desenho de losangos superpostos. Foi construído na década de 1930.

           EDIFÍCIO CAXIAS – RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO, 116 – COPACABANA
                 A fachada fortemente marcada pelas verticais que criam um jogo muito
          interessante, pleno de força e criatividade. Em estilo art-déco. Erguido na década de
          1930.

                    EDIFÍCIO AMÉRICA – RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO, 110 –
                                                COPACABANA
                  Muito simples, em estilo art-déco, com hall de ingresso em mármore rosa com
          listras em rosa escuro. Erguido na década de 1930. No fundo do prédio sobrevivem
          cinco grandes árvores: um oitizeiro, duas amendoeiras e dois algodoeiros do Pará.
                  As cinco árvores existentes nos fundos são tombadas pela Municipalidade desde
          1991.

           EDIFÍCIO TUYUTI – RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO, 100 – COPACABANA
                 Muito simples, com porta interessante onde são notáveis os agradáveis conjuntos
          de flores tipicamente art-déco no seu geometrismo.

               EDIFÍCIO GUAHY - RUA RONALD DE CARVALHO, 181 – ESQUINA DE RUA
                            MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO – COPACABANA
                 Edifício em forte estilo art-déco, com interessante trabalho de relevo que
          acompanha o arco da porta, e movimentada fachada, graças ao zig-zag criado pela
          saliência das sacadas.
                 O Edifício Guahy é tombado pela Municipalidade desde 1990.

               EDIFÍCIO OPHIR – RUA RONALD DE CARVALHO, 154 – ESQUINA DE RUA
                           MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO – COPACABANA
                 Sem dúvida o prédio mais coerente deste grupo. Nele toda a decoração em estilo
          art-déco repete o mesmo desenho de ângulos retos ascendente até o centro, seja nas
          grades, como no corte dos mármores do corredor de ingresso, seja nos arcos. Tudo
          chegando à sua realização mais rica na porta de cristal bizotado, onde as linhas que
          descem dos ângulos terminam em delicadas espirais.

                            FAVELA DO CHAPÉU MANGUEIRA - LEME
               Desde os primeiros tempos da colonização portuguesa que a orla correspondente
          à Copacabana e Leme já era ocupada ou tinha dono. Não contando os índios tamoios,


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que ocupavam as praias desde o século VI, os primeiros sesmeiros portugueses vieram
          com a fundação da cidade em 1565.
                 Estácio de Sá em 1565 doou parte da orla marítima a André de Leão. Seguiram-
          se em rápida sucessão Bartolomeu de Seixas Rabelo e Francisco Caldas, ambos com
          engenhos de cana na Lagoa de Sacopenapã (hoje Rodrigo de Freitas). Suas indústrias
          não prosperaram. Em 1606, toda a praia passava às mãos do casal Afonso Fernandes e
          Domingas Mendes. Três anos depois, Da. Domingas, já viúva, repassa essas terras ao
          Governador Martim de Sá. Êste não esquenta com elas e, em 1611, passa-as ao
          sesmeiro Sebastião Fagundes Varela, dono do Engenho de Nossa Senhora da
          Conceição da Lagoa. Sua bisneta e herdeira, Da. Petronilha Fagundes, uma respeitável
          balzaquiana de trinta e um anos, casou-se em 1702 com o Capitão de Cavalos Rodrigo
          de Freitas Castro, êle com 16 anos. Em 1717, com a morte de Da. Petronilha, Rodrigo
          de Freitas herdou tudo e bandeou-se para Portugal, onde morreu em 1748 na sua
          Quinta de Suariba, no Minho.
                 Com a morte de Rodrigo de Freitas, seus herdeiros desfazem-se de algumas
          terras, dentre elas, as correspondentes à Praia do Leme, que foi vendida em meados do
          século XVIII a Manuel Antunes Suzano, que assim ficou proprietário de terras que iam
          da Praia Vermelha à Pedra do Inhangá.
                 Surgiu a “Fazenda do Leme”, que durou até fins do século XIX. Sua sede era
          uma casa térrea que ainda existia nos anos trinta, na base do morro do Chapéu
          Mangueira. Em meados do século XIX, a família Suzano vendeu grande parte desses
          chãos ao Comendador João Cornélio dos Santos, que, entretanto, nada fez com eles.
                 Entretanto, Suzano não era o único ocupante de suas terras. Desde 1714 o
          governo havia construído um posto semafórico no Morro da Babilônia, que naquele
          trecho passou a ser conhecido como “Vigia do Leme”. Tinha a função de avisar por meio
          de bandeiras ou fogos de artifício a aproximação de navios da Baía de Guanabara, e se
          eram amistosos ou não. A casa do posto semafórico era exatamente onde hoje se
          encontra a favela do Chapéu Mangueira, e ainda existiam suas ruínas em 1920.
                 Em 1776, o Vice Rei D. Manuel de Portugal, Marquês de Lavradio (1769-79),
          achando que era pouco apenas um posto de sinalização na entrada da barra, mandou
          erguer um forte no morro do Leme, assim chamado por sua semelhança com os lemes
          dos navios. Êsse fortim nunca foi artilhado no período colonial e foi abandonado
          inconcluso pelo Vice Rei D. José Luiz de Castro, Conde de Rezende (1790-1801), que o
          considerou inútil. Após a Independência, foi artilhado com cinco canhões em 1823, mas
          a Regência novamente o desartilhou em 1831.
                 As coisas estavam nesse pé quando em 1873 surgiu a figura do alemão
          Alexandre Wagner, capitalista e grileiro. Wagner comprou a 07 de maio de 1873 todas
          as terras da família Suzano e de seu vizinho, o Comendador João Cornélio dos Santos,
          tornando-se único proprietário dos chãos que iam do morro do Leme até a Pedra do
          Inhangá.
                 Wagner abriu diversas ruas em suas terras, doando-as à municipalidade em
          1874, mas o isolamento de Copacabana impediu qualquer loteamento sério na região.
          Em 1881, seus dois genros e procuradores Theodoro Duvivier e Otto Simon fundaram a
          empresa Duvivier & Cia. Levando avante a abertura das referidas ruas e desenvolveram
          o seu loteamento. Entretanto, poucos foram lá morar.
                 Copacabana começou a tornar-se uma realidade quando em julho de 1892 foi
          inaugurado o túnel ligando a rua Real Grandeza, em Botafogo, à Rua Barroso (atual
          Siqueira Campos), por iniciativa da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico, quando
          gerenciada pelo inteligente engenheiro José Cupertino Coelho Cintra. O bonde ia até a
          estação, localizada na Praça Malvino Reis (atual Serzedelo Correia) e foi um grande


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avanço para a efetiva ocupação do bairro. Dois anos depois, o Prefeito Coronel
          Henrique Valadares inaugurou dois novos ramais, Leme e Igrejinha (atual Posto VI),
          sendo as novas linhas inauguradas a 15 de abril. Onze dias depois, era lançado ao
          público o novo loteamento do bairro do Leme, com várias ruas já cordeadas. Em 1904 a
          Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico inaugurou sua nova estação e restaurante
          anexo, logo arrendado à Cervejaria Brahma.
                  Dentre os primeiros moradores do bairro do Leme estava o Sr. William Marx,
          alemão, neto do filósofo Karl Marx. William era casado com a pernambucana Da. Cecília
          Burle e pai de vários filhos, dentre eles Roberto Burle Marx, nascido em São Paulo em
          julho de 1909. O Sr. William Marx inicialmente adquiriu um terreno na nova Avenida
          Atlântica, aberta em 1904 pelo Prefeito Francisco Pereira Passos, mas foi dissuadido
          por seu médico particular, que afirmava ser o ar salitrado altamente nocivo à saúde de
          um de seus filhos, Haroldo, que sofria dos pulmões. William vendeu o lote praiano e
          adquiriu a casa da fazenda do Suzano, um bonito casarão térreo cercado de varandas
          na nova rua Araújo Gondim, hoje General Ribeiro da Costa. Seu terreno de fundo
          abrangia todo o morro da Babilônia, exatamente onde hoje se encontra a favela do
          Chapéu Mangueira.
                  Após estudar canto na Alemanha, Roberto Burle Marx voltou ao Rio de Janeiro
          em 1926, onde matriculou-se no Curso de Pintura da Escola Nacional de Belas Artes,
          formando-se em 1930. Roberto utilizava os terrenos do morro para suas experiências
          com plantas exóticas e vegetais, sua verdadeira paixão e que o perseguiu por toda a
          vida. Pode-se dizer que aquele morro foi a primeira versão do “Sítio Burle Marx”, que ele
          fundaria em Guaratiba vinte anos depois.
                  Por essa época ou pouco antes, uma fábrica de chapéus no morro da Mangueira,
          no subúrbio da Leopoldina, montou um enorme cartaz no topo do morro do Telégrafo.
          Era um out-door colorido, com duas pessoas experimentando um Chapéu-do-Chile, que
          era de um tecido tão leve e fino que podia ser dobrado e colocado no bolso. Já em fins
          dos anos vinte todos chamavam aquele trecho do morro da Babilônia de “Chapéu
          Mangueira”. O nome pegou.
                   O crescimento de Copacabana e Leme e a febre de construções que dominou o
          bairro até os anos sessenta ajudou na formação das primeiras favelas, formadas em
          grande parte por lavradores empobrecidos que migravam do interior para o Rio à busca
          de trabalho na construção civil.
                  William e seu filho Roberto, fiéis ao ideário socialista, não se incomodaram com a
          invasão do morro por famílias pobres e, pode-se dizer, até a estimularam com pequenas
          doações. Já em 1920 existiam 73 moradias no morro da Babilônia, com
          aproximadamente trezentos moradores. Em 1929, com a queda dos preços do café,
          mais lavradores migram para o Rio. Assim sendo, já em 1933 eram 73 moradias, com
          quase quatrocentos moradores. Na década de quarenta, Roberto Burle Marx doou para
          seu amigo particular, o radialista e compositor Ari Barroso uma parte de suas terras
          onde passou a residir, originando daí a Ladeira Ari Barroso, legitimada por decreto do
          Prefeito Marcos Tamoyo em 1975, e ainda hoje o melhor acesso à favela. Anos depois,
          em 1949, Burle Marx mudou-se para Guaratiba e vendeu sua velha casa, que foi logo
          demolida e substituída por um arranha-céu moderno que tapou boa parte da vista da
          favela.
                  Aliás, falando em favela, esta não parava de crescer. Pudera. Em 1948 o Prefeito
          Marechal Ângelo Mendes de Morais quadruplicou os gabaritos da orla marítima.
          Rapidamente os antigos casarões são vendidos e demolidos, o que gerou corrida
          imobiliária e uma febre de construções no bairro que varou os anos sessenta. Em 1950



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moravam no morro da Babilônia(aí se incluindo Chapéu Mangueira), 2.617 favelados,
          sendo 1.313 homens e 1.304 mulheres.
                  Depois de 1960, iniciou o Governo do novo Estado da Guanabara (1960-75)
          intensa campanha de erradicação de favelas, estando Babilônia na lista das que
          deveriam ser removidas de imediato. Cessaram todos os recenseamentos e pesquisas
          oficiais, de modo que não se tem idéia de como a favela cresceu nesses complicados
          anos. Não é difícil imaginar. O empobrecimento geral da população brasileira levou à
          favelização dos grandes centros. Esses núcleos abandonados pelo poder público à
          própria sorte, aprenderam que unidos resistiriam mais eficientemente às investidas
          contra sua permanência. Chapéu Mangueira resistiu aos Governos Lacerda e Negrão de
          Lima e, com o empobrecimento geral do estado nos anos setenta, atitude agravado pela
          fusão da Guanabara com o Rio de Janeiro em março de 1975, foram os favelados
          deixados em paz.
                  Em 1977, o Plano Urbanístico Básico da Cidade do Rio de Janeiro, executado
          sob ordem do Prefeito Marcos Tamoyo, não definia o que fazer com Chapéu Mangueira.
          Simplesmente o mapa de intervenções pintava de amarelo a favela e informava “área a
          ser urbanizada”. Em 1979, o Prefeito Israel Klabin declarou serem as favelas
          irremovíveis. Nessa mesma época, a Pastoral da Favelas, criada pela Arquidiocese do
          Rio de Janeiro iniciou os primeiros levantamentos em vinte anos da população das
          favelas da zona sul, com vistas à sua legalização perante a Prefeitura.
                  Graças a este levantamento, ficamos sabendo que o morro da Babilônia possuía
          290 casas, com 1.450 moradores, ocupando a favela uma área de 37.640m2, sendo sua
          vi zinha, a favela do Chapéu Mangueira com menor área, possuindo 27.000m2, mas com
          maior população, contando 339 casas e 1.695 moradores.
                  Nas eleições de 1982, ocorre o inédito fato de uma moradora do morro Chapéu
          Mangueira sagrar-se vereadora. A Sra. Benedita da Silva foi eleita para a Câmara
          Municipal, sagrando-se, posteriormente, Deputada, Senadora, e Vice-Governadora, já
          tendo sido candidata à Prefeitura uma vez, perdendo de pouco.
                  E, ao que consta, novamente tentará em 2000.

                                   MONUMENTO A ARI BARROSO – LEME
                 Situado próximo à antiga Cantina Fiorentina, na Av. Atlântica, Leme, foi
          inaugurado na sexta feira, dia 19 de dezembro de 2.003. O compositor passou os
          últimos 40 anos no Leme, daí a localização da homenagem. Monumento em bronze e
          de caráter interativo, retrata Ari Barroso em escala real, sentado numa cadeira, como se
          estivesse numa mesa da dita cantina. O povo pode sentar na cadeia ao Aldo, como se
          estivesse a dividir o espaço com Ari. Concepção do artista Léo Santana, o mesmo que
          fez a estátua de Carlos Drummond de Andrade.

                          ARI EVANGELISTA BARROSO – DADOS BIOGRÁFICOS
                  Compositor e cantor popular, nasceu em Ubá, Minas Gerais, a 7 de novembro de
          1903. Anos depois, seguindo um conselho de um amigo numerólogo, retirou o
          “Evangelista” do nome. Em sua opinião, não dava certo. Com certeza foi o primeiro
          compositor popular a assim proceder. Perdeu os pais aos sete anos. Foi criado por sua
          tia Rita, que o obrigava a estudar por três horas a fio, todo o dia.
                  Estudou na cidade natal e veio para o Rio de Janeiro em 1920, com uma herança
          de 40 contos de réis, legada por um tio. Gastou tudo em dois anos, com farras. Dedicou-
          se à música e começou tocando piano no Cinema Ideal, na Rua da Carioca. Por ve zes
          tocava no Cine Íris, em frente. Formou-se em direito após nove anos de curso, mas sua
          vida já estava dedicada ao samba. Popularizou-se como compositor, radialista de


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sucesso, com dois dos mais disputados programas de calouros, lançando muitos
          talentos, como Elizeth Cardoso e Elza Soares; e afamado locutor esportivo, torcendo
          acintosamente sempre para o Flamengo. Quando seu time fazia gol, ele tocava uma
          gaita pelo microfone. Quando perdia, ficava de costas e se negava a transmitir. Foi
          também vereador pela UDN, em 1946, o mais votado da Câmara pelo antigo Distrito
          Federal. Como vereador, bateu-se pelo Direito Autoral, pela construção do estádio do
          Maracanã e pela implantação da coleta seletiva de lixo.
                 Compôs sua primeira música, Cateretê, aos 15 anos de idade. Escreveu para o
          teatro com êxito e dessas revistas surgiram o samba Faceira e a marcha Dá Nela
          (1930), sendo que esta última o salvou da inadimplência. Seguiram-se sucessos
          nacionais: No Rancho Fundo, Mimi, Vou à Penha, Quando Eu Penso na Bahia, Maria
          (1832), Na Batucada da Vida (1934), Na Baixa do Sapateiro (1938), Boneca de Piche
          (1938), Terra Seca, Aquarela do Brasil (1930), No Tabuleiro da Baiana (1937), Rancho
          das Namoradas (1962), Os Quindins de Iaiá, etc.. Esteve nos Estados Unidos em 1944,
          tendo executado a trilha sonora da parte brasileira do filme de Walt Disney: Você Já Foi
          à Bahia? (1944). Convidado a lá permanecer, recusou-se, afirmando que lá não existia o
          Flamengo. Participou dos filmes nacionais: Alô, Alô Brasil e Favela dos Meus Amores.
                 Lutou muito para ordenar o direito autoral no Brasil, contra a politicagem do rádio
          e dos editores, que o boicotaram sem dó. A partir desse período (1946/52), só
          conseguiu romper a barreira da política musical com o esplêndido Risque (1952). Ari fe z
          o samba dar um passo à frente, dando-lhe toque cívico grandioso. Aquarela do Brasil
          chegou a ser proposta para segundo hino nacional. Ainda hoje é a segunda música
          brasileira mais executada no exterior, só perdendo para Garota de Ipanema, de Ton
          Jobim e Vinícius de Morais.
                 Imprimiu novo impulso à orquestra na música popular pela utilização de conjuntos
          instrumentais mais amplos, em contraste com a singeleza de Noel Rosa e Sinhô. Ao fim
          da vida apadrinhou a Bossa Nova, ficando amigo de Tom, Vinícius e João Gilberto, os
          quais, aliás, o consideravam um ícone. Enquanto viveu, combateu seu arqui-rival, o
          compositor Antônio Maria, contra quem combatia as músicas, na imprensa.
                 Ari Barroso morava no Leme, em terreno situado no morro do Chapéu Mangueira,
          onde hoje se abre a ladeira com seu nome, lote doado por seu amigo, o paisagista
          Roberto Burle Marx. Sua casa ainda existe e está bem preservada.
                 O compositor faleceu de cirrose hepática, no Rio de Janeiro, a 9 de fevereiro de
          1964, num domingo de carnaval, exatamente quando a Escola de Samba Império
          Serrano entrava na avenida com o samba Aquarela Brasileira, feito em sua
          homenagem.

                   FORTE DUQUE DE CAXIAS - PRAÇA JÚLIO DE NORONHA - LEME
                 Em princípios do século XVIII, o morro e praia do Leme era um lugar ermo,
          habitado apenas por palhoças de pescadores e caiçaras. O nome Leme era devido ao
          formato do morro, que, com seus 124m de altura, lembrava o “leme” das embarcações
          de então. Logo após a invasão francesa de 1711, foi instalado em seu topo um posto de
          vigia com bandeiras e fogos de artifício, para anunciar a aproximação de navios
          estranhos da barra da Baía de Guanabara. Durante muitos anos o morro ganhou o
          apelido de “do Vigia”, assim sendo citado nos documentos setecentistas. Em 1776, o
          Marquês de Lavradio, Vice-Rei do Brasil, ordenou a construção de um forte no lugar do
          posto semafórico, o que foi feito antes de 1779. Em 1791, o Vice-Rei Conde de
          Resende mandou retirar dali toda a guarnição, por motivos de economia. Reza um
          documento antigo que o Alferes Joaquim José da Silva Xa vier, o Tiradentes, serviu em



                                                                                                 21

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1785-89 como oficial de ligação entre este forte e os de São João, na Urca e
          Copacabana, na ponta da Igrejinha.
                  Após a Independência, o forte foi artilhado com cinco canhões de ferro em
          1823(dois quais três ainda existem na entrada), para oito anos depois ser novamente
          abandonado por ordem da Regência Trina, sendo que, desta vez, o abandono perdurou
          noventa anos.
                  Em 1913, estando o Brasil em severa crise diplomática com a República
          Argentina, resolveu o Presidente Hermes da Fonseca erguer no local um moderno forte
          para defesa da entrada da barra. Fez o projeto o Coronel engenheiro Augusto Tasso
          Fragoso, do Estado Maior do Exército, coordenando os trabalhos o Major Arnaldo Paes
          de Andrade. O projeto foi levado à Alemanha, para ser detalhado pela casa Krupp, de
          Essen, que o reprojetou em blocos pré-moldados de concreto armado. Como
          armamento, foram projetados quatro obuseiros gigantes Krupp de 120mm, fabricados
          especialmente para esta fortificação, sendo a parte elétrica executada pela firma AEG,
          de Berlin. Dificuldades no transporte de materiais para o topo do morro, atrasaram de
          muito o cronograma da obra, que só pode ser entregue ao uso em maio de 1917. Três
          meses depois, declaramos guerra ao Império Alemão em consequência do
          torpedeamento de navios brasileiros durante a 1a. Guerra Mundial, tendo sido expulsos
          do Brasil todos os técnicos daquela nacionalidade que trabalhavam na fortificação, sem
          no entanto, nos ensinar como usar aqueles armamentos, o que fez o Forte do Leme ter
          uma atuação passiva durante aquele conflito.
                  Durante a construção, em 07 de setembro de 1915, foram instalados holofotes no
          morro do Leme, tendo se simulado um ataque noturno da esquadra brasileira, fazendo-
          se passar pela marinha Argentina, ao Rio de Janeiro. Na hora da exibição, com a
          presença do Presidente da República, ministros e autoridades, falhou a instalação
          elétrica e os holofotes ficaram às escuras. O assunto repercutiu muito na imprensa
          Argentina e houve militar portenho que viu nisso uma oportunidade perdida de se atacar
          o Brasil.
                  Quando ocorreu a revolta do Forte de Copacabana, em 05 de julho de 1922, o
          Forte do Leme aderiu ao movimento, tendo toda a guarnição abandonado a fortificação
          e seqüestrado um bonde urbano, que partiu apinhado de soldados para o vizinho
          revoltado. Foi o Forte do Leme depois acertado por dois disparos, um deles destruiu
          parte do muro inferior e a casa da guarda, tendo o segundo, no dia 06 de julho, acertado
          a cantina e produzido diversas vítimas fatais. Dois anos depois, em julho de 1924
          estourou outra revolta, desta vez no Encouraçado São Paulo, da Marinha do Brasil, que
          zarpou com a guarnição amotinada do Rio de Janeiro em destino ao sul. Resolveram os
          oficiais do Forte do Leme disparar contra o encouraçado, mesmo não se podendo
          calcular onde a bala ia cair. O disparo passou longe do navio, mas o impacto da
          detonação fez lavrar furioso incêndio nas instalações do forte, que a custo foi debelado.
          No mesmo ano foram estabelecidos os cálculos necessários para a mira dos obuses,
          fazendo-se um teste num alvo móvel em abril de 1925, com sucesso completo, tendo,
          no entanto, os disparos causado danos no próprio forte, haja vista o enorme
          deslocamento de ar, que feriu os soldados e derrubou uma parede da fortificação.
                  Em 24 de outubro de 1930, durante a Revolução de 30, ocorreu a queda do
          Presidente Washington Luís, tendo assumido provisoriamente o poder uma junta militar,
          que ordenou o fechamento do porto do Rio de Janeiro até o país se normalizar. O navio
          alemão misto de carga e passageiros “Baden” não obedeceu a ordem e zarpou do porto
          do Rio de Janeiro sem permissão. O Forte do Leme fez-lhe três disparos de advertência,
          sem resposta. No quarto, a bala atingiu o mastro principal e matou oito tripulantes,
          havendo o navio retornado ao Rio de Janeiro para ser acareado.


                                                                                                22

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Zona sul 5

  • 1. OS BONDES FIZERAM COPACABANA Com efeito, desde 12 de março de1856, quando, pelo decreto no. 1733 se conferiu a primeira linha de carris urbanos puxados à burros ao Conselheiro Cândido Baptista (1801-1865) e seu filho Luiz Plínio; e a segunda, de uma linha para a Tijuca, dada dias depois pelo decreto no. 1742, de 29 de março, ao médico homeopata escocês Thomás Cochrane (1805-1872), sogro de José de Alencar (1829-1877), ninguém podia imaginar a revolução que tais veículos acarretariam à cidade. A linha de Cochrane, partindo do centro para a Tijuca, começou a funcionar em 1859, mudando para tração à vapor em 1862. Não deu certo por causa da má conservação e faliu em 1865, dando prejuízo de 700 contos a seus diretores. Já Cândido Baptista desinteressou-se de sua concessão, haja vista que em 11 de outubro de 1859 foi indicado “Presidente do Banco do Brasil”. Repassou então sua concessão por quarenta contos de réis pelo decreto no. 2927, de 21 de maio de 1862 ao amigo, o banqueiro Ireneu Evangelista de Souza, Barão e Visconde de Mauá (1813-1889). Mauá, receoso com o investimento, haja vista o que acontecera à linha da Tijuca, cedeu a concessão por cem contos de réis, formalizada pelo decreto no. 3738, de 21 de novembro de 1866 ao engenheiro americano Charles B. Greenough (1825-1880). Partiu Greenough para os Estados Unidos, onde conseguiu verbas para sua linha que percorreria a Zona Sul da Cidade, organizando uma companhia dois anos depois. Logo eram assentados os trilhos do Centro ao Catete. Em 09 de outubro de 1868, começou a funcionar a “Botanical Garden Rail Road Company”, com sua primeira linha, da rua Gonçalves Dias até o Largo do Machado. O impacto sobre a cidade logo se fez sentir. Regiões que ficavam desertas, por falta de acesso logo se valorizaram e foram ocupadas. Bairros dominados por extensas chácaras, como Botafogo, logo foram repovoados. Em breve, não se vendia mais terreno algum na cidade sem antes o comprador fazer a pergunta: “...o bonde passa lá?” Já em 1o. de janeiro de 1871 chegava o bonde ao Jardim Botânico e Gávea, tornando tais arrabaldes muito populares desde então. Em 1o. de abril de 1873, o bonde já atingia a “Olaria”, hoje “Campus da PUC”, na Rua Marquês de São Vicente, e outro ramal, saindo do Largo do Machado atingia a “Bica da Rainha”, no Cosme Velho. Logo se vislumbrou na mente de homens progressistas que o bonde era a maneira mais eficiente de se chegar à Copacabana, Ipanema e Leblon. Entretanto, o primeiro transporte coletivo que chegou às praias da zona sul não foram os bondes, e sim as diligências do Dr. Francisco Bento Alexandre de Figueiredo de Magalhães, Conde de Figueiredo Magalhães (181?-1898), médico cirurgião formado em Lisboa, cujos serviços foram iniciados a 1o. de dezembro de 1878. Partiam as diligências da Praia de Botafogo, canto da rua São Clemente, chegando à Praia de Copacabana pela Ladeira do Leme. O Dr. Magalhães montara em Copacabana uma casa de saúde para convalescentes, com cômodos para banhistas e um hotel anexo. As diligências trafegavam de hora em hora, das 07:00h às 10:00h da manhã, e das 17:00h às 20:00h. A primeira tentativa para se levar uma linha de bondes até a Praia de Copacabana data de 1874, quando a 4 de novembro, foi concedido ao Sr. Ale xandre Vieira de Carvalho, Conde de Lages, Mordomo dos Príncipes Conde e Condessa D`Eu, e ao seu sócio, Dr. Francisco Teixeira de Magalhães, a necessária autorização para sua construção, uso e gozo, durante cinqüenta anos, de uma linha de carris para Copacabana. Chegou a ser fundada a “Empresa Ferro Carril Copacabana”, cujo principal dono era o empresário alemão Alexandre Wagner, que adquirira a concessão dos herdeiros do Conde de Lages e estava comprando todos os terrenos disponíveis em Copacabana, do Leme até a “Pedra do Inhangá”. A obra foi até iniciada, mas muito combatida na justiça pela “Botanical Garden”, que alegava ter privilégio concedido 1 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 2. contratualmente para exploração de linhas de carris na Zona Sul da cidade. A batalha judicial terminou em vitória para a “Botanical Garden”, caducando a concessão rival a 21 de fevereiro de 1880. Ano seguinte, a 13 de julho de 1881, o Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas colocou em concorrência pública a abertura de uma linha de carris urbanos para Copacabana. A “Jardim Botânico” protestou, alegando privilégio de área, sugerindo em ve z rediscutir seu contrato original e realizar a linha, mas o Govêrno fez “ouvidos de mercador” e a concorrência foi realizada. A coisa não foi adiante, tendo todas as concessões caducado. Em 05 de outubro de 1882, um grupo de vereadores apresentou à Ilma. Câmara Municipal um projeto de extensão das linhas de bondes da “Companhia Ferro Carril Jardim Botânico” (nome que tomou a “Botanical Garden”, após sua nacionalização em 1883), de Botafogo, para os bairros de Copacabana, Vila Ipanema e Leblon. A coisa não saiu de imediato. Outros planos e concessões vieram e caducaram. Um deles, apresentado ao Govêrno Imperial em 1883, era o de Duvivier & Cia. Seus autores eram Theodoro Duvivier (1848-1924) e Otto Simon, genros de Alexandre Wagner. Igualmente caducou. Um dos planos mais interessantes foi o que propôs a 10 de fevereiro de 1886 o engenheiro João Dantas ao Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, de uma ferrovia à vapor que, partindo de Botafogo, da estação da Companhia Jardim Botânico, no Largo dos Leões, chegaria por um túnel à Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra da Tijuca, Mangaratiba, Sepetiba indo até Angra dos Reis, numa extensão de 193km. Foi constituída em 1890 a “Companhia Estrada de Ferro Sapucaí”, que pretendia, dentre outras obras, fazer um prado de corridas de cavalos no Leblon, nas terras da chácara do português José de Guimarães Seixas, colado ao “Morro dos Dois Irmãos” (é onde hoje existe o “Clube Municipal”). O decreto no. 587, de 10 de outubro de 1891, emitido pelo Governo Federal, autorizou a mesma empresa a estender os trilhos até Guaratiba. Em 1891 essa concessão caducou, quando já se havia escavado uma estrada de quase um quilômetro pela encosta do “Morro Dois Irmãos”, estrada esta que, depois de muito ampliada em outubro de 1916 seria inaugurada como av. Niemeyer. No mesmo mês de fevereiro de 1886, a “Companhia Jardim Botânico” fez uma contraproposta ao “Plano Dantas”, sugerindo uma linha ferroviária à vapor cortando Copacabana, Ipanema e Leblon, saindo da estação do Largo dos Leões, em Botafogo e indo até “Pena”, em Jacarepaguá. Propunha também um prado de corridas no “Morro Dois Irmãos” . Em vez de um prado de corridas no Leblon, o engenheiro André Rebouças sugeriu um cemitério naquelas plagas, idéia logo enterrada. Igualmente não foi adiante. Ainda em 1886, por sua vez, a “Companhia” propôs ao Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas uma linha de bondes para Copacabana, o que se comprometeu por contrato assinado já na República, a 30 de agôsto de 1890 com o dito ministério. Somente dois anos depois, em maio de 1892, é que pôde ser escavado um túnel e, finalmente, a 06 de julho de 1892, depois de oito meses de obras, sendo dois de escavações na rocha, o Gerente da “Jardim Botânico”, o engenheiro pernambucano José Cupertino Coelho Cintra (1843-1939) inaugurou o “Túnel Velho” (hoje Alaôr Prata), ligando a rua Vila Rica, em Botafogo, ao areal de Copacabana. Na ocasião, o Barão de Ipanema arrendou terras para construção de uma estação onde hoje é a av. N. Sra. de Copacabana. 2 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 3. JOSÉ DE CUPERTINO COELHO CINTRA - DADOS BIOGRÁFICOS Engenheiro inovador, nasceu em Pernambuco a 18 de setembro de 1843. Bacharelou-se em matemáticas e ciências físicas e naturais, em 1865, pela Escola Central, hoje Faculdade Nacional de Engenharia. Seu primeiro cargo foi o de Ajudante da Fiscalização da Companhia City Improvements. Exerceu vários cargos pertinentes à profissão, quase todos no estado do Espírito Santo. Como ajudante da Inspetoria de Imigração, apaziguou diversas rebeliões de imigrantes naquele estado e no Rio Grande do Sul. Fundou diversos núcleos coloniais nos referidos estados e em São Paulo. Sua lisura, capacidade e inteligente ação valeram-lhe as distinções recebidas: sócio Benfeitor da Sociedade Propagadora das Belas Artes; da Caixa de Socorros D. Pedro V; membro da Sociedade de Geografia desta Capital; sócio honorário da Sociedade de Artes Mecânicas e Liberais de Pernambuco; sócio dos Centros Carioca e Pernambucano e do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco. Em 1889, passou a dirigir, como gerente, a Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Projetou e executou, em apenas seis dias, a duplicação da linha de bondes de Botafogo à Escola Militar da Praia Vermelha. Estendeu as linhas de bonde até Copacabana, o que foi possível com a abertura do 1o. túnel para aquele bairro, a 06 de julho de 1892, ligando a rua Real Grandeza, em Botafogo, à rua Barroso, atual Siqueira Campos (Túnel Velho, ou Túnel Alaôr Prata). Esta linha ia até a Praça Malvino Reis, atual Serzedêlo Correia, e é considerada a certidão de batismo do futuroso bairro de Copacabana. Prosseguindo, atingiu a Lagoa Rodrigo de Freitas até a praça Piassava, onde hoje se ergue a estátua de Quintino Bocaiúva. Instalou a primeira corrente elétrica contínua na América do Sul, com tração elétrica dos bondes, nesta Capital. Apesar da forte oposição por parte dos rotineiros, pôde realizar tão ousado cometimento, inaugurado em 1892, pelo Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto. Coelho Cintra foi ainda deputado por Pernambuco, prefeito da cidade do Recife, oficial de gabinete do Ministro Francisco Sá e autor de cartas corográficas e geográficas do Espírito Santo. Aposentou-se aos 78 anos de idade, pobre, mas digno do acatamento de seus concidadãos. O engenheiro Coelho Cintra é hoje credor de nossa gratidão; sendo perpetuado em estátua de bronze em Copacabana, onde, como bandeirante que foi, recebeu as merecidas homenagens de sua população. Faleceu Coelho Cintra no Rio de Janeiro, a 12 de agosto de 1939. COPACABANA Copacabana é conhecida internacionalmente como um dos símbolos do Rio de Janeiro. Quem nunca ouviu os versos de João de Barro (conhecido como Braguinha)? “Copacab ana, princesinha do mar Pelas manhãs tu és a vida a cantar E à tardinha o sol poente Deixa sempre uma saudade na gente”. Originalmente a região de Copacabana era denominada, na língua tupi-guarani, como Sacopenapã, que significa “caminho batido pelas socós ( ave pernalta da família das garças ). 3 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 4. A nomenclatura Copacabana é originária da língua quíchua (língua que era falada pelos incas) e que significa “Mirante azul”. Esta era a nomenclatura de uma península entre a Bolívia e o Peru, às margens do Lago Titicaca, onde os incas haviam construído um templo aos seus deuses. No século XVI os espanhóis destruíram o antigo santuário, edificando no local um templo em devoção à N. Sra. das Candeias ou Candelária. Como passou a ser adorada na península de Copacabana, a santa passou a receber a denominação de N. Sra. de Copacabana. Não se sabe ao certo como uma imagem desta santa foi deixada em Sacopenapã. Supõe-se que peruleiros (traficantes de prata da Bolívia e Peru) tenham deixado a imagem no local. A imagem foi levada para a hoje Igreja de N. Sra. de Bonsucesso da Santa Casa de Misericórdia, onde em 1638 já era cultuada. Ainda no século XVII a imagem foi transferida para uma ermida (templo) no promontório onde hoje se localiza o Forte de Copacabana. O templo original foi sucessivamente reconstruído até a edificação do Forte de Copacabana (inaugurado em 1914). A igrejinha manteve-se na área do forte até 1918, quando a Mitra vendeu seu terreno à Fazenda Federal, a fim de que no local fosse construído alojamento da guarnição. A imagem da santa foi recolhida pela família do Barão de Teffé, que a levou para seu castelo em Correias, Petrópolis. Em 1918 uma nova imagem de N. Sra. de Copacabana chegou da Bolívia, sendo colocada na então Igreja de N. Sr. do Bonfim, hoje Matriz de N. Sra. de Copacabana. O bairro de Copacabana surgiu em 6 de julho de 1892 com a abertura do Túnel Alaôr Prata (Túnel Velho). Este túnel foi aberto para passagem de bondes. Até então, o acesso para Copacabana era feito através de caminhadas pelos morros que cercam a região. O Túnel Engenheiro Coelho Cintra (Túnel Novo) foi aberto em 1906, sendo situado do lado esquerdo de quem vai para Copacabana. Em 1949 foi inaugurada sua duplicação, denominada Túnel Marques Porto (situado do lado direito de quem vai para Copacabana). Copacabana foi ocupada lentamente pela população até 1940; desta década ocorreu um aumento populacional no bairro de 74,35%. A partir desta década Copacabana se torna um dos bairros mais populosos da cidade. Copacabana é separada do Oceano Atlântico pela Avenida Atlântica, conhecida mundialmente. Esta foi inaugurada em 1906, com 6 metros de largura e 4 Km de extensão. Em 1919 o Prefeito Paulo de Frontim realizou o alargamento desta via para 17m. Nesta Avenida situa-se um dos prédios mais belos da cidade : o Hotel Copacabana Pálace. Inaugurado em outubro de 1923, funcionou até abril de 1946 como cassino. O hotel teve como hóspedes ilustres nomes como: Nat king cole, Clark Gab le, Eisenhower, Santos Dumont, Elizab eth II. Num apartamento do prédio n° 2856 desta avenida, onde residia Nara Leão, surgiu a Bossa Nova , em 1956. Estilo musical conhecido internacionalmente teve como compositores importantes Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Billy Blanco, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, entre outros. AVENIDA PRINCESA ISABEL - LEME - COPACABANA Foi aberta em 1901, nos terrenos de Alexandre Wagner, que em fins do século XIX havia comprado todos os terrenos do Leme e arruado a região em 16 de abril de 1894. Era denominada de rua Salvador Correia, em honra ao Governador do Rio de Janeiro Salvador Correia de Sá, que administrou a cidade por duas vezes, de 1568 a 71 e de 1578 a 98. Em 1904 o Prefeito Francisco Pereira Passos abriu o túnel do Leme, inaugurado dois anos depois. Pelo Decreto Municipal no. 6.305, de 1o. de outubro de 4 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 5. 1938, mudou de nome para Avenida Princesa Isabel, em comemoração aos cinqüenta anos da assinatura da Lei Áurea, que libertou os escravos no Brasil. O engenheiro José de Oliveira Reis duplicou o túnel do Leme (ou Túnel Novo, como também era conhecido), de 1943 a 1946, quando então se duplicou a rua, tornando-se avenida, demolindo-se todo um correr de prédios. O último a ir abaixo foi o velho Hotel Vogue, na avenida Atlântica, em fins dos anos 50, quando então ganhou este logradouro as dimensões largas que possui atualmente. O atual canteiro central foi resultado das obras do Rio Cidade, em 1994/96, quando então se removeu do seu eixo a estátua do Visconde do Rio Branco, hoje na Praça Demétrio Ribeiro. Esta estátua tinha sido removida da Glória para Copacabana em 1938. Quando abriram seus alicerces, acharam uma caixa de chumbo cheia de moedas, doadas depois ao Museu do Itamaraty. Hoje, o Túnel do Leme possui denominação oficial, aliás, duas: Coelho Cintra, na boca mais antiga, ao lado da Igreja de Santa Terezinha, e Marques Pôrto, na boca situada ao lado da Rua Carlos Peixoto. MONUMENTO À PRINCESA ISABEL – AVENIDA PRINCESA ISABEL – LEME Na década de 60 existiu um monumento em memória à princesa Isabel Redentora na avenida que a homenageia, no Leme. Junto com a estátua do Visconde do Rio Branco, eram assim eternizados numa única via pública os dois maiores responsáveis pela emancipação dos negros no Brasil. Entretanto, na década de 70, por causa de uma obra, demoliram a estátua da Princesa, a qual não foi mais reconstruída depois. Atendendo aos rogos dos moradores locais, o Prefeito César Maia ordenou a fatura de uma nova estátua, a qual foi inaugurada às 10h do dia 13 de maio de 2.003, na hora e dia em que foi assinada por aquela titular a Lei Áurea. A estátua em bronze representa a Princesa Isabel em pé, sobre um pedestal, tendo na mão esquerda a pena de escrever. Tem 2,50m de altura e é obra do escultor Edgard Duvivier Filho. Custou 80 mil reais e foi providenciada pela Fundação de Parques e Jardins. TEATRO VILLA-LOBOS - AV. PRINCESA ISABEL, 440 - COPACABANA Iniciativa da Funterj-Fundação de Teatros do Estado do Rio de Janeiro, este empreendimento de 1977 se implantou em terreno doado pelo governo do Estado durante a gestão Faria Lima. Dadas as limitações físicas, o programa foi resolvido pelo arquiteto Raphael Matheus Peres em patamares: a partir do nível da rua amplas escadarias conduzem às bilheterias, destas ao foyer e daí à platéia, que comporta 500 pessoas. No subsolo, cujo nível foi determinado pela existência de instalações subterrâneas, foi implantada a escola de balé, que compreende espaços para ensaio e aquecimento, vestiários, camarins, serviço médico e administração. Para atender aos artistas, o teatro dispõe ainda de um bloco de quatro pavimentos com camarins individuais e coletivos, salas de ensaios e preparação e cantina. Durante a execução da obra, foi incorporado um pequeno terreno anexo para o qual o arquiteto projetou um teatro de marionetes, integrado ao conjunto por pequenos arcos que acompanham o ritmo da fachada principal. HOTEL MERIDIEN - AV. ATLÂNTICA, 1020/AV PRINCESA ISABEL - LEME O projeto dos arquitetos Paulo Casé e Luís Acioli, de 1973, beneficiou-se da legislação especial surgida na época que, sob alegação de incentivo ao turismo, liberou o gabarito de edificações destinadas a instalações hoteleiras. Assim, numa faixa litorânea de gabarito máximo fixado em 12 pavimentos foi inserido um edifício três vezes mais alto. Este hotel de alto padrão compreende 535 unidades e 33.500m2 de área 5 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 6. construída. Os acessos foram localizados em função das características das vias que circundam o terreno, com entradas independentes para o público em geral, hóspedes, banhistas e serviço. A torre de apartamentos foi projetada e localizada de modo a atender à necessária concentração de serviços e liberar a maior parte do terreno para piscina e restaurantes, situados no embasamento. A implantação da piscina na esquina das avenidas Atlântica e Princesa Isabel favorece a visão global da praia e permite insolação durante a maior parte do dia. A exiguidade do terreno determinou a construção de um edifício-garagem privativo a 100m do hotel. Devido à limitação de altura, a caixa d`água superior foi substituída por uma cisterna, que comporta 1,5 milhão de litros, estudada volumetricamente para dar estabilidade à estrutura do prédio. As fachadas reafirmam a verticalidade do edifício, valorizando os elementos estruturais, revestidos de mármore, que se destacam sobre as superfícies envidraçadas. Apesar de não serem permitidas por lei, as aberturas na divisa lateral foram liberadas por serem fixas e indevassáveis. Também levou-se em consideração ser esta solução mais apropriada que a tradicional, que seria “colar” o prédio no vizinho. AVENIDA ATLÂNTICA - COPACABANA A primitiva avenida foi traçada como reles rua de serviço em 1904/06 pelo Prefeito Pereira Passos. Só possuía quatro metros de largura, servindo apenas para pedestres. Com o crescimento do trânsito pela orla e o surgimento da moda dos banhos de mar, se tornou pequena, sendo ampliada para 19 metros de largura em 1910/11 pelo Prefeito Bento Ribeiro. O Prefeito Paulo de Frontin a melhorou em 1918/19, quando foi toda refeita. Logo depois, uma ressaca a destruiu, exigindo ser reconstruída em 1921/22. Foi novamente atingida por outra ressaca e refeita em 1924. De 1969 a 1971 foi duplicada pelo Governador Negrão de Lima, segundo sugestão do arquiteto Lúcio Costa e projeto do engenheiro Raimundo de Paula Soares. Na ocasião, colocou-se sob o calçadão central o Interceptor Oceânico da Zona Sul, a maior obra de esgotos até então efetuada na cidade. As calçadas em mosaico de pedras portuguesas foram desenhadas por Roberto Burle Marx, que se utilizou de pedras de três cores, preta, branca e vermelha, representando os povos que formaram nossa etnia. O desenho foi imaginado para ser percebido de avião, à exceção do da orla, que reproduz o antigo mosaico ondulado imitado de Portugal. Em 1988 foram plantados coqueiros pela administração Saturnino Braga, na areia para suavizar a paisagem e, finalmente, em 1992, foi refeita a orla pelo Prefeito Marcelo Alencar, com a proibição de estacionamentos, a construção de uma ciclovia e a colocação de quiosques de alimentação. POSTOS DE SALVAMENTO – AVENIDAS ATLÂNTICA/VIEIRA SOUTO/DELFIM MOREIRA – COPACABANA/IPANEMA/LEBLON Em 1924, o Prefeito Alaôr Prata mandou edificar postos de salvamento na orla marítima da cidade, principalmente nas praias oceânicas. Colocados em intervalos regulares de 900 metros, acabaram por demarcar áreas específicas das praias, além, é claro, de cumprirem suas funções originais. Os banhistas marcavam encontros usando os postos como balizas. Em 1975, esses postos, em estilo art-déco, estavam já tecnologicamente superados e muito danificados, o que impôs sua substituição. Os novos postos foram projetados em 1976 pelo arquiteto Sérgio Wladimir Bernardes, e foram colocados em toda a orla oceânica, inclusive nas novas praias da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes. Mantendo o mesmo espaçamento, são de formato aerodinâmico, em concreto aparente, possuindo sanitários e chuveiros para banhistas, além das instalações para salva vidas. 6 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 7. POSTOS DE ABASTECIMENTO DA AV. ATLÂNTICA - COPACABANA Concebido pela mesma equipe de arquitetos e na mesma época em que foi realizado o Posto Catacumba (1968, Dilson Gestal Pereira, Waldyr A . Figueiredo, Paulo Roberto M. de Souza e Alfredo Lemos), este projeto segue a intenção promocional do anterior. Planejado em quatro pontos ao longo do canteiro central da av. Atlântica, segundo idéia do Governo do Estado da Guanabara, de viabilizar as obras de alargamento da avenida através da venda dos terrenos à Petrobrás Distribuidora S.A . Extremamente polêmico, devido a sua situação particular, o projeto procurou se integrar à paisagem minimizando o atrito visual. A solução encontrada demonstra a preocupação dos arquitetos em amenizar o contraste com a paisagem, mantendo em destaque a praia de Copacabana, cartão postal do Rio de Janeiro. Novamente a cobertura domina a composição. Seu desenho surgiu da idéia de um cálice, ou uma papoula, e evoluiu para quatro pétalas em fibra de vidro que, ao se tocarem, dão rigidez à estrutura. O encontro dessas pétalas é marcado por uma cúpula de vidro translúcido. A continuidade visual foi assegurada pela solução para áreas de escritório e vendas, localizada numa caixa de vidro transparente, e as dependências de depósito e serviço, num pavimento enterrado, com iluminação zenital. HOTEL INTERNACIONAL RIO - AV. ATLÂNTICA, 1500 - COPACABANA O hotel foi construído em terreno reduzido de 400m2, num projeto de 1986 elaborado por Cláudio Fortes e Roberto Victor. Projetado inicialmente como hotel- residência, foi modificado para uso hoteleiro, o que incentivou os arquitetos a lhe conferir uma personalidade marcante que caracterizasse sua nova função, destacando a edificação do conjunto de prédios da av. Atlântica. O volume é composto por um corpo de 13 pavimentos sobre embasamento e recebeu tratamento em vidos bronze e esquadrias pintadas de vermelho em composição com os pilares cilíndricos externos ao edifício revestidos em granito marrom-avermelhado. Em vista da proposta, inédita no Rio, de dar atenção especial aos executivos em viagens de negócios, foram criadas condições especiais para garantir funcionalidade no atendimento e na prestação de serviços extras. Além de restaurante, bares, piscina, sauna e garagem, o hotel tem salões de convenções, serviço de secretária bilíngüe, escritórios para hóspedes e todo apoio tecnológico mais avançado. O PALÁCIO DO MAR - HOTEL COPACABANA PÁLACE No dia 28 de outubro de 2.003, o SINDEGTUR/RJ, por intermédio de sua Diretoria de Capacitação, efetivou mais um evento de seu projeto cultural “Andando pelo Rio”, realizando importante visita técnica de Guias de Turismo às belas instalações do Copacabana Pálace Hotel. Aqui, nesse pequeno espaço, tento traçar apenas alguns dados curiosos de sua história. Em 1920 o Presidente da República, Epitácio Pessoa, convocou o empresário do setor de hotelaria Octávio Guinle e fez-lhe a proposta para construção de um grande hotel de turismo no Rio de Janeiro. A iniciativa visava atender ao grande fluxo de visitantes previstos para a Exposição Internacional comemorativa do Centenário da Independência do Brasil, que se realizaria em 1922, no Castelo. Seriam concedidos benefícios fiscais, bem como a licença para nele funcionar um cassino, este último uma exigência dos Guinle. A proposta foi aceita e essa é a origem do Hotel Copacabana Pálace. Octávio Guinle adquiriu então um alqueire de terras na Praia de Copacabana, que naquela época ainda era ocupada escassamente por algumas casas. O terreno dava 7 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 8. frente para a Avenida Atlântica, alargada em 1919 por Paulo de Frontin. Contratou-se o afamado arquiteto francês Joseph Gire, o qual projetou um estabelecimento bastante calcado nos modelos dos hotéis Negresco e Carlton, de Nice, na Côte D`Azur. Foi entregue a construção ao engenheiro brasileiro César Mello e Cunha. Dificuldades de importação de materiais de construção, quase todos vindos da França, bem como o transporte dos mesmos para o Brasil e para Copacabana, assim como também os profundos alicerces de 14m exigidos e para a confecção dos quais ainda não tínhamos tecnologia, atrasaram de muito a obra, somente possível de ser inaugurada em 13 de agosto de 1923, quase um ano após o encerramento da dita Exposição Internacional. Na noite de estréia, deveria ocorrer um show com a artista francesa Mistinguett, mas seu contrato com o Teatro Lírico a proibiu. O Presidente Arthur Bernardes, sucessor de Epitácio Pessoa, tentou em 1924 cassar a licença para nele funcionar um cassino, haja vista que a construção do mesmo ultrapassara o prazo estipulado pelo Governo. Depois de longa pendência judicial, a família Guinle obteve ganho de causa em 1934. A visão de Octávio Guinle mostrou-se correta e logo se tornou o Copacabana Pálace lugar de encontro da sociedade brasileira e de celebridades internacionais, ultrapassando de muito a tímida visão espalhada pela crítica da época de que ninguém se hospedaria em hotel tão distante do centro. Nesses primeiros dez anos de vida, o Copacabana Pálace foi palco de eventos históricos e dramáticos. Ainda em construção, sofreu violenta ressaca em 1922, que lhe destruiu toda a avenida Atlântica e causou-lhe danos nos pavimentos inferiores. Em 1925 hospedou a primeira personalidade mundial, na figura do cientista Albert Einstein. Em 1928, num de seus salões, foi alvejado por uma bala o Presidente Washington Luís, num tiro dado por sua amante francesa durante um arrufo. O Presidente foi socorrido pelo médico Francisco de Castro e o episódio abafado. No mesmo ano, em dezembro, hospedou-se no Copacabana, em profunda crise de depressão, o inventor Alberto Santos Dumont, já com a mente bastante debilitada e muito triste ao presenciar, na sua chegada ao Brasil, um horrível acidente aéreo, quando o avião que jogaria pétalas de flores em seu barco bateu na água, na Baía de Guanabara e explodiu, matando seus doze ocupantes. Em 1933 o Copacabana Pálace seria conhecido internacionalmente por um filme realizado em Hollywood, “Flying down to Rio”, com Dolores Del Rio, Fred Astaire e Ginger Roger, ambientado no hotel, mas todo realizado em estúdios nos Estados Unidos, com cenários pintados do Rio de Janeiro e a praia de Malibu “dublando” Copacabana. O filme foi um sucesso e tornou o hotel famoso mundialmente da noite para o dia. Em 1934, foi construída a piscina do hotel, em projeto de César Mello e Cunha, depois ampliada em 1949. Em 1938 inaugurou-se o “Golden Room”, com show de Maurice Chevalier. O Príncipe Edward de Gales, futuro Rei Edward VIII da Inglaterra, bem como seu irmão Jorge, igualmente futuro monarca britânico, se hospedaram no Copa em 1931, tendo Edward protagonizado um rumoroso episódio constrangedor para a Família Real Britânica ao se apaixonar por uma senhora brasileira, Negra Bernardez, desquitada e mãe de dois filhos, a qual ele queria levar de todo o jeito para a Inglaterra e com ela se casar. Em seus arroubos, chegou a intentar um vôo num avião experimental trazido desmontado em seu navio para impressionar sua amada, jogando-lhe flores do alto sobre sua casa, no que foi dissuadido do ato por seus assessores. Não se refez do episódio, tomando “homérico” porre e jogando-se todo fardado na piscina do Country Club de Ipanema. Anos depois, Edward, já Rei da Inglaterra, renunciaria ao trono para casar com a desquitada americana Lady Simpson, com quem viveu o amor de sua vida. Quanto à Negra Bernardez, a mulher que recusou ser rainha da Inglaterra, era mãe do afamado colunista social Manuel Bernardez Müller (Maneco Müller). 8 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 9. A Segunda Guerra Mundial tornou o Copacabana Pálace o único hotel de turismo de porte capaz de hospedar a elite internacional sem sofrer do perigo de um bombardeio. Foram os anos áureos do hotel. A política de boa vizinhança para com os Estados Unidos, estabelecida em 1942, fez com que grandes personalidades daquele país nos visitassem e se hospedassem no Copa. Praticamente todos os grandes atores de Hollywood nele tiveram pouso: Clark Gable, Edward G. Robinson, Fred Astaire, Dolores Del Rio (finalmente no Copa!), Katerine Hepburn, Lana Turner, Marlene Dietrich (que realizou show memorável em 1959), Orson Welles (que “morou” seis meses no hotel em 1942, e que num acesso de fúria jogou os móveis de seu quarto na piscina...), Walt Disney (que nele esboçou o personagem “Zé Carioca”), Josephine Baker (que manteve encontro furtivo com Le Corbusier), e muitos outros. Após a guerra, com a proibição do jogo em abril de 1946, passou o Copacabana Pálace por ampla reforma, que lhe aumentou a capacidade, acrescentando dois andares ao prédio principal, mais a pérgula lateral, que se tornou ponto de encontro da sociedade brasileira e estrangeira, e ergueu-se o anexo nos fundos, inaugurado em 1949. No antigo cassino foi instalado o teatro Copacabana, responsável pelo lançamento de muitos talentos da dramaturgia nacional. Fez a reforma do Copa o arquiteto Wladimir Alves de Sousa, que soube preservar a ambiência antiga do hotel. O anexo tornou-se logo lugar não só para residência de hóspedes ilustres, como também para encontros furtivos importantes, pois existia uma elaborada passagem subterrânea, por detrás do salão de cabeleireiro, que conduzia quem não quisesse ser visto daquele lugar até o anexo. Devem ter sido encontros extremamente apaixonados, pois pelo menos dois amantes morreram do coração, um deles importante senador da República por São Paulo e outro um respeitável banqueiro carioca... Quem quase morreu no Copa, mas de coração partido, foi a grande cantora nacional Carmem Miranda, frustrada pelo fracasso de seu casamento. Carmem trancou- se em seu quarto em dezembro de 1954 e pensou seriamente em se matar, desistindo após olhar a bela paisagem da orla de Copacabana da janela de sua suíte. Carmem, aliás, seria muito mais lembrada pela alegria que exarava em seus shows no Golden Room que por este episódio, que com o tempo lhe levaria à morte em agosto de 1955. Os anos cinqüenta foram o canto-do-cisne da fase áurea do Copacabana Pálace, que entra em lenta decadência após a transferência da capital para Brasília em 1960. Continuou como um importante hotel da cidade, servindo de pouso a visitantes ilustres do Rio de Janeiro (como os astronautas da Apolo 11), palco da vida social da cidade, onde famosos cronistas sociais iam buscar matérias para suas colunas, até ser superado por hotéis mais modernos na década de setenta. Em 1985, quando intentaram sua demolição, foi tombado pelas três esferas: IPHAN (Federal), INEPAC (Estadual) e DGPC (Municipal). Em fins da década de oitenta a família Guinle, na figura de seu herdeiro e presidente José Eduardo Guinle, vendeu-o em 1989 ao grupo “Orient Express”, que o reabilitou, modernizando velhas instalações sem descaracterizá-las. Presentemente é o Hotel Copacabana Pálace um dos mais importantes estabelecimentos hoteleiros da cidade, com modernas 236 acomodações palacianas e dos mais queridos bens culturais do Rio de Janeiro, local de confluência de vários episódios importantes do século XX, sendo preciosa lembrança de uma época de fastígio e esplendor, único bem deste gênero sobrevivente na cidade. HOTEL RIO OTHON PALACE - AV. ATLÂNTICA, 3.264 - COPACABANA A liberação do gabarito para edificações destinadas a serviços de hotelaria favoreceu a implantação desse edifício na av. Atlântica. O anteprojeto, elaborado por Arthur Lício Pontual, vencedor de concurso privado em 1968, foi retomado no período 9 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 10. 1971-72, após sua morte, por uma equipe de arquitetos encabeçada por seu irmão Davino Pontual. Dadas as dimensões exíguas do terreno, de 1.600m2, o partido adotado foi o de uma torre de 28 pavimentos afastada das divisas; sobre embasamento com sete pavimentos, onde estão serviços gerais e garagem, com ocupação integral do lote. A disposição do pavimento-tipo em “U”, abraçando a garagem vertical, possibilitou a liberação de três subsolos, construídos simultaneamente com a superestrutura, para instalação de todos os equipamentos e serviços de apoio. No térreo, a criação de uma rua interna facilita a circulação de hóspedes e visitantes. Externamente, o edifício harmoniza o emprego de elementos estruturais em concreto aparente com um jogo volumétrico de sacadas e superfícies brancas. RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR – AVENIDA ATLÂNTICA, 3.804 – COPACABANA Erguida em 1927 sob projeto em estilo art-déco do arquiteto Júlio de Abreu Júnior, foi uma obra pioneira dentro da arquitetura moderna no Rio de Janeiro. É uma das últimas residências da orla de Copacabana. EDIFÍCIO J USTUS WALLERSTEIN – AVENIDA ATLÂNTICA, 3.958 – COPACABANA Projeto moderno de Sérgio Bernardes, datado de 1960. houve especial cuidado do arquiteto com desenho dos elementos pré-fabricados. EDIFÍCIO IMPERADOR – AVENIDA ATLÂNTICA – ESQUINA DE RUA JOAQUIM NABUCO – POSTO VI – COPACABANA Grande edifício multifamiliar com acentuada volumetria e ângulos abaulados ou em curva, construído em 1938 por Cápua & Cápua engenheiros e arquitetos. Um dos ícones do estilo art-déco no bairro. MUSEU HISTÓRICO DO EXÉRCITO E FORTE DE COPACABANA – PRAÇA CORONEL EUGÊNIO FRANCO, NO. 1 - POSTO VI - COPACABANA O Vice-Rei Marquês de Lavradio mandou erguer em 1776 um pequeno forte em alvenaria onde era a antiga ponta da Igrejinha, na praia de Sacopenapan. Sua função era prevenir ataques dos espanhóis, que no ano seguinte, realmente, invadiram o território nacional e atingiram a Capitania de Santa Catarina. O forte nunca foi terminado e somente foi artilhado em 1823, quando se temia um ataque português às nossas costas. Em 1831, foi mandado desarmar pela Regência provisória. Quando da Revolta da Armada, em 1893, voltou a ser artilhado, mas sua ancianidade já estava patente: nada pôde fazer para impedir a saída dos navios revoltosos da Baía de Guanabara. Anos depois, uma ameaça de guerra contra a República Argentina fez com que o Estado Maior do Exército encomendasse em 1898 o projeto de uma nova fortificação ao major engenheiro Augusto Tasso Fragoso, que elaborou um anteprojeto da Fortaleza de Copacabana, com seis canhões de longo alcance. A solução de uma grave questão de fronteira com aquela República foi resolvida diplomaticamente pelo Barão do Rio Branco, fazendo com que o projeto da citada fortificação fosse engavetado. Tendo as relações entre a Argentina e o Brasil novamente piorado na primeira década do século XX, decidiu-se pela construção da fortificação, tendo sido enviado o projeto de Tasso Fragoso à Casa Krupp, de Essen, na Alemanha, para ser atualizado e orçado. Foi a obra toda recalculada para ser executada em peças de concreto pré- moldadas na Alemanha, sendo os canhões adaptados aos novos calibres surgidos. Fez as alterações o major engenheiro Otto Kuhn. Em 1908, sendo Presidente da República Afonso Augusto Moreira Penna e Ministro da Guerra o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, foi dado início à obra da fortificação, que veio quase toda desmontada da 10 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 11. Alemanha em 5.000 caixotes, desembarcados num cais construído especialmente para isso ao lado da ponta de Copacabana. Coordenou a obra o Major Arnaldo Paes de Andrade. Foi, finalmente inaugurado o Forte de Copacabana a 28 de setembro de 1914, sendo classificada na ocasião de fortificação de 1a. Classe. Era dotada de seis canhões Krupp de longo alcance: dois de 240mm; dois de 180mm e dois de 75mm. O alcance máximo atingia 28km. O útil, 21Km. Os quatro primeiros podiam girar 360o. Os dois últimos somente 180o. Na época não existia nada que a superasse na América Latina. Em 1918, foi ampliada, tendo o Exército adquirido a rua de acesso e comprado à Mitra a igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana, erguida ai por volta de 1715, e demolida em 1918-19 por ficar na linha de fogo dos quatro maiores canhões. Na mesma ocasião foi construído o quartel de paz e ampliadas as instalações elétricas, fornecidas pela firma AEG, de Berlin, tão poderosas que podiam fornecer energia elétrica a todo o bairro de Copacabana. O artístico portal da Praça Coronel Eugênio Franco, bem como a magnífica entrada da Praça d`Armas, foi projeto do major engenheiro Volmér da Silveira. Em princípio de julho de 1922, depois de longos atritos entre o Governo Epitácio Pessoa e o Exército, foi ordenada a prisão do Marechal Hermes da Fonseca, por insubordinação. Comandava o Forte de Copacabana, na ocasião, o Capitão Euclides Hermes da Fonseca, que intentou um plano para derrubar o Governo pela força das armas. A rebelião foi marcada para cinco de julho, mas o Governo se antecipou e trocou os principais comandos das guarnições das fortificações da cidade, tendo em consequência disso que apenas os Fortes de Copacabana e Leme, este último desarmado; e a Escola Militar, aderiram ao movimento, sendo que os dois últimos foram logo debelados. O Forte de Copacabana fez vários disparos contra o Quartel General do Exército, no Campo de Santana; o Ministério da Marinha, na Praça Barão de Ladário; a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói; e o Forte de São João, na Urca; atingindo somente o primeiro, no segundo tiro. O Capitão Euclides Hermes saiu da fortificação para negociar e foi preso em Laranjeiras. Assumiu, então, a chefia do movimento, o Tenente Antônio de Siqueira Campos, que verificou a total impossibilidade de resistência, bem como o sacrifício que tal atitude estava custando à população da cidade, com as balas atingindo alvos civis. Também observou que os canhões haviam sido sabotados, e agora o Forte era bombardeado pelo Encouraçado São Paulo, e por aviões militares. Resolveu então abrir o Forte, permitindo que os desejosos de rendição assim o procedessem. Trezentos se renderam, ficando fiéis ao movimento apenas 28 homens. Resolveu-se então marchar até o Catete, num ato de protesto suicida. Às 13:00h do dia 06 de julho, iniciaram a marcha, juntando-se a eles o engenheiro civil Otá vio Correia, amigo de Siqueira Campos. Um número até hoje não especificado de integrantes se rendeu ou desertou, ficando ao final apenas 11 ou 13 do grupo original. Na altura da rua Barroso, atual Siqueira campos, foram obstaculizados por uma força legalista, iniciando-se um tiroteio que durou uns trinta minutos. Ao final, foram capturados, muito feridos, o Tenente Siqueira Campos, com um tiro no abdômem; o Capitão Eduardo Gomes, com um tiro na virilha; e dois soldados. Os outros morreram na ocasião ou no hospital, em consequência dos ferimentos recebidos. A atitude de protesto contra o Governo da República Velha fôra debelada, mas o exemplo frutificou, originando o dito “Movimento Tenentista” e a legenda dos “Dezoito do Forte”(termo cunhado pela imprensa, que desconhecia o número real de participantes), os quais representavam uma atitude de protesto da classe média à oligarquia que nos governava. Dois anos depois, na mesma data, estourava movimento similar em São Paulo, e de 1925 a 27 o país foi palmilhado pela Coluna Prestes, com idêntico objetivo. A vitória dos tenentes deu-se na Revolução de 1930, com a queda do Governo e a ascensão de Vargas. A 24 de outubro de 1930, o Forte de Copacabana serviu de 11 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 12. presídio ao presidente deposto, Dr. Washington Luís Pereira de Sousa, bem como ao Prefeito do Distrito Federal, Antônio Prado Júnior. Partiram ambos em exílio, direto dali para a Europa. O Forte de Copacabana teve atuação discreta durante a Segunda Guerra Mundial, tendo dado seus últimos disparos efetivos em novembro de 1955, contra o Cruzador Tamandaré, que se rebelara e fugira para São Paulo, levando a bordo o presidente deposto, o Sr. Carlos Luz, bem como parte de seu ministério e aliados. Foram feitos doze disparos durante vinte minutos, sem, no entanto, atingir a embarcação, que estava desarmada e só com uma hélice funcionando. Em 1964, o Forte não aderiu ao movimento militar de 1o. de abril, tendo sido tomado pela força de terra enviada pelo Coronel Cézar Montagna, ocorrendo então o famoso “episódio da bofetada”, quando o dito Coronel derrubou a sentinela da entrada com um golpe de mão, invadindo e tomando a fortificação, sem o uso de armas. Durante o regime militar, serviu o Forte de Copacabana de presídio político. Desativado totalmente em 1986, foi reaberto no ano seguinte como Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, muito ampliado em meados da década de noventa por ordem do Ministro do Exército Zenildo de Lucena, sendo suas instalações equipadas com os mais modernos processos museológicos, tornando-se importante bem cultural da cidade e repositório de elevadas tradições militares. A área de entorno, cujos terrenos chegam ao Arpoador, igualmente tornou-se notável área de lazer para a população carioca, sendo palco de eventos marcantes, particularmente no Reveillon, onde há artística queima de fogos e disputada recepção. MONUMENTO AO POETA CARLOS DRUMMOND – AVENIDA ATLÂNTICA – POSTO VI – COPACABANA Interessante monumento interativo inaugurado a 31 de outubro de 2.002 em homenagem ao centenário de nascimento do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. Representa o homenageado em tamanho natural, sentado num banco de praia, de costas para o mar e mirando os prédios, atitude que era seu costume. Aliás, Drummond residia nas proximidades, na Avenida Rainha Elizabeth. Dois dias após a data de inauguração, a estátua foi pichada por vândalos. Vinte e três dias depois, outro desocupado a atacou com uma pedra, quebrando o aro dos óculos. Em ambos os casos, foi restaurada e agora é bem vigiada. Estátua sedestre em liga de bronze, linda concepção naturalista do artista Léo Santana. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – DADOS BIOGRÁFICOS Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro. Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 12 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 13. 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil. O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar. Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras- primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre. Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa. Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac (Les Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos (Les Liaisons dangereuses, 1782; As relações perigosas), Marcel Proust (La Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña Rosita, la soltera o el lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François Mauriac (Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies de Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino). Al vo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade. PALACETE PIRATININGA – AVENIDA RAINHA ELIZABETH, 152 – POSTO VI – COPACABANA Prédio em estilo art-déco, erguido na década de 1930, muito simples, onde devemos notar as janelas dos saguões de cada andar com interessante desenho de vidro e ferro, o movimentado desenho das grades e no pátio a esbelta escada. EDIFÍCIO MULTIFAMILIAR – AVENIDA RAINHA ELIZABETH, 729 – POSTO VI – COPACABANA Grande edifício multifamiliar em estilo art-déco, projetado em 1937 pelo arquiteto austríaco Arnaldo Gladosh, inspirado em construções similares feitas à época em seu país de origem. BAIRRO DO PEIXOTO – COPACABANA O Comendador Paulo Felisberto Peixoto da Fonseca nasceu a 14 de dezembro de 1864, em Portugal, vindo para o Rio de Janeiro com 11 anos. Dedicou-se ao comércio de secos e molhados, onde prosperou muito. Após alguns anos adquiriram 13 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 14. uma mercearia. Depois de 1898 passou também a administrar bens imobiliários de lusitanos no Brasil, quando então adquiriu imensa chácara no areal de Copacabana, entre as ruas Figueiredo Magalhães e Santa Clara. Viúvo em 1929 de Da. Orminda Cunha, brasileira; e sem filhos, passou a se dedicar a obras de caridade. Ainda em vida doou todos os seus principais bens para instituições beneficentes lusitanas, sendo que os terrenos de Copacabana foram repartidos entre várias entidades de assistência social e hospitalar de Portugal e do Brasil, principalmente à Caixa de Socorros D. Pedro V. Esta última, solicitou à Prefeitura em 1939 o loteamento das terras de Copacabana, tendo o engenheiro José de Oliveira Reis projetado as ruas Henrique Oswald, Maestro Francisco Braga, Décio Vilares e Praça Edmundo Bittencourt, surgindo então o que se chamou Bairro do Peixoto. Ao contrário do resto de Copacabana, somente foram autorizadas construções de poucos pavimentos ou unifamiliares, evitando assim a verticalização do bairro. A única exceção, o edifício São Luiz Rei, desabou fragorosamente em 1951, poucos dias antes de sua inauguração. O Comendador Peixoto faleceu no Brasil a 3 de novembro de 1947. Hoje, seu bairro é denominado de “oásis de Copacabana”, pela tranqüilidade que apresenta em relação às barulhentas ruas vizinhas. O jornalista Arthur Xe xéo, morador do bairro, sempre que pode, elogia-o pela sua familiaridade em sua coluna no jornal O Globo. BECO DO JOGA-A-CHAVE-MEU-AMOR – RUA CARVALHO DE MENDONÇA – COPACABANA Em verdade, esse beco nem chega a ser beco, e sim uma pequena rua, a Carvalho de Mendonça, que liga as ruas Duvivier e Rodolfo Dantas. Ladeada por dois edifícios apenas, ambos com muitos e minúsculos apartamentos, autênticas cabeças- de-porco modernas. Nos anos 50, tais apartamentos eram muito alugados por respeitáveis figuras para abrigarem seus encontros amorosos, ou alguma amante de plantão. O apelido surgiu de uma história dessa época. Conta-se que numa noite, um rapaz bêbado, bem apessoado, esqueceu a chave da portaria e cometeu a temeridade de ir para o meio da rua e gritar para o alto: “Joga a chave, meu amor.” A mulherada chegou à janela e jogou tantas chaves, que um molhe mais pesado lhe bateu na cabeça, nocauteando-o, forçando sua ida a um hospital para ganhar uns pontos. A notícia se espalhou, sendo que o compositor popular João Roberto Kelly compôs uma alegre marchinha carnavalesca que foi um grande sucesso no carnaval de 1965. No Beco do Joga-a-chave-meu-amor os problemas foram muitos. Ali alguns bares tiveram pretensões a reviver a velha Lapa, abrigando mulheres de trottoir e traficantes de entorpecentes. Foram fechados pela polícia, reabertos por novos proprietários e, mais cedo ou mais tarde, tornados fora da lei. E assim foram vivendo. Outros bares do mesmo local, permaneceram alheios a esses problemas, como acontecia com o Manhattan, de vida mais calma, ou o Kilt Club, o único bar da Zona Sul que exigia o uso de paletó, para os seus freqüentadores. E, como é raro se andar por Copacabana de paletó, o porteiro se incumbia de arranjar algum para quem quisesse entrar. O bar era elegante, mas os fregueses, nem sempre. Ali nunca houve o caso de um freguês pagar a conta, botar a carteira no bolso do paletó e depois devolve-lo à saída, com a carteira dentro. Donde se conclui que os bêbados do Kilt Club não eram tão bêbados assim. Hoje, nada mais disso existe. Desde os anos 80 a rua é só de pedestres, os bares viraram brechós, os cubículos viraram lares familiares e as prostitutas foram substituídas por homossexuais e travestis, que passaram a reinar de noite. 14 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 15. BECO DAS GARRAFAS – RUA DUVIVIER – COPACABANA Famoso logradouro de Copacabana, sito na Rua Duvivier, entre as avenidas Atlântica e Copacabana, o qual não consta de qualquer catálogo de indicação, pois é alcunha de origem popular. Tem seu nome desde os anos 50, pelo fato de ser localizado num agrupamento de pequenos bares, boites e “inferninhos”, cujos freqüentadores provocavam tanta algazarra de madrugada, que os moradores da vi zinhança protestavam, jogando garrafas, sem a maior cerimônia, que vez por outra, atingiam um dos perturbadores da ordem. Não é só a boemia que freqüenta esse beco; a ambulância também, de vez em quando entra ali, para socorrer os que falam alto sem se valerem da proteção que lhes dá as marquises dos edifícios. No Beco das Garrafas enfileiravam-se vários bares: Ma Griffe, Bottle`s, Baccará e Little Club. Eles tinham características diferentes: o primeiro é meio “inferninho”, o segundo é a catedral da Bossa Nova, o terceiro é o responsável pelo lançamento de muitos cantores (dali saíram para o sucesso a falecida Dolores Duran, Helena de Lima, etc.) e o quarto foi um dos pioneiros do show de bolso, tendo apresentado bailarinos, cantores, músicos e cômicos, sempre com êxito. O mais famoso produtor de shows no Beco das Garrafas foi Luís Carlos Miéle, que promoveu ali, dentre outros, notáveis espetáculos de Luís Carlos Vinhas, Marisa Gata Mansa (Baccará) e Tito Madi (Little Club). O beco foi berço da cantora Nara Leão, ícone da Bossa Nova. Desde fins da década de 60 o local entrou em decadência e hoje não apresenta nada de notável, abrigando bares e boites vulgares. A ESQUINA DAS COBRAS Em 1958, os músicos mais mal comportados se reuniam numa esquina de Copacabana. A turma do rock fazia um alarido infernal no Snack Bar, um boteco bem na esquina das ruas Raul Pompéia e Francisco Sá, no Posto 6. Sempre era um ensaio ou algo parecido, do grupo The Snakes, criado pelos freqüentadores do local, um antro visitado a toda hora pela polícia atrás dos jovens delinqüentes. Barra pesada. Olha o barulho! – grita um dos moradores do prédio onde o Snack está instalado. Um desses moradores, mais impaciente, não se dava ao trabalho de emitir os gritos. Partia logo para a guerra. Começava a jogar cabeças-de-negro na garotada. É uma daquelas cenas que nem o maior ficcionista poderia imaginar, mas aconteceu mesmo e, quase cinqüenta anos depois, ainda é manchete. O conjunto que ensaiava no meio das lambretas roncantes era formado por Roberto Carlos e Tim Maia, jovens suburbanos da distante Tijuca. O morador desesperado que atirava as bombas era Lúcio Alves, um cantor sofisticadíssimo, que tinha a acompanhá-lo na ação belicosa o seu visitante, um jovem baiano que estava no apartamento justamente para mostrar ao mestre o seu primeiro 78 rotações: João Gilberto. Corria o mês de julho. O disco estava quentinho. Aquele som, sim, aquilo era uma verdadeira cabeça-de-negro no ringue da música. Os roqueiros do Snack acabaram fugindo do bombardeio e Lúcio pôde finalmente ouvir o disco. De um lado, Chega de Saudade, de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Morais. Do outro, Bim-bom, do próprio João Gilberto. Eram seis minutos de música, mas Lúcio teve a mesma impressão óbvia de todos os que correriam atrás do disco naqueles dias: a música brasileira nunca mais seria a mesma. O violão pulava de um jeito inédito, o cantor sussurrava. A primeira impressão podia ser um desencontro absoluto. E ali, no entanto, oito andares acima do Snack, estava rodando um novo país. Nunca mais se morreria de mal de amor nas canções. 15 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 16. CONGREGAÇÃO RELIGIOSA ISRAELITA SINAGOGA BETH-EL – RUA BARATA RIBEIRO, 489 – COPACABANA No ano de 1921, um grupo de judeus sefarditas fundou uma sinagoga numa casa de sobrado comum, na Avenida Mem de Sá, 181. Crescendo a comunidade, esta se transferiu alguns anos depois para a Rua Conselheiro Josino, 14. Com o pomposo nome de Centro Israelita Brasileiro Bené-Herzl, a sinagoga estava instalada um belo sobrado eclético, com dois andares e um terraço. Se tivesse sido preservado seria um importante bem cultural da cidade, mas o êxodo dos membros para a Copacabana, em fins da década de 50, levou a transferência das instalações da congregação para o novo bairro praiano. A velha sinagoga acabou depois demolida. Adquirida uma bela casa na Rua Barata Ribeiro, 489, lá existia um salão para práticas religiosas, além de área de lazer e desportos. Havendo necessidade de um espaço maior para as práticas religiosas, entre 1966/7 foi construída a nova sinagoga Beth-El num terreno anexo ao casarão, um projeto muito sóbrio e discreto. Projetada pelo arquiteto Mauro Kleimann, a sinagoga é em arquitetura moderna, desprovida de qualquer luxo, exceto pelos revestimentos externo e interno em mármore branco imaculado. Internamente, os únicos elementos decorativos se resumem a uma tapeçaria moderna com o tema das Tábuas da Lei e um moderno Menorah em bronze. Obedece, como já foi citado, ao rito Sefaradi. EDIFÍCIO MMM ROBERTO – AVENIDA NOSSA SENHORA DE COPACABANA, 1.267 – COPACABANA A característica fundamental deste edifício de apartamentos é a preocupação – constante na obra dos irmãos Roberto – com controle da insolação. O inventivo sistema de proteção contra o sol foi projetado para atender a ângulos de incidência solar variáveis durante o dia. As esquadrias são divididas em três partes, articuladas num quadriculado de concreto. Persianas ajustáveis, empregadas na face externa do vidro, protegem as partes superior e inferior. A parte central é sombreada no período de sol a pino pela disposição de treliças horizontais fixas em concreto, e a insolação da tarde é amenizada por um quadro móvel de persianas, também em concreto, estudado de forma a não prejudicar a visão da rua. Como curiosidade, vale ressaltar que este edifício foi erguido em 1945 onde existiu a casa da família e nasceram os três arquitetos. EDIFÍCIO ITAHY – AVENIDA NOSSA SENHORA DE COPACABANA, 252 – ESQUINA DE RUA RONALD DE CARVALHO - COPACABANA Edifício em estilo art-déco erguido em c. 1938 por Arnaldo Gladosh, arquiteto. O ritmo linear das verticais formadas pelas peças de majólica, cria uma moldura muito elegante para o ingresso, coroado por uma estupenda escultura de sereia que surge do mar entre peixes e estrelas do mar. O artista executor era o marido da poetisa Cecília Meirelles. No corredor de ingresso, muito rico, pilastras da mesma majólica, que repetem o ritmo vertical da porta de ingresso, e nos lados da porta, duas placas com cenas do fundo do mar. Interessante balaústre de ferro na escada do fundo. A porta com interessante desenho que parece abstração de algas. EDIFÍCIO ITAÓCA – RUA DUVIVIER, 43 – ESQUINA DE AVENIDA NOSSA SENHORA DE COPACABANA – COPACABANA 16 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 17. Na esquina do Itahy, o estupendo Itaóca projetado em 1938 por Robert R. Prentice e Anton Floderer, autores de sucesso de numerosas residências e edifícios de apartamentos. O Itaóca se levanta imponente com seus claros volumes cúbicos e parece guardar todos os prédios art-déco das redondezas. Notar o desenho em bandas horizontais do primeiro e último andar, os desenhos verdes triangulares que, como reminiscências quase aztecas, enfeitam cada andar na fachada principal, as grades com desenho geométrico de módulo triangular, e sobretudo, a entrada do vestíbulo revestida com majólicas verdes no gênero das que empregara o arquiteto Buddeus no seu bonito prédio da Rua da Alfândega, no. 48 (hoje muito descaracterizado). EDIFÍCIO MULTIFAMILIAR – RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO, 123 – COPACABANA Observar desenhos art-déco na fachada e portas com grades onde sobressai o desenho de losangos superpostos. Foi construído na década de 1930. EDIFÍCIO CAXIAS – RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO, 116 – COPACABANA A fachada fortemente marcada pelas verticais que criam um jogo muito interessante, pleno de força e criatividade. Em estilo art-déco. Erguido na década de 1930. EDIFÍCIO AMÉRICA – RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO, 110 – COPACABANA Muito simples, em estilo art-déco, com hall de ingresso em mármore rosa com listras em rosa escuro. Erguido na década de 1930. No fundo do prédio sobrevivem cinco grandes árvores: um oitizeiro, duas amendoeiras e dois algodoeiros do Pará. As cinco árvores existentes nos fundos são tombadas pela Municipalidade desde 1991. EDIFÍCIO TUYUTI – RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO, 100 – COPACABANA Muito simples, com porta interessante onde são notáveis os agradáveis conjuntos de flores tipicamente art-déco no seu geometrismo. EDIFÍCIO GUAHY - RUA RONALD DE CARVALHO, 181 – ESQUINA DE RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO – COPACABANA Edifício em forte estilo art-déco, com interessante trabalho de relevo que acompanha o arco da porta, e movimentada fachada, graças ao zig-zag criado pela saliência das sacadas. O Edifício Guahy é tombado pela Municipalidade desde 1990. EDIFÍCIO OPHIR – RUA RONALD DE CARVALHO, 154 – ESQUINA DE RUA MINISTRO VIVEIROS DE CASTRO – COPACABANA Sem dúvida o prédio mais coerente deste grupo. Nele toda a decoração em estilo art-déco repete o mesmo desenho de ângulos retos ascendente até o centro, seja nas grades, como no corte dos mármores do corredor de ingresso, seja nos arcos. Tudo chegando à sua realização mais rica na porta de cristal bizotado, onde as linhas que descem dos ângulos terminam em delicadas espirais. FAVELA DO CHAPÉU MANGUEIRA - LEME Desde os primeiros tempos da colonização portuguesa que a orla correspondente à Copacabana e Leme já era ocupada ou tinha dono. Não contando os índios tamoios, 17 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 18. que ocupavam as praias desde o século VI, os primeiros sesmeiros portugueses vieram com a fundação da cidade em 1565. Estácio de Sá em 1565 doou parte da orla marítima a André de Leão. Seguiram- se em rápida sucessão Bartolomeu de Seixas Rabelo e Francisco Caldas, ambos com engenhos de cana na Lagoa de Sacopenapã (hoje Rodrigo de Freitas). Suas indústrias não prosperaram. Em 1606, toda a praia passava às mãos do casal Afonso Fernandes e Domingas Mendes. Três anos depois, Da. Domingas, já viúva, repassa essas terras ao Governador Martim de Sá. Êste não esquenta com elas e, em 1611, passa-as ao sesmeiro Sebastião Fagundes Varela, dono do Engenho de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa. Sua bisneta e herdeira, Da. Petronilha Fagundes, uma respeitável balzaquiana de trinta e um anos, casou-se em 1702 com o Capitão de Cavalos Rodrigo de Freitas Castro, êle com 16 anos. Em 1717, com a morte de Da. Petronilha, Rodrigo de Freitas herdou tudo e bandeou-se para Portugal, onde morreu em 1748 na sua Quinta de Suariba, no Minho. Com a morte de Rodrigo de Freitas, seus herdeiros desfazem-se de algumas terras, dentre elas, as correspondentes à Praia do Leme, que foi vendida em meados do século XVIII a Manuel Antunes Suzano, que assim ficou proprietário de terras que iam da Praia Vermelha à Pedra do Inhangá. Surgiu a “Fazenda do Leme”, que durou até fins do século XIX. Sua sede era uma casa térrea que ainda existia nos anos trinta, na base do morro do Chapéu Mangueira. Em meados do século XIX, a família Suzano vendeu grande parte desses chãos ao Comendador João Cornélio dos Santos, que, entretanto, nada fez com eles. Entretanto, Suzano não era o único ocupante de suas terras. Desde 1714 o governo havia construído um posto semafórico no Morro da Babilônia, que naquele trecho passou a ser conhecido como “Vigia do Leme”. Tinha a função de avisar por meio de bandeiras ou fogos de artifício a aproximação de navios da Baía de Guanabara, e se eram amistosos ou não. A casa do posto semafórico era exatamente onde hoje se encontra a favela do Chapéu Mangueira, e ainda existiam suas ruínas em 1920. Em 1776, o Vice Rei D. Manuel de Portugal, Marquês de Lavradio (1769-79), achando que era pouco apenas um posto de sinalização na entrada da barra, mandou erguer um forte no morro do Leme, assim chamado por sua semelhança com os lemes dos navios. Êsse fortim nunca foi artilhado no período colonial e foi abandonado inconcluso pelo Vice Rei D. José Luiz de Castro, Conde de Rezende (1790-1801), que o considerou inútil. Após a Independência, foi artilhado com cinco canhões em 1823, mas a Regência novamente o desartilhou em 1831. As coisas estavam nesse pé quando em 1873 surgiu a figura do alemão Alexandre Wagner, capitalista e grileiro. Wagner comprou a 07 de maio de 1873 todas as terras da família Suzano e de seu vizinho, o Comendador João Cornélio dos Santos, tornando-se único proprietário dos chãos que iam do morro do Leme até a Pedra do Inhangá. Wagner abriu diversas ruas em suas terras, doando-as à municipalidade em 1874, mas o isolamento de Copacabana impediu qualquer loteamento sério na região. Em 1881, seus dois genros e procuradores Theodoro Duvivier e Otto Simon fundaram a empresa Duvivier & Cia. Levando avante a abertura das referidas ruas e desenvolveram o seu loteamento. Entretanto, poucos foram lá morar. Copacabana começou a tornar-se uma realidade quando em julho de 1892 foi inaugurado o túnel ligando a rua Real Grandeza, em Botafogo, à Rua Barroso (atual Siqueira Campos), por iniciativa da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico, quando gerenciada pelo inteligente engenheiro José Cupertino Coelho Cintra. O bonde ia até a estação, localizada na Praça Malvino Reis (atual Serzedelo Correia) e foi um grande 18 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 19. avanço para a efetiva ocupação do bairro. Dois anos depois, o Prefeito Coronel Henrique Valadares inaugurou dois novos ramais, Leme e Igrejinha (atual Posto VI), sendo as novas linhas inauguradas a 15 de abril. Onze dias depois, era lançado ao público o novo loteamento do bairro do Leme, com várias ruas já cordeadas. Em 1904 a Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico inaugurou sua nova estação e restaurante anexo, logo arrendado à Cervejaria Brahma. Dentre os primeiros moradores do bairro do Leme estava o Sr. William Marx, alemão, neto do filósofo Karl Marx. William era casado com a pernambucana Da. Cecília Burle e pai de vários filhos, dentre eles Roberto Burle Marx, nascido em São Paulo em julho de 1909. O Sr. William Marx inicialmente adquiriu um terreno na nova Avenida Atlântica, aberta em 1904 pelo Prefeito Francisco Pereira Passos, mas foi dissuadido por seu médico particular, que afirmava ser o ar salitrado altamente nocivo à saúde de um de seus filhos, Haroldo, que sofria dos pulmões. William vendeu o lote praiano e adquiriu a casa da fazenda do Suzano, um bonito casarão térreo cercado de varandas na nova rua Araújo Gondim, hoje General Ribeiro da Costa. Seu terreno de fundo abrangia todo o morro da Babilônia, exatamente onde hoje se encontra a favela do Chapéu Mangueira. Após estudar canto na Alemanha, Roberto Burle Marx voltou ao Rio de Janeiro em 1926, onde matriculou-se no Curso de Pintura da Escola Nacional de Belas Artes, formando-se em 1930. Roberto utilizava os terrenos do morro para suas experiências com plantas exóticas e vegetais, sua verdadeira paixão e que o perseguiu por toda a vida. Pode-se dizer que aquele morro foi a primeira versão do “Sítio Burle Marx”, que ele fundaria em Guaratiba vinte anos depois. Por essa época ou pouco antes, uma fábrica de chapéus no morro da Mangueira, no subúrbio da Leopoldina, montou um enorme cartaz no topo do morro do Telégrafo. Era um out-door colorido, com duas pessoas experimentando um Chapéu-do-Chile, que era de um tecido tão leve e fino que podia ser dobrado e colocado no bolso. Já em fins dos anos vinte todos chamavam aquele trecho do morro da Babilônia de “Chapéu Mangueira”. O nome pegou. O crescimento de Copacabana e Leme e a febre de construções que dominou o bairro até os anos sessenta ajudou na formação das primeiras favelas, formadas em grande parte por lavradores empobrecidos que migravam do interior para o Rio à busca de trabalho na construção civil. William e seu filho Roberto, fiéis ao ideário socialista, não se incomodaram com a invasão do morro por famílias pobres e, pode-se dizer, até a estimularam com pequenas doações. Já em 1920 existiam 73 moradias no morro da Babilônia, com aproximadamente trezentos moradores. Em 1929, com a queda dos preços do café, mais lavradores migram para o Rio. Assim sendo, já em 1933 eram 73 moradias, com quase quatrocentos moradores. Na década de quarenta, Roberto Burle Marx doou para seu amigo particular, o radialista e compositor Ari Barroso uma parte de suas terras onde passou a residir, originando daí a Ladeira Ari Barroso, legitimada por decreto do Prefeito Marcos Tamoyo em 1975, e ainda hoje o melhor acesso à favela. Anos depois, em 1949, Burle Marx mudou-se para Guaratiba e vendeu sua velha casa, que foi logo demolida e substituída por um arranha-céu moderno que tapou boa parte da vista da favela. Aliás, falando em favela, esta não parava de crescer. Pudera. Em 1948 o Prefeito Marechal Ângelo Mendes de Morais quadruplicou os gabaritos da orla marítima. Rapidamente os antigos casarões são vendidos e demolidos, o que gerou corrida imobiliária e uma febre de construções no bairro que varou os anos sessenta. Em 1950 19 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 20. moravam no morro da Babilônia(aí se incluindo Chapéu Mangueira), 2.617 favelados, sendo 1.313 homens e 1.304 mulheres. Depois de 1960, iniciou o Governo do novo Estado da Guanabara (1960-75) intensa campanha de erradicação de favelas, estando Babilônia na lista das que deveriam ser removidas de imediato. Cessaram todos os recenseamentos e pesquisas oficiais, de modo que não se tem idéia de como a favela cresceu nesses complicados anos. Não é difícil imaginar. O empobrecimento geral da população brasileira levou à favelização dos grandes centros. Esses núcleos abandonados pelo poder público à própria sorte, aprenderam que unidos resistiriam mais eficientemente às investidas contra sua permanência. Chapéu Mangueira resistiu aos Governos Lacerda e Negrão de Lima e, com o empobrecimento geral do estado nos anos setenta, atitude agravado pela fusão da Guanabara com o Rio de Janeiro em março de 1975, foram os favelados deixados em paz. Em 1977, o Plano Urbanístico Básico da Cidade do Rio de Janeiro, executado sob ordem do Prefeito Marcos Tamoyo, não definia o que fazer com Chapéu Mangueira. Simplesmente o mapa de intervenções pintava de amarelo a favela e informava “área a ser urbanizada”. Em 1979, o Prefeito Israel Klabin declarou serem as favelas irremovíveis. Nessa mesma época, a Pastoral da Favelas, criada pela Arquidiocese do Rio de Janeiro iniciou os primeiros levantamentos em vinte anos da população das favelas da zona sul, com vistas à sua legalização perante a Prefeitura. Graças a este levantamento, ficamos sabendo que o morro da Babilônia possuía 290 casas, com 1.450 moradores, ocupando a favela uma área de 37.640m2, sendo sua vi zinha, a favela do Chapéu Mangueira com menor área, possuindo 27.000m2, mas com maior população, contando 339 casas e 1.695 moradores. Nas eleições de 1982, ocorre o inédito fato de uma moradora do morro Chapéu Mangueira sagrar-se vereadora. A Sra. Benedita da Silva foi eleita para a Câmara Municipal, sagrando-se, posteriormente, Deputada, Senadora, e Vice-Governadora, já tendo sido candidata à Prefeitura uma vez, perdendo de pouco. E, ao que consta, novamente tentará em 2000. MONUMENTO A ARI BARROSO – LEME Situado próximo à antiga Cantina Fiorentina, na Av. Atlântica, Leme, foi inaugurado na sexta feira, dia 19 de dezembro de 2.003. O compositor passou os últimos 40 anos no Leme, daí a localização da homenagem. Monumento em bronze e de caráter interativo, retrata Ari Barroso em escala real, sentado numa cadeira, como se estivesse numa mesa da dita cantina. O povo pode sentar na cadeia ao Aldo, como se estivesse a dividir o espaço com Ari. Concepção do artista Léo Santana, o mesmo que fez a estátua de Carlos Drummond de Andrade. ARI EVANGELISTA BARROSO – DADOS BIOGRÁFICOS Compositor e cantor popular, nasceu em Ubá, Minas Gerais, a 7 de novembro de 1903. Anos depois, seguindo um conselho de um amigo numerólogo, retirou o “Evangelista” do nome. Em sua opinião, não dava certo. Com certeza foi o primeiro compositor popular a assim proceder. Perdeu os pais aos sete anos. Foi criado por sua tia Rita, que o obrigava a estudar por três horas a fio, todo o dia. Estudou na cidade natal e veio para o Rio de Janeiro em 1920, com uma herança de 40 contos de réis, legada por um tio. Gastou tudo em dois anos, com farras. Dedicou- se à música e começou tocando piano no Cinema Ideal, na Rua da Carioca. Por ve zes tocava no Cine Íris, em frente. Formou-se em direito após nove anos de curso, mas sua vida já estava dedicada ao samba. Popularizou-se como compositor, radialista de 20 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 21. sucesso, com dois dos mais disputados programas de calouros, lançando muitos talentos, como Elizeth Cardoso e Elza Soares; e afamado locutor esportivo, torcendo acintosamente sempre para o Flamengo. Quando seu time fazia gol, ele tocava uma gaita pelo microfone. Quando perdia, ficava de costas e se negava a transmitir. Foi também vereador pela UDN, em 1946, o mais votado da Câmara pelo antigo Distrito Federal. Como vereador, bateu-se pelo Direito Autoral, pela construção do estádio do Maracanã e pela implantação da coleta seletiva de lixo. Compôs sua primeira música, Cateretê, aos 15 anos de idade. Escreveu para o teatro com êxito e dessas revistas surgiram o samba Faceira e a marcha Dá Nela (1930), sendo que esta última o salvou da inadimplência. Seguiram-se sucessos nacionais: No Rancho Fundo, Mimi, Vou à Penha, Quando Eu Penso na Bahia, Maria (1832), Na Batucada da Vida (1934), Na Baixa do Sapateiro (1938), Boneca de Piche (1938), Terra Seca, Aquarela do Brasil (1930), No Tabuleiro da Baiana (1937), Rancho das Namoradas (1962), Os Quindins de Iaiá, etc.. Esteve nos Estados Unidos em 1944, tendo executado a trilha sonora da parte brasileira do filme de Walt Disney: Você Já Foi à Bahia? (1944). Convidado a lá permanecer, recusou-se, afirmando que lá não existia o Flamengo. Participou dos filmes nacionais: Alô, Alô Brasil e Favela dos Meus Amores. Lutou muito para ordenar o direito autoral no Brasil, contra a politicagem do rádio e dos editores, que o boicotaram sem dó. A partir desse período (1946/52), só conseguiu romper a barreira da política musical com o esplêndido Risque (1952). Ari fe z o samba dar um passo à frente, dando-lhe toque cívico grandioso. Aquarela do Brasil chegou a ser proposta para segundo hino nacional. Ainda hoje é a segunda música brasileira mais executada no exterior, só perdendo para Garota de Ipanema, de Ton Jobim e Vinícius de Morais. Imprimiu novo impulso à orquestra na música popular pela utilização de conjuntos instrumentais mais amplos, em contraste com a singeleza de Noel Rosa e Sinhô. Ao fim da vida apadrinhou a Bossa Nova, ficando amigo de Tom, Vinícius e João Gilberto, os quais, aliás, o consideravam um ícone. Enquanto viveu, combateu seu arqui-rival, o compositor Antônio Maria, contra quem combatia as músicas, na imprensa. Ari Barroso morava no Leme, em terreno situado no morro do Chapéu Mangueira, onde hoje se abre a ladeira com seu nome, lote doado por seu amigo, o paisagista Roberto Burle Marx. Sua casa ainda existe e está bem preservada. O compositor faleceu de cirrose hepática, no Rio de Janeiro, a 9 de fevereiro de 1964, num domingo de carnaval, exatamente quando a Escola de Samba Império Serrano entrava na avenida com o samba Aquarela Brasileira, feito em sua homenagem. FORTE DUQUE DE CAXIAS - PRAÇA JÚLIO DE NORONHA - LEME Em princípios do século XVIII, o morro e praia do Leme era um lugar ermo, habitado apenas por palhoças de pescadores e caiçaras. O nome Leme era devido ao formato do morro, que, com seus 124m de altura, lembrava o “leme” das embarcações de então. Logo após a invasão francesa de 1711, foi instalado em seu topo um posto de vigia com bandeiras e fogos de artifício, para anunciar a aproximação de navios estranhos da barra da Baía de Guanabara. Durante muitos anos o morro ganhou o apelido de “do Vigia”, assim sendo citado nos documentos setecentistas. Em 1776, o Marquês de Lavradio, Vice-Rei do Brasil, ordenou a construção de um forte no lugar do posto semafórico, o que foi feito antes de 1779. Em 1791, o Vice-Rei Conde de Resende mandou retirar dali toda a guarnição, por motivos de economia. Reza um documento antigo que o Alferes Joaquim José da Silva Xa vier, o Tiradentes, serviu em 21 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 22. 1785-89 como oficial de ligação entre este forte e os de São João, na Urca e Copacabana, na ponta da Igrejinha. Após a Independência, o forte foi artilhado com cinco canhões de ferro em 1823(dois quais três ainda existem na entrada), para oito anos depois ser novamente abandonado por ordem da Regência Trina, sendo que, desta vez, o abandono perdurou noventa anos. Em 1913, estando o Brasil em severa crise diplomática com a República Argentina, resolveu o Presidente Hermes da Fonseca erguer no local um moderno forte para defesa da entrada da barra. Fez o projeto o Coronel engenheiro Augusto Tasso Fragoso, do Estado Maior do Exército, coordenando os trabalhos o Major Arnaldo Paes de Andrade. O projeto foi levado à Alemanha, para ser detalhado pela casa Krupp, de Essen, que o reprojetou em blocos pré-moldados de concreto armado. Como armamento, foram projetados quatro obuseiros gigantes Krupp de 120mm, fabricados especialmente para esta fortificação, sendo a parte elétrica executada pela firma AEG, de Berlin. Dificuldades no transporte de materiais para o topo do morro, atrasaram de muito o cronograma da obra, que só pode ser entregue ao uso em maio de 1917. Três meses depois, declaramos guerra ao Império Alemão em consequência do torpedeamento de navios brasileiros durante a 1a. Guerra Mundial, tendo sido expulsos do Brasil todos os técnicos daquela nacionalidade que trabalhavam na fortificação, sem no entanto, nos ensinar como usar aqueles armamentos, o que fez o Forte do Leme ter uma atuação passiva durante aquele conflito. Durante a construção, em 07 de setembro de 1915, foram instalados holofotes no morro do Leme, tendo se simulado um ataque noturno da esquadra brasileira, fazendo- se passar pela marinha Argentina, ao Rio de Janeiro. Na hora da exibição, com a presença do Presidente da República, ministros e autoridades, falhou a instalação elétrica e os holofotes ficaram às escuras. O assunto repercutiu muito na imprensa Argentina e houve militar portenho que viu nisso uma oportunidade perdida de se atacar o Brasil. Quando ocorreu a revolta do Forte de Copacabana, em 05 de julho de 1922, o Forte do Leme aderiu ao movimento, tendo toda a guarnição abandonado a fortificação e seqüestrado um bonde urbano, que partiu apinhado de soldados para o vizinho revoltado. Foi o Forte do Leme depois acertado por dois disparos, um deles destruiu parte do muro inferior e a casa da guarda, tendo o segundo, no dia 06 de julho, acertado a cantina e produzido diversas vítimas fatais. Dois anos depois, em julho de 1924 estourou outra revolta, desta vez no Encouraçado São Paulo, da Marinha do Brasil, que zarpou com a guarnição amotinada do Rio de Janeiro em destino ao sul. Resolveram os oficiais do Forte do Leme disparar contra o encouraçado, mesmo não se podendo calcular onde a bala ia cair. O disparo passou longe do navio, mas o impacto da detonação fez lavrar furioso incêndio nas instalações do forte, que a custo foi debelado. No mesmo ano foram estabelecidos os cálculos necessários para a mira dos obuses, fazendo-se um teste num alvo móvel em abril de 1925, com sucesso completo, tendo, no entanto, os disparos causado danos no próprio forte, haja vista o enorme deslocamento de ar, que feriu os soldados e derrubou uma parede da fortificação. Em 24 de outubro de 1930, durante a Revolução de 30, ocorreu a queda do Presidente Washington Luís, tendo assumido provisoriamente o poder uma junta militar, que ordenou o fechamento do porto do Rio de Janeiro até o país se normalizar. O navio alemão misto de carga e passageiros “Baden” não obedeceu a ordem e zarpou do porto do Rio de Janeiro sem permissão. O Forte do Leme fez-lhe três disparos de advertência, sem resposta. No quarto, a bala atingiu o mastro principal e matou oito tripulantes, havendo o navio retornado ao Rio de Janeiro para ser acareado. 22 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com