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Fluzz: Uma rede social baseada em inteligˆ ncia
                                              e
                       coletiva
                                                 Ericsson Santana Marin
                                                 Instituto de Inform´ tica
                                                                    a
                                          Universidade Federal de Goi´ s (UFG)
                                                                        a
                                                 Goiˆ nia – GO – Brasil
                                                     a
                                              {ericssonmarin}@inf.ufg.br



   Abstract—This article aims to map and discuss the             compreens˜ o da emergˆ ncia e da capacidade da so-
                                                                              a            e
transformations that the society is undergoing in the            ciedade humana de gerar ordem bottom-up por meio
new networked environment, provided by the Internet. It                       ¸˜                 ¸˜
                                                                 da cooperacao. Esta articulacao, modifica o background
also aims to introduce the social network Fluzz, designed        e lanca novos pressupostos para as teorias sobre a
                                                                        ¸
to enjoy all the benefits of collective intelligence. This
                                                                                           ¸˜
                                                                 sociedade. Como aplicacao deste estudo, o projeto de
social network has as its main focus the exchange of
experiences between users, allowing the emergence of
                                                                                                            ´
                                                                 uma rede social denominada Fluzz, e concebido para
innovative projects. The context established places people                                                             ¸˜
                                                                 organizar, otimizar, e favorecer o processo de interacao
in a continuous process production, supporting, dissemi-                        a                   ı             ¸˜
                                                                 entre os usu´ rios e a busca cont´nua por inovacoes.
nating, multiplying, defending, distributing, discussing and        O restante deste texto est´ organizado da seguinte
                                                                                                  a
developing innovations in large scale.                                            ¸˜
                                                                 maneira. A secao 2 apresenta uma reflex˜ o sobre a nova
                                                                                                              a
   Index Terms—Social Networks, Collective Intelligence,                                    ¸˜                    ¸˜
                                                                 sociedade em rede. A secao 3 d´ uma explanacao sobre
                                                                                                    a
Innovation.                                                      conceitos dos sistemas complexos adaptativos e suas
                                                                           ¸˜                            ¸˜
                                                                 implicacoes em rede sociais. A secao 4 discute sobre
                     ¸˜               ¸˜
               I. S EC AO 1 - I NTRODUC AO                                                    ¸˜
                                                                 inteligˆ ncia coletiva. A secao 5 realiza uma abordagem
                                                                         e
   A necessidade de conex˜ o do ser humano existe
                                a                                das redes sociais na Internet, com suas carater´sitcas
                                                                                                                     ı
desde o surgimento de suas habilidades de escrita h´         a                      ¸˜
                                                                 peculiares. A secao 6 relaciona redes sociais no processo
mais de cinco mil anos. As facilidades oferecidas pela                                                   ¸˜     ´
                                                                 de aprendizagem. Em seguida, na secao 7, e apresentada
Internet trouxeram um novo impulso a estas conex˜ es.      o     a rede social Fluzz, com os princ´pios que nortearam sua
                                                                                                    ı
As chamadas Redes Sociais atingiram escala planet´ ria,   a               ¸˜
                                                                 concepcao e suas principais caracter´sticas. Finalmente,
                                                                                                          ı
                   ¸˜
com a participacao de milh˜ es de pessoas. Bilh˜ es de
                                o                      o              ¸˜                              ¸˜
                                                                 a secao 8 traz algumas consideracoes finais.
documentos j´ est˜ o dispon´veis em uma verdadeira
                 a    a           ı
biblioteca global, com as pessoas adquirindo capacidade                         ¸˜
                                                                         II. S EC AO 2 - A SOCIEDADE EM REDE
de conex˜ o com quase qualquer outra pessoa no planeta.
           a                                                        ´
                                                                    E not´ rio que a Internet abriu as portas para o de-
                                                                           o
   A inteligˆ ncia coletiva sempre existiu na sociedade.
              e                                                                                           ¸˜
                                                                 senvolvimento da sociedade da informacao e do con-
Entretanto, atrav´ s da internet, esta inteligˆ ncia teve seus
                   e                           e                 hecimento. Hoje presencia-se a chamada Era das Redes,
horizontes abertos, rompeu barreiras para uma ativi-             que vem sendo analisada por uma importante ciˆ ncia
                                                                                                                   e
dade at´ ent˜ o limitada, sobretudo geograficamente. A
         e     a                                                 intitulada Teoria das Redes, inicialmente proposta por
                   ´
novidade agora e que deve-se considerar a inteligˆ ncia  e       Barab´ si [1], e que tem como objetivo mapear os novos
                                                                        a
coletiva em rede, estimulada pela troca de informacoes    ¸˜     modelos de estudo de redes.
a distˆ ncia. Com grande velocidade e a baixo custo, esta
      a                                                                                       ¸˜                 ¸˜
                                                                    As facilidades de interacao, a democratizacao de
               ´
inteligˆ ncia e estimulada por grupos de pessoas em um
       e                                                                  `         ¸˜
                                                                 acesso as informacoes, e o avanco das chamadas TICs
                                                                                                   ¸
                                            ¸˜
ambiente multidirecional de comunicacao, baseado no                                       ¸˜             ¸˜
                                                                 (Tecnologias de Informacao e Comunicacao), reduziram
                                 ¸˜
novo paradigma de comunicacao de muitos para muitos.             os custos, aumentaram a velocidade, o alcance e a
                              ´
   O objetivo deste artigo e um estudo da inteligˆ ncia  e       assincronicidade, permitindo o rompimento das barreiras
coletiva e da nova sociedade em rede, a aplicacao do   ¸˜                           a                 ¸˜
                                                                 temporais e geogr´ ficas da comunicacao.
instrumental das teorias dos sistemas complexos aos                 Segundo o psic´ logo russo, Lev Semenovich Vygot-
                                                                                    o
sistemas de agentes compostos por seres humanos, a                                              ¸˜
                                                                 sky (1896-1934), todas as funcoes mentais de alto n´vel
                                                                                                                     ı
se originam dos relacionamentos entre indiv´duos. O
                                                  ı              O efeito borboleta tem servido como met´ fora para
                                                                                                             a
pesquisador educacional Carl Bereiter [2], aprofunda          algumas pesquisas sobre a influˆ ncia da Internet, por
                                                                                                 e
ainda mais, afirmando que todo conhecimento est´ nas    a      considerar que, na era digital, o conhecimento adquirido
     ¸˜
relacoes entre os indiv´duos envolvidos numa atividade,
                        ı                                     em rede, por meio da tecnologia, ocorre dentro de
                                                ¸˜
com as ferramentas que eles usam e as condicoes mate-         ambientes que est˜ o, em grande parte, fora do controle
                                                                                 a
riais do ambiente no qual a atividade acontece.                                                      ¸˜
                                                              dos indiv´duos. Na internet a informacao compartilhada
                                                                        ı
   Cavalcante e Nepomuceno [3] entendem que as comu-                                      ı           ´
                                                              adquire contornos imprevis´veis, pois e dividida social-
nidades em rede s˜ o o epicentro dos projetos inovadores
                   a                                          mente como resultado das conex˜ es estabelecidas.
                                                                                                 o
do futuro, pois atuam como canais de r´ pida divulgacao
                                          a              ¸˜      Um aspecto importante da dinˆ mica das redes sociais
                                                                                                a
            ¸˜                           a          ¸˜
e distribuicao de ideias e produtos. S˜ o agregacoes de       ´
                                                              e a sua emergˆ ncia. Trata-se de uma caracter´stica dos
                                                                             e                                ı
pessoas em torno de interesses comuns, independente de        sistemas complexos [6], e envolve o aparecimento de
                      ¸˜
fronteiras ou demarcacoes territoriais fixas. Est˜ o abertas
                                                 a            padr˜ es de comportamento em larga escala, que n˜ o s˜ o
                                                                   o                                             a a
para a troca de conhecimentos e experiˆ ncias, que geram
                                        e                     necessariamente determinados em microescala. Isso quer
                             ¸˜
oportunidades de colaboracao sem precedentes, criando         dizer que as propriedades emergentes s˜ o aquelas que
                                                                                                        a
                  a               ¸˜
uma nova dimens˜ o para a inovacao.                           o sistema possui, mas que n˜ o podem ser encontradas
                                                                                             a
                                 ¸˜
   O novo conceito ou nova geracao da Web, a chamada          em suas partes individualmente. Essas dinˆ micas sociais
                                                                                                          a
Web 3.0, que emprega al´ m da possibilidade de realizar
                           e                                  podem ser constru´das coletivamente, em um processo
                                                                                  ı
        ¸˜
transacoes, Web 1.0, e de poder participar e produzir, Web                     ´
                                                              bottom-up, que e o mecanismo da emergˆ ncia, pois de-
                                                                                                         e
2.0, tamb´ m admite a qualquer um inovar, programar
           e                                                  nota como esses comportamentos devem vir debaixo para
as interfaces de sua maneira, agregar valores, classificar,    cima em um determinado sistema. Para Recuero [7],
                                           ´
tornando-se multifuncional. O momento e de ubiquidade,        a emergˆ ncia aparece com o surgimento de comporta-
                                                                       e
e como afirma o professor e cientista S´lvio Meira da
                                             ı                mentos coletivos, n˜ o centralizados. Dentro desta esfera,
                                                                                  a
                          ¸˜
UFPE, de dividir a atencao com v´ rias coisas simultane-
                                   a                          o aparecimento da ordem em sistemas ca´ ticos, a auto-
                                                                                                          o
                                  ¸˜
amente, em um processo de atencao parcial cont´nua. ı                  ¸˜            ¸˜
                                                              organizacao e a adaptacao dos sistemas, s˜ o considerados
                                                                                                        a
   Aquilo que Einstein (1879-1955) chamou de bomba            comportamentos emergentes. O pr´ prio surgimento das
                                                                                                   o
                  ¸˜
das telecomunicacoes foi chamado por Roy Ascott [4]           redes sociais na internet pode ser considerado como um
                                      ¸˜
de segundo dil´ vio, o das informacoes, por conta da
                u                                             comportamento emergente e auto-organizado.
natureza exponencial, e ca´ tica de seu crescimento.
                             o
        ¸˜
III. S EC AO 3 - S ISTEMAS COMPLEXOS ADAPTATIVOS
    Ludwig Von Bertalanffy [5], desenvolveu a chamada
Teoria Geral dos Sistemas, que implicava em uma
          ¸˜
reorientacao fundamental do pensamento cient´fico so-
                                                 ı
bre os sistemas. Neste estudo, ele afirmava que, para
                                                                                         ¸˜
                                                                    Figura 1 - Representacao de um sistema complexo
entender um fenˆ meno, era necess´ rio observar n˜ o
                    o                  a                a
                                               ¸˜
apenas suas partes, mas suas partes em interacao. Esses         Johnson [6] afirma que os coletivos inteligentes que
estudos coincidiram com diversas outras abordagens que                                ¸˜                    ¸˜
                                                              as redes de comunicacao colocaram em acao, exibem
buscavam superar o paradigma anal´tico-cartesiano.
                                     ı                        caracter´sticas que s˜ o pr´ prias dos sistemas complexos
                                                                      ı             a     o
    No in´cio da d´ cada de 1960, o meteorologista amer-
         ı         e                                          adaptativos, ou seja, processos emergentes que operam a `
icano Edward Lorenz iniciou estudos que ficaram con-           semelhanca dos sistemas de enxames, cujas principais
                                                                        ¸
hecidos como Teoria do Caos, a partir da matem´ tica a        caracter´sticas s˜ o: ausˆ ncia de controle centralizado,
                                                                      ı        a        e
n˜ o linear. Ao estudar um programa de computador que
  a                                                           natureza autˆ noma das subunidades, alta conectividade
                                                                           o
testava o movimento de massas de ar, Lorenz constatou         entre as subunidades e causalidade em rede n˜ o linear
                                                                                                               a
                      ¸˜
que pequenas alteracoes ao longo de um processo pode-         de iguais que exercem influˆ ncia sobre iguais.
                                                                                            e
                                                     ¸˜
riam representar, ao final, consequˆ ncias de proporcoes
                                    e
incalcul´ veis. Esse efeito desordenado e imprevis´vel foi
         a                                         ı                      ¸˜                 ˆ
                                                                   IV. S EC AO 4 - A INTELIG E NCIA COLETIVA
definido como efeito borboleta, e de acordo com seu                                    ¸˜
                                                                 Compartilhar informacoes, ou compartilhar descober-
criador, poderia ser entendido como se o bater de asas                         ´
                                                              tas importantes, e um benef´cio que ajuda as pessoas a
                                                                                          ı
de uma borboleta na China pudesse provocar, tempos                                           ¸˜
                                                              agirem mais r´ pido. A colaboracao gera sinergia, e con-
                                                                            a
depois, um tornado no Texas.                                  sequentemente melhorias, competitividade e inovacao,¸˜
criando o ambiente ideal para novas ideias.                           imento. Examinando os espacos que foram representa-
                                                                                                      ¸
   Pierre L´ vy [8] define a inteligˆ ncia coletiva como
             e                         e                                                             ¸˜
                                                                      tivos para a hist´ ria da inovacao da humanidade, Johnson
                                                                                       o
uma inteligˆ ncia distribu´da por toda parte, incessante-
              e              ı                                        [9] descobriu alguns padr˜ es recorrentes, e batizou um
                                                                                                   o
mente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta               deles de Slow Hunch, ou palpite lento.
                     ¸˜
em uma mobilizacao efetiva das competˆ ncias, tendo
                                              e                          Segundo Johnson, as ideias precisam de um tempo
como base e objetivos, o conhecimento e o enriqueci-                             ¸˜
                                                                      de incubacao, e passam por um bom tempo na forma
                                               ¸˜
mento m´ tuo das pessoas. Comporta a nocao de que o
           u                                                          de palpite parcial. Consequentemente, quando as ideias
                                                    ¸˜
universo dos internautas pode fornecer informacoes mais               ganham forma neste estado de palpite, elas precisam
                                               ´
exatas do que peritos individuais. A ideia e que o todo               colidir com outros palpites. Para Johnson, aquilo que
seja capaz de se autocorrigir.                                                                                      a    ´
                                                                      transforma um palpite em algo extraordin´ rio, e outro
   Segundo Cavalcante e Nepomuceno [3], essa in-                      palpite, que andou povoando a mente de outra pessoa.
teligˆ ncia coletiva pode ser classificada de trˆ s formas:
     e                                            e                   Seguindo o racioc´nio do autor, boas ideias surgem da
                                                                                           ı
a inconsciente, que ocorre quando o usu´ rio contribui
                                              a                       colis˜ o entre dois palpites menores, que formam portanto
                                                                            a
                          ¸˜
com alguma informacao para o coletivo, mesmo sem                      algo maior do que eles pr´ prios.
                                                                                                   o
saber, pelo simples fato de navegar; a consciente que                                                      ¸˜
                                                                         O grande propulsor da inovacao cient´fica e tec-
                                                                                                                     ı
ocorre quando o usu´ rio contribui de maneira volunt´ ria
                        a                               a             nol´ gica, sempre foi o aumento hist´ rico na conectivi-
                                                                          o                                   o
e efetiva; a plena, que potencializa as duas formas                   dade, e na capacidade das pessoas de buscar parceiros
                                      ´
anteriores. Para os autores, o ideal e que em projetos de             com quem possam trocar ideias, e pegar emprestado
inteligˆ ncia coletiva em rede, a inteligˆ ncia plena esteja
        e                                e                            palpites alheios, combin´ -los com seus pr´ prios palpites,
                                                                                                 a                o
presente.                                                             e transform´ -los em algo novo. Pensar em formas de
                                                                                   a
   Pode-se notar, dessa forma, uma profus˜ o de co-
                                                  a                   se criar sistemas e ambientes, que permitam que esses
munidades em redes articuladas que surgem como um                     palpites se unam, e se tornem algo maior do que eram
rem´ dio para o veneno da velocidade acelerada das
    e                                                                                              ´
                                                                      em partes independentes, e um desafio para a sociedade.
                             ¸˜
mudancas, da especializacao crescente, do tempo escasso
         ¸
                                                                                 ¸˜
                                                                           V. S EC AO 5 - R EDES S OCIAIS NA I NTERNET
                              ¸˜
e do excesso de informacao. Assim, participar de uma
                          ´
comunidade em rede e uma sa´da para solucionar estes
                                 ı                                             ¸˜            ´
                                                                         A nocao de rede e onipresente e onipotente em todas
                                    ¸˜
problemas, pois permite a ampliacao da capacidade de                                         a     ´
                                                                      as disciplinas. A tem´ tica e complexa, e transita em todas
coleta e an´ lise r´ pida de dados, filtrando o que e
               a      a                                    ´               ´
                                                                      as areas de conhecimento. Redes Sociais complexas
relevante, atrav´ s do contato regular de um determinado
                  e                                                   sempre existiram, mas os desenvolvimentos tecnol´ gicoso
grupo que partilhe os mesmos interesses. Toda essa                    recentes permitiram sua emergˆ ncia como uma forma
                                                                                                          e
rede de conex˜ es, utiliza os conhecimentos coletivos e
                 o                                                                             ¸˜
                                                                      dominante de organizacao social. Exatamente como uma
volunt´ rios espalhados pela internet, criando conte´ do,
        a                                              u              rede de computadores conecta m´ quinas, uma rede social
                                                                                                           a
     ¸˜
solucoes ou desenvolvendo tecnologias.                                                           ¸˜
                                                                      conecta pessoas, instituicoes e suporta redes sociais.
                                                                                                                ´
                                                                         Uma Rede Social na Internet RSI e uma estrutura
                                                                      composta pelos atores (n´ s), que s˜ o representacoes
                                                                                                     o        a                ¸˜
                                                                                                   ¸˜
                                                                      das pessoas ou organizacoes, e pelas conex˜ es, con-
                                                                                                                        o
                                                                            ı            ¸˜
                                                                      stitu´das de relacoes e lacos sociais, formados atrav´ s
                                                                                                    ¸                             e
                                                                                  ¸˜
                                                                      das interacoes entre os atores. Os sites de redes sociais,
                                                                                                    ¸˜
                                                                      que permitem a representacao das RSIs, s˜ o sistemas que
                                                                                                                  a
                                                                                            ¸˜
                                                                      admitem a construcao de uma persona atrav´ s de ume
                                                                                                ¸˜
                                                                      perfil pessoal, a interacao atrav´ s de coment´ rios e a
                                                                                                            e           a
                                                                              ¸˜ u
                                                                      exposicao p´ blica da rede social de cada ator.
                                                                                                        ¸˜
                                                                         Apesar de existirem prescricoes, no sentido de que os
                                                                      recursos t´ cnicos e program´ ticos criam um l´ gica de
                                                                                  e                    a                  o
                                                                      funcionamento poss´vel para as RSIs, segundo Santaella
                                                                                            ı
                                                                      e Lemos [10], as mesmas gozam de mais liberdade, uma
 Figura 2 - Processo de inteligˆ ncia coletiva. Fonte: Cavalcante e
                               e
                                                                      liberdade de entrar, sair, usar at´ o ponto ponder´ vel ou
                                                                                                          e                 a
                       Nepomuceno [3]
                                                                      imponder´ vel que for de interesse do usu´ rio.
                                                                                 a                                 a
           ¸˜                     ´
  A producao de ideias, portanto, e um processo criativo                 Para Recuero [7], o capital social, ou o conjunto de
e coletivo, por´ m necessita de um tempo de amadurec-
               e                                                                      ¸˜
                                                                      recursos e relacoes de conhecimento de um determinado
grupo, n˜ o est´ individualmente nas pessoas, mas em sua
         a     a                                            pr´ xima da realidade dessas redes.
                                                              o
                   ¸˜
estrutura de relacoes. Os tipos de capital social atuam
n˜ o apenas como motivadores para as conex˜ es, mas
  a                                             o
tamb´ m auxiliam a moldar os padr˜ es que v˜ o emergir
      e                               o       a
            ¸˜
da apropriacao dos diversos sites de redes sociais.
                                                ¸˜
    Outro fator impactante na forma das relacoes e a ´
topologia da rede. Augusto de Franco [11] aponta que
                 ´
esta topologia e um fator decisivo, sendo umas mais, e             Figura 4 - Modelo de Redes de Mundos Pequenos
                                   ¸˜
outras menos eficientes, para a acao dos grupos sociais.
Franco parte dos velhos diagramas de Paul Baran (1964),              ¸˜
                                                              VI. S EC AO 6 - R EDES S OCIAIS NO PROCESSO DE
esbocados em um documento em que o autor descrevia
      ¸                                                                         APRENDIZAGEM
a estrutura de um projeto que mais tarde se converteria         Pierre L´ vy [8] afirma que o crescimento do
                                                                           e
na Internet, em sua vers˜ o original.
                          a                                 ciberespaco resulta de um movimento internacional de
                                                                         ¸
    Paul Baran pesquisava qual a maneira mais segura                  ´
                                                            jovens avidos para experimentar, coletivamente, for-
                                       ¸˜
e sustent´ vel de organizar as estacoes de transmiss˜ o
          a                                            a                        ¸˜
                                                            mas de comunicacao diferentes daquelas que as m´dias  ı
                           ¸˜
de r´ dio e telecomunicacoes, para que as mesmas so-
     a                                                      cl´ ssicas prop˜ em.
                                                               a             o
brevivessem a uma cat´ strofe nuclear. Seu documento
                         a                                      Nesta nova sociedade do conhecimento, o que se re-
apresentava trˆ s topologias b´ sicas:
               e              a                                    ´
                                                            quer e que as pessoas sejam capazes de criar e de inovar,
                                                            mudando continuamente os processos de producao e    ¸˜
                                                            de gest˜ o, para descobrir maneiras melhores de fazer e
                                                                     a
                                                                                   ´
                                                            organizar as coisas. E ensejar oportunidades aos educan-
                                                            dos de se tornarem educadores de si mesmos. Aprender
                                                            a aprender est´ intimamente relacionado a aprender a
                                                                              a
                                                            interagir em rede.
                                                                                                ´
                                                                Para Augusto de Franco [11], e necess´ rio libertar o
                                                                                                       a
                                                            processo educativo das amarras que tentam normatiz´ -     a
                                                                                                  ¸˜
                                                            lo de cima para baixo, em instituicoes hierarquizadas,
                                                            burocratizadas e fechadas, desenhadas para guardar em
     Figura 3 - Topologias de Redes. Fonte: Baran (1964)
                                                            caixinhas o suposto conhecimento a ser transferido,
    Nas trˆ s imagens representadas na Figura 3, os n´ s
          e                                             o   de uma maneira pr´ -determinada, para indiv´duos que
                                                                                   e                        ı
s˜ o os mesmos, variando somente a forma de conex˜ o.
  a                                                    a                                      ¸˜
                                                            preencherem determinadas condicoes.
Para Franco, apenas o terceiro tipo, ou modelo dis-             Franco insiste que sistemas educativos devem ser
            ´
tribu´do, e considerado uma rede propriamente dita,
      ı                                                     sempre sistemas socioeducativos configurados em local-
                 ¸˜                 ¸˜
cuja configuracao permite a ligacao das pessoas entre        idades, em socioterritorialidades, quer dizer, em redes
si P2P, sem a existˆ ncia de um centro articulador ou
                       e                                    sociais que se constituem como comunidades, compar-
coordenador. As outras duas topologias, centralizada e      tilhando agendas de aprendizagem.
descentralizada, podem ser chamadas de redes, mas ape-                  ´             ¸˜
                                                                Nesta epoca, a educacao livre nunca foi t˜ o acess´vel.
                                                                                                         a         ı
nas como casos particulares (em termos matem´ ticos).
                                                  a         A Web proporciona aos estudantes ao longo da vida as
Ambas s˜ o, na verdade, hierarquias, pois possuem um
          a                                                 ferramentas para se tornarem autodidatas, para ingressar
´
unico, ou alguns poucos protagonistas, que exercem          nas fileiras de outros autodidata grandes pensadores da
poder verticalizado perante os outros n´ s.
                                        o                   hist´ ria, como Albert Einstein, Alexander Graham Bell,
                                                                 o
               a                    `
    Outra an´ lise complementar as redes distribu´das,
                                                     ı      Paul Allen e Ernest Hemingway.
´
e que elas possuem um forte componente de mundo                 A nova sociedade em rede promover´ uma aceleracao
                                                                                                     a               ¸˜
pequeno. O modelo de mundo pequeno, criado por                             ¸˜
                                                            das competicoes, entre os sistemas, pessoas, empresas, e
Ducan Watts e Steven Strogatz [12], demonstrava que a                                       ¸˜
                                                            tamb´ m provocar´ uma aceleracao das possibilidades de
                                                                   e            a
distˆ ncia m´ dia entre quaisquer duas pessoas no planeta
     a        e                                                       ¸˜
                                                            cooperacao. As pessoas poder˜ o cooperar muito mais,
                                                                                            a
n˜ o ultrapassaria um n´ mero pequeno de outras pessoas,
  a                      u                                  dentro de um contexto de abundˆ ncia de informacao e
                                                                                               a                 ¸˜
bastando que alguns lacos aleat´ rios fossem acrescidos
                          ¸       o                         conhecimento, onde se muda integralmente o lema de
                                         ´
entre os grupos. Este tipo de modelo e especialmente        educar. Antes o necess´ rio era decorar, agora precisa-se
                                                                                     a
aplicado para redes sociais e mostra uma rede mais          aprender processos, m´ todos, estruturas no n´vel meta,
                                                                                     e                      ı
ou acima do conte´ do, para que seja poss´vel elicitar,
                     u                        ı               modelo que tem se desenvolvido em diversos projetos
elaborar, capturar e gerar conhecimento novo, realizando      cooperativos. O acesso livre e aberto aos conte´ dos       u
                       ¸˜
processos de cooperacao com os sistemas, com as pes-                                     ´
                                                              postados pelos usu´ rios e um diferencial, sem qualquer
                                                                                   a
soas, com as redes. Tudo isto criar´ um n´ mero de
                                        a       u             mecanismo de restricao.¸˜
                          ¸˜
oportunidades de educacao fant´ stico.
                                 a                                             o                ¸˜              ¸˜
                                                                 No Fluzz, a tˆ nica da interacao e da formacao de lacos   ¸
                             ¸˜
   Esse processo de educacao tem que ser transformado         sociais n˜ o pode ser baseada em v´nculos preexistentes,
                                                                        a                            ı
radicalmente em um processo de aprendizado, saindo de                                ¸˜
                                                              mas sim na penetracao individual em fluxos de ideias,
um processo hier´ rquico, para um processo comunit´ rio,
                   a                                   a      fluxos coletivos abertos de ideias compartilhadas em
de aprendizado cont´nuo, em um contexto segundo S´lvio
                     ı                                 ı      tempo real, que est˜ o em movimento cont´nuo. Por isso
                                                                                   a                        ı
Meira (UFPE) de coopeticao. Competir e cooperar si-
                             ¸˜                               ele possui uma dinˆ mica diferente das conhecidas RSIs.
                                                                                   a
multaneamente, usando intensivamente as ferramentas                                                          ¸˜
                                                                 Os atores podem fazer sugest˜ es, indicacoes, cr´ticas,
                                                                                                   o                   ı
que s˜ o os l´ pis de hoje.
      a      a                                                elogios. Podem criar experimentos e solicitar ajuda
   A mudanca do sistema educacional vai transformar a
             ¸                                                quando necess´ rio. Podem apresentar resultados, pos-
                                                                               a
       ¸˜
educacao, de um sistema concentrado em estruturas e           itivos ou negativos dos experimentos individuais ou
      ¸˜
restricoes, para um sistema conjuntural e de articulacao ¸˜   coletivos. A ideia foi de criar um amplo campo de
m´ tua para resolver problemas. Ser˜ o estabelecidos
  u                                      a                                         ¸˜
                                                              projetos, em execucao, ou j´ finalizados. Isso propicia
                                                                                              a
                e                            ¸˜
processos e m´ todos, propiciando articulacoes em um          um interessante ambiente de conhecimento coletivo.
paradigma conjuntural de forma intensa, com alta conec-                                ´
                                                                 O foco do Fluzz e colocar o que est´ na cabeca
                                                                                                              a              ¸
                  ¸˜
tividade e interacao, estimulando a reflex˜ o coletiva, que-
                                          a                   das pessoas, de forma t´ cita, em forma de processos.
                                                                                         a
brando hierarquias, deslocalizando e dessincronizando a                                                  ¸˜   ´
                                                              A melhor maneira de prover inovacoes e atrav´ s de       e
                                     ¸˜
geografia do conhecimento e das acoes humanas.                                                          ´
                                                              projetos, que s˜ o empreendimentos unicos, tempor´ rios,
                                                                              a                                         a
                                                                                    ¸˜
                                                              em busca da realizacao de algum objetivo. No ambiente
                  ¸˜
          VII. S EC AO 7 - O PROJETO F LUZZ                   do Fluzz, as pessoas podem criar e compartilhar projetos.
   A palavra fluzz nasceu de uma conversa informal                                                        ¸˜
                                                                 A metodologia utilizada para criacao do projeto foi
do autor Augusto de Franco, no in´cio de 2010, com
                                         ı                    inspirada na metodologia criada por Cavalcante e Nepo-
Marcelo Estraviz, sobre o Buzz do Google. O autor             muceno [3], e nas ideias de interatividade de Johnson
observava que Buzz n˜ o captava adequadamente o fluxo
                       a                                      [9] e Franco [13], cujas propostas s˜ o gerar inteligˆ ncia
                                                                                                       a                e
            ¸˜
da conversacao, argumentando que era necess´ rio criar
                                                   a                                        ¸˜
                                                              coletiva, mediante a ampliacao do crescimento individual
                                                     ¸˜
outro tipo de plataforma, i-based, baseada na interacao e     e do grupo.
 a                                   ¸˜
n˜ o p-based, baseada na participacao. Marcelo Estraviz          De acordo com a metodologia citada, as acoes que  ¸˜
                          ¸˜
respondeu com a interjeicao fluzz, na ocasi˜ o mais como
                                              a               fazem a diferenca, criando um cen´ rio de swarming, ou
                                                                                ¸                    a
uma brincadeira, para tentar traduzir a ideia de Buzz mais    enxameamento s˜ o: conectar, item fundamental para que
                                                                                 a
fluxo, que mais tarde se converteria no nome do livro de       o usu´ rio esteja no ambiente em rede; agrupar, encontrar
                                                                    a
Franco, Fluzz: Vida humana e convivˆ ncia social nos
                                            e                 rapidamente suas comunidades para trocar experiˆ ncias; e
novos mundos altamente conectados do terceiro milˆ nio e      interagir, dentro da rede, participar efetivamente; con-
[13].                                                                                      ¸˜
                                                              hecer, a partir da interacao, ampliar o conhecimento
   O objetivo do projeto, homˆ nimo do livro de
                                     o                        nos temas discutidos; inovar, a partir do conhecimento,
Franco, consiste em construir uma rede social artic-                                                   ¸˜
                                                              iniciar o ciclo de reciclagem e inovacao; mudar, permitir
ulada, provinda das inteligˆ ncias coletivas consciente
                              e                               mudancas sociais para o indiv´duo, e o grupo-alvo.
                                                                      ¸                          ı
e inconsciente. O projeto foi elaborado a partir das
estruturas de microblogging e conex˜ es do Twitter, com
                                        o
algumas caracter´sticas do Storify e do Instructables, mas
                 ı
com algumas funcionalidades, e espacos de interacoes
                                           ¸           ¸˜
                                                 ´
diferenciados. Uma dessas funcionalidades, e um espaco    ¸
                         ¸˜
maior para fundamentacao, ou detalhamento de ideias,
quando necess´ rio.
               a
   O Fluzz possui ambiente de usu´ rio e de comu-
                                           a
nidades. As comunidades devem estar submetidas ao                Figura 5 - Modelo Ontol´ gico do Fluzz. Fonte: Cavalcante e
                                                                                        o
                                                                                    Nepomuceno [3]
princ´pio da autogest˜ o. Os usu´ rios que sa´rem da linha
      ı               a         a              ı
ser˜ o aos poucos banidos pela pr´ pria comunidade, um
   a                                o                           A ferramenta possui recursos para envio de mensagens
do espaco individual para o coletivo com facilidade.
           ¸                                                            eficiˆ ncia dos grupos-alvo; criar e ampliar mercados;
                                                                             e
        e                           a              `
Tamb´ m garante, tanto ao usu´ rio quanto a comunidade,                 aumentar a velocidade de aprendizado; gerar novos
acesso as ferramentas interativas da rede como chat,                    tipos de conhecimento; articular especialistas para evitar
blogs, armazenamento de arquivos, integracao com as    ¸˜                        ¸˜                ´
                                                                        duplicacao de esforcos. E nesse contexto que a rede
                                                                                             ¸
principais redes sociais.                                                                                         ¸˜
                                                                        social Fluzz surge, promovendo interacoes m´ tuas entre
                                                                                                                        u
    O Fluzz provˆ de mecanismos de opcao de recebi-
                     e                             ¸˜                                                              ¸˜
                                                                        os participantes, caracterizadas por relacoes interdepen-
mento de mensagens por email, para sempre alertar os                                                    ¸˜
                                                                        dentes e processos de negociacao, em que cada intera-
                                      ¸˜
usu´ rios de alguma movimentacao relativa ao seu perfil.
     a                                                                                              ¸˜
                                                                        gente participa da construcao inventiva e cooperada da
                                 ´         ´
    O ambiente individual e uma area onde o usu´ rio            a           ¸˜
                                                                        relacao.
pode estabelecer sua identidade e disponibilizar as                                 ¸˜                                        ¸˜
                                                                           A utilizacao do Fluzz para engajamento e participacao
           ¸˜
informacoes que considerar relevante. Uma esp´ cie de       e                         ¸˜                        ´
                                                                        em colaboracao intelectual on-line e um exemplo que
blog individual onde ele possa postar artigos, teses,                   demonstra como o encadeamento de respostas e o
relat´ rios, fotos, v´deos, links, pdfs, slides. Todas as
      o                  ı                                              entrelacamento de ideias em fluxos coletivos pode ser um
                                                                                ¸
           ¸˜
informacoes devem ser pass´veis de coment´ rios dos
                                    ı                     a             processo complexo, que envolve dinˆ micas de interacao
                                                                                                                a             ¸˜
                                       ¸˜
usu´ rios, sempre com quantificacao dos resultados.
     a                                                                                         ´
                                                                        em tempo real. Essa e uma m´dia que pode ser usada
                                                                                                         ı
                           ¸˜
    Recursos para criacao de enquetes, al´ m de ferramen-
                                                e                       simultaneamente para engajar os membros de uma co-
                 ¸˜
tas de animacao foram disponibilizados. Os ambientes                    munidade ao redor de uma ideia, aferir o entendimento
de comunidades, operam plenamente dentro do conceito                    coletivo do grupo sobre determinado conceito, detectar
                                                ¸˜
de muitos para muitos, sem a intervencao de um con-                          e                      ¸˜            ¸˜
                                                                        tendˆ ncias, promover solucoes e inovacoes.
trolador de conte´ do. O mecanismo de animacao possui
                      u                                  ¸˜                                             ¸˜
                                                                           A ideia principal de concepcao do Fluzz, foi de criar
a inteligˆ ncia de destacar na primeira p´ gina, os itens
           e                                      a                     um espaco no qual o surgimento das ideias emergisse na
                                                                                  ¸
mais relevantes, ou os mais consultados pelos membros                                        ¸˜
                                                                        medida em que relacoes de exterioridade s˜ o estabele-
                                                                                                                      a
daquela comunidade.                                                     cidas entre os conte´ dos da experiˆ ncia. Foi idealizada
                                                                                             u                e
    Existe na ferramenta um mecanismo de busca para                            ¸˜
                                                                        a criacao de um modelo ontol´ gico bottom-up, onde as
                                                                                                       o
rastrear conte´ do atrav´ s de crit´ rios n˜ o somente
                  u            e             e        a                                                    ¸˜
                                                                        pessoas possam desenvolver solucoes colaborativamente,
                                 ¸˜
semˆ nticos, mas de valoracao pelos pr´ prios usu´ rios,
      a                                          o            a                              ¸˜
                                                                        combinando as solucoes e o conte´ do de mais de um
                                                                                                              u
usando o conceito de folksonomia. Nenhum tipo de                        projeto para produzir uma experiˆ ncia integrada.
                                                                                                           e
              ´
anonimato e poss´vel, para permitir a criacao de lacos
                       ı                              ¸˜         ¸                                R EFERENCES
                                         ¸˜
que geram conhecimento. Educacao e etiqueta dever˜ o               a
                                                                         [1] A. L. Barabasi, How Everything is Connected to Everything
ser medidos pelos pr´ prios membros da rede, em con-
                           o                                                 else and what it means for Business, Science and Everyday
stante busca pela autorregulacao.  ¸˜                                        Life. Editora Plume, 2003.
                                                ´
    Outro recurso importante do Fluzz, e a liberacao de      ¸˜          [2] C. Bereiter, Education and Mind in the Knowledge Age. Edi-
                           ¸˜
sua API para construcao de aplicativos que utilizem das                      tora Lawrence Erlbaum Associates, 2009.
                                                                         [3] M. Cavalcanti and C. Nepomuceno, O Conhecimento em Rede.
           ¸˜
informacoes contidas na plataforma.                                          Editora Elsevier, 2007.
         ´                                     ´
    A unica regra expl´cita do Fluzz e que um perfil
                             ı                                           [4] P. Levy, Cibercultura. Editora 34, 1999.
com mais de trinta dias sem qualquer visita de seu pro-                  [5] L. V. Bertalanffy, Teogia Geral dos Sistemas. Editora Vozes,
                                                                             1975.
priet´ rio, ser´ devidamente colocado em modo stand by,
      a         a                                                        [6] S. Johnson, Emergence: The Connected Lives of Ants, Brains,
deixando de estar ativo na rede. Estimular a colaboracao         ¸˜          Cities, and Software. Editora Scribner, 2001.
´
e um ato cont´nuo, que n˜ o pode ser realizado espo-
                   ı             a                                       [7] R. Recuero, Redes Sociais na Internet. Editora Sulina, 2009.
radicamente. Dessa forma o usu´ rio n˜ o entendeu o
                                          a       a                      [8] P. Levy, A Inteligencia Coletiva. Editora Loyola, 1994.
                                                                         [9] S. Johnson, Where Good Ideas Come From: The Natural
prop´ sito principal desta rede social. O lema do Fluzz e:
       o                                                            ´        History of Innovation. Editora Riverhead Hardcover, 2010.
n˜ o basta participar, tem que interagir. Criando projetos,
  a                                                                     [10] L. Santaella and R. Lemos, Redes sociais digitais - a cognicao
opinando, indicando, criticando, recriando.                                  conectiva do Twitter. Editora Paulus, 2010.
                                                                        [11] A. de Franco, Escola de Redes: Novas visoes sobre a sociedade,
                ¸˜                 ¸˜
       VIII. S EC AO 8 - C ONSIDERAC OES F INAIS                             o desenvolvimento, a Internet, a politica e o mundo glocalizado.
                                                                             Editora Saturnos Assessoria em Comunicacao Social S/C Ltda,
                ¸˜
   Uma populacao cada vez mais articulada em uma rede                        2008.
distribu´da ser´ capaz de: dar respostas mais r´ pidas para
         ı     a                               a                        [12] D. Watts and S. Strogatz, Collective Dynamics of small-world
                                                                             networks. Editora Nature, 1998.
mudancas de cen´ rios internos e externos; articular-se
        ¸          a
                                                                        [13] A. de Franco, Fluzz: Vida humana e convivencia social nos
                             ´
sem limites regionais por areas de interesse e atuacao  ¸˜                   novos mundos altamente conectados do terceiro milenio. Ed-
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  • 1. Fluzz: Uma rede social baseada em inteligˆ ncia e coletiva Ericsson Santana Marin Instituto de Inform´ tica a Universidade Federal de Goi´ s (UFG) a Goiˆ nia – GO – Brasil a {ericssonmarin}@inf.ufg.br Abstract—This article aims to map and discuss the compreens˜ o da emergˆ ncia e da capacidade da so- a e transformations that the society is undergoing in the ciedade humana de gerar ordem bottom-up por meio new networked environment, provided by the Internet. It ¸˜ ¸˜ da cooperacao. Esta articulacao, modifica o background also aims to introduce the social network Fluzz, designed e lanca novos pressupostos para as teorias sobre a ¸ to enjoy all the benefits of collective intelligence. This ¸˜ sociedade. Como aplicacao deste estudo, o projeto de social network has as its main focus the exchange of experiences between users, allowing the emergence of ´ uma rede social denominada Fluzz, e concebido para innovative projects. The context established places people ¸˜ organizar, otimizar, e favorecer o processo de interacao in a continuous process production, supporting, dissemi- a ı ¸˜ entre os usu´ rios e a busca cont´nua por inovacoes. nating, multiplying, defending, distributing, discussing and O restante deste texto est´ organizado da seguinte a developing innovations in large scale. ¸˜ maneira. A secao 2 apresenta uma reflex˜ o sobre a nova a Index Terms—Social Networks, Collective Intelligence, ¸˜ ¸˜ sociedade em rede. A secao 3 d´ uma explanacao sobre a Innovation. conceitos dos sistemas complexos adaptativos e suas ¸˜ ¸˜ implicacoes em rede sociais. A secao 4 discute sobre ¸˜ ¸˜ I. S EC AO 1 - I NTRODUC AO ¸˜ inteligˆ ncia coletiva. A secao 5 realiza uma abordagem e A necessidade de conex˜ o do ser humano existe a das redes sociais na Internet, com suas carater´sitcas ı desde o surgimento de suas habilidades de escrita h´ a ¸˜ peculiares. A secao 6 relaciona redes sociais no processo mais de cinco mil anos. As facilidades oferecidas pela ¸˜ ´ de aprendizagem. Em seguida, na secao 7, e apresentada Internet trouxeram um novo impulso a estas conex˜ es. o a rede social Fluzz, com os princ´pios que nortearam sua ı As chamadas Redes Sociais atingiram escala planet´ ria, a ¸˜ concepcao e suas principais caracter´sticas. Finalmente, ı ¸˜ com a participacao de milh˜ es de pessoas. Bilh˜ es de o o ¸˜ ¸˜ a secao 8 traz algumas consideracoes finais. documentos j´ est˜ o dispon´veis em uma verdadeira a a ı biblioteca global, com as pessoas adquirindo capacidade ¸˜ II. S EC AO 2 - A SOCIEDADE EM REDE de conex˜ o com quase qualquer outra pessoa no planeta. a ´ E not´ rio que a Internet abriu as portas para o de- o A inteligˆ ncia coletiva sempre existiu na sociedade. e ¸˜ senvolvimento da sociedade da informacao e do con- Entretanto, atrav´ s da internet, esta inteligˆ ncia teve seus e e hecimento. Hoje presencia-se a chamada Era das Redes, horizontes abertos, rompeu barreiras para uma ativi- que vem sendo analisada por uma importante ciˆ ncia e dade at´ ent˜ o limitada, sobretudo geograficamente. A e a intitulada Teoria das Redes, inicialmente proposta por ´ novidade agora e que deve-se considerar a inteligˆ ncia e Barab´ si [1], e que tem como objetivo mapear os novos a coletiva em rede, estimulada pela troca de informacoes ¸˜ modelos de estudo de redes. a distˆ ncia. Com grande velocidade e a baixo custo, esta a ¸˜ ¸˜ As facilidades de interacao, a democratizacao de ´ inteligˆ ncia e estimulada por grupos de pessoas em um e ` ¸˜ acesso as informacoes, e o avanco das chamadas TICs ¸ ¸˜ ambiente multidirecional de comunicacao, baseado no ¸˜ ¸˜ (Tecnologias de Informacao e Comunicacao), reduziram ¸˜ novo paradigma de comunicacao de muitos para muitos. os custos, aumentaram a velocidade, o alcance e a ´ O objetivo deste artigo e um estudo da inteligˆ ncia e assincronicidade, permitindo o rompimento das barreiras coletiva e da nova sociedade em rede, a aplicacao do ¸˜ a ¸˜ temporais e geogr´ ficas da comunicacao. instrumental das teorias dos sistemas complexos aos Segundo o psic´ logo russo, Lev Semenovich Vygot- o sistemas de agentes compostos por seres humanos, a ¸˜ sky (1896-1934), todas as funcoes mentais de alto n´vel ı
  • 2. se originam dos relacionamentos entre indiv´duos. O ı O efeito borboleta tem servido como met´ fora para a pesquisador educacional Carl Bereiter [2], aprofunda algumas pesquisas sobre a influˆ ncia da Internet, por e ainda mais, afirmando que todo conhecimento est´ nas a considerar que, na era digital, o conhecimento adquirido ¸˜ relacoes entre os indiv´duos envolvidos numa atividade, ı em rede, por meio da tecnologia, ocorre dentro de ¸˜ com as ferramentas que eles usam e as condicoes mate- ambientes que est˜ o, em grande parte, fora do controle a riais do ambiente no qual a atividade acontece. ¸˜ dos indiv´duos. Na internet a informacao compartilhada ı Cavalcante e Nepomuceno [3] entendem que as comu- ı ´ adquire contornos imprevis´veis, pois e dividida social- nidades em rede s˜ o o epicentro dos projetos inovadores a mente como resultado das conex˜ es estabelecidas. o do futuro, pois atuam como canais de r´ pida divulgacao a ¸˜ Um aspecto importante da dinˆ mica das redes sociais a ¸˜ a ¸˜ e distribuicao de ideias e produtos. S˜ o agregacoes de ´ e a sua emergˆ ncia. Trata-se de uma caracter´stica dos e ı pessoas em torno de interesses comuns, independente de sistemas complexos [6], e envolve o aparecimento de ¸˜ fronteiras ou demarcacoes territoriais fixas. Est˜ o abertas a padr˜ es de comportamento em larga escala, que n˜ o s˜ o o a a para a troca de conhecimentos e experiˆ ncias, que geram e necessariamente determinados em microescala. Isso quer ¸˜ oportunidades de colaboracao sem precedentes, criando dizer que as propriedades emergentes s˜ o aquelas que a a ¸˜ uma nova dimens˜ o para a inovacao. o sistema possui, mas que n˜ o podem ser encontradas a ¸˜ O novo conceito ou nova geracao da Web, a chamada em suas partes individualmente. Essas dinˆ micas sociais a Web 3.0, que emprega al´ m da possibilidade de realizar e podem ser constru´das coletivamente, em um processo ı ¸˜ transacoes, Web 1.0, e de poder participar e produzir, Web ´ bottom-up, que e o mecanismo da emergˆ ncia, pois de- e 2.0, tamb´ m admite a qualquer um inovar, programar e nota como esses comportamentos devem vir debaixo para as interfaces de sua maneira, agregar valores, classificar, cima em um determinado sistema. Para Recuero [7], ´ tornando-se multifuncional. O momento e de ubiquidade, a emergˆ ncia aparece com o surgimento de comporta- e e como afirma o professor e cientista S´lvio Meira da ı mentos coletivos, n˜ o centralizados. Dentro desta esfera, a ¸˜ UFPE, de dividir a atencao com v´ rias coisas simultane- a o aparecimento da ordem em sistemas ca´ ticos, a auto- o ¸˜ amente, em um processo de atencao parcial cont´nua. ı ¸˜ ¸˜ organizacao e a adaptacao dos sistemas, s˜ o considerados a Aquilo que Einstein (1879-1955) chamou de bomba comportamentos emergentes. O pr´ prio surgimento das o ¸˜ das telecomunicacoes foi chamado por Roy Ascott [4] redes sociais na internet pode ser considerado como um ¸˜ de segundo dil´ vio, o das informacoes, por conta da u comportamento emergente e auto-organizado. natureza exponencial, e ca´ tica de seu crescimento. o ¸˜ III. S EC AO 3 - S ISTEMAS COMPLEXOS ADAPTATIVOS Ludwig Von Bertalanffy [5], desenvolveu a chamada Teoria Geral dos Sistemas, que implicava em uma ¸˜ reorientacao fundamental do pensamento cient´fico so- ı bre os sistemas. Neste estudo, ele afirmava que, para ¸˜ Figura 1 - Representacao de um sistema complexo entender um fenˆ meno, era necess´ rio observar n˜ o o a a ¸˜ apenas suas partes, mas suas partes em interacao. Esses Johnson [6] afirma que os coletivos inteligentes que estudos coincidiram com diversas outras abordagens que ¸˜ ¸˜ as redes de comunicacao colocaram em acao, exibem buscavam superar o paradigma anal´tico-cartesiano. ı caracter´sticas que s˜ o pr´ prias dos sistemas complexos ı a o No in´cio da d´ cada de 1960, o meteorologista amer- ı e adaptativos, ou seja, processos emergentes que operam a ` icano Edward Lorenz iniciou estudos que ficaram con- semelhanca dos sistemas de enxames, cujas principais ¸ hecidos como Teoria do Caos, a partir da matem´ tica a caracter´sticas s˜ o: ausˆ ncia de controle centralizado, ı a e n˜ o linear. Ao estudar um programa de computador que a natureza autˆ noma das subunidades, alta conectividade o testava o movimento de massas de ar, Lorenz constatou entre as subunidades e causalidade em rede n˜ o linear a ¸˜ que pequenas alteracoes ao longo de um processo pode- de iguais que exercem influˆ ncia sobre iguais. e ¸˜ riam representar, ao final, consequˆ ncias de proporcoes e incalcul´ veis. Esse efeito desordenado e imprevis´vel foi a ı ¸˜ ˆ IV. S EC AO 4 - A INTELIG E NCIA COLETIVA definido como efeito borboleta, e de acordo com seu ¸˜ Compartilhar informacoes, ou compartilhar descober- criador, poderia ser entendido como se o bater de asas ´ tas importantes, e um benef´cio que ajuda as pessoas a ı de uma borboleta na China pudesse provocar, tempos ¸˜ agirem mais r´ pido. A colaboracao gera sinergia, e con- a depois, um tornado no Texas. sequentemente melhorias, competitividade e inovacao,¸˜
  • 3. criando o ambiente ideal para novas ideias. imento. Examinando os espacos que foram representa- ¸ Pierre L´ vy [8] define a inteligˆ ncia coletiva como e e ¸˜ tivos para a hist´ ria da inovacao da humanidade, Johnson o uma inteligˆ ncia distribu´da por toda parte, incessante- e ı [9] descobriu alguns padr˜ es recorrentes, e batizou um o mente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta deles de Slow Hunch, ou palpite lento. ¸˜ em uma mobilizacao efetiva das competˆ ncias, tendo e Segundo Johnson, as ideias precisam de um tempo como base e objetivos, o conhecimento e o enriqueci- ¸˜ de incubacao, e passam por um bom tempo na forma ¸˜ mento m´ tuo das pessoas. Comporta a nocao de que o u de palpite parcial. Consequentemente, quando as ideias ¸˜ universo dos internautas pode fornecer informacoes mais ganham forma neste estado de palpite, elas precisam ´ exatas do que peritos individuais. A ideia e que o todo colidir com outros palpites. Para Johnson, aquilo que seja capaz de se autocorrigir. a ´ transforma um palpite em algo extraordin´ rio, e outro Segundo Cavalcante e Nepomuceno [3], essa in- palpite, que andou povoando a mente de outra pessoa. teligˆ ncia coletiva pode ser classificada de trˆ s formas: e e Seguindo o racioc´nio do autor, boas ideias surgem da ı a inconsciente, que ocorre quando o usu´ rio contribui a colis˜ o entre dois palpites menores, que formam portanto a ¸˜ com alguma informacao para o coletivo, mesmo sem algo maior do que eles pr´ prios. o saber, pelo simples fato de navegar; a consciente que ¸˜ O grande propulsor da inovacao cient´fica e tec- ı ocorre quando o usu´ rio contribui de maneira volunt´ ria a a nol´ gica, sempre foi o aumento hist´ rico na conectivi- o o e efetiva; a plena, que potencializa as duas formas dade, e na capacidade das pessoas de buscar parceiros ´ anteriores. Para os autores, o ideal e que em projetos de com quem possam trocar ideias, e pegar emprestado inteligˆ ncia coletiva em rede, a inteligˆ ncia plena esteja e e palpites alheios, combin´ -los com seus pr´ prios palpites, a o presente. e transform´ -los em algo novo. Pensar em formas de a Pode-se notar, dessa forma, uma profus˜ o de co- a se criar sistemas e ambientes, que permitam que esses munidades em redes articuladas que surgem como um palpites se unam, e se tornem algo maior do que eram rem´ dio para o veneno da velocidade acelerada das e ´ em partes independentes, e um desafio para a sociedade. ¸˜ mudancas, da especializacao crescente, do tempo escasso ¸ ¸˜ V. S EC AO 5 - R EDES S OCIAIS NA I NTERNET ¸˜ e do excesso de informacao. Assim, participar de uma ´ comunidade em rede e uma sa´da para solucionar estes ı ¸˜ ´ A nocao de rede e onipresente e onipotente em todas ¸˜ problemas, pois permite a ampliacao da capacidade de a ´ as disciplinas. A tem´ tica e complexa, e transita em todas coleta e an´ lise r´ pida de dados, filtrando o que e a a ´ ´ as areas de conhecimento. Redes Sociais complexas relevante, atrav´ s do contato regular de um determinado e sempre existiram, mas os desenvolvimentos tecnol´ gicoso grupo que partilhe os mesmos interesses. Toda essa recentes permitiram sua emergˆ ncia como uma forma e rede de conex˜ es, utiliza os conhecimentos coletivos e o ¸˜ dominante de organizacao social. Exatamente como uma volunt´ rios espalhados pela internet, criando conte´ do, a u rede de computadores conecta m´ quinas, uma rede social a ¸˜ solucoes ou desenvolvendo tecnologias. ¸˜ conecta pessoas, instituicoes e suporta redes sociais. ´ Uma Rede Social na Internet RSI e uma estrutura composta pelos atores (n´ s), que s˜ o representacoes o a ¸˜ ¸˜ das pessoas ou organizacoes, e pelas conex˜ es, con- o ı ¸˜ stitu´das de relacoes e lacos sociais, formados atrav´ s ¸ e ¸˜ das interacoes entre os atores. Os sites de redes sociais, ¸˜ que permitem a representacao das RSIs, s˜ o sistemas que a ¸˜ admitem a construcao de uma persona atrav´ s de ume ¸˜ perfil pessoal, a interacao atrav´ s de coment´ rios e a e a ¸˜ u exposicao p´ blica da rede social de cada ator. ¸˜ Apesar de existirem prescricoes, no sentido de que os recursos t´ cnicos e program´ ticos criam um l´ gica de e a o funcionamento poss´vel para as RSIs, segundo Santaella ı e Lemos [10], as mesmas gozam de mais liberdade, uma Figura 2 - Processo de inteligˆ ncia coletiva. Fonte: Cavalcante e e liberdade de entrar, sair, usar at´ o ponto ponder´ vel ou e a Nepomuceno [3] imponder´ vel que for de interesse do usu´ rio. a a ¸˜ ´ A producao de ideias, portanto, e um processo criativo Para Recuero [7], o capital social, ou o conjunto de e coletivo, por´ m necessita de um tempo de amadurec- e ¸˜ recursos e relacoes de conhecimento de um determinado
  • 4. grupo, n˜ o est´ individualmente nas pessoas, mas em sua a a pr´ xima da realidade dessas redes. o ¸˜ estrutura de relacoes. Os tipos de capital social atuam n˜ o apenas como motivadores para as conex˜ es, mas a o tamb´ m auxiliam a moldar os padr˜ es que v˜ o emergir e o a ¸˜ da apropriacao dos diversos sites de redes sociais. ¸˜ Outro fator impactante na forma das relacoes e a ´ topologia da rede. Augusto de Franco [11] aponta que ´ esta topologia e um fator decisivo, sendo umas mais, e Figura 4 - Modelo de Redes de Mundos Pequenos ¸˜ outras menos eficientes, para a acao dos grupos sociais. Franco parte dos velhos diagramas de Paul Baran (1964), ¸˜ VI. S EC AO 6 - R EDES S OCIAIS NO PROCESSO DE esbocados em um documento em que o autor descrevia ¸ APRENDIZAGEM a estrutura de um projeto que mais tarde se converteria Pierre L´ vy [8] afirma que o crescimento do e na Internet, em sua vers˜ o original. a ciberespaco resulta de um movimento internacional de ¸ Paul Baran pesquisava qual a maneira mais segura ´ jovens avidos para experimentar, coletivamente, for- ¸˜ e sustent´ vel de organizar as estacoes de transmiss˜ o a a ¸˜ mas de comunicacao diferentes daquelas que as m´dias ı ¸˜ de r´ dio e telecomunicacoes, para que as mesmas so- a cl´ ssicas prop˜ em. a o brevivessem a uma cat´ strofe nuclear. Seu documento a Nesta nova sociedade do conhecimento, o que se re- apresentava trˆ s topologias b´ sicas: e a ´ quer e que as pessoas sejam capazes de criar e de inovar, mudando continuamente os processos de producao e ¸˜ de gest˜ o, para descobrir maneiras melhores de fazer e a ´ organizar as coisas. E ensejar oportunidades aos educan- dos de se tornarem educadores de si mesmos. Aprender a aprender est´ intimamente relacionado a aprender a a interagir em rede. ´ Para Augusto de Franco [11], e necess´ rio libertar o a processo educativo das amarras que tentam normatiz´ - a ¸˜ lo de cima para baixo, em instituicoes hierarquizadas, burocratizadas e fechadas, desenhadas para guardar em Figura 3 - Topologias de Redes. Fonte: Baran (1964) caixinhas o suposto conhecimento a ser transferido, Nas trˆ s imagens representadas na Figura 3, os n´ s e o de uma maneira pr´ -determinada, para indiv´duos que e ı s˜ o os mesmos, variando somente a forma de conex˜ o. a a ¸˜ preencherem determinadas condicoes. Para Franco, apenas o terceiro tipo, ou modelo dis- Franco insiste que sistemas educativos devem ser ´ tribu´do, e considerado uma rede propriamente dita, ı sempre sistemas socioeducativos configurados em local- ¸˜ ¸˜ cuja configuracao permite a ligacao das pessoas entre idades, em socioterritorialidades, quer dizer, em redes si P2P, sem a existˆ ncia de um centro articulador ou e sociais que se constituem como comunidades, compar- coordenador. As outras duas topologias, centralizada e tilhando agendas de aprendizagem. descentralizada, podem ser chamadas de redes, mas ape- ´ ¸˜ Nesta epoca, a educacao livre nunca foi t˜ o acess´vel. a ı nas como casos particulares (em termos matem´ ticos). a A Web proporciona aos estudantes ao longo da vida as Ambas s˜ o, na verdade, hierarquias, pois possuem um a ferramentas para se tornarem autodidatas, para ingressar ´ unico, ou alguns poucos protagonistas, que exercem nas fileiras de outros autodidata grandes pensadores da poder verticalizado perante os outros n´ s. o hist´ ria, como Albert Einstein, Alexander Graham Bell, o a ` Outra an´ lise complementar as redes distribu´das, ı Paul Allen e Ernest Hemingway. ´ e que elas possuem um forte componente de mundo A nova sociedade em rede promover´ uma aceleracao a ¸˜ pequeno. O modelo de mundo pequeno, criado por ¸˜ das competicoes, entre os sistemas, pessoas, empresas, e Ducan Watts e Steven Strogatz [12], demonstrava que a ¸˜ tamb´ m provocar´ uma aceleracao das possibilidades de e a distˆ ncia m´ dia entre quaisquer duas pessoas no planeta a e ¸˜ cooperacao. As pessoas poder˜ o cooperar muito mais, a n˜ o ultrapassaria um n´ mero pequeno de outras pessoas, a u dentro de um contexto de abundˆ ncia de informacao e a ¸˜ bastando que alguns lacos aleat´ rios fossem acrescidos ¸ o conhecimento, onde se muda integralmente o lema de ´ entre os grupos. Este tipo de modelo e especialmente educar. Antes o necess´ rio era decorar, agora precisa-se a aplicado para redes sociais e mostra uma rede mais aprender processos, m´ todos, estruturas no n´vel meta, e ı
  • 5. ou acima do conte´ do, para que seja poss´vel elicitar, u ı modelo que tem se desenvolvido em diversos projetos elaborar, capturar e gerar conhecimento novo, realizando cooperativos. O acesso livre e aberto aos conte´ dos u ¸˜ processos de cooperacao com os sistemas, com as pes- ´ postados pelos usu´ rios e um diferencial, sem qualquer a soas, com as redes. Tudo isto criar´ um n´ mero de a u mecanismo de restricao.¸˜ ¸˜ oportunidades de educacao fant´ stico. a o ¸˜ ¸˜ No Fluzz, a tˆ nica da interacao e da formacao de lacos ¸ ¸˜ Esse processo de educacao tem que ser transformado sociais n˜ o pode ser baseada em v´nculos preexistentes, a ı radicalmente em um processo de aprendizado, saindo de ¸˜ mas sim na penetracao individual em fluxos de ideias, um processo hier´ rquico, para um processo comunit´ rio, a a fluxos coletivos abertos de ideias compartilhadas em de aprendizado cont´nuo, em um contexto segundo S´lvio ı ı tempo real, que est˜ o em movimento cont´nuo. Por isso a ı Meira (UFPE) de coopeticao. Competir e cooperar si- ¸˜ ele possui uma dinˆ mica diferente das conhecidas RSIs. a multaneamente, usando intensivamente as ferramentas ¸˜ Os atores podem fazer sugest˜ es, indicacoes, cr´ticas, o ı que s˜ o os l´ pis de hoje. a a elogios. Podem criar experimentos e solicitar ajuda A mudanca do sistema educacional vai transformar a ¸ quando necess´ rio. Podem apresentar resultados, pos- a ¸˜ educacao, de um sistema concentrado em estruturas e itivos ou negativos dos experimentos individuais ou ¸˜ restricoes, para um sistema conjuntural e de articulacao ¸˜ coletivos. A ideia foi de criar um amplo campo de m´ tua para resolver problemas. Ser˜ o estabelecidos u a ¸˜ projetos, em execucao, ou j´ finalizados. Isso propicia a e ¸˜ processos e m´ todos, propiciando articulacoes em um um interessante ambiente de conhecimento coletivo. paradigma conjuntural de forma intensa, com alta conec- ´ O foco do Fluzz e colocar o que est´ na cabeca a ¸ ¸˜ tividade e interacao, estimulando a reflex˜ o coletiva, que- a das pessoas, de forma t´ cita, em forma de processos. a brando hierarquias, deslocalizando e dessincronizando a ¸˜ ´ A melhor maneira de prover inovacoes e atrav´ s de e ¸˜ geografia do conhecimento e das acoes humanas. ´ projetos, que s˜ o empreendimentos unicos, tempor´ rios, a a ¸˜ em busca da realizacao de algum objetivo. No ambiente ¸˜ VII. S EC AO 7 - O PROJETO F LUZZ do Fluzz, as pessoas podem criar e compartilhar projetos. A palavra fluzz nasceu de uma conversa informal ¸˜ A metodologia utilizada para criacao do projeto foi do autor Augusto de Franco, no in´cio de 2010, com ı inspirada na metodologia criada por Cavalcante e Nepo- Marcelo Estraviz, sobre o Buzz do Google. O autor muceno [3], e nas ideias de interatividade de Johnson observava que Buzz n˜ o captava adequadamente o fluxo a [9] e Franco [13], cujas propostas s˜ o gerar inteligˆ ncia a e ¸˜ da conversacao, argumentando que era necess´ rio criar a ¸˜ coletiva, mediante a ampliacao do crescimento individual ¸˜ outro tipo de plataforma, i-based, baseada na interacao e e do grupo. a ¸˜ n˜ o p-based, baseada na participacao. Marcelo Estraviz De acordo com a metodologia citada, as acoes que ¸˜ ¸˜ respondeu com a interjeicao fluzz, na ocasi˜ o mais como a fazem a diferenca, criando um cen´ rio de swarming, ou ¸ a uma brincadeira, para tentar traduzir a ideia de Buzz mais enxameamento s˜ o: conectar, item fundamental para que a fluxo, que mais tarde se converteria no nome do livro de o usu´ rio esteja no ambiente em rede; agrupar, encontrar a Franco, Fluzz: Vida humana e convivˆ ncia social nos e rapidamente suas comunidades para trocar experiˆ ncias; e novos mundos altamente conectados do terceiro milˆ nio e interagir, dentro da rede, participar efetivamente; con- [13]. ¸˜ hecer, a partir da interacao, ampliar o conhecimento O objetivo do projeto, homˆ nimo do livro de o nos temas discutidos; inovar, a partir do conhecimento, Franco, consiste em construir uma rede social artic- ¸˜ iniciar o ciclo de reciclagem e inovacao; mudar, permitir ulada, provinda das inteligˆ ncias coletivas consciente e mudancas sociais para o indiv´duo, e o grupo-alvo. ¸ ı e inconsciente. O projeto foi elaborado a partir das estruturas de microblogging e conex˜ es do Twitter, com o algumas caracter´sticas do Storify e do Instructables, mas ı com algumas funcionalidades, e espacos de interacoes ¸ ¸˜ ´ diferenciados. Uma dessas funcionalidades, e um espaco ¸ ¸˜ maior para fundamentacao, ou detalhamento de ideias, quando necess´ rio. a O Fluzz possui ambiente de usu´ rio e de comu- a nidades. As comunidades devem estar submetidas ao Figura 5 - Modelo Ontol´ gico do Fluzz. Fonte: Cavalcante e o Nepomuceno [3] princ´pio da autogest˜ o. Os usu´ rios que sa´rem da linha ı a a ı ser˜ o aos poucos banidos pela pr´ pria comunidade, um a o A ferramenta possui recursos para envio de mensagens
  • 6. do espaco individual para o coletivo com facilidade. ¸ eficiˆ ncia dos grupos-alvo; criar e ampliar mercados; e e a ` Tamb´ m garante, tanto ao usu´ rio quanto a comunidade, aumentar a velocidade de aprendizado; gerar novos acesso as ferramentas interativas da rede como chat, tipos de conhecimento; articular especialistas para evitar blogs, armazenamento de arquivos, integracao com as ¸˜ ¸˜ ´ duplicacao de esforcos. E nesse contexto que a rede ¸ principais redes sociais. ¸˜ social Fluzz surge, promovendo interacoes m´ tuas entre u O Fluzz provˆ de mecanismos de opcao de recebi- e ¸˜ ¸˜ os participantes, caracterizadas por relacoes interdepen- mento de mensagens por email, para sempre alertar os ¸˜ dentes e processos de negociacao, em que cada intera- ¸˜ usu´ rios de alguma movimentacao relativa ao seu perfil. a ¸˜ gente participa da construcao inventiva e cooperada da ´ ´ O ambiente individual e uma area onde o usu´ rio a ¸˜ relacao. pode estabelecer sua identidade e disponibilizar as ¸˜ ¸˜ A utilizacao do Fluzz para engajamento e participacao ¸˜ informacoes que considerar relevante. Uma esp´ cie de e ¸˜ ´ em colaboracao intelectual on-line e um exemplo que blog individual onde ele possa postar artigos, teses, demonstra como o encadeamento de respostas e o relat´ rios, fotos, v´deos, links, pdfs, slides. Todas as o ı entrelacamento de ideias em fluxos coletivos pode ser um ¸ ¸˜ informacoes devem ser pass´veis de coment´ rios dos ı a processo complexo, que envolve dinˆ micas de interacao a ¸˜ ¸˜ usu´ rios, sempre com quantificacao dos resultados. a ´ em tempo real. Essa e uma m´dia que pode ser usada ı ¸˜ Recursos para criacao de enquetes, al´ m de ferramen- e simultaneamente para engajar os membros de uma co- ¸˜ tas de animacao foram disponibilizados. Os ambientes munidade ao redor de uma ideia, aferir o entendimento de comunidades, operam plenamente dentro do conceito coletivo do grupo sobre determinado conceito, detectar ¸˜ de muitos para muitos, sem a intervencao de um con- e ¸˜ ¸˜ tendˆ ncias, promover solucoes e inovacoes. trolador de conte´ do. O mecanismo de animacao possui u ¸˜ ¸˜ A ideia principal de concepcao do Fluzz, foi de criar a inteligˆ ncia de destacar na primeira p´ gina, os itens e a um espaco no qual o surgimento das ideias emergisse na ¸ mais relevantes, ou os mais consultados pelos membros ¸˜ medida em que relacoes de exterioridade s˜ o estabele- a daquela comunidade. cidas entre os conte´ dos da experiˆ ncia. Foi idealizada u e Existe na ferramenta um mecanismo de busca para ¸˜ a criacao de um modelo ontol´ gico bottom-up, onde as o rastrear conte´ do atrav´ s de crit´ rios n˜ o somente u e e a ¸˜ pessoas possam desenvolver solucoes colaborativamente, ¸˜ semˆ nticos, mas de valoracao pelos pr´ prios usu´ rios, a o a ¸˜ combinando as solucoes e o conte´ do de mais de um u usando o conceito de folksonomia. Nenhum tipo de projeto para produzir uma experiˆ ncia integrada. e ´ anonimato e poss´vel, para permitir a criacao de lacos ı ¸˜ ¸ R EFERENCES ¸˜ que geram conhecimento. Educacao e etiqueta dever˜ o a [1] A. L. Barabasi, How Everything is Connected to Everything ser medidos pelos pr´ prios membros da rede, em con- o else and what it means for Business, Science and Everyday stante busca pela autorregulacao. ¸˜ Life. Editora Plume, 2003. ´ Outro recurso importante do Fluzz, e a liberacao de ¸˜ [2] C. Bereiter, Education and Mind in the Knowledge Age. Edi- ¸˜ sua API para construcao de aplicativos que utilizem das tora Lawrence Erlbaum Associates, 2009. [3] M. Cavalcanti and C. Nepomuceno, O Conhecimento em Rede. ¸˜ informacoes contidas na plataforma. Editora Elsevier, 2007. ´ ´ A unica regra expl´cita do Fluzz e que um perfil ı [4] P. Levy, Cibercultura. Editora 34, 1999. com mais de trinta dias sem qualquer visita de seu pro- [5] L. V. Bertalanffy, Teogia Geral dos Sistemas. Editora Vozes, 1975. priet´ rio, ser´ devidamente colocado em modo stand by, a a [6] S. Johnson, Emergence: The Connected Lives of Ants, Brains, deixando de estar ativo na rede. Estimular a colaboracao ¸˜ Cities, and Software. Editora Scribner, 2001. ´ e um ato cont´nuo, que n˜ o pode ser realizado espo- ı a [7] R. Recuero, Redes Sociais na Internet. Editora Sulina, 2009. radicamente. Dessa forma o usu´ rio n˜ o entendeu o a a [8] P. Levy, A Inteligencia Coletiva. Editora Loyola, 1994. [9] S. Johnson, Where Good Ideas Come From: The Natural prop´ sito principal desta rede social. O lema do Fluzz e: o ´ History of Innovation. Editora Riverhead Hardcover, 2010. n˜ o basta participar, tem que interagir. Criando projetos, a [10] L. Santaella and R. Lemos, Redes sociais digitais - a cognicao opinando, indicando, criticando, recriando. conectiva do Twitter. Editora Paulus, 2010. [11] A. de Franco, Escola de Redes: Novas visoes sobre a sociedade, ¸˜ ¸˜ VIII. S EC AO 8 - C ONSIDERAC OES F INAIS o desenvolvimento, a Internet, a politica e o mundo glocalizado. Editora Saturnos Assessoria em Comunicacao Social S/C Ltda, ¸˜ Uma populacao cada vez mais articulada em uma rede 2008. distribu´da ser´ capaz de: dar respostas mais r´ pidas para ı a a [12] D. Watts and S. Strogatz, Collective Dynamics of small-world networks. Editora Nature, 1998. mudancas de cen´ rios internos e externos; articular-se ¸ a [13] A. de Franco, Fluzz: Vida humana e convivencia social nos ´ sem limites regionais por areas de interesse e atuacao ¸˜ novos mundos altamente conectados do terceiro milenio. Ed- para atividades diversas; fiscalizar, e cobrar por mais itora Escola de Redes, 2011.