O Patrimônio Cultural não se resume a uma listagem de objetos selecionados por técnicos competentes, mas se define como um complexo fenômeno social.
São considerados patrimônios os vestígios do homem em sua trajetória cultural que podem ser conhecidos por meio dos registros deixados em diferentes suportes.
Daí a importância de compreender os diferentes tipos de Patrimônio e como se relacionam.
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Patrimônio Cultural: conceituando e definindo
1.
2. PATRIMÔNIO CULTURAL
Definindo e Conceituando
Eliana Almeida de Souza Rezende
Profª Drª
ER Consultoria - Gestão de Informação e Memória Institucional
3. Começo de conversa
Pela polissemia representada por várias palavras, escolhi
mostrar as definições que serão utilizadas nesta
apresentação, para evitar prováveis equívocos e
duplicidade de significados.
Para cada um dos conceitos pode haver várias
definições, mas a apresentada aqui será a que considero
a mais pertinente e adequada para os nossos objetivos
profissionais e de campos de atuação na forma quase
que de um glossário.
4. O Patrimônio Cultural não se resume a uma listagem de
objetos selecionados por técnicos competentes, mas se
define como um complexo fenômeno social.
São considerados patrimônios os vestígios do homem em sua
trajetória cultural que podem ser conhecidos por meio dos
registros deixados em diferentes suportes.
“A Cultura é viva, não congelada. Algumas mudanças são
esperadas, os patrimônios dependem de análise, caso a caso”.
(E. Leite, 2019)
Patrimônio Cultural
5. Em outras palavras, patrimônio cultural não se define
apenas pelo conjunto das obras arquitetônicas, sítios
históricos ou monumentos.
Assim, seu conceito não se restringe à produção
material humana, mas abrange também a produção
emocional e intelectual.
6. Fique atento
É um Bem Cultural tudo o que
permite ao homem conhecer a
si mesmo e ao mundo que o
rodeia.
7. Quem decide o que é Patrimônio Cultural:
Não esqueça
Grupos Sociais
Estado
Intelectuais da Cultura
8. A UNESCO define:
“Patrimônio Cultural” designa um monumento, conjunto de
edifícios ou sítio de valor histórico, estético, arqueológico,
científico, etnológico ou antropológico.
Veja aqui a definição, clicando aqui
9. Patrimônio Natural
Assista ao vídeo de Carlos Fernando Delfim, do IPHAN, falando
sobre Patrimônio Natural, suas semelhanças e diferenças com o
Patrimônio Cultural, clicando aqui
10. Você sabia?
Que até relativamente bem pouco tempo atrás, mais
precisamente até meados do século XX, tudo o que se
relacionava as atividades industriais e artesanais não se
configuravam Patrimônio Cultural?
Que no Plano Institucional e Internacional, a partir de 1972, a
UNESCO adotou aquela que ficou conhecida como a Convenção
do Patrimônio Mundial em que passou a considerar
monumentos, grupos de edifícios e sítios como Patrimônio
Cultural?
11. Momento Decisivo
Em 2003, em Paris, aconteceu a Convenção para Salvaguarda do
Patrimônio Cultural Imaterial.
Nesse evento a UNESCO aprovou a definição que define Patrimônio
Cultural Imaterial, são as práticas, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos,
artefatos, lugares que lhes são associados – que as comunidades,
os grupos, e em alguns casos, os indivíduos reconhecem como
parte integrante de seu patrimônio cultural.
12. Essa convenção foi importante porque até aquela
data só era considerado patrimônio aquilo que
era edificado.
Todas as outras formas de manifestação cultural
não eram tomadas como sendo patrimônio.
13. Patrimônio Imaterial
Sobre o tema, assista o vídeo Patrimônio Imaterial, com Márcia
Sant’Anna.
A entrevista aponta o que vem a ser Patrimônio Imaterial, e para
tanto, explicita questões sobre preservação e conservação dos
patrimônios, história oral e identidade entre outros temas com
os quais trabalharemos.
Assista clicando aqui
14. Sintetizando:
Bens intangíveis
Ideias, Danças e tradições folclóricas,
Crenças populares, Cantigas,
Brincadeiras infantis, Tradições orais,
entre outras manifestações.
Bens Tangíveis
Bens Móveis
Objetos de arte, Documentos
Livros, Esculturas, Mobília,
Indumentária, Fotografias, Filmes,
Acervos museológicos entre outros.
Bens Imóveis
Monumentos, Templos, Edifícios,
Sítios arqueológicos e
paisagísticos entre outros.
16. Documento
Tecnicamente, é considerado documento toda informação registrada, ou fixada
num determinado suporte, utilizada para consulta, estudo, prova e pesquisa.
De acordo com esta definição, para que haja um documento necessariamente,
é preciso que haja um suporte sobre o qual a informação seja registrada e esta
está relacionada à um contexto de produção que se assenta em aspectos
históricos, sociais, políticos, culturais, tornando-a única e fundamental para a
Memória de uma sociedade.
17. O quê seria um
Suporte?
Suporte é o material sobre o qual a informação é registrada.
Este pode ser papel, magnético (K-7, VHS), materiais ópticos
(CDs, DVDs, disquetes, pendrives), materiais flexíveis
(negativos, microfilmes, microfichas, entre outros), argila,
pedra, metal, tecidos para citar apenas alguns.
19. Conheça um pouco mais...
Tomada neste sentido, tal definição amplia a concepção do que venha a
ser documento para além da área técnica da arquivística e
biblioteconomia.
Se não conhece bem, como forma de ampliar e aprofundar seus
conhecimentos sobre o que é considerado documento do ponto de vista
arquivístico e de que forma a legislação nacional, via o CONARQ (Conselho
Nacional de Arquivos) estabelece normas, procedimentos e diretrizes,
aconselho uma visita à página oficial e fique atento à legislação em vigor
no país.
Você pode consultar a página no endereço:
Coletânea de Legislação Arquivistia
20. Programa Memória do
Mundo da UNESCO -1992
• A memória do mundo é a memória coletiva e documentada dos povos do mundo, ou
seja, seu patrimônio documental, que representa boa parte do patrimônio cultural
mundial. Ela traça a evolução do pensamento, dos descobrimentos e das realizações
da sociedade humana. É o legado do passado para a comunidade mundial presente e
futura.
• Grande parte da memória do mundo se encontra nas bibliotecas, nos arquivos, nos
museus e nos locais de custódia espalhados por todo o planeta e, atualmente, uma
grande porcentagem dela corre perigo.
• Por isso, vários comitês vem sendo implantados por todo o mundo.
• Saiba mais na página oficial da UNESCO para o programa
21. Na área de manutenção da integridade física dos suportes destes
documentos, existem quatro conceitos pertinentes que,
constantemente, são confundidos que são:
Preservação
Conservação
Restauração
Deterioração
22. Conservação
A ideia de que todo o patrimônio necessita ser cuidado
é pertinente, mas nem por isso se deve partir do
pressuposto de que tudo deva ser conservado, nem
tampouco, demolido ou transformado radicalmente.
É necessário fazer escolhas conscientes, baseadas em
conhecimentos aprofundados, para que os bens mais
significativos possam ser preservados e valorizados.
23. Definição
Conjunto de intervenções diretas, realizadas na própria
estrutura física do bem cultural, com a finalidade de
tratamento, impedindo, retardando ou inibindo a ação
nefasta ocasionada pela ausência de uma preservação.
É composta por tratamentos curativos, mecânicos e/ou
químicos, seguidos ou não de pequenos reparos.
24. Ações de Conservação
Conservação envolve atividades de estabilização ou interrupção
de danos causados por processos de deterioração.
A função principal destas ações é garantir proteção contra
agentes físicos, químicos e biológicos que causam degradação.
Em muitos casos elas representam intervenções diretas,
realizadas na própria estrutura física no documento ou
patrimônio, com a finalidade de tratamento, impedindo,
retardando ou inibindo a deterioração pela ausência de uma
preservação adequada.
25. Preservação
Preservação pode ser definida como “uma consciência,
mentalidade, política (individual ou coletiva, particular ou
institucional) com o objetivo de proteger e salvaguardar o
patrimônio”.
Seu objetivo é resguardar o bem cultural, prevenindo possíveis
malefícios e proporcionando-lhe condições adequadas de
“saúde” ao seu suporte.
É o controle ambiental composto por técnicas preventivas que
podem envolver manuseio, acondicionamento, transporte e
exposição, entre outros
26. Ações de Preservação
A preservação é formada pelo conjunto de ações que visam
realizar a prevenção da deterioração de danos em documentos
em seus diferentes suportes, por meio de controle ambiental,
tratamento físico ou químico adequado, normas e
procedimentos que envolvam manuseio, acondicionamento
transporte e exposição e/ou consulta dos mesmos.
As ações de preservação visam evitar que haja o processo de
deterioração.
27. Restauração
Restauração é um processo bem mais complexo e profundo,
constituído de intervenções mecânicas e químicas,
estruturais e/ou estéticas, com a finalidade revitalizar um
bem cultural, resgatando seus valores históricos e artísticos.
Respeitando-se, ao máximo a integridade e as características
históricas, estéticas e formais do bem cultural, deve ser feito
por especialistas.
28. Deterioração
A deterioração é o conjunto de fatores (intrínsecos e
extrínsecos) que determinam a destruição ou
degradação do patrimônio cultural.
29. Conservação Preventiva
A prática que alia ações e prática da conservação como
forma que haja deterioração a ponto de que ocorram a
perda do patrimônio cultural ou a necessidade de se
fazer uma restauração (muito mais invasiva, cara e
especializada).
A conservação preventiva pode ser realizada por meio
de boas práticas e não envolvem gastos ou especialistas
específicos.
30. Guarde bem as diferenças...
• Preservação: profilaxia, conscientização; exames feitos
de rotina
• Conservação: medicamento e pequenas intervenções
curativas; seria como introduzir remédios em uma
enfermidade localizada após um exame profilático
• Restauração: cirurgia, intervenção meticulosa, feita
apenas por especialistas
Fazendo-se um paralelo com a área de saúde, a “saúde do bem
cultural” pode ser assim definida:
31. Bibliografia de Referência
• Choay, Françoise, “A alegoria do patrimônio”. São Paulo: UNESP, Estação Liberdade. 2001
• Coury, Isabelle (org.) “Cartas Patrimoniais”. Rio de Janeiro, IPHAN, 2000
• Gomes, Sônia Conti. “Técnicas alternativas de conservação – um manual de procedimentos para manutenção, reparos e reconstituição de livros,
revistas, folhetos e mapas”. Belo Horizonte, Editora UFMG, 1992
• Guarnieri, Alice Camargo. “Conservação e preservação de documentos”. In: Boletim Histórico Informativo, São Paulo, vol. 9, n° 2, Julho a Dezembro
1988.
• Hazen, Dan; Atkinson, Ross W. e outros. “Planejamento de Preservação e gerenciamento de programas”. 2ª edição, Rio de Janeiro, Projeto
Conservação Preventiva em Bibliotecas e arquivos, 2001
• IPHAN, “Legislação brasileira e convenções internacionais vigentes no país”: http://www.portal.iphan.gov.br
• Leite, Edson; Caponero, Maria Cristina; Perez, Simone; “Patrimônio imaterial: interfaces sociais, jurídicas e econômicas”. Revista UNOPAR Científica,
Ciências Humanas e Educação. Paraná: UNOPAR, v. 11, n° 2, out 2010, p.51-61.
• Ogden, Sherelyn. “Administração de emergências”. 2ª edição, Rio de Janeiro, Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e arquivos, 2001.
• Poulot, Dominique. “Uma história do patrimônio no ocidente”, São Paulo: Estação Liberdade, 2009
• Spinelli Júnior, Jayme. “A conservação de acervos bibliográficos & documentais”. Rio de Janeiro, Ministério da Cultura/Biblioteca Nacional, 1997
• Rezende, Eliana Almeida de Souza. “Desafios da contemporaneidade: as tecnologias como política de preservação de patrimônio cultural –
documental“, CADERNOS CEOM/UNOCHACÓ, v. 24, n. 34, Editora Argos, Chapecó, SC, 2011.
• Rezende. Eliana Almeida de Souza. “Patrimônio Cultural e Responsabilidade Histórica: uma questão de cidadania” (acesso em 13/05/2019)
32. Muito obrigada
Profª Drª Eliana Almeida de Souza Rezende
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