1. A Igreja Virtual
O Desafio da Mídias e Redes Sociais - 1
Eduardo Chaves
chaves@igrejavirtual.space
https://igrejavirtual.space
Faculdade de Teologia
São Paulo
Igreja Presbiteriana Independente
FATIPI
Programa “Faculdade Aberta”
12-14 de Julho de 2016
Slides disponíveis em http://pt.slideshare.net/edwardkeys
2. O Virtual
Escola, Universidade, Curso, Sala de Aula, Professor – tudo
Virtual [No Brasil as provas não podem ser virtuais]
Loja, Livraria, Banco, Atendimento, Venda, Pagamento,
Transferência, Compra, Livro, Suporte – tudo Virtual
Consultório, Terapia, Terapeuta, Paciente -- tudo Virtual
Comunidade, Amigo, Colega, Parceiro – tudo Virtual
Namoro, Amor, Sexo, Traição – tudo Virtual
O jogo de futebol visto na TV é um jogo virtual? E o jogo de
futebol que eu jogo contra um parceiro na Internet?
E Igreja Virtual, significa o quê? Pastor Virtual? Escola Dominical
Virtual? Aconselhamento Pastoral Virtual? Oferta Virtual?
3. O Virtual e a Tecnologia
O que caracteriza o Virtual é, hoje, é a tecnologia interativa que
torna a "realidade virtual" possível
Assistir um jogo de futebol ou uma corrida de F1 pela TV ou
pela Internet não é a mesma coisa do que jogar futebol ou dirigir
um carro de F1 num jogo e numa corrida virtual
A mesma coisa vale para assistir um culto e participar ativamente
de um culto através de um ambiente virtual interativo
Para falarmos seriamente do Virtual, hoje, em dia, precisamos de
poderosa tecnologia interativa, de preferência multimídia - por
exemplo: A Sala Virtual de Reuniões da Cisco ("Telepresença")
E o que são as Mídias e Redes Sociais? São as tecnologias que
tornam isso tudo possível hoje em dia
4. Tecnologia
Tecnologia é tudo aquilo que, não existindo naturalmente, o ser
humano inventa para tornar sua vida:
Mais fácil e produtiva
Mais agradável e prazerosa
O primeiro tipo nós chamamos de ferramentas (tools)
O segundo tipo nós chamamos de brinquedos (toys)
A tecnologia ainda pode ser:
Tangível, ou hardware: equipamentos, instrumentos, ferramentas ...
Intangível, ou software: linguagens, notações, metodologias ...
5. TIC – ou melhor, TCI
Tecnologias de Comunicação e Informação – Quatro Revoluções
Fala: conversa, aula, pregação ...
Escrita Alfabética: cartas, livros manuscritos ...
Impressão: livros impressos, revistas, jornais, folhetos, panfletos ...
Tecnologia Digital: computadores, tablets, smartphones ...
Uma Quinta Revolução nas TCI: As Mídias e Redes Sociais
“As TCI são hoje, basicamente, uma forma de colocar pessoas
em contato com pessoas e lhes dar acesso às informações de que
precisam para fazer aquilo que precisam ou desejam fazer”
(Bill Gates)
A cara das TCI hoje são as mídias sociais, usadas em redes sociais
Elas permitem “personalização em massa” – Sócrates em escala!
6. O Cristianismo e a Tecnologia
A fala e a escrita alfabética foram inventadas antes do surgimento
do Cristianismo, mas o Cristianismo as aproveitou muito rápida
e eficientemente
Quanto à impressão, eis o que disse Gutenberg em 1454:
“Deus sofre por causa da multidão de almas que sua palavra não pode
alcançar. A verdade da nossa religião está aprisionada nas páginas de uns
poucos livros copiados a mão, e isso limita e mesmo confina, em vez de
esparramar, um tesouro que deveria ser público e estar nas mãos de todo
mundo. Vamos quebrar o selo que hoje prende as palavras santas e dar asas
à verdade, para que ela possa conquistar, a partir de agora, através da
palavra, cada alma que venha ao mundo -- palavra não mais copiada lenta e
custosamente por mãos que podem ser facilmente paralisadas, mas
multiplicada como o vento por uma máquina que nunca se cansa”.
7. O Impacto de Gutenberg
Transformou a cultura oral para uma cultura basicamente escrita
Valorizou o vernáculo, a escrita da linguagem que o povo falava
Levou à tradução da Bíblia para o vernáculo: Lutero, King James
Incentivou o surgimento de literaturas no vernáculo (Camões –
1524-1580, Cervantes – 1547-1616, Shakespeare – 1564-1616...)
Motivou os reformadores protestantes a criar escolas ao lado de
cada igreja para facilitar a leitura da Bíblia pelas crianças
Ajudou no desenvolvimento da ciência moderna
Fortaleceu a ideia de estados nacionais culturalmente homogêneos
8. Gutenberg e o Protestantismo
O Protestantismo virou a “religião do livro”
O Protestantismo criou a noção de “educação universal” (cuja
outra face é a doutrina do “Sacerdócio Universal dos Crentes”)
Doutrinas como o sacerdócio universal dos crentes, a relação
pessoal e não mediatizada do crente com Deus, e a ênfase na
leitura da Bíblia, criaram condições para que o Protestantismo
se tornasse o principal elemento da ideologia do individualismo
A missão da Igreja para os não crentes foi entendida, por um
bom tempo, como sendo basicamente a distribuição da Bíblia
A noção de que o Espírito Santo ilumina a leitura da Bíblia deu
ela um caráter quase mágico no processo de evangelização
9. E o que vamos fazer com o Digital?
A tecnologia digital foi inventada ao longo da Segunda Guerra
Em cerca de 70 anos (1944-2014) ela revolucionou o mundo em
inúmeras áreas: cultura, economia, relações sociais, diversão e
entretenimento
Ela fez isso permitindo a convergência de todas as tecnologias
antes existentes (fala, escrita, som / rádio / disco, vídeo / TV,
telégrafo / telefone, correio, livro, revista, jornal, etc.) para
ambientes e plataformas digitais, em geral ancoradas na Web
Criou a comunicação móvel instantânea, por escrito, por voz e
por vídeo, e o número único de teletexto / telefone / televídeo
Agora cria mídias sociais, redes sociais, comunidades virtuais
10. O Digital e o Comunitário
Os três principais resultados da invenção da tecnologia digital:
A proliferação da informação (textual, sonora, visual, multimídia)
A facilitação do acesso à informação (Web, Sistemas de Buscas)
A explosão de mídias sociais, de redes sociais e de relacionamentos
virtuais: o surgimento e a proliferação dos relacionamentos virtuais
e das comunidades virtuais em que a comunicação e a interação são
instantâneas (E-mail, Chat, Mensagens Instantâneas com voz e
vídeo, Redes Sociais) e, agora, móveis
11. A Igreja Como um Local Físico
Nos primeiros três séculos da era Cristã os cristãos não se
reuniam em grejas, entendidas como locais físicos, templos,
destinados à pregação, à oração, ao louvor, à comunhão entre
os crentes
Eles se reuniam na casa de um e de outro e costumavam viver,
pelo menos no início, uma forma de comunismo voluntário
Quando se é perseguido, não faz sentido erigir templos e colocar
placas na frente, anunciando ao mundo que ali é uma Igreja...
Só depois da legalização do Cristianismo sob Constantino é que
as comunidades cristãs começaram a construir locais destinados,
especificamente, ao culto: à pregação da palavra, à oração, ao
louvor, ao congraçamento dos crentes
12. A Igreja Como uma Comunidade
Gradualmente, a ideia de que “Onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome ali eu estarei no meio deles...” (Mateus
20:18) foi sendo deixada de lado como forma prioritária de
interação entre os cristãos – a frequência solitária aos templos
(e a noção de “estar sozinhos juntos”...)
Além disso, até os dias de hoje, as comunidades cristãs, mesmo
quando não tinham templo, eram também caracterizadas pela
copresença física, o que reforçava a ideia de que o local físico de
reuniões era indispensável
Hoje, porém, as comunidades são virtuais, formadas em torno
de interesses específicos ou de interesses mais gerais, prevalecem
Elas se constituem e reúnem através da mediação da tecnologia
13. Características de uma Comunidade
Grupo de pessoas que habitam uma determinada região ou um
determinado local
Grupo de pessoas que são afiliadas, ou de alguma forma
vinculadas, a uma determinada instituição (igreja, clube, etc.)
Grupo de pessoas que se forma no qual as pessoas se unem em
função de interesses comuns
14. Comunidades Virtuais
No caso de Comunidades Virtuais, apenas a terceira condição é
necessária:
Grupo de pessoas que se forma em que as pessoas se reúnem
em função de interesses comuns
Exemplos de Comunidades Virtuais existentes em grande número
no dia de hoje:
Comunidades de Aprendizagem Colaborativa
Comunidades de Prática (para troca de experiências e práticas)
Comunidades de Resolução de Problemas
Comunidades para Execução de uma Tarefa (Força Tarefa)
Comunidades de Apoio Mútuo (tipo Alcoólatras Anônimos)
15. A Igreja Virtual
A Igreja Virtual é uma comunidade de múltiplos propósitos, que
atende a interesses variados, quase todos eles considerados parte
essencial das atribuições da Igreja-Templo
Pregação da Palavra, Louvor e Oração (Culto)
Fortalecimento da comunidade (Comunhão dos Crentes)
Atenção e apoio para com os em dificuldade (Cuidado Pastoral)
Maior entendimento da doutrina e aprofundamento da fé
(Formação, Educação Cristã, Apologética)
Acolhimento de visitantes e de grupos especiais (e.g. jovens)
Evangelização e Missão
Ação social e ajuda aos necessitados
Descoberta e Acolhimento de interessados e de talentos especiais
Comunicação com os crentes e com o mundo externo
16. O Uso da Tecnologia na Igreja Hoje
Limita-se quase exclusivamente:
à transmissão do culto pela Internet
à distribuição de cópias gravadas dos sermões
à gestão administrativa da igreja
É preciso reverter esse quadro
17. O Mapa da Mina: Uma Analogia
As livrarias na era pré-Amazon e o uso da tecnologia:
Livraria sem tecnologia alguma (além de um caderno e um lápis)
Livraria com computador (e sistemas especializados) para controlar
estoque e contabilidade
Livraria com computador e a Web 1.0 para anunciar os livros
Livraria com computador e a Web 2.0 para vender livros de forma
remota -- com mecanismos de comunicação, como e-mail, para o
necessário contato com o cliente
18. O Mapa da Mina Continuado
Jeff Bezos e a Amazon mudam o paradigma
Livraria que faz parcerias e tem, inicialmente, só “estoque virtual”
Livraria que investe pesadamente no conhecimento do seu “cliente
virtual”
Livraria que patrocina ou publica e vende “livros virtuais”
Livraria que publica os livros dos leitores virtualmente, fazendo com
que o leitor possa também se tornar escritor
Livraria que faz parceria com o leitor empreender para criar uma
“livraria virtual” no site ou blog dele
Amazon virou um shopping center virtual com produtos virtuais e
físicos
19. Até onde vão Bezos e a Amazon?
Até onde vão Bezos e a Amazon?
Hoje a Amazon tem mega-almoxarifados, fabrica leitores de e-
books, tablets e smartphones, vende de tudo (até comida e acessórios
para pets) – e Jeff Bezos comprou recentemente o Washington Post,
o segundo jornal mais importane dos Estados Unidos
20. Até onde nós desejamos ir?
Para amanhã, trazer sugestões sobre como as mídias e as redes
sociais podem contribuir para o enriquecimento de cada um dos
ministérios que foram listados anteriormente, usando estratégias
semelhantes às que Jeff Bezos usou para revolucionar e dinamizar
a área de livros (publicação e distribuição) e a área de leitura