Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Inventário dos Bens Culturais de Araçaí (2007 a 2012)
1. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
PREFEITURA DE ARAÇAÍ . MG
INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE
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ARAÇAÍ/MG
( 2007 a 2012 )
A r a ç a í /MG
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Apresentação
“Patrimônio cultural é a soma dos bens culturais de um povo, que são portadores de
valores que podem ser legados a gerações futuras. É o que lhe confere identidade e
orientação, pressupostos básicos para que se reconheça como comunidade,
inspirando valores ligados à pátria, à ética e à solidariedade e estimulando o exercício
da cidadania, através de um profundo senso de lugar e de continuidade histórica.”
(Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais / IEPHA-MG)
Preservar o Patrimônio Cultural é garantir o exercício da memória e cidadania através da permanência das
referências vinculadas à nossa história e produção cultural. Tarefa que necessita de ações conjuntas dos
órgãos de preservação e da comunidade. Entre essas ações está o INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO
ACERVO CULTURAL - IPAC.
O IPAC é uma pesquisa que busca identificar e documentar os bens representativos de uma época, de um
grupo social e/ou de um lugar. Nele, estão contidas informações que atribuem sentido e valor a cada bem
cultural e sua importância para a coletividade. Entre várias finalidades, o Inventário é tratado como
instrumento de gestão, pois, a partir dele, é possível conhecer o universo cultural de cada comunidade e
auxiliar nas ações de proteção ao Patrimônio Cultural local.
Entre os anos de 2007 e 2012, foi realizado o Inventário de Proteção do Acervo Cultural de Araçaí. Durante
esse período, uma equipe de profissionais multidisciplinar se dedicou na identificação dos bens
representativos de nossa cidade levando em consideração atributos históricos, artísticos e culturais. Para
este sistemático estudo, foram feitas diversas pesquisas, entrevistas e levantamentos de campo em todo
território araçaíense, incluindo as zonas urbana e rural. Os exemplares selecionados foram agrupados em
categorias: (1) Estruturas Arquitetônicas e Urbanísticas; (2) Bens Móveis e Integrados; (3) Arquivos; (4)
Patrimônio Imaterial.
O material contido neste volume é uma síntese deste trabalho, onde estão apresentadas as principais
informações históricas, descritivas e iconográficas de cada bem cultural inventariado. O objetivo é dar
ampla divulgação ao IPAC de Araçaí e democratizar o seu acesso como instrumento de pesquisa e
conhecimento das produções e referências culturais deste município. Todas as fichas e informações dos
bens aqui publicados foram autorizadas pelos seus proprietários / responsáveis.
Esta é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Araçaí, com direção do Departamento Municipal de
Cultura e Preservação do Patrimônio Histórico, Turismo, Esporte e Lazer, setor que responsabiliza-se pela
produção e guarda de todo material produzido, e apoio do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de
Araçaí. Os trabalhos técnicos foram realizados por empresas especializadas contratadas: Memória
Arquitetura Ltda e Pólen Consultoria Patrimônio e Projetos Ltda.
3. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
INVENTÁRIO DOS BENS CUL TURAI S DE ARAÇAÍ /MG
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(2007 A 201 2)
PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇAÍ/MG
Prefeito: Alessandro Guimarães Sampaio
Vice-prefeito: Oswaldo José de Paula
Rua 1º de março, nº 142, Centro, Araçaí - MG
Diretor do Departamento Municipal de Cultura, Preserv. do Patrimônio Hist. e Cult., Turismo, Esporte e
Lazer: Eduardo Lopes Passos
Coordenadora Municipal de Patrimônio Cultural: Vera-Lúcia da Rocha Lima
Presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Araçaí: Eduardo Lopes Passos
Rua Dr. Teófilo, nº 97, Centro, Araçaí - MG
TRABALHOS TÉCNICOS:
Memória Arquitetura LTDA
Rua Grão Pará, 85/1301, Santa Efigênia, Belo Horizonte/MG (2006 a 2010)
Pólen Consultoria Patrimônio e Projetos LTDA
Rua Abner Silva, 365, Praia Angélica, Lagoa Santa/MG (2011 a 2014)
INVENTÁRIO dos Bens Culturais de Araçaí (2007 a 2012) /
Organização Viviane Corrado de Andrade. Araçaí-MG: Prefeitura
Municipal de Araçaí.MG, 2014. 166p. ilust.
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Sumário
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS .................................................................................... 5
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA ............................................................................................................................... 6
FÁBRICA DE TECIDOS POLICENAS MASCARENHAS – ATUAL FITECA ........................................................... 9
SACARIA RENASCER INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA ................................................................................. 13
RESIDÊNCIA À RUA INÁCIO ROCHA, Nº 110/120/130 ............................................................................... 15
BAR DO EDMAR ......................................................................................................................................... 17
RESIDÊNCIA À RUA ULISSES BATISTA, Nº 56 .............................................................................................. 19
MOBILIADORA SHAOLIN ............................................................................................................................ 21
CASA DO AGENTE FERROVIÁRIO DA RFFSA ............................................................................................... 23
RESIDÊNCIA À PRAÇA SÃO SEBASTIÃO, Nº 97 ........................................................................................... 25
RESIDÊNCIA À RUA PADRE HORTA, Nº 37 ................................................................................................. 27
PRAÇA SÃO SEBASTIÃO.............................................................................................................................. 29
PRAÇA JOSÉ DE PAULA FILHO .................................................................................................................... 31
CEMITÉRIO MUNICIPAL MANUEL DURVAL ................................................................................................ 33
FAZENDA VEADINHOS ............................................................................................................................... 35
FAZENDA BOA ESPERANÇA ........................................................................................................................ 37
PONTILHÃO FERROVIÁRIO ......................................................................................................................... 39
FAZENDA TABOCAS ................................................................................................................................... 41
FAZENDA ESTIVA........................................................................................................................................ 43
FAZENDA CATARINA .................................................................................................................................. 45
RESIDÊNCIA À RUA TASSIANO FERNANDES DE OLIVEIRA, Nº 30 ............................................................... 47
RUÍNA DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CARVALHO DE ALMEIDA ............................................................... 49
ANTIGA RESIDÊNCIA DO AGENTE DA ESTRADA DE FERRO DA CENTRAL DO BRASIL ................................. 51
RESIDÊNCIA À RUA TEBÚRCIO PEREIRA DE MOURA, Nº 251 .................................................................... 54
CAIXA D’ÁGUA E CHAFARIZ À AVENIDA DONA CÂNDIDA .......................................................................... 56
PRAÇA VIRGILATO COELHO ....................................................................................................................... 60
BENS MÓVEIS E INTEGRADOS ................................................................................................................. 64
LETTRE D’AGREGATION – CARTA DE AGREGAÇÃO SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO......................... 65
ORATÓRIO COM IMAGEM DE SÃO VICENTE DE PAULO ............................................................................ 67
IMAGEM DE SÃO VICENTE DE PAULO ....................................................................................................... 69
SINO ........................................................................................................................................................... 71
QUADRO COM GRAVURA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO .............................................................. 73
MÁQUINA DE FAZER CORDÃO ................................................................................................................... 76
ANTIGA RODA DE SOLA PARA TRANSMISSÃO DE ENERGIA ...................................................................... 78
QUADRO BORDADO .................................................................................................................................. 80
TEAR HOWA DO BRASIL ............................................................................................................................. 82
COFRE ........................................................................................................................................................ 84
MÁQUINA DE ESCREVER ............................................................................................................................ 86
MÁQUINA DE LIMPEZA DE ROLOS ............................................................................................................. 88
DOIS FIADORES MANUAIS ......................................................................................................................... 90
MEDIDORES DE PAVIO E DE JARDAS ......................................................................................................... 92
MÁQUINA DE COSTURA ............................................................................................................................ 94
CHAFARIZ ................................................................................................................................................... 96
CARRO DE BOI ............................................................................................................................................ 98
ENGENHO DE MOENDA DE CANA ........................................................................................................... 100
ENGENHO DE MOENDA DE CANA ........................................................................................................... 102
PILÃO ....................................................................................................................................................... 104
FORNO ARTESANAL ................................................................................................................................. 106
ENGENHO DE MOENDA DE CANA ........................................................................................................... 108
MANTOS .................................................................................................................................................. 110
BANDEIRA ................................................................................................................................................ 112
5. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
COROAS ................................................................................................................................................... 114
BASTÕES .................................................................................................................................................. 116
ESPADAS .................................................................................................................................................. 118
INSTRUMENTOS MUSICAIS ...................................................................................................................... 120
CAMA DE CASAL....................................................................................................................................... 123
ESCRIVANINHA......................................................................................................................................... 125
CONJUNTO DE PÁS .................................................................................................................................. 127
CONJUNTO DE FACAS .............................................................................................................................. 129
GAMELA MINIATURA ............................................................................................................................... 131
TACHO DE COBRE MINIATURA ................................................................................................................ 133
ARQUIVOS ............................................................................................................................................ 135
ARQUIVO PRIVADO: CARTÓRIO DO REGISTRO CIVIL E TABELIONATO DE NOTAS ................................... 136
ARQUIVO PÚBLICO: PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇAÍ ....................................................................... 138
ARQUIVO PRIVADO: REGINA COELI ANDRADE ........................................................................................ 140
ARQUIVO PRIVADO: FRANCISCO GUIMARÃES MOREIRA FILHO ............................................................. 142
PATRIMÔNIO IMATERIAL ...................................................................................................................... 144
FESTA DE SÃO SEBASTIÃO ....................................................................................................................... 145
FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO ................................................................................................ 148
FOLIA DE REIS .......................................................................................................................................... 152
MODO DE FAZER AS EMPADAS DA TIA JOANA ........................................................................................ 155
FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO ................................................................................................ 157
FESTA DE SÃO SEBASTIÃO ....................................................................................................................... 160
CAMINHO PERCORRIDO POR GUIMARÃES ROSA .................................................................................... 163
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS
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ESTAÇÃO FERROVIÁRIA
Ano do inventário: 2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Rua Pinheiro Alves s/n esquina com Rua
Padre. Horta, s/nº, Centro.
Uso: Desocupada (sem uso).
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Estação Ferroviária de Araçaí
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Histórico:
A Estação Ferroviária de Araçá da Estrada de Ferro Central do Brasil (E.F.C.B.), que, posteriormente, veio
se chamar Estação de Araçaí (1943) e deu nome ao município emancipado em 1963, foi construída no ano
de 1903. A escolha do nome da estação se deu em decorrência de uma fruta muito comum na região, o
araçá. O esforço de construção fez com que chegassem ao povoado, então chamado de Hospital, os
trilhos em 1902 e, no ano seguinte, estavam prontos a estação, o 'curral de ferro', as instalações
sanitárias, caixa d'água e a casa do agente da estação. Os projetistas da obra foram engenheiros da
E.F.C.B., Dr. Croquet de Sá e Dr. Alberto, cujos nomes completos não foram possíveis encontrar. Manuel
Durval, o encarregado de chefiar as obras, foi uma pessoa de grande importância para o povoado. Ele era
um experimentado nos serviços relativos à construção civil. Espanhol de origem, nasceu em 06 de maio de
1864 e não se sabe a época em que chegou ao Brasil. Após a conclusão das obras que o trouxeram ao
povoado de Hospital, ali resolveu se instalar e montou um pequeno comércio de secos e molhados em
sociedade com o senhor Lindolfo F. dos Reis morador local. Dado seu conhecimento prático, foi
responsável por trabalhos significativos na cidade tais como: a Capela de São Sebastião (1913), o
Cemitério da Cidade (1917) e o Grupo Escolar (1917). Faleceu em 18 de janeiro de 1929 e foi sepultado em
Araçaí.
Segundo consta, não existia edificações anteriores no lote onde a estação foi construída. Desde sua
fundação,foi utilizada para fins concernentes ao transporte de passageiros e de cargas e armazenamento
de bens até o ano de 1984, aproximadamente, quando então foi abandonada. O mesmo aconteceu com o
'curral de ferro'. Esta construção, atualmente inexistente, pode ser descrita da seguinte maneira: um
grande curral feito de trilhos da ferrovia dotado de um embarcadouro que o ligava diretamente aos
vagões de carga do trem. A função deste 'curral de ferro' era transportar o maior bem da região, os frutos
da produção pecuária. Os entrevistados afirmam que majoritariamente se prestava ao embarque de gado
e, raramente, era observado o desembarque destes. Era comum rebanhos virem de outras cidades para
que ali fossem despachados para seu destino final uma vez que a estação de Araçaí era uma das poucas
que contava com esse equipamento na região.
O bem até o início do ano corrente era de propriedade da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima
R.F.F.S.A. e se encontra abandonado. Desde 2006, a Prefeitura Municipal vem reunindo esforços no
sentido de conseguir a doação do imóvel ou a cessão do direito de uso à Prefeitura Municipal, entretanto
ainda sem sucesso. Os responsáveis ao longo dos anos foram: Estrada de Ferro Central do Brasil (1903-
1957); Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (1957-1999); Ferrovia Centro-Atlântica F.C.A. (1999);
novamente Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (1999-2007); e, desde 22 de janeiro de 2007, de
posse da União gerida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional por força da Medida
Provisória nº 353. É imperioso fazer uma ressalva a respeito dos proprietários: todo o conjunto,
8. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
construído em 1903, sempre teve um único responsável até 1999, quando então foi desmembrado e a
linha férrea continuou a ser de gerenciada pela F.C.A., que ainda opera nesta o transporte de cargas no
interior do estado de Minas Gerais, enquanto que a estação, casa do agente e demais edificações foram
passadas novamente aos cuidados do convênio que cuida do patrimônio da R.F.F.S.A.
Foi durante a gestão da R.F.F.S.A., em 1989, que a estação passou, provavelmente, por sua mais
significativa intervenção. Exteriormente, essa mantém seus traços originais, alterando, porém, a
composição de alguns vãos. Originalmente o bem possuía somente quatro cômodos dispostos da seguinte
maneira: havia um grande galpão que ocupava cerca de 70% da parte interna, e três salas ocupando cerca
10% da área total cada uma. Em uma dessas funcionava a agência, a bilheteria e o telégrafo; em outra o
controle de cargas e o guarda chaves; e em outra o depósito de ferramentas.
Com a intervenção, o cômodo que outrora funcionava como depósito de ferramentas foi adaptado para
instalação de um banheiro. O grande cômodo de depósito de cargas recebeu três divisórias internas,
dividindo-o em quatro cômodos: dois armazéns e dois vestiários. O controle de carga ganha também nova
divisória, pois foi criado um novo banheiro. Quanto aos vãos, modificaram-se apenas aqueles da fachada
nordeste.
Por fim, a estação sofre novas intervenções, agora somente em sua porção sudeste. Essas datam,
provavelmente, da década de 1990, configurando sua planta atual. O vestiário tem seus dois vãos de
janelas fechados, pois esse cômodo passa a funcionar como depósito. O entorno da estação foi o que
sofreu maiores alterações ao longo dos anos, desde sua instalação, e pode ser dito que foi a ferrovia que
trouxe o desenvolvimento ao futuro município. Na época da construção, o que se via ali era somente
algumas fazendas e casas espaçadas. Com a chegada da estação e da linha férrea aumentou o fluxo de
pessoas no lugar e o povoado se desenvolveu. Junto com a ferrovia, se estabeleceram ali alguns de seus
moradores mais notáveis como o caso de Manuel Durval.
A estação Ferroviária está, portanto, estreitamente ligada com a origem da cidade de Araçaí, desde a
escolha do nome e toda sua trajetória rumo à municipalidade. É um verdadeiro arcabouço de ricas
recordações, e considerada por muitos a principal referência histórica do lugar.
Descrição:
A estação, de sistema construtivo em alvenaria autoportante de tijolos cerâmicos maciços, é formada por
um volume único, de partido retangular e largo. Está implantada entre dois trechos de trilhos da estrada
de ferro. Situada em uma plataforma cimentada, a estação encontra-se cerca de um metro acima do solo,
cujo desnível é vencido por rampas, voltadas paras as fachadas sudeste e noroeste, além de pequenos
degraus.
A planta da estação possui forma retangular: em uma das extremidades está um vestiário, ladeado por um
banheiro. No centro, estão dois armazéns não conectados internamente e, no outro extremo, está um
pequeno cômodo que dá acesso a um depósito, a um banheiro e à antiga agência. Esse último possui
ainda acesso independente pela fachada sudeste.
A cobertura desenvolve-se em duas águas, com cumeeira paralela aos trilhos. As telhas são do tipo
francesas, apoiadas em um engradamento de madeira. Essas peças, quando visíveis no beiral, são
pintadas de branco, diferente daquelas do interior da estação que apresentam sua cor natural. Os caibros
do beiral assentam-se sobre mãos francesas de madeira pintadas de azul e o coroamento é formado por
beirais simples presentes em todas as fachadas.
A estação, externamente, possui pano de vedação revestido em argamassa pintada em branco e um
barrado inferior pintado na cor azul, que contorna toda a volumetria do edifício. Esse é guarnecido, em
todas as fachadas, por embasamento e cunhais de tijolos cerâmicos, em alto relevo, revestidos por
argamassa pintada na cor azul. Da mesma cor também são pintada as molduras dos vãos em argamassa.
A fachada sudeste possui forma simétrica, com um vão central em verga reta que guarnece uma porta
formada por duas folhas de abrir de madeira pintadas na cor azul dotadas de almofadas pintadas na cor
branca. Possui bandeira superior com caixilho em madeira e vedação em vidro. Acima do vão da porta
está a inscrição “Araçaí” e nas laterais os dados de distância e altitude da estação. Essas fachadas tem
coroamento em empena e é delimitada inferiormente por pequena cimalha. No centro, há um óculo
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circular com moldura em alto relevo de argamassa. A fachada noroeste possui a mesma composição da
fachada sudeste, porém, não apresenta o vão central de acesso à edificação.
A fachada sudoeste é formada por oito vãos de vergas retas: quatro portas e quatro janelas. Essas últimas
possuem duas folhas de madeira que se abrem internamente, dotadas, cada uma, de duas almofadas.
Algumas janelas ainda conservam as duas folhas externas tipo guilhotina com caixilho em madeira pintado
na cor branco e vedação em vidro. Quanto as portas, todas possuem duas folhas de madeira pintadas na
cor azul com almofadas pintadas na cor branco. Três dessas possuem sistema de abrir, enquanto uma
possui duas folhas que correm internamente. A fachada nordeste apresenta-se semelhante à fachada
sudoeste, contudo os vãos de porta foram fechados com alvenaria.
Internamente, as paredes são rebocadas e pintadas na cor branca e algumas apresentam também um
barrado pintado em azul. O único ambiente que recebe revestimento em suas paredes é o banheiro
localizado próximo à fachada sudeste. Esse é revestido até a sua meia altura em cerâmica branca no
formato quadrado. A maioria dos cômodos possui piso cimentado liso. Aqueles localizados próximo à
fachada sudeste, no entanto, têm piso em ladrilho na cor creme. Com exceção daqueles ambientes
próximos a fachada sudeste, os cômodos da estação são desprovidos de forro apresentando telha vã. Na
agência, em seu cômodo lateral e no banheiro observam-se o forro em tabuado de madeira pintado em
branco. O depósito possui laje pré-moldada.
Proteção Legal existente: nenhuma.
Proteção Legal Proposta: Tombamento Municipal.
Estado de Conservação: Ruim.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Álvaro José Andrade; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; Maria Cecília Rocha; Raimundo
Alves de Jesus
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 353, DE 22 DE JANEIRO DE 2007. Presidência da República Casa Civil. Subchefia
para assuntos jurídicos.
Referências Eletrônicas:
WIKIPEDIA, A enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>; Acessado em: <23/03/2007>.
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FÁBRICA DE TECIDOS POLICENAS MASCARENHAS – ATUAL FITECA
Ano do inventário: 2007
Fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas
FOTO: Brana Carvalhaes, fev/2006
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Rua Manuel Duval, nº 84, Centro.
Uso: Industrial.
Histórico:
A Estação Ferroviária de Araçá da Estrada de Ferro Central do Brasil (E.F.C.B.), que, posteriormente, veio
se chamar Estação de Araçaí (1943) e deu nome ao município emancipado em 1963, foi construída no ano
de 1903. A escolha do nome da estação se deu em decorrência de uma fruta muito comum na região, o
araçá. O esforço de construção fez com que chegassem ao povoado, então chamado de Hospital, os trilhos
em 1902 e, no ano seguinte, estavam prontos a estação, o 'curral de ferro', as instalações sanitárias, caixa
d'água e a casa do agente da estação. Os projetistas da obra foram engenheiros da E.F.C.B., Dr. Croquet de
Sá e Dr. Alberto, cujos nomes completos não foram possíveis encontrar. Manuel Durval, o encarregado de
chefiar as obras, foi uma pessoa de grande importância para o povoado. Ele era um experimentado nos
serviços relativos à construção civil. Dado seu conhecimento prático, foi responsável por trabalhos
significativos na cidade tais como: a Capela de São Sebastião (1913), o Cemitério da Cidade (1917) e o
Grupo Escolar (1917). Faleceu em 18 de janeiro de 1929 e foi sepultado em Araçaí.
Segundo consta, não existia edificações anteriores no lote onde a estação foi construída. Desde sua
fundação, foi utilizada para fins concernentes ao transporte de passageiros e de cargas e armazenamento
de bens até o ano de 1984, aproximadamente, quando então foi abandonada. O mesmo aconteceu com o
'curral de ferro'. Esta construção, atualmente inexistente, pode ser descrita da seguinte maneira: um
grande curral feito de trilhos da ferrovia dotado de um embarcadouro que o ligava diretamente aos
vagões de carga do trem. A função deste 'curral de ferro' era transportar o maior bem da região, os frutos
da produção pecuária. Os entrevistados afirmam que majoritariamente se prestava ao embarque de gado
e, raramente, era observado o desembarque destes. Era comum rebanhos virem de outras cidades para
que ali fossem despachados para seu destino final uma vez que a estação de Araçaí era uma das poucas
que contava com esse equipamento na região.
O bem até o início do ano corrente era de propriedade da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima
R.F.F.S.A. e se encontra abandonado. Desde 2006, a Prefeitura Municipal vem reunindo esforços no
sentido de conseguir a doação do imóvel ou a cessão do direito de uso à Prefeitura Municipal, entretanto
ainda sem sucesso. Os responsáveis ao longo dos anos foram: Estrada de Ferro Central do Brasil (1903-
1957); Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (1957-1999); Ferrovia Centro-Atlântica F.C.A. (1999);
novamente Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (1999-2007); e, desde 22 de janeiro de 2007, de
posse da União gerida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional por força da Medida
Provisória nº 353. É imperioso fazer uma ressalva a respeito dos proprietários: todo o conjunto,
construído em 1903, sempre teve um único responsável até 1999, quando então foi desmembrado e a
linha férrea continuou a ser de gerenciada pela F.C.A., que ainda opera nesta o transporte de cargas no
interior do estado de Minas Gerais, enquanto que a estação, casa do agente e demais edificações foram
passadas novamente aos cuidados do convênio que cuida do patrimônio da R.F.F.S.A.
Foi durante a gestão da R.F.F.S.A., em 1989, que a estação passou, provavelmente, por sua mais
significativa intervenção. Exteriormente, essa mantém seus traços originais, alterando, porém, a
11. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
composição de alguns vãos. Originalmente o bem possuía somente quatro cômodos dispostos da seguinte
maneira: havia um grande galpão que ocupava cerca de 70% da parte interna, e três salas ocupando cerca
10% da área total cada uma. Em uma dessas funcionava a agência, a bilheteria e o telégrafo; em outra o
controle de cargas e o guarda chaves; e em outra o depósito de ferramentas.
Com a intervenção, o cômodo que outrora funcionava como depósito de ferramentas foi adaptado para
instalação de um banheiro. O grande cômodo de depósito de cargas recebeu três divisórias internas,
dividindo-o em quatro cômodos: dois armazéns e dois vestiários. O controle de carga ganha também nova
divisória, pois foi criado um novo banheiro. Quanto aos vãos, modificaram-se apenas aqueles da fachada
nordeste.
Por fim, a estação sofre novas intervenções, agora somente em sua porção sudeste. Essas datam,
provavelmente, da década de 1990, configurando sua planta atual. O vestiário tem seus dois vãos de
janelas fechados, pois esse cômodo passa a funcionar como depósito. O entorno da estação foi o que
sofreu maiores alterações ao longo dos anos, desde sua instalação, e pode ser dito que foi a ferrovia que
trouxe o desenvolvimento ao futuro município. Na época da construção, o que se via ali era somente
algumas fazendas e casas espaçadas. Com a chegada da estação e da linha férrea aumentou o fluxo de
pessoas no lugar e o povoado se desenvolveu. Junto com a ferrovia, se estabeleceram ali alguns de seus
moradores mais notáveis como o caso de Manuel Durval.
A estação Ferroviária está, portanto, estreitamente ligada com a origem da cidade de Araçaí, desde a
escolha do nome e toda sua trajetória rumo à municipalidade. É um verdadeiro arcabouço de ricas
recordações, e considerada por muitos a principal referência histórica do lugar. O imóvel, onde
atualmente, se encontra instalada a Fiação e Tecelagem Araçaí LTDA tem suas origens datadas ainda na
primeira metade do século XX. A construção do bem se deu em 1942, por iniciativa dos senhores Caetano
Barbosa Mascarenhas, José Luiz Mascarenhas Dalle e Luiz Antônio Gonzaga. Estes eram os primeiros
proprietários da tecelagem que, na época era denominada Fundação Sociedade Industrial Policenas
Mascarenhas LTDA – conhecida como Industrial Policenas Mascarenhas, cuja sigla “IPM” pode ser vista
ainda hoje em uma das antigas chaminés da fábrica. Foram estes os financiadores da obra e para sua
execução contrataram mão de obra local. Os senhores José Luiz e Luiz Antônio eram engenheiros de
formação e ficou a cargo deles a realização do projeto e fiscalização da obra.
A construção tinha como objetivo o mesmo ao qual se dedica atualmente: abrigar uma fábrica de tecidos.
Por toda a trajetória histórica do imóvel, o que se viu na verdade foi somente uma expansão deste a fim
de suportar a demanda cada vez maior de seu produto. Na construção, não albergou nenhum tipo de
confecção ou processo de serigrafia.
Não existiam edificações anteriores no lote e a escolha deste terreno se deu devido a sua proximidade da
linha férrea e da sua estação, que serviu para escoar parte da produção durante algum tempo. Este
entorno era marcado apenas pela linha férrea e a estação da Rede Ferroviária Federal S.A., na época da
construção da indústria. Para além da ferrovia – a partir da rua Inácio Rocha – é que se localizavam as
demais edificações da cidade. Isso demonstra que, apesar de hoje localizar-se no perímetro urbano da
sede de Araçaí, a IPM (FITECA), na ocasião de sua construção, foi implantada em um local desprovido de
grandes ocupações. Ainda hoje, este cenário não sofreu súbita transformação, já que a ocupação urbana
se desenvolveu do outro lado do ramal ferroviário, oposto ao lado da indústria, que preserva grande área
desocupada. O lote da fábrica não foi desmembrado, não houve remembramento ou qualquer outro tipo
de alteração da sua área inicialmente adquirida.
A Industrial Policenas Mascarenhas funcionou de 1942 a 1997 sob o mesmo nome e sendo propriedade
dos familiares daqueles três que a idealizaram. Porém em 01 de maio daquele ano a fábrica fechou e
permaneceu assim até que, em 1998, os trabalhos foram retomados sob novo nome e nova direção. Os
senhores André Guimarães, Reginaldo Raimundo Pena, Expedito Rodrigues e William Márcio adquiriram o
bem das mãos dos familiares dos primeiros proprietários e reabriram a fábrica que funciona até os dias
atuais.
As intervenções sofridas pela fábrica foram as seguintes: 1º) anexo ao primeiro prédio construído para
abrigar a fiação, à sua esquerda, ainda na década de 40, foi construído um edifício para abrigar uma
tecelagem; 2º) com o aumento da demanda do produto dali, na década de 50, foi feita a primeira
expansão do imóvel com o feitio do prédio à direita do imóvel original; 3º) ainda visando o aumento da
produção no final da década de 60, início dos anos 70 foi feita a última expansão. A outra edificação que
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encontramos no lote sempre esteve ali desde 1942, contudo, teve seu uso variado servindo de casa para o
diretor da fábrica (até a década de 60), casa do gerente (década de 60 a atual) e, por fim, escritório da
fábrica (98 a atual).
A importância da construção para o local é, em primeiro lugar, econômica. Hoje a fábrica absorve cerca de
250 trabalhadores, moradores do município, mas esse número já chegou a 400 quando ainda se chamava
Industrial Policenas Mascarenhas. O seu peso para a economia e desenvolvimento da cidade é indubitável
e foi também um dos fatores que contribuíram para a elevação da urbe à condição de município. Além
disso, ao longo dos anos da existência da Industrial Policenas Mascarenhas, esta sempre esteve
empenhada em auxiliar no desenvolvimento da comunidade. Sua participação era marcada seja por
contribuições financeiras, pela disponibilizando funcionários para auxiliar em obras de caráter coletivo, ou
por outras variadas formas mesclando assim de maneira indelével sua história a do município.
Descrição:
A edificação industrial “FITECA” trata-se de um dos marcos arquitetônicos mais significativos de Araçaí. É
composta por um volume principal e mais antigo, que data de princípio da década de 1950 e várias
construções posteriores, ao seu redor, onde funcionam vários setores da fábrica. O inventário trata-se,
porém, apenas da construção principal.
O imóvel possui todos os afastamentos e está implantado em terreno plano e profundo. Tem partido
arquitetônico que tende a forma de um “L”, com corpo principal em forma de retângulo alongado. A
fachada frontal é assimétrica e apresenta o pano de vedação revestido de argamassa pintada de branco.
Possui cerca de 38 vãos, dentre eles, portas, janelas e seteiras. As janelas, em sua maioria, são do tipo
basculante, com caixilho metálico, dotadas de oito folhas móveis de vidro e folhas fixas, cujo número vária
de acordo com cada esquadria. Três janelas encontram-se vedadas com tecido e possuem pequeno
enquadramento de madeira para fixação do mesmo. O restante das janelas tem caixilhos metálicos e são
compostas por quatro folhas fixas de vidro. As portas, em número de quatro, são metálicas de correr,
sendo que uma delas corre para fora. As seteiras, encontrando-se próximas ao embasamento da
edificação, possuem fechamento em grade de ferro.
O coroamento desenvolve-se em doze platibandas, que podem ser considerados também frontões. Há
três variações: O primeiro tipo, formado em número de quatro e possui forma triangular escalonada; o
segundo tipo, em número de seis, possui a forma do encontro de dois triângulos retângulos de diferentes
alturas, formando um dente no vértice superior; a terceira variação, formado por apenas uma platibanda
apresenta forma triangular com óculo central; por fim, o quarto tipo, formado também por uma
platibanda – em uma das extremidades da fachada - possui a forma de um triangulo retângulo, com óculo
central e cobertura em meia água. Todo o coroamento assenta-se sobre estreito friso em alto relevo
pintado de azul.
A cobertura desenvolve-se em múltiplas águas, com cumeeiras, em número de doze, paralelas à Rua
Manuel Durval e perpendiculares ao ramal ferroviário. As telhas, do tipo fibro-cimento, estão assentadas
sobre engradamento de madeira. A edificação possui sistema construtivo de concreto com vedação em
tijolos cerâmicos.
Internamente, a fábrica apresenta os seguintes cômodos: depósito de algodão, sala de batedor, sala das
cargas, passador, filatório, espumadeira, bobinadeira, depósito de bobinas, sala de manutenção,
supervisão, controle de qualidade, sanitários, sala de engomadeira e tecelagem. O piso é, na maioria dos
ambientes, cimentado e os forros, situados abaixo das lajes de concreto, são preenchidos por isopor. Em
alguns cômodos, como na sala das cargas e na tecelagem, verifica-se o piso de tábuas de madeira. Na sala
de engomadeira, observa-se a telha vã. Observa-se o acervo móvel e integrado de maquinaria para
indústria têxtil, algumas ainda em uso.
Nas construções posteriores, funcionam: a portaria, a sala do supervisor, o refeitório para os funcionários
e vestiários, a sala dos compressores, a sala dos mecânicos, o depósito de materiais antigos, a sala de
reparo do maquinário, o depósito de resíduos, o almoxarifado, a expedição, o posso artesiano, a caldeira,
o centro de treinamento, o escritório administrativo e a casa da segurança de trabalho. Tratam-se de
várias construções térreas voltadas para todas as fachadas da edificação principal. Entre essas há uma via
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de paralelepípedos com, em alguns trechos, calçadas cimentadas. Observam-se, ainda, alguns canteiros
gramados com árvores de pequeno a grande porte.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Tombamento municipal.
Estado de Conservação: Bom.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; Hildee de Oliveira Machado; Maria Cecília Rocha;
Raimundo Alves de Jesus; Willer Fernando de Jesus
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
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SACARIA RENASCER INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
Ano do inventário: 2007
Sacaria Renascer Indústria e Comércio LTDA
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Rua Primeiro de Março, 142, Centro.
Uso: Industrial.
Histórico:
O imóvel localizado na Rua Primeiro de Março passou por mudanças de uso e também em seu formato
original no decorrer de sua existência. Construído na década de 1920, quando então o povoado começava
a se desenvolver, esse imóvel servia ao uso residencial. Segundo relatos, a residência era propriedade do
senhor Odilon Costa e ele mesmo teria sido aquele quem financiara a obra e adquirido todo o material
necessário para sua construção.
No entanto, no início da década de 1950, o Paraíso Futebol Clube – uma agremiação desportiva de Araçaí
– adquiriu o bem e, desde então, se mantêm como proprietário deste. O imóvel foi adquirido para que
funcionasse no local a sede social do Clube. Para tanto, as paredes internas do bem foram retiradas,
mantendo-se somente as paredes externas. Na década de 1960, devido ao número cada vez maior de
associados que acorriam às horas dançantes do Clube, o imóvel passou por uma expansão. E esta foi a
última enquanto o imóvel era usado como sede social. Ainda durante essa expansão foram removidas as
telhas francesas para a colocação de telhas de amianto.
Foi utilizado para este fim até o início dos anos 80, quando então serviu de depósito para a Industrial
Policenas Mascarenhas por algum período e, ainda nesta mesma década, passou a ser utilizado como
micro-indústria. Para adaptação a este novo uso, ainda na década de 1980, foram realizadas novas
intervenções sendo elas: a construção de um escritório na lateral do edifício e colocação uma porta de
correr na lateral do bem que dá saída para a Rua Primeiro de Março. A utilização para a micro-indústria se
mantém até os dias atuais sendo que esse uso foi, por vezes, descontinuado. A firma que ali funciona não
foi sempre a mesma, bem como os seus proprietários. Contudo, o imóvel ainda pertence ao Paraíso
Futebol Clube que o aluga há cinco anos para a Sacaria Renascer Indústria e Comércio representada pelo
senhor Reginaldo Raimundo Pena. Para abrigar a atual firma, foi necessário demolir uma parede interna
construída em 1990, e alguns vãos de portas são fechados. O banheiro foi reduzido a um terço de seu
tamanho original, para dar lugar, ao lado desse, a uma pequena copa.
A vizinhança pouco mudou, segundo é relatado. Permanece um local pacífico e com várias residências
térreas circundantes. Ali já foram vistas as horas dançantes do Clube Paraíso, procissões que se dirigiam a
Igreja de São Sebastião e outros festejos. É um importante bem cultural e sua história, ainda é presente na
vida de vários araçaienses que desfrutaram de seu espaço nos embalados bailes da época. Atualmente, a
importância deste prédio também é relacionada ao seu uso por gerar empregos e ajudar a movimentar a
economia local.
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Descrição:
A edificação térrea localiza-se na esquina das Ruas Primeiro de Março e Doutor Avelar, com a fachada
principal voltada para essa última. Apresentando volumetria uniforme em relação às edificações vizinhas,
está implantada no alinhamento do passeio, em terreno plano e acima do nível da rua. Possui apenas
afastamento posterior e tem um partido retangular profundo.
A fachada frontal é simétrica, apresentando pano de vedação, enquadramento dos vãos em argamassa
pintada na cor bege. Os vão comportam três janelas de vergas retas, compostas de duas folhas de abrir de
madeira pintadas na cor azul claro com veneziana inferior e três vedações em vidro. Internamente,
apresentam duas folhas cegas de madeira também de abrir. Sobre os vãos, observa-se um friso horizontal
em alto relevo, acima do qual, desenvolve-se uma platibanda. Essa é simétrica, apresentando forma
escalonada e coroamento em forma trapezoidal. Um anexo justaposto à fachada voltada para a Rua
Primeiro de Março foi construído na porção posterior do terreno, onde observam-se dois vãos: uma janela
de esquadrias metálicas e folhas de vidro e uma porta que dá acesso a este ambiente. Próximo à janela,
está um friso horizontal em alto relevo de argamassa pintada na cor branco, mesma cor do pano de
vedação e barrado desse anexo. A fachada lateral direita é formada por três vãos, sendo uma porta e
duas janelas. Essas últimas são basculantes com caixilhos metálicos e folhas de vidro. A porta é formada
por uma grande folha metálica de correr e bandeira superior em vidro.
A cobertura do corpo original desenvolve-se em duas águas com cumeeira perpendicular à Rua Doutor
Avelar. As telhas são do tipo fibro-cimento e estão assentadas sobre um engradamento de madeira
composto de tesouras. As telhas avançam sobre as paredes externas laterais formando pequenos beirais
com cerca de 30 cm. O corpo secundário é cobertura pelo mesmo tipo de telha tendo, porém, caimento
em meia-água.
O imóvel, de sistema construtivo autoportante de tijolos cerâmicos, tem seu acesso principal na lateral
direita por onde se chega a um grande vão, conformando praticamente todo o corpo principal. Nesse
ambiente, funciona a produção têxtil, onde se encontra todo o maquinário. O piso é de cimentado
vermelho e é desprovido de forro. Situados na porção posterior, estão dois pequenos cômodos: uma copa
e um banheiro. O corpo secundário da edificação é formado por três salas, onde funciona a recepção e a
administração da fábrica e uma área de serviço. As duas primeiras salas possuem forro de isopor e piso de
cimento vermelho. A terceira possui forro de PVC e piso cerâmico. As paredes são pintadas internamente
de branco. A área de serviço possui piso cimentado e telha vã.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Inventário.
Estado de Conservação: Regular.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Herácio Hilário Costa; Reginaldo Raimundo Pena; Valdirene Luzia Moreira.
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
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RESIDÊNCIA À RUA INÁCIO ROCHA, Nº 110/120/130
Ano do inventário: 2007
Residência à Rua Inácio Rocha, nº 110, 120, 130
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Rua Inácio Rocha, nº 110, 120, 130,
Centro.
Uso: Residencial.
Histórico:
O imóvel situado na rua Inácio Rocha à altura do número 130, 120 e 110 é um dos mais antigos do
município. Insere-se no primeiro movimento de urbanização de Araçaí que aconteceu ainda no primeiro
quartel do século XX e se deu ao longo da margem da linha férrea, instalada em 1903. A proprietária atual
do bem, a senhora Hildee de Oliveira Machado é filha do primeiro proprietário da casa, o senhor Álvaro
José Machado.
De acordo com os dados concedidos na entrevista realizada com a senhora Hildee, o lote já pertencia ao
seu pai antes da construção do imóvel. Neste, ele havia construído uma pequena casa de morada que
abrigava sua família. Nos anos anteriores a 1920, o senhor Álvaro decidiu construir, no mesmo terreno,
uma nova residência, maior, que melhor atendesse a demanda de espaço dos seus e, em 1920, a obra da
nova residência foi concluída. Em 1922, a antiga e primeira moradia foi demolida e, em seu lugar, anexa à
obra recém finalizada, erigiu-se um novo imóvel que era utilizado como sede do comércio varejista do
qual o senhor Álvaro era proprietário. Não se sabe ao certo quando essa segunda obra foi concluída,
contudo, é apontado como período provável o ano de 1925, pois, já na virada da década de 1920 para a
de 1930 uma terceira edificação – residencial – foi erigida no lote.
A construção dos imóveis que são encontrados no terreno foi encomendada pelo senhor Álvaro e
gerenciados pelo senhor Emílio Machado, irmão de Álvaro. Além de Álvaro e Hildee, Hercília de Oliveira
Machado – esposa de Álvaro e mãe de Hildee – foi uma das proprietárias do bem, porém por curto
período, pois após a morte de seu marido, em 1951, anos depois, no fim da década de 1950, também
faleceu. Foi após a morte da mãe, que a Sra. Hildee passou a ser a proprietária do imóvel. O uso do bem
sempre foi majoritariamente residencial a exceção do espaço dedicado ao comércio varejista que
funcionou até 1951, ano que o Sr. Álvaro faleceu. Após o ocorrido, a família encerrou suas atividades
comerciais e passou a alugar as duas partes mais novas do imóvel para uso residencial – prática que se
mantêm aos dias atuais.
Em 1959, a edificação passou por sua maior reforma, quando foram trocados todos os pisos de tábua
corrida e forros de esteira de taquara pelos atuais que se vêem presente no imóvel. Ambos, originais do
imóvel, estavam presentes em todos os cômodos, com exceção da cozinha que já possuía cimentado
vermelho. Neste mesmo ano, a casa ganhou um banheiro, pois até então havia somente uma fossa séptica
no quintal. O banheiro toma o lugar do antigo quarto de empregada e o seu hall de acesso está onde
antes havia um depósito. Para essa alteração foi realizado o fechamento da porta que ligava a cozinha ao
quarto de empregada. A ala da esquerda, que nesta época funcionava como armazém, foi adaptada para
o uso residencial, ganhando nova divisão de cômodos.
Por volta de 1967, a residência de Sra. Hildee de Oliveira sofreu novas modificação. Entre o corredor e a
sala havia uma porta de ligação, que foi quebrada para ser feito um grande vão arqueado. A iluminação do
corredor foi melhorada, devido a construção, neste ambiente, de uma janela tipo basculante com caixilhos
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metálicos e folhas de vidro. Essa, no entanto, contribuiu na descaracterizar o imóvel, pois não segue a
mesma linguagem dos outros vãos.
Não houve desmembramento ou remembramento do lote e o entorno do bem, segundo a proprietária,
passou por modificações lentas ao longo dos anos, mas ainda guarda um pouco do clima pacato original. É
essa ligação com o passado da região que valoriza o bem perante os olhos dos munícipes. São várias as
pessoas que apontam o imóvel como sendo um verdadeiro símbolo, um marco da cidade e não é raro
encontrar quem diga que esta é a residência mais importante da cidade.
Descrição:
A edificação, de tipologia eclética, trata-se de uma das primeiras construções da cidade de Araçaí e uma
das que mais se destaca na paisagem urbana araçaiense devido seu tratamento plástico. Devido a seu
partido largo, apresenta volumetria imponente em relação às edificações vizinhas. Está Implantada no
alinhamento do lote, em terreno plano e profundo, pois esse atravessa toda a extensão da quadra. Possui
partido arquitetônico em “T”, tendo o corpo principal forma retangular de maior largura voltada para a
Rua Inácio Rocha. O imóvel possui ainda pequenos afastamentos em ambas laterais.
A fachada frontal é assimétrica e apresenta o pano de vedação, enquadramento dos vãos e sobrevergas
revestidos em argamassa pintada na cor branca. Os vãos, em número de sete, possuem vergas retas e são
formados por quatro portas e duas janelas. Essas últimas são compostas por duas folhas cegas de abrir de
madeira pintadas na cor azul e dotadas de bandeira superior com duas folhas fixas de vidro. As portas
apresentam-se da mesma forma, porém, com apenas uma folha. As fachadas laterais estão em
concordância com a frontal apresentando o mesmo acabamento dos vãos.
O coroamento em cimalha desenvolve-se pelas fachadas da edificação. Sobre esse, na fachada frontal,
descansa uma platibanda, que se destaca por sua forma geométrica, guarnecida de dois arcos plenos e
três pináculos.
A cobertura possui sete águas, sendo quatro do corpo principal, com cumeeira paralela à rua e três do
secundário, e cumeeira perpendicular à via. As telhas são do tipo capa e bica e se apóiam sobre um
engradamento de madeira.
O imóvel é dividido em duas residências, sendo a da direita acessada pela lateral e a da esquerda pela
fachada frontal. A primeira possui três quartos, duas salas, um corredor, um depósito, uma cozinha, um
banheiro e um cômodo que antecede esse. Os três últimos cômodos configuram o corpo secundário da
edificação. Os pisos são de cerâmica em um dos quartos; ladrilho hidráulico em uma sala, no banheiro e
em seu cômodo antecedente; cimento vermelho na cozinha e tabuado largo no depósito. No restante dos
cômodos, há tacos de madeira. Os forros são, em todos os ambientes, de tábuas finas de madeira, tipo
lambri, com exceção da cozinha e do depósito onde há telha vã. As paredes internas são pintadas de verde
claro. Quanto a segunda residência, seu acesso não foi possível, pois seu responsável não estava
presente. No entanto, sabe-se que possui três quartos e duas salas, tendo piso e forro de madeira, não
originais do imóvel.
A edificação, de sistema construtivo autoportante de tijolos, possui ainda em sua porção posterior uma
grande área externa que funciona como pomar, onde há árvores de pequeno a médio porte.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Tombamento municipal.
Estado de Conservação: Regular.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Herácio Hilário Costa; Hildee de Oliveira Machado.
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
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BAR DO EDMAR
Ano do inventário: 2007
Bar do Edmar
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Praça São Sebastião, nº 57, Centro.
Uso: Comercial e residencial.
Histórico:
O senhor João Geraldo de Paula, atual proprietário do bem localizado a altura do número 57, na praça São
Sebastião em Araçaí, detém os documentos deste há 26 anos quando então o adquiriu do senhor João de
Paula Sobrinho. De acordo com relatos, a obra teria sido idealizada por Pedro Paulo Machado e por este
financiada. A mão de obra utilizada foi contratada entre os habitantes da cidade e todo o esforço da
construção foi finalizado, em 1927, conforme gravado na platibanda do edifício.
Desde os primórdios do imóvel, este serviu para o uso misto, ou seja, parte dele era dedicado ao uso
residencial – a que se volta para a rua Doutor Avelar – e parte ao uso comercial – a que se volta para a
praça São Sebastião. Logo na época de sua construção, funcionou sob a batuta de seu idealizador um
pequeno mercado para atender a população local. Diversos outros comércios passaram por ali: padaria,
fábrica de manteiga, depósito de algodão da Industrial Policenas Mascarenhas, casa de banha e outros
que não deixaram registros na memória dos citadinos, portanto, o período exercido por cada
estabelecimento não foi possível determinar. Até mesmo a prefeitura, quando Araçaí foi emancipada em
1963, funcionou no imóvel durante alguns anos até o final da década de 1960. Contudo, a parte comercial
do bem abrigou, na maior parte do tempo, bares tal como pode ser observado no presente.
Algumas intervenções foram feitas no bem. Uma parede que dividia a sala principal deste foi retirada há
cerca de 22 anos. O alpendre original foi demolido no período compreendido entre os anos de 1950 e 75 e
foi reconstruído em 1993 pelo atual proprietário. Uma janela que se abria para a rua Doutor Avelar foi
removida, quando a prefeitura ali se instalou e, em seu lugar, foi colocada uma porta. Essa porta foi
removida logo que João Geraldo adquiriu o bem, em 1981, e, novamente, foi colocada uma janela no lugar
– mas esta não segue os mesmos padrões da época da construção do bem. É interessante observar,
porém que, mesmo após todas essas intervenções, a edificação ainda preserva seus traços originais,
principalmente no que diz respeito a sua fachada.
A velha porta de enrolar sela a parte comercial, os pináculos da platibanda e o desenho bem trabalhado
desta vem coroar história deste bem. Diversos moradores apontam esta como sendo uma das relíquias da
cidade.
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Descrição:
A edificação térrea, de tipologia eclética e de sistema construtivo autoportante de tijolos, apresenta
volumetria predominante em relação aos imóveis vizinhos. Está Implantada em esquina com fachadas
voltadas para a Praça São Sebastião e Rua Doutor Avelar. Essas são chanfradas formando uma terceira
fachada frontal, voltada para a esquina. A edificação está implantada no alinhamento do lote, em terreno
plano e pouco profundo. Seu partido arquitetônico tende a forma retangular, com maior largura voltada
para à Rua Doutor Avelar. Apresenta afastamento lateral direito, onde há um alpendre que dá acesso a
residência localizada na ala lateral direita do imóvel. Na ala esquerda existe um bar, cujo acesso é frontal.
A residência, internamente, é formada por uma sala central que tem ligação direta com três quartos, um
depósito e uma cozinha. Essa última dá acesso ao banheiro e a área de serviço que está voltada para os
fundos do lote. Em todos os quartos, na sala e na cozinha observa-se o piso cimentado vermelho e o forro
em laje pré-moldada com enchimento de tijolo. No banheiro o piso é de ardósia, no alpendre é de
cerâmica, na área de serviço é de cimentado e no depósito é de cimentado vermelho. Esses quatro
cômodos possuem telha vã. A sala é rebocada e pintada de verde claro e os cômodos restantes são
rebocados, porém não receberam pintura. Quanto ao bar localizado na outra ala no imóvel, seu acesso
não foi possível, pois o responsável não se encontrava.
As fachadas da edificação são assimétricas, apresentando, em sua maior parte, pano de vedação,
elementos decorativos em alto relevo e embasamento revestidos em argamassa pintada na cor amarelo.
Parte da fachada voltada para a Rua Doutor Avelar possui esses elementos pintados de branco.
Os vãos, em número de oito, possuem vergas retas e são formados por três portas e cinco janelas. As
portas são metálicas, com sistema de enrolar e dotadas, de bandeiras superiores com gradil metálico.
Todas as janelas localizam-se na fachada voltada para a Rua Doutor Avelar. Quatros delas possuem quatro
folhas metálicas de correr, sendo duas fixas e duas móveis e uma grade interna. A outra possui gradil
metálico. As fachadas possuem também frisos em alto relevo que contorna a os vãos, mesmo naqueles
que foram fechados posteriormente. No pano de vedação estão pintadas propagandas publicitárias do
bar, nas cores brancas e vermelho, o que contribui na descaracterização do imóvel.
O coroamento em cimalha se desenvolve pelas fachadas da edificação. Sobre esse, descansa uma
platibanda, que se destaca por sua forma geométrica, guarnecida de três balaustradas e seis pináculos.
Sobre a balaustrada frontal, entalada entre os pináculos, está um pequeno frontão com a inscrição “1927”
o que evidencia a data da edificação.
A cobertura do corpo principal da edificação desenvolve-se em meia água, com caimento voltado para o
fundo do lote. O alpendre e a área de serviço possuem cobertura independente, também em meia água.
As telhas são de amianto, com exceção do alpendre, que ainda conserva as telhas francesas, originais do
imóvel. Todas se apoiam em um engradamento de madeira.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Inventário.
Estado de Conservação: Regular.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Maria Elisabeth de Paula; João Geraldo de Paula; Álvaro José Andrade; Regina Coeli Andrade.
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
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20. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
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RESIDÊNCIA À RUA ULISSES BATISTA, Nº 56
Ano do inventário: 2007
Residência à Rua Ulisses Batista, nº 56
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Rua Ulisses Batista, nº 56, Centro.
Uso: Residencial.
Histórico:
Segundo entrevistas realizadas entre diversos munícipes, esta é sem dúvida uma das casas mais antigas da
cidade e comumente é apontada como sendo anterior ao ano de 1930. Alguns dados nos auxiliam a
precisar melhor o período de fundação deste bem: o desenvolvimento do povoado foi acelerado a partir
de 1903 com a chegada da Estação Ferroviária da Estrada de Ferro Central do Brasil; e, em 1917, a Escola
Jorge Mascarenhas – que então se chamava Escolas Reunidas de Araçá – foi inaugurada em terreno
adjacente. Isso nos aponta para o fato de que já antes do fim da segunda década do século XX a
urbanização já chegava a esta região do povoado e muito provavelmente a construção desta residência
não dista muito deste período. Considerando seu traçado simples e de rápida execução do projeto é bem
provável que antes de 1925 esta já estivesse erguida e servindo de abrigo para a família do primeiro
proprietário.
Os moradores de Araçaí também nos relatam que a edificação sempre serviu ao uso residencial não
funcionando no local nenhum tipo de comércio ou repartição pública. Dado seu período provável de
fundação, é possível afirmar, com margem considerável de acerto, que não havia edificações anteriores
no lote, sendo esta a primeira e única observada. O entorno do bem se modificou junto com o
crescimento do município: novas casas foram aparecendo na região, mas o que mais se destaca são os
diversos tipos de comércio que ali se fixaram dado o fato de que o imóvel está localizado em uma zona de
grande afluxo de pessoas. Hoje observamos ali uma mobiliadora, uma mercearia e panificadora, diversos
bares e a já citada Escola Jorge Mascarenhas.
Registros do bem nos são dados a partir do ano de 1960, quando então Antônio Maria de Souza comprou
a casa a fim de lá residir com sua família. Ele morou nela até 1978, quando então passou a alugar esta
propriedade. No período entre o fim do ano de 1989 e início de 1990, a casa passou a ser propriedade de
Osvaldo José de Paula – genro de Antônio Maria – e este ainda detém a posse desta. Osvaldo, desta época
aos dias atuais, sustenta a prática iniciada por seu sogro e através dos anos continuou locando o imóvel.
O atual inquilino, Fernando Ramos da Silva, reside no local, há cerca de dois anos, e apontou algumas das
intervenções pelas quais a casa passou. Há cerca de seis anos, uma pintura a base de cal foi realizada em
todo o bem e, há quatro anos, a madeira do engradamento do telhado foi trocada. Os principais
problemas apontados pelo inquilino são: a umidade na cozinha e uma fossa existente no quintal que está
começando a abrir.
É com a intenção de preservar esse bem que os moradores deste e das regiões vizinhas nos apontam a
moradia como sendo de grande significado para a cidade. Sua história, ainda que cheia de lacunas e oculta
por espessa névoa, pode nos contar um pouco dos hábitos familiares dos araçaienses anônimos.
21. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
Descrição:
A edificação térrea, de partido arquitetônico quadrado, apresenta volumetria uniforme em relação às
edificações vizinhas. Implantada acima do nível da rua, em terreno plano e profundo, apresenta-se
recuada do alinhamento, tendo fechamento em muro de concreto com cerca de um metro e meio de
altura. Além do afastamento frontal, possui afastamentos laterais e posterior.
A fachada frontal é composta por dois planos: O mais recuado é formado pelo alpendre, apresentando
duas janelas de vergas retas compostas por enquadramentos de madeira e uma folha cega de madeira de
abrir. Tanto o enquadramento quanto as folhas apresentam pintura na cor cinza. Lateralmente às janelas
está a porta de acesso a residência. O alpendre possui ainda piso cimentado e telha vã. Sua cobertura é
sustentada por pilares de tijolos autoportantes, que se apoiam em uma pequena mureta que contorna
este ambiente. O plano avançado possui uma janela compostas por duas folhas de abrir de madeira, com
veneziana inferior e quatro vedações em vidro. Internamente, apresentam quatro folhas cegas de madeira
também de abrir. É dotada de um detalhe em argamassa pintada na cor azul claro, em alto relevo, que
contorna seu enquadramento superior. Esse plano avançado é coroado por uma empena triangular, sobre
a qual se observa o simples beiral. O pano de vedação da fachada e seu embasamento são caiados de
branco.
A cobertura desenvolve-se em múltiplas águas, com cumeeira principal paralela à rua. As telhas são
francesas e se apoiam em um engradamento de madeira. A edificação possui sistema construtivo misto,
apresentando sistema autoportante de tijolos e algumas vedações em adobe.
Internamente, o imóvel é formado por uma sala e uma cozinha central, quatro quartos, um banheiro e
uma área de serviço. Em todos os cômodos, observa-se telha vã e piso em cimentado vermelho. As
paredes são caiadas de branco. A cozinha dá acesso à área externa do imóvel, local utilizado para lavagem
e secagem de roupa, encontrando-se sem pavimentação. Nos fundos do lote, há uma pequena construção
onde funciona um depósito.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Inventário.
Estado de Conservação: Regular.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Cíntia de Souza Cunha Soares; Fernando Ramos da Silva; Mário Lúcio Rocha Soares; Osvaldo José de Paula.
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
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22. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
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MOBILIADORA SHAOLIN
Ano do inventário: 2007
Residência à Rua Ulisses Batista, nº 70
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Rua Ulisses Batista, nº 70, Centro.
Uso: Comercial.
Histórico:
O imóvel que hoje abriga a ‘Mobiliadora Shaolin’ em Araçaí guarda em seu histórico marcas importantes
ligadas à cultura municipal. Foi construído pela extinta Sociedade Teatral de Araçaí em 1944. O imóvel foi
projetado para ser um espaço em que pudessem ser encenadas peças teatrais e também projetados
filmes almejando o entretenimento dos habitantes. A Sociedade que idealizou a edificação era composta
pelos senhores: Wilson Pena, Geraldo Baptista e Olímpio Machado. Contudo, esta ganhou novos
acionistas e dentre eles cabe citar os senhores: Álvaro Machado, José de Paula Filho e Geraldo de Oliveira.
Os entrevistados afirmaram que não havia edificações anteriores no lote e ressaltam o fato de que este foi
o primeiro imóvel deste tipo em Araçaí.
Projetado para abrigar o teatro/cinema – nomeado Cine Vitória –, manteve esse uso até
aproximadamente o ano de 1955, quando então não funcionou mais como centro de cultura e diversão
local. Após o ano de 1955, este ficou abandonado até que, em 1966, um supermercado ali se instalou
alterando, desde então, o uso para o comercial. O supermercado fechou suas portas em 1976 e, já em
1977, uma padaria as reabriu. Em 1982, a padaria finalizou suas atividades e, naquele mesmo ano, uma
associação passou a ser a proprietária do local novamente: o Centro Social Desportivo de Araçaí. Deste
ano em diante a associação passou a alugar o imóvel para que, com o dinheiro arrecadado, pudessem ser
realizadas as obras de manutenção do lugar. Seu atual inquilino é a Mobiliadora Shaolin, que está no local
desde dezembro de 2003.
O senhor Orlando Alves do Santos, atual presidente da associação, indica que o lote foi desmembrado em
ano anterior ao de 1982. Segundo ele, esse desmembramento teria ocorrido quando, entre os anos de
1977 e 1982, uma porção à esquerda do terreno foi vendida ao senhor Antônio José Pereira de Moura.
A edificação sofreu algumas intervenções ao longo dos anos: As três janelas existentes na lateral
esquerda, não são originais, e a porta de acesso principal possuía folha em madeira. Essa foi trocada pela
a atual. Não se têm notícia a respeito da data dessas intervenções, no entanto, devem ter acontecido por
volta de 1955, quando o imóvel deixou de funcionar como cinema. A edificação sofreu ainda alguns
acréscimos, que conformaram os dois anexos posteriores, sendo o segundo deles construído em 2006.
O principal significado do bem para a comunidade é que ele mantém viva a memória de um passado
quando a cidade contava com um grupo de teatro e efervesciam apresentações que animavam a todos.
Mesmo após meio século de encerramento das atividades como cinema e teatro, a população ainda se
refere ao imóvel como sendo o ‘antigo cinema’, ainda que muitos não tenham visto sequer uma
apresentação artística neste local. Essa nostalgia fortalece a postura que o aponta como um signo
relevante, digno de preservação, para todos os munícipes a fim de que as gerações futuras sejam
conhecedoras de suas raízes.
23. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
Descrição:
A edificação térrea, de estilo que remete ao Art Decó, apresenta volumetria uniforme em relação às
edificações vizinhas. Está implantada no alinhamento, acima do nível da rua, em terreno plano e
profundo. Possui afastamentos lateral esquerdo e posterior e apresenta um partido retangular. O imóvel é
formado por um corpo principal, de pé direito elevado, que corresponde à porção original do imóvel, onde
funcionava o antigo cinema. Conectados a esse, estão dois anexos posteriores, de pés-direitos mais
baixos, que configuram as expansões a qual o imóvel foi submetido.
A fachada frontal é simétrica, apresentando pano de vedação em argamassa pintada na cor amarelo e um
barrado de cerca de um metro de altura pintado na cor cinza. Os vãos comportam três grandes portas
metálicas de enrolar pintadas na cor azul, que dão acesso ao estabelecimento comercial. Sobre os vãos
está uma marquise com telhas de amianto que se apoiam em um engradamento metálico, composto por
mãos francesas. O coroamento é formado por uma platibanda guarnecida de frisos de argamassa em alto
relevo pintados na cor branco. Esses delimitam o contorno da platibanda, que possui forma geométrica
escalonada, com coroamento superior em arco abatido. Entre a marquise e a platibanda está, fixado no
pano de vedação, uma placa publicitária com o nome do estabelecimento, seu endereço e telefone. Ao
lado desse, estão fixadas, de forma simétrica, duas luminárias públicas, que contribuem na
descaracterização do imóvel. A fachada lateral esquerda possui cinco pilares que afloram no pano de
vedação. Entalados entre eles, estão três vãos que comportam janelas de abrir de caixilhos metálicos.
Essas são formadas por duas folhas fixas e duas móveis de vidro fantasia.
Internamento, o corpo principal do imóvel possui um amplo vão, dotado de duas pequenas pilastras
próximas ao acesso principal que sustentam a antiga sala de projeção do antigo cinema. Uma estreita
escala lateral dá acesso a este cômodo. O pé-direito desse saguão é de aproximadamente 9m e as paredes
são revestidas em argamassa pintada na cor bege.
No primeiro anexo posterior, de pé-direito de cerva de 6m, existe um banheiro de piso cerâmico e meia
parede revestida de azulejo e um depósito. Há ainda algumas divisórias de alvenaria de tijolos que
configuram ambientes que funcionam também como depósito. No segundo anexo posterior, há somente
um grande vão, sem divisórias. Em toda a edificação, com exceção do banheiro, observa-se o piso em
cimentado e a telha vã.
O imóvel, de sistema construtivo autoportante de tijolos, possui cobertura em duas águas com cumeeira
perpendicular à rua. As telhas do corpo original são francesas e estão assentadas sobre um engradamento
de madeira composto de tesouras. Os anexos posteriores possuem telhas de fibrocimento. No primeiro
anexo, essas estão apoiadas em um engradamento de madeira, enquanto no segundo estão sobre um
engradamento metálico, formado por treliças.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Inventário.
Estado de Conservação: Regular.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Maria Cecília Rocha; Orlando Alves dos Santos; Raimundo Alves de Jesus.
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
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CASA DO AGENTE FERROVIÁRIO DA RFFSA
Ano do inventário: 2007
Praça Virgilato Coelho, nº 234
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Praça Virgilato Coelho, nº 234, Centro.
Uso: Residencial.
Histórico:
A casa situada na Praça Vigilato Coelho, número 234, é atualmente parte dos bens que compõem o
patrimônio da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA). Construída nos mesmos esforços que trouxeram para
o município de Araçaí a malha ferroviária da então denominada Estrada de Ferro Central do Brasil – EFCB
– a residência foi inaugurada no mesmo ano da estação local, ou seja, 1903. A EFCB construíra a pequena
casa de morada a fim de abrigar os agentes ferroviários que, uma vez instalados no município, eram os
responsáveis pela gestão da agência de Araçaí.
Segundo relatos, o mesmo encarregado das obras de construção da estação foi quem cuidou também
dessa empreitada. Seguindo os preceitos definidos pelos diversos engenheiros da EFCB que traçaram as
linhas que guiaram o projeto, o senhor Manoel Durval, que era reconhecido por ser um exímio artífice, o
levou a cabo e instalou, no alto da pequena elevação de terra vizinha à estação, a residência. Não é
registrada a existência de nenhuma edificação anterior no local e o uso após a construção da moradia foi
sempre o residencial.
A senhora Maria da Conceição de Freitas é a atual moradora do local e é ex-esposa do último agente da
rede que ali trabalhou. Ela informou que, há 24 anos, aluga a casa, pagando uma quantia mensal para a
RFFSA. Antes dela, outros agentes da rede e suas respectivas famílias ali se albergaram. Ainda nos informa
que não houve desmembramento do lote e que a principal modificação sofrida no entorno foi a
construção da Praça Vigilato Coelho no final da década de 1980.
O imóvel sofreu uma intervenção de acréscimo, quando foram construídos os cômodos posteriores: o
banheiro, a área de serviço e a segunda cozinha. A proprietária, no entanto, não soube informar a respeito
da data dessa construção. Sabe-se ainda que um dos quartos funcionava originalmente como banheiro.
Um outro quarto, teve seu forro original de madeira, substituído pelo de tecido, pois aquele se encontrava
deteriorado.
Quando se pergunta aos moradores do município, estes são unânimes em dizer que o significado da
pequena moradia no alto da encosta próxima à estação ferroviária para Araçaí é associado a um passado
próspero, de crescimento e bonança de quando a estação ainda funcionava e o fluxo de passageiros e do
comércio era intenso. É a lembrança de um passado esplêndido que, atualmente, é representado pelas
construções que compõem o acervo ferroviário, tais como a antiga residência do agente ferroviário.
25. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
Descrição:
A edificação térrea trata-se, provavelmente, de uma das primeiras construções da cidade de Araçaí.
Implantada no alinhamento, no nível da rua e em terreno elevado, plano e profundo, apresenta
volumetria uniforme em relação às edificações vizinhas. Possui afastamentos frontal e laterais e um
partido que tende a forma retangular. Encontra-se com sua fachada posterior e com o acesso do lote
voltados para a Praça Virgilato Coelho. O acesso ao imóvel, por sua vez, é feito por uma porta localizada
em sua fachada lateral esquerda.
A edificação é formada por um corpo frontal, de pé-direito elevado e um corpo mais baixo, ambos
parecem ser originais do imóvel. Além disso, observa-se um anexo posterior onde está a área de serviço e
uma cozinha. O sistema construtivo do imóvel é misto, pois possui estrutura autônoma de madeira, com
vedação em adobe e estrutura autoportante de tijolos.
A fachada frontal é simétrica e apresenta pano de vedação revestido em argamassa pintada na cor branca.
Os cunhais e o embasamento de pedra, que afloram no pano de vedação, são pintados de azul claro. Os
vãos, em número de dois, possuem vergas retas e guarnecem duas janelas de guilhotina externa. Essas
possuem caixilho de madeira e vedação em vidro e, internamente, uma folha de abrir, cega de madeira,
pintada na cor azul claro. O coroamento é formado por um frontal triangular que se assenta sobre estreita
cimalha. É dotado, de detalhes em alto relevo de argamassa pintada de azul e guarnece, ao centro, um
óculo decorativo. Sobre esse, observa-se o beiral simples de madeira. As fachadas laterais estão em
concordância com a frontal, apresentando os mesmos tipos de vãos. Na fachada lateral direita, porém há
uma janela tipo basculante com caixilhos metálicos e folhas de vidro.
A cobertura desenvolve-se em quatro águas, com cumeeiras paralelas as fachadas laterais do imóvel. As
telhas são do tipo francesas e se apoiam em um engradamento de madeira. O anexo posterior possui
cobertura independente, em múltiplas águas, com telhas francesas e de fibro-cimento.
Internamento a edificação apresenta uma sala, uma copa, cinco quartos, um corredor, duas cozinhas, um
banheiro e uma área de serviço. A sala e três quartos possuem piso de taco e forro de tábua larga, a copa
possui piso cerâmico e mesmo forro e um dos quartos possui piso em taco e forro em tábuas estreitas de
madeira. No restante dos cômodos observam-se o piso cimentado e a telha vã, com exceção de um quarto
que possui forro de tecido.
O imóvel apresenta ainda, grande área descoberta com pomar, utilizada também como área de lazer.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Inventário.
Estado de Conservação: Regular.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Herácio Hilário Costa; Maria Cecília Rocha; Maria da Conceição de Freitas.
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
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26. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
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RESIDÊNCIA À PRAÇA SÃO SEBASTIÃO, Nº 97
Ano do inventário: 2007
Praça São Sebastião, nº 97
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Praça São Sebastião, nº 97, Centro.
Uso: Residencial.
Histórico:
A residência situada na Praça São Sebastião, nº97, foi construída no ano de 1951 antes, portanto, da
emancipação do povoado. De acordo com a proprietária da casa, a senhora Regina Coeli Andrade, foi
adquirido o terreno ao senhor “Didico”, ex-morador da cidade, um ano antes do bem ser erigido. A venda
foi realizada, pois este senhor precisava, na ocasião, de recursos para financiar os estudos de seu filho que
então cursava o ensino superior na cidade de Diamantina. Antes do Sr. “Didico” o proprietário era o Sr.
Noé Pereira, tabelião de prestígio local.
A Sra. Regina informa que não havia nenhuma edificação anterior no lote e para erigir a habitação foi
contratada mão de obra local e o projeto foi de um construtor local que infelizmente ela não guardou
nenhum registro que pudesse indicar seu nome.
O uso ao qual o bem se destinou foi majoritariamente o residencial, entretanto, de meados da década de
1950 até 1976 a casa funcionou também como um posto telefônico. Como dispunha da única central
telefônica da cidade, a Sra. Regina era responsável pelas ligações e, destas, ela retirava a maior parte de
seus rendimentos.
Há 56 anos, a Sra. Regina Coeli Andrade é proprietária do bem e se mantêm como única proprietária até
os dias presentes. O bem passou por algumas intervenções, espaçadas no tempo, sobretudo almejando a
manutenção deste e estas não alteraram significativamente suas características originais. Foi construída,
na década de 1960, a caixa d’água, que se encontra próxima da cozinha. Nesse ano, foi demolida a antiga
estrutura da caixa d’água, que era formado por apenas um pilar central e um apoio em forma de “X”. Dez
anos mais tarde, em 1970, é construída a garagem do imóvel e, em 1982, a mureta de fechamento frontal
do lote foi retirada para a colocação do atual gradil metálico. Essa era formada por tubos de ferro
galvanizados fixados em apoios de concreto. Nesse mesmo ano o banheiro é reformado: o piso original de
cimento vermelho é substituído pelo atual de cerâmica e a parede, que era somente pintada, ganhou os
atuais azulejos. Outra intervenção refere-se à retirada do fogão de lenha da cozinha. Por fim, foi
construída, em 2003, a rampa de concreto que faz a ligação do imóvel com o pomar. O entorno do bem se
desenvolveu junto com a cidade. É claro, como se encontra no centro pulsante da urbe, já eram vistas
outras edificações na região como a de 1927 situada na altura do número 57 da praça. Contudo, desde sua
fundação, a dona da moradia acompanhou a urbanização da Praça, a expansão da Igreja da Matriz de São
Sebastião e diversas novas construções comerciais e residenciais. Ressalta-se o significado do bem como
peça chave que informa sobre os hábitos dos núcleos familiares locais e que integra o grande quebra-cabeça
que compõe o histórico do município.
27. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
Descrição:
A edificação térrea, de partido arquitetônico retangular, apresenta volumetria uniforme em relação às
edificações vizinhas. Implantada cerca de 50 cm abaixo do nível da rua, em terreno plano e profundo,
apresenta-se recuada do alinhamento, com fechamento frontal em gradil de metalon e lateral em mureta.
Além do afastamento frontal, possui afastamentos laterais e posterior.
A fachada frontal apresenta pano de vedação revestido em argamassa pintada de branco, guarnecida de
detalhes em alto relevo distribuídos irregularmente. Essa fachada é composta por dois planos: o mais
recuado é formado pelo alpendre onde está a porta de acesso a residência. O piso desse ambiente é de
ladrilho hidráulico e o forro é em laje pré-moldada revestida por tijolos. Sua cobertura é sustentada por
pilares de tijolos autoportantes, formando um arco pleno que se apoia em uma pequena mureta que
contorna o alpendre. O plano avançado da fachada, por sua vez, apresenta uma janela de verga reta
composta por enquadramentos de argamassa pintada de branco. Essa possui duas folhas de madeira com
veneziana inferior e vedação em vidro. Internamente apresenta duas folhas cegas de madeira. Além do
alpendre, a fachada frontal é composta por duas empenas: um pertencente ao plano avançado e outro
maior, que compreende toda a largura da edificação. Sobre esses, desenvolvem-se pequenos beirais em
cimalha, que contornam a forma triangular da empena.
As fachadas laterais estão em concordância com a frontal, apresentando os mesmos tipos de vãos. Na
fachada posterior, no entanto, observa-se uma janela tipo basculante com folhas de vidro e caixilhos
metálicos.
A edificação, de sistema construtivo autoportante de tijolos, possui cobertura que se desenvolve em
múltiplas águas, com cumeeira principal paralela à Rua Padre Horta. As telhas são francesas e apoiam-se
em um engradamento de madeira.
Internamente, o imóvel é formado por uma sala, uma copa, dois quartos, um depósito, um corredor, um
banheiro e uma cozinha. Na sala e nos quartos observa-se o piso de taco de madeira. A copa, corredor e
depósito possuem piso em ladrilho hidráulico, o banheiro possui piso cerâmico e a cozinha possui
cimentado vermelho. Os cômodos possuem laje pré-moldada de concreto com fechamento em tijolos.
Com exceção do banheiro que é azulejado, as paredes internas são revestidas de argamassa pintada de
branco.
A área descoberta possui uma pequena rampa de concreto, feita recentemente, que faz a ligação entre o
imóvel e o pomar, que se encontra em nível mais baixo. Nesse observam-se árvores de pequeno a médio
porte. No afastamento lateral esquerdo há duas construções posteriores: a primeira, próxima à cozinha,
trata-se de um apoio para a caixa d’água. A segunda está na divisa do lote e funciona como garagem.
Possui cobertura independente em meia água e um portão metálico voltado para a rua.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Inventário.
Estado de Conservação: Regular.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Álvaro José Andrade; Herácio Hilário Costa; Hildee de Oliveira Machado; Regina Coeli Andrade.
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
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28. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
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RESIDÊNCIA À RUA PADRE HORTA, Nº 37
Ano do inventário: 2007
Rua Padre Horta, nº 37
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Rua Padre Horta, nº 37, Centro.
Uso: Desuso.
Histórico:
O imóvel construído à altura do número 37, na Rua Padre Horta em Araçaí, foi construído no ano de 1905
aproximadamente. Este fator já o liga aos primórdios do desenvolvimento do local que entrou em franca
expansão a partir da chegada da linha férrea em 1902 e a fixação de uma estação ferroviária da Estrada de
Ferro Central do Brasil em 1903. Um construtor chegado com os trabalhos da ferrovia é quem foi o
responsável pelo erguimento do bem, seu nome era Manuel Durval. Espanhol de nascimento, Manuel
Durval, nasceu em maio de 1864 e chegou ao povoado, em 1902, com a linha férrea sendo o responsável
por diversas edificações locais, entre as quais destacam: Capela de São Sebastião (1913) – hoje Matriz de
São Sebastião –; Grupo Escolar e Cemitério Municipal (ambos de 1917) e também construtor da
edificação, objeto desta ficha.
Manuel Durval para levar adiante seu projeto de construção do bem, contratou mão de obra local e
retirou de suas finanças a verba necessária para completar de maneira satisfatória os procedimentos
cabíveis. O uso intentado para o bem foi primordialmente o comercial. Conforme pôde ser verificado
entre os moradores do município, logo que se fixou no povoado, o Sr. Manuel abriu um pequeno
comércio de secos e molhados e esta foi a sede deste comércio.
Não havia, no terreno, nenhuma construção anterior e o lote não foi desmembrado nem passou por
nenhum remembramento. Seu uso comercial se manteve até o fim da década de 1950 aproximadamente,
quando então ficou algum tempo abandonado e passou a ser utilizado como residência. Contudo, esse
segundo uso não perdurou e, de meados da década de 1980 aos dias atuais, o imóvel permanece vazio.
Foram os proprietários deste imóvel: Manuel Durval (1905); Félix Schamon (1920 aproximadamente); João
de Paula Sobrinho (1970 aproximadamente). O bem ainda pertence à família de João de Paula Sobrinho,
mas, após o seu falecimento, são seus filhos que nominalmente o detêm.
O entorno desenvolveu-se muito, acompanhando a cidade. Datando dos primórdios do povoado, a
pequena edificação passou por todas as fases do município e pode ser considerado um verdadeiro
monumento que vivifica a lembrança de um passado importante que forma e informa as raízes de Araçaí.
Descrição:
A edificação térrea, de tipologia que remete ao estilo colonial, é, provavelmente, de uma das primeiras
construções da cidade de Araçaí. Implantada no alinhamento, no nível da rua e em terreno plano e
profundo, apresenta volumetria uniforme em relação às edificações vizinhas. Apresenta partido
arquitetônico em “L” e afastamentos lateral direito e posterior. A edificação possui sistema construtivo
misto, pois sua fachada conserva a estrutura autônoma de madeira, com vedação, provavelmente em
adobe, enquanto no restante do imóvel observa-se estrutura autoportante de tijolos.
29. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
A fachada frontal é assimétrica e apresenta o pano de vedação revestido em argamassa caiada na cor azul
escuro. Apresenta uma janela frontal e vãos geminados de porta-janela de um esteio único que os
dividem. Os vãos possuem enquadramentos de madeira, vergas retas e uma folha de madeira de abrir
pintada na cor cinza escuro.
A fachada lateral esquerda possui pano de vedação revestido por argamassa pintada de branco, onde se
afloram os pilares de estrutura autoportante de tijolos. Observam-se duas janelas com enquadramento de
madeira pintado de vermelho e uma folha cega de madeira de abrir. A fachada lateral direita apresenta-se
da mesma forma, porém não foi possível observar o número de vãos.
O beiral é do tipo simples formado pelo prolongamento das telhas do tipo capa e bica que se apoiam em
um engradamento de madeira. A cobertura desenvolve-se em cinco águas, com tacaniça posterior e
cumeeiras perpendiculares entre si, seguindo o partido da edificação.
Quanto ao interior do imóvel, seu acesso não foi possível, pois seu responsável não se encontrava
presente.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Inventário.
Estado de Conservação: Ruim.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Herácio Hilário Costa; Maria Cláudia Souza dos Santos.
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.
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30. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
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PRAÇA SÃO SEBASTIÃO
Ano do inventário: 2007
Praça São Sebastião
FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007
Município: Araçaí.
Distrito: Sede.
Endereço: Praça São Sebastião, Centro.
Uso: Praça /Lazer/ Feiras / Festas populares e religiosas.
Histórico:
A Praça São Sebastião é grande referência municipal e pode ser considerada o verdadeiro coração da
urbe. Anteriormente, era ali um largo, com algumas árvores e um pequeno coreto que dava espaço a
apresentações das bandas locais – corporações estas que hoje já estão extintas. Não era dado ao local
nenhum nome específico antes da construção da praça.
Esta foi construída na gestão do terceiro prefeito de Araçaí, o senhor Antônio José Pereira de Moura –
conhecido como “alemão” –, nos anos de 1971 e 1972. A obra consistia, inicialmente, em um calçamento
de cascalho, a colocação de alguns bancos e delimitação dos canteiros da praça. Também ali – no local
onde hoje se encontra o novo coreto – foi colocada uma espécie de marquise para abrigar uma televisão.
A partir de então o local recebeu a denominação Praça São Sebastião. O nome veio da Capela erigida à sua
frente dedicada a este Santo.
O local permaneceu inalterado até que, no ano de 1987, o prefeito Raimundo Alves de Jesus iniciou uma
obra de revitalização desta praça. Ele foi responsável pela remoção da marquise que guardava a televisão
e em seu lugar construiu um coreto. O piso da praça também foi alterado com a colocação de ardósia; o
desenho original de seus canteiros, de forma ortogonal; foi alterado; modificações também ocorreram na
disposição dos bancos, iluminação e foram plantadas novas árvores. Para finalizar a obra, foi colocada
uma fonte luminosa no centro da praça. Na gestão do prefeito seguinte, o senhor Márcio Gonzaga Dias de
Oliveira, conhecido como “kalú”, foi retirada a fonte da praça restando somente um espelho d’água. O
ano apontado para essa intervenção é o de 1989.
A última intervenção pela qual passou o bem foi no ano de 2006, na gestão do atual prefeito o senhor
Daniel Valadares Cunha. Nessa obra, foi trocado o piso da praça, removendo a ardósia então encontrada
substituindo-a por lajotas de cimento. Os bancos da praça foram alterados, colocadas algumas lixeiras e
removido o espelho d’água.
O terreno da praça originalmente pertencia à Igreja, por incluir-se entre os lotes doados a esta instituição
por Francisco Pereira da Rocha, ainda no início do século XX, quando a primeira capela da cidade foi
construída. Contudo, o continuado uso do local como espaço público de confraternização fez com que
essa fosse incorporada ao domínio público, e mesmo antes da emancipação de Araçaí, ainda distrito de
Paraopeba, a prefeitura já detinha a posse do terreno. Quanto ao terreno devotado ao largo e,
posteriormente, à praça, este não sofreu nenhum tipo de desmembramento ou remembramento no
transcorrer dos anos.
O entorno da construção desenvolveu-se junto com a cidade, sendo que os imóveis mais antigos
existentes nas suas adjacências são as edificações que hoje abrigam o Bar do Evaristo (1950) e o Bar do
Edmar (1927).
31. INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)
É esta praça o espaço de confraternização por excelência da cidade. Todas as festas cívicas e religiosas do
município são, nela, realizadas, com exceção da festa do Rosário que acontece junto à Igreja de Nossa
Senhora do Rosário em outro bairro da cidade. Além das comemorações, nos finais de semana, é nesta
praça que as pessoas se reúnem e solidificam os laços de amizade que fortalecem e informam os valores
da sociedade araçaiense.
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Desenho esquemático da Praça São
Sebastião
FONTE: Clarissa Pontes, fev/2007
Descrição:
A Praça São Sebastião encontra-se voltada para a fachada posterior
da Igreja Matriz. Implantada em terreno plano, possui uma área
principal, com forma que tende a retangular e uma área secundária,
de forma aproximadamente triangular, formada pelo entroncamento
de duas vias. A área principal apresenta-se com seus jardins
dispostos de forma simétrica. Esses possuem fechamento revestido
por argamassa pintada na cor rosa e são ornados com plantas de
diversos tipos, tais como: Bela Emília, Camará, Mulata na sala, Rosas
entre outras. Possui bordadura em pingo-de-ouro e árvores de
pequeno a grande porte, como a Flamboyant. A área secundária
possui apenas um acesso, voltado para seu largo, onde estão seus
mobiliários urbanos. Não possui calçada externa e é toda
fechada por seus canteiros, que possuem bordadura em pingo-de-
ouro e duas árvores de médio porte.
Exceto onde há os jardins, a Praça é toda revestida piso
intertravado de concreto. Esses se apresentam em duas cores:
cinza e rosa, formando uma paginação em forma de quadrados no eixo longitudinal da área principal e
paginação de quadrados concêntricos, em seu largo, localizado praticamente ao meio da área principal da
praça.
Quanto aos equipamentos urbanos, há bancos de madeira com descanso, lixeiras pintadas na cor verde e
a iluminação é feita por postes metálicos com duas luminárias e rede subterrânea.
A praça possui ainda um coreto, localizado em uma de suas extremidades, encontrando-se ligeiramente
deslocado em relação ao eixo longitudinal da área principal. Com forma hexagonal, é formado por uma
laje em concreto revestida por piso cerâmico, que se apoia em um pilar central de concreto. O guarda
corpo é em metalon, ornado com formas geométricas. Seis tubos metálicos, de pequeno diâmetro,
situados nos vértices do hexágono, sustentam a cobertura do coreto, que se desenvolve em seis águas,
com cumeeiras radiais. As telhas são quadradas do tipo capa e bica e assentam-se sobre engradamento de
madeira. O coreto, abaixo do qual está pequeno jardim, é acessado por uma escadaria em concreto
revestido por piso em cerâmica e granito cinza, com guarda corpo idêntico ao descrito. Toda a estrutura
de concreto do coreto é revestida, lateralmente por argamassa pintada na cor rosa. Possui luminárias em
seus vértices e, uma internamente, em seu centro.
Proteção Legal existente: Nenhuma.
Proteção Legal proposta: Tombamento municipal.
Estado de Conservação: Excelente.
Referências:
Orais:
Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007:
Álvaro José Andrade; Claudiney Meneses Santana; Maria Cecília Rocha; Raimundo Alves de Jesus; Regina
Coeli Andrade.
Obras / Documentos consultados:
ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.