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Atenção à saúde: pé diabético
Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010
Artigo de Pesquisa
Original Research
Artículo de Investigación
p.616 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21.
RESUMO: Estudo quantitativo transversal que teve como objetivo avaliar os cuidados com os pés adotados por pessoas
com Diabetes Mellitus e as alterações em seus membros inferiores, em um serviço de atenção primária à saúde. Participa-
ram 51 pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 atendidas em um centro de pesquisa e extensão universitária do interior
paulista, em 2008. Os dados foram obtidos mediante consulta à ficha de cadastro, entrevista dirigida e exame dos pés. Os
cuidados adotados restringiram-se à higiene e ao uso de calçados adequados. As alterações nos pés mais frequentes foram:
pele seca, micose interdigital, rachaduras, calosidades, deformidades nos pés e sobreposição dos dedos. A maioria dos
participantes nunca havia realizado o exame dos pés desde o diagnóstico. A avaliação sistemática dos cuidados com os
pés, além de detectar possíveis problemas, possibilita sensibilizar as pessoas para o desenvolvimento de habilidades de
autocuidado na prevenção do pé diabético.
Palavras-Chave: Diabetes Mellitus; pé diabético; cuidados de enfermagem; educação em saúde.
ABSTRACT: Cross-sectional quantitative study aiming at evaluating foot care by people with Diabetes Mellitus and the
changes in their lower limbs, in primary health care service. Fifty-one patients with type 2 Diabetes Mellitus took part on the
research done in a community service center in the backlands of the state of São Paulo, Brazil. Data were collected from
medical records, structured interviews and foot exams. Care performed was found to be restricted to hygiene and appropriate
footwear. Most frequent changes in feet were as follows: dry skin, interdigital mycosis, cracks, callosities, feet deformity and
toes superposition. Most patients had never undergone foot exams since the diagnosis. The systematic evaluation of foot can
detect possible problems and help with awareness and development of self care abilities in preventing diabetic foot.
Keywords: Diabetes Mellitus; diabetic foot; nursing care; health education.
RESUMEN: Estudio cuantitativo transversal que tuvo como objetivo evaluar los cuidados con los pies adoptados por
personas con Diabetes Mellitus y las alteraciones en sus miembros inferiores, en un servicio de atención primaria a la salud.
Participaron 51 personas con Diabetes Mellitus tipo 2 atendidas en un centro de investigación y extensión universitaria del
interior paulista-Brasil, en 2008. Los datos fueron obtenidos mediante consulta a la ficha de registro, entrevista dirigida y
examen de los pies. Los cuidados adoptados fueron restringidos a la higiene y al uso de calzados adecuados. Las alteraciones
en los pies más frecuentes fueron: piel seca, micosis interdigital, fisuras, callosidades, deformidades en los pies y superposición
de los dedos. La mayoría nunca había realizado el examen de los pies desde el diagnóstico. La evaluación sistemática de
los cuidados con los pies, además de detectar posibles problemas, posibilita sensibilizar las personas para el desarrollo de
habilidades de autocuidado en la prevención del pie diabético.
Palabras Clave: Diabetes Mellitus; pie diabético; cuidados de enfermería; educación en salud.
PACIENTES COM DIABETES MELLITUS : CUIDADOS E PREVENÇÃO
DO PÉ DIABÉTICO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
PATIENTS WITH DIABETES MELLITUS : CARE AND DIABETIC FOOT PREVENTION
IN PRIMARY CARE
PACIENTES CON DIABETES MELLITUS : ATENCIÓN Y PREVENCIÓN DEL PIE
DIABÉTICO EN ATENCIÓN PRIMARIA A LA SALUD
Nájela Hassan Saloum de AndradeI
KarinaDal Sasso-MendesII
Heloísa Turcatto Gimenes FariaIII
Tatiane Aparecida MartinsIV
Manoel Antônio dos SantosV
Carla Regina de Souza TeixeiraVI
Maria Lúcia ZanettiVII
I
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pelo Programa Interunidades de Doutoramento da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,
Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. E-mail:najela@ibest.com.br.
II
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: dalsasso@eerp.usp.br.
III
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: helogfaria@usp.br.
IV
Aluna do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
E-mail: tatiane.martins@usp.br.
V
Psicólogo.ProfessorDoutorda Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de RibeirãoPreto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail:
masantos@ffclrp.usp.br.
VI
Enfermeira. Professor Doutor da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail:
carlarst@eerp.usp.br.
VII
Enfermeira. Professora Associada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Centro Colaboradorda Organização Mundial da
Saúde para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail:zanetti@eerp.usp.br.
Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010
Andrade NHS et al.
Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010
Artigo de Pesquisa
Original Research
Artículo de Investigación
Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21. • p.617
A avaliação dermatológica, estrutural, circula-
tória, sensibilidade tátil-pressórica e vibratória, há-
bitos de higiene e condições dos calçados também
pode contribuir para o desenvolvimento de habili-
dades para o autocuidado7
. Os aportes da literatura e
a escassez de estudos nessa área motivaram a proposi-
ção do presente estudo8,9
.
Diante do exposto, este estudo teve como obje-
tivo avaliar os cuidados adotados com os pés por pes-
soas com DM e as alterações nos membros inferiores,
em um serviço de atenção primária à saúde.
REFERENCIAL TEÓRICO
O presente estudo parte do pressuposto de que
a educação em saúde consiste em uma combinação de
estratégias com o propósito de facilitar a adaptação
de comportamentos individuais em direção à saúde.
O processo educativo em DM visa a oferecer aos
educandos ferramentas que promovam mudança de
hábitos, contribuindo para melhoria da qualidade de
vida10
. Além disso, é necessário favorecer condições
para manutenção da mudança esperada, consideran-
do que se trata de uma condição crônica que deman-
da cuidados permanentes ao longo da vida11
.
A educação em diabetes às pessoas com proble-
mas que acometem os membros inferiores é um pro-
cesso individualizado e contínuo, que inclui avalia-
ção, planejamento e ensino, que tem como finalidade
a prevenção dos fatores de risco envolvidos na
detecção precoce e prevenção do pé diabético.
METODOLOGIA
Estudo quantitativo transversal, realizado em
um Centro de Pesquisa e Extensão Universitária de
uma cidade do interior paulista, em 2008. Esse local
foi eleito porque ali é oferecido um Programa de Edu-
cação em Diabetes por equipe multiprofissional cons-
tituída por enfermeiros, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e alunos de graduação em Enfer-
magem e Psicologia.
A população foi constituída pela totalidade de
pessoas com DM tipo 2 cadastradas no referido Cen-
tro (N=51). Os sujeitos foram selecionados por con-
veniência, considerando o espaço físico e os recursos
humanos disponíveis.
Para o oferecimento do Programa de Educação,
as pessoas foram subdivididas em quatro grupos. Essa
divisão em pequenos grupos visava facilitar uma boa
comunicação entre a pessoa com DM e a equipe de
trabalho. A cada terça-feira os quatro grupos eram
atendidos simultaneamente, em esquema de rodízio,
pelas seguintes especialidades: Enfermagem, Nutri-
ção, Psicologia e Educação Física.
INTRODUÇÃO
Os membros inferioresconstituem uma das re-
giões do corpo mais vulneráveis em pessoas com Di-
abetes Mellitus (DM). Nessa direção, esforços têm
sido empreendidos na divulgação da necessidade de
atenção aos cuidados com os pés. Tal preocupação
baseia-se em evidências de que mais de 10% das pes-
soas com DM são suscetíveis a desenvolver úlceras
nos pés em algum momento de sua vida1
. Essa
suscetibilidade favorece lesões decorrentes de
neuropatia periférica, que acometem de 80 a 90% dos
casos, bem como doença vascular periférica e defor-
midades, denominadas pé diabético2
. Essas complica-
ções afetam a população com DM duas vezes mais do
que os indivíduos sem a doença. Estima-se que cerca
de 30% de indivíduos com 40 anos ou mais de idade
apresentam esses agravos3
.
Nos Estados Unidos, o pé diabético constitui a
principal causa de internação de pessoas com DM e
responde por 6% das taxas de internação hospitalar.
No Brasil, a prevalência desse tipo de ulceração nas
pessoas com DM tipo 2 é de 5 a 10%3
.
As complicações nos pés causam impacto naqua-
lidade de vida da pessoa e no sistema de saúde, pois
geram encargos e custos financeiros com internações
prolongadas. Nessa vertente, o autocuidado e a avalia-
ção dos fatores de risco por parte da equipe
multiprofissionalde saúdesão medidas necessáriaspara
a detecção precoce e prevenção do pé diabético.
A falta de cuidado dispensado aos pés é um dos
maiores desafios para o estabelecimento do diagnós-
tico precoce em pessoas com DM. Outro obstáculo é
a falta de exame dos pés na consulta médica. Dos pa-
cientes admitidos em hospitais com diagnóstico de
DM, apenas 10 a 19% tiveram seus pés examinados
após a remoção de meias e sapatos4,5
. Por outro lado,
sabe-se que 85% dos problemas relacionados ao pé
diabético são passíveis de prevenção desde que sejam
oferecidos os cuidados especializados1
.
Na maioria das pessoas com DM, o risco de de-
senvolver problemas nos pés inicia-se com lesões
traumáticas, que se complicam com infecção, poden-
do resultar em amputações quando não instituído
tratamento rápido e eficaz6
. Para que as medidas de
prevenção sejam efetivas, além do controle glicêmico,
a inserção da pessoa em grupos educativos tem sido
amplamente recomendada nos serviços de atenção à
saúde, mediante uso de tecnologia leve e média leve.
A experiência com grupos de educação em DM
mostrou que os participantes negligenciam ou dão
pouco valor aos cuidados com os pés. Por outro lado,
há uma recomendação do Consenso Internacional
sobre o Pé Diabético para que os profissionais de saú-
de estejam atentos à necessidade de examinar os pés
para detecção precoce de riscos3
.
Atenção à saúde: pé diabético
Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010
Artigo de Pesquisa
Original Research
Artículo de Investigación
p.618 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21.
Para a coleta de dados, utilizou-se um instru-
mento contendo três partes. A primeira compreen-
deu a obtenção de variáveis sociodemográficas e clí-
nicas: sexo, idade, tempo da doença e tratamento. A
segunda contemplou variáveis relacionadas aos cui-
dados referidos com os pés: higiene, exame diário,
hidratação, corte das unhas, uso de lixas, uso de cal-
çados adequados e meias, retirada de calos e cutículas
e uso de esmalte. A terceira abordou as variáveis rela-
cionadas ao exame dos pés: último exame realizado,
percepção sobre a relação entre controle glicêmico e
aparecimento de complicações nos pés, história pré-
via de úlcera, integridade da pele, presença de micoses,
rachaduras, calosidades, palpação dos pulsos periféri-
cos – pedioso e tibial posterior, teste da sensibilidade
tátil-pressórica e sensibilidade vibratória.
Os pulsos pedioso e tibial posterior foram ava-
liados pelo método palpatório e classificados em pal-
páveis e não palpáveis7
. Para a avaliação da sensibili-
dade tátil-pressórica dos pés, utilizou-se o
monofilamento Semmes-Weinstein 5.07 de 10g, tes-
tado em nove pontos na região plantar (primeiro,
terceiro e quinto dígitos plantar; primeira, terceira e
quinta cabeças dos metatarsos plantares; lateral es-
querda e direita do meio plantar; calcâneo) e um na
região dorsal (entre o primeiro e o segundo dedos)3
.
A incapacidade de sentir o monofilamento de 10g
em quatro ou mais pontos foi considerada ausência
de sensibilidade em região plantar3
.
Para verificação da sensibilidade vibratória, foi
utilizado um diapasão de 128Hz, testado em três pon-
tos de cada pé: maléolo interno, falange proximal do
hálux e no dorso do pé. Considerou-se sensibilidade
comprometida quando houve falta de sensibilidade
em um dos pontos após três tentativas consecutivas.
Osdadosreferentesàsvariáveissociodemográficas
foram obtidos mediante consulta às fichas de cadastro
das pessoas no referido Centro. Os dados relacionados
aos hábitos de cuidados com os pés foramobtidosmedi-
ante entrevista individual dirigida, realizada em situa-
ção face a face, em sala reservada. O exame dos pés foi
realizadopor enfermeiracapacitada,com oparticipante
sentado e em decúbito dorsal na maca, previamente à
implementação doPrograma de Educação. A coleta de
dados teve duraçãomédia de30 minutos.
Para a organização e análise, os dados foram co-
dificados e digitados em uma planilha do programa
Excel e, posteriormente, transportados para o pro-
grama Statistical Package for the Social Sciences (SPSS),
versão 11.5. Para apresentação dos resultados, utili-
zou-se a estatística descritiva.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comi-
tê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Pro-
tocolo no
0667/2006) e foi desenvolvido em obedi-
ência às normas, princípios e diretrizes éticas pre-
conizadas para pesquisas que envolvem seres huma-
nos. Todos os participantes assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido antes do início
da coleta de dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização dos Sujeitos
Das 51 pessoas com DM tipo 2, 30(59%) eram
homens e 21(41%) mulheres. A idade variou entre
31 a 80 anos, com mediana de 57 anos. Em relação ao
tempo de diagnóstico, 23(45%) apresentavam a do-
ença havia mais de 10 anos. Quanto ao tratamento,
20(39%) utilizavam associação de dieta, exercício fí-
sico e antidiabético oral; 13(25,5%) a associação de
dieta, exercício físico, antidiabético oral e insulina, e
12(23,5%) dieta e exercício físico. No que concerne à
prática de atividade física, 44(86%) das pessoas a re-
alizavam regularmente, sendo caminhada a mais
prevalente, 32(73%). Quanto à frequência de ativi-
dade física, 15(34%) a realizavam de duas a três vezes
por semana, 12(27%) de cinco ou mais vezes na se-
mana e 10(23%) de uma a duas vezes na semana. Em
relação aos principais cuidados com os pés, 46(90%)
participantes referiram que realizam a higiene diária,
20(39%) o exame diário dos pés, 23(45%) o uso de
hidratante, 18(35%) o corte das unhas em linha reta,
22(43%) o uso de lixas, 28(55%) o uso de calçados
adequados e 22(39%) o uso de meias de algodão.
Ao analisar as características sociodemográficas,
clínicas e relacionadas aos cuidados com os pés, a
população investigada mostrou divergência com ou-
tros estudos não randomizados no que concerne ao
sexo, uma vez que estes mostram predomínio do sexo
feminino9,11
. No entanto, o estudo de prevalência, no
Brasil e em Ribeirão Preto-SP, não mostrou diferen-
ças significativas entre os sexos12,13
. Para as demais
características, os sujeitos deste estudo apresentaram
características semelhantes às descritas por outras
investigações9,11
.
Cuidados com os Pés
No que concerne aos cuidados com os pés, a
maioria dos sujeitos referiu que realiza a higiene diá-
ria, porém menos da metade realiza o exame diário
dos pés. Quanto ao último exame dos pés, 28(55%)
referiram que não tinham realizado desde o estabele-
cimento do DM. Ainda que estudos recomendem a
necessidade de enfatizar a higiene diária e o exame
regular dos pés, com utilização de tecnologia leve e
média leve, percebe-se que as pessoas com DM e os
profissionais de saúde ainda dão pouca atenção a es-
Andrade NHS et al.
Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010
Artigo de Pesquisa
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Artículo de Investigación
Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21. • p.619
ses cuidados9,14
. Essa negligência pode constituir um
dos precursores do pé diabético.
Emrelaçãoao usodecalçados,os dadosencontra-
dos são consistentes com os obtidos em outro estudo,
no qual a maioria dos sujeitos também utilizava calça-
dos inadequados7
. Esses achados também são conver-
gentes com os obtidos por outros estudos nacionais8,9
.
Entre as preferências de calçados utilizados,
26(51%) sujeitos referiram o uso de sapato de couro
fechado, 21(41%) de tênis, 16(31,5%) chinelos com
tira entre os dedos e 14(27,5%) sandálias tipo
rasteirinha. Cabe destacar que 10(19,5%) referiram
o uso frequente de sapato especial para pessoa com
DM. Todavia, durante a coleta de dados, observou-se
que 26(51%) sujeitos estavam utilizando calçados
inadequados. Esse achado é consistente com estudo
anterior, no qual se constatou que 75% dos sujeitos
faziam uso de calçados inadequados14
.
Esse achado é preocupante, uma vez que o calça-
do adequado para a pessoa com DM que apresenta re-
dução da sensibilidade plantar pode contribuir para
diminuir o cisalhamento, a pressão e absorver o im-
pactode traumas.A confecçãode calçadosterapêuticos
para o pé neuropático é considerada um dos fatores
mais importantes para prevenir ulcerações14
. O uso do
calçado terapêutico deve ser prévio ao aparecimento
de complicações, como deformidades e úlceras, e indi-
vidualizadoaomodo de vida do usuário, deacordocom
sua atividade laboral e a prática de atividade física15
.
Os calçados inadequados predispõem os pés a traumas
extrínsecos e contribuem como fator precipitante em
até 85% dos casos de ulcerações nos pés1
. Nessa dire-
ção, a pessoa com DM que apresenta fatores de risco
para o desenvolvimento de complicações nos pés deve
usar calçado apropriado, ou fazê-lo sob medida, com
características padronizadas pelo Consenso Interna-
cional do Pé Diabético3
.
Quanto ao uso de meias, 30(59%) sujeitos referi-
ram preferência por meias de algodão. Esse dado suge-
re que, diferentemente do que se observou em relação
ao uso de calçados, para esses indivíduos as meias de
algodão têm sido incorporadas aos cuidados com os
pés. Sabe-se que o uso de meias acolchoadas reduz a
pressão, absorve o suor do pé e evita a fricção e o
cisalhamento do pé diretamente no calçado. Entre-
tanto, deve-se assegurar espaço suficiente no interior
do calçado para acomodar o dorso do pé e o calcâneo3
.
No que se refere à retirada da cutícula, 26(51%)
não apresentam esse hábito. Dos 25(49%) que afir-
maram ter esse hábito, 18(72%) a retiram com a aju-
da de um profissional. Em relação ao uso de esmalte,
30(59%) sujeitos negaram essa prática.
No que concerne ao último exame dos pés,
28(55%) referiram que nunca o realizaram desde o
estabelecimento do diagnóstico de DM. Entre aque-
les que já o realizaram, o enfermeiro foi o profissional
da área da saúde responsável pelo exame em 12(52%)
sujeitos. É importante que os profissionais de saúde
orientem e motivem as pessoas com DM a adotarem
comportamentos adequados acerca dos cuidados diá-
rios e a encontrarem caminhos para superar as bar-
reiras que dificultam a adoção do exame para a pre-
venção do pé diabético15
.
Ao investigar a percepção acerca da relação en-
tre controle glicêmico e aparecimento de complica-
ções nos pés, 46(90%) sujeitos afirmaram que o mau
controle pode favorecer o aparecimento dessas com-
plicações. Portanto, a maioria dos indivíduos reco-
nhece a importância do controle glicêmico na pre-
venção das complicações de membros inferiores. Es-
tudo anterior9
mostrou que os valores da glicemia em
jejum e da hemoglobina glicada (HbA1c
) encontra-
vam-se alterados, o que favorece o desencadeamento
de complicações crônicas e, consequentemente, au-
mento do risco de neuropatia, um dos fatores pre-
ponderantes para o desencadeamento de lesão ou ul-
ceração nos pés.
Reconhece-se que fatores como mau controle
glicêmico, em conjunto com a obesidade, a hiperten-
são arterial e a dislipidemia predispõem ou agravam o
risco de desenvolvimento do pé diabético7
. Esses fa-
tores são passíveis de modificação e podem ser con-
trolados mediante adesão ao tratamento e acompa-
nhamento pela equipe multiprofissional de saúde.
Desse modo, a prevenção das complicações crônicas,
como o pé diabético, também é decorrente de um
bom controle glicêmico.
Quanto ao exame físico dos pés, 48(94%) sujei-
tos não tinham história prévia de úlcera. As altera-
ções mais frequentes foram: pele seca em 39(76,5%)
indivíduos, micose interdigital em 18(35%) e racha-
duras em 17(33,5%). Observou-se em 34(66,5%) su-
jeitos a presença de calosidades nos pés, em 12(23,5%)
deformidades nos pés, destacando-se a sobreposição
dos dedos em 8(15,5%). Em apenas um paciente não
foi possível palpar os pulsos tibial posterior e pedioso.
Esses resultados indicam que, no exame dos pés,
constatou-se preservação da estrutura e funcionali-
dade. Desse modo, a avaliação sistemática uma vez ao
ano, conforme preconizado pelo Consenso Interna-
cional sobre Pé Diabético em relação ao exame dos
pés, deve ser assegurada pela equipe multiprofissional
a cada consulta, de modo a avaliar os potenciais pro-
blemas nos pés3
. Essa atenção respalda-se nos dados
obtidos em relação à ocorrência anterior de proble-
mas referentes aos membros inferiores nos últimos
12 meses, apresentados pelos sujeitos. Indivíduos com
fatores de risco comprovados devem ser examinados
com maior frequência14,15
.
A sensibilidade protetora plantar estava pre-
servada em 43(84,5%) sujeitos. Três indivíduos não
Atenção à saúde: pé diabético
Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010
Artigo de Pesquisa
Original Research
Artículo de Investigación
p.620 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21.
apresentaram sensibilidade pressórica em todos os
pontos testados. Quanto à sensibilidade vibratória,
47(92%) sujeitos apresentaram-na preservada. Esses
achados evidenciam que a sensibilidade vibratória e
protetora plantar estava preservada para a maioria
dos sujeitos. Estudo nacional11
mostrou que 15% apre-
sentaram insensibilidade plantar, o que se aproxima
dos 9(17,6%) observados no presente estudo e, des-
tes, 4(7,8%) tinham deformidade estrutural nos pés,
o que está associado a risco elevado de desenvolver
úlcera devido à formação de pontos de alta pressão.
A literatura mostra que indivíduos com DM
apresentam deformidade estrutural, dedos sobrepos-
tos e em garra, alteração circulatória e comprometi-
mento da sensibilidade plantar9
. As perdas da sensi-
bilidade vibratória e tátil pressórica estão diretamente
relacionadas à neuropatia diabética, que causa uma
lesão neurológica extensa que compromete todo o
sistema nervoso periférico nos seus componentes sen-
sitivo-motor e autonômico14
. Por esse motivo, é de-
sejável que sejam intensificados os esforços na avali-
ação sistemática dessas pessoas, visando à manuten-
ção das medidas de prevenção das complicações.
No que se refere à ocorrência de problemas rela-
cionados a pernas/pés nos últimos 12 meses, sugesti-
vos de infecção, 45(88%) sujeitos negaram esses pro-
blemas. Entre os problemas referidos figuram: dor na
panturrilha, 17(33,5%);micose nasunhas, 16(31,5%);
calos, 14(27,5%); rachaduras, 13(25,5%); unhas que-
bradiças, 12(23,5%). Estudo realizadoem RibeirãoPre-
to-SP identificou, entre os fatores desencadeantes do
pé diabético, a higiene e o corte de unhas impróprios,
pele ressecada/descamativa, unhas espessas, com as-
pecto farináceo e onicomicose, calos e rachaduras e
dermatite fúngica e micose interdigital9
.
Em síntese, os resultados mostraram que a mai-
oria dos sujeitos realizava a higiene diária dos pés,
usava calçados adequados e não tinha o hábito de
retirar cutícula. Por outro lado, constatou-se que
medidas em relação ao exame diário dos pés, corte
das unhas em linha reta, uso de hidratantes, lixas e
meias de algodão ainda necessitam de reforço para
serem incorporadas aos hábitos cotidianos.
Esses resultados são consistentes com dados da
literatura que mostram que a fragilidade do conheci-
mento em DM dificulta a adoção de ações preventi-
vas, bem como o tratamento das complicações já ins-
taladas, como o pé diabético14,15
.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidosno presente estudo permi-
tem concluir que a maioria dos sujeitos nunca havia
realizado o exame de pés desde o diagnóstico de DM e
referiu ter conhecimento de que o mau controle
glicêmico pode desencadear complicações. A maioria
dos indivíduos tinha a sensibilidade vibratória e prote-
toraplantar preservadaenão apresentavaantecedentes
deúlcera.As alteraçõesmaisfrequentesforam: peleseca,
micose interdigital, rachaduras, calosidades, deformi-
dades nos pés e sobreposiçãodos dedos.
Esteestudomostrou,demaneiraclara,queéneces-
sárioproveravaliaçãosistemáticanosprogramasdeaten-
çãobásica, utilizando-seestratégiasdeeducação emsaú-
debaseadasemtecnologiasleveemédia leve,napreven-
ção de complicações de membros inferiores em pessoas
comDM. Além de detectar possíveis problemas, a avali-
açãosistemática dos cuidados com os pés possibilita sen-
sibilizar os indivíduos para o desenvolvimento de habili-
dadesparaoautocuidadona prevençãodo pédiabético.
A educação em saúde tem como objetivo sensibi-
lizar, motivar e mudar atitudes da pessoa para incorpo-
rara informação recebida sobreoscuidados comospés.
Uma das intervenções educativas para o autocuidado
em serviços de atenção primária, em relação aos pés,
consiste no registro sistemático das informações. Essa
intervenção permite que os outros membros da equipe
multiprofissionalacompanhem a avaliação dos pésrea-
lizada pelo enfermeiro, com vistas a assegurar a
integralidadedo cuidado em saúde.
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8.Ribas CRP, Santos MA, Teixeira CRS, Zanetti ML. Ex-
pectativas de mulheres com diabetes em relação a um
programa de educação em saúde. Rev enferm UERJ. 2009;
17:203-8.
9.Pace AE, Ochoa-Vigo K, Foss MC, Hayashida M. Fato-
res de risco para complicações em extremidades inferiores
de pessoas com Diabetes Mellitus. Rev Bras Enferm. 2002;
55:514-21.
Andrade NHS et al.
Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010
Artigo de Pesquisa
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Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21. • p.621
10.Ochoa-Vigo K, Pace AE. Pé diabético: estratégias para
prevenção. Acta Paul Enferm. 2005; 18:100-9.
11.Ochoa-Vigo K., Torquato MTCG, Silvério IAS,
Queiroz FA, De-La-Torre-Ugarte-Guanilo MC, Pace AE.
Caracterização de pessoas com diabetes em unidades de
atenção primária e secundária em relação a fatores
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12. Malerbi DA, Franco LJ. Multicenter study of prevalence
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13.Torquato MTCG, Montenegro RM, Viana LAL, Souza
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14.Dahmen R, Haspels R, Koomen B, Hoeksma AF.
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15.Rocha RM, Zanetti ML, Santos MA. Comportamento
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  • 1. Atenção à saúde: pé diabético Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010 Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación p.616 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21. RESUMO: Estudo quantitativo transversal que teve como objetivo avaliar os cuidados com os pés adotados por pessoas com Diabetes Mellitus e as alterações em seus membros inferiores, em um serviço de atenção primária à saúde. Participa- ram 51 pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 atendidas em um centro de pesquisa e extensão universitária do interior paulista, em 2008. Os dados foram obtidos mediante consulta à ficha de cadastro, entrevista dirigida e exame dos pés. Os cuidados adotados restringiram-se à higiene e ao uso de calçados adequados. As alterações nos pés mais frequentes foram: pele seca, micose interdigital, rachaduras, calosidades, deformidades nos pés e sobreposição dos dedos. A maioria dos participantes nunca havia realizado o exame dos pés desde o diagnóstico. A avaliação sistemática dos cuidados com os pés, além de detectar possíveis problemas, possibilita sensibilizar as pessoas para o desenvolvimento de habilidades de autocuidado na prevenção do pé diabético. Palavras-Chave: Diabetes Mellitus; pé diabético; cuidados de enfermagem; educação em saúde. ABSTRACT: Cross-sectional quantitative study aiming at evaluating foot care by people with Diabetes Mellitus and the changes in their lower limbs, in primary health care service. Fifty-one patients with type 2 Diabetes Mellitus took part on the research done in a community service center in the backlands of the state of São Paulo, Brazil. Data were collected from medical records, structured interviews and foot exams. Care performed was found to be restricted to hygiene and appropriate footwear. Most frequent changes in feet were as follows: dry skin, interdigital mycosis, cracks, callosities, feet deformity and toes superposition. Most patients had never undergone foot exams since the diagnosis. The systematic evaluation of foot can detect possible problems and help with awareness and development of self care abilities in preventing diabetic foot. Keywords: Diabetes Mellitus; diabetic foot; nursing care; health education. RESUMEN: Estudio cuantitativo transversal que tuvo como objetivo evaluar los cuidados con los pies adoptados por personas con Diabetes Mellitus y las alteraciones en sus miembros inferiores, en un servicio de atención primaria a la salud. Participaron 51 personas con Diabetes Mellitus tipo 2 atendidas en un centro de investigación y extensión universitaria del interior paulista-Brasil, en 2008. Los datos fueron obtenidos mediante consulta a la ficha de registro, entrevista dirigida y examen de los pies. Los cuidados adoptados fueron restringidos a la higiene y al uso de calzados adecuados. Las alteraciones en los pies más frecuentes fueron: piel seca, micosis interdigital, fisuras, callosidades, deformidades en los pies y superposición de los dedos. La mayoría nunca había realizado el examen de los pies desde el diagnóstico. La evaluación sistemática de los cuidados con los pies, además de detectar posibles problemas, posibilita sensibilizar las personas para el desarrollo de habilidades de autocuidado en la prevención del pie diabético. Palabras Clave: Diabetes Mellitus; pie diabético; cuidados de enfermería; educación en salud. PACIENTES COM DIABETES MELLITUS : CUIDADOS E PREVENÇÃO DO PÉ DIABÉTICO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE PATIENTS WITH DIABETES MELLITUS : CARE AND DIABETIC FOOT PREVENTION IN PRIMARY CARE PACIENTES CON DIABETES MELLITUS : ATENCIÓN Y PREVENCIÓN DEL PIE DIABÉTICO EN ATENCIÓN PRIMARIA A LA SALUD Nájela Hassan Saloum de AndradeI KarinaDal Sasso-MendesII Heloísa Turcatto Gimenes FariaIII Tatiane Aparecida MartinsIV Manoel Antônio dos SantosV Carla Regina de Souza TeixeiraVI Maria Lúcia ZanettiVII I Enfermeira. Doutora em Enfermagem pelo Programa Interunidades de Doutoramento da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. E-mail:najela@ibest.com.br. II Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: dalsasso@eerp.usp.br. III Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: helogfaria@usp.br. IV Aluna do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: tatiane.martins@usp.br. V Psicólogo.ProfessorDoutorda Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de RibeirãoPreto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: masantos@ffclrp.usp.br. VI Enfermeira. Professor Doutor da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: carlarst@eerp.usp.br. VII Enfermeira. Professora Associada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Centro Colaboradorda Organização Mundial da Saúde para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail:zanetti@eerp.usp.br. Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010
  • 2. Andrade NHS et al. Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010 Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21. • p.617 A avaliação dermatológica, estrutural, circula- tória, sensibilidade tátil-pressórica e vibratória, há- bitos de higiene e condições dos calçados também pode contribuir para o desenvolvimento de habili- dades para o autocuidado7 . Os aportes da literatura e a escassez de estudos nessa área motivaram a proposi- ção do presente estudo8,9 . Diante do exposto, este estudo teve como obje- tivo avaliar os cuidados adotados com os pés por pes- soas com DM e as alterações nos membros inferiores, em um serviço de atenção primária à saúde. REFERENCIAL TEÓRICO O presente estudo parte do pressuposto de que a educação em saúde consiste em uma combinação de estratégias com o propósito de facilitar a adaptação de comportamentos individuais em direção à saúde. O processo educativo em DM visa a oferecer aos educandos ferramentas que promovam mudança de hábitos, contribuindo para melhoria da qualidade de vida10 . Além disso, é necessário favorecer condições para manutenção da mudança esperada, consideran- do que se trata de uma condição crônica que deman- da cuidados permanentes ao longo da vida11 . A educação em diabetes às pessoas com proble- mas que acometem os membros inferiores é um pro- cesso individualizado e contínuo, que inclui avalia- ção, planejamento e ensino, que tem como finalidade a prevenção dos fatores de risco envolvidos na detecção precoce e prevenção do pé diabético. METODOLOGIA Estudo quantitativo transversal, realizado em um Centro de Pesquisa e Extensão Universitária de uma cidade do interior paulista, em 2008. Esse local foi eleito porque ali é oferecido um Programa de Edu- cação em Diabetes por equipe multiprofissional cons- tituída por enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e alunos de graduação em Enfer- magem e Psicologia. A população foi constituída pela totalidade de pessoas com DM tipo 2 cadastradas no referido Cen- tro (N=51). Os sujeitos foram selecionados por con- veniência, considerando o espaço físico e os recursos humanos disponíveis. Para o oferecimento do Programa de Educação, as pessoas foram subdivididas em quatro grupos. Essa divisão em pequenos grupos visava facilitar uma boa comunicação entre a pessoa com DM e a equipe de trabalho. A cada terça-feira os quatro grupos eram atendidos simultaneamente, em esquema de rodízio, pelas seguintes especialidades: Enfermagem, Nutri- ção, Psicologia e Educação Física. INTRODUÇÃO Os membros inferioresconstituem uma das re- giões do corpo mais vulneráveis em pessoas com Di- abetes Mellitus (DM). Nessa direção, esforços têm sido empreendidos na divulgação da necessidade de atenção aos cuidados com os pés. Tal preocupação baseia-se em evidências de que mais de 10% das pes- soas com DM são suscetíveis a desenvolver úlceras nos pés em algum momento de sua vida1 . Essa suscetibilidade favorece lesões decorrentes de neuropatia periférica, que acometem de 80 a 90% dos casos, bem como doença vascular periférica e defor- midades, denominadas pé diabético2 . Essas complica- ções afetam a população com DM duas vezes mais do que os indivíduos sem a doença. Estima-se que cerca de 30% de indivíduos com 40 anos ou mais de idade apresentam esses agravos3 . Nos Estados Unidos, o pé diabético constitui a principal causa de internação de pessoas com DM e responde por 6% das taxas de internação hospitalar. No Brasil, a prevalência desse tipo de ulceração nas pessoas com DM tipo 2 é de 5 a 10%3 . As complicações nos pés causam impacto naqua- lidade de vida da pessoa e no sistema de saúde, pois geram encargos e custos financeiros com internações prolongadas. Nessa vertente, o autocuidado e a avalia- ção dos fatores de risco por parte da equipe multiprofissionalde saúdesão medidas necessáriaspara a detecção precoce e prevenção do pé diabético. A falta de cuidado dispensado aos pés é um dos maiores desafios para o estabelecimento do diagnós- tico precoce em pessoas com DM. Outro obstáculo é a falta de exame dos pés na consulta médica. Dos pa- cientes admitidos em hospitais com diagnóstico de DM, apenas 10 a 19% tiveram seus pés examinados após a remoção de meias e sapatos4,5 . Por outro lado, sabe-se que 85% dos problemas relacionados ao pé diabético são passíveis de prevenção desde que sejam oferecidos os cuidados especializados1 . Na maioria das pessoas com DM, o risco de de- senvolver problemas nos pés inicia-se com lesões traumáticas, que se complicam com infecção, poden- do resultar em amputações quando não instituído tratamento rápido e eficaz6 . Para que as medidas de prevenção sejam efetivas, além do controle glicêmico, a inserção da pessoa em grupos educativos tem sido amplamente recomendada nos serviços de atenção à saúde, mediante uso de tecnologia leve e média leve. A experiência com grupos de educação em DM mostrou que os participantes negligenciam ou dão pouco valor aos cuidados com os pés. Por outro lado, há uma recomendação do Consenso Internacional sobre o Pé Diabético para que os profissionais de saú- de estejam atentos à necessidade de examinar os pés para detecção precoce de riscos3 .
  • 3. Atenção à saúde: pé diabético Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010 Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación p.618 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21. Para a coleta de dados, utilizou-se um instru- mento contendo três partes. A primeira compreen- deu a obtenção de variáveis sociodemográficas e clí- nicas: sexo, idade, tempo da doença e tratamento. A segunda contemplou variáveis relacionadas aos cui- dados referidos com os pés: higiene, exame diário, hidratação, corte das unhas, uso de lixas, uso de cal- çados adequados e meias, retirada de calos e cutículas e uso de esmalte. A terceira abordou as variáveis rela- cionadas ao exame dos pés: último exame realizado, percepção sobre a relação entre controle glicêmico e aparecimento de complicações nos pés, história pré- via de úlcera, integridade da pele, presença de micoses, rachaduras, calosidades, palpação dos pulsos periféri- cos – pedioso e tibial posterior, teste da sensibilidade tátil-pressórica e sensibilidade vibratória. Os pulsos pedioso e tibial posterior foram ava- liados pelo método palpatório e classificados em pal- páveis e não palpáveis7 . Para a avaliação da sensibili- dade tátil-pressórica dos pés, utilizou-se o monofilamento Semmes-Weinstein 5.07 de 10g, tes- tado em nove pontos na região plantar (primeiro, terceiro e quinto dígitos plantar; primeira, terceira e quinta cabeças dos metatarsos plantares; lateral es- querda e direita do meio plantar; calcâneo) e um na região dorsal (entre o primeiro e o segundo dedos)3 . A incapacidade de sentir o monofilamento de 10g em quatro ou mais pontos foi considerada ausência de sensibilidade em região plantar3 . Para verificação da sensibilidade vibratória, foi utilizado um diapasão de 128Hz, testado em três pon- tos de cada pé: maléolo interno, falange proximal do hálux e no dorso do pé. Considerou-se sensibilidade comprometida quando houve falta de sensibilidade em um dos pontos após três tentativas consecutivas. Osdadosreferentesàsvariáveissociodemográficas foram obtidos mediante consulta às fichas de cadastro das pessoas no referido Centro. Os dados relacionados aos hábitos de cuidados com os pés foramobtidosmedi- ante entrevista individual dirigida, realizada em situa- ção face a face, em sala reservada. O exame dos pés foi realizadopor enfermeiracapacitada,com oparticipante sentado e em decúbito dorsal na maca, previamente à implementação doPrograma de Educação. A coleta de dados teve duraçãomédia de30 minutos. Para a organização e análise, os dados foram co- dificados e digitados em uma planilha do programa Excel e, posteriormente, transportados para o pro- grama Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 11.5. Para apresentação dos resultados, utili- zou-se a estatística descritiva. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comi- tê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Pro- tocolo no 0667/2006) e foi desenvolvido em obedi- ência às normas, princípios e diretrizes éticas pre- conizadas para pesquisas que envolvem seres huma- nos. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes do início da coleta de dados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização dos Sujeitos Das 51 pessoas com DM tipo 2, 30(59%) eram homens e 21(41%) mulheres. A idade variou entre 31 a 80 anos, com mediana de 57 anos. Em relação ao tempo de diagnóstico, 23(45%) apresentavam a do- ença havia mais de 10 anos. Quanto ao tratamento, 20(39%) utilizavam associação de dieta, exercício fí- sico e antidiabético oral; 13(25,5%) a associação de dieta, exercício físico, antidiabético oral e insulina, e 12(23,5%) dieta e exercício físico. No que concerne à prática de atividade física, 44(86%) das pessoas a re- alizavam regularmente, sendo caminhada a mais prevalente, 32(73%). Quanto à frequência de ativi- dade física, 15(34%) a realizavam de duas a três vezes por semana, 12(27%) de cinco ou mais vezes na se- mana e 10(23%) de uma a duas vezes na semana. Em relação aos principais cuidados com os pés, 46(90%) participantes referiram que realizam a higiene diária, 20(39%) o exame diário dos pés, 23(45%) o uso de hidratante, 18(35%) o corte das unhas em linha reta, 22(43%) o uso de lixas, 28(55%) o uso de calçados adequados e 22(39%) o uso de meias de algodão. Ao analisar as características sociodemográficas, clínicas e relacionadas aos cuidados com os pés, a população investigada mostrou divergência com ou- tros estudos não randomizados no que concerne ao sexo, uma vez que estes mostram predomínio do sexo feminino9,11 . No entanto, o estudo de prevalência, no Brasil e em Ribeirão Preto-SP, não mostrou diferen- ças significativas entre os sexos12,13 . Para as demais características, os sujeitos deste estudo apresentaram características semelhantes às descritas por outras investigações9,11 . Cuidados com os Pés No que concerne aos cuidados com os pés, a maioria dos sujeitos referiu que realiza a higiene diá- ria, porém menos da metade realiza o exame diário dos pés. Quanto ao último exame dos pés, 28(55%) referiram que não tinham realizado desde o estabele- cimento do DM. Ainda que estudos recomendem a necessidade de enfatizar a higiene diária e o exame regular dos pés, com utilização de tecnologia leve e média leve, percebe-se que as pessoas com DM e os profissionais de saúde ainda dão pouca atenção a es-
  • 4. Andrade NHS et al. Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010 Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21. • p.619 ses cuidados9,14 . Essa negligência pode constituir um dos precursores do pé diabético. Emrelaçãoao usodecalçados,os dadosencontra- dos são consistentes com os obtidos em outro estudo, no qual a maioria dos sujeitos também utilizava calça- dos inadequados7 . Esses achados também são conver- gentes com os obtidos por outros estudos nacionais8,9 . Entre as preferências de calçados utilizados, 26(51%) sujeitos referiram o uso de sapato de couro fechado, 21(41%) de tênis, 16(31,5%) chinelos com tira entre os dedos e 14(27,5%) sandálias tipo rasteirinha. Cabe destacar que 10(19,5%) referiram o uso frequente de sapato especial para pessoa com DM. Todavia, durante a coleta de dados, observou-se que 26(51%) sujeitos estavam utilizando calçados inadequados. Esse achado é consistente com estudo anterior, no qual se constatou que 75% dos sujeitos faziam uso de calçados inadequados14 . Esse achado é preocupante, uma vez que o calça- do adequado para a pessoa com DM que apresenta re- dução da sensibilidade plantar pode contribuir para diminuir o cisalhamento, a pressão e absorver o im- pactode traumas.A confecçãode calçadosterapêuticos para o pé neuropático é considerada um dos fatores mais importantes para prevenir ulcerações14 . O uso do calçado terapêutico deve ser prévio ao aparecimento de complicações, como deformidades e úlceras, e indi- vidualizadoaomodo de vida do usuário, deacordocom sua atividade laboral e a prática de atividade física15 . Os calçados inadequados predispõem os pés a traumas extrínsecos e contribuem como fator precipitante em até 85% dos casos de ulcerações nos pés1 . Nessa dire- ção, a pessoa com DM que apresenta fatores de risco para o desenvolvimento de complicações nos pés deve usar calçado apropriado, ou fazê-lo sob medida, com características padronizadas pelo Consenso Interna- cional do Pé Diabético3 . Quanto ao uso de meias, 30(59%) sujeitos referi- ram preferência por meias de algodão. Esse dado suge- re que, diferentemente do que se observou em relação ao uso de calçados, para esses indivíduos as meias de algodão têm sido incorporadas aos cuidados com os pés. Sabe-se que o uso de meias acolchoadas reduz a pressão, absorve o suor do pé e evita a fricção e o cisalhamento do pé diretamente no calçado. Entre- tanto, deve-se assegurar espaço suficiente no interior do calçado para acomodar o dorso do pé e o calcâneo3 . No que se refere à retirada da cutícula, 26(51%) não apresentam esse hábito. Dos 25(49%) que afir- maram ter esse hábito, 18(72%) a retiram com a aju- da de um profissional. Em relação ao uso de esmalte, 30(59%) sujeitos negaram essa prática. No que concerne ao último exame dos pés, 28(55%) referiram que nunca o realizaram desde o estabelecimento do diagnóstico de DM. Entre aque- les que já o realizaram, o enfermeiro foi o profissional da área da saúde responsável pelo exame em 12(52%) sujeitos. É importante que os profissionais de saúde orientem e motivem as pessoas com DM a adotarem comportamentos adequados acerca dos cuidados diá- rios e a encontrarem caminhos para superar as bar- reiras que dificultam a adoção do exame para a pre- venção do pé diabético15 . Ao investigar a percepção acerca da relação en- tre controle glicêmico e aparecimento de complica- ções nos pés, 46(90%) sujeitos afirmaram que o mau controle pode favorecer o aparecimento dessas com- plicações. Portanto, a maioria dos indivíduos reco- nhece a importância do controle glicêmico na pre- venção das complicações de membros inferiores. Es- tudo anterior9 mostrou que os valores da glicemia em jejum e da hemoglobina glicada (HbA1c ) encontra- vam-se alterados, o que favorece o desencadeamento de complicações crônicas e, consequentemente, au- mento do risco de neuropatia, um dos fatores pre- ponderantes para o desencadeamento de lesão ou ul- ceração nos pés. Reconhece-se que fatores como mau controle glicêmico, em conjunto com a obesidade, a hiperten- são arterial e a dislipidemia predispõem ou agravam o risco de desenvolvimento do pé diabético7 . Esses fa- tores são passíveis de modificação e podem ser con- trolados mediante adesão ao tratamento e acompa- nhamento pela equipe multiprofissional de saúde. Desse modo, a prevenção das complicações crônicas, como o pé diabético, também é decorrente de um bom controle glicêmico. Quanto ao exame físico dos pés, 48(94%) sujei- tos não tinham história prévia de úlcera. As altera- ções mais frequentes foram: pele seca em 39(76,5%) indivíduos, micose interdigital em 18(35%) e racha- duras em 17(33,5%). Observou-se em 34(66,5%) su- jeitos a presença de calosidades nos pés, em 12(23,5%) deformidades nos pés, destacando-se a sobreposição dos dedos em 8(15,5%). Em apenas um paciente não foi possível palpar os pulsos tibial posterior e pedioso. Esses resultados indicam que, no exame dos pés, constatou-se preservação da estrutura e funcionali- dade. Desse modo, a avaliação sistemática uma vez ao ano, conforme preconizado pelo Consenso Interna- cional sobre Pé Diabético em relação ao exame dos pés, deve ser assegurada pela equipe multiprofissional a cada consulta, de modo a avaliar os potenciais pro- blemas nos pés3 . Essa atenção respalda-se nos dados obtidos em relação à ocorrência anterior de proble- mas referentes aos membros inferiores nos últimos 12 meses, apresentados pelos sujeitos. Indivíduos com fatores de risco comprovados devem ser examinados com maior frequência14,15 . A sensibilidade protetora plantar estava pre- servada em 43(84,5%) sujeitos. Três indivíduos não
  • 5. Atenção à saúde: pé diabético Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010 Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación p.620 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21. apresentaram sensibilidade pressórica em todos os pontos testados. Quanto à sensibilidade vibratória, 47(92%) sujeitos apresentaram-na preservada. Esses achados evidenciam que a sensibilidade vibratória e protetora plantar estava preservada para a maioria dos sujeitos. Estudo nacional11 mostrou que 15% apre- sentaram insensibilidade plantar, o que se aproxima dos 9(17,6%) observados no presente estudo e, des- tes, 4(7,8%) tinham deformidade estrutural nos pés, o que está associado a risco elevado de desenvolver úlcera devido à formação de pontos de alta pressão. A literatura mostra que indivíduos com DM apresentam deformidade estrutural, dedos sobrepos- tos e em garra, alteração circulatória e comprometi- mento da sensibilidade plantar9 . As perdas da sensi- bilidade vibratória e tátil pressórica estão diretamente relacionadas à neuropatia diabética, que causa uma lesão neurológica extensa que compromete todo o sistema nervoso periférico nos seus componentes sen- sitivo-motor e autonômico14 . Por esse motivo, é de- sejável que sejam intensificados os esforços na avali- ação sistemática dessas pessoas, visando à manuten- ção das medidas de prevenção das complicações. No que se refere à ocorrência de problemas rela- cionados a pernas/pés nos últimos 12 meses, sugesti- vos de infecção, 45(88%) sujeitos negaram esses pro- blemas. Entre os problemas referidos figuram: dor na panturrilha, 17(33,5%);micose nasunhas, 16(31,5%); calos, 14(27,5%); rachaduras, 13(25,5%); unhas que- bradiças, 12(23,5%). Estudo realizadoem RibeirãoPre- to-SP identificou, entre os fatores desencadeantes do pé diabético, a higiene e o corte de unhas impróprios, pele ressecada/descamativa, unhas espessas, com as- pecto farináceo e onicomicose, calos e rachaduras e dermatite fúngica e micose interdigital9 . Em síntese, os resultados mostraram que a mai- oria dos sujeitos realizava a higiene diária dos pés, usava calçados adequados e não tinha o hábito de retirar cutícula. Por outro lado, constatou-se que medidas em relação ao exame diário dos pés, corte das unhas em linha reta, uso de hidratantes, lixas e meias de algodão ainda necessitam de reforço para serem incorporadas aos hábitos cotidianos. Esses resultados são consistentes com dados da literatura que mostram que a fragilidade do conheci- mento em DM dificulta a adoção de ações preventi- vas, bem como o tratamento das complicações já ins- taladas, como o pé diabético14,15 . CONCLUSÃO Os resultados obtidosno presente estudo permi- tem concluir que a maioria dos sujeitos nunca havia realizado o exame de pés desde o diagnóstico de DM e referiu ter conhecimento de que o mau controle glicêmico pode desencadear complicações. A maioria dos indivíduos tinha a sensibilidade vibratória e prote- toraplantar preservadaenão apresentavaantecedentes deúlcera.As alteraçõesmaisfrequentesforam: peleseca, micose interdigital, rachaduras, calosidades, deformi- dades nos pés e sobreposiçãodos dedos. Esteestudomostrou,demaneiraclara,queéneces- sárioproveravaliaçãosistemáticanosprogramasdeaten- çãobásica, utilizando-seestratégiasdeeducação emsaú- debaseadasemtecnologiasleveemédia leve,napreven- ção de complicações de membros inferiores em pessoas comDM. Além de detectar possíveis problemas, a avali- açãosistemática dos cuidados com os pés possibilita sen- sibilizar os indivíduos para o desenvolvimento de habili- dadesparaoautocuidadona prevençãodo pédiabético. A educação em saúde tem como objetivo sensibi- lizar, motivar e mudar atitudes da pessoa para incorpo- rara informação recebida sobreoscuidados comospés. Uma das intervenções educativas para o autocuidado em serviços de atenção primária, em relação aos pés, consiste no registro sistemático das informações. Essa intervenção permite que os outros membros da equipe multiprofissionalacompanhem a avaliação dos pésrea- lizada pelo enfermeiro, com vistas a assegurar a integralidadedo cuidado em saúde. REFERÊNCIAS 1.Pedrosa HC, Nery ES, Sena FV, Novaes C, Feldkircher TC, Dias MSO et al. O desafio do projeto Salvando o Pé Diabético: terapêutica em diabetes. Bol Méd Centro B-D de Educ Diabetes. 1998; 4:1-10 2.Boulton AJM. The diabetic foot: from art to science. The 18th Camilo Golgi Lecture. Diabetologia. 2004; 47:1343-53. 3.Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso Internacional sobre Pé Diabético. 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  • 6. Andrade NHS et al. Recebido em: 29/04/2010 – Aprovado em: 22/08/2010 Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):616-21. • p.621 10.Ochoa-Vigo K, Pace AE. Pé diabético: estratégias para prevenção. Acta Paul Enferm. 2005; 18:100-9. 11.Ochoa-Vigo K., Torquato MTCG, Silvério IAS, Queiroz FA, De-La-Torre-Ugarte-Guanilo MC, Pace AE. Caracterização de pessoas com diabetes em unidades de atenção primária e secundária em relação a fatores desencadeantes do pé diabético. Acta Paul Enferm. 2006; 19:296-303. 12. Malerbi DA, Franco LJ. Multicenter study of prevalence of Diabetes Mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Brazilian population aged30-69 yr. The Brazilian Cooperative Group on the Study of Diabetes Prevalence. Diabetes Care. 1992; 15(11):1509-16.          13.Torquato MTCG, Montenegro RM, Viana LAL, Souza RAHG, Lanna JCB, Durin CB, et al. Prevalência do Dia- betes Mellitus, diminuição da tolerância à glicose e fatores de risco cardiovascular em uma população urbana adulta de Ribeirão Preto. Diabetes Clín. 2001; 5(3):183-9. 14.Dahmen R, Haspels R, Koomen B, Hoeksma AF. Therapeutic footwear for the neuropathic foot. Diabetes Care. 2001; 24:705-9. 15.Rocha RM, Zanetti ML, Santos MA. Comportamento e conhecimento: fundamentos para prevenção do pé dia- bético. Acta Paul Enferm. 2009; 22:17-23.