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gerais

BELÉM, domingo, 15 DE junho DE 2014
preferências podem
ão comuns no Pará os casos
de adoção em que os pre-
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casaiscomnívelsuperiorcomple-
to - buscam a adoção de crianças
e adolescentes dentro de um per-
fil preferido. Segundo Alessandro
Ozanan, juiz de Direito da 1ª Vara
daInfânciaeJuventudedeBelém,
do Tribunal de Justiça do Estado
(TJE/PA), os perfis mais procu-
rados hoje envolvem crianças de
zero a dois anos, do sexo femini-
no e de cor branca até parda. Há
menos procura por crianças aci-
ma de seis anos de idade, negras
ou portadoras de necessidades
especiais.
No último dia 5, havia, na
Vara da Infância e Juventude
de Belém, 15 crianças e adoles-
centes disponíveis para adoção
sendo duas crianças com neces-
sidades especiais e 13 adoles-
centes. “A maior dificuldade de
se conseguir pais adotivos para
crianças e adolescentes no Pará
está na idealização ‘cultural do
bebê’. Ainda hoje observamos
essa ideia, que é ultrapassada,
mas continua forte. Muitos não
aceitam crianças acima de seis
anos,porexemplo.Éimportante
incentivarmosaadoção,mudar-
mos essa mentalidade. Esse pre-
conceito é notado pelas crianças
e adolescentes que são menos
procurados, o que é triste, por-
que eles também têm o direito
de viver em família. Uma das
possibilidades de fazermos esse
trabalho se dá por meio de ini-
ciativa da sociedade civil, atra-
vés do Grupo de Apoio à Adoção
do Pará”, destaca o juiz.
Há nove anos, antes de ado-
tar seu filho, hoje com 11 anos, a
manicure Helena Carvalho, 50,
e seu marido, o motorista Mário
Carvalho, 56, procuraram a Or-
ganização Não Governamental
(ONG)Renascerparaajudá-losno
recebimentodomenino.
“Ainda não temos filho bioló-
gico e, em princípio, queríamos
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de idade, mas a espera já levava
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seguimos. Toda minha família
sabia que queríamos adotar uma
criançaequandonossofilhoche-
gou foi muito bem recebido por
todos. Tratamos o assunto com
transparência, ele sabe que foi
gerado por outra mulher e encara
bem a situação. Já me perguntou
sobre sua mãe e falei que quando
tiver maioridade pode procurar
por ela. Isso fica a critério dele,
não vou proibir jamais. Ele é meu
filho, só Deus ou a Justiça podem
tirar ele de mim. É um menino
que nos dá muito orgulho, pois é
inteligente, estudioso, carinho-
so e vive dizendo que nos ama.
Somos muito felizes. A partici-
pação na ONG Renascer, da qual
até hoje fazemos parte, nos aju-
dou muito a receber nosso filho,
porque conversamos e trocamos
experiências sobre vários assun-
tos no grupo”, conta Helena, que
moranoMarco.
ONg quer abrir espaço a crianças e
adolescentesforadoperfildesejado
s
Uma das formas de o TJE/
PA aproximar a comunidade
das crianças e adolescentes
fora do perfil preferido a pre-
tendentes à adoção que vivem
no acolhimento institucional,
se dá por meio do programa
de apadrinhamento voluntário
“Conte Comigo”. O programa
foi lançado em 27 de abril deste
ano, no anfiteatro da praça da
República, em Belém. A meta
é conseguir maior número de
candidatos a se tornarem pa-
drinhos e madrinhas.
O apadrinhamento, que pre-
tende estabelecer uma corres-
ponsabilidade social, por meio
de compromisso voluntário,
pode ser feito nas modalida-
des material, empresarial e/ou
prestação de serviço voluntá-
rio, atendendo, assim, crianças
e adolescentes de 0 a 18 anos.
As que estão na faixa etária de
7 a 18 anos, quando a adoção se
torna anda mais difícil, também
poderão ser atendidas na moda-
lidade afetiva.
As modalidades de apadri-
nhamento podem ser concomi-
tantes dependendo da disponi-
bilidade de cada padrinho ou
madrinha e das necessidades
das crianças e adolescentes,
podendo inclusive uma crian-
ça ou adolescente ter mais de
um padrinho ou madrinha.
Em uma delas, a afetiva, o pa-
drinho/madrinha dá atenção
e carinho para uma criança
ou um adolescente acolhidos
em instituições, podendo levá-
los para passar os finais de se-
mana em sua casa, passear ou
mesmo em férias. Também po-
derá orientá-los e preocupar-
se com sua saúde, estudos e
formação. Qualquer pessoa ou
empresa idônea pode se tornar
padrinho ou madrinha. Entre-
tanto, para o apadrinhamento
afetivo, é necessário preencher
mais alguns requisitos.
“ConteComigo”tentaquebrarpreconceito
n A manicure Helena Carvalho, 50, recorreu à adoção para realizar o sonho de ser mãe e não se
EVERALDONASCIMENTO/amazônia
O juiz de Direito da 1ª Vara
da Infância e Juventude de Be-
lém explica que a pessoa que
quer adotar uma criança ou
adolescente deve contar com18
anos à data do pedido, salvo se
já estiver sob a guarda ou tutela
dos adotantes.
“A adoção atribui a condi-
ção de filho ao adotado, com
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inclusive sucessórios, desli-
gando-o de qualquer vínculo
com pais e parentes, salvo os
impedimentos matrimoniais. O
processo de adoção leva de seis
a oito meses, em média. O que
mais se deve levar em conta é
o melhor interesse da criança
e do adolescente. Depois que a
criança ou adolescente é adota-
do, os pais de modo algum po-
dem devolvê-lo, pois a adoção é
irrevogável e irretratável”.
Em média, Processo leva de seis a oito meses para ser concluído
Inicialmente, o programa
inclui as Varas da Infância
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Acolhimento de Belém, Dis-
trito de Icoaraci, Ananindeua
e Marituba. Participam do
programa o TJE/PA, através
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Infância e Juventude, das Va-
ras da Infância e Juventude de
Belém, Ananindeua, Icoaraci
e Marituba e da Escola Supe-
rior da Magistratura; Funda-
ção Papa João XXIII (Funpa-
pa), incluindo os Serviços de
Acolhimento sob administra-
ção da Fundação, em Belém;
Secretaria de Estado de Assis-
tência Social, através do Espa-
ço de Acolhimento Provisório
Infantil (Eapi); Centro de Va-
lorização da Criança “Raio de
Luz” (CVC); Lar Acolhedor Tia
Socorro; Abrigo Especial Cala-
briano; Creche Casa Lar Cor-
deirinhos de Deus; Serviços
de Acolhimento de Ananin-
deua; Pró Vida - Sítio Girassol.
O Programa ainda conta com
o apoio da Escola Superior da
Magistratura; Universidade
da Amazônia (Unama); Grupo
de Apoio à Adoção de Belém -
Renascer; Defensoria Pública
do Estado e Ministério Públi-
co do Estado.
Para conhercer melhor e
obter mais informações sobre
o programa de apadrinhamen-
to voluntário “Conte Comigo”,
acesse: http://www.tjpa.jus.
br/PortalExterno/imprensa/
noticias/Informes/1262-TJPA-
lancara-programa-de-apadri-
nhamento.xhtml
Sitedisponilibizainformaçõessobreprogramadeapadrinhamento
Cleide Magalhães
Da Redação
gerais

BELÉM, domingo, 15 DE junho DE 2014
dificultar adoção
arrependeu. Ela garante que conversa com o filho sobre o processo.
Segundo Welligton Lima, pre-
sidente da ONG Renascer, que
existe há 13 anos, ser pai por ado-
ção é o mesmo que ser biológico,
mas existem algumas peculiari-
dades.
“A criança tem necessidade e
vaiquerersabersobresuaorigem,
como se deu seu nascimento. Na
ONG realizamos oficinas e ou-
tros eventos para orientar os pais
a lidar com isso, tendo a missão
de quebrar preconceitos e tornar
essa relação feliz. É preciso estar
com o coração aberto para amar.
E o amor chega de forma muito
rápida e logo a criança está tão
integrada à família. É fantástico
e não tem diferença entre o amor
de filho biológico e adotivo”, diz
Lima,queépaiporadoçãodeum
menino de 11 anos e biológico de
uma menina de 9 anos.
O presidente da ONG orienta
que é importante os pais prepa-
rarem o filho adotivo para enca-
rar possíveis preconceitos que
existemnasociedade.“Oquecria
os laços de amor é a disponibili-
dade, a atenção, o carinho, entre
outros sentimentos. Quando os
pais recebem uma criança com
mais idade eles podem fazer o
trabalho de desconstrução do
que não os agrada e trabalhar na
construção de um novo perfil de
família, mas sem anular a histó-
ria da criança para que esta veja
isso não como algo que foi ruim,
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Além disso, ele ressalta que é
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sobre adoção em casa.
“Precisa ser um assunto sem-
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centes forem questionados sobre
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der. Eles têm que ser preparados
para não sofrer. Na ONG dizemos
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zer que todos os filhos precisam
ser adotados afetivamente para
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lia”, explica Lima.
A ONG Renascer conta hoje
comcercade30casais,queseen-
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no Lar de Maria, em São Brás,
semprenoúltimosábadodomês.
Eles têm o apoio da assistente so-
cial Ana Mara, e outros profissio-
naisqueatuamvoluntariamente.
Tema não deve ser tabu em casa, mas tratado de forma natural
n Wellington Lima, da ONG Renascer, aconselha os pais a falarem abertamente sobre a adoção
EVERALDONASCIMENTO/amazônia

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Adoção no Pará: ONG quer quebrar idealização do 'bebê

  • 1. gerais BELÉM, domingo, 15 DE junho DE 2014 preferências podem ão comuns no Pará os casos de adoção em que os pre- tendentes já apresentam a criança, a chamada adoção con- sentida.Nestescasos,amãefecha acordo diretamente com o pre- tendenteedisponibilizaacriança paraadoção.Mastambémsedes- tacam aquelas situações em que os pretendentes - em sua maioria casaiscomnívelsuperiorcomple- to - buscam a adoção de crianças e adolescentes dentro de um per- fil preferido. Segundo Alessandro Ozanan, juiz de Direito da 1ª Vara daInfânciaeJuventudedeBelém, do Tribunal de Justiça do Estado (TJE/PA), os perfis mais procu- rados hoje envolvem crianças de zero a dois anos, do sexo femini- no e de cor branca até parda. Há menos procura por crianças aci- ma de seis anos de idade, negras ou portadoras de necessidades especiais. 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Há nove anos, antes de ado- tar seu filho, hoje com 11 anos, a manicure Helena Carvalho, 50, e seu marido, o motorista Mário Carvalho, 56, procuraram a Or- ganização Não Governamental (ONG)Renascerparaajudá-losno recebimentodomenino. “Ainda não temos filho bioló- gico e, em princípio, queríamos uma filha adotiva, de até um ano de idade, mas a espera já levava um ano. Depois estendemos para que fosse um menino, até três anos,eemapenastrêsmesescon- seguimos. Toda minha família sabia que queríamos adotar uma criançaequandonossofilhoche- gou foi muito bem recebido por todos. Tratamos o assunto com transparência, ele sabe que foi gerado por outra mulher e encara bem a situação. Já me perguntou sobre sua mãe e falei que quando tiver maioridade pode procurar por ela. Isso fica a critério dele, não vou proibir jamais. Ele é meu filho, só Deus ou a Justiça podem tirar ele de mim. É um menino que nos dá muito orgulho, pois é inteligente, estudioso, carinho- so e vive dizendo que nos ama. 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As que estão na faixa etária de 7 a 18 anos, quando a adoção se torna anda mais difícil, também poderão ser atendidas na moda- lidade afetiva. As modalidades de apadri- nhamento podem ser concomi- tantes dependendo da disponi- bilidade de cada padrinho ou madrinha e das necessidades das crianças e adolescentes, podendo inclusive uma crian- ça ou adolescente ter mais de um padrinho ou madrinha. Em uma delas, a afetiva, o pa- drinho/madrinha dá atenção e carinho para uma criança ou um adolescente acolhidos em instituições, podendo levá- los para passar os finais de se- mana em sua casa, passear ou mesmo em férias. Também po- derá orientá-los e preocupar- se com sua saúde, estudos e formação. Qualquer pessoa ou empresa idônea pode se tornar padrinho ou madrinha. Entre- tanto, para o apadrinhamento afetivo, é necessário preencher mais alguns requisitos. “ConteComigo”tentaquebrarpreconceito n A manicure Helena Carvalho, 50, recorreu à adoção para realizar o sonho de ser mãe e não se EVERALDONASCIMENTO/amazônia O juiz de Direito da 1ª Vara da Infância e Juventude de Be- lém explica que a pessoa que quer adotar uma criança ou adolescente deve contar com18 anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. “A adoção atribui a condi- ção de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desli- gando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. O processo de adoção leva de seis a oito meses, em média. O que mais se deve levar em conta é o melhor interesse da criança e do adolescente. Depois que a criança ou adolescente é adota- do, os pais de modo algum po- dem devolvê-lo, pois a adoção é irrevogável e irretratável”. Em média, Processo leva de seis a oito meses para ser concluído Inicialmente, o programa inclui as Varas da Infância e Juventude e os Serviços de Acolhimento de Belém, Dis- trito de Icoaraci, Ananindeua e Marituba. Participam do programa o TJE/PA, através da Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude, das Va- ras da Infância e Juventude de Belém, Ananindeua, Icoaraci e Marituba e da Escola Supe- rior da Magistratura; Funda- ção Papa João XXIII (Funpa- pa), incluindo os Serviços de Acolhimento sob administra- ção da Fundação, em Belém; Secretaria de Estado de Assis- tência Social, através do Espa- ço de Acolhimento Provisório Infantil (Eapi); Centro de Va- lorização da Criança “Raio de Luz” (CVC); Lar Acolhedor Tia Socorro; Abrigo Especial Cala- briano; Creche Casa Lar Cor- deirinhos de Deus; Serviços de Acolhimento de Ananin- deua; Pró Vida - Sítio Girassol. O Programa ainda conta com o apoio da Escola Superior da Magistratura; Universidade da Amazônia (Unama); Grupo de Apoio à Adoção de Belém - Renascer; Defensoria Pública do Estado e Ministério Públi- co do Estado. Para conhercer melhor e obter mais informações sobre o programa de apadrinhamen- to voluntário “Conte Comigo”, acesse: http://www.tjpa.jus. br/PortalExterno/imprensa/ noticias/Informes/1262-TJPA- lancara-programa-de-apadri- nhamento.xhtml Sitedisponilibizainformaçõessobreprogramadeapadrinhamento Cleide Magalhães Da Redação
  • 2. gerais BELÉM, domingo, 15 DE junho DE 2014 dificultar adoção arrependeu. Ela garante que conversa com o filho sobre o processo. Segundo Welligton Lima, pre- sidente da ONG Renascer, que existe há 13 anos, ser pai por ado- ção é o mesmo que ser biológico, mas existem algumas peculiari- dades. “A criança tem necessidade e vaiquerersabersobresuaorigem, como se deu seu nascimento. Na ONG realizamos oficinas e ou- tros eventos para orientar os pais a lidar com isso, tendo a missão de quebrar preconceitos e tornar essa relação feliz. É preciso estar com o coração aberto para amar. E o amor chega de forma muito rápida e logo a criança está tão integrada à família. É fantástico e não tem diferença entre o amor de filho biológico e adotivo”, diz Lima,queépaiporadoçãodeum menino de 11 anos e biológico de uma menina de 9 anos. O presidente da ONG orienta que é importante os pais prepa- rarem o filho adotivo para enca- rar possíveis preconceitos que existemnasociedade.“Oquecria os laços de amor é a disponibili- dade, a atenção, o carinho, entre outros sentimentos. Quando os pais recebem uma criança com mais idade eles podem fazer o trabalho de desconstrução do que não os agrada e trabalhar na construção de um novo perfil de família, mas sem anular a histó- ria da criança para que esta veja isso não como algo que foi ruim, mas que proporcionou a chance de ter uma nova família e olhar para frente”. Além disso, ele ressalta que é sempre bom manter a conversa sobre adoção em casa. “Precisa ser um assunto sem- pretratadodeformanatural,por- que quando as crianças e adoles- centes forem questionados sobre isso vão ter segurança ao respon- der. Eles têm que ser preparados para não sofrer. Na ONG dizemos ‘meus filhos são adotados e em biológicos’. O termo significa di- zer que todos os filhos precisam ser adotados afetivamente para se sentirem pertencidos à famí- lia”, explica Lima. A ONG Renascer conta hoje comcercade30casais,queseen- contramparatrocarexperiências no Lar de Maria, em São Brás, semprenoúltimosábadodomês. Eles têm o apoio da assistente so- cial Ana Mara, e outros profissio- naisqueatuamvoluntariamente. Tema não deve ser tabu em casa, mas tratado de forma natural n Wellington Lima, da ONG Renascer, aconselha os pais a falarem abertamente sobre a adoção EVERALDONASCIMENTO/amazônia