Thomas Berry argumenta que a transição para uma Era Ecozóica sustentável é a Grande Obra de nossa época. Ele propõe que nos movamos para além da destrutiva civilização industrial para uma civilização de presença benigna na Terra, celebrando nossa intimidade com todos os seres vivos através de uma economia orgânica e comunidade integral.
1. A GRANDE OBRA
Fazendo a Transição para a
Era Ecozóica
quinta-feira, 19 de dezembro de 13
2. "Todos nós temos nosso trabalho particular. Temos uma variedade de
ocupações. Mas além do trabalho que desempenhamos e da vida que
levamos, temos uma Grande Obra na qual todos estamos envolvidos e da
qual ninguém está isento: é a obra de deixar uma era cenozóica terminal e
ingressar na nova Era Ecozóica na história do Planeta Terra. Esta é a
Grande Obra".
- Thomas Berry
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3. Thomas Berry
Historiador de culturas e religiões
(obras publicadas sobre Budismo e
Religiões da Índia), desenvolveu
seu trabalho como historiador da
Terra e seus processos evolutivos
(co-autor, com Brian Swimme, de
“The Universe Stroy”).
Descrevia-se como “geologista”,
estudioso da Terra.
Faleceu em 1º de junho de 2009
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4. A Grande Obra
Cada época histórica tem a sua
Grande Obra:
Paleolítico: expansão a partir da
África;
Criação da linguagem, rituais,
estruturas sociais em
comunidades de caçadorescoletores;
Neolítico: estabelecimento de
comunidades de agricultores;
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Desenvolvimento das grandes
civilizações clássicas;
Período moderno: avanços
tecnológicos, civilização urbana,
novos ideais de governo e direitos
humanos, empreendimentos
comerciais modernos e
globalização.
5. A Nossa Grande Obra
Não escolhemos; é nossa
por vivermos neste
momento histórico:
colapso comparável às
grandes transições do
planeta. Ex.: extinção dos
dinossauros
Recebemos as
ferramentas
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Nossa tarefa: fazer a
transição da civilização
industrial moderna
(devastadora) para uma
civilização de presença
benigna
Não se trata de
adaptação, mas de lidar
com o fim de um sistema
geo-biológico
6. Transição
Era
Tecnozóica
exploração do
planeta como
fonte de
recursos para
benefício
humano
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Era Ecozóica
relação entre
seres humanos e
a Terra com
preocupação
fundamental
com o bem estar
de toda a
comunidade da
Terra
7. Ponto de partida
Onde estamos?
Civilização industrial
moderna na fase
terminal da Era
Cenozóica
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Quem somos?
Pessoas que perderam o
contato com a natureza;
Em recuperação e cura,
tomando consciência da
continuidade física e
espiritual com o
universo magnífico em
que estamos inseridos
8. Como chegamos até aqui
Bases falhas da nossa
civilização (daí a necessidade
de “reinventar o humano”):
Separação radical entre o ser
humano e os outros seres: o
ser humano tem todos os
direitos:
Séc. XIV: Peste Negra aversão ao mundo natural
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Séc XVII: Descartes tira a
alma do mundo, que podia
e devia ser explorado para
benefício humano
Ciência mecanicista,
economia materialista
extrativista e política
antropocêntrica - divisão
cada vez maior entre ser
humano e natureza.
9. Origens da Orientação da
Consciência Ocidental
Tradição cultural grega (humanista)
Tradição religiosa bíblica cristã
Tradição político-jurídica inglesa
Tradição econômica da nova classe mercantil
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10. Origens da Orientação da
Consciência Ocidental
Tradição cultural grega (humanista)
Tradição religiosa bíblica cristã
Tradição político-jurídica inglesa
Tradição econômica da nova classe mercantil
Assim chegamos até aqui.
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11. Para onde vamos?
Mesmo numa situação de:
tradições éticas em colapso;
destruição dos sistemas naturais (fim da Era Cenozóica)
corporações que exploram os recursos vivos e não-vivos do planeta
substituição da economia orgânica pela economia extrativista, dependente de
recursos não renováveis
fragilidade de uma economia dependente do petróleo (não só combustível), que
se exaure rapidamente e cujo esgotamento é inevitável
Não temos um programa de transição para uma economia sustentável; pelo
contrário, a extração e o consumo recrudescem - indicando a desintegração de toda
a economia moderna.
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12. Para onde vamos?
Mesmo numa situação de:
tradições éticas em colapso;
destruição dos sistemas naturais (fim da Era Cenozóica)
corporações que exploram os recursos vivos e não-vivos do planeta
substituição da economia orgânica pela economia extrativista, dependente de
recursos não renováveis
fragilidade de uma economia dependente do petróleo (não só combustível), que
se exaure rapidamente e cujo esgotamento é inevitável
Não temos um programa de transição para uma economia sustentável; pelo
contrário, a extração e o consumo recrudescem - indicando a desintegração de toda
a economia moderna.
Diante disso, qual a visão de futuro sugerida por
Thomas Berry?
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13. Viabilidade
Desenvolver um modo viável de presença humana na
Terra
Realidade e valores centrados na terra, e não no ser
humano:
o sistema humano é um sub-sistema da Terra, logo a
comunidade de todos os seres é uma realidade e um valor
maiores;
comunidade humana deve se preocupar com a preservação e o
aprimoramento da comunidade toda
o bem-estar da comunidade da Terra é o bem-estar do ser
humano - a ética humana deve basear-se nisso
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14. Viabilidade
Desenvolver um modo viável de presença humana na
Terra
Auto-limitação/ disciplina criativa
Deixar a mentalidade de um mundo de sonhos sem limites para
a satisfação humana e a fuga dos males (insanidade coletiva), que
na verdade cria um mundo de pesadelo
Adotar a mentalidade de disciplina e auto-limitação: aceitar os
limites naturais e resgatar o verdadeiro mundo de sonhos - a
natureza - para existirmos de forma criativa na comunidade dos
sistemas vivos
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15. Viabilidade
Desenvolver um modo viável de presença humana na
Terra
Da economia extrativista terminal para a economia
orgânica
economia extrativista: exploração de recursos não
substituíveis a tempo de sustentar a economia que deles
depende; torna não-renováveis os recursos renováveis; destrói a
capacidade da Terra de realizar suas funções biológicas básicas
economia orgânica: participa dos processos de renovação da
Terra - é como uma árvore
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16. Intimidade/Comunidade
Formando uma só comunidade com os outros seres
Comunhão de sujeitos, não coleção de objetos: os demais seres
vivos da Terra não são recursos a serem “usados” - dependemos
(imaginação, estética, emocional) de nossas experiências com o mundo
natural. Cada ser expressa seu valor profundo em suas espontaneidades
e consciência
Conhecimento das relações integrais: consciência interior/
psíquica, mas também conhecimento fatual e filosófico das relações de
interdependência entre os seres (ecologia) - não como um “curso”
separado, mas como a base de todos os cursos. Vem também das nossas
tradições de sabedoria (indígena, feminina, tradições religiosas e
humanísticas clássicas, ciência observacional)
Reforma da cultura e instituições: reexame de valores e da
adequação da cultura e instituições aos valores - função natural do
universo como norma, ações humanas só têm sentido se forem
integradas ao todo
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17. Celebração
Celebrar o universo através de um modo especial de
auto-percepção consciente
O universo nos fez existir com um propósito, e esse
propósito se revela através daquilo que é único em cada
ser - o universo celebra a si mesmo em cada ser
vivo
O ser humano é a forma através da qual o universo
celebra a si mesmo e suas origens numinosas em um
modo especial de auto-percepção consciente
Portanto, devemos usar essas nossas habilidades para
celebrar a vida em toda a sua diversidade e comunhão
E para isso:
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18. Celebração
Celebrar o universo através de um modo especial de
auto-percepção consciente
Reinventar o ser-humano através da história e do
compartilhar de sonhos: criar uma presença mutuamente
benéfica do ser humano como participantes funcionais da
comunidade da Terra. “Em nossos sonhos o futuro desperta
em nós” - e esses sonhos são o sonho da Terra que se expressa em
nosso código genético
Liturgia Cósmica/ Cosmogênese: ciclos da natureza em
constante renovação; desenvolvimento evolucionário do universo cosmogênese - universo em perpétua criação através das sequência
irreversível de transformações (história sagrada) da qual fazemos
parte. Somos apoiados pela mesma força que cria constantemente o
universo.
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19. Celebração
Celebrar o universo através de um modo especial de
auto-percepção consciente
Movimento meta-religioso inclusivo: envolve toda a comunidade
humana e toda a ordem geo-biológica do planeta; não substitui as religiões,
sobrepõe-se a elas dando um novo contexto e dimensão de sagrado. Suas
bases:
Cosmologia funcional baseada na história do universo de acordo com a
ciência observacional em suas dimensões psíquica, estética e moral
Dimensão espiritual derivada do entendimento dos misteriosos
processos auto-organizados, criativos e emergentes que deram e dão
forma ao universo
Resgate da intimidade com a natureza não-humana e suas dimensões
estética e numinosa.
Todo o universo é uma expressão exuberante da própria
existência.
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20. Nosso caminho para o futuro - a Era Ecozóica
Diretrizes
Objetivos
Viabilidade
(É viável?)
Intimidade/
Comunidade
(Favorece a
intimidade/
comunidade?)
Celebração
(Celebra o universo?)
Formar uma só
Celebrar o universo
Desenvolver um
comunidade de vida através de um modo
modo viável de
com os demais
especial de autopresença humana na
componentes da
percepção
Terra
Terra
consciente
Foco na Terra, e não no ser
humano
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Auto-limitação/ disciplina
criativa
Entendimento do
relacionamento integral
Liturgia Cósmica/
Cosmogênese
Economia orgânica, e não
extrativista
Caminhos
Comunhão de sujeitos, e
não coleção de objetos
Reinventar o ser-humano
através da história e da
experiência de compartilhar
sonhos
Reforma da cultura e das
instituições
Movimento meta-religioso
inclusivo