O documento discute a importância da atividade física regular para a saúde da mulher na peri-menopausa. Exercícios com peso ajudam a aumentar a massa muscular e óssea, prevenindo osteoporose futura. Estudos mostram que exercícios aeróbicos e de resistência melhoram a densidade mineral óssea em mulheres na peri-menopausa.
Atividade física na peri-menopausa: prioridade para a saúde da mulher
1. ATIVIDADE FÍSICA NA PERI-MENOPAUSA:
PRIORIDADE PARA A SAÚDE DA MULHER
Erivelton Manetti*; Sarah Regina Dias da Silva**
* Graduando da 33ª turma do Curso de Educação Física do Centro Universitário Claretiano - CEUCLAR
** Docente do Curso de Educação Física da CEUCLAR/Mestre em Ciências da Motricidade – UNESP / Rio Claro
Introdução Atividade Física
Peri-menopausa: Leitão et al (2000) observa que: o exercício regular, realizado de
Período de 12 meses anteriores a menopausa; por volta dos 45 maneira correta (com efeito gravitacional e uso de peso), associado a
anos, em que a mulher apresenta irregularidades menstruais e diminuição ingesta alimentar adequada, interfere na função hormonal, se
da produção dos hormônios ovarianos (estrogênio e progesterona). A constituindo num importante instrumento para ganho de massa óssea,
redução hormonal provoca o surgimento de sintomas típicos como: capaz de fazer, a partir da adolescência, uma prevenção a osteoporose na
calorões, perturbações do sono, instabilidade psíquicas, secura vaginal, pós-menopausa. Sua atuação é direta com impacto sobre o esqueleto e
dispareunia e deficiência urinária (COHEN, 1998; ORCESI et al, 2003). indireta, pelo aumento da força muscular. Há uma tendência da massa
Nesta fase recomenda-se dietas ricas em cálcio, vitamina D, terapia de óssea ser proporcional à força muscular, pois a maior tração exercida por
reposição hormonal (TRH) e exercícios físicos regulares e adequados, que músculos mais fortes, serve como estimulo a mineralização dos ossos.
auxiliam os efeito metabólicos para a formação de uma massa óssea Santarem (2005) de forma crescente relaciona as atividades
resistente, reduzindo os riscos da descalcificação, concomitantemente físicas com o maior ganho de massa óssea: natação, caminhada, futebol
evitando a freqüência das quedas e outros acidentes triviais que ocorrem e corridas de velocidade, corridas de longa distância e como principal o
com o envelhecimento (COHEN, 1988). halterofilismo. Os exercícios com peso não são apenas os mais eficientes
para aumentar a massa óssea, mas também para aumentar a massa e a
Ossos: força dos músculos esqueléticos, melhoram a flexibilidade e a
Forma rígida de tecido conjuntivo, que junto com as cartilagens coordenação, evitando quedas em pessoas idosas, que poderiam produzir
formam o sistema esquelético, cumprindo as funções de proteção de fraturas em ossos osteoporóticos.
órgãos, mecânica (movimentos) e metabólica (ANIJAR, 2003; BAILEY,
1973). Anatomicamente podem ser planos e longos, a estrutura é de uma Estudos
massa compacta externamente branca e internamente de massa Matsudo & Matsudo (1992): Pesquisa com 31 mulheres na
esponjosa, em cujas malhas está contida a medula óssea (BAILEY, 1973; peri-menopausa divididas em três grupos, 1º exercícios aeróbicos, 2º
MATSUDO & MATSUDO, 1992). aeróbicos enfatizando o corpo superior e o 3º controle. Os programas de
Seus componentes principais: Osteócito, células que já 10 meses e a densidade óssea mensurada no rádio do membro não
produziram e estão calcificadas. Osteoblasto, célula de revestimento dominante, resultando incremento de 1,18% na DMO nos dois grupos e
ósseo, expressam receptores para estrogênio e vitamina D em seu núcleo. diminuição de 2,5% no grupo controle. Os autores concluíram pelos
Osteoclasto, células de revestimento ósseo responsável pela reabsorção estudos, especialmente os longitudinais, a relação positiva entre massa
óssea (ANIJAR, 2003). óssea e atividade física.
Chiapeta et al (2000): Um grupo de mulheres em peri-
Sistema Hormonal: menopausa treinamento com peso durante 18 semanas e comparado com
Substâncias químicas produzidas e secretadas na circulação um grupo controle; mensurado a DMO da coluna lombar (L1-L14),
sangüínea por um conjunto de células glandulares endócrinas, para encontraram incremento de 0,7% para L2 e 2,2% na L4 do grupo
atuarem dentro do próprio corpo. (ARAUJO et al, 1996). Alguns dos treinado. Outra estudo: 35 mulheres no período menopausal; 18 grupo
hormônios presentes no ciclo reprodutivo feminino: FHS, Estrogênio, controle e 17 em exercícios de caminhada, jogging e subir escadas,
Progesterona e Calcitonina (ARAUJO et al, 1996). divididos em 1º grupo duração de 9 meses e o 2º por 22 meses,
Terapia de Reposição Hormonal: utilizada para minimizar os efeitos da exercícios de 50 a 60 minutos por dia, 3 vezes p/semana e ingesta de
queda produtiva hormonal baseia-se na reposição de estrogênio, cálcio, 1500 mg de cálcio diária, verificou-se aumento de 5,2% no DMO da
calcitonina e Vitamina D. ( PICARD et al, 2000; KIDA et al, 1998). Salgado coluna vertebral do 1º grupo e 6,1% no 2º grupo, em comparação ao
(2005) alerta que a TRH com drogas sintéticas pode: aumento de 26% grupo controle
risco de câncer de mama, 29% incidência de enfarto do miocárdio, 41% McDonald et al (2003): 907 mulheres entre 45 a 54 anos, com
risco de derrame e sugere alternativa de TRH com substâncias naturais medidas de peso, altura, estimativa de ingestão de caloria pela freqüência
encontradas em plantas como, yam mexicano, alcaçuz, linhaça, alimentar e nível de atividade física, onde 898 preencheram questionário,
principalmente na soja, que não apresentam efeitos colaterais e as concluíram que, a mudança nos níveis de atividades físicas influenciaram
mesmas funções da drogas sintéticas. no ganho de massa magra em 4,4% e a ingestão calórica alimentar com
significante efeito no peso de 0,6%.
Osteoporose:
Enfermidade crônica, multifatorial, relacionada à perda progressiva Conclusão
de massa óssea, geralmente assintomática até a ocorrência de fraturas.
A atividade física deve ser realizada desde muito cedo para
Está relacionada ao envelhecimento e ao hipoestrogenismo (ANIJAR,
ambos os sexos, como forma de possibilitar a manutenção de uma vida
2003). Fatores influentes: sedentarismo, consumo excessivo de
saudável, porém deve existir uma maior atenção às mulheres na fase de
álcool/fumo, falta de vitamina D, baixa exposição ao sol, pele clara, baixo
peri-menopausa; devido ao declínio da produção hormonal; realizando
peso, dietas intensa, medicação com corticóides/esteróides/hormônios da
atividade física regular aproveitando o efeito da gravidade e com a
tireóide. Conseqüências: fraturas (quadril, pulso, fêmur e coluna), dor
utilização de peso, no sentido de aumentar a massa muscular que recobre
aguda na coluna, gibosidade (MATSUDO & MATSUDO, 1992).
o corpo ósseo e conseqüentemente provocando transformações
metabólicas, para a remodelagem do osso e o ganho de massa óssea
mais resistente, que previnem o surgimento das doenças degenerativas
durante a pós-menopausa.
Referências Bibliográficas
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n.º 10, São Paulo, Out. 1992.
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menopausadas e pós-menopausadas precoce; efeitos da energia da dieta consumida, energia despendida, consumo
figura 1 e 2 corte longitudinal da cabeça do fêmur – geneco.com.br (2005). dietético de cálcio e terapia de reposição. International Journal of Obesity, Vol. 27 n.º 6, Jun. 2003.