Cbm alves gestão de bacias velhas & sf (são paulo - nov-2012) - final
1. IV Encontro Paulista de Biodiversidade
Experiências da abordagem
ecossistêmica na gestão de bacias:
Bacias do Rio das Velhas e do Rio
São Francisco
MSc. Carlos Bernardo Mascarenhas Alves
Nuvelhas – Projeto Manuelzão (UFMG)
São Paulo, 30 de Novembro de 2012
2. Regulamentações Internacionais
Clean Water Act – EUA (1972):
Conjunto de medidas, leis e regulamentações para cessar o processo
de poluição de corpos d’água. Naquela época, 2/3 desses ambientes
estavam impróprios para uso e pesca.
Estabeleceu a meta de “descarga zero” de poluentes nas águas do
País em 1985, estabelecendo o compromisso nacional de restaurar e
manter a integridade química, física e biológica dos ambiente
aquáticos.
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
3. Regulamentações Internacionais
Diretiva-Quadro Água – Comunidade Européia (2000):
Introduziu uma nova abordagem legislativa da gestão e proteção dos
recursos hídricos, baseada em formações hidrológicas e geográficas
naturais (as bacias hidrográficas) e não em fronteiras nacionais ou
políticas.
A Diretiva-Quadro Água constitui a base da política da União Européia
no domínio dos recursos hídricos. Para proteger a saúde das
pessoas, o abastecimento de água, os ecossistemas naturais e a
biodiversidade, é muito importante que as águas se encontrem num
bom estado ecológico e químico.
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4. Regulamentações Nacionais
Nível Nacional - Resolução CONAMA n.º 357 de 17 de março de 2005
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, aponta a importância de
indicadores biológicos como ferramentas do enquadramento.
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5. Regulamentações Nacionais
Nível Nacional - Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997
- Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o
inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei
nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei no 7.990, de 28
de dezembro de 1989, Brasília. Dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, aponta a importância de indicadores biológicos
como ferramentas do enquadramento.
- Outras medidas estabelecem os instrumentos de gestão (comitê e
agência de bacia), cadastro de usuários, cobrança pelo uso de
água, cobrança para despejo de esgotos não tratados
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6. Regulamentação Estadual
Nível Estadual (MG) - Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-
MG N.º 1, de 05 de Maio de 2008
Art. 6º: A qualidade dos ambientes aquáticos deverá ser avaliada por
indicadores biológicos, utilizando-se comunidades aquáticas.
1º - Serão estabelecidos sítios de referência em locais preservados e
com baixo ou nenhum impacto antropogênico;
2º - Os desvios da composição e estrutura das comunidades biológicas
associados aos desvios da ecomorfologia dos habitats e da qualidade das
águas, em relação ao(s) sítio(s) de referência, serão utilizados para avaliar o
estado da qualidade dos ambientes aquáticos (classes de qualidade).
3º - Comunidades aquáticas a serem preferencialmente consideradas
para avaliar a qualidade dos ambientes aquáticos:
I - para os ambientes lóticos: invertebrados bentônicos, macrófitas, perifíton.
Quando necessário, deverão ser incluídos outros grupos de organismos como
ictiofauna, zooplâncton, potenciais vetores de doenças e patógenos.
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7. Rios fornecem bens e serviços
Serviços Diretos
abastecimento, transport
e, energia, recreação e
pesca
Serviços Indiretos
Prevenção contra
cheias, reciclagem e movimento
de nutrientes, recursos
genéticos, manutenção de zonas
úmidas
“Serviços de Existência”
permitem a permanência dos
habitats, os seus
ecossistemas e as suas
espécies
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8. Abordagens de Monitoramento Ambiental
1 - Monitoramento tradicional (físico-químico)
2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
3 - Índice de Integridade Biótica
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9. Abordagens de Monitoramento Ambiental
1 - Monitoramento tradicional (físico-químico)
- Coleta & mensuração de parâmetros físicos e químicos da água:
pH, Temperatura, Condutividade Elétrica, Oxigênio
Dissolvido, Salinidade, Nutrientes Dissolvidos, DBO, DQO, etc.
- Geralmente visa o cálculo do IQA – Índice de Qualidade de Água;
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15. Abordagens de Monitoramento Ambiental
2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
- Além da coleta/mensuração de parâmetros físicos e químicos da
água, envolve a coleta de seres vivos
- Permite avaliações mais precisas e interpretação de dados com
base no tempo de vida dos seres vivos coletados e em suas
características biológicas - BIOINDICADORES;
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16. Situação no presente
Urbanização e impermeabilização do solo:
Enchentes e perda da capacidade
natural de infiltração do solo
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
17. Situação no presente
Exploração agrícola em diversas escalas:
Impactos sobre a quantidade (irrigação)
e qualidade da água (pesticidas e
fertilizantes lançados nos cursos d’água)
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
18. Situação no presente
Substituição da vegetação nativa por
pastagens, queimadas, fabricação de carvão
com vegetação nativa do cerrado, retirada
indiscriminada de água do rio:
Assoreamento e perda de hábitats
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19. Situação no presente
Mineração, exploração de areia e cascalho:
Assoreamento e perda da qualidade da água
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20. Situação no presente
Poluição por esgotos domésticos e industriais:
Degradação da qualidade da água e
mortandades de peixes
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21. Situação no presente
Poluição por esgotos domésticos e industriais:
Degradação da qualidade da água e mortandades de peixes
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
29. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
30. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
Resultados em 2011
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31. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
Estações de amostragem (peixes)
Coletas realizadas em ambientes
fundamentais para o ciclo de vida
dos peixes:
- Calha principal
- Afluentes
- Lagoas marginais
Afluentes
Calha principal
Lagoas marginais
Coletas nas estações seca e Cities
chuvosa
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32. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
• 136 espécies de peixes registradas;
• Maioria das espécies registradas há 150 anos ainda ocorrem;
• Presença de todos os grandes migradores da bacia, exceto Pirá;
• Pirá: localmente extinto na bacia do rio das Velhas.
Pirá = Conorhynchos conirostris
AMEAÇADO – categoria vulnerável - VU (IUCN)
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33. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
17º00' S
70º 60º 50º 40º
Afluentes bem preservados:
O
SC
0º 0º
CI
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Pirapora BRASIL rancisc
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10º
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17º30' Brasília
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Cipó, Curimataí, Bicudo, Pardo
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750km
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Grande, Pardo Pequeno, Onça e
Lassance 30º 30º
70º 60º 50º 40º
RV-06 ata í
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Jaboticatubas, comportam 75% CU-01
Rio Pardo
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de
das espécies de peixes registradas
PG-01
Rio Bicudo
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BI-01 RV-05
até o presente na bacia. Rib. do Pi
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Juscelino Rio Paraúna
18º30'
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CP-02
Curvelo
A conectividade entre os afluentes quiné
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e o rio das Velhas e entre este e o
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São Francisco, sem barreiras
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naturais ou artificiais (baragens) Rio J
CP-01
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19º30'
garantem o livre trânsito dos
Rib. RV-03
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LS-01
peixes e sua distribuição ao longo Rib. da Onça
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Santa Luzia
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da bacia.
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Belo
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Limite da bacia Horizonte
20º00'
Cursos d'água
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Ponto de amostragem
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Capital de Estado ELH
Rio Itab
A 15km 0 15 30 45km
S
Sede de município RV-01 ESCALA
Funilb.
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Área de estudo de J. T. Reinhardt
Ouro Preto
20º30'
45º00' W 44º30' 44º00' 43º30' 43º00'
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
34. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
Lagoas funcionando e recebendo
água do rio das Velhas nos pulsos
de inundação anuais:
Garantia de recrutamento
900
800
700
600
Cota (m)
500
400
300
200
100
01-jan-2005
01-abr-2005
01-mar-2005
01-dez-2004
01-fev-2005
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
35. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
DOURADO - Salminus franciscanus
Grande porte (> 100 cm)
Migrador
Nadador da coluna d’água
Piscívoro
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36. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
Salminus franciscanus
2000 - 250 km
2007 - 587 km Aumento de 337 km
2011 – 714 km Aumento de 127 km
37. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
MATRINCHÃ – Brycon orthotaenia
Grande porte (< 60 cm)
Migrador
Nadador da coluna d’água
Herbívoro
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38. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
Brycon orthotaenia
2000 - 116 km
2007 - 587 km Aumento de 471 km
2011 - 714 km Aumento de 127 km
39. 2 - Biomonitoramento – Monitoramento Biológico
Hypostomus francisci
(cascudo)
Aumentou a sua distribuição em
114 km, entre 2000 e 2007
Médio porte (< 30 cm)
Reofílico
Nadador de fundo
Iliófago
40. Conhecimento no passado
Fauna rica e abundante:
“Quem visitar estes rios deve vir munido de caniço com os maiores
anzóis de água doce e sistema de enrolamento mais resistente; do
contrário, os peixes que pesam mais de 50 kg o surpreenderão”.
(Richard Burton, 1867)
(Richard Burton e a gravura da ponte sobre o rio das Velhas em Santa Luzia)
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
41. Conhecimento no passado
Estudos sobre a Ictiofauna: Johannes Theodor Reinhardt
Coletou material ictiológico
na bacia do rio das Velhas
entre 1850-1852 e 1854-1856
Christian Frederik Lütken
Recebeu o material coletado
e depositado no Museu
Zoológico da Universidade
de Copenhagen e publicou a
monografia:
“Velhas-Flodens Fiske”
Para solicitar um exemplar:
manuelzao@manuelzao.ufmg.br
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
42. Conhecimento no passado
Estudos sobre a Ictiofauna:
A monografia Velhas-Flodens Fiske: Et Bridrag til Brasiliens Ichthyologi
[Peixes do rio das Velhas: Uma contribuição à ictiologia brasileira]
descreve minuciosamente 55 espécies de peixes, todas no rio das
Velhas, sendo pelo menos 20 espécies novas numa época em que se
conhecia cerca de 40 espécies em toda a bacia do rio São Francisco.
Franciscodoras marmoratus – espécie endêmica da bacia do rio São Francisco
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
43. Resultados práticos do Biomonitoramento
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
44. Resultados práticos do Biomonitoramento
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
45. Resultados práticos do Biomonitoramento
Índice Multimétrico Bentônico
Intervalos de escores das métricas do Índice Multimétrico Bentônico.
Escores
Métricas
5 3 1
Riqueza >9 8-6 <5
% Oligochaeta <5 6-46 > 47 < 97
% CHOL < 73 74-86 > 87 < 100
% EPT >6 5-3 <2
% coletores - catadores < 64 65-83 > 84 < 99
BMWP-CETEC > 36 35-18 < 17
* BMWP-CETEC - Biological Monitoring Working Party
Nos slides a seguir:
Mapas da qualidade de água na bacia do rio das Velhas avaliada pelo Índice
Multimétrico Bentônico no Programa de Biomonitoramento de Longo Prazo
(2004 a 2009) – Ferreira et al (no prelo)
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
50. Resultados práticos do Biomonitoramento
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
51. Resultados práticos do Biomonitoramento
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
52. Resultados práticos do Biomonitoramento
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
53. Resultados práticos do Biomonitoramento
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
54. Resultados práticos do Biomonitoramento
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
55. Resultados práticos do Biomonitoramento
LAGOA SANTA
PEIXES DA LAGOA: PASSADO E PRESENTE
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
56. Resultados práticos do Biomonitoramento
Perda de riqueza e diversidade de espécies na lagoa Central
de Lagoa Santa - extinção local de espécies.
Lagoa Central de Lagoa Santa
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
57. Resultados práticos do Biomonitoramento
Impactos dos usos da Lagoa sobre os peixes
• Introdução de espécies exóticas;
• Poluição por esgotos domésticos e industriais;
• Interrupção da conexão da Lagoa com o rio das Velhas ;
• Alteração da vegetação das margens da Lagoa;
• Assoreamento em função da urbanização;
• Elevação do nível do espelho d’água;
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
58. Resultados práticos do Biomonitoramento
Em meados do século XIX a comunidade de peixes
possuía cerca de 20 espécies;
Atualmente existem apenas 11 espécies. Sendo que 4
são exóticas (tilápia, tamoatá, tucunaré e trairão), três não
haviam sido registradas nos estudos de Lütken e apenas 4
permaneceram desde aquela época;
Characidium lagossantense (mocinha) foi descrita em
1947 e hoje é considerada extinta na Lagoa Santa (localidade-
tipo). Esta espécie já constou de listas de espécies ameaçadas
de extinção (MG e BR).
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
59. Resultados práticos do Biomonitoramento
Espécies extintas
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60. Resultados práticos do Biomonitoramento
Espécies introduzidas
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
61. Resultados práticos do Biomonitoramento
Espécies remanescentes
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62. Resultados práticos do Biomonitoramento
Causas da perda da biodiversidade na Lagoa Santa
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco
63. Resultados práticos do Biomonitoramento
Gestão de Bacias dos Rios das Velhas e São Francisco