O documento discute os desafios éticos enfrentados pelo jornalismo na era digital, incluindo a perda da razão ética, a influência do mercado e a concentração da mídia. Também aborda temas como a ética jornalística em relação à saúde pública e à corrupção, além dos paradoxos entre a ditadura e a democracia no que se refere ao discurso único na mídia.
Oficina de Comunicação Popular e Mídias Alternativas
Jornalismo na era virtual
1. JORNALISMO
NA ERA
VIRTUAL
Ensaios sobre o colapso da razão ética
Bernardo Kucinski
2. PREFÁCIO
Venício A. de Lima
O jornalismo – profissão;
Jornalismo de mercado e vazio ético;
Atual crise ética ou do “colapso da razão ética”;
A contemporaneidade;
O jornalismo on line
(a corrupção e a internet);
4. Ética no Brasil
Desvios éticos
Vazio ético
- Jornalismo x assessoria de imprensa;
- Mercadologia da noticia;
- Entretenimento e consumo;
- Concentração da propriedade da indústria de
comunicação;
- Manipulação da informação;
- Individualismo;
- Sucesso pessoal.
5. Ideias do autor sobre
ética jornalista
Fundamentalista – ideologia;
Idealista - imperativo categórico da verdade;
Liberdade x ética;
Papel das escolas na procura de nova ética;
Conflito ético x conflito produtivo;
Comissão da ética / cláusula de consciência.
7. Ética jornalística e
direito à saúde
Conflitos entre valores da ética jornalística e os
valores da ética médica;
Saúde como direito de cidadania;
Ética altruística:
- Marxista;
- Utilitarista.
Éticas libertárias-individualistas.
8. A ética da equidade
“ ...sociedade como uma comunidade
moral na qual o bem – estar de cada
um deve ser preocupação de todos
,mas em que a desigualdade é aceita
como natural”.
9. Democracia e desigualdade em saúde;
O papel do jornalista em cobrar as
promessas, independente do alinhamento ético.
Saúde como direito fundamental do ser humano;
Não basta cobrar política pública, é preciso
cobrar dignidade.
10. Jornalismo e movimento popular de saúde;
Direito a saúde x ONGs e movimentos populares
de saúde;
Ação direta;
Contribuição de cobertura jornalística em saúde;
Departamento Intersindical da Assessoria
Parlamentar (DIAP);
Movimento popular de saúde (mops).
11. Forma de luta por cidadania em
saúde;
Ação afirmativa;
Desobediência civil;
Mídia militante- campanha
políticas centradas na
comunicação.
12. Ideologia no jornalismo de saúde coletiva;
Jornalismo não é medidor crítico;
Agenda de discussão;
Agenda de discussão x mídia militante;
(agenda alternativa)
Filtros ideológicos.
13. Ética das campanhas
sanitárias
Cobertura crítica;
Campanha sanitária x violação dos diretos humanos;
Contradição entre a ética jornalística e ética medica;
Campanhas paliativas;
Cidadania e a promoção de saúde;
O problema de saturação da informação em saúde;
Excesso e dificuldade de dialoga criticamente os vários
discurso da saúde;
Assistencialismo do Estado.
14. Jornalismo e Corrupção
Jornalismo desonesto “imprensa marrom”;
Corrupção: prática de destaque na política latino-
americana;
ONG Periodistas Frente a La corrupción ( PFC);
Corrupção: pratica sedutora na indústria de
comunicação;
Corrupção e seus níveis de manifestações:
- Jornalismo e fontes
- Empresa com poder
Jornalismo online x jornalismo econômico;
Jornalismo e entretenimento;
Redações e departamento de publicidade.
15. O padrão latino americano
na corrupção
As leis no Brasil são feitas não para regular as relações
ente o público e o privado, mas para regular a corrupção;
Corrupção na ditadura e na democracia;
Corrupção e os valores do neoliberalismo - “Constituição
cidadã”;
Venalidade do ofício:
- O jornalismo brasileiro e cultura de corrupção;
Comportamento da mídia em relação a corrupção:
- Cidade pequena a mídia e complacente/ cumplicidade;
- Cidades grandes - exploração das denuncias;
Profissionalismo e declínio da corrupção.
16. Regulamentação da profissão ( 1969);
Dependência das empresas jornalísticas da
complacência do Estado;
Perda da demarcação ética jornalística;
Corrupção x merchandising;
Novas modalidades de corrupção:
- Empresas de assessoria;
- Jornalismo trabalhando no setor publica como
assessores de imprensa;
- “prêmios jornalísticos”;
- Compras de matérias;
- Espaços da coluna social.
17. Corrupção como objeto da
denuncia jornalística
Jornalismo brasileiro tem como oficio tradição de
denunciar;
O denuncismo como gênero jornalístico;
Dossiês;
Jornalismo investigativo x jornalismo dossiê;
O jornalismo de dossiê como noticia:
- Não aborda fato novo e sim criação de um fato novo;
Característica do jornalismo dossiê:
- Modalidade de denuncismo;
- Articulação entre sistema de luta política e mídia;
- Transformar uma pauta investigativa em matéria final;
- Não verificar a veracidade das acusações .
19. A INTERNET
- Espaço paradoxal;
- Barata, anticoncentradora e libertária;
- Alcances quase infinitos.
1980, Word Wide Web:
“Criada por uma equipe de físicos do Laboratório Europeu de Física de
Partículas (CERN) para o diálogo entre cientistas de lugares diferentes.
[...] Posteriormente, o governo americano adotou a web como o sistema
de comunicação mais difícil de ser destruído numa guerra”.
(KUCINSKI, 2005, p. 72)
Sociedade da Informação ou Sociedade da Comunicação
(Pierre Lévy e Manuel Castells)
20. Biblioteca virtual
(digitalização) Multimídia virtual
“Tempo real”
Diálogos
Cidadania digital
libertária (chat)
Hipertextos
(links))
Jornalismo on line Exclusão digital
(problema ética da internet)
X
Comunicação libertária
21. A mensagem: espaço público e o espaço privado
Cópia xerox: “novos hábitos, novos valores”
(antiético ou não?)
Plágio: fraude intelectual
bom pesquisador*
Veracidade na internet:
- Lei de imprensa
- Informação falsa, difamatória ou caluniosa
22. Economia virtual
(o dólar)
Conceito-fetiche;
Investimentos bancários nas tecnologias
- Publicação de parte da movimentação do
sistema bancário;
- Mercado virtual (24 horas);
- Reuters (1981): Reuters Monitor Dealing
23. O JORNALISMO ON LINE
Fonte de lucros;
Velocidade
X
Precisão
Contextualização
Interpretação...
Uso de seus conteúdos
(as pautas);
24. Declínio e morte do jornalismo
como vocação
O esquecimento de jornalistas que fizeram história:
- Octávio Ribeiro (Pena Branca);
- José Carlos Bardawil;
- Jair Borin;
Faltar com a veracidade;
Falta de ética;
“O poder é dos economistas”
A internet
X
a empresa jornalística
25. Código de Ética dos Jornalistas
Brasileiros
Capítulo I – Do direito à informação
Art. 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito
fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo
de interesse, razão por que:
I - a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e
deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou
diretores ou da natureza econômica de suas empresas;
II - a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos
fatos e ter por finalidade o interesse público;
III - a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica
compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão;
IV - a prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo as
não-governamentais, deve ser considerada uma obrigação social;
V - a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de
censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser
denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.
(2005, p. 02).
26. Código de Ética dos Jornalistas
Brasileiros
Capítulo II – Da conduta profissional do jornalista
Art. 4º O compromisso
fundamental do jornalista é com a
verdade no relato dos fatos, deve
pautar seu trabalho na precisa
apuração dos acontecimentos e
na sua correta divulgação.
(2005, p. 03)
27. Declaração Universal dos
Direitos Humanos (DUDH)
Artigo II
1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer
espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de
outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição. (2000, p. 04)
Artigo XIX
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este
direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de
procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer
meios e independentemente de fronteiras. (2000, p. 09)
28. Princípios Internacionais de
Ética do Jornalista
Princípio II - A Dedicação do Jornalista para Realidade Objetiva
A tarefa primeira do jornalista é garantir o direito das pessoas à informação
verdadeira e autêntica através de uma dedicação honesta para realidade
objetiva por meio de que são informados fatos conscienciosamente no
contexto formal deles/delas e mostram as conexões essenciais deles/delas
e sem causar distorção, com desenvolvimento devido da capacidade
criativa do jornalista, de forma que o público é provido com material
adequado para facilitar a formação de um quadro preciso e compreensivo
do mundo no qual a origem, a natureza e a essência dos
acontecimentos, processos e estados dos casos são tão objetivamente
quanto possível compreendidos. (ABI, 1983, p. 01)
Princípio V - O Público Tem Acesso e Participação
A natureza da profissão demanda que o jornalista promova o acesso da
informação ao público e a participação do público na mídia, inclusive o
direito de correção ou retificação e o direito de resposta. (ABI, 1983, p. 02)
29. Princípios Internacionais de Ética
Profissional dos Jornalistas
Princípio IX - Eliminação da Guerra e de Outros Grandes Males que
Confrontam a Humanidade
O compromisso ético para com os valores universais do humanismo pede que o
jornalista se abstenha de qualquer justificação para, ou incitação para, guerras de
agressão e a corrida armamentista, especialmente em relação a armas nucleares, e
todas as outras formas de violência, ódio ou discriminação, especialmente o racismo e
o apartheid, a opressão de regimes tirânicos, o colonialismo e o neocolonialismo, como
também outros grandes males que afligem a humanidade, como a pobreza, a
desnutrição e as doenças. Fazendo assim, o jornalista pode ajudar a eliminar a
ignorância e o desentendimento entre os povos, fazer com que os nacionais de um país
sejam mais sensíveis em relação às necessidades e desejos dos outros, assegurar o
respeito aos direitos e à dignidade de todas as nações, todos os povos e todos os
indivíduos sem distinção de raça, sexo, idioma, nacionalidade, religião ou convicção
filosófica. (ABI, 1983, p. 02)
31. Do discurso da ditadura à
ditadura do discurso
Neoliberalismo → “mercado de ideias” (intercambio);
Meio de se chegar às soluções mais justas e eficazes
para a sociedade;
1° paradoxo – mesmice jornalística:
Jornalistas tipo “grifes”;
“ Não pode haver confronto de ideias se todos os jornais
compartilham um pensamento único” José Luís Fiori.
Mesmas manchetes, mesmas fotos, mesmos jornalistas
Vem o prestígio do seu nome, uma marca, uma
“grife”, um artista
32. 2° paradoxo - Discurso Midiático único – pautas emissoras de TV
e rádio
Imprensa divergentes – ditadura X atual;
“Ditadura do discurso único”, Delfim Netto
Temos menos pluralismo na democracia do que tínhamos na
ditadura
3° paradoxo – criticas jornalísticas perdem espaço para o
jornalismo denuncista
Ditadura = censura
Em vez de se aprofundar na crítica, tornou-se mais superficial
4° paradoxo – ricos cada vez mais ricos e o pobre cada vez mais
pobre
Mídia uniformemente conservadora
Aprofundaram-se as diferenças sociais
Elite predominava em uma classe polarizada;
Maior partido de esquerda da América latina, Partido dos
Trabalhadores (PT)
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST )
33. 5° paradoxo
Ética começa a desaparecer das redações;
Profissional de comunicação vaidoso e estressado;
Sucesso pessoal, individualismo, espírito de
competição, descaso com problemas sociais
Grande parte dos jornalistas abandona a profissão antes de
completar 10 anos de ofício
6° paradoxo
Quarto poder domina os meios;
TV Globo controla 70% da audiência X Fábrica de sabonetes
não podem ter mais de 40% do mercado.
Sistema Jornal do Commercio de Comunicação – De
Pernambuco. Parceiro da Globo, tem 14 veículos nesse estado.
No total, há 41 grupos de comunicação com abrangência
nacional ou regional expressiva no Brasil. Esses 41 grupos
controlam 551 veículos de comunicação, dentre concessões de
rádio e TV ou jornais.
34. 7° paradoxo
Interesse público X interesse privado
31,2°% das emissoras de rádio e TV é de controle de políticos;
Paragrafo 5ª do artigo 220 da Constituição de 1988 diz que “ os
meios de comunicação social não podem, direta, indiretamente, ser
objeto de monopólio ou oligopólio”;
Princípios internacionais:
- Princípio VII - Respeito ao Interesse Público
“Os padrões profissionais do jornalista prescrevem respeito devido à
comunidade nacional, suas instituições democráticas e sua moral
pública”.
8° paradoxo - Exclusão social
O apoio das empresas de comunicação ao projeto neoliberal, foi
em decorrência de interesses de mais concessões de rádio e TV;
Conselho de Comunicação Social deveria ser a agência
reguladora da concessão e da programação
35. 9° paradoxo
As empresas de comunicação foram subornadas ao
capital estrangeiro;
Associar à capital estrangeiro e aceitar subordinação
Queda nas tiragens de jornais e revistas e queda na
publicidade
10° paradoxo
O neoliberalismo da mídia brasileira aceita todo tipo de
questões perdas culturais e de informação, só não aceita os
interesses que pode acabar prejudicando o que defende;
Não tolera divergências, não admite valores que não
sejam os seus.
36. FALÁCIAS DO JORNALISMO
ECONÔMICO NA ERA NEOLIBERAL
Como surgem as notícias de cunho econômicas;
As notícias ou os cadernos de política nascem do
interesse capitalista ou seja de interesse elitista e financeiro
à uma classe reservada.
Notícia designada a uma classe de interesse;
Não há um interesse social, mas sim aos próprios
economistas ou banqueiros.
37. JORNALISMO DE
GUERRA FRIA
Notícia a partir de um acontecimento
A mídia se mostra a favor ou contra um fato
É aquele tipo de jornalismo em que só se coloca o que
quer ser veiculado nos meios de comunicação
- Tudo se explica – jornalismo econômico - construção e
desconstrução;
As noticias de economia são designadas ao interesse de
determinada classe
38. O Lugar da mentira e da
imaginação no relato dos fatos
Mentir ou omitir?
Humano ou profissional?
Realçar a imaginação ou
prever a realidade?
Mais uma vez a vaidade
jornalística.
39. REFERÊNCIAS
ABI, Associação Brasileira de Imprensa. Princípios Internacionais da
Ética Profissional no Jornalismo.1983. Disponível em:
http://www.abi.org.br/paginaindividual.asp?id=455. Acesso em: 04 de
dezembro de 2012.
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Declaração Universal do
Código Humano. 2000. Disponível em:
http://unicrio.org.br/img/DeclU_D_HumanosVersoInternet.pdf. Acesso
em: 04 de dezembro de 2012.
Federação Nacional dos Jornalistas. Código de Ética dos Jornalistas
Brasileiros. Vitória, 04 de agosto de 2007. Disponível em:
http://www.fenaj.org.br/federacao/cometica/codigo_de_etica_dos_jornali
stas_brasileiros.pdf. Acesso em: 05 de dezembro de 2012.
KUCINSKI, Bernardo. Jornalismo na era virtual: ensaios sobre o
colapso da razão ética/ Bernardo Kucinski. – São Paulo: Editora
Fundação Perseu Abramo: Editora UNESP, 2005.
40. Componentes
Adriane Rafaelle Lima
Amanda Santos
Ana Carla Nunes
Ana Marina Caldeira
Gisele Ramos
5º período