O documento discute sete teses sobre mídia e política no Brasil, destacando o papel central da mídia na representação simbólica da política e como ela alterou as campanhas eleitorais e se tornou um ator político importante. Também aborda como as características do sistema de mídia e da população brasileira potencializam o poder da mídia no processo político.
1. Sete teses sobre mídia e política no Brasil:
1ª - mídia ocupa posição de centralidade nas sociedades
contemporâneas, em particular na esfera política.(instituições sociais
perderam espaço no processo de socialização para mídia) - O papel
mais importante da mídia é na representação simbólica da política e
dos políticos, onde é construída e adquire significado.
2ª - não há política nacional sem mídia – a política nos regimes
democráticos e uma atividade eminentemente pública e visível. Depois
do desenvolvimento da mídia, um evento para ser público, não está
limitado a partilha do lugar comum, o público pode estar distante no
lugar, e no espaço. A mídia suplementa a forma tradicional, estende,
transforma e substitui, o público agora é midiatizado.
3ª - a mídia está exercendo várias funções tradicionais dos partidos
políticos – agendamento, transmitindo informações políticas,
fiscalizando os governos, criticando as políticas públicas, canalizando
as demandas da população – programas de rádio comandados por
radialistas nesse sentido, muitos dos qusis têm se transformado em
políticos profissionais; o denuncismo vazio tem acusado e condenado
publicamente, pessoas, instituições e desempenhando assim,
indevidamente, função específica do Poder Judiciário.
2. 4º - a mídia alterou radicalmente as campanhas eleitorais(refere-
se as campanhas presidenciais) – os eventos passaram a ser
planejados como eventos para a TV.
5° - a mídia se transformou, ela própria, em importante ator
político – pela ação direta de seus concessionários e/ou
proprietários, são atores com interferência direta no processo
político.
6° - As características históricas específicas do sistema de mídia
no Brasil potencializam o seu poder no processo político – a
exploração comercial da empresa privada, através de concessões
da União.
7° - As características específicas da população brasileira
potencializam o poder da mídia no processo político, sobretudo
no processo eleitoral – analfabetismo funcional. A maioria da
população tem a televisão como sua principal fonte de
informação política.
3. TV Globo: 40 anos de intimidade
com o poder
O papel mais importante que a tv desempenha
como mídia dominante na atualidade decorre do
poder de longo prazo que ela tem na construção
da realidade através da representação que faz dos
diferentes aspectos da vida humana. A Rede
Globo exerce um poder ainda maior na medida
que se constitui como uma instituição
fundamental no permanente processo de
socialização que introduz culturalmente as novas
gerações na sociedade brasileira.
4. Presunção de culpa: a cobertura da
crise política de 2005 - 2006
A denúncia da compra de votos foi rotulada
como CPI do Mensalão, tratada pela mídia, com
termos simplificadores e redutores, buscando
rotular a complexa situação, omitindo e
salientando fatos importantes, comprometendo
a compreensão clara e transparente do processo.
Produzindo uma interpretação dominante da
presunção da culpa.
5. Mídia: crise política e poder no Brasil
Revisitando as sete teses sobre Mídia e Política no Brasil – cap. 2
A Instituição mídia implica na existência de um aparato
tecnológico intermediário para que a comunicação se realize.
É a comunicação midiatizada: unidirecionalidade e produção
centralizada, integrada e padronizada de seus conteúdos.
Política e a idéia de público: para Bobbio(1992) o espaço
conceitual da democracia é o governo do poder visível ou governo
do poder público em público em oposição ao poder autocrático.
Dois conceitos para a palavra público: 1°) oposição ao que é
privado, refere-se a coisa pública, ao Estado; 2°) em oposição ao
que é secreto, público se refere ao que é manifesto, evidente
visível.
Portanto a democracia é o regime do poder visível da coisa
pública.
6. O QUINTO PODER –
IGNÁCIO RAMONET
•MEIOS DE COMUNICAÇÃO – na democracia um
recurso dos cidadãos contra os abusos dos poderes
estabelecidos. Jornalistas representavam este recurso –
dispunham do 4° poder.
•Com a globalização o 4° poder perde sua função de
contra-poder.
•Uma elite econômico-planetária detêm o Poder do
mundo. As políticas adotadas são definidas pelo FMI,
BM e OM do C.
•A comunicação de massa passa a servir esta elite.
7. Os meios de comunicação de massa fundem-se
em grupos com vocação planetária.
Com a revolução digital rompe-se as três formas
de comunicação(som, escrita e imagem).
Reunindo estas três características, a internet
rompe-se como meio de comunicar.
As empresas de CM reúne todas as atividades
desses setores. Fundem-se publicidade, indústria
cultural, agências de notícias, se tornando mais
difícil distinguir uma das outras.
8. Características atuais dos grupos de mídia:
divulgam por meio de vários canais tudo que
envolve texto, imagem e som; - são grupos
mundiais.
Os grupos de mídia tornam-se atores centrais da
globalização liberal, devido o seu peso
econômico e importância ideológica. Exercem
poder sobre governos, pressionam, impedem leis
de proteção a democratização dos MCM.
Globalização econômica = globalização da mídia
de massa da comunicação e informação.
9. Ao invés de exercer o 4° poder, juntam-se aos
poderes políticos e econômicos para esmagar os
cidadãos.(além de não defender mais o povo,
agem contra)
Mídia de massa e globalização liberal estão
intimamente ligados
Criação do 5° poder para opor-se aos senhores
dominantes. Função de denunciar o super-
poder dos MCM, cúmplices e difusores da
globalização liberal.
10. Qual a maneira que os cidadãos podem exigir dos
grandes MCM + ética, + verdade, permitindo aos
jornalistas agirem de acordo com suas consciências e
não em função de interesses de grupos, empresas e dos
patrões que os empregam?
Na guerra ideológica atual a mídia é utilizada como
arma de combate. A informação massificada encontra-
se contaminada, manipulada.
É preciso elaborar a ecologia da informação para
limpar, purificar a informação das mentiras. Os
cidadãos devem exigir dos grandes grupos respeito a
verdade, que dá a informação legitimidade.
11. A criação do observatório internacional da
mídia(MWG) tem como objetivo dispor aos cidadãos
uma arma cívica para enfrentar o super-poder dos
grandes MCM. A liberdade da empresa não pode
prevalecer sobre o direito dos cidadãos ter uma
informação rigorosamente transparente.
A liberdade da mídia não passa de uma extensão da
liberdade coletiva de expressão. Um dos fundamentos
da democracia é a responsabilidade social, que deve
prevalecer sobre o controle responsável da sociedade.
A Mídia atual é um poder único, sem um contra-poder,
gerando um desequilíbrio prejudicial a democracia.
12. O O.I.M. constitui em um contra-peso ao excesso de
poder dos grandes grupos de comunicação, que tem a
lógica do mercado e a ideologia neo-liberal.
Jornalistas profissionais, professores universitários,
pesquisadores e usuários dos M.C.M. constituem a
O.I.M.
Diante da falta de regulamentação dos MC e sabendo
que informação é um bem-comum, sua qualidade deve
ser garantida por jornalistas por vezes ligados a
interesses corporativistas.
A ética da informação deve ser defendida e definida por
uma instância imparcial, com credibilidade,
independente e objetiva, tendo os professores
universitários um papel decisivo.
13. O direito do ser humano comunicar livremente
suas idéias e opiniões, não devendo haver leis
que restrinjam a liberdade de expressão e de
imprensa é certo, porém as empresas de
comunicação, não devem ter o direito de
divulgar informações falsas, nem conduzir
campanhas ideológicas ou outro tipo de
manipulação.
O O.I.M. considera que a liberdade absoluta dos
Ms de comunicação só poderia ser exercida às
custas da liberdade de todos os cidadãos.