Diversificar exige critérios na hora

1. INVESTImENTO
INVESTImENTO
DIVERSIFICAR
EXIgE
CRITéRIOS
Por Álvaro Modernell*
Um dos tópicos mais abordados em cursos de finanças é a muitas vezes, são omissos na gestão do próprio patrimônio.
diversificação. São estudados modelos para maximizar ganhos No Banco se vê muito isso. Empresários quebram porque não
e reduzir riscos, geralmente fazendo análises de séries históri- sabem cuidar “do caixa” do negócio. E dinheiro não aceita desa-
cas e das correlações entre ativos. Apesar de parecer complexo, foro. Se não for bem tratado, vai embora.
são apenas refinamentos de uma antiga lição passada de gera- Antes que isso aconteça, o melhor é ajustar os ponteiros. Os
ção em geração: “não colocar todos os ovos na mesma cesta”. conceitos básicos são relativamente simples e de fácil aprendi-
Simples assim. zagem e aplicação. Difícil é manter a disciplina, ser perseverante.
Em finanças pessoais, bom senso e algumas noções são sufi- Vamos esclarecer que diversificar não significa espalhar
cientes para a maioria dos casos. O problema é que todo mundo dinheiro por aí. É preciso critérios, estratégia e planejamento.
acha que tem bom senso. Se faltar bom senso e conhecimento, A distribuição dos recursos deve ser compatível com o perfil do
o desastre financeiro é inevitável. investidor e com os objetivos. E, claro, com o volume. Quem tem
Quem tem dinheiro precisa aprender a cuidar dele. Há pouco dinheiro não precisa diversificar. Precisa gastar menos,
pessoas que sabem “fazer dinheiro”, ganham muito com suor, ganhar mais e poupar mais.
inteligência e competência profissional, mas, com o dinheiro Mas, à medida que os investimentos crescem, a situação
na mão, parecem não saber agir. Cometem erros primários e, muda. Quem tem recursos disponíveis acima de três vezes o
16 | Jan-Fev/2011 | Ação

2. valor da renda mensal da família já deveria estar diversifican- • Reservas para emergências ou oportunidades em ativos
do. Se nos planos está um curso no exterior, a compra de um de liquidez como poupança, tesouro direto e fundos.
imóvel ou uma aposentadoria tranquila, os recursos deveriam • Parcela para especulação ou proveitos de curto prazo,
estar alocados em ativos com perfis compatíveis com esses sendo essa a parcela mais flexível para a escolha dos
objetivos. Quanto mais expressivos os valores, maior a impor- investimentos. Vale tudo, até colocar 100% – desta par-
tância da diversificação. Inclusive de instituição. O que adianta celas em ativos arriscados –, como mercado de ações ou
diversificar em fundos, CDB, ações, poupança, títulos, previdên- moedas estrangeiras. Nesta, as alegrias e as amarguras
cia e colocar tudo na mesma instituição? Seria como distribuir podem ser muito intensas.
os ovos em pequenas cestas e colocá-las todas dentro de uma • Parcela para investimento de médio e longo prazos, con-
maior. Embora alguns riscos tenham sido diluídos, o risco de forme os objetivos da família – lazer, imóveis, formação
concentração continua. de patrimônio, estudos, negócio próprio etc.
O segundo ponto é diluir riscos. E são muitos: taxa, moeda, • Reservas para a aposentadoria, em planos de
prazo, mercado, crédito e outros. Conforme o tipo de investimen- previdência, títulos públicos ou similares e ações ou
to, estes estarão mais ou menos presentes. E para cada tipo de fundos de ações.
risco há uma medida diferente. Vale aquela máxima de que o Adicionalmente, pondere as seguintes estratégias de
lucro – ou a perda – está associado ao risco. Assim, quem quer diversificação e otimização de investimentos:
ganhar mais tem de assumir mais riscos e quem prima pela se- • Para investir em ações, considere clubes e fundos de
gurança tem de se resignar com ganhos menores. investimento.
Os riscos estão presentes em todos os investimentos. Até na • Tributação e taxas de administração devem ser
poupança há riscos. E um dos piores, o da perda de poder aqui- consideradas sempre.
sitivo, quando os rendimentos ficam abaixo da inflação. O maior • Considere o tesouro direto como opção.
perigo desse risco é que age lentamente e alguns não percebem. • Comece o quanto antes e vise ao futuro.
Uma boa diversificação deve contemplar ativos de curto, mé- • Invista e acompanhe seus investimentos regularmente.
dio e longo prazos, renda fixa e variável, opções conservadoras e • Seu banco de relacionamento não é a única opção.
arrojadas. A composição e os percentuais devem levar em conta Avalie outras.
os objetivos da família e o perfil dos investidores. Mas pelo me- Bons frutos para seus investimentos!
nos quatro partes devem estar presentes na maioria das cestas
de investimentos: * Especialista em Educação Financeira.
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Ação | Jan-Fev/2011 | 17