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APRENDA A
Investir na Bolsa de Valores
Leandro Hirt Rassier
Sílvio Paulo Hilgert
2009
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. Batel – Curitiba – PR
CEP: 80730-200 – Fone: 0800 708 88 88
www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização
por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
R228 Rassier, Leandro Hirt; Hilgert, Sílvio Paulo. / Aprenda
a Investir na Bolsa de Valores. / Leandro Hirt Rassier. Sílvio
Paulo Hilgert. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
172 p.
ISBN: 978-85-387-0799-8
1. Bolsa de Valores. 2. Especulação (finanças). 3. Investimentos.
I. Título. II. Hilgert, Sílvio Paulo.
CDD 332.6
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Jupiter Images / DPI Images
Leandro Hirt Rassier
Sílvio Paulo Hilgert
Mestre em Administração com ênfase em Contabilidade e Finanças pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Educação
Matemática e Administração Financeira. Bacharel em Engenharia Civil pela
UFRGS. Consultor Financeiro, agente autônomo de investimentos e professor
universitário em cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Lute-
rana do Brasil (ULBRA) e Pontifícia Universidade Católica (PUC). Autor do livro:
Organize suas Finanças. Atualmente ministra cursos e palestras na área de mer-
cado de capitais e exerce a função de diretor acadêmico da XP Educação.
Especialista em Desenvolvimento Gerencial pela Universidade do Oeste
de Santa Catarina (Unoesc). Especialista em Mercado de Capitais pela Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Graduado em Administração pela
Unoesc. Longa experiência no Mercado Financeiro e de Capitais, tendo atuado
no Banco Bamerindus, HSBC, Sicredi e XP Investimentos Corretora. Atualmente
atua como coordenador acadêmico, professor e palestrante da XP Educação.
Apresentação
Quando um brasileiro de classe média ouve falar em bolsa de valores, a
primeira imagem que vem a sua mente é a de cassino ou de casa de apostas.
A bolsa é vista por muita gente como “ciranda financeira”, um lugar onde os
milionários arriscam seu dinheiro de modo destemido e apostam em empresas
como se fossem cavalos. Também se imagina que investidores recebem dicas
de ações sussurradas como as barbadas do turfe. O resultado disso costuma ser,
segundo tal visão, uma espiral de perdas e ganhos. As perdas, em geral para o
cidadão comum e os ganhos, para aqueles que manipulam as cotações graças
ao acesso a informações privilegiadas. Essa imagem da bolsa portanto, nunca,
em toda a história do Brasil, esteve tão distante da realidade.
O espetacular boom do mercado de capitais no Brasil nos últimos anos está
revolucionando a maneira de pensar, principalmente dos empresários brasileiros.
Paira no ar a sensação de que negócios bem estruturados podem se viabilizar
dentro de uma cadeia financeira inédita no país. Essa sensação liberta um espírito
empreendedor e capitalista até há pouco tempo desconhecido para os brasileiros.
Trata-se de um esboço de Brasil novo, mais estável, globalizado e competitivo. Faz
parte de um modelo de nação mais livre e aberta, que oferece uma alternativa de
desenvolvimento viável se apoiado por um estado eficiente e justo.
As ações negociadas nas bolsas de valores nada mais são do que pe-
quenos “pedaços” do capital de uma empresa. Quem compra ações na bolsa o
faz com a expectativa de se tornar sócio da empresa e de obter um bom retor-
no, advindo da lucratividade e do crescimento da companhia. As empresas, ao
abrirem capital, buscam obter recursos para investir, seja contratando gente,
seja em equipamento ou inteligência. Em vez de pedir dinheiro emprestado a
bancos, mais empresas buscam captar dinheiro de novos sócios nas bolsas para
aperfeiçoarem seus produtos e serviços e, assim, obterem mais lucro. Esse lucro
é devolvido ao investidor pelos dividendos distribuídos e pela valorização das
ações, pois as empresas que lucram mais, valem mais.
Até então, o mercado de capitais não exercia seu papel de intermediar a
poupança e o investimento na economia. Com a estabilização, a privatização e
a abertura da economia a partir de 1994, o Brasil começou a atrair somas vultu-
osas de Investimento Estrangeiro Direto, ou seja, investimento em empresas ti-
picamente de propriedade ou controladas por empresas estrangeiras. Portanto,
até 2005 pouco capital estrangeiro veio para investir em empresas brasileiras,
ou seja, pouquíssimo dinheiro veio para a bolsa de valores.
Ao longo do tempo, no entanto, as coisas começaram a mudar para
melhor. As leis das Sociedades Anônimas e da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) foram reformadas dando a CVM melhores condições de exercer seu papel
de proteção aos acionistas minoritários; os investidores institucionais começa-
ram a ter uma postura mais ativa na gestão das empresas, e a Bolsa de Valores
de São Paulo criou o Novo Mercado, uma listagem especial que identifica as
empresas que obedecem a critérios rigorosos de governança corporativa. Além
disso, a superação da crise de confiança de 2002, a retomada de um processo
de alta nas principais bolsas de valores do mundo, especialmente as emergen-
tes, assim como a queda nas taxas de juros domésticas, contribuíram para uma
extraordinária decolagem da nossa bolsa. Foi como um passe de mágica: plan-
tadas as sementes, assim que o tempo melhorou veio uma sensacional colheita.
Os números falam por si: os lançamentos de ações na bolsa atingiram 14 bilhões
de reais em 2005, 30 bilhões em 2006 e 70 bilhões em 2007! Esses números são
expressivos e como proporção do PIB começam a ser relevantes.
Dessa forma, a revolução capitalista vivida pela economia brasileira hoje
é resultado da modernização de nosso mercado de capitais e está sendo pro-
vocada pela bolsa de valores. Não há crescimento econômico sem crescimento
das empresas. Portanto, é a hora ideal para o cidadão comum abandonar as
ideias gastas sobre a bolsa e tentar entender como ela funciona e favorece o
crescimento da economia.
Quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado
de capitais, o que se traduz em mais oportunidades para as pessoas, empresas
e instituições aplicarem suas poupanças.
Ao abrir seu capital, uma empresa encontra uma fonte de captação de
recursos financeiros permanentes. A plena abertura de capital acontece quando
a empresa lança suas ações ao público, ou seja, emite ações e as negocia nas
bolsas de valores. E você, ao adquirir ações, passa a ser também sócio da em-
presa – um acionista.
Com uma movimentação diária em média superior a R$4 bilhões, em 2007,
e quase 500 empresas inscritas (listadas), a Bovespa (Bolsa deValores de São Paulo)
é o maior polo do mercado de venda e compra de ações da América Latina. Fun-
dada ainda no século 19, a Bovespa tem passado por inúmeras modificações ao
longo dos anos e, por causa das instabilidades econômicas históricas mundiais e
do Brasil, passou por várias oscilações. Esse vai-e-vem de capital especulativo, além
de assustar o pequeno investidor, sempre mexeu com várias outras áreas da eco-
nomia, por exemplo, as taxas de câmbio. Nos últimos anos, no entanto, o peque-
no investidor tem visto com bons olhos o mercado de ações. Isso fica claro com o
aumento do número de pessoas físicas investindo na Bovespa. Em 2007, cerca de
20%dosnegociadorestinhamoperfildepequenoinvestidor.Éumavançopoisem
1989esseinvestidorrepresentavaapenas3%dototaldenegociadores.Alémdisso,
muita gente tem investido indiretamente nas bolsas quando, por exemplo, coloca
seu dinheiro em determinado fundo de investimento oferecido pelos bancos de
varejo e corretoras ou contrata um plano de previdência privada.
De qualquer modo, se você já é um desses investidores ou se interessa
em ser, é importante conhecer um pouco mais sobre a Bovespa, seus serviços
e sua história.
Todo investidor deve buscar a otimização de quatro aspectos básicos em
um investimento: retorno, prazo, proteção e liquidez. Ao avaliá-lo, portanto, deve
estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. A rentabilidade é sempre dire-
tamente relacionada ao risco. Ao investidor cabe definir o nível de risco que está
disposto a correr, em função de obter uma maior ou menor lucratividade.
Obter resultados promissores em investimentos de renda variável, como
a bolsa de valores, requer a constante presença de três aspectos por conta do
investidor: conhecimento, estratégia e disciplina.
Importante
Este material tem conteúdo meramente informativo e não se caracteriza
como oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer
ação, ativo ou instrumento financeiro.
O investimento em ações é uma operação de risco, sendo que, nas opera-
ções com derivativos, pode haver perdas superiores ao valor investido e, nessa
condição, o investidor pode ser chamado a apontar recursos.
Além disso, rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura,
daí porque os percentuais de valorização apresentados neste material não sig-
nificam o potencial futuro de valorização.
Sumário
Como funciona o mercado de ações.................................15
O que é uma ação...................................................................................................................... 15
Governança corporativa.......................................................................................................... 20
Processos de abertura de capital (IPOs)
e remuneração dos acionistas..............................................31
Abertura de capital.................................................................................................................... 31
A importância do mercado de ações para o desenvolvimento
da economia e do Brasil........................................................................................................... 35
Formas de negociação de ações........................................................................................... 38
Remuneração dos acionistas................................................................................................. 42
Eventos sobre as ações............................................................................................................. 45
Direitos dos acionistas.............................................................................................................. 45
Participantes do mercado de capitais................................49
Comissão de Valores Mobiliários (CVM)............................................................................. 49
Corretoras...................................................................................................................................... 50
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).............................................. 51
Bolsa de valores.......................................................................................................................... 53
Formação de preços das ações,
home broker e risco...................................................................63
Pregão da bolsa.......................................................................................................................... 63
Processo de negociação de ações ....................................................................................... 64
Home broker ................................................................................................................................. 67
Controles do investidor ........................................................................................................... 71
Custos operacionais ................................................................................................................. 75
Tributação .................................................................................................................................... 76
Índices de ações ......................................................................................................................... 79
Outros índices ............................................................................................................................. 81
Riscos ............................................................................................................................................. 83
Texto complementar................................................................85
Escolas de análise de investimentos..................................95
Escola fundamentalista............................................................................................................ 95
Escola técnica............................................................................................................................101
Texto complementar..............................................................114
Alternativas de investimento,
mercado de opções e mercados futuros (BM&F).........119
Coletivamente...........................................................................................................................119
Individualmente.......................................................................................................................122
Estratégias operacionais.......................................................137
Muitos não sabem o que fazem ........................................................................................137
A importância da estratégia.................................................................................................138
Tendências..................................................................................................................................139
Indicador de médias móveis ..............................................................................................142
Aplicações com as médias móveis....................................151
Mercado a termo......................................................................................................................151
Aluguel de ações ....................................................................................................................153
Montagem e gerenciamento de carteira.........................................................................160
Referências.................................................................................165
O que é uma ação
Ações são títulos nominativos, negociáveis, que representam uma
fração do capital social de uma empresa. Ao comprar uma ação o inves-
tidor se torna sócio da empresa, ou seja, de um negócio. Passa a correr o
risco dos lucros e prejuízos como qualquer empresário.
Oautor.
Empresa
Ação
Quem compra uma ação na bolsa de valores está levando uma pe-
quena parte de uma empresa de terceiros e passa a ser chamado de
acionista minoritário. Ser sócio de uma empresa listada na bolsa de valo-
res traz algumas vantagens, por exemplo, enquanto a entrada ou saída
na sociedade de uma empresa limitada ou de capital fechado requer
um processo burocrático de alterações de contratos sociais, comprar ou
vender uma ação de uma empresa listada em bolsa é um ato feito ele-
tronicamente com poucos clicks. A liquidez do mercado acionário per-
mite ao investidor ter a opção de se retirar da sociedade e migrar para
outro negócio mais atraente.
Como funciona o mercado
de ações
16 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
A forma mais segura de conseguir bons retornos investindo em ações
é comprar papéis de empresas bem geridas, que apresentem lucros sóli-
dos e crescentes, e não ter pressa de vendê-los. O investidor deve buscar
critérios de avaliação de empresas para analisar seus fundamentos e não
se preocupar com as oscilações de curto prazo das cotações das suas
ações (volatilidade). O risco no investimento em ações é justamente
vender por preços“injustos”seus papéis num momento de volatilidade,
o que é normal em um mercado que contém liquidez.
No longo prazo, os bons fundamentos das empresas devem preva-
lecer e a valorização acontecerá. Uma empresa com histórico de cres-
cimento contínuo terá sempre grande demanda por suas ações, fazen-
do com que elas sejam negociadas em grandes quantidades e a preços
crescentes. Identificá-las é o desafio do investidor.
Tipos de ações
	 Ações Ordinárias (ON) – é o tipo de ação que concede o direto
de voto nas assembleias da companhia ao seu detentor. No en-
tanto, na maioria das vezes ele não tem poder de veto. O direito
de voto ganha relevância nos casos em que há divergências entre
os acionistas controladores.Veja, por exemplo, o caso de uma em-
presa que tenha três sócios no controle e um deles discorda sobre
determinado assunto na assembleia. Esse sócio pode, dependen-
do da circunstância, vir a ter direito de veto ao se juntar a outros
minoritários detentores de ações ON.
O que torna as ações ordinárias ainda mais interessantes, contudo,
para o investidor é o tag along. A Lei das Sociedades Anônimas deter-
mina que todo acionista com ações ON tenha direito de participar do
17Como funciona o mercado de ações
prêmio de controle. Pela lei, esses acionistas possuem o direito de rece-
ber por suas ações no mínimo 80% do valor pago para o controlador em
caso de venda da empresa.
Em função da evolução do Novo Mercado, que é um segmento de
listagem de empresas negociadas no Bovespa e que se comprometem
voluntariamente a adotar práticas de governança corporativa, a maioria
das empresas que tem realizado a abertura de seu capital tem optado por
esse segmento. A principal exigência desse mercado é de que o capital
social da empresa seja composto somente por ações ordinárias ou ON.
	 Ações Preferenciais (PN) – as ações preferenciais nominativas
são aquelas que menos protegem o acionista minoritário, porque
não lhe dá o direito de votar em assembleia e ainda, em caso de
venda da empresa, a lei não lhe garante o direito de participar do
prêmio de controle. São ações típicas do mercado brasileiro. Não
há ações com essas características em mercados mais desenvolvi-
dos, como o americano, por exemplo.
NoBrasil,noentanto,sãoasaçõesPNasquegeralmentetêmmaiorliqui-
dez, porque permitem a empresa emitir ações, sem precisar ter sócios com
direito a voto, não correndo assim, risco de perder o controle da empresa.
A nova Lei das Sociedades Anônimas limitou a emissão de ações PN.
Atualmente, ao constituir uma nova empresa, para cada ação ON, a empre-
sa pode emitir apenas uma ação PN. Antes essa relação era de duas ações
PN para uma ação ON. As empresas que já existiam antes da entrada em
vigor da nova lei podem continuar emitindo ações pela regra antiga.
Os acionistas preferencialistas, como são chamados os detentores
de ações PN, contudo, têm preferência no recebimento dos dividendos
18 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
pagos pela empresa quando ela tem lucro. A legislação estabelece divi-
dendo mínimo obrigatório para as ações PNs, e se a empresa não pagar
dividendos por três anos consecutivos, as PNs adquirem direito a voto.
Algumas empresas estão alterando seus estatutos com o objetivo de es-
tender às ações PN o tag along que é o direito de participar do prêmio de
controle pago ao acionista controlador da empresa quando da sua venda.
No Novo Mercado, que é um segmento de listagem de empresas negocia-
dasnoBovespa quesecomprometemvoluntariamenteaadotarpráticasde
governança corporativa, são admitidas apenas empresas com ações ON.
Códigos das ações
Ações Ordinárias (ON) – é representada pelo número“3”depois das
quatro letras do código do ativo. Exemplo: PETR3.
Ações Preferenciais (PN) – é representada pelo número “4” depois
das quatro letras do código do ativo. Exemplo: PETR4.
Ações diferenciadas por classes
Ascompanhiaspodememitirdiferentesclassesdeaçõesparaostipos
ON e PN. As classes geralmente recebem classificação A, B, C, ou alguma
outra letra. Cada classe corresponde a uma característica diferente, por
exemplo, valores diferenciados de dividendos. As características de cada
classe devem ser verificadas no estatuto da companhia.
	 Preferenciais classe A – é representada pelo número “5” depois
das quatro letras do código do ativo. Exemplo: USIM5.
19Como funciona o mercado de ações
	 Preferenciais classe B: é representada pelo número “6” depois
das quatro letras do código do ativo. Exemplo: ELET6.
Obs.: As ações diferenciadas por classe podem ir até a letra“Z”.
Exemplos de códigos de ações
Empresa Código Setor
Natura ON NATU3 Cosméticos
Petrobras PN PETR4 Petróleo
Gerdau PN GGBR4 Siderúrgico
Vale do Rio Doce PNA VALE5 Mineração
Eletrobras PNB ELET6 Elétrico
Perdigão ON PRGA3 Alimentos
BrasilTelecom PN BRTO4 Telecomunicações
Localiza ON RENT3 Aluguel Automóveis
Cyrela ON CYRE3 Imobiliário
ALL UN ALLL 11 Logística
Braskem PNA BRKM5 Petroquímico
Ações diferenciadas por níveis
	 blue chips ou de 1.ª linha – são ações de grande liquidez e procura
no mercado de ações por parte dos investidores, em geral de em-
presas tradicionais, de grande porte/âmbito nacional e excelente
reputação, cujos preços elevados refletem esses predicados;
	 de 2.ª linha – são ações um pouco menos líquidas, de empresas
de boa qualidade, mas de maior risco se comparadas com as blue
chips. Em geral são empresas de grande e médio porte, tradicionais
20 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
ou não; seus preços são mais baixos e costumam ser mais sensíveis
aos movimentos de mercado de baixa que aos de alta (isto é, so-
bem depois das blue chips e caem antes);
	 de 3.ª linha – são ações com pequena liquidez, em geral de com-
panhias de médio e pequeno portes – porém não necessariamen-
te de menor qualidade e maior risco relativamente às de 2.ª linha
– cuja negociação caracteriza-se pela descontinuidade.
	 de privatização – são ações de companhias colocadas no mer-
cado através de leilões do Programa Nacional de Desestatização
(PND). Algumas das companhias em processo de privatização
podem já ter suas ações negociadas em bolsas de valores, antes
mesmo daquele ser completado, tendendo a incrementar sua li-
quidez após a conclusão do mesmo.
Governança corporativa
Pode ser definida como o esforço contínuo em alinhar os objetivos da
administração das empresas aos interesses dos acionistas. Isso envolve
as práticas e os relacionamentos entre os acionistas/cotistas, o conselho
de administração, a diretoria, uma auditoria independente e até mesmo
um conselho fiscal.
A boa governança corporativa permite uma administração ainda
melhor e a monitoração da direção executiva da empresa. A empresa
que opta pelas boas práticas de governança corporativa adota como
linhas mestras a transparência, a prestação de contas (accountability) e
a equidade.
21Como funciona o mercado de ações
Com a preocupação de incentivar o aumento do volume de negócios,
a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estabeleceu princípios de go-
vernança corporativa a serem seguidos pelas empresas, definindo níveis
diferenciados de transparência de informações e cláusulas de respeito
ao acionista minoritário. A adesão à iniciativa é voluntária e deve ser
assinada entre os administradores das companhias e a Bovespa. Foram
fixados dois níveis, proporcionais ao compromisso assumido.
Nível 1
As empresas do nível 1 comprometem-se a manter em circulação ao
menos 25% do capital total e, em caso de emissão de novas ações, usar
mecanismos de oferta pública que favoreçam a pulverização do capi-
tal. As informações contábeis devem ser divulgadas trimestralmente, de
formaconsolidada,assimcomoeventuaisacordosdeacionistas.Háainda
a necessidade de adoção de um calendário de eventos corporativos.
Nível 2
Para ser classificada no nível 2 da Bovespa, a empresa deve adotar
todas as obrigações previstas no nível 1, mais um conjunto ampliado
de princípios de governança corporativa. É uma espécie de “preparató-
rio” para o Novo Mercado. A empresa precisa estabelecer mandato de
um ano para o conselho de administração, publicar o balanço segundo
as regras do Generally Accepted Accounting Principles in the United States
(USGaap) e facultar o direito de voto aos acionistas preferencialistas em
questões como cisão, incorporação ou fusão, e também em contratos
22 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
entre empresas do mesmo grupo. Atuar no nível 2 implica ainda esten-
der os mesmos direitos dos controladores aos minoritários ordinaristas
(ou 70% desses direitos para os preferencialistas) em caso de troca de
controle da empresa. As empresas que integram o nível 2 devem assu-
mir perante o mercado que, em caso de fechamento de capital, se com-
prometem a fazer oferta pública de compra de todas as ações em circu-
lação pelo valor econômico.
Novo Mercado
A Bovespa criou, em 2001, o Novo Mercado.Trata-se de um segmento
de listagem, uma classificação composta por empresas que se compro-
metem, voluntariamente, a praticar uma boa governança corporativa e
uma política de disclosure (transparência de informações estratégicas e
financeiras), para além do que é exigido pela legislação. Com a novidade,
a bolsa busca atrair investidores, exigindo que as companhias tratem os
acionistas com mais respeito, resguardando seus direitos e oferecendo
uma gama maior de informações, cuja divulgação não é obrigatória por
lei. Para ingressar nesse ambiente diferenciado, as empresas precisam
cumprir uma série de regras. A principal delas é a proibição de emissão
de ações preferenciais (PN), ou seja, todo o capital deve ser dividido em
ações ordinárias (ON), que dão direito a voto.
Os conceitos da boa governança corporativa podem parecer um
tanto subjetivos, mas fazem a diferença ao longo dos anos. Entre eles,
a formação de conselhos de administração profissionalizados tem eli-
minado as estruturas de poder quase totalitário, antes comuns em em-
presas de controle familiar. Outro destaque é a abertura de informações
financeiras gerais, tanto do balanço como de operações controladas ou
23Como funciona o mercado de ações
coligadas. A governança reza que as empresas devem realizar reuniões
periódicas com analistas de investimentos e divulgar as operações com
ações de quem detenha mais de 5% do capital total.
A melhoria dos níveis de governança corporativa depende de uma
mudança de comportamento dos agentes do mercado, através de ins-
trumentos de autorregulação estabelecidos por entidades associativas
dos vários segmentos. As alterações legislativas recentes visam a incen-
tivar e induzir essa mudança de comportamento.
A iniciativa da Bovespa de criar o Novo Mercado e o índice de gover-
nança corporativa, níveis 1 e 2, foi um passo decisivo na direção desse
objetivo.
É importante, entretanto, estar atento a certas circunstâncias para
que não se criem distorções que venham a anular o objetivo maior de
estabelecer relações mais equitativas.
Para ingressar no Novo Mercado, é exigido que a companhia tenha ex-
clusivamente ações ordinárias e conceda a todos os acionistas a opção de
vender suas ações nas mesmas condições obtidas pelos controladores.
Já para ingressar no nível 2 da governança corporativa, a companhia
precisa atribuir idêntica opção aos detentores de ações ordinárias e
também aos detentores de ações preferenciais, só que, nesse caso, por
preço equivalente a 80% do preço pago aos controladores (tag along).
Pela ótica das empresas, aquelas que se enquadrarem às regras do
Novo Mercado deverão conseguir melhor precificação de suas ações, con-
seguindo com isso menores custos de captação. Isso deverá acontecer,
24 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
tendo em vista que os investidores estão dispostos a pagar um prêmio
para as empresas que adotam melhores práticas de governança corpora-
tiva e apresentam maior grau de transparência.
Pela ótica dos investidores, o Novo Mercado representa a oportunidade
de comprar um“produto ação”diferenciado. No Novo Mercado são nego-
ciadas apenas ações com direito a voto (ordinárias), o que permite ao in-
vestidor participar e acompanhar de perto a evolução da companhia. Além
disso,elevadospadrões degovernançacorporativaeo maior grau detrans-
parência,associadosàexistênciadeumacâmaradearbitragemparaareso-
lução de conflitos, trazem maior segurança aos investidores.
Câmara de arbitragem é um órgão instituído pela Bovespa com o
objetivo de solucionar conflitos e controvérsias relacionados ao Regula-
mento de Listagem. As empresas do Novo Mercado e aquelas designa-
das como companhia nível 2 deverão, obrigatoriamente, aderir à câmara
de arbitragem.
A governança corporativa teve de ser desenvolvida e moldada nos termos de uma
empresa moderna, com participação de minoritários e funcionando de uma maneira
muito transparente.Tudo isso levou a empresa a aumentar seu nível de agilidade, de
eficiência, de modernidade e, sem dúvida, foi uma transformação muito benéfica
à empresa. A CCR foi a primeira empresa a aderir ao Novo Mercado, exatamente
pela percepção clara da importância do tratamento ao minoritário nessas novas
perspectivas do mercado acionário brasileiro. (EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR
RODOVIAS, 2009)
25Como funciona o mercado de ações
Texto
complementar
Ofertas de ações – 2 em 1
Mais simples e líquidas, as units conquistam as companhias
que desembarcam no nível 2 da Bovespa
(LACHINI, 2006)
O aumento das exigências dos investidores com relação à governan-
ça corporativa e à liquidez das ações está solidificando uma tendência
no mercado de capitais brasileiro: a existência de ações com os mesmos
direitos e a mesma negociabilidade na bolsa. Devido às peculiaridades
do nosso mercado, no entanto, isso não significa necessariamente que
todas as empresas passarão a emitir apenas ações ordinárias.
Mesmo as companhias que se listaram no nível 2, por meio da oferta
de papéis preferenciais, encontraram formas de concentrar a liquidez
em apenas um tipo de ação e de estender o direito mais valorizado pelos
investidores – o tagalong de 100% – para todos os acionistas. A principal
delas foi a emissão de units, que podem ser traduzidas como certificados
de depósitos de ações ordinárias e preferenciais. As units estão se consa-
grando como instrumento preferido das companhias que lançam ações
no nível 2, e foram utilizadas em todas as ofertas públicas iniciais (IPOs)
feitas em 2006 nesse nível de governança corporativa –Vivax, Equatorial
Energia, Santos Brasil e Terna. Além dessas, também negociam units a
ALL e o Unibanco, primeiros a adotar o certificado.
26 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Para compensar a não-listagem no Novo Mercado, as empresas costu-
mam estender para as ações preferenciais (portanto, para todas as units) o
tag along de 100%. No caso do Novo Mercado, só são admitidas ações or-
dinárias. Já no nível 2, são permitidas as ações preferenciais, que devem ter
tag along de 80%. As companhias que fazem IPOs nesse segmento, contu-
do, têm assegurado o tagalong de 100% também para os preferencialistas.
Mas, por que algumas empresas optam por listar duas espécies de
ações no nível 2, e criam um recibo para representá-las, se dão o tag
along de 100% para os preferencialistas? Não seria mais simples partir
para a listagem direta no Novo Mercado, já que o direito mais importan-
te dado aos investidores é o mesmo? Vale lembrar que o direito a voto,
concedido a todos os acionistas no Novo Mercado e forte candidato a
responder a essa pergunta, também é conferido aos preferencialistas do
nível 2 em matérias como incorporação, cisão ou fusão.
De fato, a solução do Novo Mercado seria bem mais adequada. Mas as
empresasqueoptarampelonível2geralmenteencontraramrestriçõeslegais
ou regulatórias que impediam uma eventual tomada de controle acionário
em bolsa de valores – situação a que a companhia está sujeita quando tem o
capital composto apenas por ordinárias e pulveriza suas ações.
Desde que o mercado de capitais brasileiro iniciou o forte movimento
de ofertas de ações, em 2004, até outubro de 2007, foram registrados 37
IPOs, sendo que apenas um deles – o do UOL – foi realizado no nível 2 sem
que houvesse um empecilho regulatório para a listagem no Novo Mer-
cado. Todas as outras que optaram pelo nível 2 encontraram restrições
legais, pois operam com concessões de serviços públicos. Elas estavam
impedidas de vender uma quantidade maior de ações ordinárias porque
isso poderia diluir o controle, o que é vedado no caso das concessões.
27Como funciona o mercado de ações
“O ideal é que exista apenas uma espécie de ações em negociação,
e que a oferta seja feita no Novo Mercado. Ele está mais forte do que
nunca”, diz José Olympio Pereira, diretor do Credit Suisse. Hoje o Novo
Mercado é hegemônico quando se trata de IPOs. E os investidores só
costumam aceitar ofertas em outros segmentos se existir uma boa razão
para isso, além, é claro, do tag along integral para os preferencialistas.
Já a opção pelas units tem sido vista como algo natural para as em-
presas que listam seus papéis em outro segmento: “É muito difícil ter
duas classes de ações negociando com a mesma liquidez”, diz Olympio.
A tendência é simplificar a estrutura de capital e concentrar a liquidez
em uma única classe. “Na prática, não importa qual seja o instrumento
utilizado. O importante é que os direitos consagrados sejam conferidos”,
diz Alexandre Bettamio, diretor do banco de investimentos do UBS.
Preferencial turbinada – “Os investidores têm aceito bem as units
porque estão mais preocupados com o tag along do que com a obtenção
de direitos políticos”, afirma um profissional de um banco de investimen-
tos. Para o executivo, se as ações preferenciais incluírem o tag along de
100%, os investidores estão dispostos a aceitá-las no lugar das ordinárias.
Afinal,elessabemqueterãoodireitodevotoemsituaçõesrelevantespara
a companhia e, segundo o especialista, não têm tanto interesse assim em
exercer direitos relacionados à administração da companhia, como a pos-
sibilidade de trocar o seu corpo diretivo.
A Equatorial Energia (antiga Cemar), que realizou uma oferta de
ações em abril deste ano, foi uma das companhias que encontraram
restrições regulatórias para listar suas ações no Novo Mercado e acaba-
ram concentrando a liquidez nas units. Como já tinha ações ordinárias
e preferenciais, uma alternativa era fazer a troca e ficar apenas com as
28 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
primeiras. Mas essa não foi a opção adotada devido à possibilidade de
enfrentar problemas junto ao órgão regulador do setor, a Agência Na-
cional de Energia Elétrica (Aneel). O contrato de concessão estipula que
as concessionárias devem ter um controlador definido, que detenha
50% das ações com direito a voto mais uma ação.
“A migração para ações ordinárias seria um processo demorado e
complicado, mas consideramos que ir para o Novo Mercado é algo natu-
ral”, diz Leonardo Duarte Dias, Diretor de Relações com Investidores da
Equatorial Energia. A solução encontrada foi listar os papéis no nível 2,
com o tag along especial.
O UOL, que listou ações no nível 2 mesmo sem encontrar restrições
na regulamentação do seu setor, também estendeu o tagalong de 100%
para as ações preferenciais. De acordo com o diretor de Relações com
Investidores da companhia, Paulo Narcélio, para listar os seus papéis no
Novo Mercado a empresa teria de mudar o acordo de acionistas com a
Portugal Telecom, que faz parte do grupo de controle. Narcélio consi-
dera que os investidores entenderam bem a operação, e que por isso
não aplicaram um desconto sobre o preço das ações na época do IPO.
No caso do UOL, a listagem de units não fazia sentido porque apenas as
ações preferenciais são negociadas em bolsa.
ONs e PNs? – A oferta de dois tipos de ações (ordinárias e preferen-
ciais) permite que seja alocada maior quantidade de papéis ao mercado
e, consequentemente, que sejam captados mais recursos sem acarretar a
perda de controle. Ou seja, permite a chamada alavancagem de controle.
29Como funciona o mercado de ações
Desde a reforma da Lei das S.A.s em 2001, as novas companhias aber-
tasdevemterpelomenos50%docapitalcompostoporaçõesordinárias.
Neste formato, é possível obter o controle de uma empresa com 25% do
seu capital total (metade dos 50% das ações ordinárias), ofertando ao
mercado a totalidade de preferenciais e metade das ordinárias.
Caso uma empresa emita somente ações ordinárias, seria preciso 50%
(mais uma ação) para se ter o controle definido. Ou seja, caso o controla-
dor queira se manter neste posto, ele tem menos espaço para captação
se tiver o capital composto apenas por ordinárias. Por isso, diz-se que os
papéis preferenciais alavancam o controle.
A composição de cada unit depende da estrutura de capital da em-
presa. Nas companhias cujas ações preferenciais correspondem a 2/3 do
total, as units geralmente são formadas por quatro preferenciais e uma
ordinária. É esse o caso das units da ALL e da Santos Brasil. Naquelas cujo
capital é composto por metade de ações preferenciais e metade de or-
dinárias, as units são compostas por uma ordinária e duas preferenciais.
Nessa situação estão as units da Vivax, Equatorial Energia e Terna.
O detentor da unit possui os mesmos direitos assegurados por lei às
ações ordinárias e preferenciais comuns, ou seja, as primeiras têm direi-
to a voto e as segundas fazem jus ao recebimento prioritário de dividen-
dos. Tanto o direito de voto como o recebimento dos dividendos são
proporcionais à participação de cada papel na unit.
Abertura de capital
No cenário econômico atual, no qual predomina o uso intensivo de
tecnologia, a grande competição entre as empresas e a globalização, as
empresas não podem depender única e exclusivamente dos recursos
próprios para financiar sua expansão. Nesse sentido, uma alternativa
disponível para as empresas se capitalizarem é a abertura de capital. Me-
diante a subscrição de ações novas, as empresas se suprem de capital.
Abrir capital significa tornar-se uma companhia de capital aberto,
ou seja, estar autorizada pela CVM a realizar emissões públicas, como
debêntures, ações e bônus de subscrição. A empresa em fase de cresci-
mento necessita de recursos para financiar seus projetos de expansão.
Mesmo que o retorno oferecido pelo projeto seja superior ao custo de
um empréstimo, o risco do negócio recomenda que se faça um balan-
ceamento entre recursos de terceiros e recursos próprios. Estes são ob-
tidos pela emissão de novas ações que serão subscritas (compradas)
pelos atuais ou por novos acionistas.
Financiamento do crescimento
Parceria no risco do negócio
+
Parceria no lucro do negócio
Novos sócios
Processos de abertura de
capital (IPOs) e remuneração
dos acionistas
32 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
O processo de abertura de capital da empresa sempre é um processo trabalhoso,
desafiante e muito estimulante, porque ele exige uma série de adaptações e
mudanças a esse novo contexto de empresa de capital aberto. Para a empresa,
houve a necessidade de mobilizar toda a sua estrutura no sentido de atender a essas
necessidades do mercado. O mercado está muito sofisticado e tem uma capacidade
muito grande de analisar as empresas e de escolher aquelas que realmente merecem
o interesse dos investidores, e a empresa tem de corresponder a isso. Então, foi
necessário criar modificações na estrutura da empresa, no sentido de corresponder
mais às necessidades dos minoritários em termos de informações, de transparência,
de controles, e isso foi uma coisa que teve de ser feita sistematicamente. Além
disso, houve uma influência muito grande no sistema de governança da empresa.
(EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR, 2009)
Vantagens para a empresa
na abertura de capital
	 Ampliação da base de captação de recursos financeiros e de seu
potencial de crescimento.
	 Maior flexibilidade estratégica – liquidez patrimonial.
	 Imagem institucional – maior exposição ao mercado.
	 Reestruturação societária.
	 Gestão profissional.
Quais são as razões disso (abertura de capital)? Principalmente, no caso da Natura, é
umavisãodefuturo,depensaremcomoperenizaraempresa.Agentetemumsonho,
a gente saiu de um fundo de quintal. É uma empresa que cresceu baseada em valores
e que tem uma função social que transcende os interesses dos seus fundadores. Ela
passou a ser um instrumento de desenvolvimento social e econômico, e a abertura
de capital está ligada a isso, a um processo fundamentalmente de perenização dessa
cultura, desses valores que a têm trazido desse fundo de quintal até o momento
presente. Então, queremos os nossos sócios como aliados na preservação dessa
cultura de compromisso com o desenvolvimento econômico, mas também com o
desenvolvimento social e ambientalmente responsável. (GUILHERME PEIRÃO LEAL,
NATURA, 2009)
33Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
Desvantagens para a empresa
na abertura de capital
	 Divulgação de informações.
	 Distribuição de dividendos a acionistas.
	 Influência de novos acionistas em decisões estratégicas.
	 Acréscimo nos custos administrativos, auditores, demonstrações
financeiras etc.
Etapas da abertura de capital
	 Análise preliminar sobre conveniência da abertura.
	 Escolha de auditoria independente.
	 Escolha de intermediário financeiro.
	 Estudos técnicos para a definição de preço e volume da operação.
	 Adaptação dos estatutos e outros procedimentos legais.
	 Contratos de coordenação e distribuição (underwriting).
	 Assembleia Geral Extraordinária deliberativa da operação e perío-
do de preferência.
	 Processo de obtenção de registros na CVM.
	 Processo de registro da empresa em bolsa(s) de valores.
	 Formação de pool de distribuição.
34 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Pool de distribuição: conjunto de corretoras, distribuidoras, bancos
e demais agentes que participam do processo de comercialização das
ações numa abertura de capital, com o objetivo de distribuir de forma
pulverizada e satisfatória as ações disponíveis.
Eu acho que é muito importante a definição dos objetivos. Ao analisar a abertura de
capital, a empresa tem de avaliar exatamente quais são seus objetivos, porque isso
exige uma mudança de comportamento que tem seus custos e seus benefícios. A
abertura de capital não está vinculada ao fato de a empresa ser maior ou menor. Eu
diria que é essencialmente um debate de aonde a empresa quer chegar, que tipo de
empresa eu quero ter. (JORGE GERDAU JOHANNPETER, GERDAU, 2009)
Initial Public Offering – IPO
IPO é uma sigla de um termo do mercado acionário americano, Ini-
tial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial. É o primeiro lançamento de
ações de uma empresa ao público.
O que avaliar em IPOs
	 Identificar o setor da empresa e suas características:
	 o que e para quem vende;
	 como se compõem seus custos;
	 pontos fortes e fracos;
	 riscos e perspectivas de consolidação (fusões e aquisições).
	 Conferir a proporção da oferta:
	 Se oferta primária, os recursos vão para o caixa da empresa? Se
secundária, irão para os acionistas vendedores?
35Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
	 quanto maior a parte primária, mais fôlego de investimento
terá a empresa.
	 Verificar em que nível de governança corporativa será listada a
empresa:
	 quanto maior, melhor;
	 quem são os atuais sócios e administradores e qual o seu histó-
rico de transparência e relacionamento com o mercado?
	 Comparar os múltiplos da empresa:
	 analise a evolução das receitas, lucros, custos, ativos e passivos.
	 Ver se é um setor estreante ou pouco representado na Bovespa.
	 ou, ao contrário, se há muitas empresas listadas do mesmo se-
tor; quanto mais, provavelmente menor será a demanda.
A importância do mercado
de ações para o desenvolvimento
da economia e do Brasil
A revolução capitalista vivida pela economia brasileira hoje é resultado da
modernizaçãodenossomercadodecapitais,queestásendoprovocadopela
bolsa de valores. Não há crescimento econômico, sem crescimento das em-
presas. O Brasil chegou à era do capitalismo com capital. Empresas com bons
projetos, mas sem capital próprio, vão à bolsa em busca de sócios. Em vez de
pedirdinheiroemprestadoaosbancos,maisempresasbuscamcaptardinhei-
ro de novos sócios nas bolsas para aperfeiçoarem seus produtos e serviços e,
36 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
assim,obtermaislucro.Esselucroédevolvidoparaoinvestidorpelosdividen-
dos distribuídos e pela valorização das ações, pois as empresas que lucram
mais valem mais. Fecha-se assim um ciclo virtuoso, o ciclo do capitalismo.
Torna-se mais evidente a cada dia a contribuição positiva do mercado
de capitais e, especificamente, o destacado papel do mercado acionário
para o desenvolvimento econômico. Nas economias desenvolvidas os
mercados acionários, claramente, são alavancadores de emprego e cres-
cimento da economia real. De acordo com dados divulgados pelo Banco
Mundial, foi encontrado um alto grau de correlação entre os indicadores
dos mercados acionários e o crescimento econômico. A conclusão foi de
que o mercado acionário não apenas financiou o crescimento econô-
mico, mas proporcionou os meios para prognosticar as taxas futuras de
crescimento do capital, da produtividade e da renda per capita.
O mercado de ações incentiva não apenas a formação da poupança in-
terna, mas, particularmente, a geração de poupança de longo prazo. É ine-
gável a relação entre a formação de poupança com os processos de cresci-
mento autossustentado e a manutenção do desenvolvimento econômico.
Por sua vez, um mercado eficiente proporciona uma ampla gama de
alternativas de financiamento, isoladamente ou pela combinação entre
as diversas opções, reduzindo custos financeiros, o que contribui decisi-
vamente para a saúde financeira das empresas, com consequente valo-
rização do capital investido pelos acionistas.
Um mercado acionário desenvolvido, com bom volume, liquidez e ade-
quada regulamentação, facilita os negócios de mudança de controle/pro-
priedade e privatização, o que tem contribuído para o aumento da produti-
vidade econômica nos últimos anos, em nível global.
37Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
A demanda por informações e demonstrações financeiras de quali-
dade, e a transparência por parte do mercado acionário, é um fator que
estimula a cultura de investimentos por parte dos agentes econômicos.
O mercado acionário reflete a opinião dos principais agentes sobre
a conjuntura econômica doméstica e internacional e suas perspectivas,
constituindo-se também em importante formador de opinião. Final-
mente, cabe destacar o papel fundamental de um mercado de ações
eficiente e desenvolvido para atrair, maximizar e consolidar a presença e
permanência do capital externo.
Portanto, investimentos através do mercado acionário geram novos
empregos e a expansão do setor privado, possibilitando a reorienta-
ção dos recursos do setor público para as camadas e setores menos
favorecidos.
Nós entramos na Bolsa em 1978. Tínhamos, na ocasião, dois mil funcionários, e hoje
nós temos dez mil (cinco vezes mais); nós produzíamos três mil ônibus por ano,
e hoje nós produzimos 15 mil (cinco vezes mais). E isso tudo pressupôs que nós
teríamos recursos para isso, e realmente tivemos capitais graças à participação dos
acionistas da Bolsa. Mais do que isso, eu acho que o importante não foi só crescer
cinco vezes nesse período, que foram 25 anos; é que nós conseguimos passar por
todos os planos econômicos dos diversos governos que passaram por aí. (PAULO
BELLINI MARCOPOLO, 2009)
Ciclo virtuoso
Só com as bolsas funcionando de forma plena, o capitalismo pode
demonstrar sua força. Na bolsa, o dinheiro não tem partido político
nem preferência ideológica. Ele só quer gerar mais dinheiro. Premia na-
turalmente as empresas mais bem administradas, mais lucrativas, que
geram mais negócios e mais empregos. O mercado de ações é, por isso,
38 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
a melhor ferramenta já inventada para promover a distribuição de rique-
za; ele favorece tão-somente o mérito.
Como funciona o mercado de ações
geracrescim
ento de renda
conso
m
e e poupa valoriza o
capital
compra aç
õesda
inv
este
ger
a lucro
distribui divid
endosfinan
cia
V
O
C
Ê
PAÍS
A bolsa impulsiona as
empresas, gera poupan-
ça para o investidor e
crescimento para o país
BOLSA
E
M
P
R
E
S
A
Oautor.
Formas de negociação de ações
Com relação ao momento da negociação de ações, o mercado classi-
fica-se em mercado primário e mercado secundário.
Mercado primário
No mercado primário, se dá o lançamento de novas ações. Quem
vende as ações é a companhia, captando recursos para se financiar.
39Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
Ocorre a canalização direta dos recursos monetários superavitários, dis-
poníveis aos poupadores, para o financiamento das empresas, por meio
da colocação (venda) inicial dos títulos emitidos. No mercado primário
as empresas buscam, mais efetivamente, os recursos necessários para
a consecução de seu crescimento, promovendo, a partir do lançamen-
to de ações, a implementação de projetos de investimentos e o conse-
quente incremento da riqueza nacional.
Mercado secundário
Não ocorre o lançamento de um novo ativo financeiro, mas a rene-
gociação de ativos financeiros já existentes. No mercado secundário são
estabelecidas as renegociações entre os agentes econômicos dos títulos
adquiridos no mercado primário. Os recursos provenientes das negocia-
ções realizadas nesse mercado não são transferidos para o financiamen-
to das empresas, sendo identificados como simples transferência entre
os investidores. A função essencial do mercado secundário é dar liquidez
ao mercado primário, viabilizando o lançamento de ativos financeiros.
A existência do mercado secundário é fundamental para o merca-
do primário, pois a demanda pelas ações recém-emitidas das empresas
seria menor se não houvesse a opção de vendê-las no futuro em um
mercado organizado. Em suma, no mercado primário, quem vende as
ações é a companhia, captando recursos para se financiar. No merca-
do secundário, o vendedor é o investidor que se desfaz das ações para
reaver o seu dinheiro.
40 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Mercado primário e secundário
Ações
Recursos
Dividendos
Sócios iniciais
Novos sócios
Oautor.
Portanto, o mercado primário compreende o lançamento de novas
ações no mercado, de origem da língua inglesa, o famoso IPO (Initial
Public Offering). A abertura de capital de uma empresa se caracteriza
pelo lançamento inicial de ações no mercado. Uma vez que as ações
já se encontram negociadas no mercado, chamamos este mercado de
mercado secundário. Este compreende mercados de balcão – organiza-
dos ou não – e bolsas de valores, e tem como função básica a de forne-
cer liquidez aos títulos emitidos no mercado primário. Operações como
a colocação inicial, junto ao público, de grande lote de ações detido por
um acionista podem caracterizar operações de abertura de capital, exi-
gindo registro na CVM, porém apesar da semelhança com o mercado
primário, os recursos captados vão para o acionista vendedor (e não
para a companhia), determinando, portanto, uma distribuição no mer-
cado secundário. Podemos chamar essas operações de block trade.
41Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
As ofertas públicas, sejam no mercado primário ou secundário, re-
querem o registro na CVM e o cumprimento de um ritual de procedi-
mentos na elaboração de seu prospecto preliminar e, geralmente, são
conduzidas por bancos de investimento, que recebem uma comissão
pelos serviços proporcional ao valor da operação.
A abertura de capital não se restringe apenas às grandes empresas.
O financiamento por meio da emissão de ações, ou seja, do aumento do
capital próprio e admissão de novos sócios é uma fonte de recursos que
não possui limitação. Enquanto a empresa tiver projetos viáveis e rentá-
veis, os investidores terão interesse em financiá-los.
 A abertura de capital representa uma excepcional redução de risco
para a empresa. Também, diferentemente de empréstimos, não exigem
rendimento definido: o retorno dos investidores depende do desempe-
nho da empresa. Assim, uma companhia aberta é muita menos afetada
pela volatilidade econômica.
Captação de recursos financeiros para investimento – possibilita
crescimento via fusões e aquisições e reestruturação de passivos. Nas
empresas que têm certo grau de endividamento, a abertura de capital
confere equilíbrio à estrutura de capital, balanceando o uso do crédito
e do capital próprio.
Imagem institucional e profissional – com um custo de capital
menor, o retorno de projetos que anteriormente poderia não ser atra-
tivo passa a superar o custo do financiamento, abrindo um leque muito
maior de oportunidades de investimento.
42 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Remuneração dos acionistas
Dividendos
É a parcela do lucro apurado pela empresa, que é distribuída aos acio-
nistas por ocasião do encerramento do exercício social (balanço). Pela
Lei das Sociedades Anônimas (S.A.), deverá ser distribuído um dividen-
do de no mínimo 25% do lucro líquido apurado, e sempre em dinhei-
ro (moeda corrente). Os dividendos podem ter periodicidade diversa:
mensal, trimestral, semestral, anual etc., desde que conste no estatuto
da empresa o período determinado. A Assembleia Geral Ordinária (AGO)
é quem determina a parcela a ser distribuída como dividendo, de acordo
com os interesses da empresa, através da manifestação de seus acionis-
tas. O montante a ser distribuído deverá ser dividido pelo número de
ações emitidas pela empresa, de forma a garantir a proporcionalidade
da distribuição.
Algumas companhias têm lucros interessantes e/ou têm a política de
distribuir mais do que o mínimo exigido, como forma de atrair inves-
tidores. Os analistas ficam de olho nisso, e podem montar carteiras de
empresas que sejam boas pagadoras de dividendos. Esse é um dinheiro
que vai para a conta do investidor. É escolha dele reaplicar os dividen-
dos, comprando novas ações, ou sacar o dinheiro, dependendo da pe-
riodicidade com que a empresa deposite os dividendos. Dessa forma, o
investidor é remunerado pelo recebimento de dividendos e pela valori-
zação da ação.
43Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
Distribuição dos lucros
	 Uma parte do lucro é incorporado ao patrimônio da empresa.
	 O restante é distribuído em forma de dividendos.
2007 2008 2009
Oautor.
Juros sobre Capital Próprio (JCP)
Remuneração sobre o capital investido na empresa paga ao acionis-
ta, substituindo total ou parcialmente o dividendo.
Para o acionista, a grande diferença é que ele tem que pagar 15% de
imposto de renda na fonte, de forma que sempre é preciso ficar atento
se o valor anunciado é o bruto (sem impostos) ou líquido (já descontan-
do os impostos).
44 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Para a empresa, muitas vezes o uso de JCP é vantajoso do ponto de
vistafiscal.Desdesuacriação,opagamentodeJCPpermitequeaempresa
remunere seus acionistas até o valor daTaxa Juros de Longo Prazo (TJLP),
com o valor sendo considerado como despesa financeira. Com isso, ele
reduz o lucro tributável, diminuindo o IR a ser pago pela empresa.
A TJLP é calculada trimestralmente tendo como base a meta da infla-
ção, fixada pelo CMN, mais um prêmio de risco. É a taxa de juros aplicada
aos financiamentos concedidos pelo BNDES.
A grande vantagem é que a empresa pagaria impostos maiores sobre
o lucro, na faixa de 25%, do que os acionistas, que pagam 15% sobre os
JCP. Assim, ela pode oferecer JCP, que mesmo após o pagamento de IR,
podem ser maiores do que seriam na forma de dividendos, em função
da diferença nas alíquotas de tributação.
Cálculo da rentabilidade retorno
do investimento
Retorno =
+
–1 . 100
Preço atual
da ação
Dividendos
recebidos
Preço inicial
da ação
Retorno =
Retorno = 29,21% de 04 de abril/06 a 10 de outubro/07
+
Bradesco
04/06 a 10/07
–1 . 100
R$46,51 R$2,33
R$37,80
45Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
Eventos sobre as ações
Desdobramento (split)
Ocorre quando a empresa aumenta a quantidade de ações em circu-
lação, sem alterar o capital social da empresa, reduzindo o valor unitário
para aumentar a liquidez da ação no mercado.
Grupamento (inplit)
É o processo inverso ao split. É a redução da quantidade de ações
em circulação, sem alterar o capital social da empresa, elevando o valor
unitário da ação.
Direitos dos acionistas
Bonificação
Distribuição gratuita, aos acionistas, de novas ações decorrentes de
aumento de capital, por incorporação de reservas, lucros em suspenso
ou reavaliação do ativo. É um direito que não prescreve. As bonificações
serão sempre proporcionais às ações já possuídas.
A bonificação aos acionistas, em raros casos, pode ser realizada
também com o pagamento em dinheiro. Normalmente isso ocorre
quando há distribuição de reservas até então não incorporadas ao capi-
tal. Não confundir com dividendo.
46 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Subscrição
Representaumdireitodadoaosacionistasparaqueelesadquiramnovas
ações com preço e prazo predeterminados. A subscrição pode surgir como
umbenefícioaosacionistascasoopreçodesubscriçãosejainferioraopreço
de mercado, de forma que está sendo dada uma espécie de“desconto”para
os acionistas. A subscrição de novas ações será proporcional a quantidade
de ações já possuídas da referida companhia.
GUARDA DAS AÇÕES
Oautor.Comissão de Valores
Mobiliários (CVM)
O principal órgão regulador do mercado de ações é a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), autarquia subordinada ao Ministério da Fa-
zenda, conhecida como o “xerife” do mercado financeiro. Ela tem a in-
cumbência de normatizar, fiscalizar e punir irregularidades, tanto das
empresas abertas como dos agentes financeiros, corretoras, operadores
e auditores independentes. Criada em dezembro de 1976 pela Lei 6.385,
ela cuida de todos os títulos emitidos pelas empresas com vistas a captar
recursos destinados ao financiamento de suas atividades. Desde maio
Participantes do mercado
de capitais
50 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
de 2002, a CVM responde também pelos derivativos negociados sobre
outros ativos que não sejam considerados valores mobiliários, pelo mer-
cado de futuros e por toda a indústria de fundos.
Corretoras
As corretoras são instituições financeiras, credenciadas pelo Banco
Central e pela CVM, e fiscalizadas pela Bovespa. Sua principal função é
promover, de forma eficiente, a aproximação entre compradores e ven-
dedores de títulos e valores mobiliários, dando a estes negociabilidade
adequada através de operações realizadas em recinto próprio (pregão das
bolsas de valores). Dessa forma, as sociedades corretoras exercem o papel
de unificadoras do mercado, dando segurança ao sistema e liquidez aos
títulos transacionados. Suas principais atividades são as seguintes:
	 operar com exclusividade na bolsa de valores da qual é membro,
com títulos e valores mobiliários de negociação autorizada;
	 comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários, por conta de
terceiros; efetuar lançamentos públicos de ações (operações de un-
derwriting);operarcomaconta“Margem”,queéumanormadenego-
ciaçãodeaçõesquepossibilitaaoinvestidorobter,emumasociedade
corretora, financiamento para compra dos títulos e/ou empréstimo
dos papéis para venda. Essas operações são feitas no mercado à vista
de bolsa. O custo e liquidação do financiamento, bem como a remu-
neração do empréstimo dos títulos e sua devolução, são pactuados
diretamente entre o investidor e a corretora;
	 administrarcarteirasdevaloresecustodiartítulosevaloresmobiliá-
rios;instituir,organizareadministrarfundoseclubesdeinvestimen-
tos; prestar serviços como transferência de títulos, desdobramento
51Participantes do mercado de capitais
de cautelas, recebimentos de juros, dividendos ou encarregar-se da
subscrição de títulos e valores mobiliários etc;
	 intermediar a compra e venda de moeda estrangeira nas ativida-
des de importação e exportação, bem como no mercado flutuan-
te de moeda estrangeira;
	 operar no mercado aberto (open market).
Open market – instrumento muito ágil de política monetária, utili-
zado pelo governo a fim de regular o fluxo monetário da economia e
influenciar os níveis de taxas de juros a curto prazo. Portanto, essas ope-
rações permitem um controle permanente da liquidez do sistema eco-
nômico. Na prática, sempre que houver necessidade de elevar a liquidez
e reduzir as taxas de juros, a autoridade monetária resgata títulos públi-
cos em poder dos agentes econômicos. De modo contrário, ao desejar
limitar a liquidez do mercado financeiro e elevar as taxas de juros no
curto prazo, a autoridade monetária emite e coloca em circulação novos
títulos da dívida pública.
Companhia Brasileira de Liquidação
e Custódia (CBLC)
Foi criada a partir de uma reestruturação patrimonial da Bolsa de Va-
lores de São Paulo – BOVESPA, ocorrida em fevereiro de 1998.
O nascimento da CBLC representou uma resposta à necessidade do
mercado brasileiro de uma estrutura moderna e eficiente, que compre-
endesse atividades relacionadas à compensação, à liquidação, à custódia
52 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
e ao controle de risco para o mercado financeiro. A constituição da CBLC
representou o início de uma nova fase na história do mercado de capi-
tais brasileiro.
De um lado, a CBLC foi organizada de modo a permitir a participa-
ção de uma grande variedade de instituições fortes e tecnicamente es-
truturadas. De outro lado, a CBLC trabalhou no sentido de constituir-se
na empresa depositária central do mercado de ações no Brasil, objetivo
alcançado quando assumiu o controle da Câmara de Liquidação e Cus-
tódia – CLC em abril de 2000.
Atualmente, a CBLC é a responsável pela liquidação de operações de
todo o mercado brasileiro de ações.
Veja no quadro abaixo alguns números da CBLC:
A CBLC em números
(CBLC,2009)
Data: Janeiro (dados referentes à liquidação de janeiro/2009).
Volume médio liquidado diariamente 3,59 (R$ bilhões)
Média diária de operações realizadas 265.971
Média diária de títulos processados 10.902.508.781
Volume em custódia R$682.143.848.723,69
Quantidade de ativos em custódia 2.200.836.000.075
A CBLC é uma sociedade anônima tendo como objetivo social a pres-
tação de serviços de compensação e liquidação física e financeira de ope-
rações realizadas nos mercados à vista e a prazo da Bovespa e de outros
mercados, bem como a operacionalização dos sistemas de custódia de
títulos e valores mobiliários em geral.
53Participantes do mercado de capitais
Bolsa de valores
As bolsas de valores são instituições administradoras de mercados.
No caso brasileiro, a Bovespa é a principal bolsa de valores, administran-
do os mercados de Bolsa e de Balcão Organizado. A diferença entre esses
mercados está nas regras de negociação estabelecidas para os ativos re-
gistrados em cada um deles.
As bolsas de valores são também os centros de negociação de valores
mobiliários, que utilizam sistemas eletrônicos de negociação para efetuar
compras e vendas desses valores. No Brasil, atualmente, as bolsas são or-
ganizadas sob a forma de sociedade por ações (S/A), reguladas e fiscaliza-
das pela CVM. As bolsas têm ampla autonomia para exercer seus poderes
de autorregulamentação sobre as corretoras de valores que nela operam.
Todas as corretoras são registradas no Banco Central do Brasil e na CVM.
A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um am-
biente transparente e líquido, adequado à realização de negócios com
valores mobiliários. Somente através das corretoras, os investidores têm
acesso aos sistemas de negociação para efetuarem suas transações de
compra e venda desses valores.
As companhias que têm ações negociadas nas bolsas são chamadas
companhias “listadas”. Para ter ações em bolsas, uma companhia deve
ser aberta ou pública, o que não significa que pertença ao governo, e
sim que o público em geral detém suas ações. A companhia deve, ainda,
atender aos requisitos estabelecidos pela Lei das S.A. (Lei 6.404, de 15 de
dezembro de 1976) e pelas instruções da CVM, além de obedecer a uma
série de normas e regras estabelecidas pelas próprias bolsas.
54 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
No passado, o Brasil chegou a ter nove bolsas de valores, mas atual-
mente as duas principais são a Bolsa deValores de São Paulo (Bovespa) e a
Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). A Bovespa é a maior bolsa de va-
lores da América Latina e uma das maiores do mundo. Nela são negocia-
das ações das companhias abertas e títulos privados de renda fixa, entre
outros valores mobiliários. A BM&F se destaca entre as maiores bolsas de
mercadorias e futuros do mundo e nela são negociados contratos deriva-
tivos agropecuários (commodities) e derivativos financeiros.
Funções das bolsas de valores
Os mercados de capitais são mais eficientes em países onde existem
bolsasdevaloresbemestruturadas,transparenteselíquidas.Paraqueelas
desempenhem suas funções, o ambiente de negócios do país tem que ser
livre e as regras claras. Nestes contextos, as bolsas podem beneficiar todos
os indivíduos da sociedade e não somente aqueles que detêm ações de
companhias abertas. Veja, a seguir, quais são os benefícios gerados pelas
bolsas de valores para a economia e a sociedade como um todo.
	 Levantando capital para negócios – as bolsas de valores forne-
cem um excelente ambiente para as companhias levantarem ca-
pital para expansão de suas atividades através da venda de ações,
e outros valores mobiliários, ao público investidor.
	 Mobilizando poupanças em investimentos – quando as pesso-
as investem suas poupanças em ações de companhias abertas, isto
leva a uma alocação mais racional dos recursos da economia, porque
os recursos – que, de outra forma, poderiam ter sido utilizados no
consumo de bens e serviços ou mantidos em contas bancárias – são
mobilizados e redirecionados para promover atividades que geram
55Participantes do mercado de capitais
novosnegócios,beneficiandováriossetoresdaeconomia,taiscomo:
agricultura, comércio e indústria, resultando num crescimento eco-
nômico mais forte e no aumento do nível de produtividade.
	 Facilitando o crescimento de companhias – para uma com-
panhia, as aquisições e/ou fusões de outras empresas são vistas
como oportunidades de expansão da linha de produtos, aumento
dos canais de distribuição, aumento de sua participação no mer-
cado etc. As bolsas servem como um canal que as companhias
utilizam para aumentar seus ativos e seu valor de mercado através
da oferta de compra de ações de uma companhia por outra com-
panhia. Essa é a forma mais simples e comum de uma companhia
crescer através das aquisições ou fusões. Quando feitas em bolsas,
as aquisições e fusões são mais transparentes e permitem uma
maior valorização da companhia, pois as informações são mais di-
vulgadas e há uma maior interação dos agentes envolvidos, tanto
compradores quanto vendedores.
	 Redistribuindo a renda – ao dar a oportunidade para uma grande
variedade de pessoas adquirir ações de companhias abertas e, con-
sequentemente, de torná-las sócias de negócios lucrativos, o mer-
cado de capitais ajuda a reduzir a desigualdade da distribuição da
renda de um país. Ambos os investidores – casuais e profissionais
– , através do aumento de preço das ações e da distribuição de di-
videndos, têm a oportunidade de compartilhar os lucros nos negó-
cios bem sucedidos feitos pelos administradores das companhias.
	 Aprimorando a governança corporativa – a demanda cada vez
maior de novos acionistas, as regras cada vez mais rígidas do go-
verno e das bolsas de valores têm levado as companhias a me-
lhorar cada vez mais seus padrões de administração e eficiência.
Consequentemente, é comum dizer que as companhias abertas
56 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
são mais bem administradas que as companhias fechadas (com-
panhias cujas ações não são negociadas publicamente e que ge-
ralmente pertencem aos fundadores, familiares ou herdeiros ou a
um grupo pequeno de investidores). Os princípios de governança
corporativa estão, cada vez mais, sendo aceitos e aprimorados.
	 Criando oportunidades de investimento para pequenos in-
vestidores – diferentemente de outros empreendimentos que
necessitam de grandes somas de capital, o investimento em ações
é aberto para quaisquer indivíduos, sejam eles grandes ou peque-
nos investidores. Um pequeno investidor pode adquirir a quanti-
dade de ações que está de acordo com sua capacidade financeira,
tornando-se sócio minoritário (mesmo tendo participação per-
centual ínfima no capital da companhia), sem que tenha que ficar
excluído do mercado de capitais apenas por ser pequeno. Dessa
forma, a bolsa de valores abre a possibilidade de uma fonte de
renda adicional para pequenos poupadores.
	 Atuando como termômetro da economia – na bolsa de valores,
os preços das ações oscilam dependendo amplamente das forças
do mercado e tendem a acompanhar o ritmo da economia, refle-
tindo seus momentos de retração, estabilidade ou crescimento.
Uma recessão, depressão ou crise financeira pode eventualmen-
te levar a uma queda (ou até mesmo uma quebra) do mercado.
Dessa forma, o movimento dos preços das ações das companhias
e, de forma ampla, os índices de ações são bons indicadores das
tendências da economia.
	 Ajudando no financiamento de projetos sociais – os governos
federal, estadual ou municipal podem contar com as bolsas de va-
lores ao emprestar dinheiro para a iniciativa privada para financiar
57Participantes do mercado de capitais
grandes projetos de infraestrutura, tais como estradas, portos, sa-
neamento básico ou empreendimentos imobiliários para camadas
mais pobres da população. Geralmente, esses tipos de projetos ne-
cessitam de grande volume de recursos financeiros, que as empre-
sas ou investidores não teriam condições de levantar sozinhas sem
contarcoma participaçãogovernamental.Osgovernos,paralevan-
tarem recursos, utilizam-se da emissão de títulos públicos. Esses tí-
tulos podem ser negociados nas bolsas de valores. O levantamento
de recursos privados, por meio da emissão de títulos, elimina a ne-
cessidade (pelo menos no curto prazo) dos governos sobretaxarem
seus cidadãos e, dessa maneira, as bolsas de valores estão ajudando
indiretamente no financiamento do desenvolvimento.
Histórico da Bovespa
Em 1890, um grupo de agentes liderado por Emílio Rangel Pestana
inaugura a Bolsa Livre, que seria a semente da Bolsa de Valores de São
Paulo. A Bolsa Livre é fechada já em 1891, em decorrência da Política do
Encilhamento, mas em 1895 é fundada a Bolsa de Fundos Públicos de São
Paulo, dando continuidade à evolução do mercado de capitais brasileiro.
Nessa época, as negociações de títulos públicos e de ações de bancos
e de empresas eram registradas em enormes quadros-negros de pedra,
para que todos pudessem acompanhar. Devido a isso, esse período ini-
cial da história da bolsa ficou conhecido como“Idade da Pedra”.
A bolsa se desenvolve e, em 1934, se instala no Palácio do Café. No
ano seguinte, ganha o nome de Bolsa Oficial de Valores de São Paulo.
58 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
As negociações nesse período eram feitas em um enorme balcão
central em torno do qual se reuniam os corretores. Os negócios eram
realizados em ordem alfabética: o diretor do pregão anunciava o nome
de cada empresa e a negociação tinha um tempo determinado para
acontecer.
Na década de 1960, com as reformas sofridas pelo sistema financeiro
nacional, a bolsa passa a assumir a característica institucional, deixando
de ser subordinada ao Secretário da Fazenda do Estado, com autono-
mia administrativa, financeira e patrimonial. Em 1967, passa a se chamar
Bolsa de Valores de São Paulo.
Também em 1967, o cargo de corretor oficial deixa de existir e são
formadas as sociedades corretoras, constituídas por ex-corretores ofi-
ciais e por corretores autorizados pelo Banco Central. É nesse momento
que surge a figura do operador de pregão, pessoas que realizavam os
negócios, sob as ordens das sociedades corretoras, por meio de gritos e
gestuais que se tornariam a marca da bolsa de valores.
Na década de 1970, os boletos que eram utilizados para realizar as
negociações são substituídos por cartões perfurados e os negócios
passam a ser registrados de forma eletrônica.
Em 1972, A Bovespa é a primeira bolsa brasileira a implementar o
pregão automatizado, com a disseminação de informações on-line e em
real-time, através de uma ampla rede de terminais de computador.
No fim da década de 1970, a Bovespa é ainda pioneira na introdução
de operações com opções sobre ações no Brasil.
59Participantes do mercado de capitais
Em 1990, são iniciadas as negociações através do Sistema de Nego-
ciação Eletrônica Computer Assisted Trading System (CATS), que operava
simultaneamente com o sistema tradicional de pregão viva voz. Atual-
mente, a Bovespa realiza negócios apenas no sistema eletrônico.
Em 1997, é implantado um novo sistema de negociação eletrônica
em substituição ao CATS, o Mega Bolsa. Além de utilizar uma plataforma
tecnológica altamente avançada, o Mega Bolsa amplia o volume de pro-
cessamento de informações.
No fim da década de 1990, são lançados o Home Broker, que permite
que o investidor, por meio do site das corretoras, transmita sua ordem de
compra ou de venda diretamente ao sistema de negociação da bolsa; e o
After-Market, outra inovação da Bovespa, pioneira em termos mundiais,
que oferece a sessão noturna de negociação eletrônica. Ambos os meios
facilitam a participação do pequeno e médio investidor no mercado.
No ano 2000, é realizada a integração das bolsas de valores brasilei-
ras, que uniu as bolsas de valores de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Mi-
nas-Espírito Santo-Brasília, do Extremo Sul, de Santos, da Bahia-Sergipe-
-Alagoas, de Pernambuco e da Paraíba. Em 2005, é incorporada a Bolsa
do Paraná e em 2006, a Bolsa Regional, concluindo a integração.
A Bovespa passa, então, a concentrar toda a negociação de ações do
Brasil. As bolsas regionais mantêm, por sua vez, as atividades de desen-
volvimento do mercado e de prestação de serviços às praças locais.
Em 2006, a Bovespa implanta uma nova infraestrutura de Tecnolo-
gia da Informação, desenvolvida em parceria com HP, Intel e Microsoft.
60 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
A solução propiciou, entre outros benefícios, redução de custos de ma-
nutenção, retorno de investimento e uma maior flexibilidade de adap-
tação ao aumento de volume de transações no mercado de capitais.
Em 28 de agosto de 2007, em uma reestruturação societária, a Bovespa
deixou de ser uma instituição sem fins lucrativos e se tornou uma socie-
dade por ações (S/A). Nessa reestruturação societária foi criada a Bovespa
Holding, que tem como subsidiárias integrais a Bolsa de Valores de São
Paulo (BVSP) – responsável pelas operações dos mercados de bolsa e de
balcão organizado – e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia
(CBLC) que presta serviços de liquidação, compensação e custódia.
Atualmente, a Bovespa é o único centro de negociação de ações do
Brasil e o maior da América Latina. Hoje, as negociações realizadas na
Bovespa são feitas exclusivamente por meio de seu sistema eletrônico,
o que proporciona maior agilidade e segurança nas transações. A Bo-
vespa é dotada de uma base tecnológica comparável à dos mercados
mais desenvolvidos do mundo e o Brasil, por sua vez, é hoje um centro
de excelência em infraestrutura do mercado financeiro e de capitais,
tornando-se referência mundial.
A Bolsa de Valores de São Paulo mantém ainda um papel de desta-
que perante os mercados internacionais, atuando na World Federation
of Exchanges (WFE), na Federação Ibero-americana de Bolsas (FIAB) e na
International Organization of Securities Commission (IOSCO).
Pregão da bolsa
O pregão viva-voz era a forma tradicional de negociação, na qual os
operadores de pregão recebiam as ordens das mesas de operação das
corretoras e as ofertavam em uma sala de negociações dentro da Boves-
pa. Fechado o negócio, era preenchido um boleto informando as espe-
cificações desse negócio. A fim de aumentar a transparência e o aperfei-
çoamento do trabalho, o pregão viva-voz foi extinto em 2005.
Atualmente, o pregão é eletrônico. As ordens são colocadas pelos
operadores de mesa nas corretoras através de terminais conectados
com a bolsa, ou ainda pelos sistemas de home broker das corretoras, que
canalizam as ordens provenientes da internet. Todas essas ordens são
encaminhadas a um servidor central que se encarrega de fechar os ne-
gócios e informá-los às corretoras.
Horários de negociação
Pregão regular: das 10h às 17h
After-market: das 17h45 às 19h
* Horário de verão
Pregão regular: das 11h às 18h
After-market: das 18h45 às 19h30
Formação de preços das ações,
home broker e risco
64 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
After-market
É uma sessão noturna de negociação de ações, após o horário regu-
lar do pregão e de forma eletrônica. Além de atender os profissionais
do mercado, esse mecanismo também é interessante para os pequenos
e médios investidores, pois permite o envio de ordens após o horário
regular e seu fechamento de forma on-line. A totalidade de ordens en-
viadas tem um limite de R$100.000,00 por investidor e os preços das
ordens enviadas nesse período não poderão exceder à variação máxima
positiva ou negativa de 2% em relação ao preço de fechamento do
pregão diurno.
Processo de negociação de ações
Como enviar uma ordem
Enviar uma ordem é o ato mediante o qual o cliente determina a uma
corretora que essa compre ou venda ativos ou direitos em seu nome, nas
condições especificadas. Devem ser informados: o ativo a ser compra-
do ou vendido, a quantidade, o preço para execução da referida ordem
bem como seu prazo de validade.
A realização do negócio no mercado requer a intermediação de uma
sociedade corretora que esteja credenciada a executar as ordens de seus
clientes no pregão.
65Formação de preços das ações, homebroker e risco
Livro de ofertas
Um livro de ofertas é um recurso que ilustra todas as ofertas de com-
pra e de venda para um determinado ativo, em um dado momento.
O preço da ação é formado pelos investidores do mercado que,
dando ordens de compra ou venda de ações às corretoras das quais são
clientes, estabelecem o fluxo de oferta e procura de cada papel, fazendo
com que se estabeleça o preço justo. A oferta ou procura por determi-
nada ação influencia o processo de valorização ou desvalorização desta.
Essa movimentação pode ser influenciada por notícias sobre o mercado,
divulgação do balanço da empresa (com dados favoráveis ou desfavo-
ráveis), notícias sobre fusão de companhias, mudanças tecnológicas e
muitas outras que possam afetar o desempenho da empresa emissora
da ação. A figura a seguir contém o livro de ofertas de ações preferen-
ciais do Banco Bradesco.
Oautor.
66 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Mercado integral e mercado fracionário
No mercado à vista negociam-se ações em lotes-padrão e lotes
fracionários.
	 Mercado integral – toda empresa tem suas ações negociadas em
lotes-padrão que podem ser 10, 100 ou 1000 ações. O mais co-
mum é a negociação em lotes de 100 ações.
Oautor.
	 Mercado fracionário – se você não tiver como comprar um lote
integral, comprará uma fração de lote integral, na qual não existe
quantidade mínima de ações.
Oautor.
67Formação de preços das ações, homebroker e risco
Omercadofracionáriofuncionademaneiraindependentedomercado
integral. Isso significa que cada mercado tem cotações e liquidez próprios.
As diferenças de cotação são devidas ao mercado fracionário ter forças
de oferta e procura das ações ligeiramente diferentes das do mercado in-
tegral. Isso significa que as cotações do mercado fracionário via de regra
variam como no mercado integral, mas não há correspondência exata
entre elas. Em geral, as ofertas de venda no mercado fracionário são li-
geiramente mais altas que as do mercado integral. E as ofertas de compra
são mais baixas. Em outras palavras, no mercado fracionário o spread (di-
ferença entre as melhores ofertas de compra e venda) é maior. Por possuir
menor volume de negociação, a liquidez no mercado fracionário também
é menor. Ou seja, é mais“fácil”comprar/vender ações no mercado integral
do que no mercado fracionário. Isso não chega a ser problema para inves-
tidores de médio/longo prazo e/ou que operam com blue chips.
Home broker
Para permitir que mais pessoas possam participar do mercado acionário
e,aomesmotempo,tornaraindamaiságilesimplesaatividadedecomprae
vendadeações,foicriadomaisumcanalderelacionamentoentreosinvesti-
doreseomercado.Deformasemelhanteaosserviçosdehomebanking,ofe-
recidos pela rede bancária, os homebrokers das corretoras estão interligados
ao sistema de negociação da Bovespa e permitem que o investidor envie,
automaticamente, através da internet, ordens de compra e venda de ações.
Algumas vezes, o home broker pode ser um software que a corretora instala
nocomputadordocliente.Masamaioriadascorretorastemasoluçãodispo-
nível na internet. O cliente entra no próprio site da corretora, acessa o home
broker, escolhe suas ações e dá a ordem. O sistema da corretora recebe o
pedido e executa a operação na Bovespa.
68 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Além da praticidade e rapidez nas negociações, o home broker ofere-
ce outras vantagens:
	 acompanhamento de carteira de ações;
	 acesso às cotações, às notícias, aos relatórios e às análises;
	 envio de ordens imediatas, ou programadas;
	 recebimento da confirmação de ordens executadas.
A seguir uma das telas do home broker XP Investimentos Corretora,
mostrando cotações de ativos/ações e seus detalhes:
Oautor.
1
3	 2
69Formação de preços das ações, homebroker e risco
1
2
3
Oautor.
70 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Exemplo de gráfico acessado via home broker:
Oautor.
71Formação de preços das ações, homebroker e risco
Controles do investidor
Nota de corretagem
Oautor.
72 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Aviso de Negociação de Ações – ANA
Oautor.
73Formação de preços das ações, homebroker e risco
Extrato CBLC – Posição de Custódia
Oautor.
74 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Oautor.
75Formação de preços das ações, homebroker e risco
Custos operacionais
Custos de transação
Sobre as operações realizadas no mercado à vista, incidem a taxa de
corretagem pela intermediação dos negócios realizados pela corretora
em nome do cliente. O valor cobrado incide sobre o movimento finan-
ceiro total (compras + vendas) realizado no mesmo dia pelo cliente em
uma mesma corretora. Cada corretora pode aplicar um modelo próprio
de cobrança de corretagem. A Bovespa sugere uma tabela padrão, per-
centual, a ser praticada pelas corretoras.
Tabela Bovespa
Início da faixa (R$) Término da faixa (R$) % + Fixo (R$)
- 135,05 0,00% 2,70
135,06 498,61 2,00% -
498,62 1.514,68 1,50% 2,49
1.514,69 3.029,37 1,00% 10,06
3.029,38 acima 0,50% 25,21
(Bovespa)
Além dessas taxas, há os emolumentos (pequena porção taxativa
cobrada sobre as movimentações financeiras, tanto na compra como
na venda dos ativos), pagos à Bovespa, que representam uma porcen-
tagem de 0,025% do volume financeiro em operações day-trade (ope-
rações onde a compra e a venda, de um mesmo ativo, é realizada no
mesmo pregão, ou seja, num único dia) e 0,035% em operações nor-
mais. Também incide uma taxa mensal fixa e única para todos os clien-
tes, independente do tamanho de suas posições em custódia, no valor
de R$ 9,86, cobrada pela CBLC.
76 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Tributação
O Imposto de Renda (IR), que será tributado sobre ativos de renda
variável, quais sejam, aqueles cuja remuneração ou retorno de capi-
tal não pode ser dimensionado no momento da aplicação. São eles as
ações, quotas ou quinhões de capital, o ouro, ativo financeiro, e os con-
tratos negociados nas bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e
assemelhadas.
Base de cálculo
O ganho líquido será constituído pela diferença positiva entre o valor
de alienação do ativo e o seu custo de aquisição, calculado pela média
ponderada dos custos unitários (art. 23, IN 25/01).
Os ganhos líquidos sujeitam-se à alíquota de 20% no caso de opera-
ções day-trade e de 15% nas demais.
São isentos do Imposto de Renda, os ganhos líquidos auferidos por
pessoa física em operações efetuadas com ações, no mercado à vista de
bolsas de valores, e em operações com ouro ativo financeiro, cujo valor
das alienações em cada mês, seja igual ou inferior a R$20.000,00, para o
conjunto de ações e para o ouro ativo financeiro respectivamente.
Além das operações day-trade, que permanecerão tributadas na
fonte, nos termos da legislação em vigor, a venda de ações no mercado
à vista de bolsa de valores também passou a sofrer, a partir de 01 de ja-
neiro de 2005, a incidência de Imposto de Renda na fonte, a alíquota de
0,005%, que incidirá sobre o valor de cada alienação.
77Formação de preços das ações, homebroker e risco
Esse imposto, cuja retenção e recolhimento será de obrigatoriedade
da instituição intermediadora das operações, poderá ser deduzido do
imposto sobre ganhos líquidos apurados no mês ou nos meses subse-
quentes, compensado na declaração de ajuste anual se, após a dedução
anterior, houver saldo de imposto retido, ou compensado com o impos-
to devido sobre o ganho de capital na alienação de ações. Haverá isen-
ção do recolhimento do Imposto de Renda na fonte sobre essas novas
incidências, caso o valor do imposto, somando-se todas as operações
realizadas no mês, seja igual ou inferior a R$1,00.
Compensações de perdas
Para fins de apuração e pagamento do imposto mensal sobre os
ganhos líquidos, as perdas incorridas nas operações do mercado à vista,
de opções, futuros e a termo, poderão ser compensadas com os ganhos
líquidos auferidos, no próprio mês ou nos meses subsequentes, em
outras operações realizadas em qualquer uma dessas mesmas modali-
dades citadas, exceto no caso de perdas em operações de day-trade, que
somente serão compensadas com ganhos auferidos em operações da
mesma espécie (art. 30, IN 25/01).
Retenção e recolhimento
Os ganhos líquidos são apurados em períodos mensais e pagos até
o último dia útil do mês subsequente ao da apuração, através de DARF
específico, de código 6015 (art. 23, IN 25/01).
Essas apurações devem ser realizadas para cada ativo isoladamente, e
asrespectivasmemóriasdecálculodevemserconservadasporumprazo
78 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
mínimo de 5 anos, porém o recolhimento poderá ser feito por um único
DARF. A responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do Impos-
to de Renda incidente sobre os ganhos líquidos é do contribuinte.
Exemplo de cálculo do IR
Um investidor pessoa física se cadastrou em uma corretora e efetuou
as seguintes operações: comprou X ações da PETR4 por R$20.000,00 pa-
gando R$125,21 de corretagem. Meses depois vendeu X ações da PETR4
por R$21.500,00 pagando R$132,71 de corretagem.
Temos a seguinte apuração fiscal:
R$21.500,00 (Venda) – R$20.000,00 (Compra) = R$1.500,00 (Lucro
Bruto)
R$1.500,00 – R$125,21 (Corret. C.) – R$132,71 (Corret. V.) =
Ganho líquido = R$1.242,08
IR devido = (R$1242,08 . 15%) = R$186,31
79Formação de preços das ações, homebroker e risco
Oautor.
É day-trade?Sim
SimNão
Sim Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não Não
NãoNão
É mercado à
vista?
Houve
lucro?
Houve
lucro?
Houve
lucro?
Imposto do mês:
20% sobre o lucro
Abata dos lucros
com day-trade
do mês atual ou
dos meses
subsequentes
Abata dos lucros
não day-trade
do mês atual
ou dos meses
subsequentes
Imposto do mês:
15% sobre o lucro
Imposto do mês:
0% sobre o lucro
As vendas
no mês
somam
$20.000 ou
menos
Houve
lucro?
Cálculo do IR
Índices de ações
Os índices de ações servem como ponto de referência (benchmark)
para medir determinado mercado. Cumprem basicamente três objeti-
vos: demonstram a variação de preços do mercado, oferecem um pa-
râmetro para a avaliação da performance dos portfólios e podem servir
80 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
ainda como instrumentos de negociação no mercado futuro. A movi-
mentação do mercado de ações é medida por uma variedade de índices.
Esses baseiam-se numa carteira virtual de papéis, escolhidos de acordo
com critérios preestabelecidos, como volume de negócios, tamanho da
empresa, setor da economia etc.
O principal índice do mercado brasileiro de ações é o Ibovespa, Índice
da Bolsa de Valores de São Paulo. É o valor atual de uma carteira teórica
de ações a partir de uma aplicação hipotética. A carteira do Ibovespa
teve início em 1968, com valor definido em 100 pontos. Desde então, o
aumento ou redução desse número traduz a tendência geral dos preços
das ações negociadas na bolsa. O índice Bovespa é o mais importante
indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações
brasileiro. Sua relevância advém do fato de retratar o comportamento
dos principais papéis negociados na Bovespa e também de sua tradi-
ção, pois o índice manteve a integridade de sua série histórica e não
sofreu modificações metodológicas desde sua implementação em 1968.
A carteira é composta pelos papéis que alcançam 80% de participação
acumulada em número de negócios e volume financeiro nos 12 meses
anteriores, tendo presença em pelo menos 80% das sessões de pregão
desse período. Nenhuma ação pode pertencer ao índice se sua negocia-
ção for inferior a 0,1% do volume total de negócios. Reavaliações quadri-
mestrais (com base nos 12 meses anteriores) servem para atribuir novos
pesos de ponderação às diferentes ações que compõem a carteira do
Ibovespa. O critério para escolha dessas ações baseia-se sobretudo em
sua participação no volume de negócios.
81Formação de preços das ações, homebroker e risco
Oautor.
PETRA4
VALES
BBDC4
USIM5
VALES
ITAU4GGBR4UBBR11CSNA3
PETR3
ITSA4
ALLL11
BBAS3
TNLP4
NETC4
CMIG4
GOLL4
CSAN3
BRAP4
TAMM4
CYRE3
TCSL4
ELET6
NATU3
BTOW3
CESP6
AMBV4
TCSL4
ELET6
NATU3
BTOW3
CESP6
AMBV4
Outras
Outros índices
IBX100: índice Brasil. Calculado pela Bovespa, mede o desempenho
das 100 ações mais negociadas, ponderadas pelo seu valor de mercado
(número de ações disponíveis multiplicado pelo valor da ação).
IEE: Índice das empresas de Energia Elétrica. Também calculado pela
Bovespa. Mede o comportamento das ações das principais empresas de
energia elétrica.
82 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
FGV100: calculado pela Fundação GetúlioVargas, avalia o desempenho
das 100 empresas privadas não financeiras mais capitalizadas na Bovespa.
Dow Jones – EUA: é um dos índices mais antigos e mais utilizados pelo
mercado em todo o mundo. Ele é composto por 30 ações – as mais impor-
tantes e mais representativas de cada setor da economia americana. Essas
ações representam cerca de um quinto de todas as ações negociadas nos
EUA, e cerca de um quarto das negociadas na bolsa de valores de NewYork,
a NYSE. Alguns exemplos de empresas que fazem parte do índice: Coca-
-Cola,Walt Disney, General Motors, Intel, McDonald’s, IBM e Microsoft.
S&P 500 – EUA: o S&P 500 Index é formado pelas principais empre-
sas norte-americanas, de acordo com: valor de mercado, representa-
tividade no setor em que atuam e liquidez das ações. O peso de cada
companhia no índice está relacionado ao seu valor total de mercado.
Atualmente, cerca de 75% das empresas que fazem parte do índice são
do setor industrial, 8% do setor de serviços, 15% do setor financeiro e
2% do setor de transportes. É um índice muito importante, largamente
utilizado nos mercados norte-americano e internacional.
Nasdaq – EUA: o índice representa todos os ativos, norte-america-
nos e estrangeiros, listados na National Association of Securities Dealers
Automated Quotation System (Nasdaq). O índice da Nasdaq é ponderado
pelo valor de mercado das empresas. Esse valor é calculado multiplican-
do-se o preço de fechamento pelo número total de ações da empresa.
Desse modo, cada ativo afeta o índice apenas na proporção de seu valor
de mercado. O índice da Nasdaq é composto, atualmente, por cerca
de mais de 4 000 companhias. Devido à sua abrangência, esse índice é
muito acompanhado pelo mercado financeiro.
83Formação de preços das ações, homebroker e risco
Riscos
A parcela inesperada do retorno, resultante de surpresas, representa
o verdadeiro risco de qualquer investimento. Sempre que se recebe exa-
tamente o que se espera, o investimento será perfeitamente previsível e,
por definição, será livre de risco. Em outras palavras, o risco de se possuir
um ativo decorre de surpresas e eventos inesperados.
Ações são considerados investimentos de risco, porque não existe
forma de garantir que seu capital renderá 5%, 10% ou 20% no mês, pois
trata-se de renda variável.
Por serem de risco, são também os investimentos capazes de gerar gran-
desrendimentos,principalmentenolongoprazo.Éprecisoentãoreduziresse
riscoaomáximo.Nãoépossíveleliminaroriscodomercado,sendonecessário
gerenciá-lo. Uma das formas de minimização do risco é pela diversificação.
Risco sistemático
É aquele que influencia um grande número de ações, em grau maior
ou menor. Também é chamado de risco de mercado, uma vez que são
riscos sistemáticos, com a mesma amplitude e não diversificáveis.
Risco não sistemático
Um risco não sistemático é o que afeta uma única ação ou um grupo pe-
queno de ações. São riscos diversificáveis. Os riscos de uma carteira podem,
em princípio, ser muito diferentes dos riscos dos ativos que a compõem.
84 Aprenda a Investir na Bolsa deValores
Uma parte do risco associado a ativos individuais pode ser eliminada
através da formação de carteiras. O processo de distribuição de investi-
mento por vários ativos, formando uma carteira, é denominado diversi-
ficação. O princípio da diversificação diz que a distribuição de aplicações
por muitos ativos eliminará parte do risco, o que é chamado de riscodiver-
sificável. É a parte que pode ser eliminada por meio da diversificação.
No eixo vertical da figura a seguir, é medido o risco e, no eixo horizon-
tal, está o número de ações incluídas na carteira. Note que os benefícios
da adição de títulos, em termos de redução de risco, caem à medida
que o número de ações aumenta. Com 8 ações, a maior parte do efeito
já aconteceu e, quando se chega a 30 ações, não há praticamente qual-
quer benefício adicional a ser obtido.
0 10 20 30 40 50
Risco diversificável
Risco de mercado ou risco não diversificável
A redução do risco do negócio através da diversificação
Risco
Número de ativos na carteira
Oautor.
85Formação de preços das ações, homebroker e risco
Existe, porém, um nível mínimo de risco que não pode ser eliminado
simplesmente pelo processo de diversificação. Esse nível mínimo é de-
nominado risco não diversificável. Em conjunto, esses dois pontos repre-
sentam uma outra lição importante que se extrai da história do mercado
de capitais: a diversificação reduz o risco, mas somente até certo ponto,
ou seja, parte do risco é diversificável, e outra parte não é.
N.º de setores Eliminação de risco
2 46%
4 72%
8 91%
16 93%
32 96%
64 97%
500 99%
Texto
complementar
After-market: o que é?
 (IGF, 2007)
O after-market foi criado pela Bovespa em 1999. Nesta sessão são
permitidas apenas operações no mercado à vista e somente de ações
que tenham sido negociadas em horário regular.
Seu funcionamento, normalmente, acontece das 17h30 às 17h45, fase
de pré-abertura, na qual é permitido o cancelamento das ofertas registra-
das no período regular, e das 17h45 às 19h ocorre a fase de negociação.
No horário de verão, esse período é retardado, com os horários passando
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  • 1. APRENDA A Investir na Bolsa de Valores Leandro Hirt Rassier Sílvio Paulo Hilgert 2009
  • 2. IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. Batel – Curitiba – PR CEP: 80730-200 – Fone: 0800 708 88 88 www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. © 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. R228 Rassier, Leandro Hirt; Hilgert, Sílvio Paulo. / Aprenda a Investir na Bolsa de Valores. / Leandro Hirt Rassier. Sílvio Paulo Hilgert. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009. 172 p. ISBN: 978-85-387-0799-8 1. Bolsa de Valores. 2. Especulação (finanças). 3. Investimentos. I. Título. II. Hilgert, Sílvio Paulo. CDD 332.6 Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: Jupiter Images / DPI Images
  • 3. Leandro Hirt Rassier Sílvio Paulo Hilgert Mestre em Administração com ênfase em Contabilidade e Finanças pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Educação Matemática e Administração Financeira. Bacharel em Engenharia Civil pela UFRGS. Consultor Financeiro, agente autônomo de investimentos e professor universitário em cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Lute- rana do Brasil (ULBRA) e Pontifícia Universidade Católica (PUC). Autor do livro: Organize suas Finanças. Atualmente ministra cursos e palestras na área de mer- cado de capitais e exerce a função de diretor acadêmico da XP Educação. Especialista em Desenvolvimento Gerencial pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). Especialista em Mercado de Capitais pela Universi- dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Graduado em Administração pela Unoesc. Longa experiência no Mercado Financeiro e de Capitais, tendo atuado no Banco Bamerindus, HSBC, Sicredi e XP Investimentos Corretora. Atualmente atua como coordenador acadêmico, professor e palestrante da XP Educação.
  • 4.
  • 5. Apresentação Quando um brasileiro de classe média ouve falar em bolsa de valores, a primeira imagem que vem a sua mente é a de cassino ou de casa de apostas. A bolsa é vista por muita gente como “ciranda financeira”, um lugar onde os milionários arriscam seu dinheiro de modo destemido e apostam em empresas como se fossem cavalos. Também se imagina que investidores recebem dicas de ações sussurradas como as barbadas do turfe. O resultado disso costuma ser, segundo tal visão, uma espiral de perdas e ganhos. As perdas, em geral para o cidadão comum e os ganhos, para aqueles que manipulam as cotações graças ao acesso a informações privilegiadas. Essa imagem da bolsa portanto, nunca, em toda a história do Brasil, esteve tão distante da realidade. O espetacular boom do mercado de capitais no Brasil nos últimos anos está revolucionando a maneira de pensar, principalmente dos empresários brasileiros. Paira no ar a sensação de que negócios bem estruturados podem se viabilizar dentro de uma cadeia financeira inédita no país. Essa sensação liberta um espírito empreendedor e capitalista até há pouco tempo desconhecido para os brasileiros. Trata-se de um esboço de Brasil novo, mais estável, globalizado e competitivo. Faz parte de um modelo de nação mais livre e aberta, que oferece uma alternativa de desenvolvimento viável se apoiado por um estado eficiente e justo. As ações negociadas nas bolsas de valores nada mais são do que pe- quenos “pedaços” do capital de uma empresa. Quem compra ações na bolsa o faz com a expectativa de se tornar sócio da empresa e de obter um bom retor- no, advindo da lucratividade e do crescimento da companhia. As empresas, ao abrirem capital, buscam obter recursos para investir, seja contratando gente, seja em equipamento ou inteligência. Em vez de pedir dinheiro emprestado a bancos, mais empresas buscam captar dinheiro de novos sócios nas bolsas para aperfeiçoarem seus produtos e serviços e, assim, obterem mais lucro. Esse lucro é devolvido ao investidor pelos dividendos distribuídos e pela valorização das ações, pois as empresas que lucram mais, valem mais. Até então, o mercado de capitais não exercia seu papel de intermediar a poupança e o investimento na economia. Com a estabilização, a privatização e a abertura da economia a partir de 1994, o Brasil começou a atrair somas vultu- osas de Investimento Estrangeiro Direto, ou seja, investimento em empresas ti-
  • 6. picamente de propriedade ou controladas por empresas estrangeiras. Portanto, até 2005 pouco capital estrangeiro veio para investir em empresas brasileiras, ou seja, pouquíssimo dinheiro veio para a bolsa de valores. Ao longo do tempo, no entanto, as coisas começaram a mudar para melhor. As leis das Sociedades Anônimas e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foram reformadas dando a CVM melhores condições de exercer seu papel de proteção aos acionistas minoritários; os investidores institucionais começa- ram a ter uma postura mais ativa na gestão das empresas, e a Bolsa de Valores de São Paulo criou o Novo Mercado, uma listagem especial que identifica as empresas que obedecem a critérios rigorosos de governança corporativa. Além disso, a superação da crise de confiança de 2002, a retomada de um processo de alta nas principais bolsas de valores do mundo, especialmente as emergen- tes, assim como a queda nas taxas de juros domésticas, contribuíram para uma extraordinária decolagem da nossa bolsa. Foi como um passe de mágica: plan- tadas as sementes, assim que o tempo melhorou veio uma sensacional colheita. Os números falam por si: os lançamentos de ações na bolsa atingiram 14 bilhões de reais em 2005, 30 bilhões em 2006 e 70 bilhões em 2007! Esses números são expressivos e como proporção do PIB começam a ser relevantes. Dessa forma, a revolução capitalista vivida pela economia brasileira hoje é resultado da modernização de nosso mercado de capitais e está sendo pro- vocada pela bolsa de valores. Não há crescimento econômico sem crescimento das empresas. Portanto, é a hora ideal para o cidadão comum abandonar as ideias gastas sobre a bolsa e tentar entender como ela funciona e favorece o crescimento da economia. Quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado de capitais, o que se traduz em mais oportunidades para as pessoas, empresas e instituições aplicarem suas poupanças. Ao abrir seu capital, uma empresa encontra uma fonte de captação de recursos financeiros permanentes. A plena abertura de capital acontece quando
  • 7. a empresa lança suas ações ao público, ou seja, emite ações e as negocia nas bolsas de valores. E você, ao adquirir ações, passa a ser também sócio da em- presa – um acionista. Com uma movimentação diária em média superior a R$4 bilhões, em 2007, e quase 500 empresas inscritas (listadas), a Bovespa (Bolsa deValores de São Paulo) é o maior polo do mercado de venda e compra de ações da América Latina. Fun- dada ainda no século 19, a Bovespa tem passado por inúmeras modificações ao longo dos anos e, por causa das instabilidades econômicas históricas mundiais e do Brasil, passou por várias oscilações. Esse vai-e-vem de capital especulativo, além de assustar o pequeno investidor, sempre mexeu com várias outras áreas da eco- nomia, por exemplo, as taxas de câmbio. Nos últimos anos, no entanto, o peque- no investidor tem visto com bons olhos o mercado de ações. Isso fica claro com o aumento do número de pessoas físicas investindo na Bovespa. Em 2007, cerca de 20%dosnegociadorestinhamoperfildepequenoinvestidor.Éumavançopoisem 1989esseinvestidorrepresentavaapenas3%dototaldenegociadores.Alémdisso, muita gente tem investido indiretamente nas bolsas quando, por exemplo, coloca seu dinheiro em determinado fundo de investimento oferecido pelos bancos de varejo e corretoras ou contrata um plano de previdência privada. De qualquer modo, se você já é um desses investidores ou se interessa em ser, é importante conhecer um pouco mais sobre a Bovespa, seus serviços e sua história. Todo investidor deve buscar a otimização de quatro aspectos básicos em um investimento: retorno, prazo, proteção e liquidez. Ao avaliá-lo, portanto, deve estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. A rentabilidade é sempre dire- tamente relacionada ao risco. Ao investidor cabe definir o nível de risco que está disposto a correr, em função de obter uma maior ou menor lucratividade. Obter resultados promissores em investimentos de renda variável, como a bolsa de valores, requer a constante presença de três aspectos por conta do investidor: conhecimento, estratégia e disciplina.
  • 8.
  • 9. Importante Este material tem conteúdo meramente informativo e não se caracteriza como oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer ação, ativo ou instrumento financeiro. O investimento em ações é uma operação de risco, sendo que, nas opera- ções com derivativos, pode haver perdas superiores ao valor investido e, nessa condição, o investidor pode ser chamado a apontar recursos. Além disso, rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, daí porque os percentuais de valorização apresentados neste material não sig- nificam o potencial futuro de valorização.
  • 10.
  • 11. Sumário Como funciona o mercado de ações.................................15 O que é uma ação...................................................................................................................... 15 Governança corporativa.......................................................................................................... 20 Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas..............................................31 Abertura de capital.................................................................................................................... 31 A importância do mercado de ações para o desenvolvimento da economia e do Brasil........................................................................................................... 35 Formas de negociação de ações........................................................................................... 38 Remuneração dos acionistas................................................................................................. 42 Eventos sobre as ações............................................................................................................. 45 Direitos dos acionistas.............................................................................................................. 45 Participantes do mercado de capitais................................49 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)............................................................................. 49 Corretoras...................................................................................................................................... 50 Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).............................................. 51 Bolsa de valores.......................................................................................................................... 53 Formação de preços das ações, home broker e risco...................................................................63 Pregão da bolsa.......................................................................................................................... 63 Processo de negociação de ações ....................................................................................... 64 Home broker ................................................................................................................................. 67 Controles do investidor ........................................................................................................... 71
  • 12. Custos operacionais ................................................................................................................. 75 Tributação .................................................................................................................................... 76 Índices de ações ......................................................................................................................... 79 Outros índices ............................................................................................................................. 81 Riscos ............................................................................................................................................. 83 Texto complementar................................................................85 Escolas de análise de investimentos..................................95 Escola fundamentalista............................................................................................................ 95 Escola técnica............................................................................................................................101 Texto complementar..............................................................114 Alternativas de investimento, mercado de opções e mercados futuros (BM&F).........119 Coletivamente...........................................................................................................................119 Individualmente.......................................................................................................................122
  • 13. Estratégias operacionais.......................................................137 Muitos não sabem o que fazem ........................................................................................137 A importância da estratégia.................................................................................................138 Tendências..................................................................................................................................139 Indicador de médias móveis ..............................................................................................142 Aplicações com as médias móveis....................................151 Mercado a termo......................................................................................................................151 Aluguel de ações ....................................................................................................................153 Montagem e gerenciamento de carteira.........................................................................160 Referências.................................................................................165
  • 14.
  • 15. O que é uma ação Ações são títulos nominativos, negociáveis, que representam uma fração do capital social de uma empresa. Ao comprar uma ação o inves- tidor se torna sócio da empresa, ou seja, de um negócio. Passa a correr o risco dos lucros e prejuízos como qualquer empresário. Oautor. Empresa Ação Quem compra uma ação na bolsa de valores está levando uma pe- quena parte de uma empresa de terceiros e passa a ser chamado de acionista minoritário. Ser sócio de uma empresa listada na bolsa de valo- res traz algumas vantagens, por exemplo, enquanto a entrada ou saída na sociedade de uma empresa limitada ou de capital fechado requer um processo burocrático de alterações de contratos sociais, comprar ou vender uma ação de uma empresa listada em bolsa é um ato feito ele- tronicamente com poucos clicks. A liquidez do mercado acionário per- mite ao investidor ter a opção de se retirar da sociedade e migrar para outro negócio mais atraente. Como funciona o mercado de ações
  • 16. 16 Aprenda a Investir na Bolsa deValores A forma mais segura de conseguir bons retornos investindo em ações é comprar papéis de empresas bem geridas, que apresentem lucros sóli- dos e crescentes, e não ter pressa de vendê-los. O investidor deve buscar critérios de avaliação de empresas para analisar seus fundamentos e não se preocupar com as oscilações de curto prazo das cotações das suas ações (volatilidade). O risco no investimento em ações é justamente vender por preços“injustos”seus papéis num momento de volatilidade, o que é normal em um mercado que contém liquidez. No longo prazo, os bons fundamentos das empresas devem preva- lecer e a valorização acontecerá. Uma empresa com histórico de cres- cimento contínuo terá sempre grande demanda por suas ações, fazen- do com que elas sejam negociadas em grandes quantidades e a preços crescentes. Identificá-las é o desafio do investidor. Tipos de ações Ações Ordinárias (ON) – é o tipo de ação que concede o direto de voto nas assembleias da companhia ao seu detentor. No en- tanto, na maioria das vezes ele não tem poder de veto. O direito de voto ganha relevância nos casos em que há divergências entre os acionistas controladores.Veja, por exemplo, o caso de uma em- presa que tenha três sócios no controle e um deles discorda sobre determinado assunto na assembleia. Esse sócio pode, dependen- do da circunstância, vir a ter direito de veto ao se juntar a outros minoritários detentores de ações ON. O que torna as ações ordinárias ainda mais interessantes, contudo, para o investidor é o tag along. A Lei das Sociedades Anônimas deter- mina que todo acionista com ações ON tenha direito de participar do
  • 17. 17Como funciona o mercado de ações prêmio de controle. Pela lei, esses acionistas possuem o direito de rece- ber por suas ações no mínimo 80% do valor pago para o controlador em caso de venda da empresa. Em função da evolução do Novo Mercado, que é um segmento de listagem de empresas negociadas no Bovespa e que se comprometem voluntariamente a adotar práticas de governança corporativa, a maioria das empresas que tem realizado a abertura de seu capital tem optado por esse segmento. A principal exigência desse mercado é de que o capital social da empresa seja composto somente por ações ordinárias ou ON. Ações Preferenciais (PN) – as ações preferenciais nominativas são aquelas que menos protegem o acionista minoritário, porque não lhe dá o direito de votar em assembleia e ainda, em caso de venda da empresa, a lei não lhe garante o direito de participar do prêmio de controle. São ações típicas do mercado brasileiro. Não há ações com essas características em mercados mais desenvolvi- dos, como o americano, por exemplo. NoBrasil,noentanto,sãoasaçõesPNasquegeralmentetêmmaiorliqui- dez, porque permitem a empresa emitir ações, sem precisar ter sócios com direito a voto, não correndo assim, risco de perder o controle da empresa. A nova Lei das Sociedades Anônimas limitou a emissão de ações PN. Atualmente, ao constituir uma nova empresa, para cada ação ON, a empre- sa pode emitir apenas uma ação PN. Antes essa relação era de duas ações PN para uma ação ON. As empresas que já existiam antes da entrada em vigor da nova lei podem continuar emitindo ações pela regra antiga. Os acionistas preferencialistas, como são chamados os detentores de ações PN, contudo, têm preferência no recebimento dos dividendos
  • 18. 18 Aprenda a Investir na Bolsa deValores pagos pela empresa quando ela tem lucro. A legislação estabelece divi- dendo mínimo obrigatório para as ações PNs, e se a empresa não pagar dividendos por três anos consecutivos, as PNs adquirem direito a voto. Algumas empresas estão alterando seus estatutos com o objetivo de es- tender às ações PN o tag along que é o direito de participar do prêmio de controle pago ao acionista controlador da empresa quando da sua venda. No Novo Mercado, que é um segmento de listagem de empresas negocia- dasnoBovespa quesecomprometemvoluntariamenteaadotarpráticasde governança corporativa, são admitidas apenas empresas com ações ON. Códigos das ações Ações Ordinárias (ON) – é representada pelo número“3”depois das quatro letras do código do ativo. Exemplo: PETR3. Ações Preferenciais (PN) – é representada pelo número “4” depois das quatro letras do código do ativo. Exemplo: PETR4. Ações diferenciadas por classes Ascompanhiaspodememitirdiferentesclassesdeaçõesparaostipos ON e PN. As classes geralmente recebem classificação A, B, C, ou alguma outra letra. Cada classe corresponde a uma característica diferente, por exemplo, valores diferenciados de dividendos. As características de cada classe devem ser verificadas no estatuto da companhia. Preferenciais classe A – é representada pelo número “5” depois das quatro letras do código do ativo. Exemplo: USIM5.
  • 19. 19Como funciona o mercado de ações Preferenciais classe B: é representada pelo número “6” depois das quatro letras do código do ativo. Exemplo: ELET6. Obs.: As ações diferenciadas por classe podem ir até a letra“Z”. Exemplos de códigos de ações Empresa Código Setor Natura ON NATU3 Cosméticos Petrobras PN PETR4 Petróleo Gerdau PN GGBR4 Siderúrgico Vale do Rio Doce PNA VALE5 Mineração Eletrobras PNB ELET6 Elétrico Perdigão ON PRGA3 Alimentos BrasilTelecom PN BRTO4 Telecomunicações Localiza ON RENT3 Aluguel Automóveis Cyrela ON CYRE3 Imobiliário ALL UN ALLL 11 Logística Braskem PNA BRKM5 Petroquímico Ações diferenciadas por níveis blue chips ou de 1.ª linha – são ações de grande liquidez e procura no mercado de ações por parte dos investidores, em geral de em- presas tradicionais, de grande porte/âmbito nacional e excelente reputação, cujos preços elevados refletem esses predicados; de 2.ª linha – são ações um pouco menos líquidas, de empresas de boa qualidade, mas de maior risco se comparadas com as blue chips. Em geral são empresas de grande e médio porte, tradicionais
  • 20. 20 Aprenda a Investir na Bolsa deValores ou não; seus preços são mais baixos e costumam ser mais sensíveis aos movimentos de mercado de baixa que aos de alta (isto é, so- bem depois das blue chips e caem antes); de 3.ª linha – são ações com pequena liquidez, em geral de com- panhias de médio e pequeno portes – porém não necessariamen- te de menor qualidade e maior risco relativamente às de 2.ª linha – cuja negociação caracteriza-se pela descontinuidade. de privatização – são ações de companhias colocadas no mer- cado através de leilões do Programa Nacional de Desestatização (PND). Algumas das companhias em processo de privatização podem já ter suas ações negociadas em bolsas de valores, antes mesmo daquele ser completado, tendendo a incrementar sua li- quidez após a conclusão do mesmo. Governança corporativa Pode ser definida como o esforço contínuo em alinhar os objetivos da administração das empresas aos interesses dos acionistas. Isso envolve as práticas e os relacionamentos entre os acionistas/cotistas, o conselho de administração, a diretoria, uma auditoria independente e até mesmo um conselho fiscal. A boa governança corporativa permite uma administração ainda melhor e a monitoração da direção executiva da empresa. A empresa que opta pelas boas práticas de governança corporativa adota como linhas mestras a transparência, a prestação de contas (accountability) e a equidade.
  • 21. 21Como funciona o mercado de ações Com a preocupação de incentivar o aumento do volume de negócios, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estabeleceu princípios de go- vernança corporativa a serem seguidos pelas empresas, definindo níveis diferenciados de transparência de informações e cláusulas de respeito ao acionista minoritário. A adesão à iniciativa é voluntária e deve ser assinada entre os administradores das companhias e a Bovespa. Foram fixados dois níveis, proporcionais ao compromisso assumido. Nível 1 As empresas do nível 1 comprometem-se a manter em circulação ao menos 25% do capital total e, em caso de emissão de novas ações, usar mecanismos de oferta pública que favoreçam a pulverização do capi- tal. As informações contábeis devem ser divulgadas trimestralmente, de formaconsolidada,assimcomoeventuaisacordosdeacionistas.Háainda a necessidade de adoção de um calendário de eventos corporativos. Nível 2 Para ser classificada no nível 2 da Bovespa, a empresa deve adotar todas as obrigações previstas no nível 1, mais um conjunto ampliado de princípios de governança corporativa. É uma espécie de “preparató- rio” para o Novo Mercado. A empresa precisa estabelecer mandato de um ano para o conselho de administração, publicar o balanço segundo as regras do Generally Accepted Accounting Principles in the United States (USGaap) e facultar o direito de voto aos acionistas preferencialistas em questões como cisão, incorporação ou fusão, e também em contratos
  • 22. 22 Aprenda a Investir na Bolsa deValores entre empresas do mesmo grupo. Atuar no nível 2 implica ainda esten- der os mesmos direitos dos controladores aos minoritários ordinaristas (ou 70% desses direitos para os preferencialistas) em caso de troca de controle da empresa. As empresas que integram o nível 2 devem assu- mir perante o mercado que, em caso de fechamento de capital, se com- prometem a fazer oferta pública de compra de todas as ações em circu- lação pelo valor econômico. Novo Mercado A Bovespa criou, em 2001, o Novo Mercado.Trata-se de um segmento de listagem, uma classificação composta por empresas que se compro- metem, voluntariamente, a praticar uma boa governança corporativa e uma política de disclosure (transparência de informações estratégicas e financeiras), para além do que é exigido pela legislação. Com a novidade, a bolsa busca atrair investidores, exigindo que as companhias tratem os acionistas com mais respeito, resguardando seus direitos e oferecendo uma gama maior de informações, cuja divulgação não é obrigatória por lei. Para ingressar nesse ambiente diferenciado, as empresas precisam cumprir uma série de regras. A principal delas é a proibição de emissão de ações preferenciais (PN), ou seja, todo o capital deve ser dividido em ações ordinárias (ON), que dão direito a voto. Os conceitos da boa governança corporativa podem parecer um tanto subjetivos, mas fazem a diferença ao longo dos anos. Entre eles, a formação de conselhos de administração profissionalizados tem eli- minado as estruturas de poder quase totalitário, antes comuns em em- presas de controle familiar. Outro destaque é a abertura de informações financeiras gerais, tanto do balanço como de operações controladas ou
  • 23. 23Como funciona o mercado de ações coligadas. A governança reza que as empresas devem realizar reuniões periódicas com analistas de investimentos e divulgar as operações com ações de quem detenha mais de 5% do capital total. A melhoria dos níveis de governança corporativa depende de uma mudança de comportamento dos agentes do mercado, através de ins- trumentos de autorregulação estabelecidos por entidades associativas dos vários segmentos. As alterações legislativas recentes visam a incen- tivar e induzir essa mudança de comportamento. A iniciativa da Bovespa de criar o Novo Mercado e o índice de gover- nança corporativa, níveis 1 e 2, foi um passo decisivo na direção desse objetivo. É importante, entretanto, estar atento a certas circunstâncias para que não se criem distorções que venham a anular o objetivo maior de estabelecer relações mais equitativas. Para ingressar no Novo Mercado, é exigido que a companhia tenha ex- clusivamente ações ordinárias e conceda a todos os acionistas a opção de vender suas ações nas mesmas condições obtidas pelos controladores. Já para ingressar no nível 2 da governança corporativa, a companhia precisa atribuir idêntica opção aos detentores de ações ordinárias e também aos detentores de ações preferenciais, só que, nesse caso, por preço equivalente a 80% do preço pago aos controladores (tag along). Pela ótica das empresas, aquelas que se enquadrarem às regras do Novo Mercado deverão conseguir melhor precificação de suas ações, con- seguindo com isso menores custos de captação. Isso deverá acontecer,
  • 24. 24 Aprenda a Investir na Bolsa deValores tendo em vista que os investidores estão dispostos a pagar um prêmio para as empresas que adotam melhores práticas de governança corpora- tiva e apresentam maior grau de transparência. Pela ótica dos investidores, o Novo Mercado representa a oportunidade de comprar um“produto ação”diferenciado. No Novo Mercado são nego- ciadas apenas ações com direito a voto (ordinárias), o que permite ao in- vestidor participar e acompanhar de perto a evolução da companhia. Além disso,elevadospadrões degovernançacorporativaeo maior grau detrans- parência,associadosàexistênciadeumacâmaradearbitragemparaareso- lução de conflitos, trazem maior segurança aos investidores. Câmara de arbitragem é um órgão instituído pela Bovespa com o objetivo de solucionar conflitos e controvérsias relacionados ao Regula- mento de Listagem. As empresas do Novo Mercado e aquelas designa- das como companhia nível 2 deverão, obrigatoriamente, aderir à câmara de arbitragem. A governança corporativa teve de ser desenvolvida e moldada nos termos de uma empresa moderna, com participação de minoritários e funcionando de uma maneira muito transparente.Tudo isso levou a empresa a aumentar seu nível de agilidade, de eficiência, de modernidade e, sem dúvida, foi uma transformação muito benéfica à empresa. A CCR foi a primeira empresa a aderir ao Novo Mercado, exatamente pela percepção clara da importância do tratamento ao minoritário nessas novas perspectivas do mercado acionário brasileiro. (EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR RODOVIAS, 2009)
  • 25. 25Como funciona o mercado de ações Texto complementar Ofertas de ações – 2 em 1 Mais simples e líquidas, as units conquistam as companhias que desembarcam no nível 2 da Bovespa (LACHINI, 2006) O aumento das exigências dos investidores com relação à governan- ça corporativa e à liquidez das ações está solidificando uma tendência no mercado de capitais brasileiro: a existência de ações com os mesmos direitos e a mesma negociabilidade na bolsa. Devido às peculiaridades do nosso mercado, no entanto, isso não significa necessariamente que todas as empresas passarão a emitir apenas ações ordinárias. Mesmo as companhias que se listaram no nível 2, por meio da oferta de papéis preferenciais, encontraram formas de concentrar a liquidez em apenas um tipo de ação e de estender o direito mais valorizado pelos investidores – o tagalong de 100% – para todos os acionistas. A principal delas foi a emissão de units, que podem ser traduzidas como certificados de depósitos de ações ordinárias e preferenciais. As units estão se consa- grando como instrumento preferido das companhias que lançam ações no nível 2, e foram utilizadas em todas as ofertas públicas iniciais (IPOs) feitas em 2006 nesse nível de governança corporativa –Vivax, Equatorial Energia, Santos Brasil e Terna. Além dessas, também negociam units a ALL e o Unibanco, primeiros a adotar o certificado.
  • 26. 26 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Para compensar a não-listagem no Novo Mercado, as empresas costu- mam estender para as ações preferenciais (portanto, para todas as units) o tag along de 100%. No caso do Novo Mercado, só são admitidas ações or- dinárias. Já no nível 2, são permitidas as ações preferenciais, que devem ter tag along de 80%. As companhias que fazem IPOs nesse segmento, contu- do, têm assegurado o tagalong de 100% também para os preferencialistas. Mas, por que algumas empresas optam por listar duas espécies de ações no nível 2, e criam um recibo para representá-las, se dão o tag along de 100% para os preferencialistas? Não seria mais simples partir para a listagem direta no Novo Mercado, já que o direito mais importan- te dado aos investidores é o mesmo? Vale lembrar que o direito a voto, concedido a todos os acionistas no Novo Mercado e forte candidato a responder a essa pergunta, também é conferido aos preferencialistas do nível 2 em matérias como incorporação, cisão ou fusão. De fato, a solução do Novo Mercado seria bem mais adequada. Mas as empresasqueoptarampelonível2geralmenteencontraramrestriçõeslegais ou regulatórias que impediam uma eventual tomada de controle acionário em bolsa de valores – situação a que a companhia está sujeita quando tem o capital composto apenas por ordinárias e pulveriza suas ações. Desde que o mercado de capitais brasileiro iniciou o forte movimento de ofertas de ações, em 2004, até outubro de 2007, foram registrados 37 IPOs, sendo que apenas um deles – o do UOL – foi realizado no nível 2 sem que houvesse um empecilho regulatório para a listagem no Novo Mer- cado. Todas as outras que optaram pelo nível 2 encontraram restrições legais, pois operam com concessões de serviços públicos. Elas estavam impedidas de vender uma quantidade maior de ações ordinárias porque isso poderia diluir o controle, o que é vedado no caso das concessões.
  • 27. 27Como funciona o mercado de ações “O ideal é que exista apenas uma espécie de ações em negociação, e que a oferta seja feita no Novo Mercado. Ele está mais forte do que nunca”, diz José Olympio Pereira, diretor do Credit Suisse. Hoje o Novo Mercado é hegemônico quando se trata de IPOs. E os investidores só costumam aceitar ofertas em outros segmentos se existir uma boa razão para isso, além, é claro, do tag along integral para os preferencialistas. Já a opção pelas units tem sido vista como algo natural para as em- presas que listam seus papéis em outro segmento: “É muito difícil ter duas classes de ações negociando com a mesma liquidez”, diz Olympio. A tendência é simplificar a estrutura de capital e concentrar a liquidez em uma única classe. “Na prática, não importa qual seja o instrumento utilizado. O importante é que os direitos consagrados sejam conferidos”, diz Alexandre Bettamio, diretor do banco de investimentos do UBS. Preferencial turbinada – “Os investidores têm aceito bem as units porque estão mais preocupados com o tag along do que com a obtenção de direitos políticos”, afirma um profissional de um banco de investimen- tos. Para o executivo, se as ações preferenciais incluírem o tag along de 100%, os investidores estão dispostos a aceitá-las no lugar das ordinárias. Afinal,elessabemqueterãoodireitodevotoemsituaçõesrelevantespara a companhia e, segundo o especialista, não têm tanto interesse assim em exercer direitos relacionados à administração da companhia, como a pos- sibilidade de trocar o seu corpo diretivo. A Equatorial Energia (antiga Cemar), que realizou uma oferta de ações em abril deste ano, foi uma das companhias que encontraram restrições regulatórias para listar suas ações no Novo Mercado e acaba- ram concentrando a liquidez nas units. Como já tinha ações ordinárias e preferenciais, uma alternativa era fazer a troca e ficar apenas com as
  • 28. 28 Aprenda a Investir na Bolsa deValores primeiras. Mas essa não foi a opção adotada devido à possibilidade de enfrentar problemas junto ao órgão regulador do setor, a Agência Na- cional de Energia Elétrica (Aneel). O contrato de concessão estipula que as concessionárias devem ter um controlador definido, que detenha 50% das ações com direito a voto mais uma ação. “A migração para ações ordinárias seria um processo demorado e complicado, mas consideramos que ir para o Novo Mercado é algo natu- ral”, diz Leonardo Duarte Dias, Diretor de Relações com Investidores da Equatorial Energia. A solução encontrada foi listar os papéis no nível 2, com o tag along especial. O UOL, que listou ações no nível 2 mesmo sem encontrar restrições na regulamentação do seu setor, também estendeu o tagalong de 100% para as ações preferenciais. De acordo com o diretor de Relações com Investidores da companhia, Paulo Narcélio, para listar os seus papéis no Novo Mercado a empresa teria de mudar o acordo de acionistas com a Portugal Telecom, que faz parte do grupo de controle. Narcélio consi- dera que os investidores entenderam bem a operação, e que por isso não aplicaram um desconto sobre o preço das ações na época do IPO. No caso do UOL, a listagem de units não fazia sentido porque apenas as ações preferenciais são negociadas em bolsa. ONs e PNs? – A oferta de dois tipos de ações (ordinárias e preferen- ciais) permite que seja alocada maior quantidade de papéis ao mercado e, consequentemente, que sejam captados mais recursos sem acarretar a perda de controle. Ou seja, permite a chamada alavancagem de controle.
  • 29. 29Como funciona o mercado de ações Desde a reforma da Lei das S.A.s em 2001, as novas companhias aber- tasdevemterpelomenos50%docapitalcompostoporaçõesordinárias. Neste formato, é possível obter o controle de uma empresa com 25% do seu capital total (metade dos 50% das ações ordinárias), ofertando ao mercado a totalidade de preferenciais e metade das ordinárias. Caso uma empresa emita somente ações ordinárias, seria preciso 50% (mais uma ação) para se ter o controle definido. Ou seja, caso o controla- dor queira se manter neste posto, ele tem menos espaço para captação se tiver o capital composto apenas por ordinárias. Por isso, diz-se que os papéis preferenciais alavancam o controle. A composição de cada unit depende da estrutura de capital da em- presa. Nas companhias cujas ações preferenciais correspondem a 2/3 do total, as units geralmente são formadas por quatro preferenciais e uma ordinária. É esse o caso das units da ALL e da Santos Brasil. Naquelas cujo capital é composto por metade de ações preferenciais e metade de or- dinárias, as units são compostas por uma ordinária e duas preferenciais. Nessa situação estão as units da Vivax, Equatorial Energia e Terna. O detentor da unit possui os mesmos direitos assegurados por lei às ações ordinárias e preferenciais comuns, ou seja, as primeiras têm direi- to a voto e as segundas fazem jus ao recebimento prioritário de dividen- dos. Tanto o direito de voto como o recebimento dos dividendos são proporcionais à participação de cada papel na unit.
  • 30.
  • 31. Abertura de capital No cenário econômico atual, no qual predomina o uso intensivo de tecnologia, a grande competição entre as empresas e a globalização, as empresas não podem depender única e exclusivamente dos recursos próprios para financiar sua expansão. Nesse sentido, uma alternativa disponível para as empresas se capitalizarem é a abertura de capital. Me- diante a subscrição de ações novas, as empresas se suprem de capital. Abrir capital significa tornar-se uma companhia de capital aberto, ou seja, estar autorizada pela CVM a realizar emissões públicas, como debêntures, ações e bônus de subscrição. A empresa em fase de cresci- mento necessita de recursos para financiar seus projetos de expansão. Mesmo que o retorno oferecido pelo projeto seja superior ao custo de um empréstimo, o risco do negócio recomenda que se faça um balan- ceamento entre recursos de terceiros e recursos próprios. Estes são ob- tidos pela emissão de novas ações que serão subscritas (compradas) pelos atuais ou por novos acionistas. Financiamento do crescimento Parceria no risco do negócio + Parceria no lucro do negócio Novos sócios Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
  • 32. 32 Aprenda a Investir na Bolsa deValores O processo de abertura de capital da empresa sempre é um processo trabalhoso, desafiante e muito estimulante, porque ele exige uma série de adaptações e mudanças a esse novo contexto de empresa de capital aberto. Para a empresa, houve a necessidade de mobilizar toda a sua estrutura no sentido de atender a essas necessidades do mercado. O mercado está muito sofisticado e tem uma capacidade muito grande de analisar as empresas e de escolher aquelas que realmente merecem o interesse dos investidores, e a empresa tem de corresponder a isso. Então, foi necessário criar modificações na estrutura da empresa, no sentido de corresponder mais às necessidades dos minoritários em termos de informações, de transparência, de controles, e isso foi uma coisa que teve de ser feita sistematicamente. Além disso, houve uma influência muito grande no sistema de governança da empresa. (EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR, 2009) Vantagens para a empresa na abertura de capital Ampliação da base de captação de recursos financeiros e de seu potencial de crescimento. Maior flexibilidade estratégica – liquidez patrimonial. Imagem institucional – maior exposição ao mercado. Reestruturação societária. Gestão profissional. Quais são as razões disso (abertura de capital)? Principalmente, no caso da Natura, é umavisãodefuturo,depensaremcomoperenizaraempresa.Agentetemumsonho, a gente saiu de um fundo de quintal. É uma empresa que cresceu baseada em valores e que tem uma função social que transcende os interesses dos seus fundadores. Ela passou a ser um instrumento de desenvolvimento social e econômico, e a abertura de capital está ligada a isso, a um processo fundamentalmente de perenização dessa cultura, desses valores que a têm trazido desse fundo de quintal até o momento presente. Então, queremos os nossos sócios como aliados na preservação dessa cultura de compromisso com o desenvolvimento econômico, mas também com o desenvolvimento social e ambientalmente responsável. (GUILHERME PEIRÃO LEAL, NATURA, 2009)
  • 33. 33Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas Desvantagens para a empresa na abertura de capital Divulgação de informações. Distribuição de dividendos a acionistas. Influência de novos acionistas em decisões estratégicas. Acréscimo nos custos administrativos, auditores, demonstrações financeiras etc. Etapas da abertura de capital Análise preliminar sobre conveniência da abertura. Escolha de auditoria independente. Escolha de intermediário financeiro. Estudos técnicos para a definição de preço e volume da operação. Adaptação dos estatutos e outros procedimentos legais. Contratos de coordenação e distribuição (underwriting). Assembleia Geral Extraordinária deliberativa da operação e perío- do de preferência. Processo de obtenção de registros na CVM. Processo de registro da empresa em bolsa(s) de valores. Formação de pool de distribuição.
  • 34. 34 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Pool de distribuição: conjunto de corretoras, distribuidoras, bancos e demais agentes que participam do processo de comercialização das ações numa abertura de capital, com o objetivo de distribuir de forma pulverizada e satisfatória as ações disponíveis. Eu acho que é muito importante a definição dos objetivos. Ao analisar a abertura de capital, a empresa tem de avaliar exatamente quais são seus objetivos, porque isso exige uma mudança de comportamento que tem seus custos e seus benefícios. A abertura de capital não está vinculada ao fato de a empresa ser maior ou menor. Eu diria que é essencialmente um debate de aonde a empresa quer chegar, que tipo de empresa eu quero ter. (JORGE GERDAU JOHANNPETER, GERDAU, 2009) Initial Public Offering – IPO IPO é uma sigla de um termo do mercado acionário americano, Ini- tial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial. É o primeiro lançamento de ações de uma empresa ao público. O que avaliar em IPOs Identificar o setor da empresa e suas características: o que e para quem vende; como se compõem seus custos; pontos fortes e fracos; riscos e perspectivas de consolidação (fusões e aquisições). Conferir a proporção da oferta: Se oferta primária, os recursos vão para o caixa da empresa? Se secundária, irão para os acionistas vendedores?
  • 35. 35Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas quanto maior a parte primária, mais fôlego de investimento terá a empresa. Verificar em que nível de governança corporativa será listada a empresa: quanto maior, melhor; quem são os atuais sócios e administradores e qual o seu histó- rico de transparência e relacionamento com o mercado? Comparar os múltiplos da empresa: analise a evolução das receitas, lucros, custos, ativos e passivos. Ver se é um setor estreante ou pouco representado na Bovespa. ou, ao contrário, se há muitas empresas listadas do mesmo se- tor; quanto mais, provavelmente menor será a demanda. A importância do mercado de ações para o desenvolvimento da economia e do Brasil A revolução capitalista vivida pela economia brasileira hoje é resultado da modernizaçãodenossomercadodecapitais,queestásendoprovocadopela bolsa de valores. Não há crescimento econômico, sem crescimento das em- presas. O Brasil chegou à era do capitalismo com capital. Empresas com bons projetos, mas sem capital próprio, vão à bolsa em busca de sócios. Em vez de pedirdinheiroemprestadoaosbancos,maisempresasbuscamcaptardinhei- ro de novos sócios nas bolsas para aperfeiçoarem seus produtos e serviços e,
  • 36. 36 Aprenda a Investir na Bolsa deValores assim,obtermaislucro.Esselucroédevolvidoparaoinvestidorpelosdividen- dos distribuídos e pela valorização das ações, pois as empresas que lucram mais valem mais. Fecha-se assim um ciclo virtuoso, o ciclo do capitalismo. Torna-se mais evidente a cada dia a contribuição positiva do mercado de capitais e, especificamente, o destacado papel do mercado acionário para o desenvolvimento econômico. Nas economias desenvolvidas os mercados acionários, claramente, são alavancadores de emprego e cres- cimento da economia real. De acordo com dados divulgados pelo Banco Mundial, foi encontrado um alto grau de correlação entre os indicadores dos mercados acionários e o crescimento econômico. A conclusão foi de que o mercado acionário não apenas financiou o crescimento econô- mico, mas proporcionou os meios para prognosticar as taxas futuras de crescimento do capital, da produtividade e da renda per capita. O mercado de ações incentiva não apenas a formação da poupança in- terna, mas, particularmente, a geração de poupança de longo prazo. É ine- gável a relação entre a formação de poupança com os processos de cresci- mento autossustentado e a manutenção do desenvolvimento econômico. Por sua vez, um mercado eficiente proporciona uma ampla gama de alternativas de financiamento, isoladamente ou pela combinação entre as diversas opções, reduzindo custos financeiros, o que contribui decisi- vamente para a saúde financeira das empresas, com consequente valo- rização do capital investido pelos acionistas. Um mercado acionário desenvolvido, com bom volume, liquidez e ade- quada regulamentação, facilita os negócios de mudança de controle/pro- priedade e privatização, o que tem contribuído para o aumento da produti- vidade econômica nos últimos anos, em nível global.
  • 37. 37Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas A demanda por informações e demonstrações financeiras de quali- dade, e a transparência por parte do mercado acionário, é um fator que estimula a cultura de investimentos por parte dos agentes econômicos. O mercado acionário reflete a opinião dos principais agentes sobre a conjuntura econômica doméstica e internacional e suas perspectivas, constituindo-se também em importante formador de opinião. Final- mente, cabe destacar o papel fundamental de um mercado de ações eficiente e desenvolvido para atrair, maximizar e consolidar a presença e permanência do capital externo. Portanto, investimentos através do mercado acionário geram novos empregos e a expansão do setor privado, possibilitando a reorienta- ção dos recursos do setor público para as camadas e setores menos favorecidos. Nós entramos na Bolsa em 1978. Tínhamos, na ocasião, dois mil funcionários, e hoje nós temos dez mil (cinco vezes mais); nós produzíamos três mil ônibus por ano, e hoje nós produzimos 15 mil (cinco vezes mais). E isso tudo pressupôs que nós teríamos recursos para isso, e realmente tivemos capitais graças à participação dos acionistas da Bolsa. Mais do que isso, eu acho que o importante não foi só crescer cinco vezes nesse período, que foram 25 anos; é que nós conseguimos passar por todos os planos econômicos dos diversos governos que passaram por aí. (PAULO BELLINI MARCOPOLO, 2009) Ciclo virtuoso Só com as bolsas funcionando de forma plena, o capitalismo pode demonstrar sua força. Na bolsa, o dinheiro não tem partido político nem preferência ideológica. Ele só quer gerar mais dinheiro. Premia na- turalmente as empresas mais bem administradas, mais lucrativas, que geram mais negócios e mais empregos. O mercado de ações é, por isso,
  • 38. 38 Aprenda a Investir na Bolsa deValores a melhor ferramenta já inventada para promover a distribuição de rique- za; ele favorece tão-somente o mérito. Como funciona o mercado de ações geracrescim ento de renda conso m e e poupa valoriza o capital compra aç õesda inv este ger a lucro distribui divid endosfinan cia V O C Ê PAÍS A bolsa impulsiona as empresas, gera poupan- ça para o investidor e crescimento para o país BOLSA E M P R E S A Oautor. Formas de negociação de ações Com relação ao momento da negociação de ações, o mercado classi- fica-se em mercado primário e mercado secundário. Mercado primário No mercado primário, se dá o lançamento de novas ações. Quem vende as ações é a companhia, captando recursos para se financiar.
  • 39. 39Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas Ocorre a canalização direta dos recursos monetários superavitários, dis- poníveis aos poupadores, para o financiamento das empresas, por meio da colocação (venda) inicial dos títulos emitidos. No mercado primário as empresas buscam, mais efetivamente, os recursos necessários para a consecução de seu crescimento, promovendo, a partir do lançamen- to de ações, a implementação de projetos de investimentos e o conse- quente incremento da riqueza nacional. Mercado secundário Não ocorre o lançamento de um novo ativo financeiro, mas a rene- gociação de ativos financeiros já existentes. No mercado secundário são estabelecidas as renegociações entre os agentes econômicos dos títulos adquiridos no mercado primário. Os recursos provenientes das negocia- ções realizadas nesse mercado não são transferidos para o financiamen- to das empresas, sendo identificados como simples transferência entre os investidores. A função essencial do mercado secundário é dar liquidez ao mercado primário, viabilizando o lançamento de ativos financeiros. A existência do mercado secundário é fundamental para o merca- do primário, pois a demanda pelas ações recém-emitidas das empresas seria menor se não houvesse a opção de vendê-las no futuro em um mercado organizado. Em suma, no mercado primário, quem vende as ações é a companhia, captando recursos para se financiar. No merca- do secundário, o vendedor é o investidor que se desfaz das ações para reaver o seu dinheiro.
  • 40. 40 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Mercado primário e secundário Ações Recursos Dividendos Sócios iniciais Novos sócios Oautor. Portanto, o mercado primário compreende o lançamento de novas ações no mercado, de origem da língua inglesa, o famoso IPO (Initial Public Offering). A abertura de capital de uma empresa se caracteriza pelo lançamento inicial de ações no mercado. Uma vez que as ações já se encontram negociadas no mercado, chamamos este mercado de mercado secundário. Este compreende mercados de balcão – organiza- dos ou não – e bolsas de valores, e tem como função básica a de forne- cer liquidez aos títulos emitidos no mercado primário. Operações como a colocação inicial, junto ao público, de grande lote de ações detido por um acionista podem caracterizar operações de abertura de capital, exi- gindo registro na CVM, porém apesar da semelhança com o mercado primário, os recursos captados vão para o acionista vendedor (e não para a companhia), determinando, portanto, uma distribuição no mer- cado secundário. Podemos chamar essas operações de block trade.
  • 41. 41Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas As ofertas públicas, sejam no mercado primário ou secundário, re- querem o registro na CVM e o cumprimento de um ritual de procedi- mentos na elaboração de seu prospecto preliminar e, geralmente, são conduzidas por bancos de investimento, que recebem uma comissão pelos serviços proporcional ao valor da operação. A abertura de capital não se restringe apenas às grandes empresas. O financiamento por meio da emissão de ações, ou seja, do aumento do capital próprio e admissão de novos sócios é uma fonte de recursos que não possui limitação. Enquanto a empresa tiver projetos viáveis e rentá- veis, os investidores terão interesse em financiá-los.  A abertura de capital representa uma excepcional redução de risco para a empresa. Também, diferentemente de empréstimos, não exigem rendimento definido: o retorno dos investidores depende do desempe- nho da empresa. Assim, uma companhia aberta é muita menos afetada pela volatilidade econômica. Captação de recursos financeiros para investimento – possibilita crescimento via fusões e aquisições e reestruturação de passivos. Nas empresas que têm certo grau de endividamento, a abertura de capital confere equilíbrio à estrutura de capital, balanceando o uso do crédito e do capital próprio. Imagem institucional e profissional – com um custo de capital menor, o retorno de projetos que anteriormente poderia não ser atra- tivo passa a superar o custo do financiamento, abrindo um leque muito maior de oportunidades de investimento.
  • 42. 42 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Remuneração dos acionistas Dividendos É a parcela do lucro apurado pela empresa, que é distribuída aos acio- nistas por ocasião do encerramento do exercício social (balanço). Pela Lei das Sociedades Anônimas (S.A.), deverá ser distribuído um dividen- do de no mínimo 25% do lucro líquido apurado, e sempre em dinhei- ro (moeda corrente). Os dividendos podem ter periodicidade diversa: mensal, trimestral, semestral, anual etc., desde que conste no estatuto da empresa o período determinado. A Assembleia Geral Ordinária (AGO) é quem determina a parcela a ser distribuída como dividendo, de acordo com os interesses da empresa, através da manifestação de seus acionis- tas. O montante a ser distribuído deverá ser dividido pelo número de ações emitidas pela empresa, de forma a garantir a proporcionalidade da distribuição. Algumas companhias têm lucros interessantes e/ou têm a política de distribuir mais do que o mínimo exigido, como forma de atrair inves- tidores. Os analistas ficam de olho nisso, e podem montar carteiras de empresas que sejam boas pagadoras de dividendos. Esse é um dinheiro que vai para a conta do investidor. É escolha dele reaplicar os dividen- dos, comprando novas ações, ou sacar o dinheiro, dependendo da pe- riodicidade com que a empresa deposite os dividendos. Dessa forma, o investidor é remunerado pelo recebimento de dividendos e pela valori- zação da ação.
  • 43. 43Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas Distribuição dos lucros Uma parte do lucro é incorporado ao patrimônio da empresa. O restante é distribuído em forma de dividendos. 2007 2008 2009 Oautor. Juros sobre Capital Próprio (JCP) Remuneração sobre o capital investido na empresa paga ao acionis- ta, substituindo total ou parcialmente o dividendo. Para o acionista, a grande diferença é que ele tem que pagar 15% de imposto de renda na fonte, de forma que sempre é preciso ficar atento se o valor anunciado é o bruto (sem impostos) ou líquido (já descontan- do os impostos).
  • 44. 44 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Para a empresa, muitas vezes o uso de JCP é vantajoso do ponto de vistafiscal.Desdesuacriação,opagamentodeJCPpermitequeaempresa remunere seus acionistas até o valor daTaxa Juros de Longo Prazo (TJLP), com o valor sendo considerado como despesa financeira. Com isso, ele reduz o lucro tributável, diminuindo o IR a ser pago pela empresa. A TJLP é calculada trimestralmente tendo como base a meta da infla- ção, fixada pelo CMN, mais um prêmio de risco. É a taxa de juros aplicada aos financiamentos concedidos pelo BNDES. A grande vantagem é que a empresa pagaria impostos maiores sobre o lucro, na faixa de 25%, do que os acionistas, que pagam 15% sobre os JCP. Assim, ela pode oferecer JCP, que mesmo após o pagamento de IR, podem ser maiores do que seriam na forma de dividendos, em função da diferença nas alíquotas de tributação. Cálculo da rentabilidade retorno do investimento Retorno = + –1 . 100 Preço atual da ação Dividendos recebidos Preço inicial da ação Retorno = Retorno = 29,21% de 04 de abril/06 a 10 de outubro/07 + Bradesco 04/06 a 10/07 –1 . 100 R$46,51 R$2,33 R$37,80
  • 45. 45Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas Eventos sobre as ações Desdobramento (split) Ocorre quando a empresa aumenta a quantidade de ações em circu- lação, sem alterar o capital social da empresa, reduzindo o valor unitário para aumentar a liquidez da ação no mercado. Grupamento (inplit) É o processo inverso ao split. É a redução da quantidade de ações em circulação, sem alterar o capital social da empresa, elevando o valor unitário da ação. Direitos dos acionistas Bonificação Distribuição gratuita, aos acionistas, de novas ações decorrentes de aumento de capital, por incorporação de reservas, lucros em suspenso ou reavaliação do ativo. É um direito que não prescreve. As bonificações serão sempre proporcionais às ações já possuídas. A bonificação aos acionistas, em raros casos, pode ser realizada também com o pagamento em dinheiro. Normalmente isso ocorre quando há distribuição de reservas até então não incorporadas ao capi- tal. Não confundir com dividendo.
  • 46. 46 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Subscrição Representaumdireitodadoaosacionistasparaqueelesadquiramnovas ações com preço e prazo predeterminados. A subscrição pode surgir como umbenefícioaosacionistascasoopreçodesubscriçãosejainferioraopreço de mercado, de forma que está sendo dada uma espécie de“desconto”para os acionistas. A subscrição de novas ações será proporcional a quantidade de ações já possuídas da referida companhia.
  • 47.
  • 48.
  • 49. GUARDA DAS AÇÕES Oautor.Comissão de Valores Mobiliários (CVM) O principal órgão regulador do mercado de ações é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia subordinada ao Ministério da Fa- zenda, conhecida como o “xerife” do mercado financeiro. Ela tem a in- cumbência de normatizar, fiscalizar e punir irregularidades, tanto das empresas abertas como dos agentes financeiros, corretoras, operadores e auditores independentes. Criada em dezembro de 1976 pela Lei 6.385, ela cuida de todos os títulos emitidos pelas empresas com vistas a captar recursos destinados ao financiamento de suas atividades. Desde maio Participantes do mercado de capitais
  • 50. 50 Aprenda a Investir na Bolsa deValores de 2002, a CVM responde também pelos derivativos negociados sobre outros ativos que não sejam considerados valores mobiliários, pelo mer- cado de futuros e por toda a indústria de fundos. Corretoras As corretoras são instituições financeiras, credenciadas pelo Banco Central e pela CVM, e fiscalizadas pela Bovespa. Sua principal função é promover, de forma eficiente, a aproximação entre compradores e ven- dedores de títulos e valores mobiliários, dando a estes negociabilidade adequada através de operações realizadas em recinto próprio (pregão das bolsas de valores). Dessa forma, as sociedades corretoras exercem o papel de unificadoras do mercado, dando segurança ao sistema e liquidez aos títulos transacionados. Suas principais atividades são as seguintes: operar com exclusividade na bolsa de valores da qual é membro, com títulos e valores mobiliários de negociação autorizada; comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários, por conta de terceiros; efetuar lançamentos públicos de ações (operações de un- derwriting);operarcomaconta“Margem”,queéumanormadenego- ciaçãodeaçõesquepossibilitaaoinvestidorobter,emumasociedade corretora, financiamento para compra dos títulos e/ou empréstimo dos papéis para venda. Essas operações são feitas no mercado à vista de bolsa. O custo e liquidação do financiamento, bem como a remu- neração do empréstimo dos títulos e sua devolução, são pactuados diretamente entre o investidor e a corretora; administrarcarteirasdevaloresecustodiartítulosevaloresmobiliá- rios;instituir,organizareadministrarfundoseclubesdeinvestimen- tos; prestar serviços como transferência de títulos, desdobramento
  • 51. 51Participantes do mercado de capitais de cautelas, recebimentos de juros, dividendos ou encarregar-se da subscrição de títulos e valores mobiliários etc; intermediar a compra e venda de moeda estrangeira nas ativida- des de importação e exportação, bem como no mercado flutuan- te de moeda estrangeira; operar no mercado aberto (open market). Open market – instrumento muito ágil de política monetária, utili- zado pelo governo a fim de regular o fluxo monetário da economia e influenciar os níveis de taxas de juros a curto prazo. Portanto, essas ope- rações permitem um controle permanente da liquidez do sistema eco- nômico. Na prática, sempre que houver necessidade de elevar a liquidez e reduzir as taxas de juros, a autoridade monetária resgata títulos públi- cos em poder dos agentes econômicos. De modo contrário, ao desejar limitar a liquidez do mercado financeiro e elevar as taxas de juros no curto prazo, a autoridade monetária emite e coloca em circulação novos títulos da dívida pública. Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) Foi criada a partir de uma reestruturação patrimonial da Bolsa de Va- lores de São Paulo – BOVESPA, ocorrida em fevereiro de 1998. O nascimento da CBLC representou uma resposta à necessidade do mercado brasileiro de uma estrutura moderna e eficiente, que compre- endesse atividades relacionadas à compensação, à liquidação, à custódia
  • 52. 52 Aprenda a Investir na Bolsa deValores e ao controle de risco para o mercado financeiro. A constituição da CBLC representou o início de uma nova fase na história do mercado de capi- tais brasileiro. De um lado, a CBLC foi organizada de modo a permitir a participa- ção de uma grande variedade de instituições fortes e tecnicamente es- truturadas. De outro lado, a CBLC trabalhou no sentido de constituir-se na empresa depositária central do mercado de ações no Brasil, objetivo alcançado quando assumiu o controle da Câmara de Liquidação e Cus- tódia – CLC em abril de 2000. Atualmente, a CBLC é a responsável pela liquidação de operações de todo o mercado brasileiro de ações. Veja no quadro abaixo alguns números da CBLC: A CBLC em números (CBLC,2009) Data: Janeiro (dados referentes à liquidação de janeiro/2009). Volume médio liquidado diariamente 3,59 (R$ bilhões) Média diária de operações realizadas 265.971 Média diária de títulos processados 10.902.508.781 Volume em custódia R$682.143.848.723,69 Quantidade de ativos em custódia 2.200.836.000.075 A CBLC é uma sociedade anônima tendo como objetivo social a pres- tação de serviços de compensação e liquidação física e financeira de ope- rações realizadas nos mercados à vista e a prazo da Bovespa e de outros mercados, bem como a operacionalização dos sistemas de custódia de títulos e valores mobiliários em geral.
  • 53. 53Participantes do mercado de capitais Bolsa de valores As bolsas de valores são instituições administradoras de mercados. No caso brasileiro, a Bovespa é a principal bolsa de valores, administran- do os mercados de Bolsa e de Balcão Organizado. A diferença entre esses mercados está nas regras de negociação estabelecidas para os ativos re- gistrados em cada um deles. As bolsas de valores são também os centros de negociação de valores mobiliários, que utilizam sistemas eletrônicos de negociação para efetuar compras e vendas desses valores. No Brasil, atualmente, as bolsas são or- ganizadas sob a forma de sociedade por ações (S/A), reguladas e fiscaliza- das pela CVM. As bolsas têm ampla autonomia para exercer seus poderes de autorregulamentação sobre as corretoras de valores que nela operam. Todas as corretoras são registradas no Banco Central do Brasil e na CVM. A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um am- biente transparente e líquido, adequado à realização de negócios com valores mobiliários. Somente através das corretoras, os investidores têm acesso aos sistemas de negociação para efetuarem suas transações de compra e venda desses valores. As companhias que têm ações negociadas nas bolsas são chamadas companhias “listadas”. Para ter ações em bolsas, uma companhia deve ser aberta ou pública, o que não significa que pertença ao governo, e sim que o público em geral detém suas ações. A companhia deve, ainda, atender aos requisitos estabelecidos pela Lei das S.A. (Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976) e pelas instruções da CVM, além de obedecer a uma série de normas e regras estabelecidas pelas próprias bolsas.
  • 54. 54 Aprenda a Investir na Bolsa deValores No passado, o Brasil chegou a ter nove bolsas de valores, mas atual- mente as duas principais são a Bolsa deValores de São Paulo (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). A Bovespa é a maior bolsa de va- lores da América Latina e uma das maiores do mundo. Nela são negocia- das ações das companhias abertas e títulos privados de renda fixa, entre outros valores mobiliários. A BM&F se destaca entre as maiores bolsas de mercadorias e futuros do mundo e nela são negociados contratos deriva- tivos agropecuários (commodities) e derivativos financeiros. Funções das bolsas de valores Os mercados de capitais são mais eficientes em países onde existem bolsasdevaloresbemestruturadas,transparenteselíquidas.Paraqueelas desempenhem suas funções, o ambiente de negócios do país tem que ser livre e as regras claras. Nestes contextos, as bolsas podem beneficiar todos os indivíduos da sociedade e não somente aqueles que detêm ações de companhias abertas. Veja, a seguir, quais são os benefícios gerados pelas bolsas de valores para a economia e a sociedade como um todo. Levantando capital para negócios – as bolsas de valores forne- cem um excelente ambiente para as companhias levantarem ca- pital para expansão de suas atividades através da venda de ações, e outros valores mobiliários, ao público investidor. Mobilizando poupanças em investimentos – quando as pesso- as investem suas poupanças em ações de companhias abertas, isto leva a uma alocação mais racional dos recursos da economia, porque os recursos – que, de outra forma, poderiam ter sido utilizados no consumo de bens e serviços ou mantidos em contas bancárias – são mobilizados e redirecionados para promover atividades que geram
  • 55. 55Participantes do mercado de capitais novosnegócios,beneficiandováriossetoresdaeconomia,taiscomo: agricultura, comércio e indústria, resultando num crescimento eco- nômico mais forte e no aumento do nível de produtividade. Facilitando o crescimento de companhias – para uma com- panhia, as aquisições e/ou fusões de outras empresas são vistas como oportunidades de expansão da linha de produtos, aumento dos canais de distribuição, aumento de sua participação no mer- cado etc. As bolsas servem como um canal que as companhias utilizam para aumentar seus ativos e seu valor de mercado através da oferta de compra de ações de uma companhia por outra com- panhia. Essa é a forma mais simples e comum de uma companhia crescer através das aquisições ou fusões. Quando feitas em bolsas, as aquisições e fusões são mais transparentes e permitem uma maior valorização da companhia, pois as informações são mais di- vulgadas e há uma maior interação dos agentes envolvidos, tanto compradores quanto vendedores. Redistribuindo a renda – ao dar a oportunidade para uma grande variedade de pessoas adquirir ações de companhias abertas e, con- sequentemente, de torná-las sócias de negócios lucrativos, o mer- cado de capitais ajuda a reduzir a desigualdade da distribuição da renda de um país. Ambos os investidores – casuais e profissionais – , através do aumento de preço das ações e da distribuição de di- videndos, têm a oportunidade de compartilhar os lucros nos negó- cios bem sucedidos feitos pelos administradores das companhias. Aprimorando a governança corporativa – a demanda cada vez maior de novos acionistas, as regras cada vez mais rígidas do go- verno e das bolsas de valores têm levado as companhias a me- lhorar cada vez mais seus padrões de administração e eficiência. Consequentemente, é comum dizer que as companhias abertas
  • 56. 56 Aprenda a Investir na Bolsa deValores são mais bem administradas que as companhias fechadas (com- panhias cujas ações não são negociadas publicamente e que ge- ralmente pertencem aos fundadores, familiares ou herdeiros ou a um grupo pequeno de investidores). Os princípios de governança corporativa estão, cada vez mais, sendo aceitos e aprimorados. Criando oportunidades de investimento para pequenos in- vestidores – diferentemente de outros empreendimentos que necessitam de grandes somas de capital, o investimento em ações é aberto para quaisquer indivíduos, sejam eles grandes ou peque- nos investidores. Um pequeno investidor pode adquirir a quanti- dade de ações que está de acordo com sua capacidade financeira, tornando-se sócio minoritário (mesmo tendo participação per- centual ínfima no capital da companhia), sem que tenha que ficar excluído do mercado de capitais apenas por ser pequeno. Dessa forma, a bolsa de valores abre a possibilidade de uma fonte de renda adicional para pequenos poupadores. Atuando como termômetro da economia – na bolsa de valores, os preços das ações oscilam dependendo amplamente das forças do mercado e tendem a acompanhar o ritmo da economia, refle- tindo seus momentos de retração, estabilidade ou crescimento. Uma recessão, depressão ou crise financeira pode eventualmen- te levar a uma queda (ou até mesmo uma quebra) do mercado. Dessa forma, o movimento dos preços das ações das companhias e, de forma ampla, os índices de ações são bons indicadores das tendências da economia. Ajudando no financiamento de projetos sociais – os governos federal, estadual ou municipal podem contar com as bolsas de va- lores ao emprestar dinheiro para a iniciativa privada para financiar
  • 57. 57Participantes do mercado de capitais grandes projetos de infraestrutura, tais como estradas, portos, sa- neamento básico ou empreendimentos imobiliários para camadas mais pobres da população. Geralmente, esses tipos de projetos ne- cessitam de grande volume de recursos financeiros, que as empre- sas ou investidores não teriam condições de levantar sozinhas sem contarcoma participaçãogovernamental.Osgovernos,paralevan- tarem recursos, utilizam-se da emissão de títulos públicos. Esses tí- tulos podem ser negociados nas bolsas de valores. O levantamento de recursos privados, por meio da emissão de títulos, elimina a ne- cessidade (pelo menos no curto prazo) dos governos sobretaxarem seus cidadãos e, dessa maneira, as bolsas de valores estão ajudando indiretamente no financiamento do desenvolvimento. Histórico da Bovespa Em 1890, um grupo de agentes liderado por Emílio Rangel Pestana inaugura a Bolsa Livre, que seria a semente da Bolsa de Valores de São Paulo. A Bolsa Livre é fechada já em 1891, em decorrência da Política do Encilhamento, mas em 1895 é fundada a Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo, dando continuidade à evolução do mercado de capitais brasileiro. Nessa época, as negociações de títulos públicos e de ações de bancos e de empresas eram registradas em enormes quadros-negros de pedra, para que todos pudessem acompanhar. Devido a isso, esse período ini- cial da história da bolsa ficou conhecido como“Idade da Pedra”. A bolsa se desenvolve e, em 1934, se instala no Palácio do Café. No ano seguinte, ganha o nome de Bolsa Oficial de Valores de São Paulo.
  • 58. 58 Aprenda a Investir na Bolsa deValores As negociações nesse período eram feitas em um enorme balcão central em torno do qual se reuniam os corretores. Os negócios eram realizados em ordem alfabética: o diretor do pregão anunciava o nome de cada empresa e a negociação tinha um tempo determinado para acontecer. Na década de 1960, com as reformas sofridas pelo sistema financeiro nacional, a bolsa passa a assumir a característica institucional, deixando de ser subordinada ao Secretário da Fazenda do Estado, com autono- mia administrativa, financeira e patrimonial. Em 1967, passa a se chamar Bolsa de Valores de São Paulo. Também em 1967, o cargo de corretor oficial deixa de existir e são formadas as sociedades corretoras, constituídas por ex-corretores ofi- ciais e por corretores autorizados pelo Banco Central. É nesse momento que surge a figura do operador de pregão, pessoas que realizavam os negócios, sob as ordens das sociedades corretoras, por meio de gritos e gestuais que se tornariam a marca da bolsa de valores. Na década de 1970, os boletos que eram utilizados para realizar as negociações são substituídos por cartões perfurados e os negócios passam a ser registrados de forma eletrônica. Em 1972, A Bovespa é a primeira bolsa brasileira a implementar o pregão automatizado, com a disseminação de informações on-line e em real-time, através de uma ampla rede de terminais de computador. No fim da década de 1970, a Bovespa é ainda pioneira na introdução de operações com opções sobre ações no Brasil.
  • 59. 59Participantes do mercado de capitais Em 1990, são iniciadas as negociações através do Sistema de Nego- ciação Eletrônica Computer Assisted Trading System (CATS), que operava simultaneamente com o sistema tradicional de pregão viva voz. Atual- mente, a Bovespa realiza negócios apenas no sistema eletrônico. Em 1997, é implantado um novo sistema de negociação eletrônica em substituição ao CATS, o Mega Bolsa. Além de utilizar uma plataforma tecnológica altamente avançada, o Mega Bolsa amplia o volume de pro- cessamento de informações. No fim da década de 1990, são lançados o Home Broker, que permite que o investidor, por meio do site das corretoras, transmita sua ordem de compra ou de venda diretamente ao sistema de negociação da bolsa; e o After-Market, outra inovação da Bovespa, pioneira em termos mundiais, que oferece a sessão noturna de negociação eletrônica. Ambos os meios facilitam a participação do pequeno e médio investidor no mercado. No ano 2000, é realizada a integração das bolsas de valores brasilei- ras, que uniu as bolsas de valores de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Mi- nas-Espírito Santo-Brasília, do Extremo Sul, de Santos, da Bahia-Sergipe- -Alagoas, de Pernambuco e da Paraíba. Em 2005, é incorporada a Bolsa do Paraná e em 2006, a Bolsa Regional, concluindo a integração. A Bovespa passa, então, a concentrar toda a negociação de ações do Brasil. As bolsas regionais mantêm, por sua vez, as atividades de desen- volvimento do mercado e de prestação de serviços às praças locais. Em 2006, a Bovespa implanta uma nova infraestrutura de Tecnolo- gia da Informação, desenvolvida em parceria com HP, Intel e Microsoft.
  • 60. 60 Aprenda a Investir na Bolsa deValores A solução propiciou, entre outros benefícios, redução de custos de ma- nutenção, retorno de investimento e uma maior flexibilidade de adap- tação ao aumento de volume de transações no mercado de capitais. Em 28 de agosto de 2007, em uma reestruturação societária, a Bovespa deixou de ser uma instituição sem fins lucrativos e se tornou uma socie- dade por ações (S/A). Nessa reestruturação societária foi criada a Bovespa Holding, que tem como subsidiárias integrais a Bolsa de Valores de São Paulo (BVSP) – responsável pelas operações dos mercados de bolsa e de balcão organizado – e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) que presta serviços de liquidação, compensação e custódia. Atualmente, a Bovespa é o único centro de negociação de ações do Brasil e o maior da América Latina. Hoje, as negociações realizadas na Bovespa são feitas exclusivamente por meio de seu sistema eletrônico, o que proporciona maior agilidade e segurança nas transações. A Bo- vespa é dotada de uma base tecnológica comparável à dos mercados mais desenvolvidos do mundo e o Brasil, por sua vez, é hoje um centro de excelência em infraestrutura do mercado financeiro e de capitais, tornando-se referência mundial. A Bolsa de Valores de São Paulo mantém ainda um papel de desta- que perante os mercados internacionais, atuando na World Federation of Exchanges (WFE), na Federação Ibero-americana de Bolsas (FIAB) e na International Organization of Securities Commission (IOSCO).
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  • 63. Pregão da bolsa O pregão viva-voz era a forma tradicional de negociação, na qual os operadores de pregão recebiam as ordens das mesas de operação das corretoras e as ofertavam em uma sala de negociações dentro da Boves- pa. Fechado o negócio, era preenchido um boleto informando as espe- cificações desse negócio. A fim de aumentar a transparência e o aperfei- çoamento do trabalho, o pregão viva-voz foi extinto em 2005. Atualmente, o pregão é eletrônico. As ordens são colocadas pelos operadores de mesa nas corretoras através de terminais conectados com a bolsa, ou ainda pelos sistemas de home broker das corretoras, que canalizam as ordens provenientes da internet. Todas essas ordens são encaminhadas a um servidor central que se encarrega de fechar os ne- gócios e informá-los às corretoras. Horários de negociação Pregão regular: das 10h às 17h After-market: das 17h45 às 19h * Horário de verão Pregão regular: das 11h às 18h After-market: das 18h45 às 19h30 Formação de preços das ações, home broker e risco
  • 64. 64 Aprenda a Investir na Bolsa deValores After-market É uma sessão noturna de negociação de ações, após o horário regu- lar do pregão e de forma eletrônica. Além de atender os profissionais do mercado, esse mecanismo também é interessante para os pequenos e médios investidores, pois permite o envio de ordens após o horário regular e seu fechamento de forma on-line. A totalidade de ordens en- viadas tem um limite de R$100.000,00 por investidor e os preços das ordens enviadas nesse período não poderão exceder à variação máxima positiva ou negativa de 2% em relação ao preço de fechamento do pregão diurno. Processo de negociação de ações Como enviar uma ordem Enviar uma ordem é o ato mediante o qual o cliente determina a uma corretora que essa compre ou venda ativos ou direitos em seu nome, nas condições especificadas. Devem ser informados: o ativo a ser compra- do ou vendido, a quantidade, o preço para execução da referida ordem bem como seu prazo de validade. A realização do negócio no mercado requer a intermediação de uma sociedade corretora que esteja credenciada a executar as ordens de seus clientes no pregão.
  • 65. 65Formação de preços das ações, homebroker e risco Livro de ofertas Um livro de ofertas é um recurso que ilustra todas as ofertas de com- pra e de venda para um determinado ativo, em um dado momento. O preço da ação é formado pelos investidores do mercado que, dando ordens de compra ou venda de ações às corretoras das quais são clientes, estabelecem o fluxo de oferta e procura de cada papel, fazendo com que se estabeleça o preço justo. A oferta ou procura por determi- nada ação influencia o processo de valorização ou desvalorização desta. Essa movimentação pode ser influenciada por notícias sobre o mercado, divulgação do balanço da empresa (com dados favoráveis ou desfavo- ráveis), notícias sobre fusão de companhias, mudanças tecnológicas e muitas outras que possam afetar o desempenho da empresa emissora da ação. A figura a seguir contém o livro de ofertas de ações preferen- ciais do Banco Bradesco. Oautor.
  • 66. 66 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Mercado integral e mercado fracionário No mercado à vista negociam-se ações em lotes-padrão e lotes fracionários. Mercado integral – toda empresa tem suas ações negociadas em lotes-padrão que podem ser 10, 100 ou 1000 ações. O mais co- mum é a negociação em lotes de 100 ações. Oautor. Mercado fracionário – se você não tiver como comprar um lote integral, comprará uma fração de lote integral, na qual não existe quantidade mínima de ações. Oautor.
  • 67. 67Formação de preços das ações, homebroker e risco Omercadofracionáriofuncionademaneiraindependentedomercado integral. Isso significa que cada mercado tem cotações e liquidez próprios. As diferenças de cotação são devidas ao mercado fracionário ter forças de oferta e procura das ações ligeiramente diferentes das do mercado in- tegral. Isso significa que as cotações do mercado fracionário via de regra variam como no mercado integral, mas não há correspondência exata entre elas. Em geral, as ofertas de venda no mercado fracionário são li- geiramente mais altas que as do mercado integral. E as ofertas de compra são mais baixas. Em outras palavras, no mercado fracionário o spread (di- ferença entre as melhores ofertas de compra e venda) é maior. Por possuir menor volume de negociação, a liquidez no mercado fracionário também é menor. Ou seja, é mais“fácil”comprar/vender ações no mercado integral do que no mercado fracionário. Isso não chega a ser problema para inves- tidores de médio/longo prazo e/ou que operam com blue chips. Home broker Para permitir que mais pessoas possam participar do mercado acionário e,aomesmotempo,tornaraindamaiságilesimplesaatividadedecomprae vendadeações,foicriadomaisumcanalderelacionamentoentreosinvesti- doreseomercado.Deformasemelhanteaosserviçosdehomebanking,ofe- recidos pela rede bancária, os homebrokers das corretoras estão interligados ao sistema de negociação da Bovespa e permitem que o investidor envie, automaticamente, através da internet, ordens de compra e venda de ações. Algumas vezes, o home broker pode ser um software que a corretora instala nocomputadordocliente.Masamaioriadascorretorastemasoluçãodispo- nível na internet. O cliente entra no próprio site da corretora, acessa o home broker, escolhe suas ações e dá a ordem. O sistema da corretora recebe o pedido e executa a operação na Bovespa.
  • 68. 68 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Além da praticidade e rapidez nas negociações, o home broker ofere- ce outras vantagens: acompanhamento de carteira de ações; acesso às cotações, às notícias, aos relatórios e às análises; envio de ordens imediatas, ou programadas; recebimento da confirmação de ordens executadas. A seguir uma das telas do home broker XP Investimentos Corretora, mostrando cotações de ativos/ações e seus detalhes: Oautor. 1 3 2
  • 69. 69Formação de preços das ações, homebroker e risco 1 2 3 Oautor.
  • 70. 70 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Exemplo de gráfico acessado via home broker: Oautor.
  • 71. 71Formação de preços das ações, homebroker e risco Controles do investidor Nota de corretagem Oautor.
  • 72. 72 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Aviso de Negociação de Ações – ANA Oautor.
  • 73. 73Formação de preços das ações, homebroker e risco Extrato CBLC – Posição de Custódia Oautor.
  • 74. 74 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Oautor.
  • 75. 75Formação de preços das ações, homebroker e risco Custos operacionais Custos de transação Sobre as operações realizadas no mercado à vista, incidem a taxa de corretagem pela intermediação dos negócios realizados pela corretora em nome do cliente. O valor cobrado incide sobre o movimento finan- ceiro total (compras + vendas) realizado no mesmo dia pelo cliente em uma mesma corretora. Cada corretora pode aplicar um modelo próprio de cobrança de corretagem. A Bovespa sugere uma tabela padrão, per- centual, a ser praticada pelas corretoras. Tabela Bovespa Início da faixa (R$) Término da faixa (R$) % + Fixo (R$) - 135,05 0,00% 2,70 135,06 498,61 2,00% - 498,62 1.514,68 1,50% 2,49 1.514,69 3.029,37 1,00% 10,06 3.029,38 acima 0,50% 25,21 (Bovespa) Além dessas taxas, há os emolumentos (pequena porção taxativa cobrada sobre as movimentações financeiras, tanto na compra como na venda dos ativos), pagos à Bovespa, que representam uma porcen- tagem de 0,025% do volume financeiro em operações day-trade (ope- rações onde a compra e a venda, de um mesmo ativo, é realizada no mesmo pregão, ou seja, num único dia) e 0,035% em operações nor- mais. Também incide uma taxa mensal fixa e única para todos os clien- tes, independente do tamanho de suas posições em custódia, no valor de R$ 9,86, cobrada pela CBLC.
  • 76. 76 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Tributação O Imposto de Renda (IR), que será tributado sobre ativos de renda variável, quais sejam, aqueles cuja remuneração ou retorno de capi- tal não pode ser dimensionado no momento da aplicação. São eles as ações, quotas ou quinhões de capital, o ouro, ativo financeiro, e os con- tratos negociados nas bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas. Base de cálculo O ganho líquido será constituído pela diferença positiva entre o valor de alienação do ativo e o seu custo de aquisição, calculado pela média ponderada dos custos unitários (art. 23, IN 25/01). Os ganhos líquidos sujeitam-se à alíquota de 20% no caso de opera- ções day-trade e de 15% nas demais. São isentos do Imposto de Renda, os ganhos líquidos auferidos por pessoa física em operações efetuadas com ações, no mercado à vista de bolsas de valores, e em operações com ouro ativo financeiro, cujo valor das alienações em cada mês, seja igual ou inferior a R$20.000,00, para o conjunto de ações e para o ouro ativo financeiro respectivamente. Além das operações day-trade, que permanecerão tributadas na fonte, nos termos da legislação em vigor, a venda de ações no mercado à vista de bolsa de valores também passou a sofrer, a partir de 01 de ja- neiro de 2005, a incidência de Imposto de Renda na fonte, a alíquota de 0,005%, que incidirá sobre o valor de cada alienação.
  • 77. 77Formação de preços das ações, homebroker e risco Esse imposto, cuja retenção e recolhimento será de obrigatoriedade da instituição intermediadora das operações, poderá ser deduzido do imposto sobre ganhos líquidos apurados no mês ou nos meses subse- quentes, compensado na declaração de ajuste anual se, após a dedução anterior, houver saldo de imposto retido, ou compensado com o impos- to devido sobre o ganho de capital na alienação de ações. Haverá isen- ção do recolhimento do Imposto de Renda na fonte sobre essas novas incidências, caso o valor do imposto, somando-se todas as operações realizadas no mês, seja igual ou inferior a R$1,00. Compensações de perdas Para fins de apuração e pagamento do imposto mensal sobre os ganhos líquidos, as perdas incorridas nas operações do mercado à vista, de opções, futuros e a termo, poderão ser compensadas com os ganhos líquidos auferidos, no próprio mês ou nos meses subsequentes, em outras operações realizadas em qualquer uma dessas mesmas modali- dades citadas, exceto no caso de perdas em operações de day-trade, que somente serão compensadas com ganhos auferidos em operações da mesma espécie (art. 30, IN 25/01). Retenção e recolhimento Os ganhos líquidos são apurados em períodos mensais e pagos até o último dia útil do mês subsequente ao da apuração, através de DARF específico, de código 6015 (art. 23, IN 25/01). Essas apurações devem ser realizadas para cada ativo isoladamente, e asrespectivasmemóriasdecálculodevemserconservadasporumprazo
  • 78. 78 Aprenda a Investir na Bolsa deValores mínimo de 5 anos, porém o recolhimento poderá ser feito por um único DARF. A responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do Impos- to de Renda incidente sobre os ganhos líquidos é do contribuinte. Exemplo de cálculo do IR Um investidor pessoa física se cadastrou em uma corretora e efetuou as seguintes operações: comprou X ações da PETR4 por R$20.000,00 pa- gando R$125,21 de corretagem. Meses depois vendeu X ações da PETR4 por R$21.500,00 pagando R$132,71 de corretagem. Temos a seguinte apuração fiscal: R$21.500,00 (Venda) – R$20.000,00 (Compra) = R$1.500,00 (Lucro Bruto) R$1.500,00 – R$125,21 (Corret. C.) – R$132,71 (Corret. V.) = Ganho líquido = R$1.242,08 IR devido = (R$1242,08 . 15%) = R$186,31
  • 79. 79Formação de preços das ações, homebroker e risco Oautor. É day-trade?Sim SimNão Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Não Não NãoNão É mercado à vista? Houve lucro? Houve lucro? Houve lucro? Imposto do mês: 20% sobre o lucro Abata dos lucros com day-trade do mês atual ou dos meses subsequentes Abata dos lucros não day-trade do mês atual ou dos meses subsequentes Imposto do mês: 15% sobre o lucro Imposto do mês: 0% sobre o lucro As vendas no mês somam $20.000 ou menos Houve lucro? Cálculo do IR Índices de ações Os índices de ações servem como ponto de referência (benchmark) para medir determinado mercado. Cumprem basicamente três objeti- vos: demonstram a variação de preços do mercado, oferecem um pa- râmetro para a avaliação da performance dos portfólios e podem servir
  • 80. 80 Aprenda a Investir na Bolsa deValores ainda como instrumentos de negociação no mercado futuro. A movi- mentação do mercado de ações é medida por uma variedade de índices. Esses baseiam-se numa carteira virtual de papéis, escolhidos de acordo com critérios preestabelecidos, como volume de negócios, tamanho da empresa, setor da economia etc. O principal índice do mercado brasileiro de ações é o Ibovespa, Índice da Bolsa de Valores de São Paulo. É o valor atual de uma carteira teórica de ações a partir de uma aplicação hipotética. A carteira do Ibovespa teve início em 1968, com valor definido em 100 pontos. Desde então, o aumento ou redução desse número traduz a tendência geral dos preços das ações negociadas na bolsa. O índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. Sua relevância advém do fato de retratar o comportamento dos principais papéis negociados na Bovespa e também de sua tradi- ção, pois o índice manteve a integridade de sua série histórica e não sofreu modificações metodológicas desde sua implementação em 1968. A carteira é composta pelos papéis que alcançam 80% de participação acumulada em número de negócios e volume financeiro nos 12 meses anteriores, tendo presença em pelo menos 80% das sessões de pregão desse período. Nenhuma ação pode pertencer ao índice se sua negocia- ção for inferior a 0,1% do volume total de negócios. Reavaliações quadri- mestrais (com base nos 12 meses anteriores) servem para atribuir novos pesos de ponderação às diferentes ações que compõem a carteira do Ibovespa. O critério para escolha dessas ações baseia-se sobretudo em sua participação no volume de negócios.
  • 81. 81Formação de preços das ações, homebroker e risco Oautor. PETRA4 VALES BBDC4 USIM5 VALES ITAU4GGBR4UBBR11CSNA3 PETR3 ITSA4 ALLL11 BBAS3 TNLP4 NETC4 CMIG4 GOLL4 CSAN3 BRAP4 TAMM4 CYRE3 TCSL4 ELET6 NATU3 BTOW3 CESP6 AMBV4 TCSL4 ELET6 NATU3 BTOW3 CESP6 AMBV4 Outras Outros índices IBX100: índice Brasil. Calculado pela Bovespa, mede o desempenho das 100 ações mais negociadas, ponderadas pelo seu valor de mercado (número de ações disponíveis multiplicado pelo valor da ação). IEE: Índice das empresas de Energia Elétrica. Também calculado pela Bovespa. Mede o comportamento das ações das principais empresas de energia elétrica.
  • 82. 82 Aprenda a Investir na Bolsa deValores FGV100: calculado pela Fundação GetúlioVargas, avalia o desempenho das 100 empresas privadas não financeiras mais capitalizadas na Bovespa. Dow Jones – EUA: é um dos índices mais antigos e mais utilizados pelo mercado em todo o mundo. Ele é composto por 30 ações – as mais impor- tantes e mais representativas de cada setor da economia americana. Essas ações representam cerca de um quinto de todas as ações negociadas nos EUA, e cerca de um quarto das negociadas na bolsa de valores de NewYork, a NYSE. Alguns exemplos de empresas que fazem parte do índice: Coca- -Cola,Walt Disney, General Motors, Intel, McDonald’s, IBM e Microsoft. S&P 500 – EUA: o S&P 500 Index é formado pelas principais empre- sas norte-americanas, de acordo com: valor de mercado, representa- tividade no setor em que atuam e liquidez das ações. O peso de cada companhia no índice está relacionado ao seu valor total de mercado. Atualmente, cerca de 75% das empresas que fazem parte do índice são do setor industrial, 8% do setor de serviços, 15% do setor financeiro e 2% do setor de transportes. É um índice muito importante, largamente utilizado nos mercados norte-americano e internacional. Nasdaq – EUA: o índice representa todos os ativos, norte-america- nos e estrangeiros, listados na National Association of Securities Dealers Automated Quotation System (Nasdaq). O índice da Nasdaq é ponderado pelo valor de mercado das empresas. Esse valor é calculado multiplican- do-se o preço de fechamento pelo número total de ações da empresa. Desse modo, cada ativo afeta o índice apenas na proporção de seu valor de mercado. O índice da Nasdaq é composto, atualmente, por cerca de mais de 4 000 companhias. Devido à sua abrangência, esse índice é muito acompanhado pelo mercado financeiro.
  • 83. 83Formação de preços das ações, homebroker e risco Riscos A parcela inesperada do retorno, resultante de surpresas, representa o verdadeiro risco de qualquer investimento. Sempre que se recebe exa- tamente o que se espera, o investimento será perfeitamente previsível e, por definição, será livre de risco. Em outras palavras, o risco de se possuir um ativo decorre de surpresas e eventos inesperados. Ações são considerados investimentos de risco, porque não existe forma de garantir que seu capital renderá 5%, 10% ou 20% no mês, pois trata-se de renda variável. Por serem de risco, são também os investimentos capazes de gerar gran- desrendimentos,principalmentenolongoprazo.Éprecisoentãoreduziresse riscoaomáximo.Nãoépossíveleliminaroriscodomercado,sendonecessário gerenciá-lo. Uma das formas de minimização do risco é pela diversificação. Risco sistemático É aquele que influencia um grande número de ações, em grau maior ou menor. Também é chamado de risco de mercado, uma vez que são riscos sistemáticos, com a mesma amplitude e não diversificáveis. Risco não sistemático Um risco não sistemático é o que afeta uma única ação ou um grupo pe- queno de ações. São riscos diversificáveis. Os riscos de uma carteira podem, em princípio, ser muito diferentes dos riscos dos ativos que a compõem.
  • 84. 84 Aprenda a Investir na Bolsa deValores Uma parte do risco associado a ativos individuais pode ser eliminada através da formação de carteiras. O processo de distribuição de investi- mento por vários ativos, formando uma carteira, é denominado diversi- ficação. O princípio da diversificação diz que a distribuição de aplicações por muitos ativos eliminará parte do risco, o que é chamado de riscodiver- sificável. É a parte que pode ser eliminada por meio da diversificação. No eixo vertical da figura a seguir, é medido o risco e, no eixo horizon- tal, está o número de ações incluídas na carteira. Note que os benefícios da adição de títulos, em termos de redução de risco, caem à medida que o número de ações aumenta. Com 8 ações, a maior parte do efeito já aconteceu e, quando se chega a 30 ações, não há praticamente qual- quer benefício adicional a ser obtido. 0 10 20 30 40 50 Risco diversificável Risco de mercado ou risco não diversificável A redução do risco do negócio através da diversificação Risco Número de ativos na carteira Oautor.
  • 85. 85Formação de preços das ações, homebroker e risco Existe, porém, um nível mínimo de risco que não pode ser eliminado simplesmente pelo processo de diversificação. Esse nível mínimo é de- nominado risco não diversificável. Em conjunto, esses dois pontos repre- sentam uma outra lição importante que se extrai da história do mercado de capitais: a diversificação reduz o risco, mas somente até certo ponto, ou seja, parte do risco é diversificável, e outra parte não é. N.º de setores Eliminação de risco 2 46% 4 72% 8 91% 16 93% 32 96% 64 97% 500 99% Texto complementar After-market: o que é?  (IGF, 2007) O after-market foi criado pela Bovespa em 1999. Nesta sessão são permitidas apenas operações no mercado à vista e somente de ações que tenham sido negociadas em horário regular. Seu funcionamento, normalmente, acontece das 17h30 às 17h45, fase de pré-abertura, na qual é permitido o cancelamento das ofertas registra- das no período regular, e das 17h45 às 19h ocorre a fase de negociação. No horário de verão, esse período é retardado, com os horários passando