O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
Uso sustentável de resíduos suíno
1. USO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS HÍDRICOS E DE ENERGIA NO
MANEJO DA IRRIGAÇÃO POR PIVÔ CENTRAL NA BACIA DO
CÓRREGO LAJEADO, ARAGUARI, MG1
Nara Cristina de Lima Silva
IFTM, Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro
nara.lima@iftm.edu.br
Washington Luis Assunção.
UFU, Universidade Federal de Uberlândia.
Leandro da Silva Almeida
UFU, Universidade Federal de Uberlândia.
Introdução
A irrigação de culturas agrícolas no Brasil corresponde a mais de 18% do total da área
cultivada, sendo responsável por 42% da produção nacional. Os pivôs centrais chegaram ao Brasil
no início da década de 70 (Toledo et al. 2011), e Paulino et al. (2011), verificaram que as áreas
cultivadas por pivô central representam cerca de 19% da área irrigada e mais de 840.000 ha, sendo
que destes, cerca de 50 % estão localizados na região sudeste.
De acordo com Mukherji et al. (2009), 80% dos produtos de origem agrícola necessários
para atender as necessidades da população do nosso planeta, nos próximos 25 anos, serão providos
pelos cultivos irrigados. Contudo, esta ampliação se torna uma questão ardilosa, uma vez que
implicará em uma maior demanda pelos recursos hídricos e energéticos e possíveis conflitos pelo
uso da água (PAULINO et al., 2011).
Fica claro que o desenvolvimento da agricultura irrigada dentro de uma bacia hidrográfica,
exige procedimentos tecnológicos e econômicos para otimizar o uso da água, para a melhoria de
eficiência de aplicação e ganhos de produtividade baseados na resposta da cultura à aplicação de
água e outros insumos sem, contudo, comprometer a disponibilidade e qualidade do recurso dos
hídricos (PAZ et al. 2000).
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Eixo temático - Sustentabilidade, Segurança e Resiliência Hídrica de Bacias Hidrográficas
2. A Bacia do córrego Lajeado está localizada no município de Araguari, Minas Gerais cuja
área está inserida totalmente na zona rural e tem um uso prioritário da terra voltado para a
silvicultura e agricultura com uso intenso de irrigação (OLIVEIRA; ASSUNÇÃO, 2013).
O objetivo do trabalho foi constatar a economia de recursos hídricos e de energia em função
do direcionamento da água para a projeção do dossel do cafeeiro quando irrigado por um pivô
central convencional.
Material e Método:
O experimento foi conduzido, em uma área de 115,33ha, plantada com duas cultivares de
café arábica (Coffea arabica) e irrigada por meio de um pivô central convencional com onze torres
e uma raio total de 610 m. Essa área está localizada na Bacia do Córrego Lajeado (afluente da
margem direita do ribeirão Piçarrão) pertencente ao município de Araguari, Minas Gerais, cujas
coordenadas geográficas são:18º43’ de Latitude Sul e 48º00’ de Longitude a Oeste de Greenwich.
A metade da área total é ocupada pela variedade Catuaí e a outra metade da área é ocupada
pela variedade Mundo Novo. A altura média dos pés de café, na ocasião da realização deste
trabalho, era de de 2,40m para a variedade Mundo Novo, e de 3,20m para a variedade Catuaí. O
diâmetro do dossel variou de 1,90 a 2,00m para as duas cultivares.
Para averiguar a influência do cafeeiro na distribuição da água durante a irrigação,
coletaram-se lâminas nos dois locais de interesse: entre linhas e sob os dosséis das plantas. Os
dados foram analisados por meio de estatística descritiva e análise de variância. Por meio do Teste
T, comparou-se a lâmina média real aplicada pelo pivô central e a lâmina que foi interceptada pelo
cafeeiro. Todos os procedimentos referentes às análises estatísticas foram efetuados com auxílio do
software Action® (ESTATCAMP CONSULTORIA ESTATÍSTICA, 2013).
Resultados e Discussão:
De acordo com os resultados alcançados, constatou-se que as lâminas médias coletadas sob
o dossel foram maiores e estatisticamente diferentes das lâminas coletadas nas entrelinhas para
ambas cultivares sendo que a interceptação da lâmina de irrigação pelo cafeeiro causou, em média,
a concentração de 30,4% desta lâmina nos limites do dossel das plantas e que não houve diferença
estatística ao se comparar o maior ou o menor acúmulo de água nos limites dos dosséis das plantas
entre as cultivares.
3. Com base nestes resultados e no funcionamento técnico do equipamento operante na área
em que foi realizada esta pesquisa, se a lâmina média coletada em toda a área irrigada puder ser
reduzida em 30,4% com ajuste do temporizador do sistema, o pivô central gastaria 01 dia e 10 horas
a menos para irrigar a mesma área o que significaria a economia de 8,82 mm de água, ou seja,
10.172 m3, por volta do equipamento na área ou 172. 924 m3 por ano, considerando que o pivô
realiza, nesta área, aproximadamente 17 voltas/ano, de acordo com o manejo adotado pelo produtor
rural. Este volume seria o suficiente para suprir as necessidades anuais de 864.924 pessoas,
considerando o consumo médio de 200 L hab-1 dia-1, em uma cidade de porte médio no Brasil.
Quanto à economia de energia, a mesma, seria de aproximadamente R$ 500,00 por volta do pivô
central na área ou cerca de R$ 8.500,00 por ano considerando o custo energético de R$
0,086352/kWh.
Diante destes resultados, torna-se oportuno ao produtor rural que utiliza este equipamento,
repensar o manejo da irrigação visto que a outorga e a cobrança pelo uso dos recursos hídricos,
instrumentos de gestão já consolidados pela Lei das Águas (Lei 9.433/1997) é uma realidade e já
ocorre em várias bacias hidrográficas.
Por meio da análise do uso da terra e de dados resultantes do balanço hídrico para a bacia do
Córrego Lajeado, área a qual foi realizada este estudo, foram caracterizados os principais fatores de
escassez hídrica, sendo verificado que, durante a estação seca, a necessidade por irrigação é muito
grande, o que aumenta a demanda dos recursos hídricos, podendo fomentar, no futuro, um conflito
pelo uso da água entre os usuários. A garantia de expansão da área irrigada, nesta bacia, está
diretamente relacionada com a melhoria das condições de irrigação atuais e com a análise da
capacidade máxima de suporte de exploração dos recursos disponíveis.
Corroborando com o que foi exposto, em 2013, foi instituída a Política Nacional de
Irrigação (Lei 12.787/2013) cujo objetivo é a expansão das áreas irrigadas no país. Este documento
prevê o uso e o manejo sustentável dos solos e recursos hídricos destinados à irrigação, o que foi
constituído como um dos princípios básicos desta nova Lei e que estabelece a outorga como critério
para projetos de irrigação.
Conclusões:
A interferência do cafeeiro, ao interceptar a lâmina de irrigação aplicada pelo pivô central,
causou, em média, a concentração de 30,4 % dessa lâmina nos dosséis das plantas. Assim é possível
um uso racional dos recursos hídricos e da energia com uma economia de até 30,4 % de ambos.
4. Referencias:
BRASIL. Lei n.º 12.787/2013, de 11 de janeiro de 2013. Dispõe sobre a Política Nacional de
Irrigação; altera o art. 25 da Lei no 10.438, de 26 de abril de 2002; revoga as Leis nos 6.662, de 25
de junho de 1979, 8.657, de 21 de maio de 1993, e os Decretos-Lei nos 2.032, de 9 de junho de
1983, e 2.369, de 11 de novembro de 1987; e dá outras providências. Diário Oficial [da]
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2014.
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art.
21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que
modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, Brasília, DF, 8 jan. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/
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