O documento descreve o Renascimento na Europa entre os séculos XVI e XVII. O Renascimento marcou uma viragem da concepção teocêntrica medieval para uma visão mais antropocêntrica, colocando o Homem no centro. Isso levou a mudanças na religião, política, arte e sociedade de forma geral. O Humanismo também floresceu neste período, enfatizando a educação e capacidades humanas. Portugal assimilou estas influências enquanto expandia seus descobrimentos ultramarinos.
2. Introdução
0 O século XVI foi marcado pela desintegração do sistema feudal que
acompanha um grande surto de desenvolvimento económico, sobretudo
nos países da Europa Central.
0 Este desenvolvimento económico foi favorecido pelos Descobrimentos
portugueses e castelhanos. Este desenvolvimento vai contribuir para a
formação de um novo modo de vida burguês e da sua ideologia. Nasce
assim uma nova era: o Renascimento.
3. Renascimento
0 O Renascimento apresentou uma
viragem decisiva em relação às
conceções medievais, opondo-se a
conceção antropocêntrica (relacionada
com o Humanismo, defende que o
Homem é o centro do universo) à
conceção teocêntrica da Idade Média
(Deus é o centro de tudo).
0 O Renascimento manifesta-se em
diversas vertentes da e vai alterar a
sociedade do seu tempo a diversos
níveis:
0 A religião passa a ser concebida como
ligação direta e pessoal do homem com
Deus, deixando de ter como
intermediário a Igreja;
4. 0 Preconiza-se a livre interpretação dos textos bíblicos e a própria religião
assim, dando-se origem à Reforma Protestante, surgindo novas religiões:
o anglicanismo, o protestantismo e a religião ortodoxa, todas elas baseadas
nos princípios luteranos;
0 O ascetismo medieval é substituído pelas festas, pelos luxos palacianos e
pela vida mundana;
0 Ao nível da política formaram-se estados modernos, os privilégios de
sangue foram suprimidos, a justiça social passou a ser mais coerente e o
sistema feudal caiu em desuso;
0 O teatro autonomiza-se em relação à Igreja, o palácio, construído para o
Homem, substitui a catedral, construída para Deus. Na arte passa a ser
valorizada a Antiguidade Clássica ou greco-romana: o Classicismo.
5. Humanismo 0 O Humanismo desenvolveu-se
paralelamente ao Renascimento e a
principal conceção que defendia era a
teoria antropocêntrica (o Homem
torna-se o centro de todas as
preocupações, alcançando um nível de
importância superior ao de Deus),
como já foi referido.
0 Sendo assim, o Homem é visto como
pólo central e são descobertas as suas
infinitas capacidades. A cultura
humanista vai a pouco e pouco
consolidando-se e os seus princípios
são largamente difundidos:
6. 0 Preconizar uma educação integral que englobe o corpo, a mente e o
espírito e que desenvolva não a memória, mas sim o raciocínio;
0 No âmbito da religião, preconizar o regresso à pureza evangélica e
permitir a livre crítica ou exame dos textos sagrados, como por exemplo a
Bíblia;
0 Em matéria social, preconizar a escolha dos dirigentes segundo o seu
mérito e prestação e não segundo a sua origem étnica ou religiosa.
Condenar a guerra e pregar a tolerância religiosa;
0 Fazer “renascer” a arte (daí designarmos esta época como
Renascimento, pois os valores morais e sociais, bem como a religião e a
arte, renasceram), baseando-a nos modelos greco-latinos.
7. Classicismo
0 O Classicismo corresponde aos principais aspetos das teorias artísticas
do Renascimento. De acordo com os princípios humanistas é necessário
latinizar a arte considerando assim os modelos artísticos da Antiguidade
Clássica a expressão mais alta da arte.
0 As principais conceções artísticas do Classicismo são, nomeadamente:
0 A arte é considerada verdadeira e pura se tiver por base a imitação, ou
seja, por exemplo, reproduzir com fidelidade a sociedade ou a natureza,
imitando ou servindo-se de inspiração dos modelos artísticos antigos
(greco-romanos);
8. 0 A arte verdadeira é equilibrada: um conteúdo rico numa forma
perfeita. Este equilíbrio deve refletir um ideal de herói, através do
equilíbrio razão/sentimento;
0 A arte é considerada universal, pois os seus princípios são válidos
para todos os tempos e para todos os povos;
0 O corpo do Homem e o nu regressam à pintura e escultura, na sua
exuberância, grandeza e beleza de formas (pois segundo os
humanistas, o Homem é o valor mais alto que se pode imaginar),
substituindo as estátuas de santos e outras esculturas religiosas;
0 O canto gregoriano, litúrgico deve substituir as antigas músicas de
palácio, que predominavam na Idade Média.
9. O Renascimento
em Portugal
0 Em Portugal, o século XVI vai ser
marcado por duas grandes linhas de
força: uma de influência estrangeira
(contributos do Renascimento) e
outra relacionada com os
Descobrimentos e as novas realidades
ultramarinas.
0 Os Descobrimentos portugueses irão
contribuir para o largo
desenvolvimento do espírito
científico, da geografia, da cartografia,
da astronomia, da biologia, bem como
muitas outras áreas do saber.
0 A assimilação do Humanismo e do
Classicismo vai ser realizada com o
apoio da Coroa, tornando-se o Paço o
principal foco de cultura.
10. 0 O Renascimento também se fez sentir do ponto de vista social e
económico, assistindo-se progressivamente a uma corrupção
generalizada dos costumes.
0 No âmbito da arquitetura também houveram manifestações, contudo sem
muita importância, da arte greco-romana. Em vez de se adotar a arte
renascentista, em Portugal esta foi substituída pela arte manuelina ou
estilo manuelino.
0 Ao nível da literatura houve uma lenta assimilação das doutrinas do
classicismo renascentista. Paralelamente, começa a surgir uma literatura
de temática marítima: a literatura de viagens, donde se destacam os
diários de bordo. É também neste contexto que favorecerá o
aparecimento da epopeia portuguesa: Os Lusíadas de Luís de Camões.